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Teoria_Geral_das_Provas_e_Provas_em_Especie(3)

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www.cers.com.br 
 
Delegado de Polícia Civil 2015 
Direito Processual Penal 
Ana Cristina Mendonça 
 
1 
TEORIA GERAL DA PROVA 
 
1. Conceito e natureza jurídica da prova 
A palavra prova é derivada do latim probatio e se caracteriza, dentro do contexto 
processual penal, por um conjunto de atos praticados preferencialmente pelas partes com a 
finalidade de formar a convicção do julgador sobre a existência ou não de uma determinada 
situação fática. 
Muito embora a atividade probatória seja de incumbência das partes, o art. 156 do CPP 
viabiliza a produção de provas de ofício pelo juiz, o que, para muitos autores, caracteriza uma 
flagrante violação ao sistema acusatório e à inércia e imparcialidade necessárias ao órgão 
julgador. 
Vejamos o que diz o referido artigo 156: 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de 
ofício: 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas 
consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e 
proporcionalidade da medida; 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de 
diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
 
Embora se possa tecer reais críticas ao inciso I do referido dispositivo, pois flagrante a 
violação da inércia, fato é que o posicionamento majoritário entende que, durante a instrução 
criminal, os poderes instrutórios do juízo decorrem do próprio exercício da função jurisdicional, 
podendo o mesmo, em caráter supletivo ou complementar às partes, determinar a produção de 
provas. 
As partes têm um “direito à prova” (“right to evidence”), que configura desdobramento 
lógico do direito de ação. Por tal motivo, já houve entendimento de que a natureza jurídica da 
prova é a de uma atividade desenvolvida pelas partes. Contudo, é certo que as provas são 
instrumentos (prova como meio) aptos a formar a convicção do juiz quanto à existência ou não de 
uma situação fática (prova enquanto fim). 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Processual Penal 
Ana Cristina Mendonça 
 
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Assim, hoje a prova é considerada tanto como uma atividade, quanto como um meio e um 
fim. É, em regra, atividade exercida pelas partes com a finalidade de se alcançar o 
convencimento do julgador acerca de determinado fato. 
 
2. Destinatários 
O destinatário final da prova é o juiz. Porém as partes também são destinatárias, uma vez 
que para formar a convicção do julgador, necessário que as provas se submetam ao contraditório 
e à ampla defesa. 
 
3. Objeto da prova e objeto de prova 
O objeto da prova é o fato que se pretende ver provado. Para se identificar o objeto da 
prova deve-se formular a seguinte pergunta: “o que a parte quer provar?”, para a qual a resposta 
seria: “o fato”. 
Entretanto, muitas vezes, uma segunda indagação se faz necessária: “este fato precisa ser 
provado?”. Ocorre que existem fatos, tanto no Processo Civil como no Processo Penal, que 
dispensam a produção de prova. Assim, por exemplo, no Processo Civil, os fatos incontroversos 
não precisam ser provados. Entretanto, o mesmo não pode ser dito no Processo Penal. Aqui, 
em nome da verdade real, ainda que o réu confesse os fatos que lhe forem imputados, será 
totalmente necessária a produção das provas. Portanto, no Processo Penal, os fatos, ainda que 
incontroversos, são sim objeto de prova. 
Em regra, no Processo Penal, todos os fatos são objeto de prova. Mas, como sempre, 
para toda regra há exceções, e dispensam a produção de prova no Processo Penal os fatos 
notórios (salvo quando versarem sobre o estado das pessoas, art. 155, parágrafo único, do CPP), 
os fatos axiomáticos e os legalmente presumidos. 
 
4. Meios de prova 
Os meios de prova são classificados sob três aspectos: quanto ao objeto, quanto aos 
sujeitos e quanto à forma. 
 
 
 
 
 
 
 
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Quanto ao objeto, a prova pode ser direta ou indireta. Exemplificando, quando um perito 
examina o vestígio de um crime produz uma prova, quanto ao objeto, direta, uma vez que o 
mesmo se manifesta acerca do que ele próprio está examinando. Da mesma forma, uma 
testemunha presencial dos fatos fala sobre algo que ela própria presenciou. No entanto, quando 
uma testemunha presta depoimento sobre algo que ela ouviu dizer, a prova é, quanto ao objeto, 
indireta. 
Quanto às pessoas, a prova pode ser pessoal ou real, esta última também chamada 
material. 
São provas pessoais aquelas que detém uma carga de subjetividade, como as provas 
testemunhais, a oitiva do ofendido e o interrogatório do próprio réu. 
São provas reais as perícias, uma vez que se constituem em provas técnicas, que não têm 
caráter subjetivo. 
c) Quanto à forma, a prova pode ser documental, oral ou testemunhal e material ou 
pericial. 
 
5. Ônus da prova e iniciativa do juiz 
Dispõe o Código de Processo Penal: 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, ... 
 
