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Fundamentos da 
Arqueologia e Pré-história 
no Brasil
Introdução à Arqueologia
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Elisabete Guilherme
Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
5
Leia atentamente o conteúdo desta unidade, que lhe introduzirá nos estudos da arqueologia 
como ciência e disciplina. 
Você também encontrará nesta unidade uma atividade composta por questões de múltipla 
escolha, relacionadas com o conteúdo estudado. Além disso, terá a oportunidade de trocar 
conhecimentos e debater questões no fórum de discussão.
É extremante importante que você consulte os materiais complementares, pois são ricos em 
informações, possibilitando-lhe o aprofundamento de seus estudos sobre este assunto.
 · Apresentar o nascimento da Arqueologia como ciência histórica; 
 · Estabelecer sua distinção com relação a outras ciências históricas;
 · Mencionar as ferramentas e o conteúdo estudado pela Arqueologia;
 · Apresentar os principais nomes da Arqueologia.
Fundamentos da Arqueologia e 
Pré-história no Brasil
 · O surgimento da arqueologia como história
 · Definição e evolução histórica da arqueologia
 · A especificidade da arqueologia e suas ferramentas
6
Unidade: Introdução à Arqueologia
Contextualização
“A arqueologia é uma forma de história e não uma 
simples disciplina auxiliar. Os dados arqueológicos são 
documentos históricos por direito próprio e não meras 
con�rmações de textos escritos. Exatamente como 
qualquer outro historiador, um arqueólogo estuda e 
procura reconstruir o processo pelo qual se criou o 
mundo em que vivemos – e nós próprios, na medida 
em que somos criaturas do nosso tempo e do nosso 
ambiente social.”
“A arqueologia é uma forma de história e não uma simples disciplina auxiliar. Os dados 
arqueológicos são documentos históricos por direito próprio e não meras confirmações de 
textos escritos. Exatamente como qualquer outro historiador, um arqueólogo estuda e procura 
reconstruir o processo pelo qual se criou o mundo em que vivemos – e nós próprios, na medida 
em que somos criaturas do nosso tempo e do nosso ambiente social.”
Gordon CHILDE
Esse trecho do arqueólogo Gordon Childe ilustra bem a definição do trabalho da arqueologia.
Leia com atenção os textos, pesquise e avalie seus conhecimentos sobre os estudos 
arqueológicos. Considere a importância que esses estudos têm para o conhecimento do passado 
da humanidade e quais impactos geram para o estabelecimento de estratégias futuras. 
7
O surgimento da arqueologia como história
Conhecer o passado sempre foi um dos principais desejos humanos. O desejo de desvendar os 
caminhos percorridos por outros homens e mulheres em outras épocas teve, desde muito cedo, 
vários adeptos. O hábito de procurar e colecionar objetos do passado, assim como ferramentas 
do homem que os produziu, deu origem aos “gabinetes de curiosidades”, que mais tarde 
serão organizados como museus. A arqueologia será considerada uma tentativa do homem de 
encontrar objetos do passado da humanidade que permitam identificar seus autores, a cultura 
que os produziu, assim como sua organização e relações sociais, políticas e econômicas. 
A bem sucedida série de filmes de aventura do arqueólogo Indiana Jones despertaram a 
curiosidade e o interesse por essa profissão. Mas por trás da imagem atraente, muitas vezes 
sexy e inspiradora de filmes, romances e livros os mais variados, o arqueólogo tem um trabalho 
árduo, sério e distante das peripécias das telas (FUNARI, 2012). 
Assim como outras ciências, a arqueologia tem um histórico de nascimento por volta do 
século XIX, no bojo do imperialismo, como “subproduto da expansão das potências coloniais 
europeias e dos Estados Unidos, que procuravam enriquecer explorando outros territórios” 
(FUNARI, 2012, p. 10).
