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599FARMACOPEIA PORTUGUESA VII F or m as fa rm ac êu ti ca s FORMAS FARMACÊUTICAS Glossário ............................................................................ 601 Lápis .................................................................................. 601 Bólus de libertação pulsátil .............................................. 602 Cápsulas ............................................................................ 602 Comprimidos .................................................................... 604 Espumas medicamentosas ................................................ 606 Gomas para mascar medicamentosas .............................. 607 Granulados ........................................................................ 608 Pós para aplicação cutânea .............................................. 609 Pós para uso oral .............................................................. 610 Pré-misturas para alimentos medicamentosos para uso veterinário .................................................................... 610 Preparações farmacêuticas pressurizadas ........................ 611 Preparações intramamárias para uso veterinário ............ 612 Preparações líquidas para aplicação cutânea .................. 612 Preparações líquidas para uso oral .................................. 613 Preparações para inalação ................................................ 614 Preparações para irrigação................................................ 619 Preparações auriculares .................................................... 619 Preparações nasais ............................................................ 620 Preparações oftálmicas...................................................... 622 Preparações rectais............................................................ 623 Preparações vaginais ........................................................ 625 Preparações parentéricas .................................................. 627 Preparações semi-sólidas para aplicação cutânea ............ 630 Preparações veterinárias líquidas para aplicação cutânea.......................................................................... 631 Sistemas transdérmicos .................................................... 633 Tampões medicamentosos ................................................ 633 Menu inicial F or m as fa rm ac êu ti ca s GLOSSÁRIO O texto seguinte contém definições e/ou esclarecimentos relativos a alguns termos que surgem nas monografias gerais de formas farmacêuticas, ou que se relacionam com estes textos sem neles serem definidos. Quando se considera relevante, referem-se outros termos considerados equivalentes e que podem ser encontrados noutras publicações ou contextos. Este glossário é apresentado a título informativo. Termo padrão A Comissão da Farmacopeia Europeia fixou, e publicou em separado, uma lista de termos padrão na qual se descrevem as diferentes formas farmacêuticas dos medicamentos, as vias de administração e os recipientes utilizados. Substância activa Qualquer componente de um medicamento que se destina a exercer uma acção farmacológica ou outro efeito directo relacionado com o diagnóstico, o tratamento ou a prevenção de uma doença, ou a actuar na estrutura ou nas funções do organismo humano ou animal por meios farmacológicos. Um medicamento pode conter várias substâncias activas. Termo equivalente: fármaco. Excipiente Qualquer componente, à excepção da(s) substância(s) activa(s), que existe num medicamento ou que é utilizado no seu fabrico. A função de um excipiente é a de actuar como transportador (veículo ou base) da(s) substância(s) activa(s), ou como componente do transportador, contribuindo assim para certas características do medicamento, como a estabilidade, o perfil biofarmacêutico, o aspecto e a aceitação pelo doente, e a facilidade de fabrico. A fórmula de um medicamento contém geralmente vários excipientes. Veículo Transportador da (ou das) substância(s) activa(s) em preparações líquidas, sendo constituído por um ou mais excipientes. Base Transportador da (ou das) substância(s) activa(s) em preparações sólidas ou semi-sólidas, sendo constituído por um ou vários excipientes. Forma farmacêutica de libertação convencional Preparação em que a libertação da (ou das) substância(s) activa(s) não foi objecto de uma modificação deliberada resultante de um processo específico de formulação e/ou de um método de fabrico especial. No caso das formas farmacêuticas sólidas, o perfil de dissolução da substância activa depende essencialmente das suas propriedades intrínsecas. Termo equivalente: forma farmacêutica de libertação imediata. Forma farmacêutica de libertação modificada Preparação em que a libertação da (ou das) substância(s) activa(s) foi objecto, quanto à velocidade e/ou ao local onde ocorre, de uma modificação deliberada resultante de um processo específico de formulação e/ou de um método de fabrico especial, sendo portanto diferente da que se verifica 601FARMACOPEIA PORTUGUESA VII Lápis com uma forma farmacêutica de libertação convencional administrada pela mesma via. As formas farmacêuticas de libertação modificada incluem as formas de libertação prolongada, de libertação retardada e de libertação sequencial. Forma farmacêutica de libertação prolongada Tipo especial de forma farmacêutica de libertação modificada em que a velocidade de libertação da (ou das) substância(s) activa(s) é inferior à que se verifica com uma forma farmacêutica de libertação convencional administrada pela mesma via. A libertação prolongada resulta de um processo específico de formulação e/ou de um método de fabrico especial. Forma farmacêutica de libertação retardada Tipo especial de forma farmacêutica de libertação modificada que se caracteriza por uma libertação retardada da (ou das) substância(s) activa(s). A libertação retardada resulta de um processo específico de formulação e/ou de um método de fabrico especial. As formas farmacêuticas de libertação retardada incluem as preparações gastrorresistentes, tal como são definidas nas monografias gerais de formas farmacêuticas sólidas administradas por via oral. Forma farmacêutica de libertação sequencial Tipo especial de forma farmacêutica de libertação modificada que se caracteriza por uma libertação sequencial da (ou das) substância(s) activa(s). A libertação sequencial resulta de um processo específico de formulação e/ou de um método de fabrico especial. Preparação parentérica de grande volume Solução para perfusão ou solução injectável acondicionada em recipientes de conteúdo nominal superior a 100 ml. Preparação parentérica de pequeno volume Solução para perfusão ou solução injectável acondicionada em recipientes de conteúdo nominal inferior ou igual a 100 ml. LÁPIS Styli Em relação aos lápis, podem figurar exigências suplementares noutras monografias gerais como, por exemplo, na monografia «Preparações nasais» DEFINIÇÃO Os lápis são preparações sólidas para uso tópico, de forma cilíndrica ou cónica, constituídos por uma ou várias substâncias activas, empregados tais quais são, ou dissolvidos ou dispersos num excipiente simples ou composto que pode ser solúvel ou fundir à temperatura corporal. Os lápis para uso uretral e os lápis intralesionais são estéreis. PRODUÇÃO Quando da fabricação, acondicionamento, conservação e distribuição dos lápis, tomam-se medidas apropriadas que assegurem a qualidade microbiológica do produto; no texto Qualidade microbiológica das preparações farmacêuticas (5.1.4) são feitas recomendações a este respeito. Os lápis para uso uretral e os outros lápis estéreis são preparados a partir de produtos e por métodos que permitam assegurar a sua esterilidade, impedir a invasão de contaminantes e o crescimentode microrganismos; recomendações a este respeito são fornecidas no texto Métodos de preparação de produtos estéreis (5.1.1). Durante o fabrico dos lápis, tomam-se medidas que permitam assegurar que a preparação satisfaz ao ensaio de uniformidade de massa ou, nos casos apropriados, ao ensaio de uniformidade de teor. ENSAIO Eterilidade (2.6.1). Os lápis para uso uretral e os lápis intralesionais satisfazem ao ensaio da esterilidade. ROTULAGEM No rótulo indica-se: – a quantidade de substância(s) activa(s) por lápis, – no caso dos lápis par uso uretral e dos lápis intralesionais, que o lápis está estéril. BÓLUS DE LIBERTAÇÃO PULSÁTIL As especificações da presente monografia não se aplicam às preparações(por vezes chamadas «bolos») como cápsulas e comprimidos convencionais de grande tamanho ou formas farmacêuticas moldadas que asseguram uma libertação imediata ou prolongada da ou das substâncias activas. Estas preparações estão incluídas nas sub-rubricas correspondentes das monografias sobre cápsulas ou comprimidos. DEFINIÇÃO Os bólus de libertação pulsátil são preparações sólidas que contêm uma ou várias substâncias activas. São destinados a serem administrados aos ruminantes por via oral e são concebidos para serem retidos no rúmen do animal onde a libertação da ou das substâncias activas se efectua de forma contínua ou sequencial. O tempo de libertação da ou das substâncias activas pode variar desde alguns dias até várias semanas segundo a natureza da formulação e/ou do dispositivo. Os dispositivos para ruminantes podem ser administrados com o auxílio de aplicador específico. Alguns deles são concebidos para flutuar à superfície do líquido ruminal e outros para permanecerem no rúmen. Cada dispositivo possui uma densidade adaptada ao uso para que se destina. PRODUÇÃO Os bólus de libertação pulsátil de libertação contínua são concebidos para libertar a ou