Assim, de acordo com o CPP, o ônus da prova seria de quem alega, ou seja, a parte que 
alegar determinado fato teria o encargo de prová-lo. 
Portanto, o que se vê no CPP não é muito diferente daquilo que dispõe o CPC, em seu art. 
333, ao definir que ao autor compete o ônus de provar os fatos constitutivos do seu direito, e ao 
réu o de provar os fatos extintivos, impeditivos ou modificativos. 
Ocorre, entretanto, que o processo penal não pode se distanciar do princípio constitucional 
da presunção de inocência, motivo pelo qual não se pode exigir que o réu produza a prova de sua 
inocência. 
Assim, o ônus da prova, em razão do preceito constitucional acima indicado, reverte todo 
para a acusação, que deve provar o que ela própria alega, produzindo ainda prova 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Processual Penal 
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cuja certeza seja suficiente a derrubar as alegações do réu. E o réu passa a ter uma mera 
faculdade, e não um encargo. Caso a prova da acusação não seja suficientemente segura a 
derrubar as alegações do réu, o juiz deverá considerar que é o último presumidamente inocente, 
absolvendo-o por insuficiência de provas (in dubio pro reo). 
Contudo, não há que se falar em total ausência de ônus da prova para o réu. Imagine que 
o mesmo alegue possuir um álibi, e não queira ser absolvido por insuficiência de provas, e sim 
por negativa de autoria. O álibi seria um fato impeditivo do direito do autor, e o ônus de prová-lo 
é, sim, do réu. 
Questão excelente foi apresentada pela FGV no exame da OAB 2010.2, que achamos 
importante transcrever abaixo: 
(FGV/OAB/2010-2) 65 Em uma briga de bar, Joaquim feriu Pedro com uma faca, 
causando-lhe sérias lesões no ombro direito. O promotor de justiça ofereceu denúncia 
contra Joaquim, imputando-lhe a prática do crime de lesão corporal grave contra Pedro, e 
arrolou duas testemunhas que presenciaram o fato. A defesa, por sua vez, arrolou outras 
duas testemunhas que também presenciaram o fato. 
Na audiência de instrução, as testemunhas de defesa afirmaram que Pedro tinha apontado 
uma arma de fogo para Joaquim, que, por sua vez, agrediu Pedro com a faca apenas para 
desarmá-lo. Já as testemunhas de acusação disseram que não viram nenhuma arma de 
fogo em poder de Pedro. 
Nas alegações orais, o Ministério Público pediu a condenação do réu, sustentando que a 
legítima defesa não havia ficado provada. A Defesa pediu a absolvição do réu, alegando 
que o mesmo agira em legítima defesa. No momentode prolatar a sentença, o juiz 
constatou que remanescia fundada dúvida sobre se Joaquim agrediu Pedro em situação 
de legítima defesa. 
Considerando tal narrativa, assinale a afirmativa correta. 
(A) O ônus de provar a situação de legítima defesa era da defesa. Assim, como o juiz não 
se convenceu completamente da ocorrência de legítima defesa, deve condenar o réu. 
(B) O ônus de provar a situação de legítima defesa era da acusação. Assim, como o juiz 
não se convenceu completamente da ocorrência de legítima defesa, deve condenar o réu. 
(C) O ônus de provar a situação de legítima defesa era da defesa. No caso, como o juiz 
ficou em dúvida sobre a ocorrência de legítima defesa, deve absolver o 
 
 
 
 
 
 
 
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réu. 
(D) Permanecendo qualquer dúvida no espírito do juiz, ele está impedido de proferir a 
sentença. A lei obriga o juiz a esgotar todas as diligências que estiverem a seu alcance 
para dirimir dúvidas, sob pena de nulidade da sentença que vier a ser prolatada. 
 
Veja que o gabarito é a letra C. Quem alegou a legítima defesa foi o réu e o ônus de 
prová-la, portanto, seria do mesmo. Contudo, como a prova produzida pela acusação não foi 
suficiente a formar o convencimento do juiz, o réu será absolvido. 
 
6. Princípios 
6.1. Verdade real 
O juiz julga de acordo com o que está nos autos, não podendo se curvar à vontade das 
partes, ao contrário do processo civil, pois no processo penal o bem que está em julgamento é 
indisponível. O juiz tem poderes instrutórios suplementares, ou seja, produzida prova e existindo 
ainda dúvida, pode tentar esclarecê-la para buscar a “verdade real” (que significa convencimento 
do juiz, nos limites daquelas provas produzidas – aliás, uma “verdade processual”). 
São limites à busca da verdade real: 1) Transação penal, que abre espaço para a chamada 
“verdade ficta”, que é uma mitigação da verdade real; 2) impossibilidade de revisão criminal pro 
societate; 3) inadmissibilidade de provas por meios ilícitos. 
6.2. Liberdade dos meios de prova e livre convencimento motivado ou persuasão racional 
Como já observado no início desta obra, vigora no processo penal brasileiro a liberdade 
dos meios de prova. Entretanto, exceção ocorre no que diz respeito às provas ilegais (ilícitas e 
ilegítimas). 
Da mesma forma, não há, até o momento de sua valoração pelo juiz, uma prova com maior 
ou menor valor probante. Todas as provas são relativas. Não há, portanto, hierarquia entre provas 
no Brasil. 
No tocante aos sistemas probatórios, ou seja, na forma de administração da prova ou 
gestão valorativa, adota o direito brasileiro o livre convencimento motivado ou persuasão racional. 
6.3. Inadmissibilidade da prova ilícita 
 
