Buscar

Administração Pública no Brasil

Prévia do material em texto

Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 73 
Sumário 
Reformas Administrativas. ........................................................................ 3 
República Velha (1889-1930) .................................................................. 4 
Getúlio Vargas e a criação do DASP. .......................................................... 5 
Administração para o Desenvolvimento ± Governo JK e a administração paralela. ...... 10 
A Reforma de 1967 ± DL nº200/67. ......................................................... 11 
Programa Nacional de Desburocratização ................................................... 17 
A Constituição de 88 ± o retrocesso burocrático e o Governo Collor/Itamar. ............. 18 
Governo Collor ................................................................................ 20 
A Reforma de 1995. .......................................................................... 21 
Resumo ........................................................................................... 27 
Questões Comentadas ........................................................................... 31 
Lista de Questões Trabalhadas na Aula. ........................................................ 58 
Gabarito .......................................................................................... 71 
Bibliografia ...................................................................................... 71 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 73 
Reformas Administrativas. 
 
As origens de nossa administração pública nascem, naturalmente, de 
nosso processo de colonização. Durante séculos, fomos uma colônia 
portuguesa e muitos de nossos hábitos e de nossa cultura organizacional 
IRL�³KHUGDGD´�GRV�DQWLJRV�FRVWXPHV�YLQGRV�GH�3RUWXJDO� 
A administração no período colonial foi marcada especialmente por 
duas dinâmicas1: um viés centralizador e normatizador vindo da metrópole, 
com um comando descentralizado, baseado nas estruturas de poder local 
e outro viés descentralizador, baseado no poder local. 
As principais instituições de poder estavam localizadas em Lisboa e 
tinham dificuldade em alcançar todo o território nacional. O governo-geral, 
que cuidava de impor a ordem e regular a sociedade brasileira, era 
caracterizado por um excesso de regras e procedimentos. 
Ao mesmo tempo, o poder local (nas províncias) comandava de 
acordo com relações patrimonialistas e personalistas. De acordo com 
Abrucio e outros2, 
³$� PLVWXUD� GH� FHQWUDOLVPR� H[FHVVLYDPHQWH�
regulamentador, e geralmente pouco efetivo, com 
o patrimonialismo local resume bem o modelo de 
DGPLQLVWUDomR�FRORQLDO��´ 
A dificuldade do Estado português de alcançar boa parte do espaço 
gerava, então, uPD�³OLEHUGDGH´�GH�DomR�SRU�SDUWH�GDV�HOLWHV�UHJLRQDLV� 
Dentro deste período colonial chama a atenção o período da 
administração pombalina (capitaneada pelo Marquês de Pombal, de 1750 a 
1777), que buscou dar maior racionalidade e eficiência a administração do 
império português. 
Entretanto, o cenário só começou a mudar realmente com a vinda da 
família real para o Brasil em 1808, fugindo de Napoleão Bonaparte. A vinda 
da corte portuguesa, com milhares de pessoas, obrigou a construção de 
diversas instituições governamentais em nosso país. 
Foi o início de um processo irreversível de estruturação de uma antiga 
colônia para fazer parte integrante do império português e, posteriormente, 
à independência do Brasil. 
 
 
 
1 (Abrucio, Pedroti, & Pó, 2010) 
2 (Abrucio, Pedroti, & Pó, 2010) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 73 
República Velha (1889-1930) 
 
Durante todo o período colonial até o governo de Getúlio Vargas, a 
administração pública era dominada pelo patrimonialismo e pelo 
clientelismo. $�pSRFD�FRQKHFLGD�FRPR�³5HS~EOLFD�9HOKD´�LQLFLRX-se com a 
proclamação da República e terminou com a revolução de 1930. 
Neste período, a política do país foi controlada por grupos 
oligárquicos, principalmente de Minas Gerais e São Paulo, que se 
revezavam no poder através da conhecida SROtWLFD�GR�³&DIp�FRP�/HLWH´� 
Ocorreu um enfraquecimento do Estado Brasileiro nesta época, com 
uma perda de capacidade de organização do poder central, que contava 
com os melhores quadros3. De acordo com Leal4, 
³2� VLVWHPD� HVWDGXDOLVWD� H� ROLJiUTXLFR� TXH�
prevaleceu na República Velha, ademais, tornou 
ainda mais importante o modelo de patronagem no 
plano subnacional, pela via do coronelismo, uma 
vez que era necessário arrebanhar mais eleitores 
para legitimar o processo político ± embora as 
HOHLo}HV�IRVVHP�PDUFDGDV�SHODV�IUDXGHV��´ 
Desta maneira, o Estado brasileiro era dominado por uma elite que 
garantia privilégios indevidos dentro da máquina do governo para seus 
amigos e aliados. 
A maior parte da população era excluída e não tinha participação na 
política do país. Até a revolução de 1930, a oligarquia agrária dominava o 
cenário político5. 
A maior parte da população vivia no campo e a política era dominada 
SHORV�³FRURQpLV´�UHJLRQDLV��2�SRGHU�FHQWUDO�WLQKD�XP�SHVR�PXLWR�PHQRU�GR�
que apresenta hoje, com uma maior autonomia dos estados. 
Apesar disso, a maior autonomia dos poderes locais não foi utilizada 
para a modernização das estruturas e das práticas administrativas 
regionais. 
Entretanto, duas experiências de sucesso no plano da administração 
pública foram geradas neste período: o desenvolvimento das carreiras 
militares (forças armadas) e do corpo diplomático (Itamaraty). 
Estas carreiras já nesta época detinham instituições meritocráticas e 
recursos que lhes permitiram ajudar o país em seu desenvolvimento e até 
 
3 (Abrucio, Pedroti, & Pó, 2010) 
4 (Leal, 1996) apud (Abrucio, Pedroti, & Pó, 2010) 
5 (Torres, 2004) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 73 
atuar politicamente. De certa forma, foram as nossas duas primeiras 
burocracias profissionais. 
 
Getúlio Vargas e a criação do DASP. 
 
Com a tomada do governo após o golpe revolucionário de 1930, 
outras classes se apoderaram do governo federal, sendo dominantes alguns 
setores das forças armadas6. Na esteira deste movimento, o Estado Novo 
buscou centralizar o poder no governo federal, tirando poder e autonomia 
dos estados. 
Na visão de Flávio Resende7: 
³$Wp������� R�(VWDGR�EUDVLOHLUR� HUD�XP�YHUGDGHLUR�
mercado de troca de votos por cargos públicos; 
uma combinação de clientelismo com 
SDWULPRQLDOLVPR´�� 
Na época da revolução de 1930, o cenário nacional era de grande 
FULVH�HFRQ{PLFD��SRLV�R�³FDUUR�FKHIH´�GD�HFRQRPLD�EUDVLOHLUD�QR�PRPHQWR�
era a cultura do Café e o mercado para o produto tinha despencado após a 
crise da Bolsa de Nova York. 
&RP� R� ³FUDVK´� GD� %ROVD�� os mercados consumidores do produto, 
particularmente os Estados Unidos e a Europa, entraram em uma grande 
recessão. Isto fez com que o preço do café despencasse no mercado 
internacional. 
Sem as divisas do Café, a economia brasileira não tinha como pagar 
as importações de produtos que a sociedade demandava. Os recursos da 
venda do café no mercado exterior chegaram a representarmais de 
sessenta por cento das divisas que entravam no país. 
Alguma resposta teria de ser dada pelo novo governo. Getúlio Vargas 
então procurou fechar a economia e buscar alternativas econômicas, 
voltando-se então para o mercado interno através de incentivos à 
industrialização e da modernização da máquina estatal. 
Com as barreiras aos produtos estrangeiros, os empresários 
brasileiros passaram a ter um grande incentivo para investir, pois o 
mercado interno passava a ser protegido da concorrência internacional, e 
os consumidores não tinham mais acesso aos produtos estrangeiros a 
preços competitivos. Isto deu um grande impulso à nascente 
industrialização brasileira. 
 
6 (Bresser Pereira, 2001) 
7 (Resende, 2004) apud (Paludo, 2010) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 73 
Além disso, com a aceleração da industrialização, começa também a 
ocorrer um crescimento da massa urbana de trabalhadores, 
LQWURGX]LQGR�RXWURV�³DWRUHV´�QR�SURFHVVR�SROtWLFR� 
Com a queda dos preços agrícolas, a economia rural perdeu força e 
seus trabalhadores passaram a ver as cidades como um local mais atraente 
e com melhores e maiores oportunidades. 
Como vimos, Vargas iniciou seu governo retirando poder dos 
governos estaduais, centralizando o poder na União. O governo federal 
iniciou também uma maior intervenção econômica, saindo de um papel 
mais passivo para outro mais ativo na promoção do desenvolvimento 
econômico. 
Portanto, as saídas para a crise foram o protecionismo e o 
intervencionismo econômico. O Estado teve de se estruturar para 
exercer estas funções, principalmente a segunda. 
O velho modelo patrimonialista da administração pública não 
era mais adequado a uma economia industrial cada vez mais 
complexa e competitiva! 
Foi nesse contexto que se criou o Conselho Federal do Serviço 
Público Civil em 1936, depois transformado em 1938 no Departamento 
Administrativo do Serviço Público ± DASP. De acordo com Lustosa da 
Costa8: 
³O Dasp foi efetivamente organizado em 1938, 
com a missão de definir e executar a política para o 
pessoal civil, inclusive a admissão mediante 
concurso público e a capacitação técnica do 
funcionalismo, promover a racionalização de 
métodos no serviço público e elaborar o orçamento 
GD�8QLmR��´ 
A criação do DASP deve ser vista, assim, como uma exigência da 
entrada do Estado brasileiro em uma nova era de industrialização e de 
desenvolvimento capitalista. 
O Estado deveria ser mais eficiente e imparcial em seu papel de 
incentivar e conduzir o crescimento econômico e na oferta de novos 
serviços e direitos aos trabalhadores urbanos, que seriam a base política 
do governo Getúlio Vargas. 
 
