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EMPREENDEDORISMO JULIANO MARIO DA SILVA EMPREENDEDORISMO JULIANO MARIO DA SILVA SOBRE A FACULDADE O projeto da Faculdade de Educação, Tecnologia e Administração de Caarapó, nasceu das intenções assertivas e resilientes de profi ssionais da educação, que apoiados pelos ideais mais nobres e ouvidas as forças representativas da sociedade de Caarapó, resolveram instalar uma Instituição de Ensino Superior (IES) no município, considerando uma série de fatores, principalmente a necessidade social de implantação de uma IES nesse município brasileiro da região Centro-Oeste do Brasil, situado no Estado de Mato Grosso do Sul. A FETAC, ocupa as instalações do imóvel cedido pela PM de Caarapó, via Lei Municipal Nº 1.158, de 3 de julho de 2013, com outorga de permissão de uso especial no período noturno de 12 (doze) salas de aulas e demais dependências da Escola Municipal Cândido Lemes dos Santos, localizada na AV.7 de setembro s/n - Jardim Santa Marta. Para tal, mediante parceria com a cedente, promoveu as adaptações correspondentes ao atendimento necessário ao cumprimento das exigências curriculares dos dois cursos em funcionamento e o de Pedagogia a ser ofertado a partir do ato de autorização, aja vista o processo em tramitação junto ao INEP/MEC. Considerando o rápido desenvolvimento sócio-econômico no âmbito empresarial e da expansão contemporânea na área das instituições educacionais, reafi rmando a crescente necessidade de formação de administradores empreendedores e competentes para a gestão das organizações ante aos desafi os da Globalização, bem como a necessidade de profi ssionais de educação com elevado caráter pedagógico a serem inseridos no processo da intervenção junto, por exemplo, a indivíduos com necessidades educacionais especiais, a FETAC atenta às questões da sociedade do empreendedorismo e das organizações empresariais, carentes de inovação e as decorrências de investimentos em medidas de política social pública, - procurará fi rmar parceria com a Associação Comercial e Industrial de Caarapó e com as Secretarias Municipais de Educação da região do entorno geográfi co, visando realizar projetos de interesse da comunidade. Ficha catalográfi ca realizada pela bibliotecária – Ofélia Cristina X. de Andrade L. Costa - CRB 8º/8014. Este livro é publicado pelo Programa de Publicações Digitais da Faculdade Católica Paulista Ficha catalográfi ca - Serviço de Biblioteca e Documentação – Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó APRESENTAÇÃO Livro: EMPREENDEDORISMO Juliano Mario da Silva Olá, prezado(a) estudante, é sempre um prazer escrever sobre o empreendedorismo, esse é um assunto que sempre me chamou a atenção pelas possibilidades de mudança que podem trazer para a vida das pessoas. Sou formado em economia e administração. Na conclusão da graduação em economia procurei entender qual foi a infl uência da implan- tação do sistema Simples de tributação de pequenas e médias empresas, uma grande mudança na época, no início dos anos 90. Já na graduação em administração elaborei um diagnóstico em uma pequena empresa no ramo de autopeças e no mestrado em administração procurei entender qual a infl uência das políticas públicas no ambiente empreendedor e qual a infl uência no IDH-M Índice de Desenvolvimento Humano nos Municípios, além disso tive a oportunidade de apresentar vários artigos sobre empreendedorismo em congressos nacionais e internacionais. Enfi m, boa parte da minha formação acadêmica é voltada para o estudo do empreendedorismo, além disso, tive a oportunidade de fazer duas especializações, um MBA em Gestão Empresarial e outra especialização em educação com foco na educação a distância. Ainda falando de empreendedorismo atuei como consultor no sistema SEBRAE, onde tive a oportunidade de tra- balhar com desenvolvimento local na organização de cadeias produtivas, também lecionei a disciplina de empreen- dedorismo para vários cursos de graduação na modalidade presencial e a distância, atualmente tenho apresentado as disciplinas relacionadas ao empreendedorismo para cursos de pós-graduação. Para facilitar o estudo proposto aqui, o livro está dividido em três unidades, além dos conteúdos existem refl exões e dicas de leitura e ao fi nal de cada unidade disponibilizamos questões que auxiliam na fi xação do conteúdo. Na pri- meira unidade serão apresentadas as defi nições do empreendedorismo considerando as diferentes visões e diferentes escolas, além disso, existe um capítulo que apresenta as diferenças entre o empreendedorismo no Brasil e em outros países, bem como a apresentação do perfi l dos empreendedores. Na segunda unidade o estudo focará no entendimento do processo de criação de empresas e no estudo da opor- tunidade que são assuntos importantes para o entendimento do empreendedorismo. Como o empreendedorismo deve ser estudado com muito critério, a unidade ainda destaca os riscos e problemas relacionados à abertura de novos negócios. Concluindo o livro, a terceira unidade trará os assuntos mais relacionados à prática que são os estudos sobre os planos de negócios e o papel socioambiental do empreendedor. Como empreendedores podem estar à frente de empresas ou fazendo grande sucesso dentro das empresas, a última unidade trará ainda a apresentação do intraem- preendedorismo enfatizando a capacidade que estes empreendedores têm de transformar as empresas onde atuam. Espero que o conteúdo tenha grande importância em sua vida acadêmica e profissional motivando-os a entender melhor o que é o empreendedorismo e quem sabe até iniciar um novo negócio. Bom estudo e sucesso no seu curso! Prof. Me. Juliano Mario da Silva SUMÁRIO UNIDADE 1: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DO ESTUDO DO EMPREENDEDORISMO ........................................................... 11 Defi nições de Empreendedorismo .......................................................... 13 O empreendedor no Brasil e no Mundo ................................................. 16 O perfi l empreendedor ............................................................................. 34 Considerações fi nais ................................................................................. 39 UNIDADE 2: ESTUDO DAS OPORTUNIDADES NA CRIAÇÃO DE NEGÓCIOS ........................................................ 41 O processo de criação de um negócio ................................................... 43 Oportunidades .......................................................................................... 51 Escolha, risco e problemas a considerar no ato de empreender .......... 59 Considerações fi nais ................................................................................. 62 UNIDADE 3: PLANO DE NEGÓCIOS E TÓPICOS AVANÇADOS NO ESTUDO DO EMPREENDEDORISMO ............... 64 Intraempreendedorismo ........................................................................... 66 Plano de Negócios .................................................................................... 70 Responsabilidade Socioambiental do Empreendedor .......................... 78 Considerações finais ................................................................................. 80 Conclusão .............................................................................................81 Referências ...........................................................................................83 11Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó UNIDADE 1 Aspectos introdutórios do Estudo do Empreendedorismo Objetivo de Aprendizagem • Conhecer as definições do Empreendedorismo. • Entender a diferença do Empreendedorismo no Brasil e em outros países. • Conhecer os perfis empreendedores. Planode Estudo Serão abordados os seguintes tópicos: • Definições de Empreendedorismo • O Empreendedorismo no Brasil e no Mundo • O perfil Empreendedor Juliano Mario da Silva 12 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 INTRODUÇÃO Na unidade I você irá entender como a pesquisa em empreendedorismo tem se diversificado à me- dida que os desafios acerca deste campo de estu- do vão sendo explorados por interesse de pesqui- sadores. Atualmente, as pesquisas apresentam vá- rios focos, como o estudo sobre a criação de novos negócios, importância da exploração das oportuni- dades, a participação de mulheres no mercado en- fim, o empreendedorismo é um campo de estudos dinâmico e empolgante, pois aborda assuntos de interesse da maioria das pessoas como é o caso do estudo sobre a criação de algo, no caso uma em- presa, que lhe traga muita satisfação e que se te- nha a possibilidade de receber por isso, é mais ou menos como os grandes astros do futebol do mun- do, aparentemente ganham muito bem para fazer o que gostam. Um importante foco de estudo do empreendedoris- mo e que tem tido cada vez mais destaque é o estu- do do ambiente, onde os novos empreendedores ou empreendedores já estabelecidos interagem uns com os outros. Isso fica bastante evidente quando comparamos as políticas de incentivo a um ambien- te empreendedor no Brasil e em outros países do mundo. É interessante verificar que o Brasil tem tan- tas iniciativas quantos outros países desenvolvidos, porém aqui o que se percebe