Definição e evolução histórica da arqueologia
A arqueologia pode ser interpretada como a ciência que estuda os artefatos, as “coisas”, 
os objetos que foram produzidos pelo trabalho humano. O trabalho da arqueologia, e do 
arqueólogo, é, então, procurar tais artefatos por meio de técnicas de escavação e restauro. 
A origem grega da palavra arqueologia (archaios – passado/antigo e logos – ciência/estudo) 
pode ser apontada como um dos motivos que levaram a tal concepção do trabalho arqueológico, 
uma vez que também as pesquisas mais antigas, talvez, tenham dado ênfase ao estudo dos 
restos materiais de uma atividade exercida pelo homem no passado (FUNARI, 2012, p. 13). Por 
outro lado, não parece ser possível tratar somente das coisas, sem considerar o homem que a 
produziu e a usou. Daí a necessidade de ampliação dos campos de atuação da disciplina. 
Os esforços no sentido de compreender os estudos arqueológicos atuais têm origens 
muito antigas. Alguns autores, como Robrahn-González (1999/2000), propõem dividir em 
quatro os períodos para estudar a evolução no campo de estudo da arqueologia: período 
especulativo (1492-1840); período descritivo-classificatório (1840-1914); período histórico-
classificatório (1914-1960); e período moderno (1960-2000). Este último período pode ser 
estendido até os dias atuais.
8
Unidade: Introdução à Arqueologia
Período especulativo (1492-1840)
Nessa fase, a preocupação se voltava, inicialmente, para a coleta de materiais considerados 
exóticos. Os colecionadores reuniam o material recolhido em viagens pelo mundo e os 
guardavam nos “gabinetes de curiosidades”. A partir do século XV, os contatos com a Ásia 
Central, a Mesopotâmia e a Pérsia irão revelar construções desconhecidas pelos europeus: os 
templos indianos, as ruínas de antigas cidades e as porcelanas chinesas e japonesas (ROBRAHN-
GONZÁLEZ, 1999-2000).
As grandes navegações nos séculos seguintes colocarão em contato povos completamente 
diferentes daqueles conhecidos até então. Os traços dos habitantes das Américas despertaram 
vários questionamentos, inclusive sobre sua pertença ou não à espécie humana. As expedições 
estrangeiras irão, pouco a pouco, revelar as sociedades dos Astecas e depois dos Maias. Essas 
descobertas causam desconforto entre os europeus. E no século XX, as pesquisas que se voltaram 
para a busca da antiguidade do homem americano ganharão vulto. 
O século XVIII verá a preocupação da Europa em conhecer suas próprias origens e as 
pesquisas se voltam para grandes monumentos como o Stonehenge, na Inglaterra. 
Fonte: Bernard Gagnon/Wikimedia Commons
Continuam as escavações em sítios já conhecidos, como 
Pompéia e Herculano na Itália. Embora haja um reconhecido 
aumento no volume de pesquisas em solo europeu, segue o 
interesse pelas pesquisas arqueológicas em sítios tradicionais 
como o Egito. Tal curiosidade é alimentada por significativas e 
importantes descobertas, como a da Pedra da Roseta no Egito .
Fonte: Hans Hillewaert/Wikimedia Commons
9
Você já ouviu falar da Pedra da Roseta? Não?! Faça uma pesquisa para descobrir 
sobre o significado dessa pedra encontrada pelo exército de Napoleão Bonaparte 
em 1799. Confira qual o seu conteúdo, dimensões e origem...
Ainda com uma característica especulativa, a arqueologia terá sua primeira publicação 
no formato de jornal anual e essa será, em 1770, a primeira publicação sistemática sobre as 
pesquisas arqueológicas. Na mesma época, será organizado o British Museu, com o objetivo de 
abrigar cerca de 80 mil peças colecionadas por Hans Sloane. 
