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1 LIRIANNY FRANCO RAIANE FIGUEIREDO VALÉRIA CAVANIA Síntese e caracterização do Cloreto de Pentaaminoclorocobalto (III) Relatório apresentado à disciplina de Química Inorgânica Experimental II, do Curso Superior de Licenciatura em Química da Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD. Profa. Dra. Cristiana da Silva DOURADOS-MS 2018 2 RESUMO Nos compostos de coordenação, os metais encontram-se cercados por grupos que são chamados de “ligantes”. O ramo da química inorgânica responsável pelo estudo dos comportamentos das combinações metal – ligante, é chamado “química de coordenação”. As primeiras e mais fundamentais investigações sobre a química de coordenação se deram entre 1875 e 1915 pelo químico suíço Alfred Werner (1866 – 1919). Quando ele começou seus estudos, a natureza dos compostos de coordenação era um grande quebra-cabeças, que as idéias contemporâneas de valência e de estrutura não conseguiam montar. Por exemplo: como podia um sal de um metal estável (e.g., MCln) se combinar com um grupo de moléculas de existência independente (e.g., x NH3) para formar um composto M(NH3)xCln com propriedades totalmente diferentes? Como se formavam essas ligações? Qual era a estrutura? Depois de anos de estudo, Werner consegui responder a muitas das dúvidas que existiam até então. Werner desenvolveu o conceito de ligantes ao redor de um íon metálico central e deduziu as estruturas geométricas de muitos dos compostos formados. Por todo seu trabalho, Werner foi agraciado com o Prêmio Nobel de Química, em 1913 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 4 2. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 5 2.OBJETIVO GERAL .............................................................................................................. 5 3. PARTE EXPERIMENTAL ................................................................................................ 6 3.1 MATERIAIS ....................................................................................................................... 6 3.2 Reagentes e Solventes ......................................................................................................... 6 3.3 Procedimentos ..................................................................................................................... 6 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 7 4.1. Quanto à síntese do composto, alguns caminhos foram propostos. ................................. 7 4.2. Análise utilizando espectroscopia vibracional Infravermelho ...........................10 4.3 Análise utilizando espectroscopia UV-VIS........................................................11 4. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 12 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 13 4 1. INTRODUÇÃO A formação de complexos é indispensável para aumentar a eletividade de um grande número de reações usadas em análises e para identificações e caracterizações. Do ponto de vista analítico é importante porque as propriedades de um íon metálico, incluso em um complexo, alteram total ou parcialmente, segundo a maior ou menor estabilidade do mesmo. Ao formar-se um complexo, os estados de oxidação anômalos são estabilizados, como ocorre com o cobalto (III) e aumenta o poder oxidante de certos íons. O metal cobalto ocorre na natureza associado ao níquel, arsênio e enxofre. Os minerais mais importantes são CoAs2 (esmaltita) e CoAsS (cobaltita). É um metal duro, branco-azulado e dissolve-se em ácidos minerais diluídos. Os estados de oxidação mais importantes são +2 e +3. [3] O íon [Co(H2O)6] 2+ é estável em solução, mas a adição de outros ligantes facilita a oxidação a Co3+. Por outro lado, o íon [Co(H2O)6] +3 é um agente oxidante forte oxidando H2O a oxigênio e sendo reduzido a Co 2+. Contudo, ligantes contendo átomos de nitrogênio (como NH3 e etilenodiamina = NH2CH2CH2NH2) estabilizam o estado de oxidação +3 em solução aquosa. As reações de formação de complexos ocorrem pela substituição de moléculas de água por outros ligantes (moléculas neutras: NH3, etilenodiamina, etc. ou ânions: Cl- , OH- , etc.) presentes na solução, seguida geralmente pela oxidação do íon Co2+. Há uma reação inicial de substituição das moléculas de água e a seguir, o complexo formado é oxidado pelo oxigênio do ar ou então pela ação da água oxigenada. O cobalto (Co) é um metal que é encontrado na natureza na forma de ligas metálicas, normalmente na forma de esmaltita, associado ao arsênio (CoAs2) ou a cobaltita, associado ao arsênio e ao enxofre (CoAsS).