é a falta de foco e a dificuldade com os preceitos mais básicos de uma gestão profissional, enquanto que em países desen- volvidos o foco já está em incentivar a inovação para agregação de valor ao que é produzido. Basicamen- te, nossos pequenos negócios ainda, na sua grande maioria, iniciam copiando outros já existentes e não procuram inovar, isso em parte se deve a baixa for- mação de nossos empreendedores. Mas qual é o perfil empreendedor? São várias as características que compõem esse perfil, e vou dar uma notícia que talvez surpreenda você que ago- ra lê essa introdução, uma dos principais perfis em- preendedores é o gosto pelo trabalho. Isso mesmo! Empreendedores trabalham muito mais que empre- gados, enganam-se os que imaginam que abrir um 13Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Juliano Mario da Silva pequeno negócio se resume a colocar alguém para cuidar da empresa enquanto se mantém o emprego é uma fórmula para ter um ganho extra. Lembra-se daquele antigo ditado que diz que os bois engordam aos olhos do dono? Isso é a pura verdade no empreendedorismo. Empreendedores trabalham muito e tem prazer em fazer isso. Assim, espero que aproveite bem essa primeira unidade, ela é a base para entendermos o mundo econômico e o papel do empreendedorismo nesse mundo. Um ótimo estudo! DEFINIÇÕES DE EMPREENDEDORISMO O empreendedorismo é um campo de estudos que se encontra em evolução, o entendimento des- te fenômeno é importante, pois o momento econô- mico exige geração de renda por meio do aumento da produtividade, principalmente no caso brasilei- ro. Segundo a reportagem de Stefano e Maia Junior (2012) um americano produz, em média ao equiva- lente a cinco brasileiros, isso em parte se deve a di- ferença do acesso ao conhecimento e a tecnologia existentes no Brasil e nos Estados Unidos. Em ge- ral, economias em desenvolvimento como a nossa conquistarão produtividade à medida que crescer o acesso à tecnologia e o aumento do incentivo ao empreendedorismo, é o que pode trazer essa pro- dutividade de forma mais rápida e sustentável. Interessante vídeo sobre o empreendedo- rismo nos dias atuais: <http://www.youtube. com/watch?v=2iTlhNwBu3g>. Assim enquanto um campo de estudos em de- senvolvimento o empreendedorismo apresenta vá- rias defi nições, em geral, essas diferentes defi ni- ções estão relacionadas ao foco que é dado por ca- da concepção. A palavra empreendedorismo vem, em livre tradução, da palavra em inglês entrepre- neurship, e esta infl uenciada pelo termo francês en- trepreneur que designava alguém que intermedia- va e facilitava a relação entre a ponta produtora e a ponta consumidora, de certa forma, alguém que via uma oportunidade nesse comércio. Alguns econo- mistas utilizam o termo empresariedade com o mes- mo signifi cado de empreendedorismo. Entre os autores mais citados podemos destacar Dolabela (1999) que diz que o empreendedorismo se 14 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 foca no estudo do empreendedor, compreendendo seu perfi l, aspectos idiossincráticos e ambiente em- preendedor. Para Schumpeter (1983) o empreende- dor é aquele que tem a capacidade de ir contra ou destruir a ordem econômica existente pela criação de novas formas de gestão, novos produtos ou servi- ços, enfi m o empreendedorismo foca no estudo des- te ator que aproveita oportunidades onde outros não têm essa percepção, porém faz tudo isso consideran- do os riscos que em geral são bem calculados. Dornelas (2005) destaca que o estudo do empreen- dedorismo se foca na iniciativa que o empreendedor tem em criar um novo negócio, no estudo da paixão que em geral estas pessoas têm pelo que fazem utili- zando de forma criativa os recursos que tem disponíveis para transformação de sua organização, bem como a transformação social. Veiga (2006) foca a análise do em- preendedorismo como uma visão estratégica de trans- formação da ordem socioeconômica pela geração de riqueza e capacidade de distribuição de renda. Para Hisrish (2004) o empreendedorismo estuda a capacidade que o empreendedor tem em articu- lar os vários recursos produtivos existentes ao seu redor destacando-se aí a sensibilidade humana que permite desenvolver altos desempenhos produtivos de diferentes equipes. Se o empreendedorismo é tão importante para o desenvolvimento econômico, por que países como o Brasil não redirecionam seu foco a melhoria do ambiente empreendedor? Davidsson (2005) analisando todos os concei- tos de empreendedorismo e suas análises sobre os empreendedores chegou a uma curiosa conclusão, a de que empreendedores são loucos abençoados por Deus. Esta é uma defi nição engraçada, porém se considerarmos o ambiente ácido ao empreendedo- rismo brasileiro, não é difícil encontrar empreende- dores que sem nada, apenas com uma visão de opor- tunidade e com muito trabalho, conseguiram vencer, foram verdadeiros loucos que Deus abençoou. Existem duas principais correntes no estudo do empreendedorismo, uma dos comportamentalistas 15Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Juliano Mario da Silva que se focam nas atitudes e intuições comuns aos empreendedores e os economistas que enfatizam mais as questões operacionais nas empresas. Em comum, o que podemos observar entre os vários conceitos existentes são expressões, como: • Geração de valor a sociedade. • Visão de oportunidade. • Mudança da realidade existente. • Criação, organização e planejamento. • Plano de negócios. • Capacidade de liderar. • Inovação. • Iniciativa. • Assume riscos calculados. Quanto ao tipo de empreendedor, este pode ser dividido em dois principais grupos o primeiro grupo dos empreendedores internos ou intraem- preendedores que inovam e criam valor dentro das organizações. Como todo o empreendedor este é proativo nunca se acomodando na sua zona de conforto. O Segundo grupo, muito mais estudado,são os empreendedores externo, conforme já des- tacado são aqueles que alavancam o desenvolvi- mento por meio da inovação ou da boa gestão dos seus negócios. INDICAÇÃO DE LEITURA O livro 1808 de Laurindo Gomes é uma rica abor- dagem histórica do Brasil e que explica muito do per- fil empreendedor encontrado no Brasil em compara- ção com outros países como a Inglaterra da época. Quanto à motivação para se empreender esta também se divide em dois principais motivos, o em- preendedorismo por necessidade onde a pessoa empreende pela necessidade de geração de renda, o que não é o mais adequado, pois geralmente não há tempo necessário para se analisar todas as variá- veis no caso de abertura de uma nova empresa. E o empreendedorismo por oportunidade, onde se em- preende para aproveitar uma oportunidade existen- te aplicando as habilidades para administrar todos os recursos envolvidos em um negócio. Entre as características mais comuns dos empre- endedores, independente do tipo ou da motivação, podemos destacar: • A ética. • Preocupação com o desenvolvimento pessoal e social. • Capacidade de inventar e de inovar. • Criatividade e persistência. 16 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 • Visão de oportunidade. • Comprometimento. • Autoconfiança. Assim o grande desafio do empreendedorismo é entender como os empreendedores conseguem destruir a ordem existente e encontrar caminhos, on- de outros não conseguem, que tragam prosperidade pessoal e aos demais que estão ao seu redor. Mais ainda, cabe ao empreendedorismo organizar essas informações levando este conhecimento ao maior número possível de pessoas, pois a multiplicação desse conhecimento pode potencializar o crescimen- to econômico à medida que os recursos envolvidos no ato de empreender são melhor alocados. O EMPREENDEDOR NO BRASIL E NO MUNDO Assim como em outras áreas públicas como edu- cação, cultura ou saúde a atuação dos governos, se- ja municipal, estadual ou federal, é fundamental pa- ra a formação de um ambiente empreendedor. Para Davidsson (2005), políticos e suas políticas podem decidir mudanças em como a sociedade é organi- zada e introduzir regulamentações ou outras mu- danças institucionais na qual criam oportunidades no mercado e, consequentemente, no incremen- to do comportamento competitivo que direciona o processo de mercado, ou seja, podem criar um am- biente mais adequado aos empreendedores e suas iniciativas. Não são os políticos que exercem o em- preendedorismo, estes decidem facilidades para o empreendedorismo por meio de mudanças organi- zacionais, porém esse processo deve ser organizado de tal forma que se torne sustentável. Para Shane (2003) as mudanças nas políticas volta- das ao empreendedorismo, dão a possibilidade para que as empresas realoquem recursos para um novo uso de forma que este se torne mais produtivo. Rati- ficando, Freitas et al. (2004), identificam a importân- cia do Estado por meio das políticas públicas para a promoção da capacidade empresarial para prospec- ção de novos mercados, por exemplo, a exportação. Conceitualmente existem inúmeras formas de in- centivo ao empreendedorismo por parte do setor público, recentemente a atuação do Estado tem estimulado o Empreendedorismo Social (DUAR- TE; SANTOS, 2003), as redes de cooperação emer- ge como uma ferramenta de suporte às novas pro- postas de políticas públicas (HASTENREITER-FI- LHO; SOUZA, 