O final do século XVIII e o início do XIX foram influenciados pelo movimento do Iluminismo, 
e com a arqueologia não poderia ser diferente. Segundo Robrahn-González (1999-2000):
A arqueologia fornecia um excelente suporte à ideia do progresso humano, e 
os artefatos em pedra que até então tinham sido coletados, de forma dispersa, 
passaram a ser relacionados a sociedades europeias antigas e anteriores 
ao conhecimento do ferro. Iniciou-se, assim, um sistemáticointeresse em 
antiguidades como fonte de dados sobre a condição humana. De qualquer 
forma, o foco das atenções continuou sendo dado ao artefato, com raras 
informações sobre o contexto em que foram encontrados. 
No Brasil, as crônicas do descobrimento sempre deram destaque aos indígenas e sua 
diversidade, tanto física quanto cultural ou moral. 
Como características da predominância do olhar especulativo desse período, Robrahn-
González (1999-2000) destaca, entre outras: a pobreza dos dados arqueológicos em si, a 
falta de uma tradição e a profunda aceitação teológica dos fenômenos naturais e culturais do 
passado. As deficiências no estudo e na aplicação de técnicas de pesquisa não podiam classificar 
a arqueologia como ciência, mas os primeiros passos tinham sido dados. 
Período descritivo-classificatório (1840-1914)
Esse período irá marcar uma mudança de atitude e de visão da maioria dos escritores e 
estudiosos em arqueologia. O foco dos estudos passa a ser a descrição de materiais, especialmente 
as obras arquitetônicas e os monumentos. O objetivo é tornar a arqueologia uma disciplina 
sistemática e científica, e as pesquisas começam a receber financiamentos (ROBRAHN-
GONZÁLEZ, 1999-2000).
Embora o início do século XIX marque a descoberta de antigas ocupações no Novo e Velho 
Mundos, a inspiração bíblica continua sendo a principal fonte para a procura de civilizações 
perdidas no Egito e no Oriente Próximo.
10
Unidade: Introdução à Arqueologia
Fonte: Adaptado de Franco Júnior, Hilário; Andrade Filho, Ruy de O. Atlas história geral. 5 ed. São Paulo: Scipione, 2000. p. 4
Tais expectativas acabam sendo atendidas com grandes descobertas na Mesopotâmia, assim 
como as esculturas assírias e a cidade bíblica de Nínive, e a finalização dos trabalhos para decifrar os 
códigos da escrita cuneiforme. É ainda nesse período que o banqueiro alemão Heinrich Schliemann, 
inspirado na Ilíada de Homero, identificou a cidade de Tróia no oeste da atual Turquia.
Esse período irá sofrer uma série de influência sobre o estudo da arqueologia e a sua 
consolidação como disciplina. Com o auxílio da geologia, a arqueologia ganhará bases para 
as escavações, e as descobertas irão apontar para um passado remoto da humanidade. O 
resultado das pesquisas abala os pressupostos bíblicos acerca das origens do homem. Existe 
a possibilidade de uma pré-história, os estudiosos começam a descobrir a antiguidade da 
Humanidade. Assim como aconteceu com a sociologia e a antropologia, também a arqueologia 
será impactada pela obra de Charles Darwin e o conceito das “Três Idades”* ganhará suporte 
para ser desenvolvido e usado para datar os artefatos. Essa divisão ganhará ajustes, mas 
será difícil atribuí-la a continentes como o africano ou o americano. Na esteira dos estudos 
de Darwin, também a sociologia vê a possibilidade de, partindo do mesmo pressuposto (a 
evolução das espécies, sobrevivendo a que melhor se adapte ao meio), dividir as sociedades em 
três estados: o selvagem, o bárbaro e o civilizado. Tal esquema generalizante foi combatido por 
várias correntes sociológicas.
*As “Três Idades” foram divididas em Idade da Pedra, Idade do Bronze e Idade do Ferro em 1848, 
por sugestão do dinamarquês C.J. Thomsen. Mais tarde, a Idade da Pedra foi dividida em Paleolítico 
(ou Idade da Pedra Lascada) e Neolítico (ou Idade da Pedra Polida). Atualmente, a Idade do Ferro 
é conhecida também como Idade dos Metais. 
