Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Vitor Thiago Camargo - RA.: 011170603-3 Sociedade Corruptiva Corrupção e Pagode | 14-A MEDEIROS, Ricardo Marques de. O Mito do Brasil Corrupto. Gazeta do Povo, 20 Julho. 2012. Caderno G, Disponível em < www.gazetadopovo.com.br > Acesso em 01. 03. 2015. “A percepção da corrupção como um mal endêmico pode criar noções equivocadas de um problema cultural irremediável, dizem especialistas.” (1) “O Brasil nunca viveu na sua história um período democrático tão longo como o atual. Desde 1989, os brasileiros podem eleger o presidente da República. Nesses quase 23 anos de reabertura política, não houve ameaças de golpes e a troca de faixas entre os eleitos foi tranquila.” (1) “A liberdade de expressão fez com que muitos atos escusos cometidos por agentes públicos viessem à tona [...]” (1) “‘Qualquer caso de corrupção, feito com menos peritagem, pode vir à tona. Isso cria uma impressão de que há mais corrupção. O que acontece é que eles [os casos de corrupção] são mais propalados. No período da ditadura, a maior parte dos casos não era divulgada, ficava escondida’ [...]” (1) “’A cultura da corrupção só se desenvolve onde não há noções de ética incorporadas em nossas ações do cotidiano. Não podemos cobrar da classe política honestidade se, em nossas ações diárias cometemos pequenas infrações que comprometem o bem comum’. - Ligia Pavan Baptista , doutora em Ética e professora da Universidade de Brasília (UnB).” (2) “’Se discute muito sobre políticos, autoridades, magistraturas, mas as empresas, os fornecedores e o interesse privado, que também corrompem, são muito pouco divulgados. Para que haja o corrupto, tem de haver o corruptor e toda uma cultura empresarial que vive dependendo desta prática.’ - Ricardo Costa de Oliveira , cientista político e professor da UFPR.” (2) “1990-1992 - O primeiro presidente eleito diretamente após o fim da ditadura militar (1964-1985), Fernando Collor, foi acusado de ser beneficiado por um esquema de corrupção organizado pelo seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias [...]” (3) “1995-1998 - O primeiro governo Fernando Henrique Cardoso ficou marcado pelo escândalo da suposta compra de votos de parlamentares para aprovar a reeleição de presidentes, governadores e prefeitos no país. FHC, popular graças ao sucesso do Plano Real – que estabilizou a moeda e controlou a inflação –, foi beneficiado com a mudança na Constituição. Cardoso tinha a maioria no Congresso, conseguiu barrar a apuração da denúncia e foi reeleito.” (3) Vitor Thiago Camargo - RA.: 011170603-3 Sociedade Corruptiva Corrupção e Pagode | 15-A MEDEIROS, Ricardo Marques de. O Mito do Brasil Corrupto. Gazeta do Povo, 20 Julho. 2012. Caderno G, Disponível em < www.gazetadopovo.com.br > Acesso em 01. 03. 2015. “2003-2006 - Luiz Inácio Lula da Silva também enfrentou um grande escândalo em seu primeiro governo. O mensalão veio à tona quando o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) acusou o ministro da Casa Civil, José Dirceu, de comandar o esquema de pagamento de dinheiro a parlamentares para que votassem a favor do governo. [...]” (3) “2011 - Em seu primeiro ano de mandato, a presidente Dilma Rousseff viu uma série de escândalos derrubarem seis ministros. [...]” (3) “A doutora em Ética e professora da Universidade de Brasília (UnB) Ligia Pavan Baptista liga os pontos: a política brasileira é o reflexo de um descaso histórico com a educação no país. ‘O exercício da cidadania, que vai muito além do voto, exige educação política, informação e conscientização’, [...] ‘A cultura da corrupção só se desenvolve onde não há noções de ética incorporadas em nossas ações do cotidiano. Não podemos cobrar da classe política honestidade se, em nossas ações diárias, cometemos pequenas infrações que comprometem o bem comum.’” (4) “‘[...] As pessoas incorporaram a concepção de que o Estado serve para isso mesmo, e não é possível outra relação senão essa de conseguir