2004) ou segundo, Espejo e Previdelli 17Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Juliano Mario da Silva (2004), a atuação de instituições de ensino privado que implantam, nos seus projetos pedagógicos, programas, métodos e materiais didático-pedagó- gicos voltados ao empreendedorismo. Pode-se destacar também como exemplo de po- líticas voltadas ao empreendedorismo, os progra- mas de acesso ao microcrédito, como forma de fo- mento voltado ao pequeno empreendedor que tem grande importância na expansão de vendas me- diante a disponibilidade de recursos fi nanceiros e, consequentemente, expansão no processo produ- tivo desse segmento (ANDREASSI, 2003). No que se refere ao empreendedorismo feminino, nota-se um quadro em grande mudança no Brasil, apesar de tardio, assim como ocorre em vários países do mun- do (MACHADO, 2001). Programa federal de microcrédito: <http://www.youtube.com/watch?v=JLAZp- GLIeEI>. No entanto, para que essas iniciativas tenham maior efi ciência a tecnologia passa a ter grande importância. Neste sentido, para Hisrich e Peters (2004), o governo tem relevante papel no estímu- lo à pesquisa, apesar desta atuação ainda ter mui- to espaço para crescer, principalmente em paí- ses em desenvolvimento assim como nos países subdesenvolvidos. Como forma de mensurar a Taxa de Atividade Empreendedora (TEA) em países do mundo e as ne- cessidades de melhoria das condições ou ambiente de suas empresas, o relatório GEM (2011) – Global Entrepreneurship Monitor, pesquisa o empreende- dorismo em mais e 40 países, destacando o Brasil entre as nações mais empreendedoras do mundo. Além disso, destacou as ações necessárias relacio- nadas às políticas e programas públicos para o em- preendedorismo. No caso brasileiro ações efetivas existem, o desafi o que se coloca é os empreende- dores de diferentes tipos conhecerem as iniciativas para melhor tirar proveito delas. Este relatório GEM é anual e a cada edição algu- mas recomendações são sugeridas com foco a me- lhoria do ambiente empreendedor, entre elas cabe destacar: • Melhorar as condições dos empreendedores por necessidade onde o empreendedor inicia um 18 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 negócio com foco em geração de renda, em ge- ral substituindo um antigo emprego. Estes conti- nuam tendo dificuldades para obter recursos no mercado formal que viabilizem seus negócios. • Fortalecer a criatividade como elemento essen- cial do empreendedorismo. O relatório GEM de- monstra que a grande maioria dos empreendi- mentos opera em poucos segmentos, de alta concorrência e baixo nível de inovação. • Preparar melhor as pessoas que estão pensando em se tornar empreendedoras para que compre- enda o mercado em que desejam atuar – principal- mente a dinâmica da concorrência, o potencial de aceitação do produto etc. – antes de despender re- cursos e energias, seus e de seus familiares. • Orientar potenciais empreendedores quanto ao potencial das atividades relacionadas ao forneci- mento de produtos a empresas, de maior valor agregado. • Introduzir modificações na legislação trabalhista, com incentivos para que pequenos empreende- dores contratem mão de obra formal, expandin- do a força de trabalho protegida por direitos. • Facilitar o acesso a espaço físico para os em- preendedores estabelecerem seus negócios, mediante financiamento para compra ou medi- das de diminuição da burocracia – como fundos de aval em substituição à fiança – e dos preços de aluguéis – com incentivos fiscais para construção e locação de imóveis comerciais e de produção. INDICAÇÃO DE LEITURA Relatório GEM 2011: <http://www.ibqp.org.br/img/projetos/downlo- ads/arquivo_20120705122320.pdf>. Apesar das necessidades de melhoria do am- biente empreendedor no Brasil, atualmente vive- mos uma fase relativamente positiva do ponto de vista institucional para o desenvolvimento dos ne- gócios no Brasil. Porém, não basta lançar as políticas e programas para a promoção do empreendedoris-mo, o importante, além disso, é fazê-las chegar ao objetivo final que é o empreendedor. Neste sentido destacaremos aqui ações nacio- nais que tem por objetivo a melhoria do ambiente para o investimento em negócios. É o caso da Lei nº 11.196/2005, a medida provi- sória 255, “a MP do bem”, que provavelmente seja a de maior alcance no meio empresarial, pois altera 19Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Juliano Mario da Silva pontos importantes como a desoneração do investi- mento e empresas exportadoras de bens de capital, incentivos à contratação de pesquisadores, duplica- ção do enquadramento das empresas ao sistema de tributação “Simples”, isenção de PIS e Cofi ns para compra de computadores de baixo custo. Outro avanço foi a aprovação no congresso brasi- leiro do “Super Simples”, lei geral das micro e peque- nas empresas – projeto de lei 123/2004 – que agiliza o sistema de arrecadação das empresas benefi ciadas. Além dessas iniciativas Federais têm-se nos Estados políticas de redução das alíquotas do ICMS – Impos- to sobre a Circulação de Mercadorias, de acordo com o faturamento, incluindo a isenção dos impostos esta- duais em segmentos estratégicos para micro e peque- nas empresas como alguns produtos da cesta básica. Considerando as políticas públicas existen- tes no Brasil seria interessante que o assunto empreendedorismo já fosse aplicado aos alu- nos desde o Ensino Médio onde o aluno já tem sonhos e entender os conceitos básicos de empreendedorismo nessa fase dos estu- dos melhoraria muito os resultados das nos- sas empresas, e, consequentemente, da nossa Há ainda uma crescente preocupação com a par- ticipação das pequenas empresas nas compras go- vernamentais. A principal peça de regulamentação do processo de Compras Governamentais, a Lei n.º 8.666/93, que prevê que “[...] a política de compras governamentais dará prioridade à microempresa e à empresa de pequeno porte, individualmente ou de forma associada com processo especial e simplifi ca- do, nos termos da regulamentação desta Lei” (SE- BRAE-SP, 2005). A lei da inovação que objetiva o fortalecimento do sistema nacional de inovação, ao prever meca- nismos que facilitem a integração entre centros de pesquisa e empresas. Esta lei é um das 57 medidas apresentadas no anúncio do detalhamento das Di- retrizes para as Políticas Industriais, Tecnológicas e de Comércio Exterior. Além das políticas voltadas aos incentivos tribu- tários, existem programas direcionados ao acesso a recursos fi nanceiros, que é o caso do Juro Zero do Finep para empresas de base tecnológica. O setor de tecnologia, além de recursos disponibilizados, tem também vários programas de incentivos do Mi- nistério da Ciência e Tecnologia e comércio exterior, como (MCT, 2010): 20 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 • Programa Brasileiro de Design – PBD: voltado para a inserção e incremento da gestão do de- sign nos setores produtivos. • Programa de Capacitação de Recursos Humanos para Atividades Estratégicas: visa apoiar de for- ma institucional ou interinstitucional projetos pa- ra a capacitação de recursos humanos vinculados à pesquisa tecnológica e gestão tecnológica. • Programa de Desenvolvimento tecnológico In- dustrial e Agropecuário: tem por objetivo a ca- pacitação tecnológica das indústrias e da agro- pecuária brasileira, visando a geração de no- vos produtos, processos aprimorando suas características. • Projeto Alfa: tem por objetivo estimular a inova- ção tecnológica nas micros e pequenas indús- trias, por meio da oferta de linha de financiamen- to, não reembolsável, para apoiar a realização de estudos de viabilidade econômica e técnica de projetos de desenvolvimento de inovações tecnológicas. • Programa de Apoio à capacitação Tecnológica da Indústria – PACTI. • Programa Nacional de Apoio a Incubadora de empresas: incentivar a abertura de instituições que promovam o desenvolvimento de novas em- presas sustentáveis em todo o país. • Fundo Verde-Amarelo (FVA – Universidade-Em- presa): o FVA tem como finalidade contribuir para a criação de um ambiente favorável à capacitação para a inovação tecnológica, visando o aumento da competitividade do setor produtivo e incenti- vando o comprometimento das empresas e insti- tuições de pesquisa com o processo de inovação. • Programa Empreendedor Rural, uma parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SE- NAR-PR e o Serviço de Apoio à Pequena Empre- sa no Paraná – SEBRAE-PR. Voltado à gestão em- preendedora da propriedade rural (EMPREEN- DEDOR RURAL, 2005). Existem também fontes de financiamento para os mais diversos segmentos, como: • Programa Brasileiro da qualidade e Produtivida- de – PBQP. • Programa Novos Polos de Exportações – PNPE. • Financiamento às Exportações – PROEX. • Programa de Apoio às Micro e Pequenas Empre- sas – PMPE. • Fundo de Desenvolvimento Científico Tecnológi- co – FUNDECI/BNB. 21Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Juliano Mario da Silva • Fundos Constitucionais de Financiamentos Regionais. • Fundações de Amparo a Pesquisa nos Estados. Dicas de abertura de um negócio: <http://www.youtube.com/watch?v=iHpe7o- VKztc>. Mais recentemente o governo federal por meio da Lei Complementar nº 128, de 19/12/2008 lançou o programa