 
 
 
 
 
 
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São totalmente inadmissíveis, no processo penal, as provas ilícitas, obtidas com violação 
das normas de direito material. 
Tal garantia, assegurada no inciso LVI do art. 5º. da CRFB/1988, estende-se às provas 
derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, 
ou quando puderem, as que seriam consideradas “derivadas”, serem obtidas por uma fonte 
independente e lícita (art. 157 do CPP). 
Entretanto, como o réu não pode ser prejudicado por uma garantia que possui, provas 
ilícitas em favor do réu devem ser admitidas. 
6.4. Publicidade 
Significa dizer que os atos processuais são públicos. O princípio da publicidade é garantido 
constitucionalmente, mas também possui previsão no art. 792 do CPP. 
6.5. Comunhão ou aquisição da prova 
A prova, apesar de ter sido requerida pela parte, pertence ao processo, motivo pelo qual a 
parte pode vir a ser prejudicada pela prova que ela própria, voluntariamente, produziu. 
6.7. Autorresponsabilidade das partes 
As partes são responsáveis pela prova que pretendem produzir. Neste sentido, importante 
lembrar que testemunhas importantes devem ser gravadas com o que chamamos cláusula de 
imprescindibilidade. 
6.8. Audiência contraditória 
A prova deve ser produzida sob o crivo do contraditório. Significa ouvir a parte contrária 
quando a prova tiver sido produzida, salvo no caso das provas urgentes, cautelares e irrepetíveis, 
casos em que o contraditório se dará de forma diferida, em momento posterior. 
6.9. Oralidade e concentração 
As provas serão produzidas preferencialmente em audiência, regidas pela oralidade e 
concentração. 
 
7. Procedimento Probatório 
 
 
 
 
 
 
 
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Envolve quatro etapas: proposição ou requerimento, admissibilidade, produção e 
valoração. 
 
8. Prova emprestada e o princípio do contraditório 
É aquela produzida em um processo e transferida documentalmente a outro processo, 
diante da impossibilidade de sua repetição. Embora sobre aquele documento haja contraditório 
diferido, perde a prova emprestada o valor necessário a uma condenação. No processo penal, o 
juiz não pode condenar com base em provas emprestadas. 
 
 
 
 
 
 
 
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PROVAS EM ESPÉCIE 
 
1. Exame de corpo delito e outras perícias 
Inicialmente, quando pensamos em corpo de delito, pensamos em laudo de exame 
cadavérico, lesões corporais, conjunção carnal e coisas relacionadas ao corpo. No entanto, esse 
entendimento está totalmente equivocado. O corpo de delito significa materialização do crime, por 
exemplo: um exame de local do crime é um exame de corpo de delito, o exame de balística é um 
exame de corpo de delito, existindo assim uma serie de situações que não envolvem o corpo 
humano. 
1.1. Corpo de delito direto e indireto 
Corpo de delito direto é o realizado pela perícia técnica, que, analisando diretamente o 
vestígio de um crime, elabora um laudo técnico acerca do que foi examinado. 
Já o corpo de delito indireto é a prova testemunhal que supre a ausência do corpo de delito 
direto (art. 167 do CPP). Importante destacar que não é, necessariamente, a testemunha que 
presenciou os fatos, e sim aquela testemunha que presenciou os vestígios, substituindo, assim, a 
perícia. Sendo assim, é a prova testemunhal que presenciou os vestígios do crime. 
1.2. Indispensabilidade do exame, prova legal e nulidade 
O art. 158 do CPP estabelece uma exceção à liberdade dos meios de prova, ao 
estabelecer a indispensabilidade do exame de corpo de delito. Trata-se de uma prova pré-
definida pela lei, podendo ser considerado um vestígio de prova legal. 
A ausência de exame de corpo de delito acarreta nulidade absoluta como prevê o art. 564 
do CPP. 
1.3. Peritos oficiais e não oficiais. Número de peritos. 
Com a reforma de 2008, o art. 159 do CPP passou a exigir um único perito oficial, não mais 
se aplicando a parte inicial da Súmula 361 do STF, que indicava nulidade na perícia realizada por 
um único perito. Dispõe, hoje, o art. 159: 
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, 
portador de diploma de curso superior. 
 