viabilizar benefícios específicos.’” (4) “’[...] Se entendemos cultura como um conjunto de práticas historicamente constituídas, o modo como as pessoas têm se relacionado e compreendido a administração pública, aí se pode falar em algo cultural, mas não como uma coisa que não pode ser transformada’[...]” (5) “‘[...] Cultura você não supera com medidas políticas, com decretos, com leis. Cultura você supera com educação, e aí vamos precisar de mais 200 anos’[...]” (5) “‘[...] Para que haja o corrupto, tem que haver o corruptor e toda uma cultura empresarial que vive dependendo desta prática [...]’” (5) “A política, uma atividade cara, permeada de interesses e formas de cooptação, além de um potencial mecanismo de enriquecimento individual, se torna um campo sempre sujeito a oportunismos. ‘A corrupção é intrínseca à própria política’ [...]” (6) “[...]’Mas a própria democracia oferece instrumentos possíveis para combatê-la”, diz Bezerra. “Assim como educação, saúde, políticas públicas voltadas para o coletivo, é importante que a corrupção também seja colocada como uma preocupação permanente do Estado, não de um governo. Aí, os casos serão tratados da maneira séria como merecem, não politicamente, como vem acontecendo’ [..]” (6) Vitor Thiago Camargo - RA.: 011170603-3 Sociedade Corruptiva Corrupção e Pagode | 16-A MEDEIROS, Ricardo Marques de. O Mito do Brasil Corrupto. Gazeta do Povo, 20 Julho. 2012. Caderno G, Disponível em < www.gazetadopovo.com.br > Acesso em 01. 03. 2015. “’O maior perigo da sensação de impunidade para crimes de corrupção no país é produzir essa generalização, e, como consequência dela, uma inércia e um ceticismo em relação à esperança de que nós podemos alterar esse cenário”, destaca Ligia. “Será um grande exemplo para o país se os considerados culpados forem punidos com penas exemplares.’” (7) Vitor Thiago Camargo - RA.: 011170603-3 Sociedade Corruptiva Corrupção e Pagode | 17-A CAULYT, Fernando. Impunidade e falta de controle pela sociedade estimulam corrupção no Brasil. Deutsche Welle, 28 Junho 2013. Política, Disponível em < http://dw.de/p/18yDk > Acesso em 03. 03. 2015. “Para especialistas, sociedade deve fiscalizar com mais rigor as atividades de governantes e gestores públicos. E sem penas duras para os corruptos, o problema jamais terá solução.” (1) “[...] uma pessoa quase nunca devolve o dinheiro que foi usado, por exemplo, para corromper agentes públicos. ‘Então acaba valendo a pena desviar recursos públicos, já que normalmente o culpado não vai para a cadeia e fica em regime aberto’” (2) “Para Gil Castello Branco, fundador e secretário-geral da Associação Contas Abertas – uma organização não governamental que faz o acompanhamento das contas do governo federal – a corrupção não aumentou nem diminuiu, mas continua sendo um problema muito grave no Brasil.” (2) “Além da questão legal, há uma ausência muito forte de controle social. As pessoas não acreditam no sistema legal e não acompanham o exercício da função pública. E, se você não tem um controle social que funciona, a ocasião faz o ladrão" (3) “Para Castello Branco, da Associação Contas Abertas, o trabalho preventivo é importante, mas é crucial que haja punições. Ele afirma que, "no Brasil, o crime compensa porque a punição é muito branda. [...]” (3) “[...] um sigilo bancário excessivo, a falta de transparência nos gastos das empresas estatais, o foro privilegiado para autoridades e a morosidade da Justiça levam à impunidade e ‘à realimentação permanente da corrupção no país’.” (4) Vitor Thiago Camargo- RA.: 011170603-3 Sociedade Corruptiva Corrupção e Pagode | 18-A CORTELLA, Mario Sergio, BARROS FILHO, Clóvis de. Ética e vergonha na cara!. Campinas: Papirus 7 Mares, 2014. “A corrupção é uma das formas mais agressivas de comportamento porque está no campo público e no campo privado, sendo, portanto, algo da esfera da vida [...]” (63) “Ao dizer que nunca deixaremos de ter corrupção, não quero afirmar que ela é obrigatória, mas sim que é