Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Faculdades Metropolitanas Unidas Apostila de Artes Marciais, lutas e combate 6º semestre & 8º semestre Profº Drd Gustavo Allegretti J. INTRODUÇÃO A origem das artes marciais e lutas As lutas e artes marciais são inseridas desde os primórdios da civilização com a necessidade de sobrevivência, busca de alimentos, atividades militares ou guerreiras. Historicamente (escavações arqueológicas)o kung fu já existia na China há mais de 5.000 anos, estes conhecimentos se expandiram por quase toda a Ásia. Bodidarma um monge budista iniciou o treinamento físico aos monges do templo Shaolin durante o século V. Portanto, a origem de cada arte marcial apresenta um apanhado histórico e cultural do povo que a criou. Vale lembrar que a história da Educação Física no Brasil está fortemente ligada aos militares que foram os precursores do esporte no Brasil. No início do Brasil República incluíram a Ginástica na escola, posteriormente a Educação Física inserida na Constituição Brasileira tornou-se obrigatória para o ensino secundário. Dessa forma, as primeiras tentativas de sistematizar a ginástica dentro da escola brasileira ocorreu sob influência dos métodos militares (escola alemã, francesa, e sueca), na perspectiva eugenista/higienista. eugenia = significando "bem nascido". Galton definiu eugenia como "o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente" higienismo = quando os governantes começam a dar maior atenção à saúde dos habitantes das cidades. As Instituições Militares tentam metodizar a capoeira e uniformizar os golpes e técnicas para torna-la “Método Ginástico (gímnico) Brasileiro” no início do século XX. Além disso, a capoeira foi introduzida no ambiente escolar por intermédio de Inezil Penna Marinho, no qual, propôs a criação de um método nacional de Educação Física fundamentada nos princípios da capoeira voltado a saúde (VIANNA, 2015). gímnico = a arte ou ato de exercitar o corpo para fortificá-lo e dar-lhe agilidade A capoeira (capoeiragem), conhecida como expressão cultural brasileira que mistura arte marcial, esporte, cultura popular e música, criada por escravos africanos, caracteriza-se por golpes e movimentos complexos que se misturam ao ritmo da música. Os escravos praticavam a capoeira escondidos dos “senhores” (donos das terras com plantação de cana-de-açúcar e posteriormente café) e para disfarçar o treinamento da arte marcial capoeira utilizavam a música e gingado, ou seja, defesa- dissimulação (BREDA et al., 2010). Em novembro de 2014 recebeu título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Segundo de Souza SAR e de Oliveira AAB (2001)a capoeira foi institucionalizada como modalidade esportiva em 1972 pelo Conselho Nacional de Desporto. De origem brasileira, além da capoeira, temos 15 artes marciais catalogadas até o presente momento. ARTES MARCIAIS DE ORIGEM BRASILEIRA Aipenkuit Wrestling tradicional brasileiro dos povos indígenas do Pará e Mato Grosso Capoeira Criada pelos escravos africanos mistura arte marcial, esporte, cultura popular e música Esgrima crioula ou esgrima do facão, sistema de combate adaptado pelos gaúchos Huka – Huka luta no solo dos povos indígenas de todo Mato Grosso (Xingu, Bakairi) Idjassú estilo de Wrestling brasileiro dos Karajá de Tocantis Jiu-jitsu brasileiro Brazilian Jiu-Jitsu desenvolvido pela família Gracie, no início do século XX Karate Machida Variação do estilo Shotokan-ryu de caratê, criada pelo japonês Yoshizo Machida, faixa preta oitavo dan, pai do ex-campeão do UFC na categoria meio-pesado, Lyoto Machida Kombato fundado em 1989, sistema de segurança, defesa pessoal e arte marcial brasileira, baseado nos princípios das forças militares (utilizado por muitas companhias privadas, unidades policiais e militares) Luta livre esportiva Ou luta livre brasileira, sistema de mistura das técnicas da Luta Olímpica estilo greco-romana e estilo livre com as técnicas do judô, criado em meados do século 20 Luta marajoara objetivo do combate é projetar o corpo do oponente de costas ao chão e domina-lo; praticado no norte do Brasil, principalmente nas festividades dos povoados do arquipélago do Marajó Artes marciais mistas mixed martial arts (MMA) são artes marciais, grande variedade de técnicas permitidas de artes marciais Maculelê manifestação cultural oriunda cidade de Santo Amaro da Purificação – Bahia; utilizando apenas dois pedaços de pau, uma expressão teatral que conta, por meio da dança e dos cânticos, a lenda de um jovem guerreiro que sozinho conseguiu defender sua tribo de outra tribo rival Morganti ju-jitsu estilo de ju-jitsu idealizado por Ricardo Morganti Seiwakai Arte marcial brasileira moderna, estilo de caratê criado em 1996 pelo Kancho Ademir da Costa, derivado do Kyokushin (caratê-dô de combate) Vale-tudo modalidade de combate sem armas, na qual os lutadores utilizam apenas os seus corpos, poucas regras; evento que mais difundiu a modalidade foi o Ultimate Fighting Championship UFC As artes marciais são disciplinas físicas e mentais, com objetivo de defesa ou submeter o adversário mediante diversas técnicas. Existem diversos estilos, sistemas e escolas de artes marciais. O que diferencia as artes marciais de mera violência (briga de rua)? É a organização de suas técnicas num sistema coerente de combate e desenvolvimento físico, mental e espiritual. Na sociedade contemporânea as artes marciais contribuem para a formação do indivíduo holístico. Dessa forma, as artes marciais transformaram-se em arte educativa de competições esportivas regradas, prática da manutenção do corporal (controle da massa corporal, manutenção e/ou ganho de força, melhora cardiometabólicas) com bastante força em caminho de formação espiritual e de formação da personalidade (VIANNA, 2015). O termo artes marciais refere-se a arte da guerra, arte militar segundo a mitologia romana. Modalidades que têm uma origem mais marcial (kombato, krav magá), objetivo a defesa pessoal, situações de risco, combate corpo a corpo sem regras. No oriente, as lutas aparecem ligadas a outras atividades do cotidiano das pessoas, como escrita, culinária, etc., sendo amplamente difundida e valorizada (BREDA et al., 2010). No Japão, artes marciais são chamadas de Bu-Dô ou "um caminho educacional utilizando as lutas". Segundo Breda et al. (2010) os primeiros registros são datados de 5 mil anos a.C., a arte marcial que tinha por nome Vajramushti, palavra originada do sânscrito, significa “punho real ou direto”. De origem indiana a arte marcial fazia parte da educação militar da realeza, envolvendo técnicas de combate, meditação e variados estudos. A China é um dos possíveis berços das lutas disseminadas pelo príncipe Bodhidharma (praticante do budismo) que ensinou para os monges do Templo de Shaolin. Os monges transitavam por diversos mosteiros disseminando a arte de defesa sem o uso de armas. Atualmente o termo Artes Marciais significa: sistema de combate, com estratégia, com e sem uso de armas, sendo um sistema complexo de ensino aprendizagem (SCEA), que envolvem os aspectos: - Físicos (treinamento) - Filosóficos (ritual, signo, conduta ética e moral) - Espiritual (Shaolin – Bodidarma monge budista) - Psicológicos (controle da agressividade) A primeira forma esportiva de lutas desarmadas com o mínimo de regras foi o Pancrácio Grego (kato pancrato – em pé; ano pancrato – solo), introduzido nosJogos Olímpicos de 648 (a.C.). Entre os esportes de luta que fazem parte dos jogos olímpicos da era moderna o judô tornou-se popular rapidamente. Jigoro Kano, criador do judô tornou-se o primeiro japonês membro do Comitê Olímpico Internacional (COI). No Brasil, o judô tornou-se muito popular no Brasil em meados dos anos 80 sendo comum nas pré escolas (4-6 anos), impulsionado pelas conquistas dos atletas Douglas VIERA (1984), medalha de prata nas olimpíadas de Los Angeles e na olimpíada seguinte Seoul (1988) Aurélio MIGUEL FERNANDEZ medalha de ouro ambos na categoria 86-95kg. A LUTA INSERIDO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Na Educação Física escolar, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), os conteúdos estão organizados em três blocos a serem desenvolvidos durante o ensino fundamental: - 1º bloco: esporte, jogo, luta e ginástica - 2º bloco: atividade rítmica e expressiva - 3º bloco: conhecimento sobre o corpo Segundo Daólio (2007:9) a educação física deve ser a área que estuda e atua sobre a cultura corporal do movimento. Portanto, ao explicitas “luta” e não “lutas” o documento referido acima buscou apresentar uma ideia com visão mais abrangente socioculturalmente, no qual, não restringe às lutas como modalidade tradicional especifica. Em outras palavras, não nos limitamos a tratar do ensino do judô, caratê, boxe, capoeira ou qualquer outra modalidade embora nada impeça que isso ocorra no ambiente escolar. Dessa forma, ao inserir a luta como conteúdo da Educação Física na Educação Básica, os PCNs lidaram com um conceito mais amplo: as Lutas são: disputas em que o oponente deve ser subjugado, com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa (PCN/ Educação Física, 1997:37). PCNs conceituam luta como: disputa