[1] Assim como outros metais de transição, o cobalto é capaz de formar complexos, ou compostos de coordenação, de grande variedade, dependendo de seu estado de oxidação. Sendo um ácido de Lewis, ou seja, um molécula que aceita densidade eletrônica e é pequena, devido ao seu estado de oxidação, no caso, o cobalto forma complexos preferencialmente com bases duras de Lewis, como por exemplo a água, o ânion cloreto e doadores nitrogenado como a amônia. Um dos métodos mais eficientes de se realizar a caracterização de um composto é através do uso da espectroscopia no infravermelho, analisa variações de energia proveniente das vibrações de uma molécula.[2] A espectroscopia de infravermelho (espectroscopia IV) é um tipo de espectroscopia de absorção que usa a região do infravermelho do espectro eletromagnético. Como as demais técnicas espectroscópicas, ela pode ser usada para identificar um composto ou investigar a composição de uma amostra.·. A espectroscopia no ultravioleta e visível (UV-Vis) é decorrente da absorção luminosa na faixa típica de comprimento de onda (λ) entre 190nm e 780nm. O processo de absorção dá-se por mudanças do estado energético dos elétrons constituintes da eletrosfera dos compostos. [4] 5 2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL Preparar e sintetizar o composto de coordenação, cloreto de pentaaminoclorocobalto (III). 6 3. PARTE EXPERIMENTAL 3.1 MATERIAIS Bacia plástica (ou béquer grande) para banho de gelo; Balança; Bomba de vácuo ou trompa de vácuo; Béquer de 50 mL; Frasco para guardar o produto de síntese; Barra magnética; Balão volumétrico de 50 mL; Bastão de vidro; Chapa de aquecimento com agitação; Erlenmeyer de 125 mL; Funil de Büchner de 50 mL para filtração a pressão reduzida; Kitassato de 125 mL e conecções adequadas para filtração a pressão reduzida; Espátula; Haste universal e garra; Termômetro; Vidro de relógio; Proveta de 10 mL. 3.2 Reagentes e Solventes Ácido clorídrico concentrado Cloreto de amônio; Água oxigenada a 30% m/m; Amônia concentrada; Carvão ativo; Cloreto de cobalto(II) hexa-hidratado; Água destilada; Etanol absoluto; Éter etílico. 3.3 Procedimentos Inicialmente foi deixado um béquer com 200 ml de água destilada em um banho de gelo. Em um erlenmeyer de 125 mL foi misturado 5 gramas de NH4Cl em 30 mL de hidróxido de amônio concentrado. Foi adicionado sob agitação constante e em pequenas proporções de 10 g de CoCl2.6 H2O e em seguida foi acrescentado 16 mL de H2O2 A 30 % m/m, lentamente, em frações de 1 mL. Ao final, quando toda a efervescência terminou, acrescentamos 30 mL de HCl concentrado e agitou-se e aqueceu-se a mistura por 20 minutos mantendo a temperatura entre 80 e 90 ºC, em seguida deixamos a mistura em banho de gelo até uma temperatura próxima de 0ºC. Foi filtrado sob pressão reduzida e lavado com 16 mL de água gelada, em porções de 4 mL, com álcool absoluto e com 2,5 mL de éter etílico. Foi deixado o solido obtido secar e posteriormente pesado e armazenado em um frasco apropriado. 7 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1. Quanto à síntese do composto, alguns caminhos foram propostos. Primeiramente, a mistura do cloreto de amônio sólido com o hidróxido de amônio forma uma solução saturada de amônia (que apresenta caráter incolor) como mostra a reação abaixo: Com a formação de amônia, deixando a solução com uma alta concentração de amônia e, como o íon cobalto (II), sendo um ácido de Lewis duro, possui uma afinidade à ligantes nitrogenados (como a amônia , que é uma base d e Lewis dura ), ele se coordena à amônia em excesso, em solução, de acordo com a reação abaixo: A solução produzida tem coloração roxa escura, a qual não é característica do complexo de amônia puro, já que esse tem coloração amarela, e sim de uma mistura de complexos de cobalto, que pode se ligar com a água e com o