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CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO À HISTÓRIA 
 
Quando lemos um jornal ou uma revista, vemos várias notícias: guerras, violência nas 
cidades, desemprego, greves, destruição de florestas, projetos contra a fome, etc. Notícias que 
mostram os problemas enfrentados por homens, mulheres e crianças em todo o mundo. 
Este é um mundo em que a pobreza e a riqueza convivem em um quadro de grandes 
desigualdades sociais. A História ajuda a entender a realidade mundial. Estudando a maneira 
como as pessoas viviam no passado, como se relacionavam e transformavam o ambiente ao 
seu redor, é possível compreender melhor os problemas que enfrentamos no dia-a-dia. 
História é uma ciência humana que estuda o desenvolvimento do homem no tempo. A 
História analisa os processos históricos, personagens e fatos para poder compreender um 
determinado período histórico, cultura ou civilização. 
Um dos principais objetivos da História é resgatar os aspectos culturais de um 
determinado povo ou região para o entendimento do processo de desenvolvimento. 
Entender o passado também é importante para a compreensão do presente. 
O estudo da História foi dividido em dois períodos: a Pré-História (antes do surgimento da 
escrita) e a História (após o surgimento da escrita, por volta de 4.000 a.C). Para analisar a Pré-
História, os historiadores e arqueólogos analisam fontes materiais (ossos, ferramentas, vasos 
de cerâmica, objetos de pedra e fósseis) e artísticas (arte rupestre, esculturas, adornos). Já o 
estudo da História conta com um conjunto maior de fontes para serem analisadas pelo 
historiador. 
Estas podem ser: livros, roupas, imagens, objetos materiais, registros orais, documentos, 
moedas, jornais, gravações,etc. 
A História conta com ciências que auxiliam seu estudo. Entre estas ciências auxiliares, 
podemos citar: Antropologia (estuda o fator humano e suas relações), Paleontologia (estudo 
dos fósseis), Heráldica (estudo de brasões e emblemas), Numismática (estudo das moedas e 
medalhas), Psicologia (estudo do comportamento humano), Arqueologia (estudo da cultura 
material de povos antigos), Paleografia (estudo das escritas antigas) entre outras. 
 
Periodização da História 
 
Pré-História: antes do surgimento da escrita, ou seja, até 4.000 a.C. 
Idade Antiga (Antiguidade): de 4.000 a.C até 476 (invasão do Império Romano) 
Idade Média (História Medieval): de 476 a 1453 (conquista de Constantinopla pelos 
turcos otomanos). 
Idade Moderna: de 1453 a 1789 (Revolução Francesa). 
Idade Contemporânea: de 1789 até os dias de hoje. 
 
A tradicional divisão da História em idades – Pré-história, Antiga, Média, Moderna e 
Contemporânea – é muito difundida no Ocidente. Entretanto sofre forte crítica na atualidade, 
sendo contestada por correntes que indicam ser esta divisão parcial, por privilegiar a História 
das sociedades dominantes e ignorar ou depreciar a História das sociedades dominadas. Além 
disso, supervaloriza a História dos países ricos. 
É, então, apresentada uma divisão que utiliza como critério o Modo de produção 
econômico – que demonstra a organização da economia e as relações sociais decorrentes. 
Por esta classificação são apresentadas as situações das classes dominantes e dominadas. 
 
De acordo com o Modo de produção, a História é dividida da seguinte forma: 
 
Pré- História 
 
Antiga 
Aparecimento do homem 
 
Modo de Produção Primitivo 
-------------------------------------------- 
Escrita 
Modo de Produção Asiático 
Modo de Produção Escravista 
Média Modo de Produção Feudal 
Moderna Modo de Produção Mercantilista 
 
Modo de Produção Pré-Capitalista 
Contemporânea Modo de Produção Capitalista 
 
Modo de Produção Socialista 
 
Primitivo: caracteriza as sociedades primitiva, pré-históricas. A produção era comum a 
todos os membros da comunidade que usufruíam em condições de igualdade. Todos 
trabalhavam e não existiam classes sociais. 
 
Asiático: as terras pertenciam ao Estado e as relações sociais eram de servidão coletiva. 
 
Escravista: apareciam os senhores, os donos. A eles pertenciam as terras, os meios de 
produção e os trabalhadores (escravos). A riqueza se concentrava nas mãos dos senhores. 
Existiam a classe dominante e a dominada. As relações sociais eram de dominação. 
Feudal: os donos mantinham a classe trabalhadora na servidão. Os senhores feudais 
formavam a classe dominante. 
 
Mercantilista: caracteriza-se por um grande crescimento do comércio, o que exigia maior 
produção, construção de navios e grandes capitais. A burguesia enriqueceu, os reis 
absolutistas montaram cortes luxuosas e fizeram muitas guerras. É o período do pré-capitalista. 
 
Pré-Capitalista: servos libertos arrendam partes de propriedades feudais e a produção 
agrícola passou a orientar-se para a venda nas cidades e não apenas para o consumo. Novas 
técnicas de cultivo aumentam a produtividade do solo. 
 
Capitalista: o trabalho passa a ser assalariado e estabelece-se a luta de classes entre a 
classe proprietária e a classe trabalhadora (proletariado). 
 