em que o oponente deve ser subjugado, com técnicas e estratégias com regras pré estabelecidas. Manifestação cultural a luta pode ser considerada um jogo cooperativo, não no resultado final, mas considerando o processo de ensino e aprendizagem Segundo Vianna (2015) oponente descrito no documento acima refere-se por exemplo, no futebol a bola sendo essencial, é um objeto de aprendizagem. Portanto, na Educação Física, em especial na atividade de luta, essa função é transferida para o OPONENTE, sem o qual torna-se impossível a aprendizagem. oponente que permite e torna possível a aprendizagem suposto adversário (time ou oponente) é apenas a pessoa que vai permitir a descoberta de suas habilidades Portanto, os PCNs não visam a utilização da luta como a técnica pela técnica, as estratégias de metodologia da luta na visão dos PCNs será proporcionar a criança vivencias corporais das lutas com prazer e respeito. Dessa forma, a luta será uma ferramenta pedagógica na Educação Física escolar englobando aspectos de cidadania, pluralidade cultural, inclusão e corpolatria* com uma visão holística (integral). *corpolatria: “patologia da modernidade” preocupação extrema com o próprio corpo não no sentido da saúde, mas no sentido narcisístico de sua aparência ou embelezamento físico Como pode notar são inúmeras as dimensões pelas quais podemos tratar da inserção da luta como conteúdo da Educação Básica. Mas algumas questões são levantadas quando tratamos da inclusão de luta na Educação Básica: - Os professores de Educação Física conhecem e aplicam os PCNs? - Utilizam a prática da luta em suas aulas? De que forma? - O que pensam sobre as lutas na escola? - Quais as estratégias metodológicas utilizadas para as práticas com lutas? A primeira questão levantada sobre o conhecimento dos PCNs pelo professor de Educação Física, a resposta é sim, os cursos de ensino superior abordam o conteúdo legislativo educacional (PCNs), mas a aplicação acaba não sendo satisfatória pois não são todos os cursos de ensino superior que abordam o tema de luta em seus currículos. Contudo, os professores de Educação física que não tiveram em sua formação básica alguma vivência em artes marciais e luta dificilmente utilizaram a prática da luta em suas aulas. Portanto, a dúvida será: O professor de Educação física que não vivenciou a prática de alguma luta está apto a ministrar esse conteúdo na escola? Em outras palavras, existe a exigência da formação em curso superior de Educação física para ministrar aulas de luta na escola? Por jurisprudência, em academias, clubes ou centros de treinamento especializados em artes marciais e luta, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou recurso especial 101269/RS (2007), art 3; lei 9.696 (Brasil, 1998) declarando que os instrutores de lutas não precisam ter formação superior em Educação física quando o objetivo é a aprendizagem das técnicas da luta. Por outro lado, quando o objetivo for melhora e manutenção do condicionamento físico será exigido a formação em ensino superior de Educação física. A Jurisprudência na escola foi determinada e baseada na Diretrizes e Bases para a Educação Nacional (LDBEN) art. 62 “... a formação de docente para atuar na educação básica far-se-á em nível superior ...”. Portanto, para ministrar aulas de artes marciais e luta em escolas é obrigatório a formação superior em Educação física (plena). O que não fica clara pois podemos levar nossas crianças de idade escolar para ter aulas de artes marciais e luta em uma academia especializada e o mesmo não precisa ter formação em ensino superior de Educação física. Já no ambiente escolar haverá exigência de um diploma de nível superior para ministrar a mesma aula que ocorre na academia especializada de artes marciais e luta. Portanto, parece que o problema é o local que ocorre a atividade e não a natureza da atividade (CORREIA et al., 2015). Muitas escolas oferecem as denominadas atividades extracurriculares chamada de parte diversifica denotada no art. 26 da LDBEN (BRASIL, 1996) e portanto se a atividade de artes marciais e luta não estiver inserida no projeto pedagógico da escola como atividade complementar à educação formal do educando e além disso ofertando inclusive para crianças que não compõem a comunidade escolar a resposta é o professor pode ser ou não licenciado em Educação física (VIANNA, 2015). Diante de exposto acima, a princípio, somente os licenciados em Educação Física (por força da legislação) e com vivência prática em dada modalidade de luta (conhecimento técnico), estariam aptos a ministrar aulas de lutas nas escolas quando inseridos no projeto pedagógico escolar. Não é bem assim que devemos entender esse fato... Fica claro dizer que o exposto acima seria o melhor dos mundos, ou seja, o professor de Educação Física com graduação preta (*gokyu e kata) em dada modalidade ministrasse aulas de artes marciais e lutas na Educação Física Escolar. No entanto, devemos ressaltar que, para responder esse questão, será de fundamental importância a compreensão do que se concebe como luta, inserida no conteúdo na Educação Física Escolar. - Gokyu conjunto de 40 técnicas distribuídas em 5 grupos; - Kata segundo Jigoro Kano (criador do Judô) “os katas são a estética do judô sem o qual é impossível compreender o alcance. Para a faixa preta é exigido no exame o nague-no-kata Segundo Oliveira & Filho (2013:1) independentemente do tipo de luta abordada, o professor de Educação Física, a partir de seus formação pedagógica reúne competências e habilidades para inserir em suas aulas elementos das lutas como estratégia de formação do aluno holístico. Dessa forma, o paradoxo entre lutas (conhecimentotécnico) vs a formação no ensino superior de Educação Física se resolve com o entendimento de que na escola não estamos falando de judô, caratê, jiu-jitsu, capoeira e sim de localizar em cada manifestação seus benefícios fisiológicos e psicológicos e as possibilidades de utilização como ferramenta e/ou estratégia que mais contribua com a formação com o processo de ensino e aprendizagem. Devemos lembrar que o conceito de luta na escola e os objetivos desse conteúdo na matriz curricular da Educação Básica deve ser identificar de que maneira a luta pode contribuir com a formação das crianças em idade escolar. E respondendo a última questão sobre as estratégias metodológicas utilizadas para as práticas com luta, podemos afirmar que temos duas estratégias para o ensino das artes marciais e luta: a concepção fechada e concepção aberta. A concepção fechada coloca o professor no centro do processo ensino-aprendizagem, portanto a tomada de decisões é dele, sendo um modelo mais autoritarista e frequentemente utilizada em academias, clubes e centro de treinamento de artes marciais e luta. A concepção baseia-se no mecanismo de repetição e memorização (tecnicista), e o aluno (a) apenas executa (passivo do conhecimento). Dessa forma, os interesses, expectativas e as experiências anteriores dos alunos são pouco importantes para a organização do processo de ensino e aprendizagem e por fim tem a função classificatória do aluno diante do saber (demonstração técnica). A concepção aberta apresenta um processo de pedagogia construtivista e críticas de ensino e aprendizagem, ou seja, compartilhamento de poder entre aluno e professor facilitando o processo de ensino aprendizagem. Dessa forma, identifica os interesses, expectativas e experiências anteriores com o objetivo formação integral (holística). Características Populacionais A busca pelo aprendizado das artes marciais altera de acordo com as características populacionais. Portanto, as características populacionais das crianças e jovens púberes (adolescentes) que buscam aprender artes marciais e esportes de luta são: Crianças a partir dos 5 anos procuram geralmente (levada pelos pais) - associadas à disciplina e ao desenvolvimento motor. Ex. Judô, Kendô, Karatê, Taekwondô. Jovens púberes, geralmente procuram atividades de lutas que envolvam competição, interação social e estética. Ex. Muay Thai, Boxe, Jiu-Jitsu, Capoeira, Kung Fu. Para o ensinamento das artes marciais e lutas em especifico para a população de criança e adolescente, a aprendizagem por mimética (imitação) e emulação (igualar ou superar) trazem mais benefícios. Pois a criança gosta de imitar os gestos realizados pelos adultos e o adolescente busca a aceitação na tentativa de igual ou superar um colega de treinamento superior a ele. CLASSIFICAÇÃO DAS LUTAS Os Esportes de Lutas são compostos por diferentes movimentos, técnicas e características. Dessa forma, para classificar as os Esportes de Luta são utilizados alguns critérios como: os objetivos de um combate, tipo de contato entre oponentes, suas ações motoras, distância entre oponentes, tipo de meta no enfrentamento (GOMES et al., 2010; BRENDA et al., 2010). Segundo Espartero (1999), classificar os Esportes de Luta promove uma organização de elementos ou categorias de acordo com um determinado critério, que permite estabelecer uma diferenciação entre eles, o que facilitaria o ensino e a escolha do mais adequado a ser ensinado. Portanto, utilizando os critérios de: tipo de contato entre