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2 Teoria Geral dos Recursos (1ª parte)

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL V Profª Évelyn Cintra Araújo 
PARTE II - SISTEMA RECURSAL DO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO
1 TEORIA GERAL DOS RECURSOS
1.1 Justificativa
	Ainda que dotado de imparcialidade, é impossível conferir às decisões do juiz o caráter de imutabilidade, posto que, pela sua condição de ser humano, está sujeito à falibilidade e à má-fé.
	Alia-se a essa circunstância, pelo mesmo fundamento, o fato de a parte vencida naturalmente inconformar-se com o ato decisório, fazendo-se necessária a disposição de um instrumento capaz de possibilitar-lhe o reexame.
1.2 Conceito
	Tal instrumento ou mecanismo revela-se no instituto do recurso, cuja origem etimológica vem do latim recursus, que significa a repetição de um mesmo caminho, podendo ser conceituado, como "ato processual por meio do qual o interessado busca o reexame de uma decisão judicial pela mesma autoridade judiciária que a proferiu, ou por outra hierarquicamente superior, objetivando o seu esclarecimento, a sua integração, a sua reforma ou a sua invalidação".
	É, portanto:
a) ato processual: o recurso é uma extensão do direito de ação, pois não inaugura uma nova relação processual; é apenas seu prosseguimento em nível de 2º grau. 
	O recurso, portanto, não é uma ação distinta, mas um ato processual. É um simples aspecto do direito de recorrer. Como ato voluntário do interessado, trata-se de um ônus processual, pois, se não praticado, pode acarretar uma risco para a parte.
	Andou bem, assim, o NCPC, que, em seu art. 203, §1º, define a sentença como “(...) o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.” Isso significa que o processo não termina com a sentença, mas apenas a fase cognitiva, sendo possível ainda a fase recursal, ou até mesmo a fase do cumprimento de sentença.
b) por meio do qual o interessado: diz-se interessado, pois nem sempre é manejado pelo autor ou pelo réu, vencido no procedimento de 1º grau. Se um terceiro provar que tem um interesse jurídico no julgamento do recurso, poderá interpô-lo (art. 996, parágrafo único, NCPC), ou até mesmo o MP, seja como autor ou fiscal da ordem jurídica (art. 996, caput).
 
c) busca o reexame de uma decisão judicial pela mesma autoridade que a proferiu: quando se tratar de embargos de declaração, cujo efeito será, em razão de serem apreciados pelo mesmo juízo que proferiu a decisão, iterativo ou não devolutivo. Aliás, este é um dos motivos pelos quais se questiona a natureza recursal dos embargos declaratórios.
d) ou por outra hierarquicamente superior: pressupõe-se, dessa forma, em geral, a reapreciação por um órgão superior, composto por um corpo de magistrados supostamente mais experientes e dotados de um maior saber jurídico, organizados em colegiados, com o fito de se alcançar maior segurança na entrega da prestação jurisdicional. 
	Trata-se de mais um dos fundamentos ou justificativas dos recursos, a par da falibilidade e má-fé do julgador, bem como do natural inconformismo do vencido.
	Essa ordem escalonada em que se encontra o Poder Judiciário, cabendo aos órgãos superiores o julgamento de recursos, decorre do princípio do duplo grau de jurisdição, cuja análise já foi realizada.
e) objetivando o seu esclarecimento, a sua integração, a sua reforma ou a sua invalidação: esclarecer ou integrar quando o objetivo não é modificar a decisão, mas apenas suprir obscuridades, contradições ou omissões nela existentes. É o que acontecesse nos embargos de declaração. Mas o recurso pode ter por fim também a reforma da decisão, substituindo-a por outra, no caso de error in iudicando (vício na sua essência); ou a sua invalidação, apenas cassando-a quando eivada de error in procedendo (vício processual). Em todos os casos visa-se impedir a formação da coisa julgada.
	Error in procedendo - quando houver vícios que se apontam no processo e que são suscetíveis de afetar a decisão. 
Error in iudicando - se refere à injustiça da sentença, em virtude erro cometido pelo juiz na solução das questões de fato ou de direito.
A doutrina clássica de Chiovenda já traçava a distinção entre errores in procedendo ou vício de atividade, compreendendo os vícios referentes ao desrespeito pelo juiz (ou da parte contrária, tornando este co-responsável) de normas de procedimento, causando um gravame à parte, invalidando o ato judicial, pois não relaciona ao seu conteúdo; e errores in iudicando ou vício de juízo, de natureza substancial, de conteúdo, provocando injustiça do ato judicial; refere-se ao próprio mérito da causa.