as substâncias activas a uma velocidade pré-estabelecida e durante um tempo definido. Esta libertação pode efectuar-se por erosão, corrosão, difusão, pressão osmótica ou qualquer outro processo químico, físico ou físico-químico apropriado. Os bólus de libertação pulsátil de libertação sequencial são concebidos para libertar uma quantidade definida da ou das substâncias activas a um ou vários intervalos de tempo estabelecidos. Esta libertação pode efectuar-se por corrosão dos elementos metálicos do dispositivo por acção do líquido ruminal; daí resulta uma libertação sequencial das unidades que constituem o dispositivo e que se apresentam muitas vezes na forma de comprimidos. Durante o fabrico dos bólus de libertação pulsátil, são tomadas medidas que assegurem uma libertação apropriada da ou das substâncias activas. Durante o fabrico, o acondicionamento, a conservação e a distribuição dos bólus de libertação pulsátil são tomadas medidas que assegurem a qualidade microbiológica do produto; no texto Qualidade microbiológica das preparações farmacêuticas (5.1.4) são estabelecidas recomendações a este respeito. ENSAIO Uniformidade de teor (2.9.6). Salvo excepção justificada e autorizada, os comprimidos unitários que constituem os bólus de libertação pulsátil cujo teor em substância activa seja inferior a 2 mg ou represente menos de 2 por cento da massa total satisfazem ao ensaio A da uniformidade de teor das preparações apresentadas em formas farmacêuticas unitárias. Se a preparação contiver várias substâncias activas, o ensaio só se aplica às que estejam nas condições antes indicadas. Uniformidade de massa (2.9.5). Salvo excepção justificada e autorizada, os comprimidos unitários que constituem o bólus de libertação pulsátil satisfazem ao ensaio de uniformidade de massa. Quando se prescreve um ensaio de uniformidade de teor para todas as substâncias activas, o ensaio de uniformidade de massa não é exigido. ROTULAGEM No rótulo indica-se: – a dose libertada por unidade de tempo. no caso dos dispositivos de libertação contínua, – a dose libertada nos intervalos de tempo especificados, no caso dos dispositivos de libertação sequencial. CÁPSULAS Capsulae DEFINIÇÃO As exigências da presente monografia não se aplicam necessariamente às preparações na forma de cápsulas que se destinem a outras vias de administração diferentes da oral. Exigências relativas a estas preparações podem figurar noutras monografias gerais como, por exemplo, nas monografias Preparações rectais e Preparações vaginais. Cápsulas são preparações de consistência sólida constituídas por um invólucro duro ou mole, de forma e capacidade variáveis, que contêm uma quantidade de substância activa que normalmente se usa de uma só vez. Na maioria dos casos, as cápsulas destinam-se a serem usadas por via oral. Cápsulas 602 FARMACOPEIA PORTUGUESA VII F orm as farm acêuticas As cápsulas amiláceas, também denominadas «hóstias», não são descritas nesta monografia. A maior parte das vezes, o invólucro é constituído por gelatina ou por outras substâncias cuja consistência pode ser ajustada pela adição, por exemplo, de glicerina ou de sorbitol. Podem igualmente juntar-se outros excipientes, como molhantes, conservantes antimicrobianos, edulcorantes, corantes autorizados e aromatizantes. As cápsulas podem conter indicações impressas. O conteúdo das cápsulas pode ser de consistência sólida, líquida ou pastosa. É constituído por uma ou várias substâncias medicamentosas ou não, por excipientes, como solventes, diluentes, lubrificantes e desagregantes. Este conteúdo não provoca a deterioração do invólucro. Pelo contrário, o invólucro é profundamente alterado pela acção dos sucos digestivos, daí resultando a libertação do conteúdo. Conforme a sua composição, modo de fabrico e utilização, as cápsulas destinadas à via oral oferecem propriedades particulares. Neste aspecto, várias categorias podem distinguir-se: – cápsulas duras, – cápsulas moles, – cápsulas gastro-resistentes, – cápsulas de libertação modificada. PRODUÇÃO Durante o fabrico, acondicionamento, conservação e distribuição das cápsulas é tomadas medidas apropriadas para assegurar a qualidade microbiológica do produto; recomendações são fornecidas a este respeito no texto «qualidade microbiológica das preparações farmacêuticas» (5.1.4). ENSAIO Uniformidade de teor (2.9.6). Salvo indicação ou excepção justificada e autorizada, as cápsulas cujo teor em substância activa seja inferior a 2 mg ou aquelas em que a substância activa represente menos de 2 por cento da massa total satisfazem ao ensaio B de uniformidade de teor das preparações apresentadas em formas farmacêuticas unitárias. Se a preparação contiver várias substâncias activas, o ensaio só se aplica aos que correspondem às condições antes indicadas. O ensaio não se exige para as preparações polivitamínicas ou com oligoelementos. Quando se indicar a exigência de um ensaio de uniformidade de teor para todas as substâncias activas não se exige o ensaio de uniformidade de massa. Uniformidade de massa (2.9.5). As cápsulas satisfazem ao ensaio de uniformidade de massa das preparações apresentadas em formas farmacêuticas unitárias sólidas. CONSERVAÇÃO A temperatura que não ultrapasse 30°C. Exigências suplementares às desta monografia, por exemplo o ensaio de dissolução (2.9.3), podem ser impostas pelas Autoridades Nacionais para casos particulares que não figurem na Farmacopeia. Quando se prescreve um ensaio de dissolução não se exige ensaio de desagregação. Cápsulas duras O invólucro é constituído por 2 partes cilíndricas abertas numa das extremidades e cujo fundo é hemisférico. O ou os princípios activos, geralmente sólidos (pulverulentos ou granulados), são introduzidos numa das duas partes e depois a segunda é encaixada na primeira. O fecho pode ser reforçado por meios apropriados. ENSAIO Desagregação. As cápsulasduras satisfazem ao ensaio de desagregação de comprimidos e de cápsulas (2.9.1). Utilize a água como líquido de desagregação. Em certos casos, justificados e autorizados, pode utilizar-se ácido clorídrico 0,1M ou suco gástrico artificial R como líquido de desagregação. Se as cápsulas flutuarem à superfície da água, pode juntar-se um disco. Mantenha o aparelho em funcionamento durante 30 min, salvo casos excepcionais justificados e autorizados, e depois examine o estado das amostras. As cápsulas satisfazem ao ensaio se todas as seis se desagregarem. Cápsulas moles O invólucro é mais espesso que o das cápsulas duras. É constituído por uma só parte que pode apresentar variadas formas. Geralmente os invólucros são formados, cheios e fechados durante um único ciclo de fabricação e na sua composição pode, por vezes, figurar uma substância activa. Em certos casos, os invólucros podem ser pré-fabricados para permitir preparações extemporâneas. Os líquidos podem ser incluídos directamente; os sólidos são normalmente dissolvidos ou dispersos em excipientes apropriados para obter uma solução ou dispersão de consistência mais ou menos pastosa. Devido à natureza dos materiais e às superfícies de contacto, podem produzir-se migrações parciais de elementos do invólucro para o conteúdo e vice-versa. ENSAIO Desagregação. As cápsulas moles satisfazem ao ensaio de desagregação de comprimidos e de cápsulas (2.9.1). Utilize a água R como líquido de desagregação. Em certos casos, justificados e autorizados, pode utilizar-se ácido clorídrico 0,1 M ou suco gástrico artificial como líquido de desagregação. Coloque um disco em cada um dos tubos. Medicamentos líquidos apresentados em cápsulas moles podem atacar os discos. Nestas condições, e em casos autorizados, pode admitir-se a utilização do aparelho sem discos. Mantenha o aparelho em funcionamento durante 30 mm, salvo casos excepcionais justificados e autorizados, e depois examine o estado das amostras. Se as cápsulas não satisfizerem a este ensaio por terem aderido ao disco, repita o ensaio com outras 6 cápsulas sem utilizar os discos. As cápsulas satisfazem ao ensaio se todas as seis se desagregarem. Cápsulas gastro-resistentes As cápsulas gastro-resistentes destinam-se a resistir ao ataque do suco gástrico e a libertar o ou os princípios activos no 603FARMACOPEIA PORTUGUESA VII Cápsulas F or m as fa rm ac êu ti ca s suco entérico. São obtidas quer revestindo as cápsulas duras ou moles com um revestimento gastro-resistente, quer enchendo as cápsulas com grânulos ou partículas já recobertos com revestimento gastro-resistente. As primeiras satisfazem ao ensaio de desagregação; as segundas satisfazem a um ensaio que demonstre que a libertação do ou dos princípios activos se processa de forma apropriada. ENSAIO Desagregação. As cápsulas gastro-resistentes satisfazem ao ensaio de desagregação de comprimidos e de cápsulas (2.9.1). Utilize ácido clorídrico 0,1 M como líquido de desagregação. Mantenha o aparelho em funcionamento durante 2 h sem colocar discos (a duração da resistência ao meio ácido varia segundo a formulação da cápsula em ensaio. É normalmente de 2 a 3 h; tendo em conta excepções autorizadas, nunca é inferior a 1 h). Terminado este tempo, retire o conjunto e examine o estado das cápsulas. Nenhuma apresenta sinais de desagregação ou fissuras que possam permitir perda de conteúdo. Substitua a solução ácida por solução tampão de fosfato de pH 6,8 R e introduza um disco em cada um dos tubos. Em certos casos, justificados e autorizados, pode admitir-se a utilização de solução tampão de pH 6,8 adicionada de pancreatina (por exemplo 0,35 g por cada 100 ml de solução tampão). Mantenha o aparelho em funcionamento durante 60 min e examine o estado das amostras. Se as cápsulas não satisfazerem ao ensaio por terem