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Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 1 4 BALANÇO PATRIMONIAL O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil/financeira exigida legalmente que evidencia o patrimônio da empresa em um determinado momento fornecendo informações sobre a situação financeira e econômica da empresa. Tendo em vista o estudo já realizado da composição do patrimônio e sendo o Balanço Patrimonial uma representação desse patrimônio, o mesmo é constituído de ATIVO, PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO. a) O Ativo compõe-se de bens e direitos aplicados na entidade representando o capital aplicado; b) O Passivo e o Patrimônio líquido registram todas as origens de recursos da empresa provenientes, respectivamente, do capital de terceiros e do capital próprio. Segundo Marion (1998) se demonstrássemos um Balanço Patrimonial cujo ATIVO fosse um "amontoado de contas de bens e direitos" (de forma heterogênea), teríamos dificuldades em ler, interpretar e analisar o Balanço Patrimonial. Por isso, segundo o autor é importante apresentar o Balanço agrupando-se as contas de mesmas características, isto é, separando grupos de contas homogêneas entre si. Por exemplo, poderíamos agrupar as contas Caixa e Bancos em um único grupo denominado DISPONÍVEL (dinheiro à disposição da entidade). Assim, para facilitar a interpretação e análise do Balanço existe uma preocupação constante em estabelecer uma adequada distribuição de contas em grupos homogêneos. A Lei das sociedades por ações (Lei 6.404/76) dispõe uma estrutura de contas nacionalmente aceita, inclusive por outras sociedades. A seguir estudaremos, inicialmente noções básicas sobre as demonstrações contábeis/financeiras exigidas legalmente e partiremos então para o estudo do Balanço Patrimonial. 4.1 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS/FINANCEIRAS: ASPECTOS GERAIS As demonstrações contábeis ou financeira são exigidas pela Lei das Sociedades Anônimas (Lei das S/As.), pelo CFC (Conselho Federal de Contabilidade), pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pelo RIR (Regulamento do Imposto de Renda). Entretanto, esses órgãos ou Legislações não exigem as mesmas demonstrações. A obrigatoriedade de elaboração está associada também ao formato jurídico de constituição da entidade, se sociedade anônima ou limitada e, ainda, ao porte da empresa, isto é, micro, pequena, média ou grande empresa. As disposições gerais sobre as demonstrações financeiras podem ser verificadas no artigo 176 da Lei 6.404/76. Em relação ao artigo 176, destacam-se os enunciados a seguir. O artigo 176 da Lei 6.404/76 estabelece que, ao final de cada exercício social, a Diretoria da empresa deve elaborar, com base na escrituração mercantil, as seguintes demonstrações financeiras (contábeis), que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da empresa e as mutações ocorridas no exercício. Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 2 a) Balanço Patrimonial; b) Demonstração de Lucros e Prejuízos acumulados; c) Demonstração do Resultado do Exercício; d) Demonstração dos Fluxos de Caixa; (Redação dada pela Lei 11.638/07) e) Demonstração do Valor Adicionado, se companhia aberta. (Incluído pela Lei 11.638/07). As demonstrações financeiras de cada exercício devem ser publicadas com indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior, podendo ainda ser publicadas adotando a expressão monetária milhares de reais. Nas demonstrações as contas semelhantes podem ser agrupadas e os pequenos saldos podem ser agregados, desde que sua natureza seja indicada e que não ultrapassem um décimo do valor do grupo das contas, sendo vedado a utilização de designações genéricas, como Diversas Contas ou Contas Correntes. As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela assembléia geral. As demonstrações financeiras, devem ainda ser complementadas por notas explicativas e por outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para um bom esclarecimento da situação patrimonial e dos Resultados do Exercício. Além destas disposições constantes no artigo 176, ainda destaca-se que: O Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício e a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados devem ser transcritos no livro Diário. As sociedades de capital aberto (que têm autorização para negociar seus títulos no mercado de capitais) são obrigadas a publicar suas demonstrações financeiras anualmente, nos jornais de maior circulação. A publicação deverá ser realizada no mínimo em dois jornais: no diário oficial e num jornal de grande circulação. Embora a Lei 6.404/76 regulamente as demonstrações contábeis para as Sociedades Anônimas, pela legislação do Imposto de Renda, as sociedades por quotas de responsabilidade limitada deverão seguir parte dos dispositivos da lei das sociedades por ações. Embora não seja necessária a publicação das demonstrações financeiras, as limitadas deverão estruturar suas demonstrações nos moldes da lei das sociedades por ações, para melhor atendimento das exigências legais do imposto de renda. Desta forma, as empresas limitadas, bem como outros tipos societários deverão apresentar ao Imposto de Renda três demonstrações financeiras: a) Balanço patrimonial; b) Demonstração do Resultado do Exercício; c) Demonstração dos Lucros e Prejuízos acumulados. RIR/99 ( Regulamento do Imposto de Renda) – “Art. 274 – Ao fim de cada período de incidência do imposto, o contribuinte deverá apurar o lucro líquido mediante a elaboração, com observância das disposições da lei comercial, do balanço Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 3 patrimonial, da demonstração do resultado do período de apuração e da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados (Decreto-Lei n. 1.598/1977, art. 7º, § 4º, e Lei n. 7.450/1985, art. 18). § 1º O lucro líquido do período deverá ser apurado com observância das disposições da Lei n. 6.404/76 (Decreto-Lei n. 1.598/77, art. 67, inciso XI, Lei n. 7.450/85, art. 18, e Lei n. 9.249/95, art. 5º). § 2º O balanço ou balancete deverá ser transcrito no Diário ou no LALUR (Lei n. 8.383/91, art. 51, e Lei n. 9.430/96, arts. 1º e 2º, § 3º).” (Montoto, 2011, p. 452) De acordo com o CPC 26 – NBC TG 26, que trata da “Apresentação das Demonstrações Contábeis”, aprovado pelo CFC – Resolução n. 1.185/2009 (item 10), considera como conjunto completo de demonstrações: (a) balanço patrimonial ao final do período; (b) demonstração do resultado do período; (c) demonstração do resultado abrangente do período; (d) demonstração das mutações do patrimônio líquido do período; (e) demonstração dos fluxos de caixa do período; (f) demonstração do valor adicionado do período, conforme NBC TG 09 – Demonstração do Valor Adicionado, se exigido legalmente ou por algum órgão regulador ou mesmo se apresentada voluntariamente; (g) notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas contábeis significativas e outras informações explanatórias; e (h) balanço patrimonial no início do período mais antigo comparativamente apresentado quando a entidade aplica uma política contábil retrospectivamente ou procede à reapresentação de itens das demonstrações contábeis, ou ainda quando procede à reclassificação de itens de suas demonstrações contábeis. (Redação alterada pela Resolução CFC n.º 1.376/11) A demonstraçãodo resultado abrangente pode ser apresentada em quadro demonstrativo próprio ou dentro das mutações do patrimônio líquido. Item 11 da NBC TG 26 - A entidade deve apresentar com igualdade de importância todas as demonstrações contábeis que façam parte do conjunto completo de demonstrações contábeis. De acordo com o CPC – PME (Pequenas e Médias Empresas) – NBC TG 1000 (Item 3.17), o conjunto completo de demonstrações contábeis da entidade deve incluir todas as seguintes demonstrações: (a) balanço patrimonial ao final do período; (b) demonstração do resultado do período de divulgação; (c) demonstração do resultado abrangente do período de divulgação. A demonstração do resultado abrangente pode ser apresentada em quadro demonstrativo próprio ou dentro das mutações do patrimônio líquido. A demonstração do resultado abrangente, quando apresentada separadamente, começa com o resultado do período e se completa com os itens dos outros resultados abrangentes; (d) demonstração das mutações do patrimônio líquido para o período de divulgação; (e) demonstração dos fluxos de caixa para o período de divulgação; Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 4 (f) notas explicativas, compreendendo o resumo das políticas contábeis significativas e outras informações explanatórias. Importante: conclusão sobre as demonstrações exigidas: se uma empresa atender ao especificado no CPC 26 ( NBC TG 26), estará atendendo a todos os agentes que normatizam a Contabilidade no Brasil. 