1.3 Classificação dos recursos: Não há uma unanimidade a despeito da classificação dos recursos, utilizando cada autor de critérios diferenciados, sendo alguns coincidentes e outros não. Em razão disso, proveitoso parece açambarcar de todos aqueles dispostos na doutrina pátria, sem parcimônia, a fim de que subsidie, ou pelo menos, nos situe no estudo a ser esposado posteriormente. 
Os recursos podem ser classificados:
1.3.1 Quanto à natureza: os recursos podem ser comuns e excepcionais, dizendo estes respeito ao direito objetivo,� e aqueles ao direito subjetivo.�
a) comuns (quanto ao direito subjetivo): comuns são os que objetivam a reapreciação da decisão por ter havido mera sucumbência; têm por fim o reexame da matéria tanto de fato quanto de direito. São eles: apelação (art. 1.009); agravo de instrumento (art. 1.015); e recurso ordinário (art. 1.027).
b) excepcionais (quanto ao direito objetivo): são aqueles cuja reapreciação da decisão objetiva uniformizar a aplicação do direito objetivo (a norma). Por terem finalidade especial, não reapreciam matéria de fato , somente a matéria de direito. São eles: recurso especial (dirigido ao STJ, é cabível quando a questão versar sobre lei infraconstitucional – art.. 105, III, CF); recurso extraordinário (dirigido ao STF, é cabível quando a questão versar sobre matéria constitucional – art. 102, III, CF); os embargos de divergência (cabíveis quando houver divergência do julgamento do REsp ou do RE - art. 1.043); e o agravo em REsp e RE (serve para destrancar o REsp ou RE inadmitido pelo presidente ou vice presidente do tribunal a quo, desde que não tenham sido submetidos ao regime de recursos repetitivos – art. 1.042). 
Os embargos de declaração, por sua natureza sui generis, enquadram-se em qualquer das hipóteses supra, assim como o agravo interno (art. 1.021). 
1.3.2 Quanto à importância:
a) principal: é o que, havendo sucumbência total ou parcial, foi interposto por uma ou ambas as partes no prazo estabelecido pela lei. No último caso, os dois recursos são independentes (art. 997, NCPC).
b) adesivo ou dependente: recurso adesivo (ou dependente) é aquele que, havendo sucumbência parcial ou recíproca (vencidos autor e réu), pode ser interposto pela parte no prazo de que dispõe para responder o recurso principal, a este aderindo (art. 997, §1º). 
Isso é possível quando a parte perdeu o prazo do seu recurso principal, ganhando agora uma nova chance de recorrer na ocasião das contrarrazões do recurso principal da outra parte (art. 997, §2º, I).
Nos termos do art. 997, §§ 1º e 2º, NCPC, o recurso adesivo não é um recurso autônomo, pois fica subordinado ao recurso principal, devendo submeter às mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade (preparo, tempestividade etc) e julgamento no tribunal. 
A dependência é notável, inclusive, pois que o recurso adesivo não será conhecido caso o recorrente do recurso principal dele venha desistir, ou se for ele considerado inadmissível (art. 997, §2º, III). Por isso, para os doutrinadores, não é uma espécie de recurso, mas um modo de interposição, assim como é também o meio independente. 
Aliás, nem todo recurso é interposto pela forma adesiva, mas tão-somente a apelação, os recursos especial e extraordinário (art. 997, §2º, II). 
1.3.3 Quantoà iniciativa recursal:
a) voluntários: iniciativa da parte vencida, do terceiro prejudicado ou do MP, seja quando estiver atuando como parte ou como fiscal da ordem jurídica (art. 996).
necessários: iniciativa do juiz, de ofício, nos casos expressamente previstos em lei (art. 496). 
Por ser a remessa necessária mero ato administrativo vinculado do juiz, como manifestação do princípio do inquisitivo, devolvendo o conhecimento ao tribunal de decisão proferida contra a Fazenda, em atendimento ao interesse público, pode-se dizer, tecnicamente, que ela não é recurso. 
Dessa forma, existe apenas recurso voluntário, manejável, como visto, pela parte vencida, Ministério Público e terceiro prejudicado.
1.3.4 Quanto à extensão (art. 1.002, NCPC): 
a) totais: quando a extensão da irresignação abrange toda a sucumbência. 
b) parciais: quando se impugna apenas parte ou capítulo da decisão que tenha sido desfavorável. Não se pode confundir com sucumbência recíproca, quando ambas as partes são vencedoras e vencidas em parte da decisão, o que não obsta de recorrerem totalmente ou parcialmente, porém, nos limites da sucumbência de cada uma. 