Socialista: das condições do capitalismo desenvolve-se o modo de produção socialista, 
que defende a organização de uma sociedade sem classes sociais. 
 
O Calendário Gregoriano: 
 
O calendário mais usado no mundo atual é o calendário gregoriano, também conhecido 
como calendário cristão. É um calendário inteiramente solar, isto é, baseado na rotação da 
Terra em torno do Sol. Esse calendário tem a sua origem no calendário oficial do Império 
Romano, o chamado calendário Juliano, que tinha 365,25 dias. 
A reforma do calendário Juliano foi encomendada pelo papa Gregório XIII (1502-1585), 
procurando aproximar o ano definido no calendário com o ano solar, que é de 365 dias, 5 horas 
e 49 minutos. 
O novo calendário institui o ano bissexto a cada quatro anos, começando a partir de 1600 
e definiu o dia 1º de janeiro como início do ano para toda a cristandade. 
O grego Heródoto, que viveu no século V a.C é considerado o “pai da História” e primeiro 
historiador, pois foi o pioneiro na investigação do passado para obter o conhecido histórico. 
A historiografia é o estudo do registro da História. 
O historiador é o profissional, com bacharelado em curso de História, que atua no estudo 
desta ciência, analisando e produzindo conhecimentos históricos. 
 
O SURGIMENTO DO HOMEM 
A Origem do Homem 
 
Sabe-se que a princípio, não existiam seres vivos possuidores de coluna vertebral. Antes 
do surgimento dos primeiros vertebrados milhões de anos se passaram na história da 
evolução. Os primeiros a aparecer tinham a forma de peixe, e somente milhões de anos após é 
que os primeiros anfíbios passaram a existir, e depois vieram os répteis, pássaros e mamíferos. 
Para a ocorrência de todo esse processo, ocorreram inúmeras explicações, contudo, a mais 
conhecida foi explanada por Darwin (teoria evolucionista). Ele se fez notar quando observou 
que não existem duas plantas ou dois animais exatamente iguais. Observou-se que partes 
dessas diferenças são benéficas para a obtenção mais alimento, fato que permite uma melhor 
formação e um tempo de vida mais prolongado. Essas variações passaram de geração para 
geração e foram muito úteis para o desenvolvimento dos seres vivos. Após milhões de anos, a 
aparência de animais e plantas ficou bem diferente do que era. Aqueles que se desenvolveram 
melhor, foram os que tiveram a chance de se adaptar as inúmeras mudanças que ocorreram 
em nosso planeta.Podemos definir a pré-história como um período anterior ao aparecimento da 
escrita. Portanto, esse período é anterior há 4000 a.C, pois foi por volta deste ano que os 
sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme. Foi uma importante fase, pois o homem 
conseguiu vencer as barreiras impostas pela natureza e prosseguir com o desenvolvimentoda 
humanidade na Terra. O ser humano foi desenvolvendo, aos poucos, soluções práticas para os 
problemas da vida. Com isso, inventando objetos e soluções a partir das necessidades. Ao 
mesmo tempo foi desenvolvendo uma cultura muito importante. Esse período pode ser dividido 
em três fases: Paleolítico, Mesolítico e Neolítico. No decorrer deste último século os cientistas 
descobriram várias pistas que os levaram as comprovações da teoria da evolução. 
 
Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada 
 
Nesta época, o ser humano habitava cavernas, muitas vezes tendo que disputar este tipo 
de habitação com animais selvagens. 
Quando acabavam os alimentos da região em que habitavam, as famílias tinham que 
migrar para outra região. Desta forma, o ser humano tinha uma vida nômade (sem habitação 
fixa). Vivia da caça de animais de pequeno, médio e grande porte, da pesca e da coleta de 
frutos e raízes. Usavam instrumentos e ferramentas feitos a partir de pedaços de ossos e 
pedras. Os bens de produção eram de uso e propriedade coletiva. 
Neste período intermediário, o homem conseguiu dar grandes passos rumo ao 
desenvolvimento e à sobrevivência de forma mais segura. O domínio do fogo foi o maior 
exemplo disto. Com o fogo, o ser humano pôde espantar os animais, cozinhar a carne e outros 
alimentos, iluminar sua habitação além de conseguir calor nos momentos de frio intenso. 
Outros dois grandes avanços foram o desenvolvimento da agricultura e a domesticação dos 
animais. Cultivando a terra e criando animais, o homem conseguiu diminuir sua dependência 
com relação a natureza. Com esses avanços, foi possível a sedentarização, pois a habitação 
fixa tornou-se uma necessidade. Neste período ocorreu também a divisão do trabalho por sexo 
dentro das comunidades. Enquanto o homem ficou responsável pela proteção e sustento das 
famílias, a mulher ficou encarregada de criar os filhos e cuidar da habitação. 
 