 
8 (Costa, 2008) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 73 
administração pública se tornasse capaz de dar sustentação ao regime 
ditatorial. De acordo com Torres12: 
³$VVLP��VHP�FRQVLGHUDU�D�UHSUHVVmR�SROtWLFD�GXUD�H�
autoritária, o governo Vargas tinha ainda dois 
pilares importantíssimos de sustentação política: o 
controle da administração pública e a nomeação 
GRV�GLULJHQWHV�GDV�SURYtQFLDV��´ 
Apesar disso, as mudanças não alcançaram toda a 
administração pública13. O movimento reformista de Vargas não 
conseguiu disseminar por completo as novas práticas. 
Para certas carreiras foram introduzidos os concursos públicos, 
promoção por mérito e salários adequados. Certos órgãos conseguiram 
uma maior profissionalização. 
Ou seja, carreiras consideradas estratégicas para o sucesso deste 
novo Estado (como a dos diplomatas) eram valorizadas ± tendo um 
treinamento mais completo, garantias legais e salários competitivos14. 
Entretanto, outras carreiras de nível mais baixo continuaram sob as 
práticas patrimonialistas e clientelistas, com nomeações políticas, salários 
defasados e promoções somente por tempo de serviço. Com isso, a 
Burocracia convivia com o patrimonialismo! 
Foi também introduzida nesta época a noção de planejamento no 
orçamento público, ao invés deste instrumento ser somente uma relação 
detalhada de despesas e receitas previstas. O Estado se preparava então 
para atuar de forma mais ativa no desenvolvimento econômico. 
Entretanto, o poder reformador do DASP dependia do apoio de 
Getúlio e seus poderes autoritários. Com o final da segunda guerra mundial, 
passou a existir uma demanda maior por democracia e liberalização por 
parte da sociedade brasileira. 
2� %UDVLO� WLQKD� ³FHUUDGR� ILOHLUDV´� FRP� RV� DOLDGRV� �(VWDGRV� 8QLGRV��
Inglaterra e União Soviética) e os conceitos de liberdade e democracia 
passaram a ser cobrados pelos cidadãos. 
O próprio regime ditatorial começou a mostrar seu desgaste após 15 
anos de existência. Com a saída de Getúlio, voltamos a ter uma constituição 
democrática e tivemos a eleição de Dutra para a Presidência da República. 
Naturalmente, o DASP perdeu muito de sua força 
modernizadora com a saída de Vargas do poder em 1945. Após esse 
 
12 (Torres, 2004) 
13 (Bresser Pereira, 2001) 
14 (Torres, 2004) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 73 
momento, o departamento perdeu muitas de suas funções e passou a fazer 
um trabalho mais rotineiro. 
Com a volta do regime democrático, muitas das práticas 
patrimonialistas ganharam força com a barganha política entre o presidente 
e o novo congresso. Ao final, o resultado da reforma foi o seguinte: a 
reforma não se completou, nem tampouco foi revertida. 
 
 
Administração para o Desenvolvimento ± Governo JK e a 
administração paralela. 
 
O período que se iniciou com a redemocratização em 1946 e terminou 
com o golpe militar de 1964 se caracterizou pela preocupação dos 
governantes com o desenvolvimento nacional. Nesta fase ocorreu um 
grande crescimento econômico, com a instalação de grandes multinacionais 
no país e a construção de Brasília, inserida no plano de metas do governo 
JK. 
Os principais fatores deste período foram: o aumento da 
intervenção do Estado e uma descentralização do setor público 
através da criação de várias autarquias e sociedades de economia mista 
(que teriam mais autonomia e flexibilidade do que a Administração Direta). 
O governo Juscelino Kubitschek ficou marcado pelo que se 
chamou de Administração Paralela15. Seu estilo era voltado a evitar ao 
máximo os conflitos, portanto quando tinha um problema a resolver ele 
preferia criar outra estrutura estatal (normalmente uma autarquia) do que 
reformar ou extinguir alguma já existente. 
Com isso ele ³FRQWRUQDYD´�D�DGPLQLVWUDomR�GLUHWa, evitando ter 
de lidar com a ineficiência gerada pelas práticas patrimonialistas e 
FOLHQWHOLVWDV��TXH�FRQWLQXDYDP�H[LVWLQGR��WHQGR�RFRUULGR�LQFOXVLYH�XP�³WUHP�
GD�DOHJULD´� HP������ ± a Constituição promulgada neste ano incorporou 
como servidores efetivos inúmeros funcionários que haviam entrado no 
governo sem concurso público), bem como as disfunções da Burocracia que 
Mi�VH�PRVWUDYDP�SUHVHQWHV��FRPR�R�H[FHVVR�GH�³SDSHODGD´�H�OHQWLGmR16. 
Os órgãos existentes não eram adequados aos desafios de seu 
governo. Em vez de reformá-los, ele preferiu criar novos órgãos 
(paralelos aos existentes) para resolver os problemas. 
Portanto, a administração do plano de metas do governo JK foi 
executada desta forma, evitando-se os órgãosconvencionais. A 
 
15 (Martins L. , 1997) 
16 (Junior, 1998) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 73 
coordenação das ações fazia-se por meio de grupos executivos 
escolhidos diretamente pela Presidência da República. 
Desta forma, evidenciou-se o papel fundamental das chamadas 
³ilhas de excelência´� �yUJmRV� TXH� FRQWDYDP� FRP� IXQFLRQiULRV� PDLV�
capacitados, que eram contratados por mérito e recebiam salários muito 
maiores do que os da administração direta) no processo de 
desenvolvimento nacional que ocorreu naquela época. De acordo com 
Lustosa17: 
³(VVH� SHUtRGR� VH� FDUDFWHUL]D� SRU� XPD� FUHVFHQWH�
cisão entre a administração direta, entregue ao 
clientelismo e submetida, cada vez mais, aos 
ditames de normas rígidas e controles, e a 
administração descentralizada (autarquias, 
empresas, institutos e grupos especiais ad hoc), 
dotados de maior autonomia gerencial e que 
podiam recrutar seus quadros sem concursos, 
preferencialmente entre os formados em think 
thanks especializados, remunerando-os em termos 
compatíveis com o mercado. Constituíram-se assim 
ilhas de excelência no setor público voltadas para a 
administração do desenvolvimento, enquanto se 
deteriorava o núcleo central da DGPLQLVWUDomR��´ 
O modelo burocrático, que nem tinha sido completamente instalado 
em toda a administração pública, mostrava-se então inadequado para uma 
sociedade cada vez mais complexa e para um país imenso, com realidades 
muito diferentes e distâncias continentais. 
Desta forma, começou a se formar um consenso de que o modelo 
burocrático deveria ser reformado. 
 
 
A Reforma de 1967 ± DL nº200/67. 
 
Neste contexto, a administração pública brasileira se mostrava cada 
vez menos adequada aos desafios de um país em desenvolvimento 
acelerado. Assim, ficou evidente a necessidade de reformas em seu 
modelo. 
Ainda no governo de João Goulart, formou-se a Comissão Amaral 
Peixoto, com o objetivo de coordenar estudos para uma reforma do modelo 
administrativo no Brasil. O golpe militar de 1964 abortou essa iniciativa. 
 
17 (Costa, 2008) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 73 
Todavia, algumas ideias foram aproveitadas na reforma de 1967, através 
do Decreto-Lei nº200 do mesmo ano18. 
Antes de iniciar uma análise mais profunda da reforma em si, temos 
de entender o contexto que existia na época. O governo militar assumiu 
com uma proposta modernizadora do Estado. A economia estava 
desequilibrada e a inflação estava aumentando. Existia uma análise de que 
a inflação era causada pelos aumentos salariais acima do aumento da 
produtividade e por gastos excessivos do governo19. 
Desta forma, uma série de iniciativas modernizadoras foram 
implementadas buscando criar um ambiente mais propício ao crescimento 
econômico e a uma administração pública mais moderna e eficiente. 
O plano econômico que buscava estabilizar a economia foi chamado 
de Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG). Dentre outras 
medidas, destacamos: a restrição do crédito e dos aumentos salariais, uma 
reforma tributária (que reduziu impostos em cascata), a instituição da 
correção monetária nos contratos, a criação do Banco Central (para 
administrar a emissão de moeda), a criação do Sistema Nacional da 
Habitação e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). 
A reforma de 67 apareceu, portanto, como uma resposta às 
dificuldades que a máquina pública tinha com o modelo burocrático 
que vinha desde os anos 30. De acordo com Andrews e Bariani20: 
³$� UHIRUPD� GH� ����� LQWURGX]LX� QD� DGPLQLVWUDomR�
pública procedimentos gerenciais típicos do setor 
privado, abriu espaço para a participação do capital 
privado em sociedades de economia mista e 
esvaziou um dos emblemas do Estado populista, o 
Departamento Administrativo do Serviço Público 
�'$63���´� 
Desta forma, os proponentes da reforma se baseavam em uma noção 
de que haveria uma defasagem cada vez maior entre as demandas de 
um país em desenvolvimento e as capacidades da máquina pública. 
A excessiva centralização do governo e a falta de planejamento tornavam 
a administração pública ineficaz, ineficiente e irresponsável21. 
O planejamento passou a ser encarado como uma condição 
imprescindível para que a Administração Pública alcançasse uma 
maior racionalidade em seus programas e ações. Assim, o diagnóstico 
era de que as ações do Estado não eram planejadas. 
 