1.3.5 Quanto ao juízo para o qual se recorre: 
a) iterativos: se devolve a matéria para reexame ao mesmo órgão que proferiu a decisão recorrida, como nos embargos de declaração; 
b) reiterativos: se para órgão imediatamente superior, como na apelação e nos recursos ordinário, especial e extraordinário;
c) mistos: se houver devolução tanto para o órgão a quo quanto para o ad quem, como no agravo de instrumento.
1.4 Forma de interposição: será mencionado quando falarmos do pressuposto recursal objetivo “forma” ou regularidade formal (letra “g”, item 1.8.2, infra).
1.5 Autoridade a quem o recurso é dirigido: a petição do recurso, normalmente, é dirigida ao juízo a quo, ou seja, aquele que proferiu a decisão recorrida, salvo no agravo de instrumento que é interposto diretamente no juízo ad quem (tribunal), pois o processo continuará a tramitar na origem. Apesar desta situação excepcional, o juízo a quo tomará conhecimento da interposição do agravo em tempo oportuno para, se quiser, exercer o juízo de retratação (art. 1.018).
Via de regra, interposto o recurso, cabe ao juízo a quo apenas intimar a parte contrária para oferecer as contrarrazões e, em seguida, remeter os autos ao juízo ad quem, independentemente de juízo de admissibilidade. É o ocorre com a maioria dos recursos, exceto nos recursos especial e extraordinário que, por força da alteração dada ao art. 1.030 do NCPC pela Lei n. 13.256/16, após a oportunidade dada ao recorrido às contrarrazões, os autos serão conclusos ao presidente ou vice presidente do tribunal de origem que fará o juízo de admissibilidade.
	 
1.6 Juízo de admissibilidade e Juízo de mérito 
	
	Durante a sua apreciação, o recurso submete-se a dois tipos de exame: 
juízo de admissibilidade: onde se verifica, até mesmo de ofício (por se tratar de matéria de ordem pública), o atendimento a todos os requisitos formais do recurso (pressupostos recursais), os quais, se presentes, autorizam o posterior conhecimento do mérito do recurso pelo órgão julgador, ou seja, o juízo de mérito.
	Valer lembrar que o juízo de admissibilidade não é realizado pelo juízo a quo, salvo nos recursos especial e extraordinário, quando então o presidente ou vice-presidente do tribunal a quo poderá dar ou negar seguimento ao recurso (art. 1.010). 
	Sendo assim, regra geral, quem o faz é apenas o juízo ad quem, o qual conhecerá ou não o recurso. Importante lembrar que o órgão ad quem poderá realizar mais de um juízo de admissibilidade: 1º) monocraticamente pelo relator; e 2º) pelo colegiado em sessão de julgamento. O segundo juízo não se vincula ao primeiro, sendo possível o colegiado não conhecer do recurso, ainda que o relator tivesse já o conhecido anteriormente.
 Da decisão do relator que não conhece do recurso cabe agravo interno; e da decisão do colegiado pode caber recurso especial ou extraordinário se houver violação da norma.
juízo de mérito: momento em que o órgão ad quem, depois de conhecer do recurso (juízo positivo de admissibilidade), verificará se assiste ou não razão ao recorrente, dando-lhe o provimento ou negando-lhe o provimento. 
	Portanto, o juízo de admissibilidade é sempre e necessariamente preliminar ao juízo de mérito.
	O julgamento do recurso é geralmente de competência do colegiado, porém excepcionalmente o juízo de mérito pode ser realizado monocraticamente pelo relator, negando provimento a recurso contrário a precedentes judiciais, ou dando provimento a recurso quando a decisão recorrida é que estiver contrário a tais precedentes. Isto está previsto, respectivamente, nos incisos IV e V do art. 932, NCPC.
	Excepcionalmente também o juízo de mérito pode ocorrer no juízo a quo, quando este, por exemplo, retrata-se e reconsidera a decisão. É o que se chama de juízo de retratação, previsto na apelação (art. 331) e no agravo de instrumento (art. 1.018).
	Vale registrar que, dando o tribunal provimento ao recurso, não poderá haver a reforma da sentença para piorar a situação da parte que recorreu, ou seja, não se admite a reformatio in pejus. Por outro lado, e aí não há que se falar em reformatio in pejus, se houver a interposição de recursos por ambas as partes, como no caso de sucumbência parcial, pois poderá haver a reforma da sentença para pior quando o tribunal dar provimento a um recurso e negar em relação ao outro.
� Direito objetivo: norma agendi.
� Direito subjetivo: facultas agendi.
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