oponentes, distância entre os oponentes, utilização ou a não utilização de implemento podemos classificar os Esportes de Lutas por Esportes de luta com domínio - curta distância - derrubadas, projeções e controle no solo - Pode ser subdivida em decorrência da imposição inicial do agarre ou da não imposição desse agarre, como também pela finalidade “lutatória”: finalizar o combate ao projetar o oponente ao solo ou continuar a luta no solo após a projeção. Esportes de lutas com percussão - média distância: - com os punhos, mãos, pernas, ou todos juntos - subdividida de acordo com o tipo de golpe: apenas com os punhos; apenas com as pernas, ou mãos e pernas conjuntamente. Esportes de luta com implemento - longa distância: - tocar no oponente com o implemento, ex.: esgrima o objetivo é tocar o adversário com um implemento Esportes de luta mistas - curta e média distância: - derrubadas, projeções e controle no solo; com os punhos, mãos, pernas, ou todos juntos Gomes et al. (2010) ADMINISTRANDO CONFLITOS DURANTE AS ATIVIDADES DE LUTAS NA ESCOLA Uma situação bem comum que normalmente nos deparamos na Educação Física Escolar principalmente durante aulas de artes marciais e lutas, é quando um menino é subjugado em determinada atividade por uma menina. O grupo de meninos imediatamente começa a caçoar do colega com a frase “apanhou de menina”. O professor de Educação Física Escolar deve ser capaz de lidar com esse tipo de situação com a competência de discutir o tema com os alunos, (construindo as soluções dos conflitos), em pouco tempo essa visão discriminatória será superada. A ideia é fazer com que os meninos e as meninas entendam que dependendo da característica da atividade poderá haver ou não competência superioridade de um grupo sobre o outro. Por outro lado, na ocorrência do conflito o professor assumir de forma autoritária e imperial, o mesmo será resolvido por meio de submissão das crianças à autoridade, mas sem a compreensão da necessidade de convivência entre os diferentes (VIANNA, 2015). Outro tipo de conflito que normalmente surge com mais facilidade nas aulas de artes marciais e luta refere-se aos dogmas do corpo. Em disputas de imobilização, por exemplo, é comum que os corpos se toquem em situação não muito comuns em outras atividades. Esse contato pode gerar um desconforto. É importante que o professor atue com competência auxiliando a compreensão sobre a questão da sexualidade, para que as crianças superarem esses dogmas. Portanto, o desconforto comum nas primeiras aulas será superado e dando espaço a um respeito pelo corpo do parceiro ou parceira de aprendizagem (VIANNA, 2015). Vencer ou perder um ponto interessante a ser discutido. Devemos demonstrar ao aluno que vencer ou perder dependem de inúmeras circunstâncias e que ninguém será capaz de vencer sempre. Devemos incentivar o aluno a fazer o seu melhor , com satisfação por realizar uma tarefa proposta e por ter melhorado e progredido em comparação ao momento anterior. Além disso, quando propomos atividades em disputas coletivas em luta fica difícil apontar o responsável por exemplo em um cabo de guerra pela derrota. Portanto, o sentido de equipe e cooperação fica muito mais evidente, ou seja, todos são responsáveis pelo sucesso ou fracasso do equipe. Outro fator importante é o cumprimento das regras. Existe um senso comum que os esportes de lutas estimulam a criança ao cumprimento das regras. A mídia diariamente pública vídeos de esportes, por exemplo no futebol, a utilização da mão para marcar o gol, casos de que burlar as regras pode ser determinante para a vitória. Portanto, o professor deverá ser capaz de conduzir o aluno afastando do simples cumprir as regras pelo medo da punição, mas o cumprir as regras pela compreensão de que as regras são iguais as relações sociais que dependem das normas de conduta e convivência para que ocorra de forma harmoniosa. TÉCNICAS NAS LUTAS Lembramos que os PCNs definem luta como: são disputas em que osoponentes devem ser subjugados, com técnicas e estratégias. As técnicas utilizadas na lutas são as habilidades motoras que deverão ser estimuladas e desenvolvidas na criança. Quanto maior o número de experiências motoras vivenciadas aumenta o engrama (esquema) motora armazenado. A luta é uma ótima oportunidade de desenvolvimento motor devido ao fato da imprevisibilidade, por exemplo, o sumô, uma criança pode empurrar a outra para tentar retirar fora do circulo determinado, por outro lado seu oponente tem diversas opções para responder, ou seja, quando o oponente estiver sendo empurrado poderá puxar, empurrar ou sair do sentido do vetor de força. - engrama: traço ou marcas duradouras - essa marca, definitiva e permanente, impressa em um tecido nervoso por estímulo muito forte - esse traço definitivamente impresso na psique por uma experiência física Portanto algumas etapas cognitivas são comuns durante esse processo, conhecidos como: percepção, memória, funções executivas e funções expressivas. A percepção consiste na atenção durante a luta sendo um fator determinante, com função de compreender, selecionar e manter controle sobre a entrada de informações. Memória está relacionado ao fato que sempre os oponentes, durante as lutas dão sinais. Essas informações de cada oponente, por exemplo, as técnicas habituais, devem ser selecionadas, e as informações realmente relevantes devem ser armazenadas, fugindo e/ou antecipando a ação do oponente. A funções executivas consistem na volição que refere-se à vontade do praticante em iniciar uma ação ou responder a uma determinada ação, melhor programa motor a ser executado diante do objetivo. As funções expressivas referem- se a execução em si, momento crucial, não é possível prever com exatidão qual será o ato proativo ou reação do oponente. JOGOS DE OPOSIÇÃO Os Jogos de Oposição aqui abordados tem como características o ato de confrontação que acontece entre duplas, trios ou até mesmo em grupos. Seus objetivos gerais são desenvolvimento cognitivo, sócio-afetivo e motor. Segundo Oliveira & dos Santos (2006), de Souza & dos Santos SLC (2010) os recursos motores tem como principal objetivo assegurar desenvolvimento da postura e base, controle do equilíbrio, coordenação dos movimentos, tirar, empurrar, apreender, levar, tocar, arrastar, evitar, levantar, imobilizar, voltar. Nos cognitivos, elaborar estratégias, construir e apropriar-se das regras de funcionamento, avaliar, decidir, observar, reconhecer, comparar e no sócio-afetivo, dominar as suas emoções, canalizar a sua agressividade, respeitar as regras, aceitar a derrota, respeitar o outro. Diferença entre Jogos de Luta e Esportes de luta Os jogos de luta como as formas não esportivizadas de Lutas, já os esportes de luta seriam as modalidades esportivizadas, reconhecidas por federações esportivas. Segundo Nakamoto et. al. (2004) baseados em autores dos Jogos Desportivos Coletivos (JDC) (BAYER, 1994; GARGANTA, 1995; GRAÇA, 1995; TAVARES, 1995) consideram Luta uma categoria de jogo, regida pela lógica da oposição que possui como características específicas o ataque e a defesa de “alvos intrínsecos” (aos indivíduos) e a possibilidade de ataque simultâneo. Classificação dos jogos de oposição: Os jogos de oposição podem ser classificados em 3 grandes grupos de atividades: 1. Jogos de aproximação: jogos procedentes dos esportes de combate que mantém contato direto (corpo a corpo). Consistem em tirar, empurrar, desequilibrar, projetar e imobilizar, ex.: Judô, Luta olímpica, Jiu-Jitsu, sumô etc. 2. Jogos que mantêm o adversário á distância: característica não manter contato direto com seu oponente, este contato só ocorre no momento da aplicação de uma técnica, ex.: Karatê, Boxe, Muay Thay, taekwondo. 3. Jogos que utilizam implemento mediador: Esgrima e Kendo. No ambiente de Educação Física escolar a proposta será de jogos de oposição utilizando elementos das artes marciais e lutas como ferramenta de ensino e aprendizagem. No quadro abaixo elucidamos alguns exemplos de Jogos de oposição adaptados de VIANNA, (2015). Sumô adaptado Desenha um circulo no chão, dois participantes disputam no interior do circulo. Marca ponto quem conseguir fazer com que o oponente pise do lado de fora do circulo, ou toque o solo com qualquer parte do corpo que não seja os pés Braço de ferro ou queda de braço Sentados frente a frente, em duplas, colocar os cotovelos sobre o banco e segurar a mão do oponente. Objetivo estender o cotovelo do oponente até que o dorso da mão toque no banco Luta do saci Com os braços cruzados, saltitando em um pé, o objetivo será fazer com que o oponente desequilibre e coloque o outro pé no solo Cabo de guerra Dividir em 2 equipes iguais (números de participantes). Traçar uma linha divisória, e o objetivo será fazer com que a equipe oponente (primeiro ou último integrante) cruze a linha divisória Mata barata Duplas, frente a frente segurando as mãos, marca ponto quem conseguir tocar com a ponta dos pés, em um dos pés do oponente Luta de sapo Duplas, frente a frente, agachados e saltitando, marca ponto quem conseguir desequilibrar o oponente utilizando exclusivamente a mão Luta de imobilização Duplas, um dos integrante