18 (Junior, 1998) 
19 (Resende, 1990) 
20 (Andrews & Bariani, 2010) 
21 (Andrews & Bariani, 2010) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 73 
'HQWUH�RV�³JDUJDORV´�TXH�WLQKDP�GH�VHU�VROXFLRQDGRV�SDUD�TXH�HVWH�
planejamento pudesse ocorrer, podemos incluir: a falta de profissionais 
capacitados no governo, um sistema de controle insuficiente e a falta de 
supervisão das atividades do governo. 
Desta maneira, buscou-se uma maior descentralização das 
ações governamentais. Os órgãos centrais teriam de ser liberados da 
execução das tarefas para poderem planejar, controlar e coordenar as 
ações e programas governamentais. 
Esta descentralização foi feita com a transferência de 
responsabilidades dos órgãos centrais para a administração indireta. Além 
da descentralização, buscou-se flexibilizar para a administração indireta 
certos procedimentos burocráticos que existiam na administração direta. 
De acordo com o DL200, a descentralização ocorreria em três planos 
principais: 
³a) dentro dos quadros da Administração Federal, 
distinguindo-se claramente o nível de direção do de 
execução; 
 
b) da Administração Federal para a das unidades 
federadas, quando estejam devidamente 
aparelhadas e mediante convênio; 
c) da Administração Federal para a órbita privada, 
PHGLDQWH�FRQWUDWRV�RX�FRQFHVV}HV��´ 
Portanto, a descentralização envolveria a transferência de atribuições 
³GHQWUR´�GD�SUySULD�DGPLQLVWUDomR�GLUHWD��PHGLDQWH�D�GHOHJDomR�GH�SRGHUes 
e responsabilidades para os níveis inferiores ± nível operacional), a 
transferência de atividades para os estados e municípios e até mesmo da 
Administração Pública para a iniciativa privada (através de concessões e 
contratos). 
Dentre algumas mudanças incluídas na reforma, foi permitido que os 
órgãos da Administração Indireta contratassem por meio da CLT. Portanto, 
não existiria mais a estabilidade no emprego para os empregados das 
empresas e órgãos da administração indireta, possibilitando assim uma 
maior flexibilidade na contratação temporária e na gestão de pessoal. 
Outro aspecto importante foi a inclusão da descentralização e do 
planejamento como princípios da Administração Pública. De acordo com o 
Decreto Lei n° 20022: 
³Art. 6º As atividades da Administração Federal 
obedecerão aos seguintes princípios fundamentais: 
I - Planejamento. 
II - Coordenação. 
 
22 http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-Lei/Del0200.htm 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 73 
A questão está certa. A reforma foi focada principalmente na 
administração indireta, pois os militares (a exemplo do governo JK) não 
TXHULDP�VH�³LQGLVSRU´�FRP�R�FRUSR�EXURFUiWLFR�H[LVWHQWH��SUHIHULQGR�FULDU�novas estruturas com outro modelo mais flexível. Isso levou a uma 
crescente diferenciação entre a administração direta e a indireta. 
O gabarito é frase correta. 
 
Esta autonomia dada à administração indireta levou a uma grande 
expansão da intervenção do Estado na economia, com a criação de 
diversas empresas públicas, sociedades de economia mista e autarquias. 
Infelizmente a reforma não atingiu seus objetivos e levou a 
consequências desagradáveis. A maior autonomia dada à administração 
indireta tornou mais fácil a continuação de práticas clientelistas e 
patrimonialistas. 
De acordo com Andrews e Bariani25: 
³$� GLIHUHQFLDomR� HQWUH� DGPLQLVWUDomR� GLUHWD� H�
indireta flexibilizou os controles burocráticos, mas, 
apesar de buscar a maior eficiência da 
administração pública, criou novas oportunidades 
SDUD�D�FDSWXUD�GR�(VWDGR�SRU�LQWHUHVVHV�SULYDGRV��´ 
Em certo momento, os governos militares perderam o controle da 
máquina pública. A administração indireta cresceu excessivamente até o 
fim da década de 70, com a criação de inúmeras subsidiárias das empresas 
públicas e a atuação do Estado em áreas que não deveriam ser prioritárias. 
Segundo Bresser26: 
³A reforma administrativa embutida no 
Decreto-Lei 200 ficou pela metade e 
fracassou. A crise política do regime militar, que 
se inicia já em meados dos anos 70, agrava ainda 
mais a situação da administração pública, na 
medida que a burocracia estatal é identificada com 
o sistema autoritário em pleno processo de 
GHJHQHUDomR´ 
As crises do Petróleo, em 1973 e 1979, acabaram inviabilizando a 
administração para o desenvolvimento, que já vinha desde os anos 50. O 
SURFHVVR� GH� HQGLYLGDPHQWR� S~EOLFR�� TXH� ³HPSXUUDYD´� RV� LQYHVWLPHQWRV�
públicos na economia passou a ser insustentável. Os juros internacionais 
 
25 (Andrews & Bariani, 2010) 
26 (Bresser, 1996) apud (Costa, 2008) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 73 
subiram muito nesta época e a liquidez do mercado financeiro internacional 
caiu muito. Com isso, tomar dinheiro emprestado ficou muito difícil. 
Desta forma, o Estado, em grave crise fiscal e administrativa, teria 
cada vez menos condições de ser o indutor do crescimento nacional. 
 
 
Programa Nacional de Desburocratização 
 
Sem o crescimento econômico que sustentava a lógica do sistema, 
os governos militares iniciaram uma distensão política que acabaria por 
levar a uma anistia dos perseguidos políticos e à transição para o primeiro 
governo civil. 
Este primeiro governo de transição, o primeiro civil desde 64, ocorreu 
com a vitória de Tancredo Neves sobre Paulo Maluf na eleição indireta 
(através do colégio eleitoral) em 1985. 
No plano da administração pública, já em 1979, aconteceram 
iniciativas visando rever algumas distorções do modelo burocrático. 
Portanto, já no governo militar, existiram novas tentativas de alterar o 
modelo burocrático. 
Em 1979 foi criado o Programa Nacional de 
Desburocratização, que levaria depois à criação do Ministério da 
Desburocratização. Sob o comando de Helio Beltrão, o programa visava 
à simplificação e racionalização de métodos, em busca de tornar os 
órgãos públicos menos rígidos27. 
Além disso, Beltrão buscava redirecionar a máquina pública para o 
atendimento das demandas dos cidadãos. De acordo com Beltrão28: 
³'HYH-se retirar o usuário da condição colonial de 
súdito para investi-lo na de cidadão, destinatário de 
toda D�DWLYLGDGH�GR�(VWDGR´� 
Desta forma, pela primeira vez aparece em um programa 
governamental a noção de que se deveriam voltar as atenções do Estado 
para o atendimento dos cidadãos29. 
Além disso, o enxugamento da máquina pública também foi proposto. 
Esta ação foi focada principalmente nas áreas onde havia superposição e 
duplicidades30. 
 
27 (Martins L. , 1997) 
28 (Beltrão) apud (Paludo, 2010) 
29 (Paludo, 2010) 
30 (Junior, 1998) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 73 
Tancredo. Desta formD��6DUQH\�WHULD�GH�JRYHUQDU�FRP�D�³HTXLSH´�HVFROKLGD�
por Tancredo. 
$VVLP�VHQGR��HOH�XWLOL]RX�D�PiTXLQD�S~EOLFD�SDUD�³DVVHQWDU´�YiULDV�
correntes que apoiaram a sua coligação na eleição indireta, inchando mais 
XPD�YH]�D�HVWUXWXUD�JRYHUQDPHQWDO��2�YHOKR�³WURFD�WURFD´�SROtWLFR�YROWDYD�
a mostrar sua cara. Estes fatores não eram tão visíveis nos governos 
militares. 
Desta forma, a democratização trazia seu custo, pois levou a um 
aumento do populismo e a um voluntarismo político ± a percepção da 
sociedade de que Vy�IDOWDYD�³YRQWDGH´�SDUD�TXH�D�UHDOLGDGH�IRVVH�DOWHUDGD��
que o processo democrático resolveria todos os problemas31. 
Apesar da crise econômica e fiscal que o Estado se via naquele 
momento, a sociedade ainda via como ideal um Estado desenvolvimentista, 
que promoveria o crescimento nacional. Seria um Estado que seguisse uma 
política econômica Keynesiana (de investimento pesado na economia, a 
base de déficits públicos). 
Assim sendo, a Constituição acabou seguindo nesta linha, tornando a 
revisão de vários de seus dispositivos uma necessidade na década que se 
seguiu. 
Com a redemocratização, o poder político volta a se 
descentralizar, ganhando força os governos estaduais e até as 
prefeituras. Esse maior poder levará a grandes mudanças na estrutura 
estatal na assembleia constituinte. 
A Constituição Federal de 1988 foi concebida em um ambiente de 
crise econômica, de retorno à vida política de personagens políticos que 
tinham sido perseguidos por muitos anos, e refletiu esse contexto de forças. 
No plano administrativo, a Constituição: 
¾ Levou à centralização administrativa; 
¾ Limitou enormemente a autonomia da administração 
indireta, praticamente igualando as condições entre 
administração indireta e direta; 
¾ Retomou os ideais burocráticos da reforma de 1930 - 
administração pública volta a ser hierárquica e rígida; 
 