11
Os movimentos nacionalistas que se fortalecem na Europa sustentam as pesquisas por uma 
origem comum entre os vários povos de uma nação. Na busca por unidade, a Alemanha, por 
exemplo, procura sua ancestralidade nos povos germânicos e nórdicos ou eslavos. Em todas as 
regiões do mundo, em especial nas Américas, surgem centros de pesquisa e sítios arqueológicos 
na busca pelas origens comuns.
Como resultado desse crescente interesse pelos estudos arqueológicos, Robrahn-González 
(1999-2000) afirma que: 
De um modo geral, essa fase descritivo- classificatória constituiu o berço 
da arqueologia sistemática, resultando em sua definição formal enquanto 
disciplina. Deu-se início à era das descrições e classificações criteriosas, ao 
desenvolvimento da tipologia, ao mapeamento geográfico dos achados, bem 
como à realização de grande quantidade de pesquisas de campo. No início do 
século XX a arqueologia começou a ser lecionada em universidades, dando 
treinamento a novos profissionais. A aliançada arqueologia com a antropologia 
começou ainda no final dessa fase, e foi fundamental para o desenvolvimento 
conceitual da disciplina [...]. 
O período seguinte irá tratar dos princípios fundamentais da arqueologia.
Período histórico-classificatório (1914-1960)
Devido ao avanço no campo da pesquisa arqueológica, o início do século XX marca a 
necessidade de classificar a grande quantidade de material coletado nas escavações, como 
também estabelecer sistemas cronológicos regionais e a descrição do desenvolvimento cultural 
de cada área. Os avanços continuaram em todas as regiões clássicas de pesquisa, mas as 
principais contribuições serão dadas pelos sítios na América. Inclusive com a criação de novas 
técnicas de escavações.
Entre os estudiosos, alguns ganharam destaques por suas contribuições, como foi o caso 
de Gordon Childe, que desenvolveu técnicas para o estudo dos vestígios tanto na distribuição 
vertical (ou cronológica) como a partir de sua posição nos estratos (ou sequência estratigráfica). 
O enfoque horizontal preocupava-se com a distribuição espacial dos vestígios. 
A seriação foi considerada como o principal instrumento metodológico para ordenar os 
vestígios através da presença ou ausência de determinados artefatos (ou atributos)-tipo. O 
conceito de “tipo” foi muito importante para a arqueologia americana e, embora bastante útil, 
mostrou-se insuficiente devido à grande diversidade de variáveis que os materiais apresentam. 
Importante avanço nesse período foi a criação dos principais fundamentos para a análise 
das indústrias líticas e cerâmicas e para o desenvolvimento da arqueologia numa perspectiva 
histórico direta. Todos esses métodos tinham como objetivo “a elaboração de sínteses regionais, 
que procuravam ordenar os dados arqueológicos de uma determinada área em uma perspectiva 
temporal e espacial.” (ROBRAHN-GONZÁLEZ, 1999-2000, p. 18). A sociologia contribuiu para a 
criação do conceito de ecologia cultural, e tal escola também teve sua manifestação na arqueologia. 
Os avanços em outras áreas do saber, como a física e a química, a botânica e a biologia, 
foram benéficos para a arqueologia. A datação com o Carbono 14 foi fundamental para algumas 
discussões arqueológicas, sobretudo no que diz respeito às pesquisas no continente americano. 
12
Unidade: Introdução à Arqueologia
Os últimos anos desse período foram ricos em sínteses arqueológicas diversas em suas análises, 
mas importantes, segundo Robrahn-González (1999-2000), por 
terem organizado a produção de grande quantidade de dados produzidos e que 
permitiu aos arqueólogos formular problemas relacionados à mudança cultural, 
abrindo importantes campos de investigação que prepararam o advento da 
New Archaeology, nos anos 60. 