Microempreendedor individual que é um incentivo a formalização das atividades de pes- soas que trabalham por conta própria e tem um fa- turamento máximo de R$60.000,00 anuais. Com es- ta Lei o empreendedor pode formalizar seu trabalho tendo acesso ao sistema bancário e a linhas de crédi- to que estimulem seu crescimento, além do aumen- to do seu mercado de trabalho uma vez que podem prestar pequenos serviços a grandes corporações. Outra área em que os programas de empreende- dorismo crescem é na área da educação se tem um grande crescimento da implantação da disciplina de empreendedorismo nos mais diversos cursos das instituições de ensino superior, públicas e privadas. Até mesmo no Ensino Fundamental existem iniciati- vas de inserir o assunto no conteúdo das disciplinas como o programa Pedagogia Empreendedora que tem como objetivo o incentivo ao empreendedoris- mo ainda nos primeiros anos escolares. Existem também iniciativas municipais, que ape- sar de compor uma pequena parte das iniciativas para o empreendedorismo, em alguns municípios tem dado grande suporte estrutural para ativida- des dessa natureza, até mesmo como iniciativas de fomento por meio da disponibilizarão de recursos fi nanceiros com juros diferenciados, é o caso dos “Bancos Sociais”. Como ferramenta de implantação de algumas políticas e programas podem-se destacar institui- ções e órgão públicos, como: • BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento Nacional que tem como uma de suas ações prio- ritárias apoiar as micro, pequenas e médias em- presas de todo o país, tendo em vista o seu pa- pel na criação de empregos e geração de ren- da. Disponibilizando linhas de apoio fi nanceiro e programas específi cos que oferecem as me- lhores condições de custos, prazos e níveis de 22 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 participação, para apoio a investimentos nos se- tores industrial, de infraestrutura, de comércio e serviços e agropecuário (BNDES, 2010). O Sebrae é uma instituição de capital mis- to que tem grande penetração no território nacional, é considerado um case de sucessomundial na promoção do empreendedorismo. • Ministério da Ciência e Tecnologia que atual- mente disponibiliza o programa nacional de in- centivo a empresas de base tecnológica confor- me já mencionado anteriormente. • Sebrae – Serviço brasileiro de apoio a micro e pequena empresa, é uma instituição técnica de apoio ao desenvolvimento da atividade empre- sarial de pequeno porte, voltada para o fomen- to e difusão de programas e projetos que visam à promoção e ao fortalecimento das micro e pe- quenas empresas. • Instituto Evaldo Lodi, um instituto que atua na capacitação de empresários com cursos como capacitação empresarial para micro e peque- nas empresas, curso de gestão estratégica para dirigentes empresariais e cursos focados em ar- ranjos produtivos locais onde se oferece cursos de longa duração voltados a empresários, diri- gentes e gestores de micro e pequenas empre- sas de todo o país (IEL, 2011). • Instituto Empreender Endeavor, é um instituto não governamental que foi criado a partir de uma parceria com a Endeavor Initiative Inc, uma orga- nização internacional sem fi ns lucrativos que pro- move o empreendedorismo em países em de- senvolvimento (ENDEAVOR, 2012). • Secretarias Estaduais e Municipais de Indústria e Comércio que tem aumentado suas atuações na promoção do empreendedorismo nos estados e municípios. Diante das necessidades de desenvolvimento econômico, seja por meio da geração de empregos ou pela inovação tecnológica, um grande número de países tem incentivado seus empreendedores. Podemos destacar algumas nações que tem incen- tivado o desenvolvimento por meio do incentivo ao empreendedorismo: • Na Áustria existe a preocupação por parte do governo com a promoção da capacitação de pessoal em pequenas e médias empresas. Um 23Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Juliano Mario da Silva programa nessa área foi iniciado em janeiro de 2002, com a meta de apoiar as PMEs vienenses na capacitação de pessoal e na melhoria da com- petitividade. As empresas são ressarcidas em até 50% das despesas com treinamento externo. • A Austrália tem como um dos principais obje- tivos para a promoção do empreendedorismo com foco em mulheres aborígines jovens, es- se grupo tem o suporte do Governo Federal co- mo parte do programa para promoção de jovens empresárias. Nesse programa o governo espera gastar U$ 11 milhões em três anos. Desde 1985 o governo australiano tem um programa de in- centivo a novas empresas para pessoas desem- pregadas, nesse programa as pessoas recebem um benefício de 12 meses para iniciarem um no- vo negócio. Em 1996 cerca de 43% da força de trabalho australiana era composta por mulhe- res que têm grande capacidade empreendedo- ra, por isso o governo disponibiliza vários progra- mas às mulheres empresárias. O jovem empre- sário também é foco, principalmente no ensino básico, lá existem programas de simulação em- presarial para jovens, além do governo Federal por meio do departamento da indústria, ciência e recursos têm realizado promoções que incenti- vem jovens empresários a constituir uma cultura empreendedora. • Na Alemanha existe o “Mercur” que é um pro- grama fi nanciado pelo Ministério da Educação e Pesquisa e pelo Instituto Federal de Treinamento Vocacional. Este foi um projeto piloto buscando verifi car as possibilidades do teleaprendizado em Manufatura, e desde 2000 tornou-se uma acade- mia virtual para empresas alemãs de manufatura. A Universidade de Colônia opera o Mercur, em estreita colaboração com associações de classe. Conteúdo apresentando a importância do em- preendedorismo: <https://www.youtube.com/watch?v=WRUPn- r9IKic>. • No Canadá existem instituições sem fi ns lucrativos como é o caso da Canadian Institute of Small Busi- ness Counsellors Inc. (CISBC), que tem o propósi- to de promover o crescimento profi ssional e o de- senvolvimento de pequenas empresas. Existe par- ceria do governo em várias universidades do país, 24 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 entre elas destacamos o Centre d’entrepreneur- ship HEC-Poly-UdeM. O centro tem atuado mais na orientação para confecção de Planos de Negó- cios (sempre requeridos por qualquer instituição financiadora no Quebec) e na administração de empresas recém-criadas, suprindo as ineficiências dos engenheiros no que tange à gestão. Promo- vem também, com alguma regularidade, seminá- rios de informação e formação para seus afiliados e para a comunidade empreendedora em geral. A instituição conta com parceiros como o Ministério dos Negócios (Ministère des Affaires Municipales et de la Metrópole), do Banque de Montréal, da Bell Canada e da KPMG, dentre outros. O Centro de Empreendedorismo da McGill tem a preten- são de atuar com empreendedores em projetos de criação de empresa atendendo ao público in- terno, promovendo seminários e conferências pa- ra as comunidades empreendedoras de Montreal, pelo qual é amplamente reconhecido. São vários os focos de atuação das políticas públicas para o empreendedorismo, como mulheres, jovens, imi- grantes e pessoas sem habilidades e pensam em empreender com o objetivo de crescimento e ge- ração de empregos. • Já alguns anos a Bélgica cobre metade dos gas- tos das PMEs com “bônus de consultoria”. A me- ta é encorajar as PME’s a buscarem aconselha- mento profissional para tomadas de decisão (em organização corporativa, estratégia, gerencia- mento de pessoal, marketing, automação e meio ambiente). Operacionalmente, as PMEs adqui- rem os bônus e os utilizam em projetos de con- sultoria que devem custar acima de 300 Euros. • Na Dinamarca o Ministério da Educação ope- ra o Fundo para Planejamento Educacional, que atende a praticamente todos os setores da eco- nomia e visa especialmente atender a empresas com menos de dez empregados. A principal me- ta do Fundo é a ampliação da competência dos empregados. As atividades subsidiadas incluem a colaboração entre entidades educacionais e empresas, novas formas de treinamento e desen- volvimento de competências, preparação de trei- namento e planejamento de desenvolvimento de competências entre empresas, e a formação de redes de planejamento educacional e desen- volvimento de competências. É requerido que o projeto seja executado em colaboração entre empregados e direção da empresa. 25Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Juliano Mario da Silva • Na Espanha a competência voltada à capacitação de empreendedores, tem uma característica de ser descentralizado, com uma atuação regional o em- preendedor encontra programas de treinamento em várias regiões. Consequentemente, existem vá- rios tamanhos de centros especializados como o CE- SEGA (Confederação dos Empresários da Galícia), que opera na promoção de novos empreendimen- tos. Existem também as Agências para o desenvol- vimento econômico da Castilha e Leon que monito- ram projetos de promoção ao empreendedorismo. Uma rede de 21 centros de incubação e inovação é outra estrutura disponibilizada na Espanha para es- timular e encorajar a criação de novas empresas. Além disso, existem programas que dão suporte e informação para pequenos empresários para a inser- ção deste em mercados que não conseguiriam atin- gir sozinho. O DG-PYME (uma instituição de promo- ção aos pequenos empresários com suporte do Alto Conselho do Comércio), tem explorado os caminhos para orientação das empreendedoras na organiza- ção de novos empreendimentosem parceria com o Conselho da Mulher e o Ministério do Trabalho e Ação Social e o Conselho da Indústria e Comércio. Existe um número de programas para a promoção da empregabilidade para pessoas desempregadas, o Instituto Nacional do Emprego (INEM) tem duas iniciativas para a promoção de desempregados na iniciação de um novo negócio como a cooperativa de trabalhadores, e o programa para incentivo para criação de empregos extras. O DG-PYME em parce- ria com o Instituto dos Jovens tem trabalhado com o objetivo de diminuição de desemprego entre o pú- blico jovem além da promoção do empreendedoris- mo. Para que se garanta o financiamento de todas estas iniciativas existem algumas organizações que promovem o acesso do capital aos empresários co- mo a Compania Espanola de Reafianzamiento S.A. (CERSA) que é uma das que trabalham com siste- mas mútuos de garantia de crédito e o ICO-PYME que é o instituto oficial de crédito que promove fun- dos aos bancos espanhóis para promoção de pe- quenas e médias empresas. O PIPE 2000 – Plano de Iniciação em Promoção no Exterior tem como objeti- vo ampliar o número de pequenas e médias empre- sas espanholas exportadoras, por meio de transfor- mações culturais e de competitividade nas PMEs em condições de exportar. Para isso, o Programa prevê apoio financeiro, bem como consultorias especiali- zadas individuais por uma equipe de tutores. 26 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 • Nos Estados Unidos um dos destaques é o proje- to de incentivo as incubadoras de empresas que desempenharam e ainda desempenham um ex- celente impacto econômico na promoção de em- pregos e renda a partir de pequenas e médias em- presas. Os grupos focos para a promoção do em- preendedorismo nos EUA são a mulheres, os hispâ- nicos, asiáticos, africanos, índios nativos e os vete- ranos. A promoção do empreendedorismo ocorre não só por iniciativas governamentais, as universi- dades têm grande destaque nesse objetivo. É o ca- so do Centro de Empreendedorismo em Harvard tradicionalmente voltada para o ensino focado na gestão de grandes corporações, a instituição tem sentido as mudanças ambientais e decidiu também se inserir no campo de estudo de empreendedoris- mo. O Centro de Empreendedorismo do MIT está totalmente voltado para o desenvolvimento de em- presas de alta tecnologia. Seu foco está em treinar e desenvolver líderes que irão construir bem-suce- didos empreendimentos de alta tecnologia. No se- tor de empreendedorismo rural, o Alabama Nor- deste de Sistema Empresarial (o Sistema) foi fun- dado em março de 1998 em Anniston, Alabama. O Sistema foi projetado a criar e unir três incubadoras empresariais que localizou ao longo da região. O Centro de Greenbrier tem espaço para 19 inquili- nos residenciais. Oferecem os serviços comparti- lhados básicos providos pela maioria das incuba- doras empresariais aos clientes deles. Seus inqui- linos representam uma variedade de luz pequena que fabrica os negócios de serviço. O Foodworks Centro Culinário é um programa de incubação que serve para promoção em companhias de comida processada. Representa uma variedade de incuba- ção que aponta para reunir negócios na mesma in- dústria e compartilhar recursos, ideias e informa- ções. O propósito é diversifi car a economia da re- gião desenvolvendo uma microindústria de comi- da. Geralmente chamado Foodworks, é uma incu- badora residencial com um programa de afi liados. Apresentação de projetos de incubadora de empresas: < h t t p s : / / w w w. y o u t u b e . c o m / w a t c h ? - v=uH22PEUJcFM>. • Na Finlândia existem 17 centros de ciência e tec- nologia localizados em universidades de alta tec- nologia. Essas incubadoras estão criando cerca 27Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Juliano Mario da Silva de 350 novas empresas por ano. Os objetivos principais em relação ao empreendedorismo são as mulheres, imigrantes e os desempregados. A participação de mulheres no mercado de traba- lho formal não é expressiva, porém o incremen- to da participação das mulheres nesse mercado é objetivo das políticas públicas finlandesas. Pa- ra isso, o governo aposta na oferta de baixos ju- ros, microcrédito e treinamento especializado. Para os imigrantes existem projetos de inclusão de provisão para a promoção do empreende- dorismo, incluindo programa de financiamento e esforços para facilitar o relacionamento entre empreendedores imigrantes. Outros focos dos projetos para promoção do empreendedoris- mo estão relacionados à formação de redes de cooperação entre empreendedores e a promo- ção da criação de empresas a partir de desem- pregados que pretendem abrir seu próprio ne- gócio. O capital de risco industrial na Finlândia é muito recente e tem crescido acentuadamen- te desde 1999. Isso foi inicialmente estimulado pela Finnish Industry Investment Fund, uma ini- ciativa governamental no qual suportou o capital de risco para crescimento e recursos para fundos regionais. O “Programa Nacional Finlandês de Desenvolvimento do Ambiente de Trabalho” ob- jetiva a efetividade e qualidade do ambiente de trabalho, e é gerenciado de forma tripartite. For- nece suporte e recursos financeiros para o desen- volvimento de projetos em empresas. Os proje- tos possuem foco na promoção de trabalho em equipe e em gerenciamento por métodos de empoderamento, ampliação de habilidades, me- lhoria do desempenho no trabalho, e formação de redes de empresas. Gerência e empregados participam do planejamento e da execução do projeto. Cerca de 66% dos recursos do Fundo, entre 2000 e 2002, foram alocados para PMEs. • Na França a regulamentação fornece reconhe- cimento às habilidades profissionais adquiridas pelos empregados – “VAP Validation dês ac- quis professionels”. A VAP foi regulamentada em 1992, permitindo à pessoa que exerceu ativida- de profissional por cinco anos validar sua expe- riência. Essa validação foi ampliada, em 2002, e tornou-se a Validation ês Acquis de l’Experience (VAE) – de forma que se aplique a uma gama am- pla de diplomas, e por meio de procedimentos mais flexíveis. 28 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 • A Grécia lançou por meio do Ministério do Tra- balho uma série de medidas para capacitação de mão de obra empregada. Essas capacitações in- cluem treinamento de empregados de empresas privadas (das quais 70% dos beneficiários são fun- cionários de microempresas) e treinamento voca- cional para empreendedores “por conta própria”. • Na Holanda, segundo o relatório do Ministério da Economia Holandês (2001) a participação das políticas governamentais no acesso a informa- ção, infraestrutura e o capital para inovação tec- nológica têm criado novas oportunidades. Um dos projetos de destaque na Holanda é o Busi- nessLift que é focado na ajuda de empreendedo- res com dificuldade de captar financiamento. Ou- tro ponto de destaque são as incubadoras orga- nizadas em centros de desenvolvimento de tec- nologia, gerenciamento, marketing, exportação e acesso a capitais de risco. Com relação às em- preendedoras, o governo Federal tem a intenção de aumentar a participação das mulheres na for- ça de trabalho, a participação é pequena, porém tem aumentado, mas o governo em uma estraté- gia macroeconômica pretende aumentar a ofer- ta de serviços, segmento em que as mulheres holandesas mais se identificam. Em relação à tec- nologia, espera-se que o investimento nesse se-tor resulte em um rápido crescimento a partir das pequenas e médias empresas, essa tecnologia deve ser desenvolvida em uma parceria do Mi- nistério de Negócios Econômicos com as esco- las com vocação para isso. Existe um centro de informações que fornece serviços a empregados e empregador, contribuindo com o desenvolvi- mento de procedimentos e ações de estímulo à prática desse centro. Como foco principal, se almeja aumentar o interesse dos empregadores em investimentos no gerenciamento de recur- sos humanos estratégicos, bem como no interes- se dos empregados em assumir responsabilida- de por sua condição de empregabilidade. Esses objetivos são atingidos tornando visíveis as habi- lidades pessoais, o que implica diferentes formas de aprendizado serem reconhecidas como ade- quadas para habilidades específicas. Essa medi- da é operada pelo Ministério de Assuntos Eco- nômicos em cooperação com os Ministérios de Assuntos Sociais e Emprego, de Educação, Cul- tura e Ciência, e por uma organização privada – CINOP. 29Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Juliano Mario da Silva • Na Irlanda, em 1999 foi estabelecida a empre- sa Skillnets, com a fi nalidade de gerar respostas inovadoras e efetivas para necessidades de trei- namentos e de desenvolvimento. A direção da Skillnets é formada por representantes de clas- ses empresariais e de organizações de trabalha- dores. Opera o Training Network Programme, que mobiliza grupos ou redes de empresas para gerar respostas estratégicas sob medida confor- me as suas necessidades. As ações são custeadas pelo National Training Fund, e com participação de, em média, 32% dos recursos fi nanceiros pelas empresas participantes. As incubadoras de empresas são projetos im- portantes de apoio a empresas no período ini- cial. Os primeiros dois anos de uma empresa são cruciais para seu sucesso, é um período de aprendizado e estes conhecimentos indis- pensáveis são encontrados nas incubadoras • A Islândia tem um programa designado “Step Ahead” que é operado pelo Iceland Technolo- gy Institute. O Programa objetiva facilitar lideran- ças de micro e pequenas empresas na busca de orientação em marketing, fi nanças, meio ambien- te, organização e gerenciamento de produto. Para tanto, o programa apoia atividades de treinamen- to em empreendedorismo e gestão da inovação. • Na Itália o sistema educacional e de treinamen- to tem o objetivo de permitir o reconhecimen- to de competências adquiridas, em adição às da educação formal. A “Lei de Promoção do Empre- go” aborda o aprendizado de toda a vida, pelo qual competências adquiridas pelo trabalho po- dem ser enunciadas e potencialmente reconheci- das da mesma forma que aquelas adquiridas por meio das instituições formais de educação. 30 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 • Na Noruega o Programa FRAM – abreviatura pa- ra compreender, realístico, aceitar e medir – é um programa de desenvolvimento de estratégia e de gerenciamento, para gerências de produção e de serviços em empresas com 5 a 30 funcioná- rios, e cujo objetivo é ampliar a sua competitivida- de. Desde 1992, quando teve início, o Programa FRAM organiza projetos em sete regiões piloto, com planejamento anual e abrangendo diferentes temáticas. Em paralelo, duas atividades básicas são uniformes: seminários regionais com foco em aprendizado por troca de experiências entre em- presas participantes; e orientação via especialistas em períodos de 15 meses de processos de desen- volvimento. O Programa é custeado pelo Fundo Regional e de Desenvolvimento Norueguês. • Em Portugal a Linha de Ação Inovação Organi- zacional (LAIO) é operada pelo Instituto de Trei- namento em Inovação em parceria com o Insti- tuto de Desenvolvimento e Inspeção de Condi- ções de Trabalho. Seu objetivo é contribuir para a inovação organizacional nas empresas privadas e cooperativas portuguesas que possuem entre 50 e 250 funcionários. É concedido apoio financeiro, sob a forma de subsídios, e assistência técnica para implementação de projetos, principalmente por meio de consultoria de serviços. • No Reino Unido existe hoje um grande objeti- vo das políticas públicas de promover a entrada das mulheres no ramo dos pequenos negócios, mediante projetos como treinamento nas melho- res práticas de gerenciamento ou em projetos de disponibilizarão de micro finanças (1.000 a 5.000 Libras) com juros abaixo do mercado financeiro. O governo preocupado com a ética nos negó- cios implementou políticas que promovem ética nos negócios com a Ethic Minority Business Advi- sory Fórum em dezembro de 1999. Como o Rei- no Unido recebe grande número de imigrantes em julho de 2000 foi implementado com grande sucesso programas que promovem o empreen- dedorismo a este público, com capital de risco e fundos de investimento. Esse resultado tem agra- dado bastante as autoridades governamentais, pois juntam as habilidades empreendedoras dos imigrantes, treinamento técnico específico e via- bilidade da proposta. A iniciativa jovem ao em- preendedorismo no Reino Unido também conta com programas que oferecem juros baixos, re- cursos específicos para o tipo de negócios a ser 31Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Juliano Mario da Silva iniciado além de parcerias governamentais com grandes empresas para a promoção empreende- dorismo a esses jovens. Isso tem proporcionado bons resultados na formação de novas empresas como também na melhoria da sobrevivência des- sas empresas. • Na Suécia existem projetos como Swedich Job & Society (Stiftelsen Svenska Jobs and Society) que promovem novos empreendimentos em cer- ca de 100 localidades diferentes do país, sendo o principal objetivo do projeto as pessoas desem- pregadas. Outro projeto é o ALMI Foretagspart- ner AB, que é um projeto de financiamento pú- blico com escritórios em 22 escritórios regionais, subordinados ao Ministério da Indústria, tendo como principal objetivo o suporte a micro e pe- quenas empresas com potencial de crescimento. Já o SME Pckage é um projeto também direcio- nado a pequenas e médias empresas com o ob- jetivo de participar do mercado de exportação. Existem algumas iniciativas para a promoção do empreendedorismo feminino na Suécia como o acesso à informação, ao treinamento e consul- torias especializadas. Outros benefícios dispo- nibilizados são os juros com taxas mais baixas principalmente para os empreendimentos meno- res. Assim como no Reino Unido, na Suécia tam- bém é grande o foco das políticas públicas para promoção do empreendedorismo com imigran- tes empreendedores, com desempregados e os jovens com potencial empreendedor que tem projetos direcionados as suas necessidades de montarem pequenas e médias empresas. As re- des de relacionamento também são foco do go- verno suíço, que atua em várias regiões do pa- ís identificando as necessidades locais e atuando no objetivo de formação de redes de relaciona- mento entre estas pequenas empresas. • Em Taiwan o CYCDA oferece seminários espe- ciais para mulheres divorciadas com limitação de oportunidades de emprego além de muitas mulheres que trabalham em negócios da famí- lia. No que se refere ao desenvolvimento de em- presas baseadas em tecnologia o governo tailan- dês procura repatriar engenheiros que resolve- ram mudar-se para países como os Estados Uni- dos para que estes elaborem pesquisas em pro- dutos de base tecnológica que possa promover o crescimentonos empreendimentos. O governo tailandês promove acordos para a formação de 32 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 redes para a promoção do empreendedorismo, pois acredita que por meio dessas redes os even- tos, treinamentos, congressos possam ser mais proveitosos para suas indústrias. Comparando-se as informações de políticas e programas brasileiros e os dados de diversos países apresentados anteriormente é possível apresentar um quadro com as principais iniciativas: Quadro 1: Políticas e programas de incentivos ao empreendedorismo nos países analisados C ap ac ita çã o em p re sa ria l Pr o m o çã o d a co m p et iti vi d ad e In ce nt iv o s ao g ên er o fe m in in o In ce nt iv o s ao s jo ve ns In ce nt iv o s ao s d es em - p re g ad o s Pr o m o çã o a o a ss o ci at i- vi sm o Pa rc er ia co m un iv er si - d ad es R ec ur so s fin an ce iro s In ce nt iv o s ao c o m ér ci o ex te rio r In ce nt iv o s ao s em p re - sá rio s Pr o g ra m as d e in cu b a- çã o d e em p re sa s In ce nt iv o s à im ig ra nt es Áustria √ √ Austrália √ √ √ √ Alemanha √ √ Canadá √ √ √ √ Bélgica √ √ Dinamarca Espanha √ √ √ √ √ √ Estados Unidos √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ Finlândia √ √ √ √ √ √ √ √ √ França √ √ Grécia √ √ Holanda √ √ √ √ √ √ Irlanda √ √ √ √ Islândia √ √ √ √ 33Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Juliano Mario da Silva Itália √ √ √ Noruega √ √ √ √ Portugal √ √ √ √ Reino Unido √ √ √ √ √ √ Suécia √ √ √ √ √ √ √ √ Taiwan √ √ √ √ √ BRASIL √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ É interessante perceber que a promoção de um ambiente empreendedor por meio de políti- cas públicas apresentadas em vários países, foca pontos relevantes para a análise comparativa do que mais se destaca no meio empresarial de ca- da nação pesquisada. Essas políticas e programas públicos são importantes como ferramenta gover- namental ou de instituições que se propõem a es- se objetivo para promover um ambiente favorá- vel ao desenvolvimento desses empreendimentos e regulação dos mercados em que essas peque- nas empresas estão inseridas. Principalmente em países de dimensões continentais, caso brasileiro, onde segundo, Biderman e Barberia (2005), a arti- culação entre as esferas, Federal, Estadual e Mu- nicipal tem grande importância na implantação dessas políticas. Para Julien (2005) o estado tem um importante papel na promoção de um ambiente que promova o empreendedorismo. Para o autor, por meio das políticas públicas, o estado pode cumprir cinco pa- péis importantes que são o de orientar, associar, apoiar, estimular e facilitar recursos para as peque- nas empresas. Os Estados Unidos como um dos países mais empreendedores do mundo, visto que sua estru- tura tem grande preocupação com a promoção de novos negócios e inserção de grupos importan- tes como estrangeiros jovens. Destaca-se também uma grande preocupação com a tecnologia, mui- tas vezes promovida mediante os sistemas de in- cubação. Nos países europeus, têm-se dado gran- de importância a capacitação de micro e pequenos empresários e a competitividade das empresas. A 34 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 participação de Universidades como promotoras do empreendedorismo também é bastante evi- dente na comunidade europeia. No caso brasileiro as iniciativas existem, porém destaca-se a importância de uma adequada gestão dessas políticas e programas