íon hidroxila (formando um composto de coloração azulada) no caso, que são ambas bases duras de Lewis . A adição de peróxido de hidrogênio, como forte agente oxidante, oxida o íon cobalto (II) para cobalto (III), como mostra a seguinte reação de oxirredução em meio básico (de vido à presença de solução de hidróxido de amônio concentrada, colocada no início da reação): Ao adicionar a água oxigenada, também percebeu -se uma efervescência, que pode ser pertencente à vapores d e ácido clorídrico, de gás cloro, ou de vapor d’água. 8 A reação de oxidação a cima pode ser feita simplesmente deixando o íon, em solução, ao ar livre, fazendo com que o oxigênio do ar oxide o cátion de cobalto. Porém, como a água oxigenada é um forte agente oxidante, a reação é mais rápida. A reação de oxidação do íon cobalto (II) com o ar segue a reação a seguir: Ao adicionar ácido clorídrico concentrado na solução (com propósito de neutralizar o meio básico gerado pela oxidação, como se pode observar na reação acima), o íon cloreto (uma base de Lewis dura), um bom ligante para o cobalto, se coordena com o íon, expulsando, ao mesmo tempo, ligantes indesejáveis para o produto final, como o carbonato (que pode agir como bom ligante com o cobalto (III), por ser uma base dura de Lewis), através de uma reação que origina gás carbônico e água. Após a adição do ácido clorídrico concentrado, a coloração da solução se tornou, novamente, de um tom roxo escuro, como nas etapas anteriores, sugerindo ainda mais a coordenação do cloro com o cátion cobalto (III) e, além disso, de uma possibilidade ainda maior de diferentes complexos de cobalto (III) com diferentes ligantes. Com o aquecimento da solução resultante em banho-maria, verificou-se a formação de uma coloração azul intensa, que é característica do composto apenas de cloreto e cobalto (tetraclorocobalto(II)), porém, como o produto desejado possui uma fração maior de ligantes amino, pode-se pensar que o aquecimento da solução influenciou no entre a amônia e o hidróxido de amônio, como mostra a reação a seguir: Com o aquecimento da solução, há o desprendimento de moléculas de água da solução (que não se coordenam com o cobalto (III), agora, pois há outros ligantes mais adequados, ou seja, bases de Lewis mais duras, em maior concentração). Logo, o equilíbrio da reação é deslocado para a formação de amônia, que ficará em excesso e se coordenará mais ao cobalto, gerando a fração maior de amônia desejada. Há também a possibilidade da formação, com a adição do peróxido de hidrogênio, o complexo pentaaminoaquocobalto (III) e, com a adição de ácido clorídrico concentrado (com intenção de equilibrar o pH da solução), a substituição do ligante aquo por um ligante 9 cloro, originando o complexo desejado (pentaaminoclorocobalto (III)). Como há a necessidade de se resfriar a solução para que o precipitado (cloreto de pentaaminoclorocobalto (III)) se forme, pode-se pensar que o íon-complexo desse precipitado é mais estável a baixas temperaturas, ou que o Kps da formação desse sólido se torna menor para baixas temperaturas, tornando mais fácil a formação do sólido. A reação global para a síntese desse composto pode ser descrita através da reação abaixo: Considerando que a filtração e os processos envolvidos ao decorrer dessa etapa de síntese são, basicamente, um processo de separação de possível complexos, dando preferência ao complexo desejado, o sólido gerado deveria possui coloração fortemente avermelhada. Porém, o sólido realmente obtido possuiu uma coloração de tom roxo muito claro, com algumas partes brancas na extensão do sólido. Isso pode indicar um excesso de ligantes indesejáveis na camada superficial do sólido, o que influenciou nas e tapas de síntese decorrentes. Uma das explicações para o rendimento obtido (relativamente baixo) pode ser, principalmente, a e tapa de filtração, onde se usam 3 solventes que são bases duras de Lewis (água, um álcool – etanol, e um éter – etoxietano), ou seja, caso as quantidade usadas para lavagem sejam altas demais (altas demais no sentido de a coordenação ocorrer mesmo considerando a baixíssima solubilidade do sólido nos líquidos utilizados), pode ocorrer a formação de um complexo com esses ligantes que seja solúvel em água, passando pelo papel de filtro e originando um menor rendimento, assim com uma menor pureza, caso o novo complexo formado (com ligantes indesejáveis) não passe pela camada do sólido e fique na superfície, como pode ser exemplificado no presente relatório. 