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7 - Recuperação judicial de empresas – Disposições gerais 1. Objetivos 2. Possibilidade jurídica 3. Requisitos 4. Legitimidade jurídica 5. Interesse processual 1. Objetivos – artigo 47 • Função social da empresa (artigos, 5o, XXII e XXIII c/c 170, III da CF/88; artigo 421, CC; artigo 116, p.único, LSA – Lei 6.404/76) • Poder-dever de exercer a propriedade vinculada a uma finalidade • Reorganização saudável da empresa • Participação ativa/dinâmica dos envolvidos • Preservação da empresa (artigos 3o, III, 23, X, 170, VII e VIII; 174, caput e §1º e 192 da CF/88) • Manutenção da fonte produtora • Continuidade dos empregos • Proteção aos interesses dos credores • Estímulo à atividade econômica (artigo 3º, II e III, CF/88) Observe a prevalência da manutenção da atividade produtora sobre os demais interesses, inclusive de trabalhadores em suas execuções trabalhistas. Elementos essenciais: • Série de atos • Consentimento dos credores • Concessão judicial • Superação da crise • Manutenção das empresas viáveis Tomazette, Marlon. Curso de Direito Empresarial – Falências e Recuperação Judicial, v. 3, 5ª. Ed., ver. e atual. – São Paulo: Atlas, 2017, p. 44 2. Possibilidade jurídica – artigo 48 A Recuperação Judicial pode ser requerida: – por empresário ou sociedades empresárias – Exercício regular da atividade econômica há mais de 2 anos (artigo 48, caput) x regularmente inscrito no Registro do Comércio O pedido de RJ será analisado em dois momentos (responsabilidade multilateral pelo sucesso do Plano de Recuperação) – Pelo juiz para o processamento da RJ (artigos 52) – Pelos credores, quanto à viabilidade do Plano (artigo 53, p. único) 3. Requisitos Condições da ação/elementos de possibilidade jurídica do pedido A recuperação judicial depende da vontade do empresário em crise. 3.1. Artigo 48, caput Exercício regular da atividade há mais de 2 anos – Comprovação: Certidão da Junta Comercial – Exercício da atividade – regularidade do exercício: cumprimento das obrigações decorrentes do regime jurídico empresarial – Permanência da atividade: aferição da seriedade e relevância empresarial 3.2. Artigo 48, I • “Não ser falido” (artigo 102) – Empresário ou a sociedade empresária (artigo 1º) – No prazo da contestação (na falência) o empresário poderá requerer a RJ (artigo 95) • “Declaradas extintas as responsabilidades da falência” – artigo 158 – Dificuldade: provar a quitação dos tributos para a extinção da responsabilidade falimentar (artigo 191-A, CTN) 3.3. Artigo 48, II • Não ter obtido, há menos de 5 anos, a concessão de recuperação judicial • O prazo conta-se da decisão concessiva da RJ (artigo 58), e não do: – do aforamento do pedido de RJ (artigo 51) – do deferimento do processamento da RJ (artigo 52) – da sentença que decreta o encerramento da RJ (artigo 63) 3.4. Artigo 48, III • Plano Especial das ME e EPP (artigo 70 a 72) – não exige assembleia de credores – Plano elaborado unilateralmente pelo devedor • Prazo de 5 anos – Lei Complementar 147/2014 3.5. Artigo 48, IV • Veda a recuperação às empresas administradas ou controladas por pessoas condenadas por crime falimentar (artigos 168 a 178) -> indicativo de potencial uso indevido da RJ • Críticas ao dispositivo: – Sócio x sociedade – Afastamento do sócio condenado por crime falimentar – Efeitos da condenação (incisos do artigo 181 c/c seu§1º ou a Reabilitação penal – artigos 93 a 95, CP) – A sociedade pode ser viável econômica e financeiramente – Princípio da Preservação da Empresa – Pessoa condenada por crime falimentar não pode ser administradora (sócia ou não) de sociedades empresárias (artigo 1.011, §1º, CC e artigo 147, §1º, LSA – Lei 6.404/76) O Prazo do artigo 48, II (5 anos), será contado da concessão Provido o agravo, indeferimento da RJ e decretação da falência Desprovido o agravo, a RJ não é prejudicada O prazo do artigo 61 (2 anos) será contado da concessão 4 – Legitimidade jurídica • Empresário individual: simples decisão da pessoa física • Sociedade Empresária: pedido formulado pelo administrador da Sociedade empresária, em conformidade à decisão colegiada (artigos 1071, VIII, 1076, II do CC e artigo 122, IX, Lei 6474/76) • Em casos de urgência: – Representante com poderes especiais (artigos 1.172 e 116, CC) – Administrador, sem poderes, com a aprovação dos quotistas, em caso de excepcional urgência (artigo 1071 c/c 1072,§4º, CC) 4.1. Artigo 48, §1º Legitimidade ativa extraordinária Morte do sócio majoritário •Cônjuge sobrevivente •Herdeiros •Inventariante •Sócio remanescente (casos de unipessoalidade temporária na sociedade) 4.2 Artigo 48, §2º Exercício de atividade rural por pessoa jurídica Comprovação do prazo de 2 anos Declaração de Informações Econômicos-fiscais da Pessoa Jurídica. Legitimidade passiva??? Não há réu na Recuperação Judicial A RJ é pedida em favor da empresa,no entanto a universalidade de credores se sujeitam ao pedido, sendo atraída para o processo e alcançada por seus efeitos. (artigo 49, exceto os créditos tributários: artigo 187, CTN) 5 – Interesse processual Interesse de agir Relação processual pressupõe: •Pedido possível •Partes legítimas •Interesse de agir (artigo 47) crise econômico-financeira que efetivamente possa conduzir à insolvência empresária 8 – Pedido de Recuperação Judicial de empresas 1. Fase Postulatória 2. Fase de Processamento Caracterização do concurso de credores Meios tradicionais Insolvência Impontualidade Inadimplemento Concepção privatística Meios modernos Crise econômico- financeira Função social da empresa 1 – Fase Postulatória • Início: artigo 51 -> pedido do devedor • Término: artigo 52 -> decisão que manda processar a recuperação judicial 1.1 - Elementos da petição inicial • Ação constitutiva positiva: ajustar a situação jurídica do devedor em crise • É formulada pelo empresário ou sociedade empresária (artigo 966, CC) (observar artigo 2º, LRF) • Artigo 319, CPC c/c artigo 189, LRF • Artigo 51, LRF – O processo de RJ é orientado a viabilizar a realização de um acordo entre a empresa devedora e os seus credores. Requisitos estruturais da petição inicial Artigo 319, CPC - adaptação • Juízo competente (artigo 3º) – juízo do local do principal estabelecimento = critério econômico: centro de administração dos negócios? Com maior importância econômica? De maior movimento? Com maior volume de ativos e negócios? Local mais importante do ponto de vista econômico? – Prevenção (artigo 6º,§8º): inclusive na convolação da RJ em Falência • Nome e sua qualificação (artigo 48) • Causa de pedir (artigo 51, I – exposição das causas concretas!!) • Pedido (deferimento do processamento da recuperação judicial) • Valor da causa (artigo 291, CPC): corresponde ao valor do passivo da empresa submetido à RJ, passível de impugnação pelos credores, em incidente processual. Pagamento de custas processuais x Precariedade financeira do devedor 1. O caso em apreço reveste-se de peculiaridades que afastam a jurisprudência majoritária desta Corte que já se firmou em sentido contrário, isto porque, é evidente que a exigência de pagamento das custas judiciais por empresa em fase recuperação judicial é contrária e mesmo incompatível com o instituto da recuperação judicial, porquanto o contribuinte que ostenta esta condição, comprovou em juízo a sua dificuldade financeira, posto que é intuitivo que se não tivesse nesta condição a recuperação judicial não lhe teria sido deferida. 