 
 
 
 
 
 
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No entanto, na ausência de um perito oficial, o juiz nomeará dois peritos não oficiais ou 
peritos ad hoc, conforme estabelece o § 1º. do mesmo art. 159: 
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2(duas) pessoas idôneas, 
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as 
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 
Perito oficial é, em regra, concursado, e será designado pelo chefe do instituto de polícia 
técnica. Assume o compromisso quando da sua posse, e não em cada perícia realizada. 
Perito não oficial ou juramentado é perito de confiança da autoridade judicial, nomeado por 
ela. O compromisso lhe é tomado pelo juízo toda vez em que é nomeado. Se não houver um 
perito na comarca, serão nomeados peritos extra oficiais, escolhendo-se para tanto pessoas com 
habilidade técnica na área específica. 
1.4. Laudo e vinculação ao laudo 
A pericia elabora um laudo pericial, que é submetido primeiramente às partes, de forma a 
se garantir o contraditório e a ampla defesa. O juiz pode ou não valer-se do laudo na formação de 
seu conhecimento, portanto, o juiz poderá julgar contrariamente ao laudo, desde que fundamente 
sua decisão nas demais provas dos autos (art. 182 do CPP). 
1.5. Momento para realização de exame 
Perícias devem ser realizadas o mais rapidamente possível. Importante destacar que 
existem delitos que deixam vestígios permanentes (facti delicti permanentis) e delitos de vestígios 
transitórios (facti delicti tanseuntis), porém a maioria dos vestígios é de natureza transitória, o que 
impõe a realização da perícia o quanto antes, de forma a assegurar a produção da prova pericial. 
Entretando, a nomenclatura facti delicti tanseuntis é muitas vezes utilizada para identificar as 
infrações que não deixam vestígios. 
Contudo, deve-se ressaltar que, no caso de exame cadavérico, o art. 162 do CPP 
estabelece um prazo mínimo de 6 horas após o óbito para a realização da necropsia. 
1.6. Perícias desnecessárias 
O juiz poderá indeferir perícias desnecessárias. Normalmente essas perícias são 
requeridas pelas partes e obviamente elas poderão ser indeferidas pelo juiz, desde que ele 
fundamente sua decisão. 
 
 
 
 
 
 
 
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2. Interrogatório ( art. 185 e ss do CPP) 
2.1. Natureza jurídica do interrogatório 
Embora no processo penal o interrogatório possa ser elencado como meio de prova, ele na 
verdade consagra o exercício da autodefesa por parte do acusado. Como já indicado, a ampla 
defesa no processo penal caracteriza-se pela satisfação do binômio autodefesa e defesa 
técnica. Da mesma forma, a autodefesa é exercida pelo réu através dos direitos à audiência e de 
presença. 
Ao falarmos em direito à audiência, referimo-nos ao momento do interrogatório, no qual o 
réu dá ao juiz a sua versão dos fatos. 
A doutrina apresenta divergências no tocante à natureza jurídica do interrogatório, se meio 
de prova ou meio de defesa. Contudo, a posição majoritária é de que o interrogatório é ao mesmo 
tempo é meio de prova e meio de defesa, tendo uma natureza mista. De qualquer forma, 
inegável ser o meio através do qual o réu exerce o seu direito de ser ouvido pelo juiz, 
apresentando-lhe, caso queira, sua versão dos fatos. 
Até 2003, o interrogatório configurava-se como ato privativo do juiz, uma vez que acusação 
e defesa, ainda que presentes, não poderiam intervir na produção do interrogatório. Entretanto, 
desde a Lei 10.792/03, o interrogatório ocorre na presença obrigatória do advogado ou defensor, 
podendo as partes formular perguntas (art. 188 do CPP), o que garante, durante sua realização, 
a defesa técnica necessária à satisfação da ampla defesa, e também do contraditório. 
2.2. Necessidade de interrogatório 
O interrogatório é necessário como mecanismo de defesa. Como visto anteriormente, a 
ampla defesa no processo penal constitui-se no binômio autodefesa + defesa técnica, sendo a 
autodefesa, em face do direito ao silêncio e da garantia de não autoincriminação para o réu, 
disponível. 
Por tal motivo, o réu pode abrir mão de se auto defender, mas, caso queira dar a sua 
versão dos fatos, o juiz deverá ouvi-lo, ou seja, para o juízo a auto defesa é indisponível. A 
ausência de oportunidade ao réu para ser interrogado configura nulidade absoluta. 
2.3. Silêncio do réu (arts. 186 e 198 do CPP e art. 50, inc. LXIII, da CRFB/88) 
 
 
 
 
 
 
 
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Dispõe o art. 5º., inc. LXIII, da Constituição: 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, 
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 
Neste mesmo sentido, não menos importante o art. 8º., 2, g, do Pacto de São José da 
Costa Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos, de 1969): 
Artigo 8º - Garantias judiciais 
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, 
enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem 
direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: 
g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada; 
 
Compreende-se que o direito ao silêncio, assegurado constitucionalmente, abrange a 
garantia da não autoincriminação, expressa no Pacto de São José da Costa Rica, ratificado pelo 
Brasil em 1992. 
Evidente, portanto, que o réu não apenas tem o direito de ficar em silêncio, como também 
o de não produzir provas contra si mesmo; daí que não existe, no Processo Penal, confissão ficta. 
O art. 186 do CPP, alterado pela Lei 10.792/03, assim estabelece: 
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o 
acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de 
permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. 
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado 
em prejuízo da defesa. 
 