deita em decúbito dorsal, e o outro deverá imobilizar com as costas no chão. Vencerá a disputa quem conseguir manter mais tempo o oponente imobilizado (com as escápulas no chão) Luta do toque Duplas, um dos integrantes deita em decúbito dorsal, e o outro deverá tentar tocar a cabeça do oponente com as mão. O oponente tentara impedir girando e utilizando as pernas e os braços (com as escápulas no chão) Esgrima Utilizando uma folha de jornal em formato de esgrima, marcará ponto quem tocar no oponente a ponta do tubo de jornal Adaptado de Vianna, (2015) Quero Ficar Material necessário: Placas de Tatame, arco (bambolê), corda, giz, elástico. Execução: pequena área determinada, Objetivo: um dos praticantes é permanecer dentro da área demarcada, enquanto o outro procura fazê-lo deixar a área. Variação: Em pé, sentado, de joelhos, deitado. (tirando o colega dentro do circulo) Quero Sair Material necessário: Placas de Tatame, arco (bambolê), corda, giz, elástico. Execução: pequena área determinada. Objetivo: um dos praticantes é sair da área demarcada, enquanto o outro procura impedi-lo. (mantendo o colega dentro do circulo) Pé com Pé Material necessário: Placas de tatames Execução: Alunos sentados no chão com os pés unidos. Objetivo: Fazer com que seu colega toque com as costas ou com as mãos no chão Mini Sumô Material necessário: Placas de Tatame, arco (bambolê), corda, giz, elástico. Execução: Dentro de área determinada, posição agachada (canguru). Objetivo: tentar desequilibrar o adversário ou movê-lo para fora da área. (em posição de cócoras, tentado tirar o colega de dentro do circulo) A Bola é Minha Material necessário: Bolas Execução: uma bola de basquete ou similar, os dois competidores assumem posição com as duas mãos segurando a bola. Ao sinal, procura-se retirar a bola do adversário e reter a posse de bola. Objetivo: Conquista da bola. (Conquista da bola) A Garrafa é Minha Material necessário: Garrafas, cones pequenos, faixa de judô, lenço, corda ou similar e placas de tatames. Execução: Alunos amarrados pelo tornozelo através de uma faixa de judô, lenço, corda ou similar. Objetivo:tocar a garrafa antes do seu colega. Gangorra Material necessário: Bastão e Placas de tatame Execução: Alunos sentados nos chão com as pernas estendidas, pés unidos e segurando em um bastão com as duas mãos. Objetivo: tirar o colega da posição sentada ou deixá-lo na posição em pé. (Oliveira e dos Santos, 2006; Souza Jr et al., 2010) AS ARTES MARCIAIS vs. PROPÓSITO MERCADOLÓGICO (8º Semestre) Até o momento abordamos como deve ser desenvolvido o conteúdo de Luta e Artes Marciais no ambiente escolar. A partir de agora abordaremos as Lutas e Artes Marciais e Esportes de Combate no ambiente de clubes, academias, escolas especializadas, como ferramenta para melhora da aptidão física, estratégia nas aulas de personal trainer etc. A primeira coisa que notamos com as Artes Marciais, os Esportes de Lutas e Combate na atualidade está associado com os propósito mercadológico. No entanto, existem diferenças entre Artes marciais, Lutas e Esportes de Combate? A resposta para essa pergunta é bem simples, atualmente as Artes marciais são definidas como sistema complexo de ensino e envolve aspectos físicos, filosóficos, espirituais e psicológicos. As lutas e combate estão contidos nas artes marciais. Lutas são ações corporal afim de estabelecer dominância contra um inimigo ou adversário, com técnica e estratégias. Em lutas, o combate faz parte do seu contexto, mas, não estão contidos artes marciais. O combate pode ser definido como o ato ou efeito de combater. Envolvem aspectos diversos, estratégia, logística, mas, não estão contidos artes marciais ou lutas. No entanto, quando interpretamos o conceito de Luta, ficaria estranho dizer que queda-de-braço é uma luta? Mas, pelo conceito supracitado, a queda-de-braço ocorre uma ação corporal afim de estabelecer dominância contra um adversário o que caracteriza as Lutas. Contudo, não conseguimos visualizar variedade de golpes, técnicas apuradas, etc. Dessa forma, o que caracteriza a Luta são os princípios condicionais. os princípios condicionais Independentemente da modalidade ou especificidade da luta, os Princípios Condicionais das Lutas são condições indispensáveis para que uma atividade seja caracterizada como Luta, pois são capazes de delinear o conhecimento e diferenciá-lo dos demais. O modelo proposto por Bayer (1994) para os Jogos Desportivos Coletivos foi aspecto motivador/norteador para que se pudesse buscar a existência de denominadores comuns também para o fenômeno Luta. Tais denominadores são aqui chamados de Princípios Condicionais das Lutas: • CONTATO PROPOSITAL: pode ocorrer de várias maneiras (mãos, punhos, braços, pernas, do corpo inteiro ou mediado por um implemento; contínua ou intermitentemente) e deve acontecer para que haja Luta e para que ela se desenvolva. Esse princípio condicional exige que os oponentes se toquem (intenção/propósito) de alguma forma (técnica-tática) para conquistarem o objetivo da luta e obter êxito sobre os adversários. • FUSÃO ATAQUE/DEFESA: tem de haver ataque e defesa em uma luta. O que difere as Lutas dessas outras atividades? É a possibilidade de tais ações serem simultâneas. Nos esportes coletivos, enquanto um time ataca, o outro obrigatoriamente está defendendo. • IMPREVISIBILIDADE: condição devido à relação de interdependência entre os lutadores e principalmente à possibilidade de as ações ofensivas e defensivas serem simultâneas. Não existem estratégias sequenciais completamente previsíveis numa luta, pois as ações de um lutador podem ou não ser respostas às ações do adversário. Essa imprevisibilidade faz com que o pensar na luta seja tão importante quanto o realizar a ação da luta. • OPONENTE(S)/ALVO(S): isso implica dizer que o alvo, além de ser móvel, também pode executar ações de ataque e defesa. É essa condição que justifica o contato como uma exigência e que fundamenta a imprevisibilidade de um combate. • REGRAS: as Lutas dependem das regras para sua legitimidade e elas devem ser respeitadas para que aconteça um combate. O que é permitido ou proibido tende a determinar as técnicas e táticas usadas pelos lutadores e a classificação da luta Hoje em dia, a procura por atividades de Lutas para melhora da saúde, melhora da estética está em alta devido a popularidade das lutas (fenômeno contemporâneo). Pouco tempo atrás, seria muito difícil encontrar mulheres praticando lutas em academias especializadas devido a diversos pré conceitos que foram extinguindo com tempo. Outro fator determinante para o crescimento rápido das atividades de luta foi devido aos grandes eventos televisionados que ganharam com o tempo maior aceitação (ñ do público) como esporte e espetáculo. Além disso, houve um processo de esportivização das lutas, ou seja, novas formas de prática das lutas com objetivos mais de condicionamento físico, estético, a prática de uma atividade física, etc. Com mais eventos sendo televisionados, ganhando destaque em jornais e revistas, também houve o aumento da discussão sobre o aspecto das lutas associado com a violência principalmente de jovens. Em pesquisa realizada com praticantes de artes marciais caratecas, capoeiristas e lutadores de jiu-jitsu) (menos de seis meses) com idade entre 13-17 anos no estado do Rio de Janeiro, a principal motivação para a busca das lutas foi em relação a autodefesa, aumento de autoconfiança. Outros benefícios relatados pelos participantes foram: - construção de personalidade - modelando hábitos - comportamentos dos praticantes - saúde (estéticos) - autorrealização (maestria e concentração) As pesquisas demonstraram que os desequilíbrios são mais frequentes com os alunos iniciantes que procuram as lutas por participarem de grupos sociais e praticam atos de violência. Em relação a influência os caratecas procuravam a luta por iniciativa própria (73%) e os lutadores de jiu jitsu e capoeristas (58%) influenciados por amigos. Devemos ressaltar que a característica populacional também influenciará sobre os objetivos que buscam nas artes marciais - Público Feminino: objetivo principal a redução do percentual de gordura e melhora do tônus muscular; defesa pessoal e auto confiança. - Adultos e 3ª idade: estão à procura de atividades de lutas com o objetivo de aumentar a qualidade de vida e saúde, diminuam os níveis de estresse, mantenham a funcionalidade corporal, diminuam o percentual de gordura, ampliem as relações sociais e atribuam concomitantemente à uma filosofia . Ex. Aikidô, Tai Chichuan, Kendô, Kyudô. DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES FÍSICAS NAS ARTES MARCIAIS E LUTAS As aulas de Artes Marciais e Lutas após sofrerem o processo civilizatório que resultou na utilização das técnicas, movimentos e conhecimentos que integraram a Educação Física, esporte e promoção da saúde. Dessa forma, durante as aulas de Artes Marciais e Lutas é importante comtemplar o máximo de capacidades físicas e capacidades motoras para o desenvolvimento de crianças e adultos. As capacidades físicas são definidas como todo atributo físico treinável e capacidades motoras são pressupostos dos movimentos que