aderido ao disco, repita o ensaio com outras 6 cápsulas sem utilizar os discos. As cápsulas satisfazem ao ensaio se todas as seis se desagregarem. Cápsulas de libertação modificação As cápsulas de libertação modificada são cápsulas duras ou moles cujo conteúdo – caso particular das cápsulas cujo conteúdo foi tornado gastro-resistente – ou o invólucro, ou ambos, contêm adjuvantes ou são preparados de tal modo que são susceptíveis de modificar a velocidade ou o lugar de libertação das substâncias medicamentosas. As cápsulas de libertação modificada satisfazem a um ensaio que demonstre que a libertação do ou dos princípios activos se processa de forma apropriada. COMPRIMIDOS Compressi As exigências desta monografia não se aplicam às preparações farmacêuticas apresentadas na forma de comprimidos tendo um outro destino que não a administração oral. As exigências para tais preparações podem encontrar-se, em cada caso, noutras monografias gerais, por exemplo nas monografias «Preparações para uso rectal» e «Preparações para uso vaginal». Nos casos justificados e autorizados, as prescrições podem não se aplicar aos comprimidos para uso veterinário. DEFINIÇÃO Os comprimidos são preparações de consistência sólida, contendo cada unidade um ou mais princípios activos e são obtidos aglomerando por compressão um volume constante de partículas. Destinam-se a serem administrados por via oral. Alguns são engolidos ou mastigados, outros são dissolvidos ou desagregados na água antes da administração, e finalmente outros permanecem na boca para aí libertarem a substância activa. As partículas são constituídas por um ou vários princípios activos, adicionados ou não de excipientes, tais como diluentes, agregantes, desagregantes, lubrificantes, deslizantes, compostos que podem modificar o comportamento da preparação no tubo digestivo, corantes autorizados e aromatizantes. Os comprimidos apresentam-se geralmente na forma de um cilindro sólido cujas extremidades podem ser planas ou convexas e os bordos biselados. Podem ter ranhuras de fractura, uma sigla ou outra marca. Podem ser revestidos. Nos casos apropriados, os recipientes destinados a acondicionar comprimidos satisfazem aos requisitos indicados em «Materiais utilizados na fabricação dos recipientes» (3.1 e subcapítulos seguintes) e «Recipientes» (3.2 e subcapítulos seguintes). Podem distinguir-se várias categorias de comprimidos para administração oral: – comprimidos não revestidos. – comprimidos efervescentes. – comprimidos solúveis. – comprimidos dispersíveis. – comprimidos revestidos. – comprimidos gastro-resistentes. – comprimidos de libertação modificada. – comprimidos para actuar na cavidade bucal. PRODUÇÃO Os comprimidos são obtidos por compressão de um volume constante de partículas ou de agregados obtidos por diversos métodos de granulação. Durante o fabrico dos núcleos, são tomadas medidas que possibilitem a obtenção de um produto que ofereça a resistência mecânica suficiente para poder ser manipulado sem esboroar nem quebrar. Esta resistência pode ser demonstrada pelos ensaios descritos nos textos «Friabilidade dos comprimidos não revestidos» (2.9.7) e «Dureza dos comprimidos» (2.9.8). Os comprimidos para mastigar são preparados de modo a que sejam quebrados facilmente pelos dentes. Durante a fabrico, o acondicionamento, a conservação e a distribuição de comprimidos, são tomadas medidas que assegurem a qualidade microbiológica do produto; o texto «Qualidade microbiológica das preparações farmacêuticas» (5.1.4) contém recomendações a este respeito. ENSAIO Uniformidade de teor (2.9.6). Salvo indicação em contrário, ou excepção justificada e autorizada, os comprimidos cujo teor em princípio activo seja inferior a 2 mg ou em que o princípio activo represente menos de 2 por cento da massa total satisfazem ao ensaio A de uniformidade de teor das preparações apresentadas em formas farmacêuticas unitárias. Se a preparação contiver vários princípiosactivos, o ensaio só Comprimidos 604 FARMACOPEIA PORTUGUESA VII F orm as farm acêuticas se aplica aos que correspondam às condições antes indicadas. O ensaio não se exige para as preparações polivitamínicas ou com oligoelementos. Uniformidade de massa (2.9.5). Os comprimidos não revestidos e, salvo excepção justificada e autorizada, os comprimidos revestidas com películas finas satisfazem ao ensaio de uniformidade de massa das preparações apresentadas em formas farmacêuticas unitárias sólidas. Quando se indicar a exigência de um ensaio de uniformidade de teor de todas as substâncias activas, não se exige o ensaio de uniformidade de massa. Dissolução. Pode realizar-se um ensaio apropriado para demonstrar que a libertação do ou dos princípios activos satisfaz às exigências prescritas, por exemplo, um dos ensaios descritas no texto «Ensaio de dissolução das formas sólidas (2.9.3)». Quando se prescreve um ensaio de dissolução, não se exige o ensaio de desagregação. CONSERVAÇÃO Ao abrigo do esmagamento e de qualquer choque mecânico. Comprimidos não revestidos DEFINIÇÃO Os comprimidos não revestidos compreendem os comprimidos de camada única ou os comprimidos de camadas múltiplas dispostas concêntrica ou paralelamente. Os primeiros resultam de uma única compressão e os segundos de compressões sucessivas efectuadas com partículas de diferentes composições. Os excipientes usados não são especialmente destinados a modificar a libertação dos princípios activos nos sucos digestivos. Os comprimidos não revestidos satisfazem às características gerais dos comprimidos. A sua secção examinada à lupa apresenta, conforme os casos, uma textura relativamente homogénea (comprimidos de camada única) ou estratificada (comprimidos de camadas múltiplas) sem qualquer sinal de revestimento. ENSAIO Desagregação. Os comprimidos não revestidos satisfazem ao ensaio de desagregação de comprimidos e de cápsulas (2.9.1). Utilize a água R como líquido de desagregação. Coloque um disco em cada um dos tubos. Mantenha o aparelho em funcionamento durante 15 min, salvo excepções justificadas e autorizadas, e depois examine o estado das amostras. Se os comprimidos não satisfizerem ao ensaio por terem aderido aos discos, repita-o com outros 6 comprimidos omitindo o uso dos discos. Os comprimidos satisfazem ao ensaio se todos se tiverem desagregado. Os comprimidos para mastigar não têm necessariamente que satisfazer ao ensaio. Compridos efervescentes DEFINIÇÃO Os comprimidos efervescentes são comprimidos não revestidos em cuja composição entra geralmente um ácido e um carbonato ou bicarbonato capazes de reagirem rapidamente em presença de água, libertando dióxido de carbono. Destinam-se a serem dissolvidos ou dispersos em água antes da administração. ENSAIO Desagregação. Introduza um comprimido num vaso de precipitação com 200 ml de água R a 15-24°C; libertam-se numerosas bolhas de gás. Quando o desprendimento gasoso na zona do comprimida ou dos seus fragmentos terminar, o comprimido está desagregado, encontrando-se então dissolvido ou disperso na água, não subsistituindo qualquer aglomerado de partículas. Repita a operação mais cinco vezes com 1 comprimido de cada vez. Os comprimidos satisfazem ao ensaio se cada uma das 6 amostras utilizadas se desagregar em menos de 5 min, nas condições estabelecidas, salvo excepção justificada e autorizada. Comprimidos solúveis DEFINIÇÃO Os comprimidos solúveis são comprimidos não revestidos ou comprimidos peliculados. Destinam-se a ser dissolvidos na água antes da administração. A solução obtida pode ser ligeiramente opalescente devida à presença de substâncias auxiliares adicionadas durante o fabrico dos comprimidos. ENSAIO Desagregação. Proceda ao ensaia de desagregação dos comprimidos e das cápsulas (2.9.1), utilizando como meio líquido a água R a 15-25°C. Os comprimidos solúveis desagregam-se em menos de 3 min. Comprimidos dispersíveis DEFINIÇÃO Os comprimidos dispersíveis são destinados a ser dispersos na água antes da administração dando lugar a uma dispersão homogénea. ENSAIO Desagregação. Proceda ao ensaio de desagregação dos comprimidos e das cápsulas (2.9.1), utilizando como meio líquido a água R a 15-25°C. Os comprimidos dispersíveis desagregam-se em menos de 3 min. Finura da dispersão. Coloque 2 comprimidos em 100 ml de água R e agite até dispersão total. A dispersão obtida é homogénea e atravessa um tamis com uma abertura de malha nominal de 710 µm. Comprimidos revestidos DEFINIÇÃO Os comprimidos revestidos são comprimidos recobertos com uma ou mais camadas constituídas por misturas de 605FARMACOPEIA PORTUGUESA VII Comprimidos F or m as fa rm ac êu ti ca s substâncias diversas, como resinas naturais ou sintéticas, gomas, gelatina, materiais inactivos e insolúveis, açúcares, plastificantes, polióis, ceras, corantes autorizados e, por vezes, aromatizantes e princípios activos. As substâncias utilizadas para a revestimento são geralmente aplicadas na forma de solução ou de suspensão em condições que favoreçam a evaporação do veículo. Quando o revestimento é constituído por uma camada polimérica fina, designa-se por revestimento de película. O revestimento dos comprimidos revestidos é liso, frequentemente corado e pode ser polido; examinado à lupa, a sua secção apresenta um núcleo rodeado por uma ou várias camadas contínuas, mas de textura diferente. ENSAIO Desagregação. Os comprimidos revestidos à excepção dos que apresentam revestimento por película, satisfazem ao ensaio de desagregação de comprimidos e de cápsulas (2.9.1). Utilize a água R como líquido de desagregação. Coloque um disco em cada um das tubos. Mantenha a aparelho em funcionamento durante 60 min, salvo excepção justificada e autorizada, e depois examine