Contudo, a reforma de 2003 incorreu no erro de não alterar o art. 198 do mesmo CPP: 
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento 
para a formação do convencimento do juiz. 
 
Por óbvio que a parte final do dispositivo não se encontra recepcionada pela CRFB/88, não 
podendo o juiz considerar o silêncio do réu em prejuízo de sua defesa, conforme disposto 
expressamente no parágrafo único do art. 186 do CPP, acima indicado. 
Da mesma forma, em razão do direito de não produzir prova contra si mesmo, não será o 
réu prejudicado pela mentira. 
 
 
 
 
 
 
 
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2.4. Novo interrogatório 
Como antes indicado, o réu pode dispor do seu direito de se autodefender, mas para o 
juízo este direito é indisponível, motivo pelo qual o réu pode pedir para ser reinterrogado, o que 
provavelmente será deferido pelo juiz. 
2.5. Interrogatório por videoconferência e outros meios eletrônicos 
O réu tem o direito de prestar seu depoimento diretamente ao juiz, na sua presença. Por tal 
motivo, a regra é o réu deslocar-se ou ser deslocado até a sala de audiências do juízo. Contudo, 
em determinadas situações, excepcionais, o mesmo não é possível, devendo então o juiz 
deslocar-se para ouvir o réu onde o mesmo se encontre (como exemplos, temos o réu que se 
encontra em estabelecimento hospitalar sem possibilidade de deslocamento, ou ainda o réu preso 
em regime de segurança máxima, cujo deslocamento possa implicar em questões de 
preocupação para a segurança pública). 
Ou seja, caso o réu não possa se deslocar ou ser deslocado, o juiz deverá ir ao réu. 
Contudo, desde janeiro de 2009,quando surgiu a Lei 11.900/2009, admite-se o 
interrogatório por videoconferência, dispondo o art. 185 do CPP: 
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo 
penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou 
nomeado. 
§ 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento em 
que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do 
Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do 
ato. 
§ 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das 
partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou 
outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a 
medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: 
I – prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso 
integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o 
deslocamento; 
II – viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante 
dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância 
pessoal; 
III – impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja 
possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste 
Código; 
IV – responder à gravíssima questão de ordem pública. 
§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por 
 
 
 
 
 
 
 
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videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência. 
§ 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo 
mesmo sistema tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução 
e julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código. 
§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de 
entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica 
também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o 
defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e 
entre este e o preso. 
§ 6o A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de atos processuais 
por sistema de videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada 
causa, como também pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil. 
§ 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses em que o 
interrogatório não se realizar na forma prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo. 
§ 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no que couber, à realização 
de outros atos processuais que dependam da participação de pessoa que esteja presa, 
como acareação, reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou 
tomada de declarações do ofendido. 
§ 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o acompanhamento do ato processual 
pelo acusado e seu defensor. 
 
Assim, somente em casos excepcionalíssimos será possível a videoconferência no 
interrogatório, sendo certo que antes do advento da Lei 11.900/09, o STF manifestou-se pela 
inconstitucionalidade da videoconferência em tal ato, seja pela ausência de lei federal que 
dispusesse sobre a matéria, seja declarando a inconstitucionalidade da Lei Estadual 11.819/05, 
de São Paulo, por vício de origem. 
Importante frisar, no entanto, que a videoconferência deve ser realizada nos estritos limites 
e dentro das exigências indicadas no art. 185, acima transcrito, ou seja, caso ocorra, necessário 
que o estabelecimento penal possua uma sala própria, com o sistema de vídeo previamente 
instalado. A sala de videoconferência deve ser vistoriada mensalmente pelo juiz, pelo Ministério 
Público, por um membro da OAB e da corregedoria. No momento da audiência, são necessários 
dois advogados presentes: um com o juiz e outro com o réu, e os mesmos devem estar em 
contato em tempo real e privativo entre si. 
2.6. Chamada de corréu ou delação 
A chamada de corréu ou delação ocorre quando o réu, durante seu interrogatório, deixa de 
falar sobre os fatos que o envolvem, passando a falar de fatos praticados por 
 
 
 
 
 
 
 