permitem que as qualidades inatas de uma pessoa, como um talento, ou um potencial se evidenciem. As capacidades físicas (atualmente nomeadas de capacidades biomotoras) treináveis são: agilidade, flexibilidade, força, resistência, velocidade, equilíbrio e coordenação motora (destreza). No quadro abaixo apresentamos a definição conceitual de cada das capacidades físicas supracitadas. Capacidade físicas Conceito Agilidade Capacidade de executar movimentosrápidos e ligeiros com mudança de direção Flexibilidade Capacidade de realizar movimentos em certas articulações com amplitude de movimento apropriada Força Capacidade de exercer tensão contra uma resistência, que ocorre por meio de ações musculares Regime isotônica (dinâmica) Significa dizer que ocorre em movimento Regime isométrica (estática) Significa dizer que não ocorre movimento Manifestação Força máxima / Força explosiva - potencia Resistência Capacidade de sustentar uma dada carga de atividade o mais longo tempo possível sem fadiga Aeróbica Esforço em que o consumo de O2 equilibra-se Anaeróbica Permite manter por um determinado período de tempo, um esforço em que o consumo de O2 é superior a sua absorção Velocidade Capacidade de executar movimentos cíclicos na mais alta velocidade individual possível Tipos de Velocidade Deslocamento - reação Equilíbrio É a qualidade física conseguida por uma combinação de ações musculares com o propósito de assumir e sustentar o corpo sobre uma base, contra a lei da gravidade Estado de Equilíbrio Estático (estável), dinâmico (ou instável) ou recuperativo Coordenação motora Capacidade física que permite realizar uma sequência de exercícios de forma coordenada Frequentemente as aulas de artes marciais e lutas realizadas em clubes, academias ou centro de treinamento são divididas em 3 momentos: parte inicial, parte principal e parte final, popularmente conhecidos como: aquecimento, parte técnica e esfriamento. No entanto, a palavra “aquecimento” vem sendo bastante questionada e discutida pela comunidade cientifica em relação a sua eficiência e conceito (BATISTA et al., 2010). Segundo Batista et al. (2010) o aquecimento convencional era dividido em: 1) exercício de caráter geral com componente aeróbio, como correr, pedalar ou nadar; 2) exercícios de alongamento; 3) movimentações típicas da modalidade com intensidade diminuída. O principal objetivo do “aquecimento” por exemplo, utilizando corrida induz aumento do consumo de oxigênio no início da atividade subsequente. Como consequência, esse aumento faz diminuir a quantidade de trabalho realizado em déficit de oxigênio no início do exercício principal, poupando a reserva de energia proveniente da via anaeróbia. A outra proposta de benefícios do “aquecimento” estava relacionada no aumento da temperatura muscular induzido pela realização de exercícios (diatermia), que poderia reduzir a resistência passiva articular, reduzir a rigidez das fibras musculares ao alongamento (stiffness). Sendo essas duas alterações poderiam explicar a melhora (PEQUENAS) no desempenho da força e potência. Além disso, o incremento da temperatura muscular resultaria em melhora da velocidade de transmissão dos impulsos nervosos, no entanto, poucos estudos comprovaram esse benefício (BISHOP, 2003a; 2003b; STEWART et al., 2003). No “aquecimento” são realizados exercícios de alongamento. Segundo estudos (KOKKONEN et al., 1998; CHURCH et al., 2001; CORNWELL et al., 2001; FLETCHER; JONES, 2004; VETTER, 2007) o alongamento passivo realizado em alta intensidade ou longa duração pode PREJUDICAR a produção de força e potência musculares. O alongamento deve fazer parte do “aquecimento”? Há, anos coaches e atletas tratam o alongamento como parte do aquecimento; a teoria alegada (reduz lesões). Pesquisas entre 1970-1990 chegaram em um consenso que o alongamento não previne lesão nem ajuda no desempenho. Estudos de Badaro et al. (2007) o alongamento estático pode até prejudicar; reduz a produção de força (redução da ativação muscular) e mecanismos inibitórios do Sistema Nervoso Central (SNC). Por outro lado, o alongamento dinâmico demonstrou ser o método mais efetivo para melhora do desempenho dinâmico quando utilizado como aquecimento; não induz o relaxamento das fibras; não altera o ciclo de alongamento-encurtamento; não reduz a ativação muscular nem inibição dos mecanismos do SNC. Como pode ser observado exercícios de “aquecimento” convencionais podem não ser eficientes ou apropriados. Recentemente, alguns estudos em que se utilizaram exercícios de força no “aquecimento” demonstraram importantes melhoras em atividades como: salto e arremesso, como também na velocidade de movimentos cíclicos. O aumento no desempenho, provocado pelo “aquecimento” com exercícios de força, tem sido referido de forma generalizada como potencialização. O que é a potencialização? Quando realizamos um estimulo de contração muscular voluntaria antes do principal gesto esportivo, ou seja, ativação prévia do músculo. Essa ativação muscular tem consequências em sua capacidade de gerar força nos minutos seguintes, podendo gerar, mas pode também induzir melhora temporária na capacidade de gerar força. Essa melhora temporária é referida como potencialização pós ativação (PPA). O mecanismo fisiológico principal causador da potencialização é a fosforilação da miosina regulatória de cadeia leve (RCL). A fosforilação da miosina RCL altera a conformação das pontes cruzadas, o que coloca as cabeças globulares em posição mais próxima dos filamentos finos de actina. A ativação da quinase da miosina RCL é feita pelo complexo cálcio/calmodulina, formado quando o cálcio (Ca2+) é liberado pelo retículo sarcoplasmático (RS). No entanto, o papel do cálcio é considerado regulatório. A fosforilação da miosina RCL induz alterações na fase de desenvolvimento de tensão do ciclo das pontes cruzadas. A fase de desenvolvimento de tensão do ciclo das pontes cruzadas é compreendida por 2 momentos: • ligação fraca para o estado de ligação forte • transição é reversa, ligação forte para o estado de ligação fraca. • Obs: a fosforilação da miosina RCL provoca aumento na taxa de transição do estado de ligação fraca para o forte De modo geral o chamado aquecimento que refere-se a parte inicial na verdade é um treinamento de diversas capacidades físicas importantes durante a luta como: flexibilidade com exercícios de alongamento; resistência aeróbica com exercícios de “polichinelo”, corridas, saltos; força com exercícios de resistência localizada muscular (ex.: flexão de braços, agachamentos) e assim por diante. Na parte principal popularmente conhecida como parte técnica, treinamento de diversas capacidades motoras. Momento que o professor demonstra algumas técnicas (golpes) detalhadamente, ensinando aos alunos que posteriormente deverão realiza-la repetitivamente com objetivo de praticar e assimilar os movimentos e a técnica. Na parte final da aula (esfriamento) é o momento que normalmente é destinado para exercícios de força dos grupos musculares estabilizatórios da coluna popularmente conhecidos como CORE (reto abdome, oblíquos, eretores da coluna, multífidos). O motivo desses exercícios terem sido deixados para a parte final da aula não tem nenhuma relação com esfriamento, e sim com a utilização desses grupos musculares estabilizatórios da coluna durante diversos gestos técnicos exigidos durante os golpes na luta. Portanto, evitar a fadiga antecipada auxiliará na manutenção de boa postura durante os movimentos mais técnicos destinados a parte principal. Além dos exercícios de coluna destinados a parte final, os exercícios de flexibilidade com mais intensidade com objetivos de ganhos de amplitude articular do movimento também são realizados ao final do treinamento. O objetivo da amplitude articular auxiliará posteriormente na execução dos golpes e técnicas com maior facilidade e ainda prevenindo lesões. Portanto, notamos que o universo das artes marciais e lutas pode abranger diversas capacidade físicas ao mesmo tempo. Dessa forma, quandoutilizamos as lutas como ferramenta de trabalho é importante que o professor defina os objetivos do aluno de acordo com sua capacidade individual (principio da individualidade biológica) traçando metas a serem alcançadas. Vale ressaltar que cada público terá um objetivo em especial à ser alcançado, por exemplo, o público feminino de modo geral quando busca praticar alguma arte marcial ou luta tem como objetivo principal a redução do percentual de gordura e melhora do tônus muscular, defesa pessoal e auto confiança. Por outro lado, o público do sexo masculino de idade entre 18-30 anos também procura as artes marciais e lutas com objetivos estéticos, mas muitas vezes associado a rendimento, ou seja, a execução dos golpes durante os combates com objetivos claros de subjugar o oponente. Quando falamos de adultos (acima dos 30 anos) e 3º idade à procura de atividades de lutas tem o objetivo de aumentar a qualidade de vida e saúde, diminuir os níveis de estresse, manter a funcionalidade corporal, diminuir o percentual de gordura, ampliar as relações sociais e atribuir concomitantemente à uma filosofia. Dessa forma, a montagem da