4.2 CONCEITO DE BALANÇO PATRIMONIAL Segundo a Equipe de Professores da FEA/USP (2010), “ O Balanço é a demonstração contábil que tem por finalidade apresentar a situação patrimonial da empresa em dado momento, dentro de determinados critérios de avaliação”. É a demonstração que encerra a sequência dos procedimentos contábeis, apresentando de forma ordenada os três elementos componentes do patrimônio: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Em outras palavras, autores da contabilidade assim conceituam esta demonstração: O balanço patrimonial é uma demonstração sintética dos componentes patrimoniais representados pelas contas do ATIVO, PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO e nisto ele se distingue do inventário, que é uma descrição analítica e específica desses mesmos componentes. “O balanço patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar, quantitativa e qualitativamente, a posição patrimonial e financeira da entidade em determinada data” (Greco et. al., 2009 p.83). Por fim, pode-se dizer que o Balanço Patrimonial é a demonstração contábil/financeira que tem por objetivo evidenciar o patrimônio de uma entidade em dado momento e fornecer informações sobre a situação financeira e econômica do patrimônio administrado. 4.3 IMPORTÂNCIA DO BALANÇO Obter dados do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, analisar suas variações durante determinado período de tempo, por meio da verificação direta dos registros contábeis, é tarefa trabalhosa. Mesmo nas pequenas empresas, podem ocorrer, diariamente, inúmeras operações e seus registros contábeis contêm grande número de particularidades. Daí a necessidade de resumir e apresentar os dados de forma adequada, que permitam às pessoas interessadas conhecer a situação patrimonial da empresa e as variações ocorridas durante certo período de tempo. A tarefa de resumir e apresentar os elementos para análise e interpretação será simplificada se a contabilização das operações for feita com critério e calcada em um Plano de Contas bem elaborado. A grande importância do balanço reside na visão que ele dá das aplicações de recursos feitas pela empresa (ativos) e quantos desses recursos são devidos a terceiros (passivos). Isso evidencia o nível de endividamento, a liquidez da empresa, a proporção do capital próprio Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 5 (PL) e outras análises. A visão de dois balanços consecutivos mostra facilmente a movimentação ocorrida no período e como a estrutura patrimonial e financeira se modificou no período. 4.4 OBRIGATORIEDADE Conforme já mencionado anteriormente, de acordo com o inciso I do artigo 176 da Lei n. 6.404/76, ao fim de cada exercício social a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, entre outras demonstrações contábeis, o balanço patrimonial e, posteriormente publicá-lo juntamente com as demais demonstrações contábeis. As demais entidades também estão obrigadas a elaborar o balanço patrimonial nos moldes estabelecidos pela Lei 6.404/76, embora não haja exigência legal de sua publicação. Tal exigência se faz em função da legislação do imposto de renda e outras legislações, a exemplo do novo Código Civil, Lei 10.406/2002, que entrou em vigor a partir de janeiro de 2003 e assim dispõe: Art. 1.179- O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. 4.5 CONTEÚDO, ESTRUTURA E NOMENCLATURA O conteúdo, estrutura e nomenclatura do Balanço Patrimonial estão regulamentados pela Lei 6.404/76 nos artigos 178 a 182 e pela NBC TG 26. Tendo em vista a semelhanças das duas legislações, trabalharemos aqui com o que dispõe a Lei 6.404/76 em seus artigos 178 a 182. Art. 178 – Classificação das contas no Balanço Patrimonial A lei 6.404/76, em seu artigo 178, diz que no Balanço Patrimonial, as contas deverão ser classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia: § 1º- No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados nos seguintes grupos: I - ativo circulante; e (Incluído pela Lei n. 11.941/09) II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. (Incluído pela Lei n. 11.941/09) § 2 o – No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: I - passivo circulante; (Incluído pela Lei n. 11.941/09) II - passivo não circulante; e (Incluído pela Lei n. 11.941/09) III - patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajuste de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. (Incluído pela Lei n. 11.941/09) § 3 o - Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar serão classificados separadamente. Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 6 O art. 179 – As contas serão classificadas do seguinte modo: I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte; Exemplos de disponibilidades: caixa, bancos conta movimento, aplicações de liquidez imediata. Exemplos de direitos/créditos: duplicatas a receber diminuídas da provisão para créditos duvidosos, títulos a receber, bancos conta vinculada, investimentos temporários, estoques, etc. Exemplos de aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte: despesas de seguros a apropriar. II - no ativo realizável a longo prazo: os diretos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas,adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (art.243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia, investimentos temporários e despesas antecipadas; Exemplos: contas a receber a longo prazo, empréstimos a controladas, depósitos judiciais, etc. III -em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa; Exemplos: participações em outras empresas, ações de coligadas, provisões para perdas, obras de arte, imóveis não de uso, propriedades para investimento, etc. IV - no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; (redação dada pela Lei n. 11.638/07) Exemplos: imóveis, veículos, instalações, móveis e utensílios, benfeitorias em propriedades de terceiros, depreciação, amortização e exaustão acumuladas, etc. V- no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. (incluído pela Lei n. 11.638/07) Exemplos: marcas e patentes, amortização acumulada, ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), direito de concessão, direito autoral, provisão para perda de valor, etc. Parágrafo único: na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo deste ciclo. O art. 180 – Passivo Exigível As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo permanente, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo não circulante, se tiverem vencimento em prazo maior, observando o disposto no parágrafo único do artigo 179. (redação dada pela Lei n. 11.941/09) Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 7 A Norma Brasileira de Contabilidade - NBC TG 26 aprovada pela Resolução n. 1.185/09 do CFC também determinou, no item 60, transcrito a seguir, que o Passivo Exigível fosse dividido em dois grupos: “ 60. A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulantes, e passivos circulantes e não circulantes, como grupos de contas separados no balanço patrimonial.” Passivo Exigível Passivo Circulante Obrigações de curto prazo < 12 meses Passivo Não Circulante Obrigações de longo prazo > 12 meses Fonte: Montoto, 2011 p. 582 I - Passivo Circulante: são as contas representativas das obrigações da sociedade que vencerem no exercício social seguinte. Exemplos: fornecedores, salários e encargos a pagar, empréstimos, debêntures, encargos financeiros a pagar, impostos a recolher, provisão para imposto de renda, etc. II – Passivo Não Circulante: são as contas representativas das obrigações com vencimentos após o término do exercício social seguinte e as receitas diferidas, ou seja, recebidas antecipadamente diminuídas dos custos e despesas ((-) encargos a vencer s/receitas antecipadas) etc. Exemplos: financiamentos, debêntures, encargos financeiros a pagar, retenções contratuais, subvenções governamentais a apropriar, etc. O art. 182 – Patrimônio Líquido O patrimônio líquido será composto por: Art. 182. A conta Capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada, (Capital subscrito (-) capital não realizado) § 1º. Reservas de capital: Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias; b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; § 2º. Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto não capitalizado. § 3º. Serão classificadas com Ajuste de Avaliação Patrimonial, enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência de sua avaliação a valor justo, nos casos Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 8 previstos nesta Lei, ou em normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, com base na competência conferida pelo § 3º do art. 177 desta Lei. (redação dada pela Lei 11.941/09) § 4º. Serão classificadas como Reservas de Lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros da companhia. Essas reservas podem ser constituídas por imposição legal (reserva legal), por determinação estatutária (reservas estatutárias) e por propostas aprovadas pelos proprietários – sócios e acionistas – com finalidades específicas (reservas para contingências, reservas para expansão, etc.) § 5º . As Ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição. Lucros ou prejuízos Acumulados: os lucros ou prejuízos do exercício são transferidos para a conta Lucros (Prejuízos) Acumulados e aí permanecem até a destinação do lucro ou amortização do prejuízo. Nas sociedades por ações os lucros precisam, obrigatoriamente, ser totalmente destinados para reservas de lucros ou dividendos. Estrutura Legal do Balanço Patrimonial - (Art. 178, lei 6.404/76) AATTIIVVOO PPAASSSSIIVVOO Ativo Circulante (AC) Ativo Não Circulante (ANC) Ativo Realizável a Longo Prazo (ARLP) Investimentos Imobilizado Intangível Diferido * * Baixa ou tratamento especial até a extinção- Lei 11.941/09 Passivo Circulante (PC) Passivo Não Circulante (PNC) Exigível a Longo Prazo (PELP) Receita diferida (-) Custo com a receita diferida Patrimônio Líquido Capital Social Reservas de Capital Ajuste de Avaliação Patrimonial Reservas de Lucros Lucros (ou Prejuízos) Acumulados A estrutura legal do Balanço Patrimonial leva em consideração a seguinte disposição das contas de ATIVO e PASSIVO, seguindo a metodologia de Marion (2005). As contas do Ativo são agrupadas de acordo com sua rapidez de conversão em dinheiro: de acordo com seu grau de liquidez, ou seja, a capacidade de se transformar em dinheiro mais rapidamente. Aplicações de Capital (Bens e Direitos) Origem do Capital (Obrigações) Passivo Exigível Capital de Terceiros Passivo não Exigível Capital Próprio Ordem Decrescente de Liquidez Ordem Decrescente de Exigibilidade Disposição das Contas Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 9 Em primeiro lugar agrupam-se as contas que já são dinheiro (caixa, bancos, etc) com as que se converterão em dinheiro rapidamente (Títulos a receber, Estoquesetc). A este grupo de contas denominamos então ATIVO CIRCULANTE. É um grupo com ELEVADO GRAU DE LIQUIDEZ. Em segundo lugar, serão agrupadas as contas que se transformarão em dinheiro mais lentamente. São os ativos de menor grau de liquidez (valores a receber, mas que levam muito tempo para serem recebidos). A esse grupo chamamos de ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO. Em terceiro lugar, serão agrupados os itens que, dificilmente serão transformados em dinheiro, que normalmente não são vendidos, mas são utilizados como meio de consecução dos objetivos operacionais da empresa. Poderíamos dizer que, praticamente, são itens com POUQUÍSSIMA LIQUIDEZ. Outra característica desse grupo é que são itens utilizados pela empresa por vários anos - vida útil longa (prédios, máquinas etc). As contas do Passivo e Patrimônio Líquido são agrupadas de acordo com seu vencimento, isto é, aquelas a serem liquidadas mais rapidamente serão destacadas daquelas a serem pagas num prazo mais longo. Em primeiro lugar, agruparemos as contas que serão pagas mais rapidamente (salários a pagar, impostos etc). Esse grupo é chamado de PASSIVO CIRCULANTE. Em segundo lugar, as contas que serão pagas num prazo mais longo (Financiamentos etc). Esse grupo é chamado de PASSIVO NÃO CIRCULANTE. Em terceiro lugar, as contas que, praticamente, não serão pagas. São as obrigações com os proprietários da empresa, as obrigações não exigíveis. Esse grupo é chamado de PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Assim, verifica-se uma analogia em termos de grupos de contas entre o lado do ATIVO e do PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO: É O GRAU DE LIQUIDEZ DECRESCENTE. Conceitos Importantes: Liquidez: capacidade de se transformar em dinheiro, sendo que quanto maior for essa capacidade maior será a liquidez de um bem ou direito. Ordem decrescente de liquidez: no Balanço Patrimonial os bens e direitos do ativo são disposto da MAIOR capacidade de se transformar em dinheiro para a MENOR capacidade de se transformar em dinheiro. Conceitos Importantes: Exigibilidade: vencimento das obrigações, sendo que quanto mais rápido for o vencimento das obrigações mais acima no Balanço estas serão encontradas. Ordem decrescente de exigibilidade: no Balanço Patrimonial as obrigações do passivo e patrimônio líquido são dispostas da MAIOR exigência de pagamento para a MENOR exigência de pagamento. Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 10 Seguindo esta analogia alguns autores costumam afirmar que no ativo as contas são dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez e no passivo, em virtude dos valores serem exigíveis, as contas estão dispostas em ordem decrescente de grau de exigibilidade. GRAU DE LIQUIDEZ DECRESCENTE/GRAU DE EXIBIBILIDADE DECRESCENTE ATIVO PASSIVO E PL Rápida Circulante Circulante Lenta ANC-Realizável a LP PNC - Exigível a LP Não há (pouquíssima) ANC-Inv.Imob.Intangivel Patrimônio Líquido 4.6 ESTUDO DETALHADO DOS GRUPOS DO BALANÇO E RESPECTIVAS CONTAS 4.6.1 Definição de Ativo (A) Conforme definição do Professor Iudícibus em seu livro Teoria da Contabilidade (8ª edição, p. 139): “ativos são recursos controlados por uma entidade capazes de gerar, mediata ou imediatamente, fluxos de caixa”. Conforme a NBC T 1: “Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade; equivale à soma dos bens e direitos”. 4.6.2 Ativo Circulante (AC) De acordo com a Lei nº 6.404/76 o Ativo Circulante é o primeiro grupo de contas do ATIVO constituindo-se naquele de maior liquidez. O Ativo Circulante, de acordo com Marion (2005) também pode ser chamado de: a) Capital de trabalho b) Capital de giro c) Ativo corrente d) Capital Circulante O ativo circulante compõe-se dos seguintes subgrupos: Disponível (Disponibilidades) Direitos realizáveis no curto prazo (Créditos) Estoques Despesas do Exercício Seguinte (despesas antecipadas) 4.6.2.1 Ativo Circulante – Disponibilidades ( Caixa e Equivalentes de Caixa) Neste subgrupo do Ativo Circulante da empresa encontram-se os recursos que esta possui para fazer frente a seus compromissos imediatos ou para qualquer outra aplicação relativa a sua atividade. Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 11 Sua principal característica é a de serem "a vista", isto é, trata-se de dinheiro em mãos, ou de depósito bancário sacável a vista, ou de outras aplicações consideradas a vista. Principais Contas: Caixa: representa o dinheiro à disposição da empresa. Esse item pode incluir, também, cheques em mãos que ainda não foram depositados, porém com recebimento imediato. Depósitos Bancários à Vista (Bancos Conta Movimento): são depósitos efetuados em conta bancária na qual a empresa pode, geralmente com cheque, movimentar livremente o dinheiro depositado. Aplicações Financeiras: são aplicações de liquidez imediata, ou seja, aplicações em títulos para poucos dias, que podem ser vendidos (transformados em dinheiro) a qualquer momento. 4.6.2.2 Ativo Circulante - Valores a receber a curto prazo Correspondem a valores a receber pela empresa no curso do exercício seguinte (próximos 12 meses). Principais Contas: Duplicatas a receber (clientes): Compreende os valores a receber de clientes, decorrentes das vendas a prazo de mercadorias, produtos ou serviços efetuadas pela empresa decorrentes do curso de suas atividades normais, para os quais foram emitidas duplicatas. Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (conta redutora de Duplicatas a Receber): É constituída para cobrir as prováveis perdas decorrentes do não recebimento de Duplicatas a Receber. Cheques a compensar (clientes): compreende os valores a receber decorrentes das vendas a prazo de mercadorias, produtos ou serviços efetuadas pela empresa decorrentes do curso de suas atividades normais que estejam representados por cheques pré-datados. Títulos a receber: valores a receber das próprias contas normais a receber de clientes, as quais, quando vencidas e não pagas, são passíveis de renegociação mediante troca por Títulos a Receber (Notas Promissórias), com novos prazos de vencimentos, normalmente acrescidos de juros. Podem também ser oriundos de vendas não ligadas às operações normais da empresa, tais como vendas de investimentos ou bens do imobilizado como imóveis, equipamentos, veículos, etc. Outro tipo de operação aqui classificável é a de títulos a receber por empréstimo feito a terceiros (pessoas físicas ou jurídicas). Tendo em vista as diferentes origens dos valores constantes nos títulos a receber, poderão ser abertas subcontas de títulos a receber: Títulos a Receber - Renegociação Clientes; Títulos a Receber - Empréstimos a Terceiros; Títulos a receber - venda ativo permanente. Cheques em Cobrança: compreende os cheques devolvidos por insuficiência de fundos, bem como aqueles não disponíveis imediatamente por se referirem a praças distantes. Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 12 Dividendos Propostos a Receber: registra os dividendos a que a empresa tenha direito, em função de participação em outras empresas, quando tais empresas já tenham registrado naDemonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados a parcela de Dividendos Propostos a distribuir. Bancos Conta Vinculada: são contas bancárias cujos saldos não estão imediatamente disponíveis para os pagamentos normais da empresa, estando sujeitos a restrições quanto à retirada ou a outras imposições. Há diversas situações que requerem de uma empresa a aplicação ou manutenção de recursos em depósitos vinculados em bancos, tais como: depósitos vinculados para liquidação de contratos de câmbio ou para liquidação de importações; depósitos vinculados à liquidação de empréstimos; depósitos vinculados à substituição ou reposição de garantias de empréstimos; depósitos bloqueados ou com restrição de movimentação por força de cláusula contratual de financiamento ou para obtenção de linhas especiais de crédito etc. Juros a Receber: registra os juros a receber de terceiros relativos a diversas operações, tais como de empréstimos feitos a terceiros, juros das aplicações em títulos de emissão do governo e outras operações nas quais os juros não sejam agregados aos próprios títulos. Adiantamentos a terceiros: registra o numerário entregue a terceiros, mas sem vinculação específica ao fornecimento de bens, produtos ou serviços contratuais pré- determinados. É o caso da entrega de dinheiro na forma de conta corrente a ser saldada, ou pelo fornecimento de bens, produtos ou serviços, ou pela devolução. Adiantamentos a funcionários: engloba as operações de créditos de funcionários por adiantamentos concedidos por conta de salários, por conta de despesas, empréstimos e outros. Ex: Adiantamentos para viagens, empréstimos a funcionários, antecipação do 13. Salário, antecipações de salários e ordenados etc. Tributos (Impostos) a Recuperar: refere-se aos valores a recuperar do ICMS e IPI, decorrentes de isenções fiscais ou da atividade de compra e venda da empresa. Pela própria sistemática fiscal desses impostos, mensalmente os débitos pelas vendas são compensados pelos créditos das compras, remanescendo um saldo a recolher ou a recuperar, de acordo com o volume de compras e vendas. Além desses dois impostos outros poderão apresentar saldos a recuperar dependendo do tipo de tributação da empresa: Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF); Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ); Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o fim social (COFINS) Aplicações Financeiras: Freqüentemente, por excesso de recursos monetários, por obter boas taxas remuneratórias, por obrigações contratuais ou por falta de opção de negócios, as empresas efetuam aplicações financeiras por prazos que variam desde um dia até alguns anos, embora raramente ultrapasse um ano. As aplicações de curtíssimo prazo devem ser englobadas às disponibilidades; entretanto, as de maior prazo devem constituir um item à parte do Ativo Circulante (ou Realizável a Longo Prazo, se for o caso). Outras Contas do Ativo Circulante: Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 13 Existe uma infinidade de direitos, normal e individualmente de pequena monta, que podem surgir no Ativo Circulante de uma empresa além dos anteriormente mencionados, como decorrência de inumeráveis operações possíveis, como adiantamentos a fornecedores, verbas de propaganda a recuperar, valores a receber por vendas não operacionais, venda de imóveis, maquinismo, despesas antecipadas de seguros, assinaturas, aluguéis, etc. O analista deve observar a relevância de cada uma dessas contas individualmente e decidir se vale a pena considera-las como um item isolado ou, então, agrupa-las com outras contas. Na prática, geralmente, as demais contas do Ativo Circulante, além das Disponibilidades, Duplicatas a Receber e Estoques, costumam ser agrupadas para efeito de análise. A não ser em casos especiais, nenhum item com menos de 5% do Ativo Circulante precisa ser destacado. Acima de 10% convém refletir sobre a necessidade ou não de destaca- lo. Com mais de 20% certamente deverá ser destacado. Essa não é, contudo, uma regra fixa; é apenas uma sugestão geral que precisa ser analisada em cada caso. As chamadas Outras Contas do Ativo Circulante podem ser assim apresentadas, figurando no Subgrupo "Valores a Receber a curto Prazo: Diversas Contas a Receber: representativas de direitos a receber da sociedade provenientes de empréstimos a outras empresas, incentivos fiscais, vendas não relacionadas às operações da empresa, tais como venda de imóveis, maquinismos, investimentos ou outros bens. Contas Correntes: são direitos a receber da sociedade provenientes de empréstimo de numerário a acionistas, sócios, diretores, coligadas e controladas ou a terceiros, cuja recuperação ocorre com a devolução do dinheiro emprestado. Cauções: esta conta representa os diversos tipos de depósitos feitos pela empresa por contratos firmados com terceiros. A recuperação dos depósitos ocorre quando do término do contrato. Depósito Compulsório: abriga valores compulsoriamente depositados pela sociedade junto a órgãos oficiais (Banco Central ou Banco do Brasil), segundo disposição legal, como condição para a realização de importação. Importação em Andamento: compreende os desembolsos por conta de produtos ou matérias em processo de importação. Serviços em Andamento: refere-se aos serviços não faturados cuja execução se acha em andamento na data do balanço. Outros Créditos: este item destina-se a agrupar as contas do Ativo Circulante, cujos valores são irrelevantes, comparativamente às contas evidenciadas. 4.6.2.3 Estoques Representam um dos ativos mais importantes do capital circulante e da posição financeira da maioria das companhias industriais e comerciais. A sua correta determinação no Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 14 início e no fim do período contábil é essencial para uma apuração adequada do lucro líquido do exercício. Os estoques são bens adquiridos ou produzidos pela empresa com o objetivo de venda ou utilização própria no curso normal de suas atividades. Principais contas: Mercadorias para Revenda : compreende as mercadorias adquiridas para comercialização. Em mercadorias para revenda a empresa não realiza qualquer alteração em seu formato original de aquisição. Produtos Prontos (Acabados): essa conta é muito comum em fábricas. Representa os produtos cujo processo de fabricação foi concluído e já se encontram em condições de venda; Produtos em Elaboração: representa o valor do inventário de produtos que se acham em processo de fabricação na data de levantamento do balanço; compreende todos os custos aplicados nesses produtos (matéria-prima, mão-de-obra e gastos gerais) em determinado período e que ainda estão na fábrica; Matérias-primas: abriga os materiais mais importantes e essenciais que sofrem transformações no processo produtivo. Adiantamento a fornecedores: abriga os adiantamentos efetuados pela empresa a fornecedores, vinculados a compras específicas de materiais que serão incorporados aos estoques quando de seu efetivo recebimento. Provisão para Redução ao Valor de Mercado (conta redutora de estoques): tem por finalidade eliminar dos estoques a parcela dos custos que provavelmente não é recuperável. Tal conta prevê prováveis perdas resultantes de estragos, deterioração, obsoletismo, redução nos preços de venda ou de requisição do estoque. A constituição da Provisão para Redução ao valor de Mercado é baseada no princípio de avaliação de estoque:¨custo ou mercado, dos dois o menor”; segundo tal princípio as perdas devem ser reconhecidas no resultado do exercício em que ocorreram e não no exercício em que a mercadoria/produto é vendida, reposta ou transformada em sucata. Ao constituir a provisão para redução ao valor de mercado, a empresa credita essa conta e a contrapartida é lançada na demonstração do resultado, no grupo despesas operacionais. Provisão para perdas em estoques (conta redutora de estoques): destina-se a registrar as perdas conhecidas em estoques e calculadas por estimativa, relativas a estoques morosos ou obsoletos e, mesmo, para dar cobertura a diferenças físicas, quando tais perdas não puderem ser baixadas das próprias contas, pelo fato de não estarem identificados os itens específicos e por constituírem estimativas. A contrapartida será uma Despesa com provisão para perdas em estoques. Mercadorias em Trânsito: Compreende os bens comprados pela empresa que na data do balanço se acham em transporte, a caminho da empresa; Materiais de acondicionamento e embalagem: refere-se a todos os itens de estoque que se destinam à embalagem do produto ou a seu acondicionamento para remessa. Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 15 Materiais auxiliares: engloba os estoques de materiais, de menor importância, utilizados no processo industrial, sendo que tais itens podem ser apropriados diretamente ou não ao produto. Materiais de Manutenção e suprimentos gerais: registra os estoques de materiais de manutenção de máquinas, equipamentos, edifícios etc para uso em consertos, manutenções lubrificação, pintura etc. Almoxarifado: a conta almoxarifado varia muito de uma empresa para a outra, em função de suas peculiaridades e necessidades. Todavia, engloba todos os itens de estoques de consumo geral, podendo incluir produtos de alimentação do pessoal, materiais de escritório, peças em geral e uma variedade de itens. 4.6.2.4 Despesas do Exercício Seguinte /Antecipadas Esses ativos representam pagamentos antecipados, cujos benefícios ou prestação de serviço à empresa se farão durante o exercício seguinte. Principais contas: Prêmios de Seguros a apropriar (ou pagos antecipadamente): registra a parcela dos seguros já contratados e/ou pagos que refere-se ao exercício subsequente. Assinaturas e anuidades a apropriar (ou pagas antecipadamente): registra a parcela de valores contratados e/ou pagos de assinaturas e anuidades que refere-se ao exercício seguinte. Aluguéis pagos antecipadamente: refere-se aos valores de aluguéis pagos antecipadamente pela empresa. Encargos financeiros a apropriar: essa conta deverá incluir os encargos financeiros com os descontos de duplicatas que devem ser apropriados aos resultados em quotas mensais, em função da transcorrência do prazo. Os demais encargos financeiros prefixados (por exemplo os derivados de empréstimos) devem ser classificados no Balanço como redução do passivo correspondente. Comissões pagas antecipadamente: algumas empresas, por força de contrato ou para estimular as vendas, antecipam as comissões de venda para seus vendedores, representantes e agentes comerciais. Outros exemplos de despesas pagas antecipadamente: passagens aéreas, serviços de manutenção de informática, serviços de alimentação, etc. 4.6.3 Ativo Não Circulante (ANC) O Ativo Não Circulante é um grupo novo criado pela MP 449/2008, transformada na Lei 11.941/2009, que reuniu o Realizável a Longo Prazo e o Ativo Permanente. 4.6.3.1 Ativo Realizável a Longo Prazo (ARLP) Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 16 O Realizável a Longo Prazo compreende teoricamente as mesmas contas do Ativo Circulante (com exceção das Disponibilidades) cujo prazo de realização seja superior a um ano ou ao ciclo operacional se este for superior a um ano. 4.6.3.1.1 Ajuste a Valor Presente (de créditos de longo prazo): a Lei 6.404/76, alterada pela Lei 11.638/07, introduziu o conceito de contabilizar ativos e passivos pelo valor presente. “Art. 183, inciso VIII – os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais (CP) ajustados quando houver efeito relevante” (incluído pela Lei 11.638/07) 4.6.3.2 Ativo Investimentos São aplicações relativamente permanentes, com propensão a produzir renda para a empresa. São participações voluntárias ou incentivadas, em empresas e direitos de propriedade, não enquadráveis no Ativo Circulante, nem no Realizável a Longo Prazo, nem mesmo no Imobilizado, pois não se destinam à atividade operacional da empresa. Conforme Montoto (2011), “No Ativo Investimentos devem ser classificadas as contas que representam aplicações de recursos em bens tangíveis e intangíveis não usadas nas atividades da empresa e por aplicações de recursos em participações societárias permanentes”. Principais Contas: Participações Permanentes em outras Sociedades: aplicações de recursos de modo permanente, em quotas de capital ou ações de outras sociedades. O significado de permanente está associado a investimento, que possui motivação estratégica. Participações societárias permanentes estratégicas ocorrem quando uma empresa deseja participar do capital de outra porque esta é um fornecedor importante ou estratégico no seu negócio. A empresa que recebe o investimento é chamada de investida. Propriedades para investimento: são basicamente terrenos ou edifícios para obtenção de renda ou apenas valorização. Muito Importante: uma exceção As contas correntes com empresas ligadas (coligadas, controladas), acionistas e diretores, provenientes de créditos não decorrentes de transações comerciais, devem figurar no Realizável a Longo Prazo, mesmo que se preveja recebimento com prazo inferior a 360 dias, porque, sendo créditos junto a pessoas ligadas, nada garante que a empresa credora faça esforço para recebê-los como faria se fosse contra terceiros. Por isso a Lei da S.A., numa autêntica posição de quem analisa balanços, determinou que fossem os referidos créditos lançados no Realizável a Longo Prazo. Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 17 Outros Investimentos Permanentes: são representados por diversos tipos de investimentos, sempre desvinculados da atividade principal da empresa. Exemplos: obras de arte, marcas e direitos em geral. Contas Retificadoras do Ativo Investimentos Provisão para Perdas: tem por finalidade eliminar das contas do grupo de investimentos a parcela que provavelmente não será recuperada pela empresa, ou as possíveis perdas de caráter permanente. Essa provisão se refere aos investimentos não avaliados por equivalência patrimonial, já que estes últimos são anualmente atualizados com base no Patrimônio Líquido da outra empresa. As provisões para perda apropriadas no ativo permanente refletem no resultado através de uma conta de despesa denominada Perdas em Investimentos. Ajuste ao Valor Recuperável: sempre que for percebida uma variação no valor recuperável de um investimento, ele deverá ser ajustado ao seu valor recuperável contabilizando uma perda que pode ou não ser definitiva. A determinação do valor recuperável de um investimento em participação societária é obtido comparando o valor de alienação (venda) do investimento com o fluxo de caixa gerado por este.(CPC 01) 4.6.3.3 Ativo Imobilizado Correspondem aos direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da entidade ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram a ela os benefícios, os riscos e o controle desses bens. (redação dada pela Lei 11.638/07) Observação: Bens corpóreos decorrentes de operações que transfiram à companhia seus benefícios, riscos e controle são aqueles que formalmente não são da empresa, mas que o são em sua essência. O exemplo clássico é a aquisição de um bem por meio do leasing, o bem fica em nome da instituição financeira mas na verdade é do contratante do financiamento. Imobilizado são ativos tangíveis que: a) são mantidos para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, para aluguel a terceiros ou para fins administrativos. b) se espera sejam utilizados durante mais de um período (exercício). E, apenas será reconhecido se: a) for provável que futuros benefícios econômicos associados ao item fluirão para a entidade. b) o custo do item puder ser mensurado de maneira confiável. Dizemos que é de natureza relativamente permanente porque praticamente nenhum bem (exceto terrenos) possui vida ilimitada dentro da empresa, sofrendo desgaste com o uso e, com o passar do tempo, obsolescência. Isso tanto é verdade que a própria lei reconhece e autoriza as empresas a contabilizarem tais desgastes através dos encargos de depreciação. As principais contas componentes do Imobilizado são: Terrenos: esta rubrica compreende os investimentos efetuados pela empresa na aquisição de terrenos, incluindo os gastos legais com escritura e registros. Apenas os terrenos Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 18 utilizados nas operações da empresa devem estar aqui compreendidos. Os terrenos relativos a construções em andamento devem estar classificados em “Obras em Andamento”, enquanto eventuais terrenos adquiridos para especulação, para aluguel ou expansão remota devem ser classificados em investimentos. Construções: incluem-se aqui todos os custos incorridos pela empresa na construção de edifícios utilizados nas operações da empresa, tanto industriais como de administração e vendas. No caso de imóveis adquiridos, esta rubrica poderá ser substituída pela conta intitulada de “Imóveis” ou “Edificações”. Instalações: devem ser registrados como instalações todos os gastos necessários