Período moderno (1960-2000)
Os anos 60 marcam a insatisfação dos pesquisadores com a arqueologia tradicional e alguns 
arqueólogos apontam a necessidade de se lidar com uma maior diversificação de traços de 
uma cultura. Os questionamentos de autores como Walter W. Taylor, Gordon Willey e Phillip 
Phillps ajudam no surgimento, nos Estados Unidos, da denominada escola processual ou New 
Archaeology (ROBRAHN-GONZÁLEZ, 1999-2000), sob a liderança de Lewis Binford.
A escola possuía vários conceitos e, também na Inglaterra, com David Clarke, muitos dos 
conceitos foram discutidos e desenvolvidos. A interdisciplinaridade foi um importante ganho 
para as pesquisas arqueológicas,assim como as pesquisas de campo, o incremento em 
métodos matemáticos de quantificação e a sofisticação de análises químicas e físicas aplicadas a 
vestígios arqueológicos. Após a descoberta, com o uso das técnicas e dos fundamentos da New 
Archaeology, de um fóssil humano no continente africano, este se tornou o centro de estudos 
sobre a evolução humana. 
Foram desenvolvidos vários temas de pesquisas, entre os quais: o estudo das práticas 
mortuárias, que permitiu identificar os diferentes tipos de relações entre os indivíduos e de 
grupos de indivíduos nas sociedades; os sistemas de organização social refletidos em padrões 
de residência; análises demográficas baseadas em estudos de residência; etc. Também foram 
criados novos campos de estudo, como o da etnoarqueologia, que acabou por reacender antigas 
discussões e, nesse caso, o uso da analogia (de forma direta ou indireta) enquanto instrumento 
de análise. As pesquisas no campo de estudo da cultura material ganham destaque e geraram 
questionamentos, tanto favoráveis como contrários. 
A New Archaeology teve alguns percalços pelo caminho, mas seu mérito em tirar o foco 
de uma arqueologia descritiva para uma explicativa e voltar-se para o estudo de processos 
humanos de desenvolvimento não pode ser negado.
A década de 70 verá a ampliação das abordagens nos estudos arqueológicos. Como reação à 
New Archaeology, foi criada a escola denominada de Escola Pós-Processual ou de “arqueologias 
interpretativas”, como é chamada atualmente, fortemente influenciada pelo neomarxismo, o 
pós-positivismo e a hermenêutica. O período moderno será caracterizado mais pela diversidade 
do que pela igualdade.
As variantes da escola pós-processual são a hermenêutica, a arqueologia crítica apoiada num 
discurso neomarxista e por fim, a arqueologia do gênero, que procura estudar o papel feminino 
nas sociedades do passado.
13
A ampliação do campo de atuação do arqueólogo, assim como a sua contribuição para a 
compreensão e resposta das demandas da sociedade atual, tem ganhado relevância nos últimos 
anos. E a arqueologia, em suas mais diferentes escolas de interpretação e técnicas, continua 
trabalhando para compreender e explicar o passado humano. 
A especificidade da arqueologia e suas ferramentas
Até recentemente, apenas as “coisas”, os objetos criados pelo trabalho humano (os 
“artefatos”) eram objeto de estudo da arqueologia. Os estudiosos deviam dedicar-se ao trabalho 
de escavação e restauro do artefato. E dar-se por satisfeito ao encontrar algum objeto ou resto 
de material em algum buraco. 
O que se tem notado nos últimos anos, segundo Funari (2012), é que a arqueologia alargou 
seu campo de ação para o estudo da cultura material de qualquer época, passada ou presente. 
Os ecofatos e os biofatos também representam a ação do homem diante da natureza, e tal 
apropriação varia de grupo para grupo, de sociedade para sociedade e de tempo em tempo. O 
que significa dizer que a apropriação humana se dá num grupo cultural que está inserido num 
tempo e num espaço concretos. 