públicos, visto que as exigências de um mercado globalizado e altamen- te competitivo, no qual produtividade e qualidade passaram a ser elementos-chaves, envolvem não só mudanças técnicas, mas também de comportamen- tos e valores. Alguns pontos comuns entre as políticas públi- cas brasileiras e os demais países apresentados é a preocupação da capacitação de novos empresários, empresários já estabelecidos e jovens no mercado de trabalho, além do processo crescente de incenti- vo a incubadoras. Além disso, parece comum entre o Brasil e os demais países apresentados, a inten- ção de cada país, por meio do empreendedorismo, resolver os seus problemas específicos, enquanto a maioria dos países europeus se preocupa com a questão dos imigrantes e sua inclusão no merca- do. No Brasil a preocupação ainda se restringe, ge- ralmente, na formação de um gestor profissional, sendo que o objetivo dos países desenvolvidos é a formação de empresas direcionada a criação de alta tecnologia e na inclusão de pequenas e médias em- presas no mercado internacional. Trate-se de uma posição estratégia para o crescimento dos respecti- vos produtos internos brutos. Por características específicas brasileiras, que sur- gem a partir da Constituição de 1988, as esferas na- cional, estadual e municipal, apresentam-se com considerável desconexão entre as iniciativas de po- líticas públicas. Isso pode responder algumas ques- tões em relação à falta de grandes projetos e de bons resultados na área de empreendedorismo bra- sileiro. Por outro lado, essa autonomia pode resol- ver o problema da diversidade do povo brasileiro, que poderia ser melhor potencializada se, indepen- dente da esfera governamental, existisse maiores in- vestimentos nas instituições de ensino com o obje- tivo de celebrar parcerias em projetos como incuba- doras ou capacitação de empresários, por exemplo. O PERFIL EMPREENDEDOR Empreendedores têm em geral um perfil muito parecido independente dos segmentos que esco- lheram para abrir o seu negócio ou setor de empre- sas que trabalham. Conhecer o perfil empreendedor 35Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Juliano Mario da Silva é um primeiro passo para saber se está pronto para ingressar nesse desafi o ou se é necessário aprender mais sobre empreendedorismo. Interessante vídeo questionando de onde vêm as boas ideias: <https://www.youtube.com/watch?v=45gjqm- vFQw8>. Nesse momento você deve estar pensando se a pessoa nasce empreendedora ou se é possível se for- mar um empreendedor. Esse é um mito que existe no estudo do empreendedorismo, muita gente acha que o empreendedor nasce pronto, isso não é totalmen- te verdade. Existem pessoas que nascem com o per- fi l mais evidente de empreendedores, porém podem acumular conhecimento ao longo da vida e se transfor- marem em grandes empreendedores, principalmente por meio de estudos e práticas focados na área. Pessoas que tem o perfi l que descreveremos a seguir não são melhores ou piores que outras, apenas apresentam um perfi l que pode facilitar o planejamento e implantação de uma empre- sa ou tem o perfi l adequado ao planejamento e implantação de um grande projeto dentro de uma empresa, como é o caso dos intraempreendedo- res ou ainda desenvolver projetos que tenham co- mo foco a melhoria da sociedade, que é o caso dos empreendedores sociais. Os empreendedores são pessoas com inicia- tiva e capacidade de envolvimento fantástico. Ao contrário que muitos imaginam empreen- dedores podem adquirir suas competências no decorrer da sua vida profi ssional. Enfi m, muito tem se estudado sobre esse per- fi l com o objetivo de entender melhoro porquê dessa natureza e que potencial cada tipo de per- fi l tem em transformar a sociedade seja pela ge- ração de renda, seja pela inovação que geram na economia. McCelland (David) em seu estudo des- tacou que os empreendedores têm um perfi l se- melhante e uma forma de agir muito parecida in- dependentemente do ambiente empreendedor em que estão inseridos, além disso não importa também a idade, o gênero ou a formação, o per- fi l tende a ser semelhante. Entenda a seguir qual é esse perfi l: 36 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 1. Tem iniciativa e sempre buscam oportunidades: como os empreendedores têm a capacidade de identificar e sumarizar muitas variáveis ao mesmo tempo tem uma espécie de antena onde perce- bem oportunidades à medida que desenvolvem seu trabalho, quando a questão são os proble- mas, comuns no mundo dos negócios, dão foco na solução e em geral conseguem ver oportuni- dades de crescimento nessas situações também, é o famoso “faça do limão uma limonada”, as oportunidades de aprender e crescer estão em todos os lugares. 2. Calculam o risco dos investimentos e das ações to- madas: Empreendedores avaliam alternativas an- tes de tomar a ação. Essas alternativas compreen- dem a análise de tudo o que está em jogo, o que se pode perder com o investimento e o que se pode ganhar, quando o retorno vai acontecer se no curto ou no logo prazo. Diante das alternativas disponíveis na tomada de decisão os empreende- dores tendem a escolher pelo que exigem esfor- ço moderado e maior possibilidade de conquista, em geral, descartam as alternativas fáceis e com pequeno retorno, bem como as muito arriscadas que no caso de sucesso darão grandes retornos. 3. Suas ações se baseiam em qualidade e eficiên- cia: dar foco em qualidade além de garantir mais e melhores clientes melhora o desempenho da empresa sob todos os aspectos da gestão. Isso significa que dar foco à qualidade se entrega pe- didos nas datas programadas, os custos de pro- dução tendem a ser mais baixos que os concor- rentes, os produtos tem um padrão permitindo parcerias comerciais com grandes empresas. 4. São pessoas persistentes: empreendedores têm seus objetivos como a grande motivação para o trabalho e para atingir esses objetivos é necessá- rio ter persistência e criatividade para atingi-lo. Quando a maioria desiste na primeira dificuldade a persistência do empreendedor lhe permite es- tudar alternativas diferentes para chegar ao obje- tivo anteriormente definido. 5. Tem comprometimento: dificilmente se conse- gue um compromisso de um empreendedor de algo que ele não possa cumprir. Isso porque os empreendedores em geral estão comprometi- dos com seus compromissos. Isso acontece tanto dentro quanto fora da empresa, uma ver que fez o compromisso vai cumpri-lo mesmo que isso lhe custe um fim de semana ou algo parecido. 37Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Juliano Mario da Silva 6. Estão sempre atualizados: como sempre estão tomando decisões os empreendedores procu- ram informações em toda a parte, isso aumenta o sucesso nas decisões tomadas. Por isso são considerados curiosos consultando desde ami- gos, fornecedores até concorrentes, isso lhes permite um cruzamento maior de variáveis para a decisão mais adequada. 7. Seguem suas metas: como os empreendedores de sucesso têm objetivos muito bem definidos, a partir desses objetivos definem as metas a serem alcan- çadas. Essa forma de pensar e se organizar resul- tam em um desempenho maior que as demais pes- soas, pois estão sempre pensando em seus objeti- vos e isso resulta em menor perca de tempo. 8. Tem capacidade de planejamento e de acompa- nhamento: planejar é uma arte, uma forma de se antecipar as dificuldades e sucessos que hão de vir no desenvolver de todo o planejamento. Ba- seado no conhecimento do seu negócio e nas in- formações que estão sempre recebendo os em- preendedores têm a capacidade e a iniciativa de corrigir o percurso do planejamento à medida que acompanha a execução com um monitora- mento sistemático. 9. Capacidade de mobilização da rede de contatos: em geral, os empreendedores são comunicativos e conhecendo bem seu empreendimento, seus objetivos e com transparência na abordagem em geral conseguem mobilizar o público interno da empresa, os colaboradores, como o público exter- no, seus fornecedores, parceiros e investidores. A persuasão não acontece ao acaso, em geral são pessoas que planejam muito e conhece muito as pessoas a quem decidiram fazer uma proposta. 10. São independentes e tem grande autoconfian- ça: como em geral atingem resultados mais que outras pessoas tendem a ter maior autoconfian- ça nas suas atitudes o que os torna mais inde- pendentes. Essa postura é resultado de todas as características anteriormente apresentadas. Dornelas (2005) adiciona ou reforça algumas ca- racterísticas além das já apresentadas, sendo estas: 1. Pessoas Visionárias, pois tem a capacidade de arti- cular e implementar o que vislumbra para o futuro. 2. Independente do momento está sempre pronto a tomar decisão, onde uns só veem problemas, empreendedores observam criteriosamente a si- tuação e focam na solução. 38 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 3. Tem capacidade de transformar ideia em realidade, tanto ideias suas como de terceiros os empreende- dores têm uma incrível capacidade de realização. 4. São pessoas determinadas e dinâmicas, o que lhes permite superar os obstáculos naturais da vi- da profi ssional. 5. São apaixonados pelo que fazem sendo este um dos principais combustíveis para seu sucesso. 