Neolítico ou Idade da Pedra Polida 
 
Nesta época o homem atingiu um importante grau de desenvolvimento e estabilidade. 
Com a sedentarização, a criação de animais e a agricultura em pleno desenvolvimento, as 
comunidades puderam trilhar novos caminhos. Um avanço importante foi o desenvolvimento da 
metalurgia. Criando objetos de metais, tais como, lanças, ferramentas e machados, os homens 
puderam caçar melhor e produzir com mais qualidade e rapidez. A produção de excedentes 
agrícolas e sua armazenagem garantiam o alimento necessário para os momentos de seca ou 
inundações. Com mais alimentos, as comunidades foram crescendo e logo surgiu a 
necessidade de trocas com outras comunidades. Foi nesta época que ocorreu um intenso 
intercâmbio entre vilas e pequenas cidades. A divisão de trabalho, dentro destas comunidades, 
aumentou ainda mais, dando origem ao trabalhador especializado. 
 
As pinturas Ruprestes 
 
Os povos antigos, antes de conhecerem a escrita, já produziam obras de arte. Os homens 
das cavernas faziam bonitas figuras em suas paredes, representando os animais e pessoas da 
época, com cenas de caças e ritos religiosos. Faziam também esculturas em madeira, ossos e 
pedras; os cientistas estudam esses objetos e pinturas, e conseguem saber como viviam 
aqueles povos antigos. Além da arte dos povos pré-históricos, também é considerada arte 
primitiva aquela produzida pelos índios e outros povos que viviam na América antes da vinda 
de Colombo. Os maias, os astecas e os incas representavam a arte pré-colombiana. São 
pinturas, esculturas e templos maravilhosos, feitos de pedras ou materiais preciosos, que nos 
contam a história desses povos. 
 
A Origem do Homem Americano 
 
Segundo alguns estudiosos, o continente americano começou a ser povoado há 30.000, 
50.000 ou até 60.000 anos atrás. Dos povos mais antigos, os arqueólogos encontraram restos 
de carvão, objetos de pedra, desenhos e pinturas em cavernas e partes de esqueletos. Dos 
povos mais recentes encontramos grandes obras como: pirâmides, templos e cidades. Alguns, 
como os Astecas e os Mais, conheceram a escrita e deixaram documentos que continuam 
sendo estudados. Hoje, os pesquisadores admitem que os primeiros habitantes americanos 
vieram da Ásia, devido à grande semelhança física entre índios e mongóis. A teoria mais aceita 
é de que os primitivos vieram a pé, pelo estreito de Behring, na glaciação de 62.000 anos atrás. 
Outros afirmam que vieram pelas ilhas da Polinésia, em pequenos barcos, tendo 
desembarcado em diversos pontos e daí se espalhado. Os vestígios mais antigos da presença 
do homem no continente foram encontrados em São Raimundo Nonato no Piauí pela 
arqueóloga Niede Guidon, com idade de 48.000 anos, permitindo a conclusão de que eram 
caçadores e usavam o fogo para cozinhar, atacar e defender-se dos inimigos, pelos utensílios 
encontrados. 
 
O SURGIMENTO DAS CIDADES 
 
Em urbanismo, duas grandes correntes de pensamento procuram explicar a origem das 
cidades. Para uma delas, a origem estaria no comércio. As cidades teriam nascido como 
centros de troca. Para a outra, seria a guerra. A cidade como uma fortaleza, uma muralha de 
proteção contra inimigos presentes e futuros. 
Ao observarmos fotos, revistas, jornais e filmes antigos podemos ver o quanto as coisas 
eram diferentes do mundo de hoje. As roupas das pessoas, os projetos de suas casas, os 
móveis, os carros, dentre outros. Fazer visitas e passeios a museus também nos ajuda a 
descobrir essas diferenças, pois nestes são encontrados objetos que retratam diferentes 
épocas e fatos históricos. 
As cidades existem desde a pré-história, e vêm sofrendo transformações em razão das 
necessidades do homem. 
As primeiras cidades desenvolveram-se nas proximidades de grandes rios, onde se 
iniciou a atividade agrícola. 
O cultivo da terra permitiu que as sociedades produzissem mais alimentos. Com isso, a 
população humana cresceu mais rapidamente. 
Ao contrário dos agrupamentos humanos anteriores, as cidades tinham duas 
características básicas: maior divisão do trabalho e centralização política. 
No século XIX, surgiram as primeiras indústrias, as facilidades que trouxeram para a vida 
do homem aceleraram o crescimento das cidades. Onde havia indústrias a população era 
maior, pois era uma forma das pessoas procurarem emprego. 
Outro motivo que influenciou no crescimento das cidades foram as grandes plantações de 
café. Nas fazendas também havia grandes concentrações de pessoas para cuidar das lavouras 
e fazer a coleta. Os imigrantes, pessoas de outros países que vieram para o Brasil, foram os 
grandes responsáveis por esse trabalho, pois ofereciam mão-de-obra mais barata para os 
senhores do café. 
 