o estado das amostras. Se todos os comprimidos se não desagregarem, repita a ensaio com outros 6 comprimidos substituindo a água por ácido clorídrico 0,1 M. Os comprimidos satisfazem ao ensaio se todos se desagregarem no meio ácido. Os comprimidos de película satisfazem ao ensaio de desagregação indicado para os compridos não revestidos, mas o aparelho é mantido em funcionamento durante 30 min, salvo excepção justificada e autorizada. Se os comprimidos revestidos ou os comprimidos de película não satisfizerem ao ensaio por terem aderido aos discos, repete-se a ensaio com outros 6 comprimidos omitindo os discos. Os comprimidos satisfazem ao ensaio se todos se desagregarem. Os comprimidos para mastigar não têm necessariamente que obedecer a este ensaio. Comprimidos com revestimento gastro-resistente DEFINIÇÃO Os comprimidos com revestimento gastro-resistente são comprimidos de libertação modificada e destinam-se a resistir ao ataque do suco gástrico e a libertar o ou os princípios activos no suco entérico. São obtidas quer revestindo os comprimidos com um revestimento gastro-resistente, quer preparando os comprimidos a partir de granulados ou partículas já envolvidos por um revestimento gastro-resistente. Os comprimidos com revestimento gastro-resistente satisfazem às características dos comprimidos revestidos. PRODUÇÃO No caso dos comprimidos preparados a partir de granulados ou partículas já envolvidos por um revestimento, gastro-resistente, realiza-se um ensaio que demonstre que a libertação da ou das substâncias activas é satisfatória. ENSAIO Desagregação. Os comprimidos com revestimento gastro-resistente satisfazem ao ensaio de desagregação de comprimidos e de cápsulas (2.9.1) com as modificações: Utilize ácido clorídrico 0,1 M como líquido de desagregação. Mantenha o aparelho em funcionamento durante 2 h, salvo excepção justificada e autorizada, sem utilizar discos. Examine o estado dos comprimidos. A duração da resistência em meio ácido varia segundo a formulaçãodo comprimido. É tipicamente de 2 a 3 h; salvo casos autorizados, nunca é inferior a 1 h. Nenhum apresenta o mínimo sinal de desagregação nem fendas que possam permitir perda de conteúdo, com exclusão do desprendimento eventual de fragmentos do revestimento. Substitua a solução ácida por solução tampão de fosfato de pH 6,8 R e utilize um disco em cada um dos tubos. Mantenha o aparelho em funcionamento durante 60 min e depois examine o estado das amostras. Se os comprimidos não satisfizerem ao ensaio por terem aderido aos discos, repita-o com outros 6 comprimidos omitindo o uso daqueles. Os comprimidos satisfazem ao ensaio se todos se tiverem desagregado. Comprimidos de libertação modificada DEFINIÇÃO Os comprimidos de libertação modificada podem ser revestidas ou não. São preparados com adjuvantes especiais ou por processos particulares que visam, separadamente ou em conjunto, modificar a velocidade ou o local de libertação da ou das substâncias activas. PRODUÇÃO Os comprimidos de libertação modificada satisfazem a um ensaio que demonstre que a libertação do ou dos princípios activos se processa de forma apropriada. Comprimidos para actuar na cavidade bucal DEFINIÇÃO Os comprimidos para actuar na cavidade bucal são a maior parte das vezes não revestidos. A sua fórmula é estabelecida de modo a permitir uma libertação lenta e uma acção local do ou dos princípios activos ou uma libertação e absorção do ou dos princípios activos numa parte definida da cavidade bucal. ESPUMAS MEDICAMENTOSAS Musci medicati Exigências suplementares sobre as espumas medicamentosas podem figurar noutras monografias gerais como, por exemplo, nas monografias «Preparações para uso rectal» «Preparações para uso vaginal» e «Preparações líquidas para aplicação cutânea». Espumas medicamentosas 606 FARMACOPEIA PORTUGUESA VII F orm as farm acêuticas DEFINIÇÃO As espumas medicamentosas são preparações constituídas pela dispersão de um apreciável volume de gás numa preparação líquida que contém geralmente um ou vários princípios activos, um agente tensioactivo que assegura a sua formação e diversos outros excipientes. As espumas medicamentosas são frequentemente destinadas a serem aplicadas na pele ou nas mucosas. As espumas medicamentosas são geralmente formadas no momento da administração a partir de uma preparação líquida contida num recipiente pressurizado. O recipiente é munido de um dispositivo constituído por uma válvula e um botão adaptados à distribuição da espuma. As espumas medicamentosas destinadas a serem aplicadas em feridas abertas de dimensão apreciável ou numa pele gravemente danificada são estéreis. As espumas medicamentosas acondicionadas em recipientes pressurizados satisfazem às exigências da monografia Preparações farmacêuticas pressurizadas. PRODUÇÃO As espumas medicamentosas estéreis são preparadas a partir de produtos e por métodos que permitam assegurar a sua esterilidade e impedir a introdução de contaminantes e o crescimento de microrganismos; a este respeito, são fornecidas recomendações no texto Métodos de preparação dos produtos estéreis (5.1.1). ENSAIO Densidade da espuma. Mantenha o recipiente à temperatura de 25°C durante, pelo menos, 24 h. Evitando reaquecer o recipiente, adapte ao botão um tubo rígido de 70 a 100 mm de comprimento e cerca de 1 mm de diâmetro interno, agite o recipiente para homogeneizar a fase líquida e expulse em perda 5 a 10 ml da espuma. Tare um cristalizador de fundo plano de cerca de 60 ml de capacidade e cerca de 35 mm de altura. Coloque a extremidade do tubo rígido no ângulo do fundo do cristalizador e, para o encher uniformemente, aperte o botão efectuando um movimento circular. Após expansão total da espuma, nivele a superfície retirando o excesso com uma lâmina. Pese. Determine a massa do mesmo volume de água R, enchendo com água R o mesmo cristalizador. A densidade da espuma é igual à relação m = massa da tomada de ensaio da espuma, em gramas, e = massa do mesmo volume de água R, em gramas. Efectue 3 determinações. Nenhum dos valores individuais se afasta mais de 20 por cento do valor médio. Duração da expansão. O aparelho (figura 1) é constituído por uma bureta de 50 ml de 15 mm de diâmetro interno graduada de 0,1 ml em 0,1 ml e munida de uma torneira de uma via de 4 mm. A graduação correspondente a 30 ml situa-se a, pelo menos, 210 mm do eixo da torneira. A parte inferior da bureta é ligada, por intermédio de um tubo de matéria plástica de comprimento máximo de 50 mm e de 4 mm de diâmetro interno, ao recipiente gerador da espuma munido de botão adaptado a esta ligação. Mantenha o recipiente à temperatura de 25°C durante, pelo menos, 24 h. Evitando m �e reaquecer, agite o recipiente para homogeneizar a fase líquida e expulse em perda 5 a 10 ml da espuma. Ligue o botão à saída da bureta. Aperte o botão e introduza, de uma só vez, uma quantidade de espuma próxima de 30 ml. Feche a torneira, destrave simultaneamente um cronómetro e leia o volume de espuma contido na bureta. Leia de seguida todos os 10 s o volume que aumenta até ao volume máximo. Efectue 3 medidas. Nenhum dos tempos necessários para obter o volume máximo é superior a 5 min. Esterilidade (2.6.1). Quando o rótulo indicar que a preparação é estéril, esta satisfaz ao ensaio de esterilidade. FIGURA 1 – Aparelho para determinar a duração da expansão. ROTULAGEM Nos casos apropriados, no rótulo indica-se que a preparação é estéril. GOMAS PARA MASCAR MEDICAMENTOSAS DEFINIÇÃO As gomas para mascar medicamentosas são preparações unitárias sólidas cujo excipiente principal é uma goma. Destinam-se a serem mastigadas sem serem deglutidas. Contêm uma ou mais substâncias activas cuja libertação se efectua enquanto são mastigadas. As gomas para mascar 607FARMACOPEIA PORTUGUESA VII Gomas para mascar medicamentosas F or m as fa rm ac êu ti ca s diâmetro interno 15 mm Torneira de 1 via de 4 mm recipiente pressurizado Tubo plástico de 4 mm de diâmetro interno e 50 mm de comprimento máximo Botão destinam-se após dissolução ou dispersão da(s) substância(s) activa(s) na saliva: – quer ao tratamento local de afecções bucais: – quer ao tratamento sistémico, após absorção através da mucosa bucal ou gastrintestinal. PRODUÇÃO As gomas para mascar medicamentosas são constituídas por uma goma para mascar insípida, de elastómeros naturais ou sintéticos, podendo conter outros excipientes, como cargas, agentes emolientes, edulcorantes, aromatizantes, estabilizantes e plastificantes. As gomas para mascar medicamentosas são fabricadas por compressão ou por amolecimento ou fusão de elastómeros, após junção de outros excipientes. Neste caso, as gomas para mascar são em seguida submetidas a tratamentos suplementares para se obter a apresentação pretendida. As gomas para mascar medicamentosas podem ser revestidas se, por exemplo, for necessário protegê-las da humidade ou da luz. Salvo excepção justificada e autorizada, efectua-se um ensaio apropriado para demonstrar que a libertação da(s) substância(s) activa(s) é satisfatória. Durante o fabrico, o acondicionamento, a conservação e a distribuição das gomas para mascar medicamentosas, são tomadas medidas que assegurem a sua qualidade microbiológica; o texto «Qualidade microbiológica das preparações farmacêuticas» (5.1.4) contém recomendações a este respeito. ENSAIO Uniformidade de teor (2.9.6). Salvo indicação em contrário ou excepção justificada e autorizada, as gomas para mascar medicamentosas cujo teor em substância activa seja inferior a 2 mg ou em que a substância activa represente menos de 2 por cento da massa total satisfazem ao ensaio A de uniformidade de teor das preparações apresentadas em formas farmacêuticas unitárias. Se a