2. Dessa forma, o contribuinte não pode ser penalizado e ser-lhe podado o direito de litigarem juízo, por ausência de demonstração da capacidade de arcar com as custas judiciais, uma vez que o deferimento da recuperação judicial da sociedade empresária comprova a sua dificuldade financeira, devendo tal benefício ser deferido de plano, se a parte já tiver em seu favor a decisão que admitiu o processamento da recuperação judicial da empresa recorrente. Agravo Regimental no Agravo em RECURSO ESPECIAL Nº 514.801 - RS (2014/0110687-0) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO. AGRAVANTE: FAZENDA NACIONAL. AGRAVADO : HABG MÓVEIS LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL Jurisprudência em teses/STJ Edição 35 – Recuperação Judicial 8) A assistência judiciária gratuita pode ser deferida à pessoa jurídica em regime de recuperação judicial ou de falência, se comprovada, de forma inequívoca, a situação de precariedade financeira que impossibilite o pagamento dos encargos processuais. 9) A exigência de pagamento das custas judiciais por empresa em fase de recuperação judicial é contrária e mesmo incompatível com o instituto da recuperação judicial, porquanto o contribuinte que ostenta esta condição, comprovou em juízo a sua dificuldade financeira, posto que é intuitivo que se não tivesse nesta condição a recuperação judicial não lhe teria sido deferida. Artigo 51 Assimetria de informações Seleção adversa A abertura de informações na petição inicial permite reduzir a assimetria de informações entre a empresa devedora e seus credores, capacitando-os para avaliar a viabilidade do plano de recuperação apresentado. Documentos societários de legitimação artigo 51, V Legitimação ativa •Cópia do Contrato Social (LTDA) ou do Estatuto (S/A), atualizados. •Cópia dos demais atos societários: ata de eleição dos administradores, ata da deliberação assemblear que autorizou a postulação da RJ •Artigos 48 – comprovação da legitimidade Relação dos bens particulares dos sócios e administradores – artigo 51, VI Exigência legal X Direito à privacidade (artigo 5º, X e XII, CF/88) X Princípio de distinção entre a sociedade empresária e seus membros (sócios/administradores/membros de conselhos) Causa de pedir – artigo 51, I I – exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das causas da crise econômico-financeira. – Memorial/histórico dos problemas – Aferição do interesse de agir e da causa de pedir – Aferição de prática de ilícito civil ou penal – Pode ser apresentado em documento apartado, acompanhando a petição inicial. Documentos contábeis – artigo 51, II • Dos últimos três exercícios e as demonstrações levantadas especialmente para instruir o pedido • Objetivos: – Reduzir a assimetria de informações entre o devedor e seus credores – Registrar o histórico econômico e o desenvolvimento empresarial – Identificar o cumprimento à legislação contábil aplicável à atividade desenvolvida pelo devedor – Demonstrar a viabilidade econômica do Plano sugerido • Deverão ser elaboradas por contador ou técnico em contabilidade (artigo 1.179, CC) Alguns documentos contábeis…. • Balanço patrimonial: (artigo 178, Lei 6.404/76) documento obrigatório, exprime a situação real da empresa indicando o ativo e o passivo • Demonstração de Resultados acumulados = (artigo 187, Lei 6.404/76) é a demonstração de resultados do exercício (DRE) que permite avaliar a rentabilidade da empresa, confronta receita e despesa e identifica o lucro • Demonstração do resultado desde o último exercício social: é o relatório contábil produzido especificamente para instruir o pedido • Relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção (artigo 188, I, Lei 6.404/76): indica os investimentos, as operações e os financiamentos realizados • E outros relatórios auxiliares Artigo 51, §2º • ME e EPP • tratamento favorecido, diferenciado e simplificado • Escrituração simplificada Artigo 51, §1º Princípio do sigilo da escrituração (artigo 1.190, CC) Princípio da continuidade da empresa • Regra: a empresa conserva a posse de seus documentos contábeis • Exceção: Artigo 51,§3º: depósito em cartório é medida excepcional, que deverá ser fundamentada pelo Juiz • Permanecerão à disposição do juízo e do Administrador Judicial Tratamento sigiloso • O exame dos documentos contábeis por terceiros e MP é excepcional. • Ocorre por decisão judicial específica e fundamentada, que desafia agravo para o Tribunal ad quem. • Juiz responde civilmente pelo ato de autorização e exibição da escrituração, sem respeito ao exercício do duplo grau de jurisdição e que traga prejuízo ao devedor. Extratos de contas, artigo 51, VII Indicam na data da postulação da Recuperação Judicial: – O saldo das contas bancárias, dos fundos de investimentos, em bolsa de valores – O valor líquido disponível Não há necessidade de apresentação de extratos de contas pretéritas Certidões de Protesto – artigo 51, VIII • É razoável que a empresa em crise econômica- financeira tenha títulos protestados. • A certidão de protesto demarca o termo legal da falência, caso seja decretada (artigo 99, II). Relação nominal dos credores – artigo 51, III Enunciado 78 da II Jornada de Direito Comercial do Conselho de Justiça Federal “O pedido de recuperação judicial deve ser instruído com a relação completa de todos os credores do devedor, sujeitos ou não à recuperação judicial, inclusive fiscais, para um completo e adequado conhecimento da situação econômico-financeira do devedor”. Relação de empregados – artigo 51, IV •Indica o passivo trabalhista •Facilita a participação dos credores trabalhistas na assembleia geral de credores Relação de todas as ações judiciais – artigo 51, IX • A relação deverá conter a estimativa dos valores demandados, identificando, assim, o crédito que se submete à RJ. • Todas as ações (autora/ré/interveniente; de conhecimento/executório/cautelar/especial; declaratório/condenatório; no Judiciário comum/em Juizado Especial/na Justiça Federal/na Justiça do Trabalho......) 