uma possibilidade. E como é uma possibilidade de nossa escolha livre, sempre poderemos ter pessoas que escolham de maneira equivocada o caminho que corrompe, que apodrece, seja na vida privada, seja na vida pública [...]” (66-67) “[...] há uma diferença interessante entre o corruptor e o corrupto. O corruptor detém algo que o corrupto almeja. É muito comum em nossa sociedade que a chamada esfera privada atribua à esfera pública, quando a ela se refere, o privilégio, o monopólio das práticas de corrupção [...]” (78) Vitor Thiago Camargo - RA.: 011170603-3 Sociedade Corruptiva Corrupção e Pagode | 19-A ANDRADE, Thiago Xavier de. As Possíveis causas da corrupção. Âmbito Jurídico, Outros, Disponível em < www.ambito-juridico.com.br > Acesso em 11. 04. 2015. “Uma das maiores dificuldades no estudo da corrupção é, justamente, a sua conceituação. A corrupção abrange uma gama de atos que incluem desde suborno, nepotismo a tráfico de influências, condutas estas que na maioria das vezes tem relação intrínseca com o desvio de função da posição pública em benefício de favorecimentos privados.” (1) “Numa anteposição aos que tinham a corrupção como um caráter relacionado à moral individual, temos as visões dos pensadores renascentistas, entre os quais podemos destacar Maquiavel. Essa interpretação, que marca o pensamento político até os nossos dias, vê na corrupção uma ligação com a fraqueza das leis e instituições políticas e a falta de preocupação e ação dos cidadãos em relação à coisa pública.” (1) “Etimologicamente falando, o termo corrupção é derivado do verbo latino rumpere, que significa romper, quebrar. É o que se rompe na sua organização; estava associado e se solta. Seria o rompimento de uma regra, uma lei, um código moral ou social.” (1) “Quando o assunto é corrupção, podemos afirmar quer não existe causa única para sua existência, tampouco solução singular. Ela existe em decorrência de uma variada quantidade de fatores.” (2) “Luís de Sousa[4] agrupa as causas da corrupção em quatro dimensões: níveis de desenvolvimento; processos de modernização; cultura cívica; e qualidade das instituições.” (2) “[...] sobre o tema da corrupção, assevera que trata-se de “um crime de cálculo e não de paixão”. Ou seja, que tal comportamento derivaria menos da falta de princípios éticos ou morais e mais das condições materiais propícias para a ocorrência do crime. De acordo com essa teoria, a corrupção envolve principalmente três variáveis: a oportunidade para ocorrer o ato ilegal, a chance de a ação corrupta ser descoberta e a probabilidade do autor ser punido. Portanto, a penalização do autor do ato corrupto exerce papel saliente no combate à corrupção, de forma imediata; e na sua ocorrência, de forma mediata. A prática da transgressão está particularmente ligada à possibilidade dos atos corruptos serem descobertos.” (3) Vitor Thiago Camargo - RA.: 011170603-3 Sociedade Corruptiva Corrupção e Pagode | 20-A ANDRADE, Thiago Xavier de. As Possíveis causas da corrupção. Âmbito Jurídico, Outros, Disponível em < www.ambito-juridico.com.br > Acesso em 11. 04. 2015. “Hoje no Brasil, diante dos inúmeros casos de práticas corruptas, tem-se, em alguns, a sensação de que nunca na história houve tanta corrupção e que essa patologia é típica, ou senão exclusiva, deste País. Há quem suponha, repita-se, que foi o Brasil que a descobriu, ou pelo menos, que trata-se de um problema exclusivamente seu. Como é nítido, estamos diante de um enorme equívoco. Nem o Brasil é o único lugar no mundo onde encontramos casos de corrupção, nem mesmo fomos nós quem a inventamos. Trata-se de um problema que se remete a tempos muito longe dos nossos. Ela existe desde muito antes do descobrimento do Brasil e esteve sempre presente em muitos países e em vários momentos da História.” (4) “Logo se compreende que o problema da corrupção não está no brasileiro, mas nos membros de qualquer sociedade, que independente do lugar ou da época podem se corromper em troca de