preparação contiver várias substânciasactivas, o ensaio aplica-se às que correspondam às condições antes indicadas. Uniformidade de massa (2.9.5). As gomas para mascar medicamentosas não revestidas e, salvo excepção justificada e autorizada, as gomas para mascar medicamentosas revestidas satisfazem ao ensaio de uniformidade de massa das preparações apresentadas em formas farmacêuticas unitárias. Quando se indicar a exigência de um ensaio de uniformidade de teor de todas as substâncias activas, não se exige o ensaio de uniformidade de massa. CONSERVAÇÃO No caso das gomas para mascar não revestidas, ao abrigo da luz e da humidade. GRANULADOS Granulata DEFINIÇÃO Granulados são preparações farmacêuticas constituídas por grânulos sólidos e secos formados por aglomerados de partículas de pó de resistência suficiente para permitir as diversas manipulações. Os granulados destinam-se à via oral. Alguns são deglutidos directamente, outros são mastigados e outros, ainda, são dissolvidos ou desagregados em água ou num líquido apropriado antes de serem administrados. Os granulados contêm um ou vários princípios activos, adicionados ou não de adjuvantes e, se necessário, de corantes e aromatizantes. Podem apresentar-se quer como formas farmacêuticas em embalagens para dose única, quer como preparações para várias doses. Estas últimas necessitam de uma medida apropriada que permita dosear a quantidade unitária prescrita. Cada dose das formas unitárias é fornecida em embalagem individual como, por exemplo, num saco, numa embalagem de papel ou num frasco. Podem distinguir-se várias categorias de granulados: – granulados não revestidos, – granulados efervescentes, – granulados destinados à preparação de líquidos para administração oral (ver monografia «Preparações líquidas para uso oral»), – granulados revestidos, – granulados com revestimento gastro-resistente, – granulados de libertação modificada. Em casos justificados e autorizados, as exigências desta monografia não se aplicam aos granulados para uso veterinário. PRODUÇÃO Quando da fabricação, do acondicionamento, da conservação e da distribuição dos granulados, tomam-se medidas apropriadas para assegurar a qualidade microbiológica do produto. ENSAIO Uniformidade de teor (2.9.6). Salvo indicação em contrário ou excepção justificada e autorizada, os granulados que constituem formas farmacêuticas em embalagens para dose única cujo teor em princípio activo seja inferior a 2 mg ou represente menos de 2 por cento da massa total satisfazem ao ensaio de uniformidade de teor das preparações apresentadas em formas farmacêuticas unitárias. Se a preparação contiver vários princípios activos, o ensaio só se aplica aos que se encontrem nas condições indicadas. O ensaio não se exige para as preparações polivitamínicas ou com oligoelementos. Quando se prescreve um ensaio de uniformidade de teor para os princípios activos, não se exige o ensaio de uniformidade de massa. Uniformidade de massa (2.9.5). Com excepção dos granulados revestidos, os granulados que constituem formas farmacêuticas unitárias satisfazem ao ensaio de uniformidade de massa das preparações apresentadas em formas farmacêuticas unitárias sólidas. CONSERVAÇÃO Em recipiente estanque se a preparação contiver compostos voláteis ou se o conteúdo do recipiente é protegido. Granulados 608 FARMACOPEIA PORTUGUESA VII F orm as farm acêuticas Granulados efervescentes DEFINIÇÃO Granulados efervescentes são granulados não revestidos que contêm substâncias ácidas e carbonatos ou bicarbonatos que reagem rapidamente em presença de água libertando dióxido de carbono. Destinam-se a dissolver-se ou dispersar-se em água antes de serem administrados. ENSAIO Desagregação. Introduza uma dose de granulado num vaso de precipitação contendo 200 ml de água R a uma temperatura entre 15 e 25°C; desenvolvem-se bolhas gasosas. Quando o desprendimento gasoso na zona dos grânulos terminar, estes estão completamente desagregados, encontrando-se, então, dissolvidos ou dispersos na água. Repita o ensaio com outras 5 doses. O granulado efervescente satisfaz ao ensaio se cada uma das 6 doses se desagregar em menos de 5 min. Granulados revestidos DEFINIÇÃO Os granulados revestidos apresentam-se normalmente na forma de preparações para várias doses e são constituídos por grânulos revestidos por uma ou várias camadas de misturas de substâncias diversas. Estas são geralmente aplicadas na forma de solução ou suspensão e em condições que favoreçam a evaporação do veículo. ENSAIO Dissolução. Pode realizar-se um ensaio apropriado para demonstrar que a libertação do ou dos princípios activos satisfaz, por exemplo, um dos ensaios descritos no texto «Ensaio de dissolução das formas sólidas» (2.9.3). Granulados com revestimento gastro-resistente DEFINIÇÃO Os granulados gastro-resistentes são destinados a resistir ao suco gástrico e a libertar o ou os princípios activos no suco entérico. Para conseguir este resultado revestem-se os granulados com um material gastro-resistente ou utiliza-se qualquer outro processo. PRODUÇÃO Os granulados gastro-resistentes satisfazem a um ensaio que demonstre que a libertação do ou dos princípios activos se processa de forma apropriada. Granulados de libertação modificada DEFINIÇÃO Os granulados de libertação modificada podem ou não ser revestidos. São preparados com adjuvantes ou por técnicas especiais ou recorrendo a ambos os processos, de modo a modificar a velocidade e o local de libertação do ou dos princípios activos. PRODUÇÃO Os granulados de libertação modificada satisfazem a um ensaio que demonstre que a libertação do ou dos princípios activos se processa de forma apropriada. PÓS PARA APLICAÇÃO CUTÂNEA Pulveres ad usum dermicum Em certos casos, justificados e autorizados, as exigências da presente monografia podem não ser aplicadas aos pós para uso veterinário. DEFINIÇÃO Os pós para aplicação cutânea são preparações constituídas por partículas sólidas secas, livres e mais ou menos finas. Contêm um ou vários princípios activos adicionados ou não de excipientes e, se necessário, de corantes autorizados pela Autoridade competente. Os pós para aplicação cutânea podem constituir formas de dose única ou de dose múltipla. Estão isentos de aglomerados palpáveis. Os pós especificamente destinados a serem aplicados em feridas abertas de dimensão apreciável ou numa pele gravemente danificada são estéreis. Os pós para aplicação cutânea apresentados em dose múltipla podem ser acondicionados em recipientes pulverizadores, em recipientes munidos de um dispositivo mecânico de pulverização ou em recipientes pressurizados. Os pós acondicionados em recipientes pressurizados satisfazem às exigências da monografia Preparações farmacêuticas pressurizadas. Nos casos apropriados, os recipientes destinados aos pós para aplicação cutânea satisfazem às exigências relativas aos Materiais utilizados na fabricação dos recipientes (3.1 e subcapítulos) e aos Recipientes (3.2 e subcapítulos). PRODUÇÃO Quando da fabricação dos pós para aplicação cutânea, tomam-se medidas para assegurar que o tamanho das partículas é o apropriado ao uso previsto para a preparação. Quando da fabricação, do acondicionamento, da conservação e da distribuição dos pós para aplicação cutânea, tomam-se medidas apropriadas para assegurar a qualidade microbiológica do produto; a este respeito, são fornecidas recomendações no texto Qualidade microbiológica das preparações farmacêuticas (5.1.4). Os pós para aplicação cutânea estéreis são preparados a partir de produtos e por métodos que permitam assegurar a sua esterilidade e impedir a introdução de contaminantes e o crescimento de microrganismos; a este respeito, são fornecidas recomendações no texto Métodos de preparação dos produtos estéreis (5.1.1).609FARMACOPEIA PORTUGUESA VII Pós para aplicação cutânea F or m as fa rm ac êu ti ca s ENSAIO Granulometria. Quando se prescreve a tenuidade de um pó para aplicação cutânea, esta determina-se por tamisação (2.9.12) ou por qualquer outro método apropriado. Uniformidade de teor (2.9.6). Salvo indicação em contrário ou excepção justificada e autorizada, os pós para aplicação cutânea em dose única cujo teor em princípio activo seja inferior a 2 mg ou nos quais o princípio activo represente menos de 2 por cento da massa total, satisfazem ao ensaio B da uniformidade de teor das preparações unitárias. Se a preparação contiver vários princípios activos, o ensaio só se aplica aos princípios que respondam às condições antes indicadas. Uniformidade de massa (2.9.5). Os pós para aplicação cutânea apresentados em dose única satisfazem ao ensaio de uniformidade de massa das preparações unitárias. Quando se prescreve um ensaio de uniformidade de teor para todos os princípios activos, o ensaio de uniformidade de massa não é exigido. Esterilidade (2.6.1). Quando o rótulo indicar que a preparação é estéril, esta satisfaz ao ensaio de esterilidade. ROTULAGEM No rótulo indica-se: – que a preparação se destina ao uso externo, – nos casos apropriados, que a preparação é estéril. PÓS PARA USO ORAL Pulveres perorales As exigências que dizem respeito aos pós destinados a preparação de soluções ou suspensões para uso oral figuram na monografia «Preparações líquidas para uso oral». Em certos casos, justificados e autorizados, as exigências da presente monografia podem não ser aplicadas aos pôs para uso oral para uso veterinário. DEFINIÇÃO Os pós para uso oral são preparações constituídas por partículas sólidas secas, livres e mais ou menos finas. Contêm um ou vários princípios activos adicionados ou não de excipientes e, se necessário, de corantes autorizados pela Autoridade competente e aromatizantes. São