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APLICAÇÃO DAS RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES EM FISIOTERAPIA

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27/08/2018 APLICAÇÃO DAS RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES EM FISIOTERAPIA
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EFEITOS BIOLÓGICOS E APLICAÇÕES DE FONTES DE RADIAÇÃO NÃO IONIZANTES
(INFRAVERMELHA, ULTRA-VIOLETA, MICROORONDAS, ONDAS CURTAS) EM CIÊNCIAS DA SAÚDE:
CARACTERIZAÇÃO DAS FONTES DE RADIAÇÃO USADAS EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E
APLICAÇÕES E EFEITOS
 
Mario Bernardo-Filho (1,2,3), Adalgisa I. Maiworm (1), Sebastião dos Santos-Filho (1,3), Scheila Soares
(1,3), Camila Godinho Ribeiro (1) e Cláudia Bandeira (4)
1-Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes, Departamento
de Biofísica e Biometria, Rio de Janeiro, RJ, 20551-030.
2- Instituto Nacional do Câncer, Coordenadoria de Pesquisa, Rio de Janeiro, RJ, 20230-130
3- Sociedade Brasileira de Biociências Nucleares – SBBN (www.sbbn.com.br)
4- Faculdade São Miguel, Recife, PE.
E.mail: bernardo@uerj.br
 
As radiações podem ser classificadas como corpusculares (apresentam massa) e como
eletromagnéticas. Essas últimas podem ser agrupadas segundo determinados parâmetros, constituindo um
espectro eletromagnético e dependendo da capacidade de promoverem ionização ou não dos principais
átomos que constituem os seres vivos, as mesmas são consideradas ionizantes (raios X e gama) ou não
ionizantes. As radiações ultravioletas (UV), visíveis, infravermelhas (IV), microondas (MO) e ondas curtas
(OC) são exemplos dessas últimas. As diversas fontes de radiações eletromagnéticas são usadas
rotineiramente em Ciências da Saúde e seus efeitos estão intimamente associados à capacidade de
absorção da energia fotônica pelo meio. No caso de originar uma lesão em um ser vivo, essa absorção que
corresponde ao estágio inicial de uma lesão, que é conhecido como estágio físico. Os efeitos biológicos das
radiações ionizantes, as radiolesões, estudadas pela Radiobiologia, são conseqüência de ionizações e/ou
excitações atômicas e/ou moleculares. Esses efeitos podem ocorrer por uma interação direta com uma
estrutura alvo (efeito direto) e/ou por uma interação com o meio no qual se encontra a estrutura alvo,
gerando os radicais livres (efeito indireto). Esses radicais livres seriam os responsáveis pelo efeito biológico
observado. Um radical livre corresponde a um átomo ou uma molécula que possui um ou mais elétrons não
emparelhados, o que lhe assegura uma enorme reatividade química. As fontes de radiações ionizantes são
empregadas diretamente por especialidades médicas, como a Radiologia, a Radioterapia e a Medicina
Nuclear. Esses empregos visam o diagnóstico e/ou tratamento de doenças variadas. As radiações não
ionizantes, apesar de não terem a capacidade de ionizar os principais átomos que constituem o sistema
biológico, podem acarretar importantes alterações nos níveis energéticos das moléculas e/ou átomos
quando são absorvidas. Como conseqüência, essas perturbações energéticas levam a efeitos diversos,
como o aumento da energia rotacional, da energia translacional e da energia vibracional dos componentes
moleculares do meio, tornando-os altamente reativos, podendo gerar fotolesões que são estudadas pela
Fotobiologia. Na medicina e na fisioterapia, essas radiações não ionizantes são aplicadas em vários
procedimentos, visando o restabelecimento das condições funcionais alteradas por doenças diversas.
Muitos efeitos relacionados à radiação do tipo UV longo (UVA) são dependentes de oxigênio e mediados
por reações de fotooxidação, que conduzem a formação de radicais livres. Outros efeitos possíveis são os
causados pelos comprimentos de onda entre 420 e 480 nm (luz visível), que são absorvidos pela molécula
de bilirrubina, que sofre fotooxidação e dessa forma é facilmente excretada pela urina. Essa seqüência de
eventos relacionados com as radiações visíveis encontra aplicação clínica no tratamento de icterícia
neonatal. A psoríase e o vitiligo são doenças de etiologias desconhecidas que podem ser tratadas pela
associação de UVA e agentes fotossensibilizadores, especialmente as psoraleínas. Além dessas doenças,
comprometimentos músculo-esqueléticos, neurológicos, dermatológicos e reumatológicos têm sido tratados
com sucesso por outras fontes de radiação não ionizante. A utilização das radiações eletromagnéticas não
ionizantes em Ciências da Saúde deve levar em consideração a sensibilidade do paciente frente à dose e
ao tempo de aplicação do recurso físico, existindo um controle dose-efeito para que se possa atingir o
objetivo proposto. A diatermia por microondas e ondas-curtas é normalmente utilizada quando determinada
região está sendo preparada para a cinesioterapia, por propiciar o relaxamento músculo-tendíneo. A
cromopuntura consiste na aplicação de luz visível em pontos de acupuntura para o tratamento de
desarmonias energéticas que acarretam doenças ou alterações fisiológicas. Para tanto, é utilizado um
aparelho elétrico denominado bastão cromático, composto por uma fonte de luz branca dentro de uma
fenda onde é colocado o filtro de luz desejado, e um cristal de quartzo branco por onde a luz é projetada.
Os principais efeitos fisiológicos relacionados com a radiação IV são resultantes do aquecimento local dos
tecidos. Estes efeitos são as alterações no comportamento metabólico e circulatório, na função nervosa e
na atividade celular. Uma elevação na temperatura resultará num aumento das atividades metabólicas nos
tecidos superficiais devido ao efeito direto do calor nos processos químicos. Desta forma, foi demonstrado
que a radiação IV causa um aumento no fluxo sanguíneo da região cutânea devido à vasodilatação dos
vasos sanguíneos da pele. Este efeito pode ser mediado pela ação direta do calor sobre os próprios vasos,
ou através da atuação deste calor na inervação nervosa vasomotora. Níveis elevados de certos metabólitos
do sangue, resultantes do aumento da atividade metabólica em decorrência das temperaturas mais
elevadas, também têm um efeito direto sobre as paredes vasculares, o que estimula a vasodilatação. Estas
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alterações não se refletem nos tecidos mais profundos do corpo. A aplicação desses recursos físicos é de
grande relevância, embora, de modo geral, os mesmos, em Fisioterapia, sejam associados também a
procedimentos de cinesioterapia, visando reabilitar o paciente e oferecer ao mesmo uma melhor qualidade
de vida. É importante ressaltar que a manipulação de fontes de radiação não ionizantes deva ser realizada
dentro de critérios técnicos bem estabelecidos, objetivando não acarretar problemas tanto para o terapeuta
quanto para o paciente. Desse modo torna-se imprescindível à devida qualificação dos profissionais
envolvidos com esses procedimentos.
 
Bibliografia
- Bernardo-Filho M. Palestra “Aplicações das fontes de radiação ionizante em Ciências da Saúde”, no
Simpósio “Aplicações, Riscos e Benefícios das Fontes de Radiação Ionizante em Ciências da Saúde”, 56ª
Reunião Anual da SBPC, Cuiabá, MT, (3 páginas) Hipertexto http:
//200.189.244.60/programa_sbpc56ra/sbpccontrole/textos/MarioBernardo.htm, dia 05 de agosto de 2004, às
15h 30
 
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