2 – Fase de processamento Artigo 52 Despacho de processamento da RJ Artigo 52 • Requisitos: – Legitimidade ativa – Atendimento aos requisitos do artigo 51 • Natureza do despacho: – Não é a decisão concessiva da Recuperação Judicial – Inaugura uma fase intermediária de cognição perfunctória de mérito – Coloca o devedor em uma situação especial de negociação O Juiz poderá: 1. indeferir a inicial (artigo 330 e 331, CPC) – Caberá apelação do despacho que indefere o processamento, em face da extinção do processo sem julgamento do mérito? – Decretação da falência? (artigo 73, LRF) 2. requerer a emenda da inicial (artigo 321, CPC) e assinalar prazo para entrega de documentos faltantes ou incompletos – Princípio da Instrumentalidade das formas 3. Pode o Juiz realizar perícia na documentação? 4. Deferir processamento da recuperação judicial Decisão interlocutória ou de mero expediente?? Enunciado 52 I Jornada de Dir Comercial do CJF “A decisão que defere o processamento da recuperação judicial desafia agravo de instrumento” Artigo 59, §2º x Súmula 264/STJ Efeitos do deferimento do processamento artigo 52 • Atenção: artigo 66 e 69, LRF • Nomeação do Administrador Judicial (artigo 21 e 22) • Dispensa do requerente da exibição de certidões negativas (artigo 57: exibição de certidões débitos tributários) • Suspensão das ações ou execuções (artigo 52,§3º) (artigo 49 §1º) • Suspensão temporária do curso da prescrição (artigo 6º§1º quantia ilíquida,§2º crédito trabalhista, e§7º natureza fiscal e artigo 49§3º e§4º c/c artigo 86, II) • Determinação de apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a RJ = balancete mensal (artigo, 22, II, c) • Intimaçãodo MP e comunicação às Fazendas Públicas Limites do despacho “O momento de determinar o processamento da recuperação judicial não é a oportunidade de ser apreciada a viabilidade ou não do pedido, mas, tão só, o de constatar o juiz se o pleito vem acompanhado da documentação exigida no artigo 51 da Lei 11.101/2005, o que fará de acordo com o critério passível de reapreciação, se concedido o benefício, em recurso contra essa concessão. (Agravo de Instrumento 601.314-4/0-00/ TJSP, Desembragador Lino Machado) DIREITO EMPRESARIAL. PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. APROVAÇÃO EM ASSEMBLEIA. CONTROLE DE LEGALIDADE. VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA. CONTROLE JUDICIAL. IMPOSSIBILIDADE. 1. Cumpridas as exigências legais, o juiz deve conceder a recuperação judicial do devedor cujo plano tenha sido aprovado em assembleia (art. 58, caput, da Lei n. 11.101/2005), não lhe sendo dado se imiscuir no aspecto da viabilidade econômica da empresa, uma vez que tal questão é de exclusiva apreciação assemblear. 2. O magistrado deve exercer o controle de legalidade do plano de recuperação - no que se insere o repúdio à fraude e ao abuso de direito -, mas não o controle de sua viabilidade econômica. Nesse sentido, Enunciados n. 44 e 46 da I Jornada de Direito Comercial CJF/STJ. 3. Recurso especial não provido. RECURSO ESPECIAL Nº 1.359.311 - SP (2012/0046844-8) RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO. RECORRENTE : BRAIDO-LEME INDUSTRIA QUIMICA LTDA. RECORRIDO : REI FRANGO ABATEDOURO LTDA Jurisprudência em teses/STJ Edição 37 – Recuperação Judicial II 1) Embora o juiz não possa analisar os aspectos da viabilidade econômica da empresa, tem ele o dever de velar pela legalidade do plano de recuperação judicial, de modo a evitar que os credores aprovem pontos que estejam em desacordo com as normas legais. Edital – artigo 52, §1º • Resumo do pedido e da decisão • Relação nominal de credores • Advertência aos credores: – Prazo para habilitação de seus créditos, caso não conste da lista (artigo 7,§1º) – Prazo para objeção ao Plano de Recuperação (artigo 8º) Assembleia de Credores - artigo 52, §3º • Após deferimento do processamento • Convocação: – Assembleia de Credores para constituição do Comitê de Credores ou substituição dos seus membros (artigo 36,§2º) Desistência do devedor - artigo 52, §4º O devedor não poderá desistir, salvo aprovação de seu pedido de desistência pela Assembleia de Credores. Organograma 9 - Plano de recuperação judicial 1. Apresentação do Plano de Recuperação Judicial 2. Meios de recuperação 3. Limitações ao Plano • Discriminação pormenorizada dos meios de recuperação • Demonstração de sua viabilidade econômica (financeira) • Laudo econômico-financeiro e Laudo de avaliação dos bens ativos do devedor Projeto de superação da crise econômico-financeira 1 – Apresentação do Plano de Recuperação Judicial Conteúdo do Plano de Recuperação Judicial É o cerne do plano de recuperação •Reduz a assimetria de informações entre a devedora e os seus credores •Análise da viabilidade financeira do plano Prazo de 60 dias • Artigo 53 -> Improrrogável • Artigo 73, II -> convolação em falência É possível apresentação de novo plano, modificando aquele apresentado no prazo legal? Enunciado 77 da II Jornada de Direito Comercial do CJF Artigo 53, p. único c/c Artigo 55 • Publicação de edital -> aviso aos credores sobre o recebimento do PRJ • O devedor deverá realizar tal publicação, sob pena de esgotamento do prazo do artigo 6,§4º Oportuniza a discussão pelos credores da viabilidade econômica da recuperação pretendida Plano RJ – Aeroporto Viracopos • https://g1.globo.com/sp/campinas- regiao/noticia/2018/08/02/especialistas-analisam- plano-de-recuperacao-judicial-de-viracopos-e-apontam- fatores-de-risco-e-erro-de-avaliacao.ghtml • Vídeo: http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/jornal- da-eptv/videos/t/edicoes/v/aeroporto-de-viracopos- entrega-plano-de-recuperacao-judicial-para-o- pagamento-de-dividas/6904982/?mais_vistos=1 Verificação administrativa de credores Art. 7º, §1º (15 dias) + Art. 7º, §2º (45 dias) 2 – Meios de recuperação judicial da empresa “A recuperação judicial tem por finalidade precípua o soerguimento da empresa mediante o cumprimento do plano de recuperação, salvaguardando a atividade econômica e os empregos que ela gera, além de garantir, em última ratio, a satisfação dos credores.” AgRg no Conflito de Competência 86.594 – SP 2007/01, rel. Ministro Fernado Gonçalves Conjunto de bens comuns common pool assets Os credores deixam de buscar a satisfação individual de seus créditos e passam a atuar cooperativamente; Manutenção do conjunto de ativos operacionais capazes de gerar maior valor para, assim, satisfazer um maior número de credores; O objetivo da RJ não é a execução