geralmente administrados em ou com água ou outros líquidos apropriados. Em certos casos, podem ser engolidos tal qual se apresentam. Podem constituir formas de dose única ou de dose múltipla. Nos casos apropriados, os recipientes destinados aos pós para uso oral satisfazem às exigências relativas aos Materiais utilizados na fabricação dos recipientes (3.1 e subcapítulos) e aos Recipientes (3.2 e subcapítulos). Os pós para uso oral apresentados em dose múltipla necessitam da utilização de uma medida que permita obter a quantidade prescrita. Cada dose dos pós para uso oral apresentados em dose única é apresentada em recipiente individual, por exemplo uma carteira, uma saqueta ou um frasco. PRODUÇÃO Quando da fabricação dos pós para uso oral, tomam-se medidas para assegurar que o tamanho das partículas é o apropriado ao uso previsto para a preparação. Quando da fabricação, do acondicionamento, da conservação e da distribuição dos pós para uso oral, tomam-se medidas apropriadas para assegurar a qualidade microbiológica do produto; a este respeito, são fornecidas recomendações no texto Qualidade microbiológica das preparações farmacêuticas (5.1.4). ENSAIO Uniformidade de teor (2.9.6). Salvo indicação em contrário ou excepção justificada e autorizada, os pós para uso oral apresentados em dose única cujo teor em principio activo seja inferior a 2 mg ou nos quais o principio activo represente menos de 2 por cento da massa total, satisfazem ao ensaio B da uniformidade de teor das preparações unitárias. Se a preparação contiver vários princípios activos, o ensaio só se aplica aos princípios que respondam às condições antes indicadas. Uniformidade de massa (2.9.5). Os pós para uso oral apresentados em dose única satisfazem ao ensaio de uniformidade de massa das preparações unitárias. Quando se prescreve um ensaio de uniformidade de teor para todos os princípios activos, o ensaio de uniformidade de massa não é exigido. CONSERVAÇÃO Em recipiente estanque, se a preparação contiver componentes voláteis. Pós efervescentes Os pós efervescentes são acondicionados em recipientes de dose única ou de dose múltipla e contêm geralmente substâncias ácidas e carbonatos ou bicarbonatos que reagem rapidamente em presença da água libertando dióxido de carbono. Destinam-se a serem dissolvidos ou dispersos na água antes de serem administrados. PRÉ-MISTURAS PARA ALIMENTOS MEDICAMENTOSOS PARA USO VETERINÁRIO (Pré-misturas medicamentosas para uso veterinário) Preadmixta ad alimenta medicata ad usum veterinarium DEFINIÇÃO As pré-misturas para alimentos medicamentosos para uso Pós para uso oral 610 FARMACOPEIA PORTUGUESA VII F orm as farm acêuticas veterinário são misturas, em excipientes apropriados, destinadas a facilitar a administração aos animais de um ou vários princípios activos por via alimentar. Destinam-se exclusivamente a ser utilizados na preparação de alimentos medicamentosos, por simples mistura com outros ingredientes. As pré-misturas apresentam-se sob a forma de granulados ou de pós. Dispersam-se facilmente e os eventuais aglomerados desagregam-se espontaneamente com uma manipulação normal. O tamanho das partículas e as outras propriedades são determinantes na repartição homogénea do ou dos princípios activos no alimento final. Salvo excepção justificada e autorizada, a concentração da pré-mistura no alimento medicamentoso não é inferior a 0,5 por cento. ENSAIO Perda por secagem (2.2.32). Salvo excepção justificada e autorizada, a perda por secagem, determinada na estufa a 100-105°C, durante 2 h em 3,000 g da amostra, não é superior a 15,0 por cento. ROTULAGEM No rótulo indica-se: – o nome e a concentração do ou dos princípios activos, – a categoria dos animais aos quais a pré-mistura se destina, – instruções para a preparação do alimento medicamentoso a partir da pré-mistura e do alimento base, – nos casos apropriados, o prazo a respeitar entre o fim da administração da pré-mistura diluída e o abate para consumo humano. PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS PRESSURIZADAS Preparationes pharmaceuticae in vasis cum pressu Exigências suplementares dizendo respeito às preparações acondicionadas em recipientes sob pressão podem figurar noutras monografias gerais como, por exemplo, nas monografias «Preparações para inalação», «Líquidos para aplicação cutânea», «Pós para aplicação local», «Preparações nasais» e «Preparações auriculares». DEFINIÇÃO Preparações farmacêuticas pressurizadas são preparações dispensadas em recipientes especiais submetidas à pressão de um gás e que contêm um ou mais princípios activos. São libertadas do recipiente através de uma válvula apropriada sob a forma de um aerossole (dispersão num gás de partículas sólidas ou líquidas de dimensões apropriadas ao uso previsto) ou de um jacto líquido ou semi-sólido como, por exemplo, uma espuma ou um creme. A pressão necessária para assegurar a projecção do preparado é produzida por propelentes adequados. A preparação é constituída por uma solução, uma emulsão ou uma suspensão. Estes preparados destinam-se à aplicação local na pele e nas mucosas e para inalação. Podem utilizar-se adjuvantes apropriados, como, por exemplo, solventes, solubilizantes, emulsionantes, agentes suspensores ou, ainda, lubrificantes, estes últimos com a finalidade de evitar o bloqueamento da válvula. Gases propelentes. Podem ser gases liquefeitos sob pressão, gases comprimidos ou líquidos de ponto de ebulição baixo. Os gases liquefeitos são, por exemplo, hidrocarbonetos halogenados (especialmente derivados clorados e fluorados do metano e do etano) e hidrocarbonetos de massa molecular baixa, como o propano e o butano. Os gases comprimidos usados são, por exemplo, o dióxido de carbono, o azoto e o protóxido de azoto. Podem usar-se misturas de gases propelentes para obter óptimas condiçõesde solubilidade e as características desejadas de pressão, expulsão e pulverização. Recipientes. São estanques e resistentes à pressão interna e podem ser de metal, de vidro, de material plástico ou de uma mistura destes materiais. São compatíveis com o seu conteúdo. Os recipientes de vidro são envolvidos por uma protecção de material plástico. Dispositivos de pulverização. A válvula assegura uma obturação estanque do recipiente em repouso e regula a distribuição do conteúdo para o exterior durante a utilização. As características da pulverização dependem do dispositivo de pulverização, nomeadamente das suas dimensões, número e localização do ou dos orifícios. Certas válvulas podem assegurar uma distribuição contínua enquanto outras, chamadas «válvulas doseadoras», libertam, a cada pressão, uma quantidade definida de produto. Os diferentes materiais de que são confeccionadas as válvulas são compatíveis com o conteúdo do recipiente. Exigências para as preparações farmacêuticas pressurizadas. Para aplicações particulares, os recipientes das preparações pressurizadas são munidos de um aplicador especial apropriado e podem ser exigidas características especiais como, por exemplo, do gás propelente, do diâmetro das partículas e da dose unitária libertada pelas válvulas doseadoras. ROTULAGEM A rotulagem está de acordo com as prescrições gerais internacionais e nacionais que regulam esta matéria. O rótulo indica: – modo de emprego, – se necessário, que a embalagem é agitada antes de usar, – se necessário, precauções que são tomadas como, por exemplo, – não inalar, – evitar o contacto com os olhos e outras mucosas, – para recipientes com válvula doseadora, a quantidade de princípio activo de uma unidade de pulverização, – que o recipiente não é perfurado nem incinerado. 611FARMACOPEIA PORTUGUESA VII Preparações farmacêuticas pressurizadas F or m as fa rm ac êu ti ca s PREPARAÇÕES INTRAMAMÁRIAS PARA USO VETERINÁRIO Praeparationes intramammae ad usum veterinarium DEFINIÇÃO As preparações intramamárias para uso veterinário são preparações estéreis destinadas a serem introduzidas na glândula mamária através do canal da teta. Existem duas categorias principais: as que se destinam a serem administradas a animais em lactação e as que se destinam a serem administradas a animais no fim do período de lactação ou no período de seca para tratamento ou prevenção de infecções. As preparações intramamárias para uso veterinário são soluções, emulsões ou suspensões que contêm um ou mais princípios activos num veículo apropriado. Podem conter substâncias auxiliares tais como estabilizantes, emulsionantes, suspensores e espessantes. As suspensões podem apresentar sedimento que é facilmente dispersível por agitação. As emulsões podem evidenciar separação de fases que são facilmente redispersíveis por agitação. As preparações intramamárias para uso veterinário apresentam-se em recipientes para dose única para introdução em apenas um canal da teta de um animal, salvo excepção justificada e autorizada. Quando apresentadas em recipientes para várias doses, as preparações aquosas contêm um conservante antimicrobiano apropriado numa concentração conveniente, a menos que a própria preparação tenha propriedades antimicrobianas. São tomadas precauções para a administração e conservação durante as administrações. Nos casos apropriados, os recipientes destinados às preparações intramamárias para uso veterinário satisfazem às exigências relativas aos Materiais utilizados no fabrico dos recipientes (3.1 e subcapítulos). PRODUÇÃO Durante o desenvolvimento das preparações intramamárias para uso veterinário em cuja formulação se inclui um conservante antimicrobiano, a eficácia do conservante é demonstrada de modo a satisfazer à Autoridade competente. O texto Eficácia da conservação antimicrobiana (5.1.3) descreve um método de