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terceiro. Neste momento o interrogatório passa a configurar prova “testemunhal” contra referido 
terceiro, devendo ser garantidos o contraditório e a ampla defesa em relação ao mesmo. 
3. Confissão 
Muito embora a confissão esteja elencada dentre as provas, para alguns também se 
caracterizaria como um mecanismo de defesa, já que se constitui em uma atenuante da pena. 
Para que a confissão seja considerada válida, necessário o atendimento aos seguintes 
requisitos: pessoalidade (somente o réu pode confessar), explicitude (a confissão deve ser 
expressa, não existe confissão ficta no processo penal), clareza, verossimilhança, persistência, 
concordância (deve concordar com as demais provas dos autos, de nada serve uma confissão 
isolada, sem respaldo nas demais provas dos autos), a confissão deve ser livre e espontânea, e o 
réu deve gozar de saúde mental. 
A confissão pode ser simples, complexa ou qualificada. Em regra a confissão é simples 
quando o réu confessa o fato de forma integral e única. A confissão é complexa quando são 
imputados ao réu vários fatos e, por conseguinte o réu confessa vários fatos, ou ainda quando 
confessa parte dos fatos e não confessa outra parte, existindo uma multiplicidade de imputação. 
A confissão é qualificada é quando o réu, ao confessar, traz novos elementos para o conteúdo 
probatório, embora tenha confessado os fatos. 
A confissão é, ainda, divisível e retratável. 
 
4. Perguntas ao ofendido 
O ofendido (ou vítima) não é testemunha, motivo pelo qual não presta compromisso, e não 
pratica o crime de falso testemunho. 
Como qualquer outra prova no Processo Penal, a palavra da vítima tem valor relativo, 
devendo ser confrontada com as demais provas dos autos. Entretanto, como existe um evidente 
envolvimento emocional com os fatos, a palavra da vítima deve ser vista com reservas, 
especialmente quando restar isolada nos autos, não sendo suficiente a uma condenação. A 
doutrina e a jurisprudência reconhecem, entretanto, que a palavra da vítima tem grande 
relevância em crimes contra a dignidade sexual, seja pela superação das dificuldades 
características de crimes desta natureza, seja pela dificuldade de produção de 
 
 
 
 
 
 
 
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outras provas em tais casos. 
 
5. Prova testemunhal 
Qualquer pessoa pode ser testemunha, seja ela nacional ou estrangeira, menor ou maior, 
capaz ou incapaz, ainda que doente mental, etc. Da mesma forma, toda pessoa é obrigada a 
depor, sujeitando-se, se for o caso, à condução coercitiva. Entretanto, são dispensados do 
testemunho as pessoas arroladas no artigo 206 do CPP: 
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, 
recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda 
que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não 
for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas 
circunstâncias. 
 
É característica da prova testemunhal o compromisso de dizer a verdade, que deveser 
tomado pelo juiz antes da testemunha prestar seu depoimento. Contudo, são dispensados do 
compromisso os menores de 14 anos, os doentes mentais e as pessoas indicadas no art. 206 
acima indicado, quando chegam a prestar depoimento. 
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o artigo 203 aos doentes e 
deficientes mentais e aos menores de quatorze anos, nem às pessoas a que se refere o 
artigo 206. 
 
Todavia, é comum o juiz deixar de exigir o compromisso dos familiares da vítima, ou ainda 
de amigos e pessoas próximas desta ou do réu. 
A prova testemunhal possui as seguintes características: judicialidade, oralidade, 
objetividade e retrospectividade. Assim, considera-se testemunha stricto sensu aquela que presta 
depoimento na presença do juiz. Tal depoimento deve ser objetivo, limitado a fatos que guardem 
relação com o processo, e não a fatos futuros, e é uma prova oral, não sendo possível à 
testemunha levar seu depoimento por escrito. Entretanto, é possível que a mesma leve pequenos 
apontamentos para serem conferidos em caso de necessidade, como a data ou outro detalhe 
específico. 
Embora toda pessoa possa ser testemunha, e todos tenham obrigação de 
 
 
 
 
 
 
 