coletiva, mas sim a reestruturação empresarial, por meio de uma barganha coletiva. Objetivo da Recuperação Judicial “O objetivo da recuperação judicial não é a liquidação da empresa, por meio de uma execucão coletiva, mas sim a sua reestruturação, por meio de barganha coletiva que se estabelece com os credores. Com efeito, na recuperação judicial não haverá inabilitação para o exercício da atividade, tampouco a arrecadação de ativos.” (TJRJ, AI 0033510-48.2013.8.19.0000, 1a Câmara Cível, j. 12.11.2103, v.u., rela. Des. Maldonado de Carvalho) Como fazer??? Meios de recuperação •Simples reestruturação de passivos, adequando seus montantes e vencimentos à capacidade de pagamento •Reorganização societária •Remodelação administrativa, comercial e operacionalda empresa •Dentre outros… Artigo 50 • Rol meramente exemplificativo • Liberdade de apresentação dos meios de recuperação • Amplo espaço negocial nos processos de RJ “É preciso competência e criatividade, além de compreensão mútua, para que o plano de recuperação seja adequadamente composto, aprovado e implementado, atendendo aos múltiplos direitos e interesses envolvidos.”Mamede, Gladston. 3 – Limitações ao Plano A. legislação pertinente a cada caso (artigo 50, caput) B. Alienação de bens objeto de garantia real (artigo 50,§1º) C. créditos trabalhistas (artigo 54) A – Legislação pertinente a cada caso Artigo 50 a. Legislação societária – incisos II, III, IV, V, VI, X, XIV, XV, XVI. b. Legislação concorrencial – se o plano resultar em ato de concentração c. Legislação trabalhista – inciso VIII Atenção: Artigo 50, VII c/c Artigo 66 – alienação ou arrendamento de unidade produtiva isolada são regulado pela própria Lei 11.101/2005 B – Alienação de bens objeto de garantia real (artigo 50, §1º) a. Eficácia da cláusula; b. A alienação depende de aprovação expressa do credor titular da garantia; c. Se o bem for vendido, o gravame acompanhará o bem. C – Créditos trabalhistas a. Créditos derivados da legislação do trabalho b. Créditos decorrentes de acidentes de trabalho Artigo 54 – vedação • 1 ano – pagto dos créditos derivados da legislação trabalhista • 30 dias – pagto dos créditos salariais vencidos nos 3 meses anteriores ao pedido de RJ Respeito à dignidade humana e ao valor do trabalho (art. 1º, III e IV, c/c art. 6º, ambos da CF/88) Prazos – artigo 54 • Até 1 ano: para os créditos vencidos até a data do pedido de RJ • 30 dias: para os créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 meses anteriores ao pedido de RJ, até o limite de 5 salários mínimos • O crédito trabalhista deve ser pago em conformidade com o valor apurado pela Justiça do Trabalho (limites da competência do juízo recuperacional) 10 – Administrador Judicial Conceito - Administrador Judicial • Nomeação: artigo 52, I• Auxiliar do Juiz na efetivação dos atos da recuperação judicial • Exerce múnus público = funcionário para fins penais (artigo 327, CP) • Fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação, em conjunto com o Comitê de Credores • Posição do devedor: artigo 64 O administrador judicial cujos atos são submetidos à fiscalização do juiz – este orientado, em especial, pelos princípios da celeridade e da economia processual – e do comitê de credores, ao qual cumpre zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei (art. 27, alínea "b"), investe-se, no ato de sua nomeação, de uma série de prerrogativas e deveres, sujeitando-se às formalidades e prazos prescritos na LRE, sob pena de desobediência e, até mesmo, de destituição de suas funções (art. 23). (REsp 1163143 (2009/0211276-3 - 17/02/2014) Critério de escolha • Idoneidade técnica/profissional - artigo 21 – capacidade e adequação profissional, conveniência e suficiência para o desempenho da função • Idoneidade moral - impedimentos – Artigo 30 – Confiabilidade (v. artigo 1.011,§1º CC) – Artigo 30,§1º - Imparcialidade relacionada ao parentesco • Preferência: advogado, economista, administrador de empresas ou contador • Pessoa jurídica especializada (artigo 21, p. único) Investidura • Assinatura do Termo de Compromisso • Prazo 48 horas • Artigo 33 Competência • Atua sob a fiscalização do Juiz e do Comitê de Credores • Recuperação Judicial – fiscalização do devedor • Falência – administração e liquidação da massa falida • Competência: Artigo 22 (rol exemplificativo) – Inciso I – na falência e na recuperação judicial – Inciso II – na recuperação judicial – Inciso III – na falência Remuneração • Não tem natureza salarial – artigo 24 • Não excederá 5% do valor dos créditos submetidos à recuperação judicial • 2% para EPP e ME (artigo 24,§5º) • A fixação poderá ser objeto de AI • 40% será pago após a apresentação e julgamento de suas contas e de seu relatório final • Quem paga: devedor!! (artigo 25 e artigo 84) Passivo da recuperação R$4,8 bilhões 0,2% = R$9,6 milhões 0,02% = R$960.000,00 Imparcialidade • Não há previsão legal para a manifestação do AJ sobre o plano apresentado • AJ preside a Assembleia de Credores, devendo manter neutralidade sobre o mérito que será objeto de deliberação Substituição • Artigo 30,§2º • Devedor, credores e Ministério Público • Pode ser feita a qualquer momento • Renúncia, falecimento, conveniência do processo, … • Discute-se a regularidade da nomeação • Ampla defesa e contraditório – caráter negativo da reclamação para o nomeado • Direito à remuneração proporcional – artigo 24,§3º Destituição • Atuação administrador – artigo 31 • Caráter sancionatório - artigo 30, caput • Não tem direito à remuneração - artigo 24, §3º e§4º Responsabilidade • Artigo 32 • Responsabilidade subjetiva – culpa/dolo/omissão • Ação de responsabilidade - qualquer momento – Na falência – pelo novo administrador/ na rejeição das contas (artigo 154,§5º) – Na Recuperação – pelo devedor/qualquer credor/MP • Nexo causal – ação/omissão -> dano 11 - Credores Posição dos credores Assembleia de Credores Comitê de Credores Posição dos Credores • Execução coletiva: coletividade de credores executando, em processo único (juízo universal), o patrimônio do devedor comum – par conditio creditorum (Igualdade de condições) – universitas creditorum (Assembleia e Comitê de Credores) • Artigo 49, §1º: Os credores conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. Fazendas Públicas e INSS Artigo 68 •Parcelamento de seus créditos •Artigo 155-A do Código Tributário Nacional Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. § 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas, § 2o Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória. § 3o Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. § 4o A inexistência da lei específica a