31 (Bresser Pereira, 2001) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 73 
¾ Criou o Regime Jurídico único, incorporando diversos 
FHOHWLVWDV�FRPR�HVWDWXWiULRV�H�HQJHVVDQGR�D�VLWXDomR��³VWDWXV�
TXR´�p�PDQWLGR�� 
¾ Criou privilégios descabidos para servidores, como 
aposentadorias integrais sem a devida contribuição e 
estabilidade para antigos celetistas. 
Desta forma, se no plano político a Constituição Federal de 88 
foi um avanço, no plano administrativo foi considerada um 
retrocesso32, pois a máquina estatal foi engessada e voltou a aplicação de 
normas rígidas e inflexíveis para toda a administração direta e indireta. 
Além disso, foram concedidos diversos benefícios (alguns 
extremamente caros) sem que houvesse a preocupação com a 
capacidade real do estado de cumprir com esses gastos. 
Uma das razões para esse retrocesso foi a noção (equivocada), muito 
comum na época, de que uma das razões da crise do Estado estaria na 
excessiva descentralização e na autonomia concedida à administração 
indireta através do DL20033. 
 
 
Governo Collor 
 
Estas mudanças ocorridas com a nova Constituição acabam gerando 
um número muito maior de demandas para o Estado brasileiro. A CF/88 
gerou despesas para o Estado sem se preocupar com o financiamento 
destas. 
Esse cenário vai levar a uma hiperinflação no final da década de 80, 
quando aconteceu a primeiraeleição para presidente da República em três 
décadas34. 
2� YHQFHGRU�� &ROORU�� FRQFRUUHX� WHQGR� FRPR� VORJDQ� ³DFDEDU� FRP� RV�
PDUDMiV´�GR�VHUYLoR�S~EOLFR��$�SHUFHSomR�GD�VRFLHGDGH�QDTXHOD�pSRFD�HUD�
extremamente ruim do papel do Estado e dos servidores públicos. 
A reforma de Collor, de viés neoliberal (visando a um estado dito 
mínimo), desejava reduzir a presença do Estado na vida social e 
econômica da nação. Dentre diversas mudanças econômicas (troca de 
 
32 (Bresser Pereira, 2001) 
33 (Bresser Pereira, 2001) 
34 (Bresser Pereira, 2001) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 73 
moeda, congelamento e bloqueio de dinheiro em contas bancárias), 
buscou-se um forte ajuste fiscal35. 
Neste processo, foram demitidos, ou postos em disposição, mais de 
cem mil servidores (muitos depois conseguiram ser readmitidos 
judicialmente). Collor não reajustou os salários dos servidores, levando a 
um grande arrocho salarial (a inflação era imensa na época). 
O processo de privatização foi acelerado, tendo como objetivo a 
diminuição do tamanho do Estado. De acordo com Torres36: 
 
³$� UiSLGD� SDVVDJHP� GH� &ROORU� SHOD� SUHVLGrQFLD�
provocou, na administração pública, uma 
desagregação e um estrago cultural e psicológico 
impressionantes. A administração pública sentiu 
profundamente os golpes desferidos pelo governo 
Collor, com os servidores descendo aos degraus 
mais baixos da auto-estima e valorização social, 
depois de serem alvos preferenciais em uma 
campanha política altamente destrutiva e 
GHVDJUHJDGRUD´ 
Após o impeachment de Collor, o sucessor Itamar Franco teve uma 
atuação tímida, tendo readmitido alguns servidores e revertido algumas 
das ações de Collor. 
 
 
A Reforma de 1995. 
 
$SyV� D� LQWURGXomR� GR� SULPHLUR� SODQR� HFRQ{PLFR� D� ³GRPDU´� D�
hiperinflação (o Plano Real), o presidente Itamar Franco conseguiu eleger 
seu sucessor, Fernando Henrique Cardoso. Cardoso, por sua vez, 
nomeou para o Ministério da Administração e Reforma do Estado o ex-
ministro da Fazenda de Sarney, Bresser Pereira. 
A reforma administrativa não havia sido uma promessa de campanha 
de Cardoso, mas ele autorizou Bresser a fazer um diagnóstico dos 
problemas da Administração Pública brasileira e a propor reformas à 
sociedade. Estas propostas foram apresentadas no Plano Diretor da 
Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE)37. 
 
35 (Costa, 2008) 
36 (Torres, 2004) 
37 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 73 
O retrocesso burocrático que ocorreu na Constituição Federal de 1988 
estava levando o Estado a perder sua capacidade de governança. 
Entretanto, antes do PDRAE não havia ainda uma proposta consistente de 
reforma, apenas idéias gerais, como a percepção de que a globalização 
diminuía a importância dos Estados e a capacidade de exercer suas 
funções. 
A ideia de estado mínimo tampouco era vista como a solução 
do problema, pois não era aceita como legítima pela população, que 
desejava que o Estado continuasse provendo os antigos serviços públicos 
do Estado de Bem-Estar Social, mas com eficiência. De acordo com 
Bresser38: 
³Não estava interessado em discutir com os 
neoliberais o grau de intervenção do Estado na 
economia, já que acredito que hoje já se tenha 
chegado a um razoável consenso sobre a 
inviabilidade do Estado mínimo e da necessidade da 
ação reguladora, corretora, e estimuladora do 
Estado. ´ 
Bresser Pereira, então, buscou nas experiências internacionais 
algumas ideias que pudessem reposicionar o Estado brasileiro e 
desenvolver nele a capacidade de enfrentar os novos desafios. 
A experiência inglesa de reforma da administração pública foi das 
mais relevantes para que ele e sua equipe montassem o PDRAE. O Plano 
Diretor tinha como meta implantar a administração gerencial na 
administração pública brasileira. 
Segundo o PDRAE, o Estado não carecia de governabilidade, mas sim 
de governança39: 
³O governo brasileiro não carece de 
³JRYHUQDELOLGDGH´�� RX� VHMD�� GH� SRGHU� SDUD�
governar, dada sua legitimidade democrática e o 
apoio com que conta na sociedade civil. Enfrenta, 
entretanto, um problema de governança, na 
medida em que sua capacidade de implementar as 
políticas públicas estava limitada pela rigidez e 
LQHILFLrQFLD�GD�PiTXLQD�DGPLQLVWUDWLYD´ 
De acordo com Lustosa, o projeto de reforma do Estado tinha como 
pilares40: 
 
 
38 (Bresser Pereira, 2001) 
39 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) 
40 (Costa, 2008) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 73 
¾ Ajustamento fiscal duradouro; 
¾ Reformas econômicas orientadas para o mercado que, 
acompanhadas de uma política industrial e tecnológica, garantissem 
a concorrência interna e criassem condições para o enfrentamento 
da competição internacional; 
¾ A reforma da previdência social; 
¾ A inovação dos instrumentos de política social, proporcionando 
maior abrangência e promovendo melhor qualidade para os serviços 
sociais; 
¾ A reforma do aparelho de Estado, com vistas a aumentar sua 
³JRYHUQDQoD´��RX�VHMD��VXD�FDSDFLGDGH�GH�LPSOHPHQWDU�GH�IRUPD�
eficiente políticas públicas. 
 
A reforma administrativa em particular era o foco do PDRAE. De 
acordo com Bresser41, a reforma tinha os seguintes objetivos: 
 
9 A descentralização dos serviços sociais para estados e 
municípios; 
9 A delimitação mais precisa da área de atuação do Estado, 
estabelecendo-se uma distinção entre as atividades exclusivas que 
envolvem o poder do Estado e devem permanecer no seu âmbito, 
as atividades sociais e científicas que não lhe pertencem e devem 
ser transferidas para o setor público não-estatal, e a produção de 
bens e serviços para o mercado; 
9 A distinção entre as atividades do núcleo estratégico, que devem 
ser efetuadas por políticos e altos funcionários, e as atividades de 
serviços, que podem ser objeto de contratações externas; 
9 A separação entre a formulação de políticas e sua execução; 
9 Maior autonomia e para as atividades executivas exclusivas 
do Estado que adotarão a forma de "agências executivas"; 
9 Maior autonomia ainda para os serviços sociais e científicos 
que o Estado presta, que deverão ser transferidos para (na prática, 
transformados em) "organizações sociais", isto é, um tipo particular 
de organização pública não-estatal, sem fins lucrativos, 
contemplada no orçamento do Estado (como no caso de hospitais, 
universidades, escolas, centros de pesquisa, museus, etc.); 
9 Assegurar a responsabilização (accountability) através da 
administração por objetivos, da criação de quase-mercados, e 
de vários mecanismos de democracia direta ou de controle social, 
 
41 (Bresser Pereira, 2001) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 73 
combinados com o aumento da transparência no serviço 
público, reduzindo-se concomitantemente o papel da definição 
detalhada de procedimentos e da auditoria ou controle interno ± os 
controles clássicos da administração pública burocrática ± que 
devem terum peso menor. 
 