benefícios. As palavras dos profetas mostram que a maldade, a desonestidade e a corrupção são problemas humanos, em todos os tempos, lugares e culturas.” (5) “Mas as dúvidas não saem da cabeça dos brasileiros: Será que há mais corrupção hoje do que em outros tempos? Ou será que hoje, simplesmente, existe mais investigação e reação da sociedade em seu desfavor? Por que o Brasil é considerado tão corrupto?” (5) “Vê-se que o persistente nível de corrupção que hoje assola o Brasil, deriva, em grande parte, das práticas já existentes nos séculos passados, principalmente do período de colonização e império, que tem grande participação na formação cultural do país. O que hoje vemos, pode ser tido pelo reflexo da evolução cultural brasileira, evolução baseada em princípios como o do patrimonialismo, clientelismo e coronelismo, herança maldita de tempos passados.” (8) “A ideia de que é impossível controlar a corrupção, faz com que os brasileiros desenvolvam um sentimento de descrença, que resulta num individualismo exacerbado, uma cultura egocêntrica, onde cada um pensa exclusivamente no seu bem estar singular. De acordo com Luís de Sousa, analisando a situação portuguesa “os cidadãos só se revoltam contra a corrupção quando esse mal se torna demasiado evidente e o seu impacto é percepcionado como sintoma de injustiça social numa conjuntura econômica difícil”. Essa análise cabe perfeitamente ao caso brasileiro” (9) “[...]’o excesso de lei leva à mais transgressão que leva à mais lei que leva à mais transgressão’ [...]” Vitor Thiago Camargo - RA.: 011170603-3 Sociedade Corruptiva Corrupção e Pagode | 21-A ANDRADE, Thiago Xavier de. As Possíveis causas da corrupção. Âmbito Jurídico, Outros, Disponível em < www.ambito-juridico.com.br > Acesso em 11. 04. 2015. “A corrupção não é uma transgressão exclusiva dos políticos brasileiros, do contrário, ela é o retrato de toda uma sociedade que a aceita. Não a aceita com essa terminologia, mas com a simpática expressão “jeitinho brasileiro”, que nada mais é que o drible à lei em favor de interesses pessoais, da garantia de acesso a serviços e oportunidades através de métodos que não são os identicamente utilizados pelos demais cidadãos” (10) “Antes de qualquer coisa, o Brasil precisa compreender que deve caminhar para um tempo onde o afamado “jeitinho brasileiro”, de querer se pôr em vantagem sempre, não seja mais um comportamento culturalmente aceito, como hoje acontece. É preciso que o corrupto sinta que não mais é aceito pela sociedade, que trata-se de persona non gratta.” (10) “Diante disso, devem os brasileiros além de indignar-se, ir à luta, tentar eliminar a corrupção, primeiro no próprio seio da sociedade, mas não basta indignar-se, é preciso ação. Os cidadãos devem participar mais da vida política de sua sociedade, acompanhando, fiscalizando, atuando, etc.” (10) “Devem os brasileiros refletir e olhar para o passado, buscar na história exemplos de tudo o que foi feito de errado para, na tentativa de solucionar a questão, reestruturar uma cultura marcada por transgressões.” (11) VitorThiago Camargo - RA.: 011170603-3 Corrupção e Pagode MEDEIROS, Ricardo Marques de. O Mito do Brasil Corrupto. Gazeta do Povo, 20 Julho. 2012. Caderno G, Disponível em < www.gazetadopovo.com.br > Acesso em 01. 03. 2015. CAULYT, Fernando. Impunidade e falta de controle pela sociedade estimulam corrupção no Brasil. Deutsche Welle, 28 Junho 2013. Política, Disponível em < http://dw.de/p/18yDk > Acesso em 03. 03. 2015. CORTELLA, Mario Sergio, BARROS FILHO, Clóvis de. Ética e vergonha na cara!. Campinas: Papirus 7 Mares, 2014. ANDRADE, Thiago Xavier de. As Possíveis causas da corrupção. Âmbito Jurídico, Outros, Disponível em < www.ambito-juridico.com.br > Acesso em 11. 04. 2015. 1- A percepção da corrupção como um mal endêmico pode criar noções equivocadas de um problema cultural irremediável, dizem especialistas. 1.1 A cultura da corrupção só se desenvolve onde não há noções de ética incorporadas em nossas ações do cotidiano. 