sessão de treinamento com atividades de lutas deverá estar associada aos objetivos do público e periodizada de forma adequada para o alcance dos objetivos propostos. Periodização nas atividades de luta A principal finalidade da periodização nas atividades de luta será alcançar o objetivo ao final de uma macrociclo de treinamento. No entanto, para a montagem de treinamento periodizado deve-se levar em consideração: - tipo de periodização (exemplo: linear, não linear, ondulatória) - os objetivos de cada mesociclos de treinamento, bem como as capacidades físicas que serão desenvolvidas ao longo do período - a avaliação que será realizada para verificar se as metas estão sendo alcançadas - o público Em relação a escolha do tipo de periodização (linear; não linear; ou ondulatória) estudos de Pinto et al. (2009) comparam as variações do volume expiratório e potência muscular de membros inferiores, como consequência do treinamento pré-competitivo em atletas de kung fu divididos em dois grupos: grupo com periodização ondulatória e linear. Como principal achado ambos os grupos desenvolveram volume expiratório e potência muscular de membros inferiores mas não houve diferença significante entre os grupos (linear vs ondulatória). Quando pensamos nos objetivos de cada mesociclos de treinamento, bem como as capacidades físicas que serão desenvolvidas ao longo do período força, potência, e resistência são algumas das capacidades físicas a serem trabalhadas durante o mesociclo. Podemos dizer que há algumas décadas atrás existia uma certa resistência por parte de preparadores físicos, técnicos e atletas em utilizar o treinamento de força (também chamado de treinamento com peso, contra-resistido, musculação) para a preparação física dos atletas. Dessa forma, era bem comum associarem o treinamento de força com redução da flexibilidade, agilidade, velocidade, precisão. Embora em primeiro momento algumas dessas citações anteriores pareçam fazer sentido, devemos colocar na balança a relação benefícios vs prejuízos, no exemplo da natação, temos sim o aumento de área corporal, redução da flutuabilidade, aumento do atrito contra a água, contrapartida, temos o aumento de força, potência, que acabam compensado e superando as perdas, para ilustrar essa situação é só observar o perfil morfofuncional dos atletas de natação. Atualmente é muito difícil algum atleta não realizar treinamentos de força em sua preparação, no entanto, em alguns casos e situação temos que analisar o quanto isso será benéfico, por exemplo, um volume corporal aumentando (hipertrofia) para um atleta de muay thai categoria de massa corporal 62kg já não seria tão interessante. Mas o atleta de muay thai também deve treinar força ? A resposta é sim, contudo a característica do treinamento de força deverá ser diferente. Iremos ilustrar a situação utilizando exemplo de outras modalidades esportivas, ou seja, podemos ver o mesmo fato quando visualizamos um atleta de basquete vs atleta de vôlei. No caso o atleta de basquete necessita de um volume corporal aumentado, já o atleta de vôlei não, mas ambos dependem de uma melhoria da força, contudo, com características diferentes. E poderíamos falar aqui sobre diversos exemplos, para efeito de discussão e uma breve visão dos benefícios do treinamento de força na preparação física de atletas e entusiastas dos esportes de alto rendimento. Dessa forma, podemos notar a importância das capacidades físicas serem desenvolvidas nas atividades de luta, mas outra questão deve ser levantada como avaliar por exemplo, a força nos esportes de lutas? Estudos de Guerra Filho et al. (2014) verificaram a validade de diferentes equações de predição da carga máxima em atletas de artes marciais mistas (MMA), e concluíram que as equações preditivas de Adams e O’Conner (1-RM = carga × [1 + (0,025 × reps)] são válidas em atletas de MMA. Quando montamos uma periodização devemos levar em consideração o grupo populacional que será atendimento (supracitado). Estudos Neto et al. (2011) verificaram os benefícios das artes marciais na população idosa, concluindo que as artes marciais auxiliaram o fortalecimento muscular, prevenção de queda, aumento de flexibilidade, redução do risco de osteoporose, ñ�autonomia no dia-dia, aumentando a expectativa de vida. AULAS PRÁTICAS (6º semestre) Técnicas de Proteção de Quedas Ukemi-No-Waza Importante lembrar que as crianças e adolescente estão em um período de desenvolvimento corporal, na qual, ocorrem diversas alterações e mudanças morfológicas (tamanho e distribuição da massa corporal) e fisiológicas (por ex.: hormonal) do corpo. Essas alterações morfológicas acabam alterando também o equilíbrio e por conta disso pode ocorrer quedas. Portanto, aprender a amortecer queda pode evitar lesões, rompimentos articulares e fraturas. Na modalidade judô o equilíbrio é fundamental para o sucesso esportivo. Na modalidade judô vence a luta quem conseguir projetar o oponente (derrubar) no solo encostando por completo as costas. Portanto, no judô é primordial aprender a cair no solo para evitar machucados (lesões, rompimentos articulares e fraturas) o Jigoro Kano (criador do judô) desenvolveu técnicas de defesa de queda (amortecimento) chamado ukemi-no-waza. Para apreender a cair “Saber cair” é necessário treino metódico e perseverante, para vencer o medo da queda. São direções fundamentais para ukemi: Ushiro-ukemi queda para trás Mae-ukemi queda para frente Yoko-ukemi queda lateral, para esquerda ou direita (migui e hidari) Zempo-Kaiten-Ukemi ou Zepo-Kaiten-Mae rolamento Imagens retiradas: http://sinesiorgomes.blogspot.com.br/2009/07/ukemi-waza- queda-no-judo-aula-09_9.html O rolamento para frente (zempo-kaiten-ukemi ou simplesmente ukemi) é o rolamento mais importante do judô utilizado para defesa de queda evitando acidentes e/ou qualquer tipo de lesão. Utilizando a técnica de rolamento do Ukemi o individuo é capaz de se proteger de quedas do alto ou quando for projetado para frente com força por exemplo por um golpe. Deve ser treinado tanto do lado direito quanto do lado esquerdo, até aprender a rolar com suavidade, sem machucar os ombros e/ou bater as costas e cabeça no tatame. Para o ensinamento do rolamento em especial o ukemi nas aulas de educação física escolar, devemos realizar de forma didática iniciando por rolamentos de frente(cambalhotas), depois para trás em seguida iniciamos o ukemi. Para realizar o ukemi o aluno deverá posicionar-se da seguinte forma: - as duas mãos apoiadas no solo - pernas em médio afastamento (largura do ombro) - pé direto pequeno passo a frente próxima a mão direita - mão direita, será o lado do rolamento, deverá realizar uma rotação medial do punho plano frontal em direção ao rádio (chamado de desvio radial) - o rolamento deverá acontecer suavemente Para facilitar o rolamento ukemi utilizamos somente como sugestão uma metodologia desenhando no solo a posição dos pés e mãos, bem como a direção que será realizado, como mostrar as figuras abaixo: Técnicas de domínio no solo Katame-waza é o nome dado as técnicas de domínio no solo, consistem em explorar imobilizações, estrangulamentos, torções articulares com o objetivo de restringir a liberdade de movimento do adversário. Estas técnicas são divididas em três grupos: - Osaekomi-waza (técnicas de manter-se no local imobilização) - Shime-waza (técnicas de estrangulamento) - Kansetsu-waza (técnicas de luxação bloqueio conjuntos). Na Educação Física Escolar utilizamos as técnicas do primeiro grupo osaekomi-waza (técnicas de manter-se no local imobilização) com o objetivo de aumentar o acervo motor, a consciência corporal, além de aspectos cognitivos, afetivos, sociais e culturais da criança e adolescente. No judô as técnicas são chamadas de waza (técnicas), tori quem aplicará as técnicas e uke aquele que a técnica é aplicada. Dessa forma, descreveremos de maneira didática o posicionamento que os alunos devem realizar na técnica de imobilização (osaekomi-waza), HON-GESA- GATAME a primeira técnica que é ensinada no judô para alunos iniciantes. Hon-Gesa-Gatame - oponente deitado (uke) - (tori) deverá abraçar a cabeça do oponente e segurar a gola do *kimono - segurar com a outra mão a manga do kimono um palmo acima do cotovelo *Kimono (着物) (quimono): ki = "vestir" e mono = "coisa", vestimenta tradicional japonesa e especifica de algumas artes marciais, por exemplo, judô, jiu-jitsu, karatê, etc. Técnica de imobilização osaekomi-waza Imagens retiradas: http://sinesiorgomes.blogspot.com.br/2009/07/ukemi-waza-queda-no-judo-aula-09_9.html Tate-ushiro-gatame https://br.pinterest.com/pin/810859107880910197/ Alguns exemplos de jogos de oposição que podem ser utilizados para ensinar e praticar as técnicas de imobilização. Judô adaptado: técnica de quedas Ajoelhados, em duplas, frente a frente o objetivo será desequilibrar o oponente tocando qualquer parte do corpo no solo (mãos, costas, ombro) Judô adaptado: técnica de imobilização Ajoelhados, em duplas, frente a frente o objetivo será colocar o oponente de costas nos solo e imobiliza-lo Luta de imobilização Duplas, um dos integrantes deita em decúbito dorsal, e o outro deverá imobilizar com as costas no