A Centralização Política 
 
Com o desenvolvimento da agricultura e o aumento populacional, tornou-se necessário 
organizar melhor o trabalho na sociedade. Esse trabalho de coordenação era feito pela família 
da aldeia mais poderosa, que assumia o controle da produção de alimentos e da construção de 
obras públicas, como canais de irrigação e diques. O chefe dessa família passava então a ser 
um rei. 
Para conseguir estender esse controle sobre toda a população, o rei utilizava seus 
próprios servidores. Entre esses servidores, uns eram encarregados de registrar as colheitas, 
outros eram responsáveis pelo armazenamento dos grãos, e assim por diante. 
Originou-se assim uma organização de pessoas com plena autoridade sobre a população, 
que podiam, por exemplo, criar e cobrar impostos, organizar a defesa, fazer as leis e julgar os 
crimes. É o que chamamos de processo de centralização política ou de formação do Estado. O 
palácio era o local onde essas pessoas se reuniam com o rei. 
Além do palácio, existiam os templos, onde os sacerdotes cultuavam os deuses 
protetores da cidade. 
Hoje em dia é muito diferente. A modernidade deixou a vida mais agitada e as cidades 
maiscompletas. Nelas podemos encontrar esportes, lazer, cultura, arte, trabalho, um grande 
comércio, várias indústrias, além dos governantes que cuidam dos problemas e dos interesses 
de seu povo. 
 
 
CAPÍTULO 2: HISTÓRIA ANTIGA 
 
A História Antiga é uma época histórica que coincide com o surgimento e 
desenvolvimento das primeiras civilizações, também conhecidas como civilizações antigas. De 
acordo com a historiografia, o início deste período é marcado pelo surgimento da escrita (por 
volta de 4.000 a.C), que representa também o fim da Pré-História. De acordo com este sistema 
de periodização histórica, a Antiguidade vai até o século V, com a queda do Império Romano 
do Ocidente após as invasões dos povos germânicos (bárbaros). 
 
Principais características históricas desta época 
 
- Surgimento e desenvolvimento da vida urbana; 
- Poder político centralizado nas mãos de reis; 
- Sociedade marcada pela estratificação social; 
- Desenvolvimento de religiões (maioria politeístas) organizadas; 
- Militarização e ocorrências constantes de guerras entre povos; 
- Desenvolvimento e fortalecimento do comércio; 
- Desenvolvimento do sistema de cobrança de impostos e obrigações sociais; 
- Criação de sistemas jurídicos (leis); 
- Desenvolvimento cultural e artístico. 
 
Principais povos e civilizações antigas 
 
- Mesopotâmia 
- Persas 
- Egito Antigo 
- Hebreus 
- Hititas 
- Grécia Antiga 
- Roma Antiga 
- Creta 
- Povos Bárbaros 
- Celtas 
- Etruscos 
A ANTIGUIDADE ORIENTAL 
HISTÓRIA DA MESOPOTÂMIA 
 
A palavra mesopotâmia tem origem grega e significa "terra entre rios". Essa região 
localiza-se entre os rios Tigre e Eufrates no Oriente Médio, onde atualmente é o Iraque. Esta 
civilização é considerada uma das mais antigas da história. Vários povos antigos habitaram 
essa região entre os séculos V e I a.C. Entre estes povos, podemos destacar: babilônicos, 
assírios, sumérios, caldeus, amoritas e acádios. Vale dizer que os povos da antiguidade 
buscavam regiões férteis, próximas a rios, para desenvolverem suas comunidades. Dentro 
desta perspectiva, a região da mesopotâmia era uma excelente opção, pois garantia a 
população: água para consumo, rios para pescar e via de transporte pelos rios. Outro benefício 
oferecido pelos rios eram as cheias que fertilizavam as margens, garantindo um ótimo local 
para a agricultura. No geral, eram povos politeístas, pois acreditavam em vários deuses ligados 
à natureza. No que se refere à política, tinham uma forma de organização baseada na 
centralização de poder, onde apenas uma pessoa ( imperador ou rei ) comandava tudo. A 
economia destes povos era baseada na agricultura e no comércio nômade de caravanas. 
 
Sumérios 
 
Este povo destacou-se na construção de um complexo sistema de controle da água dos 
rios. Construíram canais de irrigação, barragens e diques. A armazenagem da água era de 
fundamental importância para a sobrevivência das comunidades. Uma grande contribuição dos 
sumérios foi o desenvolvimento da escrita cuneiforme, por volta de 4000 a.C. Usavam placas 
de barro, onde cunhavam esta escrita. Muito do que sabemos hoje sobre este período da 
história, devemos as placas de argila com registros cotidianos, administrativos, econômicos e 
políticos da época. 
Os sumérios, excelentes arquitetos e construtores, desenvolveram os zigurates. Estas 
construções eram em formato de pirâmides e serviam como locais de armazenagem de 
produtos agrícolas e também como templos religiosos. Construíram várias cidades importantes 
como, por exemplo: Ur, Nipur, Lagash e Eridu. 
 
Babilônios 
 
Este povo construiu suas cidades nas margens do rio Eufrates. Foram responsáveis por 
um dos primeiros códigos de leis que temos conhecimento. Baseando-se nas Leis de Talião (" 
olho por olho, dente por dente"), o imperador de legislador Hamurabi desenvolveu um conjunto 
de leis para poder organizar e controlar a sociedade. De acordo com o Código de Hamurabi, 
todo criminoso deveria ser punido de uma forma proporcional ao delito cometido. Os babilônios 
também desenvolveram um rico e preciso calendário, cujo objetivo principal era conhecer mais 
sobre as cheias do rio Eufrates e também obter melhores condições para o desenvolvimento da 
agricultura. Excelentes observadores dos astros e com grande conhecimento de astronomia, 
desenvolveram um preciso relógio de sol. 
Além de Hamurabi, um outro imperador que se tornou conhecido por sua administração 
foi Nabucodonosor II, responsável pela construção dos Jardins suspensos da Babilônia (que 
fez para satisfazer sua esposa) e a Torre de Babel (zigurate vertical de 90 metros de altura). 
Sob seu comando, os babilônios chegaram a conquistar o povo hebreu e a cidade de 
Jerusalém. 
 