1.1.1 Logo se compreende que o problema da corrupção não está no brasileiro, mas nos membros de qualquer sociedade, que independente do lugar ou da época podem se corromper em troca de benefícios. As palavras dos profetas mostram que a maldade, a desonestidade e a corrupção são problemas humanos, em todos os tempos, lugares e culturas 1.1.2 Luís de Sousa[4] agrupa as causas da corrupção em quatro dimensões: níveis de desenvolvimento; processos de modernização; cultura cívica; e qualidade das instituições. 1.2 Não podemos cobrar da classe política honestidade se, em nossas ações diárias cometemos pequenas infrações que comprometem o bem comum. 1.3 Uma das maiores dificuldades no estudo da corrupção é, justamente, a sua conceituação. A corrupção abrange uma gama de atos que incluem desde suborno, nepotismo a tráfico de influências, condutas estas que na maioria das vezes tem relação intrínseca com o desvio de função da posição pública em benefício de favorecimentos privados. 1.3.1 Etimologicamente falando, o termo corrupção é derivado do verbo latino rumpere, que significa romper, quebrar. É o que se rompe na sua organização; estava associado e se solta. Seria o rompimento de uma regra, uma lei, um código moral ou social. 2- Se entendemos cultura como um conjunto de práticas historicamente constituídas, o modo como as pessoas têm se relacionado e compreendido a administração pública, aí se pode falar em algo cultural, mas não como uma coisa que não pode ser transformada. 2.1 Vê-se que o persistente nível de corrupção que hoje assola o Brasil, deriva, em grande parte, das práticas já existentes nos séculos passados, principalmente do período de colonização e império, que tem grande participação na formação Vitor Thiago Camargo - RA.: 011170603-3 cultural do país. O que hoje vemos, pode ser tido pelo reflexo da evolução cultural brasileira, evolução baseada em princípios como o do patrimonialismo, clientelismo e coronelismo, herança maldita de tempos passados. 2.2 Devem os brasileiros refletir e olhar para o passado, buscar na história exemplos de tudo o que foi feito de errado para, na tentativa de solucionar a questão, reestruturar uma cultura marcada por transgressões. 2.2.1 Cultura você não supera com medidas políticas, com decretos, com leis, cultura você supera com educação, e aí vamos precisar de mais de 200 anos. 2.2.2 O excesso de lei leva à mais transgressão que leva à mais lei que leva à mais transgressão 2.3 Antes de qualquer coisa, o Brasil precisa compreender que deve caminhar para um tempo onde o afamado “jeitinho brasileiro”, de querer se pôr em vantagem sempre, não seja mais um comportamento culturalmente aceito, como hoje acontece. 2.3.1 É preciso que o corrupto sinta que não mais é aceito pela sociedade, que trata-se de persona non gratta. 2.4 Ao dizer que nunca deixaremos de ter corrupção, não quero afirmar que ela é obrigatória, mas sim que é uma possibilidade. E como é uma possibilidade de nossa escolha livre, sempre poderemos ter pessoas que escolham de maneira equivocada o caminho que corrompe, que apodrece, seja na vida privada, seja na vida pública. 2.5 Mas a própria democracia oferece instrumentos possíveis para combatê-la”, diz Bezerra. “Assim como educação, saúde, políticas públicas voltadas para o coletivo, é importante que a corrupção também seja colocada como uma preocupação permanente do Estado, não de um governo. 2.5.1Aí, os casos serão tratados da maneira séria como merecem, não politicamente, como vem acontecendo 3- Quando o assunto é corrupção, podemos afirmar quer não existe causa única para sua existência, tampouco solução singular. Ela existe em decorrência de uma variada quantidade de fatores. 3.1 A corrupção é uma das formas mais agressivas de comportamento porque está no campo público e no campo privado, sendo, portanto, algo da esfera da vida. 3.2 As pessoas incorporaram a concepção de que o Estado serve para isso mesmo, e não é possível outra relação senão essa de conseguir viabilizar benefícios específicos. 