chão. Vencerá a disputa quem conseguir manter mais tempo o oponente imobilizado (com as escápulas no chão) Luta do toque Duplas, um dos integrantes deita em decúbito dorsal, e o outro deverá tentar tocar a cabeça do oponente com as mão. O oponente tentara impedir girando e utilizando as pernas e os braços (com as escápulas no chão) Técnicas de projeção Nague-waza São conjunto de técnicas (40 técnicas) com o objetivo de projeção e/ou arremesso do oponente. As técnicas de nage-waza são normalmente ensinadas em cinco fases, conhecidas por gokyo-no-waza. Essas fases começam pelas técnicas básicas, prosseguindo até as mais avançadas. Dai-ikyo - De-ashi-barai - Hiza-guruma - Sassae-tsurikomi-ashi - Uki-goshi - O-soto-gari - O-goshi - O-uchi-gari - Seoi-nage Dai-nikyo - Kosoto-gari - Ko-uchi-gari - Koshi-guruma - Tsurikomi-goshi - Okuriashi-harai - Tai-otoshi - Harai-goshi - Uchimata Dai-sankyo - Kosoto-gake - Tsuri-goshi - Yoko-otoshi - Ashi-guruma - Hane-goshi - Harai-tsurikomi-ashi - Tomoe-nage - Kata-guruma Dai-yonkyo - Sumi-gaeshi - Tani-otoshi - Hane-makikomi - Sukui-nage - Utsuri-goshi - O-guruma - Soto-makikomi - Uki-otoshi Dai-gokyo - O-soto-guruma - Uki-waza - Yoko-wakare - Yoko-guruma - Ushiro-goshi - Ura-nage - Sumi-otoshi - Yoko-gake Na Educação Física Escolar utilizaremos as técnicas do primeiro grupo Ikyo por serem técnicas mais simples de serem realizadas e de fácil aprendizagem. Vale ressaltar que as técnicas do Ikyo são técnicas de fácil defesa de queda auxiliando o aluno que apresenta medo de cair ou que ainda não desenvolveu uma técnica (ukemi) apurada de defesa de queda. Selecionamos cinco golpes de fácil didática e aplicação e todos de técnicas de ashi-waza e koshi-waza: - De-ashi-baraí - Sassae-tsurikomi-ashi - O-soto-gari - O-uchi-gari - Ko-uchi-gari - Seio-nague - Ippon-seio-nague - O-goshi Antes de realizarmos as técnicas, devemos ressaltar a importância da pegada ou também chamada de Kumi-kata. Todas as técnicas de projeção devem iniciar com a pegada no kimono de forma correta, sendo para indivíduos destros: mão direta na gola (altura do mamilo), mão esquerda na manga (altura do cotovelo); canhotos: mão esquerda na gola (altura do mamilo), mão direita na manga (altura do cotovelo). Quando não houver kimono para segurar apenas apoiar as mãos. De-ashi-baraí Fonte da imagem: http://barbabjj.blogspot.com.br/2013/10/tecnica-de-lancamentoqueda-de-ashi- barai.html Sassae-tsurikomi-ashi Fonte da imagem: http://cmac-judo.com/gokyo-no-waza/nage-waza-throwing-yechniqu/dai-ikkyo---yellow- belt/sasae-tsurikomi-ashi.html O-soto-gari Fonte da imagem: https://judomododeusar.wordpress.com/2011/11/30/osoto-gari/ O-uchi-gari Fonte da imagem: https://www.pinterest.com/pin/527624912569877815/ Ko-uchi-gari Fonte da imagem: https://judomododeusar.wordpress.com/2011/12/05/kouchi-gari/ Ogoshi Seoi-nague Ippon-seoi-nague AULAS PRÁTICAS (8º semestre) Técnicas de ataque e de defesa Técnicas de chutes (kicks) O chute (kicks) consiste em técnicas de ataque, na qual, ocorre a transferência do peso corporal para uma das pernas (perna de apoio), sendo de fundamental importância que o apoio seja feito pelo antepé (Figura), e no momento do chute realize um giro com o retropé (Figura) (região do calcanhar) na direção interna (medial), ou seja, o calcanhar perde contato com o solo. A perna que realizará o chute deverá elevar o joelho a altura do alvo, seguidamente com a extensão dos joelhos. Figura. Partes do pé Fases do chute Segundo Piemontez et al. (2013) o chute é dividido em 3 fases ataque, contato e retorno: - Ataque: - preparação do chute - pé de apoio deve ser feito pelo metatarso falangeana do quinto artelho (antepé) - calcanhar perde contato com o solo - realizar giro do pé para lateral no sentido do chute - Contato: - Realização do chute propriamente dito - Quadril e o tronco deverá girar no sentido do chute (semicircular) - membro superior (MS) do lado do chute deverá realizar um movimento de extensão - MS oposto deverá flexionar, colocando a mão a frente do rosto (proteger) - Cabeça, olhar sobre o ombro do lado do chute - o tempo de contato deve ser breve, de modo que se retome a base para o próximo golpe - Retorno: - após o contato com o adversário, preocupação especialcom o retorno do atleta para a base de luta, permite ao atleta tomar sua próxima decisão - Obs: a força do chute está no giro do quadril! A fase de retorno é uma fase muito importante na luta e faz parte tanto das aulas quanto dos treinamentos, enfatizando a importância da retomada da base de luta para as próximas ações (defesa ou ataque) (POZO et al., 2008; PIEMONTEZ et al., 2013) Figura. Fases do chute (imagem retirada do estudo de Marques Jr , 2011) 2. ATAQUE 3. CONTATO 4. RETORNO Direções do chute A aplicação do chute em treinos/competições, corresponde a três pontos, quando aplicados na direção da cabeça do oponente, na direção do abdome e na direção da perna (POZO et al., 2008; MARQUES Jr , 2011; PIEMONTEZ et al., 2013). Dessa forma, podemos direcionar os chutes em: - na direção da cabeça do oponente (Alto) - na direção do abdome (costela) (Médio) - na direção da perna conhecido como chute circular na coxa (Baixo) - podendo ser na parte interna ou externa da coxa Variações dos chutes Nas artes marciais, lutas e esportes de combates existem diversas variações de técnicas que utilizam membros inferiores para atacar ou se defender do oponente, dentre elas citaremos algumas: - frontal - lateral (facão) - giratório - trocando de base - semicircular - com o calcanhar - joelhadas Atualmente as joelhadas vem sendo muito utilizadas nos esportes de luta como kickbox, muay thai, MMA, UFC, entre outros. A técnica de golpear com os joelhos pode ser realizada em curta distância na maioria das vezes, por exemplo no clinch, mas também pode ser executada com saltos ou troca de base (finta). As joelhadas são indiscutivelmente a “arma” mais perigosa do muay thai. Quando o lutador consegue aperfeiçoar essa técnica, pode facilmente terminar a luta de forma rápida. Além disso, a joelhada pode ser utilizada defensivamente. Técnicas de socos (punches) A potência (força) dos golpes tradicionais nas artes marciais dependem da massa combinada com a aceleração do braço ou perna e parte do tronco através de uma dada distância para gerar impulso e transferência de força para o alvo. Portanto, os socos consistem em técnicas de ataque, na qual, a potência (força) dos socos dependem da massa combinada com a aceleração. Além disso, a transferência do peso corporal para uma das mãos, associada a uma pequena rotação de parte do tronco e quadril. As pernas deverão ficar posicionadas em média abertura, antero-posterior. Indivíduos destro deverão posicionar a perna esquerda à frente, já indivíduos canhotos deverão posicionar a perna direita à frente. Fases do soco O soco é dividido em 3 fases ataque, contato e retorno: - Ataque: - preparação do soco - posicionamento dos mãos em guarda (protegendo o rosto) - as pernas abertura média antero-posterior - joelhos semi-flexinados - Contato: - realização do soco propriamente dito - quadril e o tronco deverá girar no sentido do soco - Retorno: - após o contato com o adversário, preocupação especial com o retorno do atleta para a base de luta, permite ao atleta tomar sua próxima decisão. - Obs: o giro do quadril pode auxiliar a potência do soco (por exemplo direto, hook. TIPOS DE SOCOS Os socos podem ser de 3 formas: em linha reta, variação do direto (ângulo, sentido e direção) e socos giratórios SOCOS EM LINHA RETA: - Jab: é um soco rápido e de longo alcance, - mão (punhos) da frente, referente à sua base - objetivo: afastar o oponente, medir distância fonte das imagens:http://blogdomuaythai.blogspot.com.br/2011/08/socos-jeb-e- direto.html - Direto: é mais forte, - mão (punhos) atrás da guarda - objetivo: levar o oponente ao chão (nocaute) fonte das imagens:http://blogdomuaythai.blogspot.com.br/2011/08/socos-jeb-e- direto.html VARIAÇÃO DO DIRETO: - Cruzado (cross): - rotação dos ombros a 90º - desferido lateralmente - pode ser realizado com a mão da frente ou mão de trás da guarda - objetivo: levar o oponente ao chão (nocaute) fonte das imagens:: http://muaythai.16mb.com/golpes-de- soco-mais-usados-no-muay-thai/ - Upper cult: - em direção ao oponente de baixo para cima (acertar o queixo) - golpe é muito potente e capaz de levar ao nocaute fonte das imagens:: http://muaythai.16mb.com/golpes-de-soco- mais-usados-no-muay-thai/ - Hook: - geralmente aplicado na linha da cintura - o soco parte da lateral cruzando a linha frontal do lutador - pode nocautear, mas o principal obj é minar a resistência do oponente imagem retirada: https://www.youtube.com/watch?v=68EKTLf3wBs SOCO GIRATÓRIO - realizado com um giro - deve manter o pé da frente como base (apoio) - o giro será realizado com a perna de trás no sentido anti-horário - executado com as costas ou lateral da mão, após o giro completo do corpo imagem retirada: https://theartofcombatdotnet.wordpress.com/2012/10/14/soco- giratorio/ TÉCNICAS DE DEFESA As técnicas de defesa são fundamentais para proteção de um golpe e até para o contra golpe. Geralmente são utilizados os membros