Assírios 
 
Este povo destacou-se pela organização e desenvolvimento de uma cultura militar. 
Encaravam a guerra como uma das principais formas de conquistar poder e desenvolver a 
sociedade. Eram extremamente cruéis com os povos inimigos que conquistavam. Impunham 
aos vencidos, castigos e crueldades como uma forma de manter respeito e espalhar o medo 
entre os outros povos. Com estas atitudes, tiveram que enfrentar uma série de revoltas 
populares nas regiões que conquistavam. 
 
Acadianos 
 
Os acádios, grupos de nômades vindos do deserto da Síria, começaram a penetrar nos 
territórios ao norte das regiões sumérias, terminando por dominar as cidades-estados desta 
região por volta de 2550 a.C.. Mesmo antes da conquista, porém, já ocorria uma síntese entre 
as culturas suméria e acádia, que se acentuou com a unificação dos dois povos. Os ocupantes 
assimilaram a cultura dos vencidos, embora, em muitos aspectos, as duas culturas 
mantivessem diferenças entre si, como por exemplo - e mais evidentemente - no campo 
religioso. 
A maioria das cidades-templos foi unificada pela primeira vez por volta de 2375 a.C. por 
Lugal-zage-si, soberano da cidade-estado de Uruk. Foi a primeira manifestação de uma ideia 
imperial de que se tem notícia na história. 
Depois, quando Sargão I, patési da cidade de Acádia, subiu ao poder, no século XXIII 
a.C., ele levou esse processo cooptativo adiante, conquistando muitas das regiões 
circunvizinhas, terminando por criar um império de grandes proporções, cobrindo todo o 
Oriente Médio e chegando a se estender até o Mar Mediterrâneo e a Anatólia, . 
Sargão I era chamado "soberano dos quatro cantos da terra" (isto é, governante do 
mundo inteiro), em reconhecimento ao sucesso da unificação mesopotâmica. O rei tornou-se 
mítico a ponto de ser tradicionalmente considerado o primeiro governante do novo império (que 
combinava a Acádia e a Suméria), deixando o Lugal-zage-si de Uruk perdido por muito tempo 
nas areias do tempo, sendo redescoberto apenas recentemente. É interessante notar, contudo, 
que, apesar da unificação, as estruturas políticas da Suméria continuaram existindo. Os reis 
das cidades-estados sumerianas foram mantidos no poder e reconheciam-se como tributários 
dos conquistadores acadianos. 
O império criado por Sargão desmoronou após um século de existência, em 
conseqüência de revoltas internas e dos ataques dos guti, nômades originários dos montes 
Zagros, no Alto do Tigre, que investiam contra as regiões urbanizadas, uma vez que a 
sedentarização das populações do Oriente Médio lhes dificultava a caça e o pastoreio. Por 
volta de 2150 a.C., os guti conquistaram a civilização sumério-acadiana. Depois disso, a 
história da Mesopotâmia parecia se repetir. A unidade política dos sumério-acadianos era 
destruída pelos guti, que, por sua vez, eram vencidos por revoltas internas dos sumério-
acadianos. 
O domínio intermitente dos guti durou um século, sendo substituído no século seguinte 
(cerca de 2100 a.C.–1950 a.C.) por uma dinastia proveniente da cidade-estado de Ur. Expulsos 
osguti, Ur-Nammu reunificou a região sobre o controle dos sumérios. Foi um rei enérgico, que 
construiu os famosos zigurates e promoveu a compilação das leis do direito sumeriano. Os reis 
de Ur não somente restabeleceram a soberania suméria, mas também conquistaram a Acádia. 
Nesse período, chamado de renascença sumeriana, a civilização suméria atingiu seu apogeu. 
Contudo, esse foi o último ato de manifestação do poder político da Suméria: atormentados 
pelos ataques de tribos elamitas e amoritas, o império ruiu. Nesta época, os sumérios 
desapareceram da história, mas a influência de sua cultura nas civilizações subseqüentes da 
Mesopotâmia teve longo alcance. 
O EGITO ANTIGO 
 
Os faraós eram os reis do Egito Antigo. Possuíam poderes absolutos na sociedade, 
decidindo sobre a vida política, religiosa, econômica e militar. Como a transmissão de poder no 
Egito era hereditária, o faraó não era escolhido através de voto, mas sim por ter sido filho de 
outro faraó. Desta forma, muitas dinastias perduraram centenas de anos no poder. 
 