ensaio apropriado e indica critérios de avaliação das propriedades antimicrobianas da formulação. As preparações intramamárias para uso veterinário são obtidas a partir de produtos e por métodos apropriados para assegurar a sua esterilidade e impedir a entrada de contaminantes e o crescimento de microrganismos; são fornecidas recomendações a este respeito em «Métodos de preparação de produtos estéreis (5.1.1)». Quando da fabricação das preparações intramamárias para uso veterinário contendo partículas em dispersão, são tomadas precauções para assegurar que o tamanho das partículas é convenientemente controlado e que é apropriado ao uso previsto para a preparação. ENSAIO Massa ou volume extraível. Retire o máximo do conteúdo de 10 recipientes de acordo com as indicações mencionadas no rótulo. A massa ou o volume médio obtido não difere mais de 10 por cento da massa ou volume nominal. Esterilidade (2.6.1). As preparações intramamárias para uso veterinário satisfazem ao ensaio de esterilidade realizado quer pela técnica de filtração através de membrana, quer por inoculação directa em meios de cultura apropriados de acordo com a natureza da amostra. Retire o conteúdo de 10 recipientes e misture cuidadosamente. Para cada meio de cultura, utilize entre 0,5 e 1 g (ou 0,5 e 1 ml, consoante o caso) da mistura. CONSERVAÇÃO Em recipiente estéril, estanque e de fecho inviolável. ROTULAGEM No rótulo indica-se: – o nome do princípio activo e a massa ou o número de Unidades Internacionais do princípio activo que é possível retirar do recipiente utilizando uma técnica normal, – se a preparação se destina a animais em lactação ou a animais em período de seca. – no caso de preparações para várias doses, o nome do conservante antimicrobiano adicionado. As Autoridades Nacionais podem impor exigências adicionais para casos particulares não referidas nesta monografia. PREPARAÇÕES LÍQUIDAS PARA APLICAÇÃO CUTÂNEA Praeparationes líquidae ad usum dermicum Em casos justificados e autorizados, as exigências da presente monografia podem não se aplicar às preparações para uso sistémico ou veterinário. DEFINIÇÃO As preparações líquidas para aplicação cutânea são preparações de viscosidade variável destinadas a serem aplicadas sobre a pele (compreendendo o cabelo) ou nas unhas com a finalidade de uma acção local ou transdérmica. São soluções, emulsões ou suspensões que podem conter um ou vários princípios activos num excipiente apropriado. Estas preparações podem igualmente conter conservantes antimicrobianos apropriados, antioxidantes e outros excipientes como estabilizantes, substâncias emulsificantes e espessantes. As emulsões podem apresentar sinais de separação das fases mas são facilmente redispersadas por agitação. As suspensões podem apresentar um sedimento que é fácil de dispersar por agitação de modo a obter uma suspensão suficientemente estável para permitir a administração de uma preparação homogénea. Nos casos apropriados, os recipientes destinados ás preparações líquidas para aplicação cutânea satisfazem às Preparações líquidas para aplicação cutânea 612 FARMACOPEIA PORTUGUESA VII F orm as farm acêuticas exigências relativas aos Materiais utilizados na fabricação dos recipientes (3.1 e subcapítulos) e aos Recipientes (3.2 e subcapítulos). Quando as preparações líquidas para aplicação cutânea são acondicionadas em recipientes pressurizados, estes recipientes satisfazem às exigências da monografia Preparações farmacêuticas pressurizadas. As preparações especificamente destinadas a serem aplicadas numa pele gravemente danificada são estéreis. Podem distinguir-se várias categorias de preparações líquidas para aplicação cutânea: – os champôs, – as espumas para aplicação cutânea. PRODUÇÃO Durante o desenvolvimento das preparações líquidas para aplicação cutânea cuja fórmula comporte um conservante antimicrobiano,a eficácia do conservante escolhido é demonstrada de maneira a satisfazer a Autoridade competente. O texto Eficácia dos conservantes antimicrobianos (5.1.3) descreve um método de ensaio apropriado e indica critérios de avaliação das propriedades antimicrobianas da formulação. Quando da fabricação, do acondicionamento, da conservação e da distribuição das preparações líquidas para aplicação cutânea, tomam-se medidas apropriadas para assegurar a qualidade microbiológica do produto; a este respeito, são fornecidas recomendações no texto Qualidade microbiológica das preparações farmacêuticas (5.1.4). As preparações líquidas para aplicação cutânea estéreis são obtidas a partir de produtos e por métodos que permitam assegurar a sua esterilidade e impedir a introdução de contaminantes e o crescimento de microrganismos; a este respeito, são fornecidas recomendações no texto Métodos de preparação dos produtos estéreis (5.1.1). Quando da fabricação das preparações líquidas para aplicação cutânea que contenham partículas em dispersão, tomam-se medidas para assegurar que o tamanho das partículas é convenientemente controlado e que é o apropriado ao uso previsto para a preparação. ENSAIO Massa ou volume libertado (2.9.28). As preparações líquidas para aplicação cutânea acondicionadas em recipientes para dose única satisfazem ao ensaio. Esterilidade (2.6.1). Quando no rótulo se indicar que a preparação é estéril, satisfaz ao ensaio de esterilidade. CONSERVAÇÃO Se a preparação for estéril, conserva-se em recipiente estéril, estanque, de fecho inviolável. ROTULAGEM No rótulo indica-se: – o nome do conservante antimicrobiano adicionado, – nos casos apropriados, que a preparação é estéril. Champôs DEFINIÇÃO Os champôs são preparações líquidas, ás vezes semi-sólidas, destinadas a serem aplicadas no couro cabeludo depois enxaguadas e eliminadas com água. Por fricção com água, formam geralmente espuma. Os champôs são emulsões, suspensões ou soluções. Contêm habitualmente agentes tensioactivos. Espumas para aplicação cutânea DEFINIÇÃO As espumas para aplicação cutânea satisfazem às exigências da monografia Espumas medicamentosas. PREPARAÇÕES LÍQUIDAS PARA USO ORAL Liquida peroralia Em certos casos, justificados e autorizados, as exigências da presente monografia podem não se aplicar aos produtos para uso veterinário. DEFINIÇÃO As preparações líquidas para uso oral são habitualmente soluções, emulsões ou suspensões que contêm um ou vários princípios activos num veículo apropriado; algumas preparações podem, entretanto, consistir em princípios activos utilizados isoladamente. As preparações líquidas para uso oral destinam-se a serem usadas não diluídas ou depois de uma diluição. Podem igualmente ser preparadas antes do emprego, a partir de preparações líquidas concentradas, de pós ou granulados destinados à obtenção de preparações líquidas para uso oral, utilizando um veículo apropriado. As preparações líquidas para uso oral podem conter conservantes antimicrobianos apropriados, antioxidantes e outras substâncias auxiliares, como dispersantes. suspensores, espessantes, emulsificantes, tampões, molhantes, solubilizantes, estabilizantes, aromatizantes, edulcorantes e corantes autorizados. As suspensões podem apresentar um sedimento que é facilmente dispersível por agitação. As emulsões podem apresentar separação de fases mas são facilmente reconstituídas por agitação. A preparação mantém-se estável por tempo suficiente para permitir a administração de uma dose homogénea. As preparações líquidas para uso oral são acondicionadas em recipientes «para várias doses» ou «para dose única». São administradas quer em volumes de 5 ml ou seus múltiplos, quer em pequenos volumes (gotas). Cada dose de uma preparação é administrada com auxílio de um dispositivo que permite medir a quantidade prescrita. Em certos países, as preparações líquidas para uso oral são classificadas em subgrupos, tais como xaropes (contêm 613FARMACOPEIA PORTUGUESA VII Preparações líquidas para uso oral F or m as fa rm ac êu ti ca s elevada percentagem de açúcares e/ou outros polióis), elixires (contêm uma elevada percentagem de etanol), emulsões, suspensões para administração oral, etc. Os recipientes para as preparações líquidas para uso oral satisfazem à rubrica «Recipientes» (3.2). PRODUÇÃO Durante o desenvolvimento das preparações líquidas para uso oral em cuja formulação se incluiu um conservante antimicrobiano, a eficácia do conservante é demonstrada de modo a satisfazer à Autoridade competente. O texto Eficácia da conservação antimicrobiana (5.1.3) descreve um método de ensaio apropriado e indica critérios de avaliação das propriedades antimicrobianas da formulação. Quando da fabricação, acondicionamento, conservação e distribuição das preparações líquidas para uso oral são tomadas medidas apropriadas para assegurar a qualidade microbiológica do produto; recomendações a este respeito são fornecidas no texto Qualidade microbiológica das preparações farmacêuticas (5.1.4). Quando da fabricação das preparações líquidas para uso oral contendo partículas em dispersão, são tomadas precauções para assegurar que o tamanho das partículas é convenientemente controlado e que é apropriado ao uso previsto para a preparação. ENSAIO Uniformidade de massa. As preparações líquidas acondicionadas em recipientes para dose única na forma de soluções ou de emulsões satisfazem ao seguinte ensaio: pese individualmente o conteúdo de 20 recipientes tão esvaziados quanto possível e determine a massa média. Não mais do que duas das massas individuais poderão diferir de mais de 10 por cento da massa média encontrada e nenhuma de mais de 20 por cento. Uniformidade de teor. Salvo indicação em contrário, justificada e autorizada, as preparações líquidas acondicionadas em recipientes para dose única na forma