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depor, há pessoas que não podem depor em razão do dever de sigilo. São aqueles que 
souberam dos fatos em razão de ministério (padre etc), profissão (médico, advogado etc), 
ofício (instrumentador do médico, secretária do advogado etc) e função (senventuário da Justiça 
que atuou no processo etc). Entretanto, o réu pode desobrigá-los do dever de sigilo, caso em que 
não será praticado o crime de violação de segredo profissional ou similar, mas isso não significa 
que estarão isentos de sanção na esfera administrativa específica. Importante ressaltar que as 
pessoas que sabem dos fatos em razão de função, como o Juiz, o membro do Ministério Público, 
os serventuários da Justiça etc estão proibidos de depor, o que significa dizer que a eles não é 
aplicável a desobrigação, estando impedidos de prestar depoimento. Trata-se do impedimento 
previsto nos arts. 112, 252, incisos II e III, 258 e 274, todos do CPP. 
As testemunhas classificam-se em numerárias e extranumerárias (dentro ou não do 
número legal); próprias (que prestam o compromisso) e impróprias (ouvidas como informantes); 
referidas (que não foram arroladas pelas partes, mas como seu nome foi mencionado por uma 
das testemunhas no processo, o juiz decide ouvi-las); contraditas (testemunhas suspeitas; a 
parte deve arguir a contradita no momento de sua qualificação, sendo impossível fazê-lo durante 
ou após prestar seu depoimento, art. 214 do CPP); instrumentárias ou fedatárias (que prestam 
depoimento sobre uma fase do processo, e não sobre os fatos em si); de visu (é a testemunha 
que presenciou visualmente os fatos); presenciais (a testemunha que presenciou os fatos, não 
necessitando ter “visto” os acontecimentos; é hoje nomenclatura mais utilizada, até em função de 
sua maior abrangência); de caráter (não sabem dos fatos em si, mas prestam depoimento sobre 
o caráter, personalidade, conduta do agente em sociedade; é importante para a aplicação da 
pena em caso de condenação); computadas (aquelas que são consideradas para o cômputo do 
número legal; os informantes são computados, bem como as testemunhas “de caráter”); não 
computadas (aquelas que nada sabem de relevante para os fatos ou processo). 
O valor da prova testemunhal é o mesmo das demais provas, ou seja, é relativo. O Brasil 
não adota a máxima testis unus, testis nullus (uma testemunha, nenhuma testemunha). Isso 
significa dizer que, no direito brasileiro, o juiz pode formar seu convencimento no depoimento de 
uma única testemunha, desde que fundamente sua decisão, demonstrando os motivos do seu 
convencimento. 
Por muitos anos, o sistema adotado para as audiências de prova testemunhal foi o 
chamado sistema presidencialista, no qual as partes não podiam dirigir-
 
 
 
 
 
 
 
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se diretamente às testemunhas, devendo formular as perguntas ao juiz, e este reperguntava à 
testemunha. O sistema processual brasileiro não é mais o presidencialista. Porém, também não 
é o chamado cross examination, muito embora diversos autores estejam utilizando esta 
expressão. 
O próprio Supremo Tribunal Federal, em recentes julgados, referiu-se à atual sistemática 
das audiências como cross examination. Contudo, o atual sistema de audiências apenas se 
identifica com este formato do exame cruzado por permitir que as perguntas sejam formuladas 
diretamente pelas partes às testemunhas (direct examination). No real sistema do cross 
examination (exame cruzado), utilizado por exemplo no sistema norte-americano, as próprias 
partes examinam as perguntas feitas pela parte contrária, requerendo o indeferimento das 
perguntas impertinentes através do conhecido “protesto”. 
Portanto, embora o nosso atual sistema se assemelhe, em parte, ao cross examination, 
porquanto as partes podem formular perguntas diretamente às testemunhas, o juiz pode indeferir 
perguntas de ofício, da mesma forma que pode complementar a inquirição, em consagração ao 
princípio da verdade real. Cria-se, portanto, um sistema próprio, parecido com aquele, é certo, 
porém não idêntico. 
Entretanto, para uma prova objetiva, diante das recentes decisões do STF, o candidato 
pode considerar o cross examination como resposta. 
Veja o que dispõe o art. 212 supra citado: 
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não 
admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa 
ou importarem na repetição de outra já respondida. 
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a 
inquirição. 
 
Ressalte-se que o não respeito à ordem indicada no referido artigo, ou seja, primeiro 
perguntam as partes, depois o juiz complementa, caracteriza nulidade relativa, motivo pelo qual a 
parte deve, em caso de descumprimento pelo juiz, se insurgir no momento da audiência, fazendo 
consignar o desrespeito à lei em assentada, sob pena de preclusão. 
O réu tem o direito de presenciar o testemunho, entretanto, é possível sua retirada da sala 
de audiências quando sua presença puder causar constrangimento ou 
 
 
 
 
 
 
 
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humilhação à testemunha. Com a reforma de 2008, tal providência passou a configurar exceção, 
uma vez que o juiz deve, na hipótese, preferencialmente, permitir que o réu assista o depoimento 
através do sistema de videoconferência. Este o teor do art. 217 do CPP: 
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou 
sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do 
depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa 
forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu 
defensor. 
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo deverá 
constar do termo, assim como os motivos que a determinaram. 
 
É possível a antecipação da prova testemunhal, ao que alguns autores chamam 
depoimento ad perpetuam rei memoriam (art. 225 do CPP). Outros entendem que esta 
nomenclatura somente seria aplicável quando a antecipação da prova ocorresse através de 
processo cautelar, anterior ao processo principal. 
 
6. Reconhecimentode pessoas 
Dispõe o art. 226 do CPP: 
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-
se-á pela seguinte forma: 
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que 
deva ser reconhecida; 
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, SE POSSÍVEL, ao lado de 
outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o 
reconhecimento a apontá-la; 
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito 
de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser 
reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela; 
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, 
pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas 
presenciais. 
Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não terá aplicação na fase da instrução 
criminal ou em plenário de julgamento. 
 