O poder dos faraós 
 
Na civilização egípcia, os faraós eram considerados deuses vivos. Os egípcios 
acreditavam que estes governantes eram filhos diretos do deus Osíris, portanto agiam como 
intermediários entre os deuses e a população egípcia. 
Os impostos arrecadados no Egito concentravam-se nas mãos do faraó, sendo que era 
ele quem decidia a forma que os tributos seriam utilizados. Grande parte deste valor 
arrecadado ficava com a própria família do faraó, sendo usado para a construção de palácios, 
monumentos, compra de jóias, etc. Outra parte era utilizada para pagar funcionários (escribas, 
militares, sacerdotes, administradores, etc) e fazer a manutenção do reino. 
Ainda em vida o faraó começava a construir sua pirâmide, pois está deveria ser o túmulo 
para o seu corpo. Como os egípcios acreditavam na vida após a morte, a pirâmide servia para 
guardar, em segurança, o corpo mumificado do faraó e seus tesouros. No sarcófago era 
colocado também o livro dos mortos, contando todas as coisas boas que o faraó fez em vida. 
Esta espécie de biografia era importante, pois os egípcios acreditavam que Osíris (deus dos 
mortos) iria utilizá-la para julgar os mortos. 
 
 
Exemplos de faraós famosos e suas realizações 
 
- Tutmés I – conquistou boa parte da Núbia e ampliou, através de guerras, territórios até a 
região do rio Eufrates. 
- Tutmés III – consolidou o poder egípcio no continente africano após derrotar o reino de 
Mitani. 
- Ransés II – buscou estabelecer relações pacíficas com os hititas, conseguindo fazer o 
reino egípcio obter grande desenvolvimento e prosperidade. 
- Tutankamon – o faraó menino, governou o Egito de 10 a 19 anos de idade, quando 
morreu, provavelmente assassinado. A pirâmide deste faraó foi encontrada por arqueólogos em 
1922. Dentro dela foram encontrados, além do sarcófago e da múmia, tesouros 
impressionantes. 
 
A maldição do faraó 
 
No começo do século XX, os arqueólogos descobriram várias pirâmides no Egito Antigo. 
Nelas, encontraram diversos textos, entre eles, um que dizia que: "morreria aquele que 
perturbasse o sono eterno do faráo". Alguns dias após a entrada nas pirâmides, alguns 
arqueólogos morreram de forma estranha e sem explicações. O medo espalhou-se entre 
muitas pessoas, pois os jornais divulgavam que a "maldição dos faraós" estava fazendo 
vítimas. Porém, após alguns estudos, verificou-se que os arqueólogos morreram, pois inalaram, 
dentro das pirâmides, fungos mortais que atacavam os órgãos do corpo. A ciência conseguiu 
explicar e desmistificar a questão. 
 
A sociedade egípcia 
 
A sociedade do Egito Antigo possuía uma forma de organização bem eficiente, embora 
injusta, garantindo seu funcionamento e expansão. Esta sociedade era hierárquica, ou seja, 
cada segmento possuía funções e poderes determinados, sendo que os grupos com menos 
poderes tinham que obedecer quem estava acima. 
 
Os principais grupos sociais e suas funções 
 
Faraó 
 
Era o governante do Egito. Possuía poderes totais sobre a sociedade egípcia, além de ser 
reconhecido como um deus. O poder dos faraós era transmitido hereditariamente, portanto não 
havia nenhum processo de escolha ou votação para colocá-lo no poder. O faraó e sua família 
eram muito ricos, pois ficavam com boa parte dos impostos recolhidos entre o povo. A família 
real vivia de forma luxuosa em grandes palácios. Ainda em vida, ordenava a construção da 
pirâmide que iria abrigar seu corpo mumificado e seus tesouros após a morte. 
 
Sacerdotes 
 
Na escala de poder estavam abaixo somente do faraó. Eram responsáveis pelos rituais, 
festas e atividades religiosas no Antigo Egito. Conheciam muito bem as características e 
funções dos deuses egípcios. Comandavam os templos e os rituais após a morte do faraó. 
Alguns sacerdotes foram mumificados e seus corpos colocados em pirâmides, após a morte. 
 
Chefes Militares 
 
Os chefes militares eram os responsáveis pela segurança do território egípcio. Em 
momentos de guerra ganhavam destaque na sociedade. Tinham que preparar e organizar o 
exército de forma eficiente, pois uma derrota ou fracasso podia lhes custar a própria vida. 
 
Escribas 
 
Eram os responsáveis pela escrita egípcia (hieroglífica e demótica). Registravam os 
acontecimentos e, principalmente, a vida do faraó. Escreviam no papiro (papel feito de fibras da 
planta papiro), nas paredes das pirâmides ou em placas de barro ou pedra. Os escribas 
também controlavam e registravam os impostos cobrados pelo faraó. 
 
Povo Egípcio 
 
Mais da metade da sociedade egípcia era formada por comerciantes, artesãos, lavradores 
e pastores. Trabalhavam muito para ganhar o suficiente para a manutenção da vida. Podiam 
ser convocados pelo faraó para trabalharem, sem receber salários, em obras públicas (diques, 
represas, palácios, templos). 
 
Escravos 
 
Geralmente eram os inimigos capturados em guerras de conquista. Trabalhavam muito e 
não recebiam salário. Ganhavam apenas roupas velhas e alimentos para a sobrevivência. 
Eram constantemente castigados como forma de punição. Eram desprezados pela sociedade e 
não possuiam direitos. 
 