FUNARI (2012, p. 15) afirma que “[...] a arqueologia estuda, diretamente, a totalidade 
material apropriada pelas sociedades humanas, como parte de uma cultura total, material e 
imaterial, sem limitações de caráter cronológico.” A ampliação na compreensão do objeto de 
estudo da arqueologia é umas das contribuições da New Archaeology*, que não considera 
apenas os artefatos, mas procura estabelecer relações entre este a cultura que o gerou, bem 
como as transformações da sociedade em questão.
*A apresentação e formulação de princípios relativos a processos culturais, visando à 
compreensão do comportamento humano em geral, tornou-se, em particular nos estudos da 
New Archaeology, uma proposta arqueólogo-antropológica que se opunha à mera tentativa de 
recuperação de resquícios do passado.
Por ser uma disciplina acadêmica recente, embora exista há décadas, a Arqueologia foi muitas 
vezes tratada, apenas, como “auxiliar” das outras ciências. Ela foi classificada apenas como 
técnica que pode ser traduzida como a mera abertura de buracos no solo ou o abaixar-se para 
recolher objetos. Ao arqueólogo compete o trabalho braçal. Valendo-se das novidades trazidas 
pela escola norte-americana, considera-se que “a especificidade da arqueologia consiste em 
tratar, particularmente, da cultura material, das coisas, de tudo que, em termos materiais, se 
refere à vida humana, no passado e no presente” (FUNARI, 2012, p. 18). 
14
Unidade: Introdução à Arqueologia
Alguns arqueólogos famosos
Alguns arqueólogos se tornaram famosos, sobretudo pelas marcas pessoais que imprimiram 
em suas pesquisas ou nas descobertas que fizeram. A atividade de pesquisador foi marcada, em 
seus primórdios, pela de aventureiro. Assim, os primeiros nomes que se destacam na arqueologia 
são daqueles que fizeram de suas buscas verdadeiras e inspiradoras aventuras. Como destaques, 
temos o alemão Heinrich Schliemann e o inglês Howard Carter.
Com uma vasta formação intelectual, além do domínio 
de vários idiomas, o alemão Heinrich Schliemann* (1822-
1890) foi o primeiro arqueólogo aventureiro. Dentre 
as suas formações, encontra-se, inclusive, a filologia e 
arqueologias egípcias. Inspirado na Ilíada de Homero, 
visitou a Grécia e o Império Turco-Otomano em busca da 
lendária cidade de Tróia. Em 1870, chegou à aldeia turca 
de Hissarlik, acreditando ter encontrado a lendária cidade 
e seus tesouros. Suas aventuras foram fontes de inspiração 
para muitos na busca por tesouros da Antiguidade. 
O inglês Howard Carter (1874-
1939), embora fosse um profissional 
erudito como Schliemann, dava 
pouco interesse à vida acadêmica e 
dedicou-se ao estudo das antiguidades 
do Egito. Ganhou fama mundial ao 
descobrir a tumba de Tutancamon*, e 
o prosseguimento de suas pesquisas e 
de sua saga serviram para perpetuar a 
visão aventureira em torno do ofício 
(FUNARI, 2012). 
Outros estudiosos também se 
destacaram no ofício da arqueologia, 
embora utilizassem meios e técnicas 
diferentes dos de seus antecessores. O também inglês William Matthews Flinders Petrie 
(1853-1942) será considerado um dos pioneiros da arqueologia moderna pelas técnicas 
apuradas. Com o dinheiro levantado entre pessoas de posse, criou a Egyptian Exploratio 
Fund, com o objetivo de preservar o que ainda restava do Egito Antigo. Ele foi o primeiro a 
escavar cientificamente o Egito e a catalogar cuidadosamente os objetos de uso cotidiano, 
mesmo quando fragmentados. É considerado o pai da arqueologia bíblica, por ter dado 
início às modernas escavações na Palestina.
Fonte: Wikimedia Commons
Fonte: Wikimedia Commons
15
A geração seguinte não dará continuidade à arqueologia empírica inaugurada por Petrie. 