Repare que o procedimento indicado no inciso II do referido artigo somente será realizado 
se possível, e tal impossibilidade não gera nulidade, não passando de 
 
 
 
 
 
 
 
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mera irregularidade. 
É possível ainda que o reconhecimento de pessoas e coisas seja efetuado através de 
fotografias. 
 
7. Acareação 
Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre ACUSADO E TESTEMUNHA, 
entre TESTEMUNHAS, entre ACUSADO OU TESTEMUNHA E A PESSOA OFENDIDA, 
e entre AS PESSOAS OFENDIDAS, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre 
fatos ou circunstâncias relevantes. 
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de 
divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação. 
 
Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra, que 
esteja presente, a esta se darão a conhecer os pontos da divergência, consignando-se no 
auto o que explicar ou observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à 
autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-se as declarações 
desta e as da testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem como o texto do 
referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, 
pela mesma forma estabelecida para a testemunha presente. Esta diligência só se 
realizará quando não importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda 
conveniente. 
 
Verifica-se que é possível a acareação entre todos aqueles que produzem provas orais. 
Entretanto, devemos nos perguntar: é possível acareação envolvendo o réu? A resposta 
positiva se impõe. No entanto, como existe o direito à não autoincriminação, pode o réu negar-se 
à produção da referida prova, da mesma forma que poderá mentir para preservar a si mesmo. 
Da mesma forma, não podemos nos esquecer que a garantia à não autoincriminação 
estende-se também às testemunhas, que poderão lançar mão deste argumento para evitar a 
participação naquele ato procedimental. 
 
8. Documentos 
Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou 
particulares. 
 
 
 
 
 
 
 
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A juntada da prova documental pode ocorrer, em regra, a qualquer tempo, até sentença. 
Entretanto, exceção ocorre no procedimento do Tribunal do Júri, no qual não podem ser 
juntados documentos, na 1ª fase, após a oitiva do réu. Desse momento até o início da 2ª fase, a 
juntada de documentos está vedada. Na 2ª fase, podem ser juntados documentos até 3 dias 
antes da sessão plenária. Caso isso seja desrespeitado, a prova será ILEGÍTIMA, devendo ser 
desentranhada. Caso haja prova importante que deve ser juntada e já se esteja dentro do prazo 
de 3 dias para a sessão plenária, o juiz deverá, simplesmente, adiar o julgamento. 
 
9. Indícios 
Indício está preconizado no art. 239 do CPP: considera-se indício a circunstância 
conhecida e provada que, tendo relação com o fato, permite, por dedução, concluir sobre outras 
circunstâncias. Sendo assim, os indícios nos levam a presunções, as quais são insuficientes para 
um juízo de certeza. Não pode o juiz condenar com base exclusivamente em indícios. 
 
10. Busca e Apreensão 
Preliminarmente, destacamos que busca e apreensão não é uma espécie de prova, 
possuindo natureza jurídica de medida cautelar. 
Trata-se de medida cautelar que recai sobre coisas e pessoas. 
Dispõem os arts. 240 e 241 do CPP: 
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. 
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para: 
a) prender criminosos; 
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; 
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou 
contrafeitos; 
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados 
a fim delituoso; 
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; 
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja 
suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; 
g) apreender pessoas vítimas de crimes; 
h) colher qualquer elemento de convicção. 
 
 
 
 
 
 
 
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§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém 
oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo 
anterior. 
 
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a 
busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado. 
 
Para a busca domiciliar imprescindível a existência de um mandando prévio, expedido pelo 
juiz competente. A menção, no at. 241, a uma busca domiciliar realizada diretamente pela 
autoridade policial, sem mandado, não foi recepcionada pelo art. 5º., inc. XI, da Constituição 
Federal: 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
 
Da mesma forma, devemos observar que a busca e apreensão depende de um mandado o 
mais determinado possível, que somente poderá ser cumprido durante o dia1, sendo certo que a 
alínea f do art. 240 também não foi, no todo, recepcionada, sendo inadmissível, após a 
CRFB/1988, a apreensão de cartas fechadas, por flagrante violação ao disposto no art. 5º., inc. 
XII: 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e 
das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e 
na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual 
penal; 
 
Quanto à busca pessoal, a mesma pode ocorrer independentemente de mandado, sendo 
realizada quando houver “fundada suspeita”, aplicando-se aqui mesmas restrições quanto à 
inviolabilidade do domicílio e de cartas fechadas. 
A busca em automóveis é considerada extensão da busca domiciliar, salvo quando o 
automóvel é utilizado como domicílio. 
 
 
 
1 DIA para o Processo Penal é das 6 às 18 horas, ou enquanto houver luz do dia. 
 
 
 
 
 
 
 
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