de suspensões satisfazem ao seguinte ensaio: esvazie tanto quanto possível cada recipiente e efectue o ensaio sobre o conteúdo individual. Estas preparações satisfazem ao ensaio de uniformidade de teor (2.9.6) das cápsulas. Dose e uniformidade de dose das gotas orais. Numa proveta graduada introduza com a ajuda dos dispositivos apropriados o número de gotas habitualmente prescrito para uma dose ou a quantidade habitualmente prescrita. A velocidade não é superior a 2 gotas por segundo. Pese o líquido, repita a adição, pese novamente e continue a adicionar e a pesar até obter, no total, dez massas individuais. Nenhuma das massas individuais difere de mais de 10 por cento da massa média. O total das 10 massas não difere de mais de 15 por cento da massa nominal das 10 doses. Se necessário, determine o volume total das 10 doses. O volume não difere de mais de 15 por cento do volume nominal das 10 doses. ROTULAGEM A rotulagem das preparações líquidas para uso oral está de acordo com as prescrições gerais, internacionais e nacionais, sobre a matéria. No rótulo do recipiente para gotas indica-se, nomeadamente: – o número de gotas por mililitro ou por grama da preparação, quando a dose é determinada em gotas, – o nome do conservante adicionado. Pós e granulados destinados à obtenção de preparações líquidas para uso oral Exigências suplementares às da presente monografia podem ser impostas pelas Autoridades Nacionais para casos particulares que não figurem na Farmacopeia. DEFINIÇÃO Os pós e granulados para a obtenção de preparações líquidas para uso oral são destinados à preparação de soluções ou de suspensões. Podem conter substâncias auxiliares, nomeadamente para facilitar a dispersão ou a formação de uma solução e impedir a agregação das partículas. ENSAIO Uniformidade de massa (2.9.5). Os pós e granulados acondicionados em recipientes para dose única satisfazem ao ensaio de uniformidade demassa das formas farmacêuticas unitárias sólidas. Uniformidade de teor (2.9.6). Salvo indicação em contrário ou excepção justificada e autorizada, os pós acondicionados em recipientes para dose única e os granulados acondicionados em recipientes para dose única, cujo teor em princípio activo seja inferior a 2 mg ou aqueles em que o princípio activo representa menos de 2 por cento da massa total, satisfazem ao ensaio de uniformidade de teor das preparações apresentadas em formas farmacêuticas unitárias. Se a preparação contiver vários princípios activos, o ensaio só se aplica aos que correspondam às condições antes indicadas. O ensaio não é exigido para as preparações polivitamínicas ou com oligoelementos. Quando se indicar a exigência de um ensaio de uniformidade de teor para todos os princípios activos, não se exige o ensaio de uniformidade de massa. ROTULAGEM A rotulagem dos pós e granulados destinados à obtenção de preparações líquidas para uso oral está de acordo com as prescrições gerais, internacionais e nacionais, sobre a matéria. No rótulo indica-se, nomeadamente: – o modo de preparação da solução ou da suspensão, – as condições de conservação e o prazo de validade após a reconstituição. PREPARAÇÕES PARA INALAÇÃO Inhalanda DEFINIÇÃO As preparações para inalação são preparações líquidas ou sólidas destinadas a serem administradas nos pulmões sob a forma de vapores ou de aerossoles, tendo em vista uma acção local ou Preparações para inalação 614 FARMACOPEIA PORTUGUESA VII F orm as farm acêuticas sistémica. Contêm uma ou várias substâncias activas que podem estar dissolvidas ou dispersas num excipiente apropriado. Consoante a sua natureza, as preparações para inalação podem conter gases propulsores, cossolventes, diluentes, conservantes antimicrobianos, solubilizantes, estabilizantes, etc. Estes excipientes não exercem nenhum efeito indesejável nas funções da mucosa do tracto respiratório e dos seus cílios. As preparações para inalação são acondicionadas em recipientes para dose múltipla ou para dose única. Quando são acondicionadas em recipientes pressurizados, satisfazem às exigências da monografia «Preparações farmacêuticas pressurizadas». As preparações que são convertidas em aerossoles (dispersões de partículas sólidas ou líquidas num gás) são administradas com um dos dispositivos seguintes: – nebulizador, – inalador pressurizado com válvula doseadora, – inalador de pó seco. PRODUÇÃO Durante o desenvolvimento das preparações para inalação contendo um conservante antimicrobiano a eficácia do conservante é demonstrada de modo a satisfazer à Autoridade competente. O texto «Eficácia dos conservantes antimicrobianos» (5.1.3) descreve um método de ensaio apropriado e indica critérios de avaliação das propriedades antimicrobianas da formulação. O tamanho das partículas dos aerossoles é controlado de modo que uma fracção significativa das partículas se deposite nos pulmões. As características das partículas das preparações para inalação são determinadas pelo método «Avaliação aerodinâmica das partículas finas» (2.9.18). Para avaliar a uniformidade da dose dispensada, o fabricante pode utilizar métodos alternativos realizados em vários inaladores. Estes métodos permitem verificar a conformidade de todos os inaladores com as exigências da Farmacopeia. Os inaladores pressurizados com válvula doseadora são controlados de modo a garantir a ausência de fugas. Todos os inaladores são controlados de modo a garantir a ausência de contaminação por partículas externas. ROTULAGEM No caso das preparações com dose pré-medida, no rótulo indica-se: – a dose dispensada, excepto nos casos em que a dose foi estabelecida como dose pré-medida, – nos casos apropriados, o número de descargas que corresponde à dose mínima recomendada, – o número de descargas por inalador. No rótulo indica-se, nos casos apropriados, o nome de qualquer conservante antimicrobiano adicionado. Preparações líquidas para inalação DEFINIÇÃO Podem ser distinguidas três categorias de preparações líquidas para inalação: – preparações destinadas a serem convertidas em vapor, – líquidos dispensados por meio de nebulizadores, – líquidos dispensados por meio de inaladores pressurizados com válvula doseadora. As preparações líquidas para inalação são soluções ou dispersões. As dispersões são facilmente dispersíveis por agitação e permanecem suficientemente estáveis para que seja fornecida uma dose correcta. Podem ser utilizados excipientes apropriados. Preparações destinadas a serem convertidas em vapor DEFINIÇÃO As preparações destinadas a serem convertidas em vapor são soluções, dispersões ou preparações sólidas. São geralmente adicionadas à água quente e os vapores libertados são inalados. Preparações líquidas dispensadas por meio de nebulizadores DEFINIÇÃO As preparações líquidas para inalação destinadas a serem convertidas em aerossoles, por meio de nebulizadores operando em contínuo ou de nebulizadores com válvula doseadora, são soluções, suspensões ou emulsões. Para aumentar a solubilidade das substâncias activas podem ser utilizados cossolventes ou solubilizantes apropriados. As preparações líquidas apresentadas na forma concentrada para serem administradas por meio de nebulizadores operando em contínuo são diluídas até ao volume prescrito com o líquido indicado. antes do emprego. As preparações líquidas dispensadas por meio de nebulizadores podem igualmente ser preparadas a partir de pós. O pH das preparações líquidas dispensadas por meio de nebulizadores operando em contínuo não é inferior a 3 nem superior a 8,5. As suspensões e as emulsões são facilmente dispersíveis por agitação e permanecem suficientemente estáveis para que seja fornecida uma dose correcta. As preparações aquosas dispensadas por meio de nebulizadores que são apresentadas em recipientes para dose múltipla podem conter um conservante antimicrobiano apropriado, numa concentração adequada, se a preparação não possuir, ela própria, propriedades antimicrobianas adequadas. Os nebulizadores que operam em contínuo são dispositivos que convertem os líquidos em aerossoles sob o efeito de um gás sob pressão, de vibrações ultrassónicas ou por outros métodos. Permitem a inalação da dose com um débito apropriado e com um tamanho de partículas que assegure o depósito da preparação nos pulmões. Os nebulizadores com válvula doseadora são dispositivos que convertem líquidos em aerossoles sob o efeito de um gás sob pressão, de vibrações ultrassónicas ou por outros métodos. O volume de líquido a nebulizar é doseado de modo que a dose do aerossol possa ser inalada numa só inspiração. 615FARMACOPEIA PORTUGUESA VII Preparações para inalação F or m as fa rm ac êu ti ca s Preparações líquidas dispensadas por meio de inaladores pressurizados com válvula doseadora DEFINIÇÃO As preparações líquidas dispensadas por meio de inaladores pressurizados com válvula doseadora são soluções, suspensões ou emulsões acondicionadas em recipientes especiais que têm uma válvula doseadora e que são mantidas sob pressão com um gás ou mistura de gases propulsores liquefeitos apropriados, que podem igualmente actuar como solventes. Podem ser utilizados cossolventes, solubilizantes e estabilizantes apropriados. A dose libertada é a quantidade que o doente recebe do inalador. Nalgumas preparações, a dose é estabelecida como dose pré-medida. Esta é determinada por adição da dose libertada e da quantidade de preparação que se depositou no dispositivo. Pode também ser determinada directamente. ENSAIO Uniformidade da dose libertada. Os recipientes utilizam-se geralmente virados para baixo. Para os recipientes que se utilizam virados para cima, pode realizar-se um ensaio equivalente por métodos
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