3.3 A política, uma atividade cara, permeada de interesses e formas de cooptação, além de um potencial mecanismo de enriquecimento individual, se torna um campo sempre sujeito a oportunismos. ‘A corrupção é intrínseca à própria política 4- Se discute muito sobre políticos, autoridades, magistraturas, mas as empresas, os fornecedores e o interesse privado, que também corrompem, são muito pouco divulgados. 4.1 Para que haja o corrupto, tem de haver o corruptor e toda uma cultura empresarial que vive dependendo desta prática.’ - Ricardo Costa de Oliveira, cientista político e professor da UFPR. 4.1.1 Há uma diferença interessante entre o corruptor e o corrupto. O corruptor detém algo que o corrupto almeja. É muito comum em nossa sociedade Vitor Thiago Camargo - RA.: 011170603-3 que a chamada esfera privada atribua à esfera pública, quando a ela se refere, o privilégio, o monopólio das práticas de corrupção 4.2 A corrupção não é uma transgressão exclusiva dos políticos brasileiros, do contrário, ela é o retrato de toda uma sociedade que a aceita. 4.2.1 Não a aceita com essa terminologia, mas com a simpática expressão “jeitinho brasileiro”, que nada mais é que o drible à lei em favor de interesses pessoais, da garantia de acesso a serviços e oportunidades através de métodos que não são os identicamente utilizados pelos demais cidadãos. 5- A liberdade de expressão fez com que muitos atos escusos cometidos por agentes públicos viessem à tona. 5.1 Qualquer caso de corrupção, feito com menos peritagem, pode vir à tona. Isso cria uma impressão de que há mais corrupção. O que acontece é que eles [os casos de corrupção] são mais propalados. No período da ditadura, a maior parte dos casos não era divulgada, ficava escondida. 5.2 Mas as dúvidas não saem da cabeça dos brasileiros: Será que há mais corrupção hoje do que em outros tempos? Ou será que hoje, simplesmente, existe mais investigação e reação da sociedade em seu desfavor? Por que o Brasil é considerado tão corrupto? 5.2.1 Para Gil Castello Branco, fundador e secretário-geral da Associação Contas Abertas – uma organização não governamental que faz o acompanhamento das contas do governo federal – a corrupção não aumentou nem diminuiu, mas continua sendo um problema muito grave no Brasil 5.2.2 O Brasil nunca viveu na sua história um período democrático tão longo como o atual. Desde 1989, os brasileiros podem eleger o presidente da República. Nesses quase 23 anos de reabertura política, não houve ameaças de golpes e a troca de faixas entre os eleitos foi tranquila. 5.2.3 1990-1992 - O primeiro presidente eleito diretamente após o fim da ditadura militar (1964-1985), Fernando Collor, foi acusado de ser beneficiado por um esquema de corrupçãoorganizado pelo seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias. 1995-1998 - O primeiro governo Fernando Henrique Cardoso ficou marcado pelo escândalo da suposta compra de votos de parlamentares para aprovar a reeleição de presidentes, governadores e prefeitos no país. FHC, popular graças ao sucesso do Plano Real – que estabilizou a moeda e controlou a inflação –, foi beneficiado com a mudança na Constituição. Cardoso tinha a maioria no Congresso, conseguiu barrar a apuração da denúncia e foi reeleito. 2003-2006 - Luiz Inácio Lula da Silva também enfrentou um grande escândalo em seu primeiro governo. O mensalão veio à tona quando o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) acusou o ministro da Casa Civil, José Dirceu, de comandar o esquema de pagamento de dinheiro a parlamentares para que votassem a favor do governo. 2011 - Em seu primeiro ano de mandato, a presidente Dilma Rousseff viu uma série de escândalos derrubarem seis ministros. 