Desta maneira, o Estado passaria a cumprir um papel na sociedade 
mais de regulador e promotor do desenvolvimento econômico do que um 
papel de executor. E a gestão passa então a buscar os princípios da 
administração gerencial. De acordo com o PDRAE42: 
³2� SDUDGLJPD� JHUHQFLDO� FRQWHPSRUkQHR��
fundamentado nos princípios de confiança e de 
descentralização da decisão, exige formas 
flexíveis de gestão, horizontalização de 
estruturas, descentralização de funções, 
incentivo à criatividade. Contrapõe-se à ideologia 
do formalismo e do rigor técnico da burocracia 
tradicional. À avaliação sistemática, à recompensa 
pelo desempenho, e à capacitação permanente, que 
já eram características da boa administração 
burocrática, acrescentam-se os princípios da 
orientação para o cidadão cliente, do controle 
por resultados, e da competição administrada. 
´ 
 
Portanto, após anos de debates nacionais e no Congresso Nacional, a 
reforma foi aprovada em 1998. O PDRAE, entre os pontos principais, definiu 
os quatro setores do Estado43: 
¾ Núcleo estratégico ± Corresponde ao governo, em sentido 
lato. É o setor que define as leis e as políticas públicas, e cobra 
o seu cumprimento. É, portanto, o setor onde as decisões 
estratégicas são tomadas. Corresponde aos Poderes Legislativo e 
Judiciário, ao Ministério Público e, no poder executivo, ao Presidente 
da República, aos ministros e aos seus auxiliares e assessores 
diretos, responsáveis pelo planejamento e formulação das políticas 
públicas. 
 
¾ Atividades exclusivas ± É o setor em que são prestados 
serviços que só o Estado pode realizar. São serviços em que se 
exerce o poder extroverso do Estado - o poder de regulamentar, 
 
42 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) 
43 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 73 
fiscalizar, fomentar. Como exemplos temos: a cobrança e fiscalização 
dos impostos, a polícia, a previdência social básica, o serviço de 
desemprego, a fiscalização do cumprimento de normas sanitárias, o 
serviço de trânsito, a compra de serviços de saúde pelo Estado, o 
controle do meio ambiente, o subsídio à educação básica, o serviço 
de emissão de passaportes, etc. 
 
¾ Serviços não-exclusivos ± Corresponde ao setor onde o 
Estado atua simultaneamente com outras organizações públicas 
não-estatais e privadas. As instituições desse setor não possuem 
o poder de Estado. Este, entretanto, está presente porque os serviços 
envolvem direitos humanos fundamentais, como os da educação e da 
saúde, ou porque SRVVXHP� ³HFRQRPLDV� H[WHUQDV´� UHOHYDQWHV�� QD�
medida que produzem ganhos que não podem ser apropriados por 
esses serviços através do mercado. As economias produzidas 
imediatamente se espalham para o resto da sociedade, não podendo 
ser transformadas em lucros. São exemplos deste setor: as 
universidades, os hospitais, os centros de pesquisa e os museus. 
 
¾ Produção de bens e serviços para o mercado ± 
Corresponde à área de atuação das empresas. É caracterizado pelas 
atividades econômicas voltadas para o lucro que ainda 
permanecem no aparelho do Estado como, por exemplo, as do setor 
de infraestrutura. Estão no Estado seja porque faltou capital ao setor 
privado para realizar o investimento, seja porque são atividades 
naturalmente monopolistas, nas quais o controle via mercado não é 
possível, tornando-se necessário no caso de privatização, a 
regulamentação rígida. 
 
Assim sendo, o tipo de propriedade ideal de cada um dos setores e o 
tipo de gestão que deveria ser buscado também foram estabelecidos no 
Plano Diretor. De acordo com o PDRAE44: 
 
¾ Núcleo estratégico ʹ A propriedade deve ser necessariamente 
estatal. Sua gestão deve ser um misto de administração 
burocrática e gerencial; 
¾ Atividades exclusivas ± A propriedade também deve ser 
somente estatal. Sua gestão deve ser gerencial; 
 
44 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 73 
Questões Comentadas 
 
1. (FCC ± TRF 3° REGIÃO ± ANALISTA ± 2016) Sobre os objetivos e 
características do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do 
Estado, implementado nos anos 1990, no âmbito federal, 
considere: 
I. Publicização, que corresponde à assunção, pelo Estado, dos 
serviços próprios do denominado Núcleo Estratégico. 
II. Flexibilização, oferecendo aos gestores maior autonomia e 
estabelecendo o controle e cobrança de resultados a posteriori. 
III. Desestatização, que compreende a privatização, a 
terceirização e a desregulamentação. 
Está correto o que consta APENAS em 
(A) I. 
(B) I e II. 
(C) II. 
(D) II e III. 
(E) III. 
 
Podemos "matar" a questão com uma definição de Lustosa. Para ele, 
a reforma, tal como preconizada pelo PDRAE, poderia ser interpretada por 
cinco diretrizes principais45: 
x Institucionalização, considera que a reforma só pode ser 
concretizada com a alteração da base legal, a partir da reforma 
da própria Constituição; 
x Racionalização, que busca aumentar a eficiência, por meio de 
corWHV�GH�JDVWRV��VHP�SHUGD�GH�³SURGXomR´��ID]HQGR�D�PHVPD�
quantidade de bens ou serviços (ou até mesmo mais) com o 
mesmo volume de recursos; 
x Flexibilização, que pretende oferecer maior autonomia 
aos gestores públicos na administração dos recursos 
humanos, materiais e financeiros colocados à sua 
disposição, estabelecendo o controle e cobrança a 
posteriori dos resultados; 
x Publicização, que constitui uma variedade de flexibilização 
baseada na transferência para organizações públicas não-
estatais de atividades não exclusivas do Estado 
 
45 (Costa, 2008) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 73 
(devolution), sobretudo nas áreas de saúde, educação, cultura, 
ciência e tecnologia e meio ambiente; 
x Desestatização, que compreende a privatização, a 
terceirização e a desregulamentação. 
Dessa forma, podemos ver que a primeira frase descreve 
incorretamente o conceito de publicização. Já as definições de flexibilização 
e de desestatização estão corretas. O gabarito, portanto, é a letra D. 
 
2. (FCC ± CNMP ± ANALISTA ± 2015) De acordo com o Plano Diretor 
da Reforma do Estado, é correto afirmar que 
(A) a publicização refere-se ao processo de dar publicidade a 
todos os atos da Administração pública. 
(B) a publicização refere-se ao processo de transferência da 
execução dos serviços públicos não exclusivos para as OSCIPS, 
apenas. 
(C) a administração dos museus deveria ser realizada em 
parceria entre o setor público estatal e o setor público não-
estatal. 
(D) o serviço público de Educação deveria ser ofertado 
exclusivamente pela Administração pública direta. 
(E) a produção para o mercado deveria ser uma atividade 
exclusivamente estatal. 
 
A letra A está incorreta. A publicização está associada a transferência 
de atividades não exclusivas do Estado para organizações públicas não 
estatais. O conceito descrito pela banca é o do princípio da publicidade. 
Já o erro da letra B é que a publicização não está restrita às OSCIPs, 
mas pode alcançar outras organizações públicas não estatais. A letra C está 
certa, pois a administraçãode museus (setor de cultura) poderia ser feita 
por parcerias entre o Estado e organizações sem fins lucrativos. 
A letra D está equivocada, pois a área de Educação é vista, pelo 
PDRAE, como setor de atividade não exclusiva do Estado. Ou seja, poderia 
(como ocorre hoje) ser executada por organizações não estatais. 
Da mesma forma, a letra E está errada. O setor de produção de bens 
e serviços para o mercado deveria ser executado por empresas privadas. 
O gabarito é mesmo a letra C. 
 
3. (FCC ± TCE-CE ± CONSELHEIRO ± 2015) O denominado programa 
de publicização implementado no bojo do Plano Diretor da 
Reforma do Aparelho do Estado corresponde à 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 73 
(A) transferência de serviços não exclusivos do Estado, como 
Saúde, do setor estatal para o setor público não estatal, 
passando tais serviços a ser exercidos por entidades que 
assumem a forma de Organizações Sociais. 
(B) retomada, pelo Estado, de atividades anteriormente 
delegadas à iniciativa privada, em caráter subsidiário, tais como 
Educação e Saúde. 
(C) estatização de empresas consideradas estratégicas de 
acordo com as prioridades estabelecidas nos planos 
governamentais para o setor correspondente. 
(D) reavaliação do processo de privatização, deixando a cargo 
do setor privado apenas as atividades que não envolvam 
prestação de serviços públicos essenciais. 
(E) criação de agências reguladoras para atuarem na fiscalização 
e normatização de atividades que passaram a ser 
desempenhadas pelo setor privado mediante concessão ou 
autorização. 
 
 
Mais uma questão que cobra o conceito de Publicização. De acordo 
com Lustosa, a publicização46: 
"constitui uma variedade de flexibilização baseada 
na transferência para organizações públicas 
não-estatais de atividades não exclusivas do 
Estado (devolution), sobretudo nas áreas de 
saúde, educação, cultura, ciência e tecnologia e 
meio ambiente." 
Desta forma, o gabarito da questão só pode mesmo ser a letra A. 
 
