Prévia do material em texto
COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS Propriedades mecânicas: por que estudar? 1. Determinação e/ou conhecimento das propriedades mecânicas é muito importante para a escolha do material para uma determinada aplicação. 2. Definem o comportamento do material quando sujeito a esforços mecânicos. 3. Evitar que ocorram níveis inaceitáveis de deformação e/ou falhas. Como determinar as propriedades mecânicas? A determinação das propriedades mecânicas é feita através de ensaios mecânicos. Utilizam-se normalmente corpos de prova (amostra representativa do material). Usam-se normas técnicas para o procedimento das medidas e confecção dos corpos de prova para garantir que os resultados sejam comparáveis. •Conceitos de Tensão e de Deformação Dentre os diversos tipos de ensaios disponíveis para a avaliação das propriedades mecânicas dos materiais, o mais amplamente utilizado é o ensaio de tração para os materiais metálicos e poliméricos e o ensaio de compressão para os materiais cerâmicos. • Ensaio relativamente simples e rápido. • No Brasil, a norma utilizada para materiais é a ABNT NBR-6152. Ensaio de Tração • Extensômetro eletrônico usado para maior precisão no ensaio •Máquina de Tração EMIC DL 60000 • Fonte : http://www.labmat.com.br/ae_mecanic.html •CORPOS DE PROVA ASTM D638 -Para materiais poliméricos •Ensaio de tração • F • F • Representação esquemática do ensaio de tração. • Corpo-de-prova antes e após ensaio de tração. •Seção transversal original Ensaio de tração Resistência à tração É medida submetendo-se o material à uma carga ou força de tração, paulatinamente crescente, que promove uma deformação progressiva de aumento de comprimento. É obtida através da curva tensão-deformação. Como se definem tensão e deformação? • Tensão • Deformação oo oi l l l ll oA F Sendo: = tensão (Pa); F = carga instantânea aplicada (N) e Ao = área da seção reta original antes da aplicação da carga – seção reta transversal(m2). Sendo: = deformação (adimensional); li = comprimento instantâneo e lo = comprimento original. Como efeito da aplicação de uma tensão, tem-se a deformação (variação dimensional). Comportamento mecânico dos metais Deformação () T e n s ã o ( ) Limite de resistência à tração - LRT Comportamento típico da curva tensão-deformação de engenharia até a fratura do material (ponto F). Os detalhes circulares representam a geometria do corpo de prova deformado em vários pontos ao longo da curva. Fonte: Callister, 2002. Fratura do material Deformação elástica • Antecede à deformação plástica. • É reversível. • Desaparece quando a tensão é removida. • É proporcional à tensão aplicada. Deformação plástica • É provocada por tensões que ultrapassam o limite de elasticidade. • É irreversível, ou seja, não desaparece quando a tensão é removida. Em uma escala atômica... Deformação elástica • É manifestada por pequenas alterações no espaçamento interatômico e na extensão de ligações interatômicas. Deformação plástica • Corresponde à quebra de ligações com os átomos vizinhos originais e em seguida formação de novas ligações com novos átomos vizinhos, uma vez que um grande número de átomos ou moléculas se move em relação aos outros; com a remoção da tensão, eles não retornam às suas posições originais. Módulo de elasticidade ou módulo de Young • É o quociente entre a tensão aplicada e a deformação elástica resultante – Lei de Hooke. • Está relacionado com a rigidez do material. • Está relacionado diretamente com as forças das ligações interatômicas. E = / E Esta relação é conhecida por lei de Hooke - é o processo de deformação no qual a tensão e a deformação são proporcionais, deformação elástica. Unidade (%). E - é a constante de proporcionalidade (Gpa ou psi), módulo de elasticidade ou módulo de Young. Unidades : kgf/mm2, kgf/cm2, GPa, etc. • Módulo de Elasticidade é determinado pela inclinação (coeficiente angular) do segmento linear na região elástica da curva tensão x deformação. Determinação do Módulo de Elasticidade Módulo de elasticidade (E) Deformação () T e n s ã o ( ) = E A lei de Hooke é válida até este ponto. Máxima tensão que o material suporta sem sofrer deformação permanente. Módulo de elasticidade para algumas ligas metálicas Quanto maior o módulo de elasticidade mais rígido é o material ou menor é a sua deformação elástica quando aplicada uma dada tensão. MÓDULO DE ELASTICIDADE [E] GPa 106 Psi Magnésio 45 6.5 AlumÍnio 69 10 Latão 97 14 Titânio 107 15.5 Cobre 110 16 Níquel 207 30 Aço 207 30 Tungstênio 407 59 Fonte: Callister, 2002. Relação entre temperatura de fusão e módulo de elasticidade Metal Temperatura de fusão (oC) Módulo de elasticidade (MPa) Alumínio 660 70.000 Cobre 1085 127.000 Ferro 1538 210.000 O módulo de elasticidade é fortemente dependente das forças de ligação entre os átomos. As forças de ligação entre os átomos, e consequentemente o módulo de elasticidade, são maiores para metais com temperaturas de fusão mais elevadas. Fonte: Garcia, Spim e Santos, 2000. Deformação Plástica é uma deformação permanente e não recuperável.É irreversível. É o resultado de um deslocamento permanente dos átomos. • Corresponde à quebra de ligações com os átomos vizinhos originais e em seguida formação de novas ligações com novos átomos vizinhos, uma vez que um grande número de átomos ou moléculas se move em relação uns aos outros. Com a remoção da tensão, eles não retornam às suas posições originais. A deformação plástica corresponde ao movimento de discordâncias •A presença deste defeito é a responsável pela deformação, falha e rompimento dos materiais •EX: Discordância em Cunha Envolve um plano extra de átomos O vetor de Burger é perpendicular à direção da linha de discordância Envolve zonas de tração e compressão Deformação () Te ns ão ( ) Limite de resistência à tração - LRT Deformação () Te ns ão ( ) Limite de resistência à tração - LRT Após o escoamento, a tensão necessária para continuar a deformação plástica aumenta até um valor máximo, o ponto M, e então, diminui até a fratura do material, no ponto F. Fratura do material Outras informações obtidas da curva x . • Escoamento é uma transição heterogênea entre a fase elástica e a plástica, caracterizada por um aumento considerável da deformação, com uma tensão praticamente constante. Limites de resistência de alguns metais Alumínio – 50 MPa Aços de elevada dureza – 3000 MPa Esboço da curva obtida no ensaio de tração Fonte: Garcia, Spim e Santos, 2000. • AO – região de comportamento elástico. • AB – região de escoamento – se caracteriza por um aumento relativamente grande na deformação, acompanhado por uma pequena variação da tensão. • BF – região de comportamento plástico - a partir de B o material entra na regiãoplástica, que é caracterizado pela presença de deformações permanentes. •UF – estricção – região ocorre o empescoçamento do corpo de prova, até a fratura. Encruamento • É o fenômeno pelo qual o metal dúctil se torna mais duro e mais resistente quando ele é submetido a uma deformação plástica. Chamado também de endurecimento por trabalho. • Esse fenômeno resulta em função da interação entre discordâncias e das suas interações com outros obstáculos, como solutos e contornos de grãos, que impedem a livre movimentação das discordâncias. É preciso uma energia cada vez maior para que ocorra essa movimentação, e, consequentemente deformação plástica, até o limite no qual a fratura tem início. Fonte: Garcia, Spim e Santos, 2000. Então, até aqui vimos quais informações podem ser obtidas a partir da curva tensão x deformação. 