que se refere o § 3o deste artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica Credores especiais • Artigo 49, §3º: conservam seu direito de propriedade, mas não poderão vender ou retirar do estabelecimento do devedor os bens de capital essenciais à atividade empresarial • Artigo 49, §4º c/c Artigo 86, II: Contrato de Câmbio para exportação • Artigo 49, §5º: poderão ser renovadas ou substituídas Comunicação com os credores • Artigo 52,§1º, III – Advertência acerca dos prazos para habilitação de créditos e objeção ao Plano de Recuperação • Artigo 53, p. único: Edital – Aviso aos credores sobre recebimento do Plano – Primeiro contato dos credores com o plano – Prazos para manifestações dos credores: • Artigo 55 (objeção ao plano) • Artigo 7º,§2º c/c artigo 8º (impugnação contra a relação de credores) Tutela do Crédito e da circulação de bens ou serviços Fonte: http://ri.oi.com.br/conteudo_pt.asp?conta=28&idioma=0&tipo=43089 E se não houver objeção?? • Artigo 58, caput • Juiz poderá conceder a recuperação judicial • Atenção: Artigo 58,§2º !! Atenção: objeção intempestiva é objeção inexistente E se houver objeção?? Artigo 56 •Ato de manifestação de contrariedade – Exame dos autos – Pedido de esclarecimentos: artigo 22, I, b – Fundamentação? •Necessidade de deliberação assemblear – Artigo 56, caput – Participação ativa dos credores: aprovação, modificação ou rejeição do plano de recuperação Fonte:http://www.valor.com.br/empresas/5063764/anatel-pede-que-oi-refaca-plano-de-recuperacao-judicial Ver também http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/08/1912476-para-evitar-falencia-maiores-credores-da-oi-fecham-plano-de- recuperacao.shtml Assembleia de Credores É órgão colegiado, composto pelos credores sujeitos ao prcesso de recuperação judicial, com atribuições consultivas e poderes deliberativos, cuja eficácia depende do pronunciamento homologatório do juízo da recuperação. Atribuições: artigo 35 Limites à Assembleia de Credores Enunciado 1 da Secretaria de Jurisprudência do STJ. Jurisprudência em teses II, n.37/2015 “Embora o juiz não possa analisar os aspectos da viabilidade econômica da empresa, tem ele o dever de zelar pela legalidade do plano de recuperação judicial, de modo a evitar que os credores aprovem pontos que estejam em desacordo com as normas legais”. •Informativo 0549 da 4a Turma/STJ •Enunciado 46 da Primeira Jornada de Direito Comercial do Conselho de Justiça Federal “Em que pese a soberania das decisões da assembleia geral de credores, as decisões por ela emitidas devem respeitar os dispositivos da Lei 11.101/2005, uma vez que encerram normas de natureza cogente, não sendo válidas as deliberações contrárias aos dispositivos previstos na legislação falimentar”. TJPR, AgRg 818.340-0/02, 18a Câmara Cível, j. 27/06/2012, rel. Des. Ivanise Maria Tratz Martins Formação da Assembleia de Credores • Composição: Artigo 41 • Prazo para realização: Artigo 56,§1º – 150 dias contados do deferimento do processamento da recuperação judicial • Convocação: Artigo 36 – Artigo 56, caput -> pelo Juiz – Artigo 22, I, g -> pelo Administrador Judicial – Artigo 27, I, e -> pelo Comitê de Credores Competência da Assembleia de Credores • Competência:Artigo 35, I – aprovação – alteração (artigo 56,§3º) – rejeição do Plano (artigo 56,§4º) • Constituição do Comitê de Credores (artigo 56, §2º) • Apreciação do pedido de desistência do devedor: (artigo 52, 4º) • Gestor Judicial (artigo 65) • Outras matérias Comitê de Credores • Órgão facultativo: depende da complexidade da atividade econômica em crise • Artigo 35, I, b e Artigo 56,§2º: constituição é decidida pela Assembleia de Credores, após aprovação do Plano • Artigo 28: inexistência de Comitê de Credores Composição, atribuições e remuneração • Composição: Artigos 26 – 4 membros e seus suplentes (artigo 44) • Competência: Artigo 27 – Principal atribuição: fiscal – Artigos 8º, 12, 19 e 22, I e II – Livre acesso às dependências, escrituração, documentos • Remuneração: Artigo 29 – facultativa, mas se fixada será custeada pelos credores – Reembolso das despesas realizadas Outros aspectos • Artigo 30: Impedimento/substituição • Artigo 31: destituição – Negligência ou ato lesivo à administração • Artigo 32: Responsabilidade – Respondem civilmente por má administração ou infração à lei – O membro que proferiu voto vencido não responde pelas consequencias danosas da deliberação majoritária 12 – Credores - Manifestação Chance de manifestação • Publicação do Edital (artigos 55 c/c 191) • Aviso aos credores sobre recebimento do Plano • Prazo para manifestação: 30 dias (artigo 55) – Não havendo objeção -> aprovação tácita – Objeção fundamentada -> convocação da Assembleia de Credores (artigo 56) • Prazo para deliberação da Assembleia 150 dias (artigo 56,§1º) • Participação do devedor nas discussões (artigo 56,§3º) Votação Com ou sem alterações, o plano de recuperação será submetido à votação pelas classes de credores Artigo 41 I – titulares de créditos advindos da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho II – titulares de crédito com garantia real III – titulares de crédito quirografário IV – titulares de créditos enquadrados como ME ou EPP Objetivo: impedir distorções na formação da vontade no concurso de credores Direito de Voto • Terão direito ao voto (artigo 39) • Não terão direito ao voto – artigo 39,§1º c/c artigo 49,§3º e§4º – artigo 43 – Artigo 45,§3º “peso” do voto • Artigo 38: = um real, um voto • Exceção: as deliberações sobre o plano: artigo 45,§2º Convocação da Assembleia • Legitimidade para convocar: – Juiz (artigo 36, caput) – 25% dos credores (artigo 36,§2º) • Forma: – Edital no órgão oficial e em jornais de grande circulação (artigo 191) – A assembleia será presidida pelo Administrador Judicial (artigo 37), (exceção: artigo 37,§1º) • Obrigatoriedade da convocação: – Artigo 56 (Qualquer objeção ao plano) – Artigo 65, caput e§2º (nomeação de gestor) Instalação da Assembleia • Convocações (artigo 37,§2º) – 1º: com a presença de credores titulares de + da ½ dos créditos de cada classe – 2º: com qualquer número https://www.youtube.com/watch?v=DydILJ6xdMI Procedimento – Artigo 37 • Administrador Judicial: (caput) • Assinatura da lista de presença: (§3º) • Representação do credor: (§4º) • Sindicato (§§5º e 6º) • Ata (§7º) Votação do Plano • Aprovação do Plano: Artigo 45 –O juiz concederá a Recuperação: Artigo 58 – Tratamento diferenciado: Artigo 58,§1º e 2º • Alterações no Plano: Artigo 56,§3º –Contraproposta do devedor?? –Aprovação do devedor –Não prejuízo para os credores ausentes Para a aprovação do plano será necessária Artigo 45 • Classes I e IV – trabalhista/acidente de trabalho e ME e EPP: – Aprovação: maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de seu crédito. • Classes II e III – garantia real/quirografários e com privilégios – Aprovação: credores que representem + da ½ do valor total dos créditos presentes à assembleia E pela maioria simples dos credores presentes. Enunciado 77 da II Jornada de Direito Comercial do CNJ “As alterações do plano de recuperação judicial devem ser submetidas à assembleia geral de credores, e a aprovação obedecerá ao quorum previsto no artigo 45 da Lei 11.101/05, tendo caráter vinculante a todos os credores submetidos à recuperação judicial, observada a ressalva do artigo 50, §1º, da Lei 11.101/05, ainda que propostas as alterações após dois anos da concessão da recuperação judicial e desde que não encerrada por sentença”. Quórum de deliberação das propostas Artigo 42 Será aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembleia. Exceções ao quórum de deliberação • Deliberações sobre o plano (artigos 45 e 35, I, a) • Composição do Comitê de Credores (artigos 44 e 35, I, b) • Forma alternativa de realização do ativo (artigo 145) quórum alternativo – cram down Artigo 58, §1º e §2º O Juiz poderá conceder a recuperação: – mesmo que o plano não tenha sido aprovado pela maioria de cada uma das classes (quoruns do artigo 45) – e se o plano não implicar tratamento diferenciado entre os credores da mesma classe Fundamentos: – Princípio da Preservação da Empresa – Princípio da Maioria http://www.leidefalencia.com.br/mod/admlivros/arquivos/noticia/155_20111121.pdf Neste norte, importante ressaltar que o processo de recuperação judicial de empresa busca, entre seus princípios objetivos, preservar empresas economicamente viáveis, mas prejudicadas pela insolvência momentânea. Contudo, como no caso em tela, essa pretensão pode restar frustrada por um credor relevante que se oponha injustificadamente ao plano de recuperação. A fim de que evitar-se tal situação a qual, repisa-se, não faz parte do objeto principal da Lei de Recuperações Judiciais, foi desenvolvido, no sistema norte- americano, o instituto do cram down que consiste em autorizar o juiz a aprovar o plano rejeitado por alguma classe de credores, desde que se verifique a viabilidade econômica daquele plano e a necessidade de se tutelar o interesse social vinculado à preservação da empresa. No ordenamento jurídico pátrio, mais especificamente, no artigo 58, §1º, da Lei 11.101/05, estabeleceu-se o mecanismo acima mencionado, o qual existe para possibilitar-se de corrigir os excessos da legislação. É o interesse coletivo que deve prevalecer com a preservação da empresa e, consequentemente, da dignidade da pessoa humana envolvida no ciclo dessa atividade econômica. Em não ocorrendo a aprovação da proposta de recuperação o cram down é a única hipótese do juiz não decretar a falência. Parecer da lavra do Procurador de Justiça, dr. Antônio Augusto Vergara Cerqueira, TJRS, AI 70045411832, 5ª Câmara Cível, j. 29.02.2012) Rejeição do Plano Artigo 56, §4º Decretação da Falência “Quem reconhece estar passando por uma crise deve ter uma solução, seja no sentido da superação da crise, seja no sentido da liquidação patrimonial” Tomazette Apresentação de certidões negativas Incompatibilidade com a dinâmica recuperacional?? •Artigo 57 – Certidões negativas de débitos tributários •Artigo 47 – preservação da empresa/superação da crise •Artigo 151, VI, CTN – parcelamento do débito tributário/suspensão da exigibilidade do tributo/regularidade fiscal Enunciado 55 da I Jornada de Direito Comercial do CNJ “O parcelamento do crédito tributário na recuperação judicial é um direito do contribuinte, e não uma faculdade da Fazenda Pública, e, enquanto não for editada lei específica, não é cabível a aplicação do disposto no artigo 57 da Lei 11.101/2005 e no artigo 191-A do CTN”. Artigo 191-A do CTN: dispõe que a concessão da recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação de todos ostributos. 13 – Efeitos da Concessão da Recuperação Judicial Quando será concedida a Recuperação Judicial ?? 1. Juiz concederá a Recuperação – Se o Plano não sofreu objeções dos credores (art 55) – Se o Plano for aprovado em assembleia (art 45) 2. Juiz poderá conceder a recuperação judicial: – Mesmo contra decisão assemblear, se observado o disposto no art. 58,§1º e§2º (quórum alternativo) http://www.recuperacaojudicialoi.com.b r/wp-content/uploads/2017/04/2018- 01-08-Decis%C3%A3o- Homologa%C3%A7%C3%A3o-PRJ.pdf Concessão da recuperação judicial do grupo OI Efeitos da concessão da recuperação • Novação dos créditos anteriores ao pedido – Atenção: artigos 59, 49,§1º e 61,§2º • Obriga o devedor e todos os credores; – Credor de garantia real (art. 50,§1º) • A concessão da recuperação é título executivo judicial (art. 515, II, CPC) • Contra a decisão que deferir, caberá Agravo de Instrumento sem efeito suspensivo – art. 59, §2º e Enunciado 52, da I Jornada de Direito Comercial do CNJ) Enunciado 77 da II Jornada de Direito Comercial “As alterações do plano de recuperação judicial devem ser submetidas à assembleia geral de credores, e a aprovação obedecerá ao quorum previsto no artigo 45 da Lei 11.101/05, tendo caráter vinculante a todos os credores submetidos à recuperação judicial, observada a ressalva do artigo 50, §1º, da Lei 11.101/05, ainda que propostas as alterações após dois anos da concessão da recuperação judicial e desde que não encerrada por sentença”. Expressão “em Recuperação Judicial Artigo 69 •Inclusão da expressão em todos os atos, contratos e documentos •Juiz determinará o acréscimo no Registro Público de Empresas Artigo 63, V •Supressão da expressão após cumpridas todas as obrigações •Juiz comunicará o Registro Público para providências Prazo para cumprimento do Plano Artigo 61 • 2 anos: o devedor permanecerá em recuperação, sem possibilidade de prorrogação, mesmo que existam obrigações a serem cumpridas após este prazo => período de observação • Termo a quo: data da publicação da decisão de concessão da REJ • Descumprimento das obrigações após o prazo: execução específica ou pedido de falência (art. 62 c/c art. 94, III, g) Condução da atividade empresária • Devedor atua sob fiscalização – Do administrador judicial (art. 22, II, a) – Do Comitê de Credores (art. 27,I, a e c, II, b) • Devedor poderá ser afastado (art. 64) – Condenação em sentença penal transitada em julgado – Indícios de pratica criminosa prevista na Lei 11.101/05 – Dolo, fraude ou simulação contra os interesses dos credores – Comportamento incompatível – Simular ou omitir créditos – Não prestar as informações solicitadas Afastamento