ao funcionamento da empresa despendidos na instalação de divisórias, estantes, prateleiras, bem como as instalações especiais elétricas e hidráulicas requeridas para melhor funcionamento ou por condições especiais das operações da empresa. Quando os gastos de instalações se confundirem com o próprio equipamento instalado, deverão fazer parte do custo de equipamento; porém, quando for possível identificar a própria instalação em si, com vida útil autônoma, os custos integrarão a rubrica instalações. Máquinas, aparelhos e Equipamentos: são aqui incluídos os custos havidos na aquisição e instalação de máquinas, aparelhos e equipamentos, ou seja, todos os custos além do preço pagos a fornecedores, como impostos, transportes, preparação para instalação etc. No caso, por exemplo, da instalação de um equipamento de pintura, poderá ser necessária uma instalação elétrica especial devido à voltagem requerida pelo equipamento de pintura. O custo dessa instalação será incorporado ao do equipamento. A Empresa poderá ter ainda efetuado instalações antipoluente e contra incêndio, as quais constituirão um item à parte dentro da rubrica instalações. Móveis e Utensílios: esta conta registra todos os bens representados por mesas e cadeiras, máquinas de escrever e calcular, arquivos, armários, etc. Veículos: registra-se aqui o custo de aquisição de veículos de transporte externos à empresa, tanto utilizados pela administração, como por vendas e pela produção. Empilhadeiras, vagões, carrinhos, etc. utilizados internamente fazem parte de “Equipamentos”. Obras em Andamento: são compreendidos por este item os custos incorridos pela empresa na construção de unidades fabris, comerciais e administrativas, incluindo custo de construção, importação em andamento, adiantamentos a fornecedores e prestadores de serviços, bem como almoxarifado de materiais a serem utilizados. O custo dos bens levados para o Imobilizado compreende todos os gastos necessários para ter os bens em funcionamento na empresa. Por exemplo, o custo de uma prensa será, além daquele constante da nota fiscal, o custo de transporte e instalação no local, até o seu funcionamento. Não se integram nesses custos, porém, os custos financeiros. Salienta-se ainda que dada as particularidades de cada empresa, há diferenças entre as contas que podem surgir em seus ativos imobilizados, de maneira que em cada caso o contador deve eleger o conjunto de contas que melhor reflita a realidade daquela empresa. 4.6.3.4 Ativo Intangível Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 19 Nas definições do CPC 04, bem intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física. “No Intangível consideramos os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido”. (incluído pela Lei n. 11.638/07) As principais contas componentes do Intangível são: Marcas: podem ser próprias ou adquiridas de terceiros. Os valores relativos a marcas próprias são sempre muito pequenos, uma vez que só podem ser lançados nesta conta os valores gastos no efetivo registro e criação da marca, entre outros valores correlatos. O valor de uma marca própria é função de pesados investimentos em publicidade e propaganda, entretanto, esses gastos devem ser lançados como despesas. Patentes, fórmulas e outros direitos de propriedade industrial: o procedimento é muito similar às marcas. Quanto a patentes próprias, só é possível contabilizar gastos da fase de desenvolvimento. Os gastos da fase de pesquisa devem ser considerados como despesa. Quanto a patentes adquiridas, deve-se contabilizar o valor efetivamente desembolsado na aquisição. Softwares: os softwares adquiridos por meio de licenças ou desenvolvidos internamente na empresa podem ser classificados no Intangível se puderem ser identificados e vendidos em separado da empresa ou proporcionarem benefícios econômicos futuros. Um exemplo seria um sistema de gestão padrão fornecido por empresas especializadas. Caso a empresa não queira mais utilizá-los, pode até vendê-los a outra empresa do mesmo grupo ou a terceiros. Software desenvolvidos internamente na empresa como parte de um sistema adquirido ou mesmo completamente desenvolvido podem ser considerados um Ativo Intangível, se atenderem aos requisitos de: a) identificação como um ativo que irá gerar benefícios futuros; e b) determinar, com segurança, seu custo. Obs: os benefícios econômicos futuros com o desenvolvimento interno de um aplicativo para a folha de pagamentos ou qualquer outro sistema isolado e particular são de muito difícil comprovação, embora os custos sejam possíveis de determinar com segurança. Os gastos deste tipo devem ser lançados como despesa do período. Licenças e Franquias: quando uma empresa aplica recursos para obter licenças ou franquias de terceiros, esses gastos são de fácil mensuração e os benefícios também, uma vez que a empresarealiza esses investimentos esperando determinado resultado. Licenças se referem a software, mas também podem se referir a tecnologia para produzir um produto no Brasil. Franquias se referem aos valores gastos como pagamento a direitos de exploração de uma marca de terceiros. Direitos Autorais: se a empresa pagar por conteúdo escrito ou sob a forma de áudio ou vídeo para fins de exploração por determinado período, esses valores devem ser classificados no intangível. Normalmente esses direitos não requerem nenhum desembolso e, nesse caso, não há o que ser contabilizado no intangível. Uma editora que tenha o direito para publicação Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 20 de um livro não é detentora dos direitos sobre esse livro, mas apenas está autorizada a publicá-lo. Ativos Intangíveis em Desenvolvimento: classificam-se nesse conjunto de contas todos os gastos que puderem ser determinados com segurança e que permitam levantar os benefícios econômicos futuros que possam vir a ser gerados por esses ativos intangíveis. Exemplo: software interno, se não conseguir comprovar os benefícios econômicos, contabiliza como despesa. Concessões Públicas: referem-se por exemplo, a aplicação de recursos nos leilões de concessões de telefonia fixa e celular, concessões de estradas, etc. Uma empresa se quer operar telefonia celular em um município brasileiro tem que adquirir licença de uma empresa existente ou participar de uma licitação pública, quando esta ocorrer. No caso de uma licitação, a empresa vencedora desembolsará um valor em dinheiro somente pela autorização pública de operar serviços de telefonia naquele município. A partir da obtenção dessa licença, a empresa terá que instalar todos os equipamentos necessários para construir uma rede de telecomunicações que seja capaz de oferecer os serviços de telefonia celular naquele município. A amortização do investimento para obtenção da concessão deve ser feita pelo prazo de concessão que consta na licitação pública. Direitos sobre Recursos Florestais: são os direitos de exploração de florestas de terceiros. Direitos sobre Recursos Minerais: dependendo da natureza pode ser Tangível ou Intangível. Contas retificadoras do Ativo Imobilizado/Intangível: Depreciação, Amortização, Exaustão O custo dos ativos deve ser alocado aos exercícios sociais (período) beneficiados pelo seu uso no decorrer de sua vida útil, e a contabilização deve corresponder ao desgaste efetivo pelo uso ou perda de sua utilidade, mesmo que por ação da natureza ou obsolescência. A esse respeito a Lei n. 6.404/76, art. 183, § 2º estabelece: § 2° A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado e intangível será registrada periodicamente nas contas de: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência; b) amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado; c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração. Tal valor deve ser reduzido do valor original dos bens em uma conta chamada Depreciação Acumulada, Amortização Acumulada ou Exaustão Acumulada. Importante Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 21 destacar que, dentre os bens tangíveis constantes no imobilizado, o único que não sofre depreciação é terrenos. Ex. depreciação: A empresa adquiriu uma máquina para uso nas suas atividades industriais em 1 de janeiro de 2003 no valor de R$ 100.000,00. No decorrer do ano esta máquina sofreu desgastes pelo uso. Como contabilizar este gasto de capital? Considerando que a máquina deprecie 10% ao ano, o valor do desgaste seria de R$ 10.000,0 o qual deve aparecer contabilizado em uma conta redutora da conta Máquinas denominada Depreciação Acumulada. Ativo Não Circulante Imobilizado Máquinas................................................100.0000,00 Depreciação acumulada máquinas........ (10.000,00) Ex. Amortização: A empresa adquiriu o direito de explorar uma determinada marca pelo período de 25 anos pelo valor de R$ 50.000,00. Assim, a cada ano que passa utiliza R$ 2.000,00 desse direito, o qual deve ser registrado em conta de amortização acumulada. Ativo Não Circulante Intangível Marcas................................................ 50.0000,00 Amortização acumulada..................... (2.000,00) Ex. exaustão: A empresa possui a concessão para exploração de recursos florestais referentes plantação de eucaliptos para utilização. Vamos considerar que: a) o custo de aquisição da concessão foi de R$ 360.0000; b) a quantidade total foi de 300 hectares de floresta com eucaliptos plantados; c) A extração ano giro em torno de 75 hectares de floresta; d) Taxa de exaustão do ano = 75/300 = 25% e) Exaustão do ano = 360.000,00 x 25% = 90.000,00 Ativo Não Circulante Imobilizado Recursos Florestais................................................ 360.0000,00 Exaustão acumulada................................................ (90.000,00) Importante mencionar que toda vez que um bem/direito é depreciado, amortizado ou exaurido, enquanto no ATIVO figura uma conta retificadora chamada Depreciação Acumulada/Amortização acumulada/Exaustão Acumulada, na Despesa cria-se uma outra conta para contabilizar este encargo como redutor do resultado da empresa denominada Depreciação/Amortização/Exaustão. Redução ao Valor Recuperável: a Lei n. 6.404/76, em seu art. 183, determina que os valores aplicados no Imobilizado e no Intangível devem ter revisão periódica sobre a Recuperação do valor investido nesses ativos. Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 22 O CPC 01 (correlação com a NBC TG 01) em seu item 8, diz: a entidade deve avaliar, no mínimo ao fim de cada exercício social, se há alguma indicação de que um ativo possa ter sofrido desvalorização. Se houver alguma indicação, a entidade deve estimar o valor recuperável do ativo.” 4.6.4 Definição de Passivo (P) Montoto (2011) define: “Um passivo é uma obrigação presente, cuja origem é um fato gerador ocorrido no passado ou presente e que acarretará, em favor de um terceiro, a transferência, no futuro, de um ativo da empresa, normalmente, disponibilidades em dinheiro, prestação de serviço ou, ainda, substituição de um passivo por outro com prazo e condições apropriadas.” Conforme a NBC TG – Estrutura Conceitual – “Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos.” 4.6.5 Passivo Circulante Compreende todas as obrigações da empresa vencíveis no prazo de um ano ou, se o ciclo operacional for maior que um ano, as obrigações vencíveis no prazo do ciclo operacional. Essas obrigações devem ser tanto as conhecidas (por exemplo, duplicatas a pagar, promissórias a pagar, salários a pagar) como as calculáveis com precisão, tais comovariações cambiais e juros, quanto as calculáveis apenas aproximadamente, como provisões para férias e 13º salário dos empregados. Principais Contas: Fornecedores: esta conta se origina das operações de compra a prazo, no mercado nacional ou no exterior, de matérias-primas a serem usadas no processo produtivo, mercadorias destinadas a revenda ou de insumos, outros materiais e serviços. Tais compras são adquiridas pela empresa no mercado nacional ou no exterior, sendo representadas por duplicatas a pagar na data do balanço. Duplicatas a Pagar: esta é uma classificação genérica. Qualquer tipo de débito de mercadoria ou serviços que a empresa possa ter comprado com prazo para pagamento pode se encaixar nesta conta. Tributos a Pagar/Recolher: compreende as obrigações relativas a impostos, taxas e contribuições. Pode aparecer destacada ou englobadamente nos balanços. Nota: recomenda-se usar a expressão a “pagar” para aqueles tributos em que a empresa é o contribuinte, e a expressão “a recolher” quando atua como agente arrecadador, como por exemplo, Imposto de Renda Retido na fonte (IRRF). Salários e Encargos Sociais a pagar: refere-se às obrigações da empresa junto a seus empregados, bem como aos agentes arrecadadores de contribuições sociais, como INSS e CEF (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Devem figurar aqui tanto as obrigações conhecidas como aquelas previsíveis e calculáveis na data do balanço. Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 23 Empréstimo e Financiamentos de Instituições Financeiras: compreendem os recursos obtidos pela empresa junto a instituições financeiras do país para financiamento das imobilizações ou do giro dos negócios. Essas obrigações são contraídas mediante contratos que fixam o valor total, forma e época de liberação das parcelas, finalidade dos recursos, cláusulas de pagamento e que especificam também os juros, a forma de correção, etc. Recomenda-se utilizar a expressão empréstimos para aqueles recursos tomados para livre aplicação pela empresa, onde normalmente as garantias são representadas por duplicatas entregues em caução e cobrança. A expressão financiamentos seria usada para os recursos destinados especificamente a financiar determinados bens, como máquinas, equipamentos, construções, que servirão de garantia para a instituição financeira. É comum neste caso os recursos serem creditados diretamente ao fornecedor dos bens. Duplicatas Descontadas: Indica desconto antecipado das Duplicatas a Receber em estabelecimentos bancários. O banco compra a vista as duplicatas, “descontando” no ato as despesas bancárias e os juros a que tem direito pelo período que transcorrerá entre a data do desconto e a data do vencimento das duplicatas. Outras Contas de Passivo Circulante: a regra com relação ao Passivo Circulante é semelhante à do Ativo Circulante, no que se refere a outras contas: pequenos valores podem ser agrupados, enquanto as contas mais significativas devem ser individualizadas. Valem para o Passivo Circulante os mesmos percentuais e observações feitas para as “Outras Contas do Ativo Circulante”. As contas mais encontradas, sob esse grupo, no Passivo Circulante são: - Adiantamentos de clientes: representam os valores recebidos pela empresa por conta de futura entrega de bens ou serviços. - Contas a Pagar: representativas das obrigações da empresa surgidas em função de aquisição de utilidade e serviços, como energia, água, telefone, propaganda, honorários profissionais de terceiros, aluguéis, etc. - Contas Correntes: são as obrigações da sociedade, provenientes de transações habituais com terceiros em geral, prestadores de serviços ou provenientes de empréstimos tomados junto a diretores e sócios. - Dividendos, Gratificações e Participações: refere-se às participações nos lucros destinados a empregados, administradores e partes beneficiárias previstas no estatuto social. - Empréstimo em Moeda Estrangeira: refere-se às obrigações da empresa junto a instituições financeiras do exterior, cujos recursos obtidos foram destinados ao financiamento das imobilizações ou do capital de giro. - Empréstimos Exterior Coligadas/Matriz: conta representativa das obrigações da sociedade junto a coligada situada no exterior, proveniente de empréstimos de numerário. - Imóveis a Pagar: refere-se às obrigações da empresa, provenientes de aquisição de bens imóveis, financiados pelos próprios vendedores de tais bens. - Títulos a Pagar: são obrigações resultantes de financiamentos obtidos junto a pessoas físicas ou outras empresas que não sejam instituições financeiras. - Empresas Coligadas/Controladas: representativas das obrigações da sociedade junto a empresas coligadas, sediadas no país, provenientes de empréstimos de numerário, cujo resgate da dívida ocorre com a devolução do dinheiro emprestado. Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 24 - Outros Débitos: esse item destina-se a agrupar as contas do Passivo Circulante cujos valores são irrelevantes, comparativamente com as demais evidenciadas, bem como as contas que não precisam ser evidenciadas com títulos específicos. 4.6.6 Passivo Exigível a Longo Prazo O Exigível a Longo Prazo compreende as obrigações da empresa vencíveis em prazo superior a um ano ou superior ao ciclo operacional da empresa. Normalmente, os créditos superiores a um ano ocorrem por contratos firmados pela empresa com instituições financeiras, como Bancos de Investimentos ou de Desenvolvimento. Excepcionalmente, podem surgir créditos de longo prazo decorrentes de negociações com fornecedores ou de parcelamento de dívidas junto ao Governo. Principais Contas: Financiamentos de Instituições de Créditos (sob diversas modalidades). Adiantamentos (idem Passivo Circulante). Contas a Pagar. Contas Correntes. Empresas Coligadas/Controladas. Títulos a Pagar. Ajuste a Valor Presente – conta redutora de CP (se relevante) e de LP. Em operação financiada, os fornecedores embutem normalmente os juros aos preços. O ajuste, na verdade, são os juros a transcorrer que são apropriados ao resultado como despesas financeira, com o passar do tempo e por competência. Receitas a Apropriar - receitas recebidas antecipadamente. 