4. (FCC ± SEFAZ-SP ± FISCAL DE RENDAS ± 2013) As propostas que 
tiveram impacto na estrutura da administração pública 
brasileira, associadas, respectivamente, aos períodos do 
Varguismo (a partir de 1930), do Regime Militar (a partir de 
1967), do período de redemocratização (a partir de 1988) e da 
reforma da Gestão Pública (a partir de 1995), estão expressas 
em: 
(A) Criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 
criação do Banco Central, descentralização das políticas públicas 
em direção a estados e municípios, criação do Ministério da 
Administração Federal e Reforma do Estado. 
 
46 (Costa, 2008) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 73 
(B) Criação do Regime Jurídico Único dos servidores, 
flexibilização da estabilidade do funcionalismo, criação do 
Estatuto do Funcionário Público, criação do Sistema Financeiro 
nacional. 
(C) Forte centralização administrativa e política, proposta de 
extinção do Regime Jurídico Único dos servidores, proposta de 
universalização da saúde, decreto-lei que traz a distinção entre 
integrantes da Administração direta e da Administração indireta. 
(D) Adoção do Estágio Probatório para a efetivação de 
servidores, criação do Ministério da Desburocratização, forte 
intervenção estatal na economia, adoção do Programa Brasileiro 
de Qualidade e Produtividade. 
(E) Criação do Juizado de Pequenas Causas, criação do Banco 
Nacional de Desenvolvimento Econômico, criação das Agências 
Reguladoras, inclusão na Constituição Federal do Mandado de 
Injunção. 
 
A banca está cobrando fatos que ocorrerão nos seguintes períodos: 
Varguismo (década de 30 até 45), regime militar (período 64-85, mas a 
banca fala de 1967), redemocratização (1988 até 1995) e reforma de FHC 
(1995 até 2002). 
A letra A logo está correta e é o gabarito da banca. O IBGE foi mesmo 
criado no governo de Getúlio Vargas, em 1938. Já o Banco Central foi criado 
em 1964, dentro do regime militar. Como a banca citou a data de 1967, a 
questão poderia ter sido anulada. A descentralização política foi mesmo um 
efeito da nova Constituição Federal de 1988 e o MARE foi sim criado no 
período FHC. Esse ministério foi chefiado pelo Bresser Pereira e gerou o 
PDRAE. 
Já a letra B está equivocada. O Regime Jurídico Único foi criado 
somente na CF/88. Foi o primeiro estatuto do servidor é que veio no 
Varguismo. A flexibilização da estabilidade aconteceu na reforma de 1995, 
com a EC 19 de 1998 (e não no governo militar). Já o Sistema Financeiro 
Nacional foi criado em 1964, no regime militar. 
 A letra C está errada, pois a proposta de extinção do RJU veio no 
período FHC, e não no regime militar. Outra incorreção é que o Decreto-lei 
200, que diferenciou a Administração Direta da Indireta é do governo 
militar (1967), e não do governo FHC. 
A letra D está incorreta apenas pelo programa de qualidade, pois esse 
foi criado no Governo Collor, e não no governo FHC. 
A letra E está também errada, pois o juizado de pequenas causas só 
foi criado nos anos 80, não no governo Vargas. O BNDE (sem o S) foi criado 
em 1952 (e não no governo militar). Já as agências reguladoras foram 
mesmo criadas no período FHC. O gabarito é mesmo a letra A. 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 73 
 
5. (FCC ± MPE-AP ± ANALISTA ± 2012) De acordo com a reforma do 
Estado brasileiro de 1995, quatro setores integram o aparelho do 
Estado, com reflexos na organização da administração pública: o 
núcleo estratégico, atividades exclusivas, serviços não 
exclusivos, produção de bens e serviços. São exemplos dos 
setores de atividades exclusivas e serviços não exclusivos, 
respectivamente: 
a) poderes executivo, legislativo, judiciário e telecomunicações. 
b) educação, controle do meio ambiente e serviço de trânsito. 
c) ministérios do poder executivo e captação de petróleo e gás. 
d) fiscalização sanitária, saúde e educação. 
e) educação e saúde e policiamento. 
 
O setor das atividades exclusivas engloba aquelas funções que só 
podem ser exercidas pelo Estado, como: fiscalização, regulamentação, 
policiamento, etc. Já os serviços não exclusivos são aqueles em que poderia 
existir a participação tanto do Estado quanto da iniciativa privada. Dentre 
as áreas, poderíamos citar: saúde, educação, etc. 
Desta maneira, a alternativa correta só pode ser a letra D. Nesta 
opção temos: fiscalização sanitária (atividade exclusiva) e saúde e 
educação (atividades não exclusivas). Entretanto, muitos candidatos 
reclamaram da vírgula mal colocada na questão, pois teria confundido. 
Apesar disso, a banca não mudou seu entendimento e manteve o gabarito 
na letra D. 
 
6. (FCC ± MPE-AP ± ANALISTA ± 2012) Um balanço das reformas na 
administração pública, implementadas ao final dos anos 90 no 
Brasil, indica que avanços e impedimentos fazem parte de seus 
resultados. Avanços houveram no planejamento e no 
aperfeiçoamento da capacidade de gestão do Estado, em 
melhorias na prestação dos serviços públicos e na inovação. São 
impedimentos para o desenvolvimento adequado das reformas: 
a) questões de sustentabilidade econômica, social e ambiental; 
população não aderente ao e-gov. 
b) desarticulação e incoerência entre reformas; a vontade 
política de membros do governo. 
c) oscilação de moedas, gerando dificuldade em balanços depagamento; baixa capacidade empreendedora brasileira. 
d) ausência de sistemas integrados facilitadores da net pública; 
baixa capacitação do pessoal administrativo. 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 73 
e) baixo índice de patentes e pesquisas acadêmicas voltadas à 
área pública; resistência sindical para demissões. 
 
Esta questão fugiu um pouco do que a FCC costuma cobrar, mas dá 
SDUD�VHU�UHVSRQGLGD�DWp�PHVPR�SRU�³HOLPLQDomR´��$�OHWUD�$�HVWi�LQFRUUHWD�
porque a dificuldade de implementar as reformas não tem relação com o a 
sustentabilidade social ou o meio ambiente, por exemplo. 
Já a letra B aponta alguns fatores relevantes, como a falta de vontade 
política de alguns governos e as rupturas propostas por várias reformas, 
que acabam gerando muitas resistências por parte de diversos atores. 
Dessa maneira, o gabarito é a letra B. 
A letra C já começa errada, pois a oscilação da cotação das moedas 
internacionais (câmbio) não é reconhecida como um aspecto central na 
falha das reformas administrativas brasileiras. 
A letra D também está equivocada. O servidor público, em média, 
tem uma capacitação superior aos seus equivalentes no setor privado. 
Portanto, este também não pode ser o fator. 
Finalmente, a letra E também está errada. O baixo índice de patentes 
nacionais obviamente não tem nenhuma relação com o fracasso das 
reformas administrativas. O gabarito é mesmo a letra B. 
 
7. (FCC ± TRE-CE ± ANALISTA ± 2012) A criação do DASP em 1938, 
com a definição da política de recursos humanos, de compra de 
materiais e finanças e a centralização e reorganização da 
administração pública federal, marca de forma inequívoca a 
passagem da forma de administração pública patrimonialista 
para a estruturação da máquina administrativa do Brasil na 
forma 
(A) burocrática. 
(B) gerencial. 
(C) estratégica. 
(D) da nova gestão pública. 
(E) funcional. 
 
Questão bem tranquila da FCC. A reforma de 1938 do DASP, no 
governo de Getúlio Vargas, introduziu o modelo burocrático no Brasil. 
Portanto, o gabarito é mesmo a letra A. 
 
8. (FCC ± ISS-SP ± AUDITOR ± 2012) Um dos princípios norteadores 
da reforma do Decreto-lei no 200 que continuou orientando o 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 73 
processo de modernização do estado brasileiro nas últimas 
décadas é o 
(A) da formulação de diretrizes gerais para um plano de carreiras 
para cargos de nível operacional. 
(B) de reagrupamento de departamentos, divisões e serviços, 
visando a redução do número de ministérios. 
(C) da centralização dos processos de planejamento, 
coordenação e implementação das ações governamentais. 
(D) da expansão das empresas estatais e de órgãos da 
administração direta (secretarias). 
(E) do fortalecimento e expansão do sistema de mérito por meio 
de concursos públicos. 
 
Questão capciosa. De acordo com Warlich47, os princípios 
norteadores da reforma de 67 são: 
³��� SODQHMDPHQWR�� GHVFHQWUDOL]DomR�� GHOHJDomR� GH�
autoridade, coordenação e controle; 
2. expansão das empresas estatais, de órgãos 
independentes (fundações) e semi-independentes 
(autarquias); 
3. fortalecimento e expansão do sistema de 
mérito; 
4. diretrizes gerais para um novo plano de 
classificação de cargos; 
5. reagrupamento de departamentos, divisões e 
VHUYLoRV�HP����PLQLVWpULRV��´ 
Dessa maneira, o gabarito da questão é a letra E. 
 
9. (FCC ± TRT 23° REGIÃO ± ANALISTA ± 2011) O modelo de 
administração gerencial no Brasil 
a) foi introduzido pelo Decreto-Lei nº 200/1967, visando 
profissionalizar a administração federal, reduzindo o nível de 
autonomia das empresas e autarquias e implantando o 
Orçamento de Base Zero. 
b) foi implementado com a criação do Departamento de 
Administração do Serviço Público (DASP), em 1936, tendo por 
meta flexibilizar as funções gerenciais nas autarquias federais. 
 