do devedor Artigo 64 •Visa privilegiar a melhor condução da atividade empresarial •Destituição e substituição (art. 64, p. único) •Nomeação de Gestor Judicial (art. 65) Sentença de encerramento Artigo 63 • Cumprimento das obrigações no prazo de 2 anos • Encerramento da recuperação judicial da empresa • Providências acessórias – Pagamento de saldo de honorários devidos ao administrador; – Apresentação, pelo Administrador Judicial, de Prestação de Contas e Relatório Circunstanciado Apuração do saldo de custas judiciais; – Dissolução do Comitê de Credores; – Exoneração do Administrador Judicial – Comunicação ao Registro Público de Empresas Despesas extraconcursais Artigo 67 • Contraídas durante a recuperação judicial • Fornecedores de bens ou serviços • Contratos de mútuo Artigo 67, parágrafo único • Créditos com privilégio, em caso de falência • Artigo 84, V São extraconcursais os créditos originários de negócios jurídicos realizados após a data em que foi deferido o pedido de processamento de recuperação judicial. Inicialmente, impõe-se assentar como premissa que o ato deflagrador da propagação dos principais efeitos da recuperação judicial é a decisão que defere o pedido de seu processamento. Importa ressaltar, ainda, que o ato que defere o pedido de processamento da recuperação é responsável por conferir publicidade à situação de crise econômico-financeira da sociedade, a qual, sob a perspectiva de fornecedores e de clientes, potencializa o risco de se manter relações jurídicas com a pessoa em recuperação. Esse incremento de risco associa-se aos negócios a serem realizados com o devedor em crise, fragilizando a atividade produtiva em razão da elevação dos custos e do afastamento de fornecedores, ocasionando, assim, perda de competitividade. Por vislumbrar a formação desse quadro e com o escopo de assegurar mecanismos de proteção àqueles que negociarem com a sociedade em crise durante o período de recuperação judicial, o art. 67 da Lei 11.101/2005 estatuiu que "os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial [...] serão considerados extraconcursais [...] em caso de decretação de falência". Em semelhante perspectiva, o art. 84, V, do mesmo diploma legal dispõe que "serão considerados créditos extraconcursais [...] os relativos a [...] obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial". Desse modo, afigura-se razoável concluir que conferir precedência na ordem de pagamentos na hipótese de quebra do devedor foi a maneira encontrada pelo legislador para compensar aqueles que participem ativamente do processo de soerguimento da empresa. Não se pode perder de vista que viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira da sociedade devedora - objetivo do instituto da recuperação judicial - é pré-condição necessária para promoção do princípio maior da Lei 11.101/2005 consagrado em seu art. 47: o de preservação da empresa e de sua função social. Nessa medida, a interpretação sistemática das normas insertas na Lei 11.101/2005 (arts. 52, 47, 67 e 84) autorizam a conclusão de que a sociedade empresária deve ser considerada "em recuperação judicial" a partir do momento em que obtém o deferimento do pedido de seu processamento. REsp 1.398.092-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/5/2014. 14 - Plano Especial de Recuperação Judicial Tratamento diferenciado para ME e EPP Lei Complementar 123/2006 Ver artigo sobre a PL 125/2015 • MICROEMPRESA: receita anual bruta igual ou inferior a R$360.000,00 • EMPRESA DE PEQUENO PORTE: receita anual superior a R$360.000,00 e igual ou inferior a R$4.800.000,00 – Vantagens: inseridos no Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições – SIMPLES deverão recolher os seus tributos (IRPJ, IPI, CSLL, COFINS, PIS/PASEP, Contribuição Patronal Previdenciária para a Seguridade Social, ICMS, ISS), em alíquota proporcional ao seu faturamento. – Desvantagens: não poderão gozar de benefícios fiscais https://www.opovo.com.br/jornal/economia/2017/05/governo-pretende-mudar-as-regras-da-lei-de-recuperacao-judicial.html Fonte: http://hojeemdia.com.br/primeiro-plano/pedidos-de-recupera%C3%A7%C3%A3o-judicial-cresceram-86-em-minas-1.441010 Legitimidade Artigo 70 •Legitimidade: ME e EPP •Faculdade do devedor (Artigo 70,§1º) •Opção expressa na petição inicial (artigo 51) Regras específicas Artigo 71 •Apresentação do Plano no prazo do artigo 53 •Abrangerá todos os créditos existentes (artigo 71, I) •Parcelamento em 36 parcelas mensais (artigo 71, II) •1a parcela em 180 dias (artigo 71, III) •Necessidade de autorização do juiz: aumento de despesas e contratação de empregados (artigo 71, IV) Artigo 72 • Não há convocação de assembleia de credores • Juiz analisa as demais exigências legais • Objeções dos credores (30 dias contados da publicação da relação de credores) • Decretação da falência em caso de objeções dos titulares de + ½ de qualquer das classesde credores (artigos 55, 83 e 45) 15 – Recuperação Extrajudicial 1. Extrajudicialidade 2. Viabilidade jurídica 3. Recuperação Extrajudicial ordinária 4. Recuperação Extrajudicial extraordinária 5. Homologação 6. Estado Falimentar 1 – Extrajudicialidade “procedimento que se constrói a partir da concordância entre credores e devedores” Artigos 161/167 A participação do Estado se fará de maneira acessória 2 - Viabilidade jurídica • Regularidade e licitude dos procedimentos negociais • Requisitos: – artigo 48 c/c artigo 161,§3º – artigo 161, §1º: inaplicabilidade aos créditos de natureza tributária e decorrentes da legislação do trabalho/acidente de trabalho – artigo 161,§2º: tratamento igualitário – Artigo 161,§3º: impossibilidade do pedido 3 - Recuperação extrajudicial ordinária Artigo 162 Adesão voluntária dos credores Homologação facultativa do acordo •Artigo 161,§4º: a suspensão só atingirá os credores que se sujeitam à Recuperação Extrajudicial •Artigo 161, §5º: os credores que aderiram não poderão desistir •Artigo 161, §6º: a homologação é título executivo judicial (artigo 515, III, CPC) 4 - Recuperação extrajudicial extraordinária Artigo 163 Valorização das deliberações coletivas Homologação obrigatória do acordo •Artigo 163, caput: plano aceito por mais de 3/5 de todos os créditos de cada espécie •Artigo 163,§1º: credores •Artigo 163,§4º: supressão/substituição de garantia real •Artigo 163,§5º: conversão da moeda estrangeira •Artigo 163,§6º: requisitos 5 - Homologação • Facultativa na Recuperação Extrajudicial Ordinária • Publicação de edital (artigo 164, caput) • Impugnação dos credores: – Artigo 164,§2º: prazo de 30 dias para impugnação – Artigo 164,§3º: fundamentos da impugnação • Apelação: – Artigo 164,§7º: da sentença que homologa ou que indefere o pedido de homologação • Indeferimento do pedido de homologação: – Artigo 164, §8º Indeferimento do pedido de homologação não importa em falência do devedor, podendo ser apresentado novo pedido de recuperação extrajudicial Especificidades • Artigo 167 – outras modalidades de acordo privado • Artigo 166 – alienação de filial ou unidades produtivas • Artigo 163, §2º - credores não sujeitos ao plano • Artigo 161, §5º - desistência dos devedores • Artigo 164, §8º - novo pedido 16 - Convolação da Recuperação Judicial em Falência 1 – Hipóteses legais de convolação 2 – Condução da atividade empresária “O direito do credor, em outros termos, é parcialmente sacrificado (com ou sem o seu consentimento) para que, em benefício de toda a coletividade, possa a empresa explorada pelo devedor se recuperar. Não atingido esse objetivo, não há por que manter-se o sacrifício.” Fábio Ulhoa 1 – Hipóteses legais de Convolação – Artigo 73 • Deliberação da Assembleia (artigo 73, I e artigo 42) • Não apresentação do Plano de Recuperação (artigo 73, II e artigo 53 : • Rejeição do Plano pela Assembleia Geral (artigo 73, III, artigo 56,§4º, artigo 35, I, a: • Descumprimento de obrigação assumida no Plano (artigo 73, IV c/c artigo 61,§1º) • Objeção dos credores ao Plano de Recuperação Judicial para ME e EPP (art 72, p. único) • Atos danosos praticados durante a recuperação judical (art 94, III) Artigo 35, I, a/Artigo 56, §4º/ Artigo 73 X Artigo 58, §1º Em caso de rejeição ao plano, o juízo recuperacional não possui discricionariedade para conceder a recuperação judicial sem a aprovação da assembleia geral de credores. Neste norte, importante ressaltar que o processo de recuperação judicial de empresa busca, entre seus princípios objetivos, preservar empresas economicamente viáveis, mas prejudicadas pela insolvência momentânea. Contudo, como no caso em tela, essa pretensão pode restar frustrada por um credor relevante que se oponha injustificadamente ao plano de recuperação. A fim de que evitar-se tal situação a qual, repisa-se, não faz parte do objeto principal da Lei de Recuperações Judiciais, foi desenvolvido, no sistema norte- americano, o instituto do cram down que consiste em autorizar o juiz a aprovar o plano rejeitado por alguma classe de credores, desde que se verifique a viabilidade econômica daquele plano e a necessidade de se tutelar o interesse social vinculado à preservação da empresa. No ordenamento jurídico pátrio, mais especificamente, no artigo 58, §1º, da Lei 11.101/05, estabeleceu-se o mecanismo acima mencionado, o qual existe para possibilitar-se de corrigir os excessos da legislação. É o interesse coletivo que deve prevalecer com a preservação da empresa e, consequentemente, da dignidade da pessoa humana envolvida no ciclo dessa atividade econômica. Em não ocorrendo a aprovação da proposta de recuperação o cram down é a única hipótese do juiz não decretar a falência. Parecer da lavra do Procurador de Justiça, dr. Antônio Augusto Vergara Cerqueira, TJRS, AI 70045411832, 5ª Câmara Cível, j. 29.02.2012) Causa externa Artigo 73, p. único Será decretada a falência caso o devedor descumprir obrigação não sujeita à recuperação judicial Artigo 94, I e II Artigo 74 Presunção de validade dos atos praticados durante a recuperação judicial Mesmo se decretada a convolação em falência 17 – Disposições gerais sobre Falência 1. Disposições gerais 2. Processo 3. Juízo falimentar 4. Estado falimentar 1 – Disposições gerais Inviabilidade de recuperação empresarial Afastamento do devedor de suas atividades (Artigo 75) Apurar o patrimônio ativo Saldar o patrimônio passivo Preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos 2 - Processo “A demora no processo de falência é um mal em si, devendo ser evitado”. Gladston Mamede Artigo 75, parágrafo único Celeridade e economia processual Artigo 79 Preferência na ordem dos feitos 3 – Juízo Falimentar Artigo 76 Indivisível e universal vis atractiva •Artigo 6º: suspensão do curso da prescrição e das ações e execuções em face do devedor •Exceção: causas trabalhistas e fiscais •Artigo 82: apuração de responsabilidade pessoal dos sócios Administrador Judicial • Competência: Artigo 22, I e III • Início de suas funções: Artigo 76, p. único 4 – Estado Falimentar • Não se exige comprovação inequívoca da insolvência • Presunção relativa • Indicadores da situação falimentar: – Impontualidade no adimplemento de obrigação – Verificação de execução frustada – Prática de atos falimentares a) Impontualidade Artigo 94, I •título ou títulos executivos judiciais ou extrajudiciais •O valor ultrapasse o equivalente a 40 salários mínimos •Artigo 94, §1º: Credores diversos podem se reunir em litisconsórcio •Artigo 94,§3º: protesto do título (Lei 9.482/97) •Súmula 361 STJ: “a notificação do protesto, para requerimento de falênciada empresa devedora, exige a identificação da pessoa que a recebeu”. Informativo nº 0462 Período: 7 a 11 de fevereiro de 2011. Quarta Turma FALÊNCIA. EMPRESA. DÉBITO. VALOR ÍNFIMO. A Turma negou provimento ao recurso em caso no qual foram aplicadas as regras pertinentes à antiga Lei de Falências (DL n. 7.661/1945). Segundo o Min. Relator, em razão do princípio da preservação da empresa, o qual inspirou a doutrina, a jurisprudência e o art. 94 da nova Lei de Recuperação Judicial, Extrajudicial e Falência (Lei n. 11.101/2005), reafirmou-se não bastar haver impontualidade do devedor para que o ajuizamento do pedido de falência seja aceito e decretada a quebra da sociedade empresária, antes se devem levar em consideração os sinais de sua insolvência, como bem delineou o acórdão recorrido. Ademais, a jurisprudência deste Superior Tribunal entende que, apesar de o art. 1º do DLn. 7.661/1945 ser omisso quanto ao valor do pedido, não seria razoável, nem se coadunaria com a sistemática do próprio decreto, que valores insignificantes, como no caso dos autos, provocassem a quebra de uma empresa. Precedentes citados: REsp 959.695-SP, DJe 10/3/2009, e AgRg no REsp 1.089.092-SP, DJe 29/4/2009. REsp 920.140-MT, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 8/2/2011. b) Execução frustada Artigo 94, II •Não pagar, não depositar, não nomeiar bens à penhora, dentro do prazo legal = Tríplice omissão do devedor •Artigo 94,§4º: Não é necessário o protesto do título executivo judicial, basta a certidão expedida pelo juízo em que se processa a execução c) Atos de falência Artigo 94, III •Relação de atos •Descumprimento dos princípios da boa fé e da probidade •Artigo 94, §5º: descrição dos fatos e apresentação de provas
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