10 4.1. Análise utilizando espectroscopia vibracional (Infravermelho) A análise do composto foi feita utilizando a espectroscopia infravermelho que originou espectro abaixo: Figura 01. Espectro de espectroscopia vibracional do complexo [CoCl(NH3)5]Cl2 Fonte: Autor. Percebe-se que no espectro do primeiro com posto, analisada da esquerda para a direita, há um grande deslocamento no número de onda em torno de 3144 que pode indicar um estiramento simétrico do NH3 (em torno de 3160 cm -1) ou até mesmo um estiramento característico de uma molécula de NH4Cl, como impureza na amostra (em torno de 3150 cm-1). Pode-se observar 3 deslocamentos próximos e discretos em uma faixa de 2567 até 2794 cm-1, que podem ser considerados pertencentes a impurezas presentes na amostra. Quanto à vibração que representa 1552 cm-1 pode ser atribuída às vibrações do ligante amônia, que estão na faixa de 1200-1450 cm-1e 1600-1750 cm-1, respectivamente. Na vibração de número de onda igual a 1364 cm-1, pode-se atribuir a vibração da ligação metal – amônia (M-NH3), que possui vibração que varia de 1200-1450 cm-1. A vibração de número de onda igual a 1308 cm-1 é bem expressada e é característica da deformação angular (balão) da ligação N-H na molécula de amônia. Por sua vez, a vibração de 1275 cm-1 é pouco pronunciada e está “mesclada” com a grande banda de 1308 cm-1, podendo considera-la como impureza. 11 A vibração de 845 cm-1 também é bem forte e é característica da vibração angular para fora do plano da ligação N-H, que varia em torno de 630-970 cm-1. 4.3 Análise utilizando espectroscopia UV-VIS A análise do composto foi feita utilizando a espectroscopia UV-Vis que originou espectro abaixo: Figura 01. Espectro de UV-Vis do complexo [CoCl(NH3)5]Cl2 Fonte: Literatura. Como o Co3+ é um d6 e a maioria de seus ligantes são de campo forte, ele possui transições de spin baixo caracterizando a transferência de carga do metal para o ligante (TCML). Com o espectro de UV também é possível observar que o pico em 366 nm é mais intenso que o de 515 nm. Sendo assim pelo diagrama d6 para o comprimento de onda de 515 nm – transição de menor energia, a transição ocorre do 1A1g → 1T1g. Já a transição de maior energia observada em 365 nm, é referente a transição do 1A1g → 1T1 12 5. CONCLUSÃO Ao realizar o experimento, conclui-se que podemos obter complexos de cobalto (III), a partir de compostos de cobalto (II). O rendimento foi de 74%. Ocorrem bastantes perdas de massas, principalmente nos processos de filtração e transferência do sólido para o recipiente que armazena o complexo. Observamos que através das alterações nas bandas dos espectros das análises espectrofotométricas, podemos determinar alterações no complexo devido às trocas mais fortes ou mais fracas de ligantes com o átomo central. 13 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1]Lee, J. D.; Química Inorgânica não tão Concisa, 5ª ed., Edgard Blücher: São Paulo [2]ATIKINS, P, W ; SHRIVER, D. F. Química Inorgânica. 3ª ed. Editora Bookman, Porto Alegre, 2003. [3] MARIN, Eder Prodossimo. Espectroscopia de infravermelho e suas aplicações. 2013. 73 f. Trabalho de conclusão de curso (bacharelado - Física) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, 2013. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/handle/11449/119826>. Acesso em 28 de novembro de 2018. [4] Síntese do cloreto de pentaminclorocobalto (lll) Química Inorgânica Experimental II. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/49020131/sintese-dos- complexos--cloreto-de-pentaaminoclorocobalto-iii-coclnh35cl2-cloreto>. Acesso em 28 de novembro de 2018. [5] Síntese do cloreto de pentaminclorocobalto (lll) Química Inorgânica Experimental II UNIFEI. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/30062939/experimento-3---sintese-do-cloreto- de-pentaaminoclorocobaltoiii---relatorio>. Acesso em 28 de novembro de 2018.
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