4.6.7 Patrimônio Líquido Segundo Montoto (2011), “O Patrimônio Líquido, em sua origem, representa apenas o Capital dos sócios. À medida que a empresa opera com lucro, o valor do patrimônio líquido aumenta. Em contrapartida, quando há prejuízo o valor do patrimônio líquido diminui.” Existem diversas teorias que definem o Patrimônio Líquido. Destacamos duas: a do Proprietário e a da Entidade. Na teoria do Proprietário, os ativos pertencem a ele, assim como as obrigações. O patrimônio líquido é a riqueza líquida desse proprietário, calculado como a diferença entre o total do ativo e o total das obrigações. Essa é a realidade nas empresas de pequeno porte ou familiares. Na teoria da Entidade, base da Contabilidade Internacional, existe a nítida separação entre a propriedade da empresa e a propriedade particular de seus sócios. Tal separação é a espinha dorsal das sociedades anônimas, uma vez que a propriedade nada tem a ver com gestão; além disso, os proprietários têm suas personalidades absolutamente desvinculadas da personalidade jurídica da empresa (Entidade). Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 25 “ A essência da teoria da entidadeé que credores, bem como acionistas, contribuem com recursos para a firma, e a empresa existe como entidade separada e distinta desses dois grupos. Os ativos pertencem à firma e não aos proprietários. A receita é recebida tornando-se propriedade da entidade, e as despesas incorridas são obrigações da entidade. Qualquer lucro pertence à entidade e é apropriado aos acionistas apenas quando o dividendo é declarado.” (RIBEIRO FILHO, et. al. 2009 P. 122) O Patrimônio Líquido representa o capital próprio da empresa sendo composto pelos recursos dos acionistas/sócios/proprietários formados por Capital – dinheiro ou bens – entregues à empresa, por lucros gerados pela empresa e por reservas que podem ser formadas por lucros. Principais Contas Capital Social: compreende (l) os recursos iniciais conferidos pelos acionistas/sócios à empresa: (2) os aportes posteriores de capital efetuados, ambos sob a forma de dinheiro ou bens; (3) os aumentos por transferências das contas de Reservas e Lucros Acumulados. O valor do Capital que deve constar no Patrimônio Líquido é o Resultado, ou seja, o total efetivamente integralizado pelos proprietários. Dessa forma, se existir parcela do capital não integralizada pelos proprietários, a empresa apresentará a conta de Capital Social Subscrito e a conta devedora de Capital a integralizar, sendo que o líquido entre ambas representa o capital realizado. Reservas de Capital: refere-se a acréscimos patrimoniais que não transitaram pelo resultado como receitas. São classificadas como reservas de capital as seguintes contas: - Correção Monetária do Capital: item que registra o resultado da correção monetária do capital realizado enquanto não capitalizado. - Ágio na Emissão de Ações: refere-se ao valor excedente do preço pago pelos acionistas à sociedade, quando da subscrição de ações, em relação ao valor nominal . Caso a companhia adote o critério de ação sem valor nominal, a contribuição do subscritor que ultrapassar o preço de emissão será considerada, também, reserva de capital. - Alienação de Partes Beneficiárias: são títulos emitidos pela empresa para beneficiar pessoas que prestaram serviços reconhecidamente importantes na vida da sociedade. São títulos de crédito sem valor nominal emitidos exclusivamente por companhia sociedade anônima de capital fechado, que dão direito aos seus titulares à participação nos resultados de até dez por cento do lucro líquido da empresa. Esses títulos podem ser vendidos por um valor negociado entre as empresas e os beneficiários. Somente nesse caso a alienação de partes beneficiárias significará a formação de reserva de capital. Caso esse título seja concedido sem valor, a informação sobre sua existência deverá constar das notas explicativas. - Alienação de Bônus de Subscrição: compreende o valor ganho pela sociedade; provém da venda de direito de subscrição. Esses títulos conferem aos adquirentes o direito de subscrever ações no próximo aumento do capital, sendo uma espécie de ágio pago antecipadamente. Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 26 Ações em Tesouraria: quando um sócio vende suas ações para a própria empresa, essa recompra pode ser contabilizada de duas formas: proceder uma redução de capital, com a devolução dos recursos aos sócio, ou a empresa devolver o dinheiro ao sócio e ficar com a posse das próprias ações (ações em tesouraria). Ajuste de Avaliação Patrimonial: essa conta é utilizada para computar as diferenças positivas ou negativas de instrumentos financeiros que não têm suas variações de valor computadas no resultado Reserva de Lucros: são a parte dos lucros retidos ao final de cada exercício no Patrimônio Líquido, para finalidade específicas definidas pela Lei 6.404/76, conforme abaixo: - Reserva Legal: ao final de cada exercício a empresa deverá reservar o equivalente a 5% do lucro líquido. O saldo da reserva legal não poderá ultrapassar 20 % do capital social. Aplica-se somente às Sociedades Anônimas. - Reservas Estatutárias: são constituídas por determinação estatutária e absorvem, naturalmente, uma parcela dos lucros do exercício. Há várias modalidades de reservas estatutárias, entre as quais: - Reserva para Resgate ou Amortização de Ações. - Reserva para Resgate de Partes Beneficiárias. - Reserva para Expansão. - Reservas para Contingências: constituídas com a finalidade de compensar, em exercícios futuros, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável. - Com a sua constituição está-se fortalecendo a posição da sociedade e evita a distribuição de dividendos quando se prevêem significativas quedas no lucro líquido. - Reservas de Lucros a Realizar: constituídas com o objetivo de reter na empresa a parcela de lucros ainda não realizada financeiramente, assim, evitar a distribuição de dividendos realizados a lucros existentes economicamente, mas financeiramente não realizados. Os lucros a realizar são provenientes de: - Saldo credor da conta de correção monetária. - Aumento do valor do investimento em coligadas e controladas. - Lucro em vendas a prazo realizável após o término do exercício seguinte. Lucros ou Prejuízos Acumulados: conta representativa do saldo restante dos lucros ou prejuízos após as destinações para reservas de lucros e dividendos distribuídos. Essa conta interliga o balanço à demonstração do resultado do exercício. Importante: A conta Lucros Acumulados foi extinta do Balanço Patrimonial publicado. Essa alteração ocorreu pela Lei n. 11.638/07 e foi ratificada pela Lei 11.941/09, para as Sociedades Anônimas (S/A) . Os lucros devem ser destinados às respectivas reservas e distribuídos como dividendos. Portanto, no balanço de S/A. essa conta tem saldo zero (nem aparece no balanço publicado), ou tem prejuízo acumulado. Contas Retificadoras do Patrimônio Líquido: Capital a realizar/integralizar, ações em tesouraria/quotas liberadas Material Didático Disciplina Contabilidade Introdutória Profª. Vânia Stiebbe, Unisc,2015. 27 Capital a Realizar: refere-se à parcela de capital social subscrita pelos sócios, mas não paga à empresa. Por isso, deve ser deduzido do Capital Social. Prejuízos Acumulados: refere aos prejuízos gerados pela empresa que reduzem o valor do capital próprio. Ações em Tesouraria/Quotas Liberadas: são aquelas adquiridas pela própria empresa, tendo em vista: operações de resgate, reembolso ou amortização de ações/quotas; diminuição do capital. A operação de compra de ações/quotas pela própria companhia equivale a uma devolução de patrimônio líquido, motivo pelo qual a conta que a registra (ações em tesouraria/quotas liberadas) deve ser reduzida da conta do patrimônio que registra a origem dos recursos aplicados na sua aquisição. 4.7 BALANÇO PATRIMONIAL: SITUAÇÃO FINANCEIRA X SITUAÇÃO ECONÔMICA Ao longo do estudo do Balanço Patrimonial deixou-se evidente que o mesmo evidencia a situação patrimonial (bens, direitos e obrigações) da empresa. Marion (2005) atribui ainda ao Balanço Patrimonial a função de indicador da SITUAÇÃO FINANCEIRA e da SITUAÇÃO ECONÔMICA DA ENTIDADE. Situação Financeira A situação financeira de uma entidade está relacionada com a sua capacidade de pagamento. Assim, o Balanço Patrimonial permite a comparação de quanto a empresa possui a receber no curto prazo e quanto possui a pagar no curto prazo, da mesma forma evidencia quanto a empresa possui a receber no longo prazo e quanto possui a pagar no longo prazo. Através da análise dessas relações entre direitos