47 (Warlich, 1984) apud (Junior, 1998) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 73 
c) teve seu auge na segunda metade dos anos 1990, visando ao 
processo de fortalecimento da responsabilização e autonomia 
dos níveis gerenciais e tentando implantar a gestão por 
resultados na administração federal. 
d) foi um movimento político iniciado no fim dos anos 1980 
orientado para a privatização das políticas sociais e 
fortalecimento dos controles externos formais da administração 
federal 
e) foi introduzido no Brasil através do Programa Nacional de 
Desburocratização, tendo como meta extinguir a burocracia 
formal e implantar a burocracia gerencial, voltada 
exclusivamente para os processos. 
 
A letra A está errada. Alguns autores realmente consideram o Decreto 
Lei 200 como o primeiro passo ao encontro da Administração Gerencial, 
mas esta reforma não reduziu a autonomia das empresas. O que ocorreu 
foi o contrário ± uma ampliação da autonomia da Administração Indireta. 
A letra B também está equivocada, pois a reforma do DASP buscou 
implantar o modelo burocrático no Brasil, não o modelo gerencial. 
Já a letra A está correta e é o nosso gabarito. Apesar de muitos 
autores considerarem o DL 200/67 como o passo inicial do modelo 
gerencial, é inegável que o seu auge ocorreu com a reforma de 1995. 
A letra D está toda confusa e não faz sentido. O modelo gerencial não 
apareceu nos anos 80. Além disso, não foi orientado para a privatização 
das políticas sociais. 
Finalmente, a letra E também está errada porque o modelo gerencial 
não apareceu no Programa Nacional de Desburocratização dos anos 80. 
Além disso, o foco do modelo gerencial não está nos processos, mas nos 
resultados. Assim, o gabarito é mesmo a letra C 
 
10. (FCC ± TRE/RN ± ANALISTA ADM ± 2011) O principal objetivo 
do Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado, proposta 
pelo Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado 
(MARE), publicado em 1995, foi 
(A) reduzir o planejamento centralizado, transferindo os 
instrumentos de coordenação e regulação do Aparelho de Estado 
federal para os governos estaduais. 
(B) implantar a gestão por resultados, fortalecendo os sistemas 
de controle a posteriori da ação governamental. 
(C) aprofundar a participação direta do Estado nos diversos 
setores da sociedade e da economia. 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 73 
(D) propor a substituição do modelo patrimonial pela 
administração pública, com foco no cidadão, reforçando os 
sistemas de controles burocráticos. 
(E) fortalecer os órgãos centrais de planejamento estratégico do 
Estado, ampliando os sistemas de controle de processos. 
 
A primeira frase não faz nenhum sentido, pois o PDRAE buscava uma 
mudança no aparelho do Estado, não uma descentralização política. Desta 
maneira, a alternativa A está incorreta. 
A letra B está correta. A gestão por resultados foi um dos principais 
pontos buscados pelo PDRAE. Para que este modelo funcione, é necessário 
que se deixe de controlar os procedimentos para que se possa controlar os 
resultados. 
A letra C está incorreta, pois o PDRAE não objetivava aumentar a 
participação direta do Estado na economia, muito pelo contrário. A 
alternativa D também está equivocada. Os controles burocráticosnão 
foram reforçados. 
Da mesma maneira, o controle de processos não era um dos objetivos 
do PDRAE. O objetivo era o controle de resultados. Assim sendo, a letra E 
também está errada. Nosso gabarito é mesmo a letra B. 
 
11. (ESAF ± ANAC ± ANALISTA ± 2016) O aparelho do Estado é 
composto por quatro setores distintos: 
(1) Núcleo estratégico. 
(2) Atividades exclusivas. 
(3) Serviços não exclusivos. 
(4) Produção de bens e serviços para o mercado. 
Leia os trechos a seguir e ordene-os de acordo com os itens 
citados anteriormente. 
( ) Corresponde à área de atuação empresarial, que explora 
atividades econômicas com fins lucrativos, mas que ainda 
permanecem no aparelho do Estado. 
( ) Corresponde ao governo em sentido lato. É o setor que define 
as leis e as políticas públicas e cobra seu cumprimento. É o mais 
alto nível de decisão do governo. 
( ) Corresponde ao setor em que o Estado atua simultaneamente 
com outras organizações públicas não estatais e privadas. As 
instituições desse setor não possuem o poder de Estado. 
( ) É o setor em que são prestados serviços que só o Estado pode 
realizar. São serviços em que se exerce o poder extroverso do 
Estado ? o poder de regulamentar, fiscalizar e fomentar. 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 73 
(A) 1, 3, 4, 2. 
(B) 4, 1, 3, 2. 
(C) 4, 3, 1, 2. 
(D) 4, 3, 2, 1. 
(E) 3, 4, 1, 2. 
 
Questão que cobra o entendimento do PDRAE, da reforma de 1995. 
O Núcleo estratégico do Estado é o mais alto nível de decisão do governo. 
Já o setor de atividades exclusivas, obviamente, envolve as áreas em que 
o Estado atua sozinho (em que exerce poderes exclusivos, como de 
fiscalizar e regulamentar), em atividades que não pode delegar a terceiros. 
Já o setor de atividades não exclusivas envolve atividades como 
educação e saúde, em que o Estado pode atuar em conjunto com a 
iniciativa privada. Finalmente, o setor de produção de bens e serviços para 
o mercado englobaria as empresas que concorrem com empresas privadas, 
em setores que seriam, a priori, ocupadas pela iniciativa privada. O 
gabarito é mesmo a letra B. 
 
12. (ESAF ± MPOG / APO ± 2015) Vista como um processo de 
adaptação, a Reforma Administrativa é tema indispensável à 
compreensão da máquina pública em face do ambiente em que 
se insere. No caso brasileiro, é correto afirmar: 
a) a Era Vargas se notabilizou por adotar as bases da gestão 
societal, tendo sido o trabalhismo a mola propulsora para a 
industrialização da economia. 
b) a experiência administrativa dos governos militares 
caracterizou-se pela centralização e pela planificação da 
economia. 
c) a Constituição Federal de 1988 notabiliza-se por encaminhar 
à administração pública rumo a um desvencilhamento da rigidez 
burocrática. 
d) em 1990, a reforma então implementada caracterizou-se por 
sua organicidade e racionalidade, adequando o aparato estatal à 
abertura econômica que estaria por vir. 
e) de uma forma geral, as reformas administrativas no país, 
calcadas na promessa de sensíveis rupturas, costumam 
apresentar resultados aquém do alardeado. 
 
A Era Vargas se notabilizou realmente por ter tentado implementar o 
modelo burocrático no Brasil, através do DASP. Assim, a letra A está errada. 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 73 
A letra B está também equivocada, pois foi nesse período que tivemos 
o Decreto Lei 200/67, que tinha um viés descentralizador. Os governos 
militares tinham um caráter centralizador no seu aspecto político, mas 
descentralizador no aspecto administrativo. 
A letra C está claramente incorreta. A Constituição Federal de 1988 
foi considerada um retrocesso burocrático, uma volta da rigidez 
burocrática. A letra D também está errada. O governo Collor (1990) fez 
uma reforma radical e que foi considerada um desastre, cortando de 
maneira linear e sem muita racionalidade cargos e órgãos públicos. 
Finalmente, a letra E está correta. Em geral, as reformas 
administrativas implementadas em nosso país não lograram atingir os 
resultados propostos. O gabarito da banca é mesmo a letra E. 
 
13. (ESAF ± MTUR / ANALISTA ± 2014) A respeito da evolução da 
Administração Pública no Brasil, analise as afirmativas abaixo, 
classificando-as como verdadeiras (V) ou falsas (F). Ao final 
assinale a opção que contenha a sequência correta. 
( ) A hipertrofia do Departamento Administrativo do Serviço 
Público ± DASP no contexto do estado, extrapolando a função de 
órgão central de administração e assumindo características de 
agência central de governo, confirma a disfuncionalidade do 
modelo que possuía um caráter hermético, um sistema insulado 
pautado linearmente nos inputs do regime de Vargas sob boa 
carga discricionária. 
( ) A modernização daspeana representou a reversão total da 
índole patrimonialista tipicamente lusitana. 
( ) O período compreendido entre 1945 e 1964 representa o 
desdobramento das estruturas institucionais do estado tendo 
como pano de fundo do panorama político o retorno da 
democracia. O sistema administrativo estatal esteve, neste 
período, aberto às influências da política representativa, 
desinteressada na extensão dos esforços modernizantes em 
relação às variáveis estruturais essenciais da administração e, 
complementarmente, interessada quer em negociar os 
resultados das instâncias mais modernas, quer em lucrar com a 
paralisia das mais atrasadas. 
a) V, V, F 
b) F, V, F 
c) F, F, V 
d) V, F, V 
e) V, V, V 
 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 73 
A primeira afirmativa está correta. Na tentativa de eliminar o 
patrimonialismo da administração pública brasileira, o governo de Getúlio 
Vargas deu muito poder ao DASP. 
'HVWD� IRUPD�� HVWH� yUJmR� DFDERX� ³LQFKDQGR´� H�� XWLOL]DQGR� R� PDLRU�
poder discricionário de que toda ditadura possui, emitindo uma série de 
QRUPDV�TXH�EXVFDYD�³HQTXDGUDU´�WRGos os demais órgãos. De acordo com 
Wahrlich48, 
³$�crítica mais comum à disfuncionalidade do 
modelo daspeano concentra-se, todavia, no 
seu caráter hermético, de sistema insulado 
pautado linearmente nos inputs do regime de 
Vargas sob boa carga discricionária. Uma 
consequência mais imediata é a própria hipertrofia 
do DASP no contexto do Estado, extrapolando a 
função de órgão central de administração, ainda 
que de cunho normatizador e executor direto, e 
assumindo características de agência central 
de governo com poderes legislativos, que 
abrigaria, de fato, a infraestrutura decisória do 
UHJLPH�GR�(VWDGR�1RYR´ 
Vejam que a banca utilizou na questão o texto dessa autora. A 
afirmativa está correta. Quanto à segunda afirmativa, sabemos que ainda 
hoje temos práticas patrimonialistas. Assim, a reforma do DASP não 
conseguiu eliminar o patrimonialismo da administração pública brasileira. 
A frase está equivocada. 
Finalmente, a terceira afirmativa foi retirada do texto de Martins. De 
acordo com esse autor49, 
³O período compreendido entre 1945 e 1964 
representa o desdobramento das estruturas 
institucionais do estado tendo como pano de 
fundo o panorama político o retorno à 
democracia. O desmonte institucional do Estado 
Novo, a tentativa de reintrodução do dirigismo 
estatal no novo governo Vargas, a adaptação 
institucional às estratégias desenvolvimentistas 
estatais no governo JK e os ajustes decorrentes da 
disfuncionalidade burocrática e dacrise política e 
econômico-financeira do estado nos governos 
Quadros e Goulart têm em comum a incapacidade 
ou inconveniência em se aumentar o nível de 
 