1. Módulo de elasticidade 2. Tensão de escoamento 3. Limite de resistência à tração 4. Limite de ruptura 5. Deformação elástica e plástica 6. Estricção APLICAÇÃO: APLICAÇÃO: Características dos Materiais Além destas, outras informações ainda podem ser obtidas da curva tensão x deformação: Ductilidade Tenacidade Resiliência Ductilidade Representa uma medida do grau de deformação plástica que foi suportado quando da fratura. Corresponde à elongação total do material devido à deformação plástica. Fonte: Callister, 2002. A ductilidade pode ser expressa quantitativamente como: 100% x l ll AL o of Alongamento percentual (AL%) Estricção (RA%) 100% x A AA RA o fo A maioria dos metais possui pelo menos um grau moderado de ductilidade à temperatura ambiente. Tenacidade Representa uma medida da habilidade de um material em absorver energia até a sua fratura. Para que um material seja tenaz, este deve apresentar tanto resistência como ductilidade. É a área sob a curva tensão x deformação até o ponto de fratura. Freqüentemente, materiais dúcteis são mais tenazes do que materiais frágeis. Embora, o material frágil tenha maior limite de escoamento e maior limite de resistência à tração, possui menor tenacidade do que o material dúctil, em virtude da sua falta de ductilidade (comparar as áreas ABC e AB’C’). Ensaio de Compressão Tensão X Deformação • Mesmas características do ensaio de tração; • Diferença: utilizado para materiais frágeis. Ensaio de Compressão •Insignificante p/ o concreto (tração) Teste de Flexão para Materiais Frágeis O comportamento tensão-deformação dos materiais frágeis não é avaliado através de um ensaio de tração como no caso dos materiais metálicos. Pelas razões: 1. é difícil prender e segurar materiais frágeis sem fraturá-los e 2. as cerâmicas falham após uma deformação de apenas aproximadamente 0,1%. Teste de Flexão para Materiais Frágeis •Logo, é empregado o ensaio de flexão, sendo conhecida a resistência à flexão. Teste de Dureza É uma medida da resistência de um material a uma deformação plástica localizada (uma pequena impressão ou um risco). Os principais ensaios de dureza são: Brinell, Rockwell, Vickers e Knoop. Um penetrador é forçado contra a superfície do metal a ser testado. A dureza depende diretamente das forças de ligação entre os átomos, íons ou moléculas. Teste de Dureza Teste de Dureza Teste de Dureza Teste de Dureza •As principais escalas de dureza (ensaio por penetração): (b) Dureza Brinell (HB ou BHN) – Esfera de aço – carboneto de tungstênio; (c) Rockwell (HRc ou HRb) – Rockwell B – penetrador é uma esfera de aço. – Rockwell C – penetrador é um cone de diamante. Ensaios de dureza- RESUMO Ensaios de dureza- RESUMO • ABNT NBR-6394 e ASTM E10-93 • ABNT NBR-6671 e ASTM E18-94 • ABNT NBR-6672 e ASTM E92-82 Fonte: Garcia, Spim e Santos, 2000. Algumas propriedades mecânicas típicas de metais e ligas Material Limite de escoamento (MPa) Limite de resistência à tração (MPa) Ductilidade, AL% Alumínio 35 90 40 Cobre 69 200 45 Latão (70Cu-30Zn) 75 300 68 Ferro 130 262 45 Aço (1020) 180 380 25 Fonte: Callister, 2002. Ensaios de Resistência ao IMPACTO •Método de avaliação da resistência e sensibilidade ao entalhe de materiais. Consiste em submeter um corpo de prova a uma carga praticamente instantânea, provocando a fratura. •No ensaio de impacto um corpo de prova com entalhe é quebrado pelo impacto de um pêndulo ou martelo pesado, que cai de uma distância fixa (energia potencial constante) numa velocidade pré-determinada (energia cinética constante). Os dois principais métodos de ensaio de Impacto são: Charpy e Izod •IMPACTO •DETALHES DOS CORPOS DE PROVA-IMPACTO