5.2.4 Hoje no Brasil, diante dos inúmeros casos de práticas corruptas, tem-se, em alguns, a sensação de que nunca na história houve tanta corrupção e que essa patologia é típica, ou senão exclusiva, deste País. Há quem Vitor Thiago Camargo - RA.: 011170603-3 suponha, repita-se, que foi o Brasil que a descobriu, ou pelo menos, que trata-se de um problema exclusivamente seu. Como é nítido, estamos diante de um enorme equívoco. Nem o Brasil é o único lugar no mundo onde encontramos casos de corrupção, nem mesmo fomos nós quem a inventamos. Trata-se de um problema que se remete a tempos muito longe dos nossos. Ela existe desde muito antes do descobrimento do Brasil e esteve sempre presente em muitos países e em vários momentos da História. 6 - O maior perigo da sensação de impunidade para crimes de corrupção no país é produzir essa generalização, e, como consequência dela, uma inércia e um ceticismo em relação à esperança de que nós podemos alterar esse cenário, destaca Ligia. Será um grande exemplo para o país se os considerados culpados forem punidos com penas exemplares. 6.1 Além da questão legal, há uma ausência muito forte de controle social. As pessoas não acreditam no sistema legal e não acompanham o exercício da função pública. E, se você não tem um controle social que funciona, a ocasião faz o ladrão 6.1.1Para Castello Branco, da Associação Contas Abertas, o trabalho preventivo é importante, mas é crucial que haja punições. Ele afirma que, "no Brasil, o crime compensa porque a punição é muito branda. 6.2 Sobre o tema da corrupção, assevera que trata-se de “um crime de cálculo e não de paixão”. Ou seja, que tal comportamento derivaria menos da falta de princípios éticos ou morais e mais das condições materiais propícias para a ocorrência do crime. De acordo com essa teoria, a corrupção envolve principalmente três variáveis: a oportunidade para ocorrer o ato ilegal, a chance de a ação corrupta ser descoberta e a probabilidade do autor ser punido. Portanto, a penalização do autor do ato corrupto exerce papel saliente no combate à corrupção, de forma imediata; e na sua ocorrência, de forma mediata. A prática da transgressão está particularmente ligada à possibilidade dos atos corruptos serem descobertos. 6.2.1 Para especialistas, sociedade deve fiscalizar com mais rigor as atividades de governantes e gestores públicos. E sem penas duras para os corruptos, o problema jamais terá solução. 6.2.2 Uma pessoa quase nunca devolve o dinheiro que foi usado, por exemplo, para corromper agentes públicos. ‘Então acaba valendo a pena desviar recursos públicos, já que normalmente o culpado não vai para a cadeia e fica em regime aberto. 6.2.3 Um sigilo bancário excessivo, a falta de transparência nos gastos das empresas estatais, o foro privilegiado para autoridades e a morosidade da Justiça levam à impunidade e ‘à realimentação permanente da corrupção no país. 7- Numa anteposição aos que tinham a corrupção como um caráter relacionado à moral individual, temos as visões dos pensadores renascentistas, entre os quais podemos destacar Maquiavel. Essa interpretação, que marca o pensamento político até os nossos dias, vê na corrupção uma ligação com a fraqueza das leis e instituições políticas e a falta de preocupação e ação dos cidadãos em relação à coisa pública. Vitor Thiago Camargo - RA.: 011170603-3 7.1 A ideia de que é impossível controlar a corrupção, faz com que os brasileiros desenvolvam um sentimento de descrença, que resulta num individualismo exacerbado, uma cultura egocêntrica, onde cada um pensa exclusivamente no seu bem estar singular. De acordo com Luís de Sousa, analisando a situação portuguesa “os cidadãos só se revoltam contra a corrupção quando esse mal se torna demasiado evidente e o seu impacto é percepcionado como sintoma de injustiça social numa conjuntura econômica difícil”. Essa análise cabe perfeitamente ao caso brasileiro. 7.2 Diante disso, devem os brasileiros além de indignar-se, ir à luta, tentar eliminar a corrupção, primeiro no próprio seio da sociedade, mas não basta indignar-se, é preciso ação. Os cidadãos devem participar mais da vida política de sua sociedade, acompanhando, fiscalizando, atuando etc.
Compartilhar