As pirâmides 
 
As Pirâmides de Gizé, Guizé ou Guiza ocupam a primeira posição na lista das sete 
maravilhas do mundo antigo. 
A grande diferença das Pirâmides de Gizé em relação às outras maravilhas do mundo é 
que elas ainda persistem, resistindo ao tempo e às intempéries da natureza, encontrando-se 
em relativo bom estado e, por este motivo, não necessitam de historiadores ou poetas para 
serem conhecidas, já que podem ser vistas. 
A palavra pirâmide não provém da língua egípcia. Formou-se a partir do grego "pyra" (que 
quer dizer fogo, luz, símbolo) e "midos" (que significa medidas). 
As pirâmides de Gizé estão localizadas na esplanada de Gizé, na antiga necrópole da 
cidade de Mênfis, e atualmente integra o Cairo, no Egito. Elas são as únicas das antigas 
maravilhas que sobreviveram ao tempo. 
Estas três majestosas pirâmides foram construídas como tumbas reais para os reis Kufu 
(ou Quéops), Quéfren, e Menkaure (ou Miquerinos) - pai, filho e neto. A maior delas, com 160 
m de altura (49 andares), é chamada Grande Pirâmide, e foi construída cerca de 2550 a.C. 
para Kufu, no auge do antigo reinado do Egito. 
As pirâmides de Gizé são um dos monumentos mais famosos do mundo. Como todas as 
pirâmides, cada uma faz parte de um importante complexo que compreende um templo, uma 
rampa, um templo funerário e as pirâmides menores das rainhas, todo cercado de túmulos 
(mastabas) dos sacerdotes e pessoas do governo, uma autêntica cidade para os mortos. As 
valas aos pés das pirâmides continham botes desmontados: parte integral da vida no Nilosendo considerados fundamentais na vida após a morte, porque os egípcios acreditavam que o 
defunto-rei navegaria pelo céu junto ao Rei-Sol. Apesar das complicadas medidas de 
segurança, como sistemas de bloqueio com pedregulhos e grades de granito, todas as 
pirâmides do Antigo Império foram profanadas e roubadas possivelmente antes de 2000 a.C. 
A Grande Pirâmide, de 450 pés de altura, é a maior de todas as 80 pirâmides do Egito. Se 
a Grande Pirâmide estivesse na cidade de Nova Iorque por exemplo, ela poderia cobrir sete 
quarteirões. Todos os quatro lados são praticamente do mesmo comprimento, com uma 
exatidão não existente apenas por alguns centímetros. Isso mostra como os antigos egípcios 
estavam avançados na matemática e na engenharia, numa época em que muitos povos do 
mundo ainda eram caçadores e andarilhos. A Grande Pirâmide manteve-se como a mais alta 
estrutura feita pelo homem até a construção da Torre Eiffel, em 1900, 4.400 anos depois da 
construção da pirâmide. 
Para os egípcios, a pirâmide representava os raios do Sol, brilhando em direção à Terra. 
Todas as pirâmides do Egito foram construídas na margem oeste do Nilo, na direção do sol 
poente. Os egípcios acreditavam que, enterrando seu rei numa pirâmide, ele se elevaria e se 
juntaria ao sol, tomando o seu lugar de direito com os deuses. 
Um velho provérbio árabe ilustra isso: "O tempo ri para todas as coisas, mas as pirâmides 
riem do tempo". 
Pouco se sabe a respeito do rei Kufu. As lendas dizem que ele era um tirano, fazendo de 
seu povo escravos para a realização do trabalho. É possível, porém que os egípcios comuns 
considerassem uma honra e um dever religioso trabalharem na Grande Pirâmide. Além disso, a 
maior parte do trabalho na pirâmide ocorreu durante os quatro meses do ano quando o rio Nilo 
estava inundado e não havia trabalho para ser feito nas fazendas. Alguns registros mostram 
que as pessoas que trabalharam nas pirâmides foram pagas com cerveja. 
Foram necessários 30.000 trabalhadores por mais de 50 anos para construir a Grande 
Pirâmide. Foram usados mais de 2.000.000 de blocos de pedra, cada qual pesando em média 
duas toneladas e meia. Existem muitas idéias diferentes sobre o modo de construção daquela 
pirâmide. Muito provavelmente os pesados blocos eram colocados sobre trenós de madeira e 
arrastados sobre uma longa rampa. Enquanto a pirâmide ficava mais alta, a rampa ficava mais 
longa, para manter o nível de inclinação igual. Mas uma outra teoria é a de que uma rampa 
envolvia a pirâmide, como uma escada em espiral. 
Existem três passagens dentro da Grande Pirâmide, levando às três câmaras. A maioria 
das pirâmides tem apenas uma câmara mortuária subterrânea, mas enquanto a pirâmide ia 
ficando cada vez mais alta, provavelmente Kufu mudou de idéia, duas vezes. Ele finalmente foi 
enterrado na Câmara do Rei, onde a pedra do lado de fora de seu caixão - chamado sarcófago 
- está hoje. (A câmara do meio foi chamada Câmara da Rainha, por acidente. A rainha foi 
enterrada numa pirâmide muito menor, ao lado da pirâmide de Kufu). 
O paradeiro do corpo de Kufu é desconhecido, bem como os tesouros enterrados com 
ele. A pirâmide foi roubada há alguns milhares de anos. Todos os reis do Egito foram vítimas 
de ladrões de túmulos - exceto um, chamado Tutankhamon (ou Rei Tut Ankh Âmon'. Os 
tesouros de ouro da tumba de Tutankhamon foram descobertos em meio a riquíssimos 
tesouros por Lord Carnavon e seu amigo Howard Carter, em 1922. 
Começando por seu interior ela foi construída com blocos de pedra calcária, sendo que a 
camada externa das pirâmides foi revestida com uma camada protetora de pedras vindas das 
pedreiras de Tura, que são polidas e tem um brilho distinto. 
Era composta de 1,0 milhões de enormes blocos de calcário - estima-se que cada um 
pese de duas a três toneladas. 
Observa-se que o ângulo de inclinação de seus lados fizeram com que cada lado fosse 
orientado cuidadosamente pelos pontos cardeais. 
Em todos os níveis da pirâmide a seção transversal horizontal é Triangular. 
As teorias inventadas nos últimos séculos para explicar a construção das pirâmides 
sofrem todas de uma problema comum. O desconhecimento da ciência egipcia do Antigo 
Império. Conhecimento este que foi recuperado apenas no final do século XX. 
A teoria que melhor explica as construções das pirâmides sem encontrar contradições 
logísticas e sem invocar elementos extra-terrenos é a química, mais exatamente um ramo dela, 
a geopolimerização. Os blocos foram produzidos a partir de calcário dolomítico, facilmente 
agregado no local usando-se compostos muito comuns na época, como cal, salitre e areia. 
Toda a massa dos blocos foi transportada por homens carregando cestos da massa, posta a 
secar em moldes de madeira. O esforço humano neste caso seria muito menor e o 
assentamento do blocos perfeito. 
Contra a teoria da geopolimerização pesa nomeadamente o fato de que os antigos 
egípcios especializaram-se na extração e transporte de enormes blocos de pedra, tais como 
obeliscos de granito que chegavam a pesar mais de 300 toneladas. Ainda hoje é possível ver-
se, em uma pedreira abandonada, em Assuã, o famoso obelisco inacabado, com mais de mil 
toneladas de peso, que tem servido como fonte de informações das técnicas utilizadas na 
extração de blocos de granito. 
 