6. Empreendedores são líderes e formadores de equi- pes, pois com a capacidade ímpar de liderança sa- bem que seus objetivos são alcançados de forma coletiva, por isso a preocupação constante com a formação dos profi ssionais que estão a sua volta. 7. Em geral são pessoas muito organizadas, pois com tantas frentes de trabalho tem que ter um enorme senso de organização para não se per- derem nas ações. 8. Trabalham muito e esse é um grande diferencial. Empreendedores que tiveram um grande suces- so com uma excelente ideia que revolucionou o segmento são bem menos comuns que imagina- mos. Quando nos deparamos com um empreen- dedor bem-sucedido com uma empresa bem es- truturada pode ter certeza que por trás desse su- cesso tem muito trabalho. Vídeo destacando as características empreen- dedoras: <https://www.youtube.com/watch?v=HdtZTw- cq7o0>. Outro campo do estudo do empreendedorismo é o empreendedorismo social que é uma forma de empreender onde os indivíduos focam suas habili- dades na transformação social. Desta forma, o em- preendedor social busca soluções para problemas sociais, como principais características o empreen- dedor social apresenta: 1. Solução para problemas onde outras pessoas não veem solução ou tem a capacidade de ver o problema por uma perspectiva diferente o que permite soluções diferentes. 2. Capacidade de engajar outras pessoas para a so- lução de problemas. 3. Capacidade de articulação com governos, orga- nizações não governamentais e iniciativa privada com objetivo de atender a grandes demandas. 4. Facilidade de transformar ideias em realidade, empreendedores são agentes de mudança. 39Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Juliano Mario da Silva CONSIDERAÇÕES FINAIS Na unidade I estudamos as várias definições do empreendedorismo,essas variam de acordo com o objetivo de estudos do empreendedorismo, em ge- ral destacam uma pessoa que tem iniciativa e com os mesmo recursos de outras pessoas conseguem resultados diferenciados. Particularmente gosto da definição de Per Davidson que destaca o empreen- dedorismo como loucos abençoados por Deus. Cla- ro que isso não é uma definição com critérios cientí- ficos, até porque, como vimos o empreendedor cor- re riscos calculados em seus projetos. Vimos que as economias estão cada vez mais com- plexas e mais competitivas, copiar o que o vizinho es- tá fazendo em breve não será um bom negócio, as margens de lucro são dia a dia diminuídas e dividir um mercado com baixo retorno não será mais viável, ali- ás, alguns mercados já chegaram neste estágio. A sa- ída será empreender de forma criativa com inovação, inovando o empreendedor está atendendo a novas necessidades ou atendendo antigas necessidades de seus consumidores de forma diferente e melhor. No Brasil empreendedores de alto impacto, ou que mu- dam radicalmente os mercados existentes ainda são em número reduzido, pois nosso grande desafio ainda está na gestão. Ainda é expressivo o número de em- preendedores que encaram o desafio de abrir um ne- gócio sem o devido entendimento em gestão, é sur- preendente o número de empreendedores que não conhece o conceito básico de fluxo de caixa. Hora, se nosso desafio está em grande parte na gestão, ainda está longe de termos empreendedo- res inovadores que criam novos produtos e mudam os mercados. Em países desenvolvidos esse foco é mais claro e os governos apoiam essas iniciativas. Aliás, como vimos temos muitas iniciativas, porém ainda não tem o foco e a disponibilidade de recur- sos exigidos para um país continental como o nosso. Um dos destaques no Brasil no incentivo ao em- preendedorismo é o SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa que tem uma boa capilaridade no território nacional e em geral consegue ter foco e um bom orçamento para arti- cular o desenvolvimento das várias regiões em que atua, inclusive gerando um bom número de inova- ção, que, conforme destacamos é primordial para nos destacarmos no cenário internacional. Desta forma, o(a) convido(a) a estudarmos a se- gunda unidade onde veremos importantes estudos do empreendedorismo como o processo de criação 40 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 de um negócio, mas antes sugiro que respondam as atividades de autoestudo, isso é primordial para a fi- xação dos conteúdos aqui abordados. 1) Como a tecnologia pode melhorar o empreen- dedorismo e que impactos isso pode causar para a economia de um país? 2) Segundo Hisrish (2004) os recursos humanos são muito importantes para o desempenho das em- presas, como os empreendedores conseguem melhores desempenhos dos seus negócios a par- tir das pessoas? 3) Os programas de incentivo ao empreendedorismo no Brasil são em grande número, no entanto ain- da temos um alto grau de mortalidade de micro e pequenas empresas, descreva por que isso ocorre. 4) Como as incubadoras de empresas podem esti- mular pequenas empresas? 5) Uma pessoa nasce empreendedora ou pode se tornar empreendedora no decorrer da sua vida? 6) Sobre o perfil empreendedor, quando desta- camos que empreendedores são formadores es- tamos querendo dizer o quê? 41Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó UNIDADE 2 Estudo das oportunidades na criação de negócios Objetivo de Aprendizagem • Entender o processo de criação de um negócio. • Analisar o empreendedorismo sob a ótica das oportunidades de mercado. • Conhecer os riscos e problemas no ato de empreender com base nas escolhas dos diferentes tipos de negócios. Plano de Estudo Serão abordados os seguintes tópicos: • O processo de criação de um negócio • Oportunidade • Escolha, risco e problemas a considerar no ato de empreender Juliano Mario da Silva 42 Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Empreendedorismo UNIDADE 1 INTRODUÇÃO Iniciar uma empresa é o sonho de muitos, mas como normalmente acontece esse processo? É isso que vamos ver na segunda unidade deste livro. Essa não é uma ciência exata, pois, em geral um negócio começa com um sonho que vira uma ideia e vai cres- cendo. Digo em geral porque é o que mais aconte- ce, mas tem empresas que surgem nos lugares mais variados, em um bar, na praia, em um passeio ou até mesmo de uma discórdia entre sócios, enfim não tem uma fórmula exata, o que existe são direciona- mentos gerais de como as empresas iniciam. O ideal é que na fase do sonho ou da ideia o fu- turo empreendedor ou empreendedora esteja tra- balhando e com condições tranquilas para estudar minuciosamente sua ideia, pois quando há necessi- dade de empreender para se gerar renda é como pular etapas do estudo que são importantes para o sucesso do negócio. Veremos nesta unidade que algumas questões devem ser respondidas durante o processo de cria- ção de uma empresa, porém, uma que acho muito importante é o que meu negócio tem de novo e co- mo isso pode gerar riqueza? Responder essa ques- tão é estratégico, pois, conforme já comentamos na unidade anterior, no Brasil, tem-se a forte tendência de repetir o sucesso de outros, ou melhor, copiar as de negócios. Esse processo de criação de empresas deveria estar totalmente associado ao aproveitamento das oportunidades. Essas oportunidades de mercado são o que os economistas destacam como lacunas que podem ser aproveitadas e em alguns casos mu- dar a lógica do mercado existente. É o que ocorre hoje com algumas empresas que operam via inter- net e que revolucionaram mercados que até antes não se imaginavam grandes mudanças, podemos citar aqui a venda de livro e tênis. Porém, a oportunidade tem que ser bem estuda- da, pois o que aparentemente pode ser um grande negócio na realidade não passa de uma demanda grande em um período pequeno o que exige inves- timento que logo não terá mais utilidade, o que os empreendedores geralmente procuram são deman- da grandes e com longa duração, pois as margens de lucros tendem a diminuir à medida que novos concorrentes entram nesse mercado. O papel do governo na criação de um ambiente saudável ao empreendedorismo é muito importan- te, basicamente o governo, seja municipal, estadual 43Faculdade de educação, tecnologia e administração de Caarapó Juliano Mario da Silva ou federal deveria cumprir cinco papéis principais: o de orientar, de ligar os atores promotores desse am- biente, o de apoiar iniciativas, de estimular e de faci- litar que todo o processo aconteça da melhor forma possível. Isso permite a criação de empresas de alto valor agregado, o que gera crescimento na própria arrecadação do governo. Finalizando a unidade veremos os riscos e pro- blemas mais comuns de se empreender. Esses ris- cos geralmente estão associados à natureza de uma empresa, ou seja, empresa é um conjunto de variá- veis controláveis e não controláveis, e aí é que es- tá o perigo. As variáveis controláveis dependem de uma atuação focada do empreendedor o que evita um percentual alto de insucesso. Já as variáveis não controláveis estas devem ser monitoradas, pois não conseguimos combater uma crise cambial, porém podemos resistir a elas se a empresa estiver com saúde fi nanceira para passar por períodos de crise. Bom estudo! O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UM NEGÓCIO Esse é um assunto muito interessante dentro do estudo do empreendedorismo. O processo de
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