superiores e inferiores para defesa de golpes em direção a cabeça, tronco, e coxa. No entanto, movimentos rápidos, no qual, o praticante desvia-se do golpe também devem ser utilizados nomeadamente as esquivas ou o ato de desviar os golpes da direção inicialmente intencionada. A técnica de defesa bloqueio consiste em utilizar os membros do corpo como escudo impedindo a passagem dos golpes. Por exemplo no muay thai, ou boxe, as mãos estão com luvas e são comumente utilizadas para proteger a cabeça dos golpes do oponente, bem como, os antebraços são utilizados para bloquear ataques, na cabeça e tronco, protegendo o concorrente de chutes, socos, joelhadas e cotoveladas. As pernas são também são utilizadas para técnicas de defesa bloqueando os ataques, por exemplo, quando são desferidos circulares baixos (low-kick) ou circulares médios (ao tronco) estes são obstruídos normalmente com a canela, flexionando a articulação do joelho e elevando a perna ao encontro do cotovelo do lado correspondente. Os chutes circulares médios são frequentemente agarrados, travando o oponente, e assim permitindo um ataque para derrubá-lo ou mesmo golpear o oponente à distância. PROVA PRÁTICA 8º SEMESTRE SOCOS: Jab Direto Jab.Direto Cruzados Upers cult CHUTES Teep Thai Teep Diagonal perna de trás caindo na frente (os dois lados) Diagonal perna da frente (os dois lados) Joelhadas frontal perna de trás caindo na frente (os dois lados) Joelhadas lateral perna de trás caindo na frente (os dois lados) Bloqueio de canela perna da frente (os dois lados) Bloqueio de canela perna de trás cruzando o joelho no cotovelo da frente (os dois lados) COMBINAÇÕES teep jab.direto Thai teep caindo na frente jab.direto Diagonal perna de trás caindo na frente jab.direto Diagonal perna da frente caindo na frente soco direto mão de trás Jab.direto, joelhada frontal (os dois lados) Jab.direto, joelhada lateral perna de trás (os dois lados) Socos cruzados, joelhada lateral perna de trás Referências Bibliográficas 1. Barbanti VJ. Dicionário de educação física e esporte. 2º. ed. São Paulo: Manole, (2003).2. BRASIL. Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996. estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, de 23 de dezembro de (1996). 3. BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTA. PCN/ Educação Física. Brasília: MEC/SEF, (1997). 4. Breda M, Galatti L, Scaglia AJ e Paes RR. Pedagogia do esporte aplicada às lutas. Editora Phorte, São Paulo, (2010). 5. Brito AMVV, Rodrigues MAF, Cynarski WJ, García CG. Aging Effects on Neuromuscular Activity in Karate Practitioners. Journal of Sports Science. 3: 203-213, 2015. 6. Correia WR. Educação Física Escolar e Artes Marciais: entre o combate e o debate. Rev Bras Educ Fís Esporte. 29(2):337-344, 2015. 7. da Graça RL, da Silva AV. Muay thai: benefícios comportamentais nas crianças praticantes na cidade de Cocal do Sul – SC. Artigo apresentado para obtenção do grau de Bacharel, no Curso de Educação Física, da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC (2015). 8. Daólio J. Educação Física e o conceito de cultura. 2º ed, Campinas, Autores Associados, (2007). 9. Espartero J. Aproximación histórico-conceptual a los desportes de lucha. Barcelona: Editora Hispano Europea, (1999). 10. Ferreira L, Martins ACV, Piemontez GR, Domenech SC, Gevaerd MS, Bonilla AAC, Borges Junior NG. Influence of anthropometric characteristics on impulse and execution time of the back kick of karate. Rev. Educ Fís/UEM. 25(1):33-43, 2014. 11. Fett CA, Fett WCR. Filosofia, ciência e a formação do profissional de artes marciais. Motriz, 15(1):173-184, 2009. 12. Filho JLG, Aniceto RR , Neto GR, Neto EP, Araújo Jr AT, Araújo JP, Sousa MSC. Validade de diferentes equações de predição da carga máxima em atletas de artes marciais mistas. Motricidade. 10(4):47-55, 2014. 13. Franchini E & Del Vecchio FB. Estudos das modalidade esportivas de combate: estuda da arte. Rev. Bras. Educ. Fís. Esporte. 25:67-81, 2011. 14. Marques Jr NK. Sugestão do mawashi geri do karatê shotokan com embasamento da biomecânica. Revista Movimento. 4(1):66-72, 2011. 15. Marques Junior NK. Velocidade do soco e do chute do karatê: uma meta-análise. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires. (17):169, 2012. 16. Neto VRS. Os benefícios da prática do karatê na vida dos idosos. Educação Física em Revista. 5(1): 2-7, 2011. 17. Oliveira SA e Filho ADDR. Ensino de lutas na escola: elementos pedagógicos ou estímulos à violência? Lectures Educación Física y Desportes. Buenos Aires, (2013). 18. Piemontez GR, Martins ACV, Melo SIL, Ferreira L e Reis NF. Cinemática do chute semicircular no karatê: comparação entre as fases de ataque e retorno. Rev. Educ. Fis/UEM. 24(1): 51-59, 2013. 19. Pinto LFM, Leonardo Bernardes Alves LB, da Silva IAS, Gomes ALM. Comparação dos modelos de periodização linear e não linear em atletas de kung fu no período pré-competitivo. Fit Perf J. 8 (5):329-334, 2009. 20. Pozo J, Bastien G and Dierick F. Execution time, kinetics, and kinematics of the mae-geri kick: Comparison of national and international standard karate athletes. Journal of Sports Sciences. 29(14): 1553–1561, 2011. 21. Vianna JA. Lutas. 1º ed, Editora Fontoura, Várzea Paulista/SP, (2015). 22. Oliveira SRL e dos Santos SL. C. Lutas aplicadas a Educação Física Escolar. P.M.D.C.S.M.D. EDUCAÇÃO Ed.: Departamento de Ensino Fundamental, (2006). 23. de Souza Jr TP, dos Santos SLC. Jogos de oposição: nova metodologia de ensino dos esportes de combate. Rev Dig Bueno Aires. 14(141): 1-1:2010. 24. de Souza SAR e de Oliveira AAB. Estruturação da capoeira como conteúdo da Educação Física no ensino fundamental e médio. Maringá 12(2): 43-50, 2001. 25. Gomes MSP, Morato MP, Duarte E, Almeida JJG. Ensino das lutas: dos princípios condicionais aos grupos situacionais. Movimento. 16(02):207-227, 2010. 26. Bayer C. O ensino dos desportos coletivos. Lisboa: Dinalivro, (1994). 27. Garganta J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA J. (Ed.). O ensino dos jogos desportivos. 2ed. Porto: Centro de Estudos dos Jogos Desportivos, Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 1995. 28. Graça A. Os comos e os quandos no ensino dos jogos. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA J. (Eds.). O ensino dos jogos desportivos. 2°ed. Porto: Centro de Estudos dos Jogos Desportivos, Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 1995. 29. Tavares F. Análise da estrutura e dinâmica do jogo nos jogos desportivos. In: BARBANTI, V. J.; AMADIO, A. C.; BENTO, J. O.; MARQUES, A. T. (Org.). Esporte e atividade física: interação entre rendimento e saúde. São Paulo: Manole, 2002. 30. Kokkonen J. et al. Acute muscle stretching inhibits maximal strength performance. Res Quarterly Exercise and Sport. 69 (4):411-415, 1998. 31. Church JB. et al. Effect of warm-up and flexibility treatments on vertical jump performance. J Strength Cond Res. 15(3):332-336, 2001. 32. Cornwell A. et al. Acute effects of passive muscle stretching on vertical jump performance. J Human Movement. 40:307-324, 2001. 33. Fletcher IM and Jones B. The effect of different warm-up stretch protocols on 20 meter sprint performance in trained rugby union players. J Strength Cond Res. 18(4): 885-888, 2004. 34. Vetter RE. Effects of six warm-up protocols on sprint and jump performance. J Strength Cond Res. 21 (3): 819-823, 2007. 35. Bishop D. Warm up I: Potential Mechanisms and the effects of passive warm up on exercise performance. Sports Medicine. 33: 439-454, 2003a. 36. Bishop D. Warm up II: Performance changes following active warm up and how to structure the warm up. Sports Medicine. 33: 483-498, 2003b. 37. Smith JC and Fry AC. Effects of a ten-second maximum voluntary contraction on regulatory myosin light-chain phosphorylation and dynamic performance measures. J Strength Cond Res. 21(1): 73-76, 2007. 38. Stewart D. et al. The effect of an active warm-up on surface EMG and muscle performance in healthy humans. Euro J Applied Physiol. 89(6): 509-513, 2003. 39. Batista MAB, Roschel H, Barroso R, Ugrinowitsch C, Tricoli V. Postactivation potentiation: possible physiological mechanisms and its application during power athletes’ warm up. R. da Educação Física/UEM. 21(1): 161-174, 2010. 40. Badaro AFV, da Silva AH, Beche D. Flexibilidade versus alongamento: esclarecendo as diferenças. Saúde. 33(1):32-36, 2007. Leitura complementar obrigatória 8º semestre: Franchini E & Del Vecchio FB. Estudos das modalidade esportivas de combate: estuda da arte. Rev Bras Educ Fís Esporte. 25:67-81, 2011. da Silva FD, Polese JC, Alvarenga LFC, SchusterRC. Efeitos da Wiireabilitação Na Mobilidade de Tronco de Indivíduos com Doença de Parkinson: Um Estudo Piloto. Rev Neurocienc. 21(3):364-368, 2013. Viveiros L, Costa EC, Moreira A, Nakamura FY, Aoki MS. Monitoramento do treinamento no judô: comparação entre a intensidade da carga planejada pelo técnico e a intensidade percebida pelo atleta. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.17, n.4, p.266-269, 2011. 6º semestre: Correia WR. Educação Física Escolar e Artes Marciais: entre o combate e o debate. Rev Bras Educ Fís Esporte. 29(2):337-344, 2015.
Compartilhar