48 (Wahrlich, 1983) apud (Sousa, 2012) 
49 (Martins H. , 1997) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 73 
racionalidade da administração pública pautadas 
numa finalidade predominantemente clientelista. 
Em suma, quer as iniciativas tópicas, quer as 
iniciativas modernizantes, ainda que restritas, não 
integravam o contexto político à realidade 
administrativa num processo modernizante, a 
política desmodernizava a administração e a 
administração moderna se resguardava da política 
² embora de forma negociada. O sistema 
administrativo estatal esteve, neste período, 
aberto às influências da política 
representativa, desinteressada na extensão 
dos esforços modernizantes em relação às 
variáveis estruturais essenciais da 
administração e, complementarmente, 
interessada quer em negociar os resultados 
das instâncias mais modernas, quer em lucrar 
com a paralisia das mais atrasadas�´ 
O que Martins comenta em seu texto é que a redemocratização em 
1945 diminuiu o ímpeto modernizador da administração pública e 
reintroduziu práticas patrimonialistas. A reforma da década de 1930 não 
conseguiu os resultados prometidos, mas também não foi um fracasso 
total, ou seja, a reforma conseguiu resultados parciais. A afirmativa está 
correta e o gabarito é a letra D. 
 
14. (ESAF ± MTUR / ANALISTA ± 2014) Acerca da primeira 
tentativa de reforma administrativa com cunho gerencial no 
Brasil, a partir do Decreto-Lei n. 200/67, analise as afirmativas 
abaixo e classifique-as como verdadeiras (V) ou falsas (F). Ao 
final, assinale a opção que contenha a sequência correta. 
( ) A mudança promovida deixou de lado as características 
híbridas do modelo administrativo brasileiro, o que exacerbou a 
tensão dentro do modelo, em especial, o conflito entre a 
administração direta e indireta. 
( ) Como aspectos positivos do Decreto-Lei n. 200/67 destacam-
se sua originalidade com ênfase na descentralização e 
flexibilidade administrativa. 
( ) As reformas iniciadas em 1967 visavam a operacionalizar o 
modelo de administração para o desenvolvimento, baseado na 
consolidação burocrática de um estado forte, voltado para o 
desenvolvimento econômico, cuja característica principal foi o 
predomínio da racionalidade funcional emanada da 
tecnoestrutura indispensável à manutenção do regime 
autoritário, cujo viés dissociativo consistia na predominância do 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 73 
planejamento econômico como núcleo decisório de governo e no 
crescimento desordenado da burocracia governamental direta. 
a) V, V, V 
b) V, V, F 
c) F, F, V 
d) V, F, F 
e) F, V, F 
 
A primeira frase foi considerada correta pela banca e é polêmica. O 
conflito entre a Administração Direta e Indireta é real e conhecido. Dizer 
que a Reforma de 1967 reforçou esse conflito (por tratar de modo distinto 
a Administração Indireta) é sim uma afirmação verdadeira. 
O problema da afirmativa é o trecho ³A mudança promovida deixou 
de lado as caracterísWLFDV�KtEULGDV�GR�PRGHOR�DGPLQLVWUDWLYR�EUDVLOHLUR´. 
Essa frase foi interpretada por muitos candidatos como uma alusão de que 
a reforma não tivera a intenção de reformar o caráter 
burocrático/patrimonial do modelo de gestão da época. 
A justificativa da Esaf foi a seguinte: 
³(UD� H[LJLGR� GRV� FDQGLGDWRV� TXH� VH� UHSRUWDVVHP��
diante do marco teórico de 1967, à administração 
pública brasileira de então, o que os levaria a ter 
em mente as tensões que existiam entre a 
administração direta e a também chamada 
administração paralela. O que a primeira afirmativa 
coloca é o fato de o DL 200/67 não ter dado conta 
(por ter deixado de lado) de tratar esse hibridismo, 
o que exacerbou a tensão entre a administração 
direta e a indireta, aumentando a parcela dos 
problemas existHQWHV´���� 
Deste modo, a posição da Esaf é a de que a reforma de 1967 não 
EXVFRX� ³KDUPRQL]DU´� RV� PRGHORV� GH� JHVWmR� KtEULGRV� H[LVWHQWHV� QD�
administração pública. Isto, realmente, é verdade, pois como a reforma 
não alterou significativamente o modelo de gestão burocrático na 
administração direta, o modelo continuou híbrido. 
Já a segunda frase não tem polêmica. A reforma de 1967 foi mesmo 
original na sua busca por maior flexibilidade e descentralização. Muitos até 
a consideram como um primeiro passo do modelo gerencial no Brasil. 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 73 
$�WHUFHLUD�DILUPDWLYD�HVWi�HUUDGD�SRU�XPD�SHTXHQD�³SHJDGLQKD´��2�
texto da banca foi retirado de um texto de Humberto Martins. De acordo 
com o autor50: 
³$V� UHIRUPDV� LQLFLDGDV� HP� ����� YLVDYDP�
operacionalizar o modelo de administração para o 
desenvolvimento, baseado na consolidação 
burocrática de um Estado forte, voltado para o 
desenvolvimento econômico, cuja característica 
principal foi o predomínio da racionalidade 
funcional, emanada da tecnoestrutura 
indispensável à manutenção do regime autoritário, 
cujo viés dissociativo consistia na predominância do 
planejamento econômico como núcleo decisório de 
governo e no crescimento desordenado da 
burocracia governamental indireta´� 
9HMDP�TXH�D�~QLFD�PXGDQoD�IRL�D�WURFD�HQWUH�D�EXURFUDFLD�³LQGLUHWD´�
SRU� ³GLUHWD´�� $� UHIRUPD� GH� ����� FDUDFWHUL]RX-se pela expansão da 
administração indireta, não da administração direta. O gabarito da banca 
foi, assim, a letra B. 
 
15. (ESAF ± STN ± ANALISTA - 2013) Pode-se afirmar que foram 
aspectos negativos da reforma administrativa da década de 
trinta, exceto: 
a) tentou ser, ao mesmo tempo, global e imediata. 
b) dava ênfase ao controle. 
c) gradualismo e seletividade eram seus princípios. 
d) centralização no DASP. 
e) pautava-se por normas gerais e inflexíveis. 
 
Essa questão baseou-se em um artigo publicado nos cadernos 
Fundap. De acordo com Nogueira, citando Warlich51, 
³$� UHIRUPD� ± escreve uma acurada analista do 
período ± pretendia realizar demasiado em pouco 
tempo; tentou ser, ao mesmo tempo, global e 
imediata, em vez de preferir gradualismo e 
seletividade´��$OpP�GR�PDLV��deu mais ênfase a 
controles, não a orientação e assistência. Foi 
³altamente centralizada no Dasp H�SHOR�'DVS´��
 
50 (Martins H. F., 1997) 
51 (Warlich, 1984) apud (Nogueira, 1997) 
Administração Pública para Concursos - 2017 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Rodrigo Rennó ± Aula 01 
 
 
Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 73 
'R� PHVPR� PRGR�� ³a estrita observância de 
normas gerais e inflexíveis desencorajava 
quaisquer tentativas de atenção a diferenças 
LQGLYLGXDLV�H�D�FRPSOH[DV�UHODo}HV�KXPDQDV´��(P�
VXPD�� ³R� HVWLOR� GD� UHIRUPD� DGPLQLVWUDWLYD� IRL� DR�
mesmo tempo prescritivo (no que se harmonizava 
com a teoria administrativa corrente) e coercitivo 
(no que se harmonizava com o caráter político do 
UHJLPH�9DUJDV��´� 
Desta forma, o gabarito da banca foi mesmo a letra C. 
 
16. (ESAF ± STN ± ANALISTA - 2013) A respeito do processo 
evolutivo da Administração Pública brasileira, incluindo as 
reformas administrativas, seus princípios, objetivos e 
resultados, analise as assertivas a seguir, classificando-as em 
verdadeiras

Continue navegando