Outros estudiosos, com estilos diferentes, irão dar novas contribuições à pesquisa. Mortimer 
Wheeler, de caráter mais conservador e aristocrático, e Vere Gordon Childe, de estilo 
progressista e popular.
Mortimer Wheeler (1890-1976) formou-se em estudos clássicos e dedicou-se à vida acadêmica. 
Foi diretor do National Museum of Wales, empenhou-se e em 1937 conseguiu realizar a criação 
de um Instituto de Arqueologia no Museu de Londres. Deu importantes contribuições para as 
pesquisas das civilizações antigas na região do rio Indo e tornou-se, em 1944, diretor-geral 
do Archaeological Survey of India. Sua maior contribuição foi o desenvolvimento do sistema 
“Wheeler” de quadrículas. Escreveu para jornais e revistas e participou de programas de rádio. 
“Tornou-se ainda muito influente entre os pesquisadores ao afirmar que o arqueólogo “escava 
pessoas, não coisas””. (FUNARI, 2012, p. 20). 
De um canto do mundo considerado sem valor, surgiu um dos mais importantes arqueólogos 
do final do século XIX, início do XX. Vere Gordon Childe (1892-1957) nasceu na Austrália. 
Fez os estudos clássicos (grego, latime filosofia), mas logo entrou para o Partido Trabalhista 
da Austrália. Percorreu a Europa e depois de realizar vários estudos, tornou-se, em 1927, 
catedrático de arqueologia em Edimburgo, Escócia. Embora seja considerado o maior teórico 
dos estudos arqueológicos, Childe foi também o mais prolixo e bem sucedido divulgador da 
disciplina. Era de inspiração marxista e seus livros se tornaram obras de referência. Dirigiu o 
Instituto de Arqueologia de Londres e, em 1957, depois de voltar à Austrália, cometeu suicídio 
por motivos poucos claros. 
A técnica da pesquisa em grandes superfícies é uma contribuição do arqueólogo francês André 
Leroi-Gourhan (1911-1986). Sua formação, próxima à etnologia, levou a um tipo diferenciado 
de arqueologia, como o estudo do modo que as pessoas vivem em sociedade. Estudou russo e 
chinês e viveu no Japão como pesquisador. Foi curador do Museu Guimet e diretor associado 
do novo Museu do Homem. Professor de Lyon, depois da Sorbonne e do College de France, 
formou arqueólogos franceses e de muitos outros países, como o Brasil. 
Segundo Funari (2012):
Sua visão humanista tanto da disciplina como das culturas considerava todas as 
sociedades e povos dignos de valor. Essa postura que valorizava o ser humano 
foi fundamental, por exemplo, para que, no Brasil, surgisse uma arqueologia 
preocupada com os vestígios indígenas, que teve na pessoa do jornalista e 
intelectual Paulo Duarte um de seus principais pioneiros. 
Como se vê, o campo de estudo da arqueologia abre muitas possibilidades, pois o homem 
sempre está em busca de suas origens. 
16
Unidade: Introdução à Arqueologia
Material Complementar
 
 Explore
Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta unidade, confira:
Documentário sobre um dos sítios arqueológicos mais conhecidos da Europa: Pompéia. 
Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=dsktvcddnTc>.
Sugestões de alguns sites sobre arqueologia:
• www.unicamp.br/nee/arqueologia
• http://www.arqueologiasubaquatica.org.br/
• http://www.itaucultural.org.br/arqueologia/
17
Referências
FUNARI, P.P. Arqueologia. 3 ed. São Paulo: Contexto, 2012.
ROBRAHN-GONZÁLEZ, E. M. Arqueologia em perspectiva: 150 anos de prática e reflexão no 
estudo de nosso passado. In REVISTA USP, São Paulo, n. 44, p. 0-3, dezembro/fevereiro 1999-
2000. Disponível em: <http://www.usp.br/revistausp/44/02-erika.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2014.
18
Unidade: Introdução à Arqueologia
Anotações

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