HISTÓRIA DOS HEBREUS, PERSAS E FENICIOS 
 
História do povo hebreu 
 
A Bíblia é a referência para entendermos a história deste povo. De acordo com as 
escrituras sagradas, por volta de 1800 AC, Abraão recebeu uma sinal de Deus para abandonar 
o politeísmo e para viver em Canaã ( atual Palestina). Isaque, filho de Abraão, tem um filho 
chamado Jacó. Este luta , num certo dia, com um anjo de Deus e tem seu nome mudado para 
Israel. 
Os doze filhos de Jacó dão origem as doze tribos que formavam o povo hebreu. Por volta 
de 1700 AC, o povo hebreu migra para o Egito, porém são escravizados pelos faraós por 
aproximadamente 400 anos. A libertação do povo hebreu ocorreu por volta de 1300 AC. A fuga 
do Egito foi comandada por Moisés, que recebeu as tábuas dos Dez Mandamentos no monte 
Sinai. Durante 40 anos ficaram peregrinando pelo deserto, até receberem um sinal de Deus 
para voltarem para a terra prometida, Canaã. 
Jerusalém é transformada num centro religioso pelo rei Davi. Após o reinado de Salomão, 
filho de Davi, as tribos dividem-se em dois reinos : Reino de Israel e Reino de Judá. Neste 
momento de separação, aparece a crença da vinda de um messias que iria juntar o povo de 
Israel e restaurar o poder de Deus sobre o mundo. Em 721 começa a diáspora judaica com a 
invasão babilônica. O imperador da Babilônia, após invadir o reino de Israel, destrói o templo 
de Jerusalém e deporta grande parte da população judaica. 
No século I, os romanos invadem a Palestina e destroem o templo de Jerusalém. No 
século seguinte, destroem a cidade de Jerusalém, provocando a segunda diáspora judaica. 
Após estes episódios, os hebreus espalham-se pelo mundo, mantendo a cultura e a religião. 
Em 1948, o povo hebreu retoma o caráter de unidade após a criação do estado de Israel. 
 
História dos Persas 
 
 Os persas, importante povo da antiguidade oriental, ocuparam a região da Pérsia (atual 
Irã). Este povo dedicou-se muito ao comércio, fazendo desta atividade sua principal fonte 
econômica. A política era toda dominada e feita pelo imperador, soberano absoluto que 
mandava em tudo e em todos. O rei era considerado um deus, desta forma, o poder era de 
direito divino. 
Ciro, o grande, foi o mais importante imperador dos medos e persas. Durante seu governo 
( 560 a.C - 529 a.C ), os persas conquistaram vários territórios, quase sempre através de 
guerras. Em539 a.C, conquistou a Babilônia, levando o império de Helesponto até as fronteiras 
da Índia. 
A religião persa era dualista e tinha o nome de Zoroastrismo ou Masdeísmo, criada em 
homenagem a Zoroastro ou Zaratrusta, o profeta e líder espiritual criador da religião. 
 
História dos Fenícios 
 
A civilização fenícia desenvolveu-se na Fenícia, território do atual Líbano. No aspecto 
econômico, este povo dedicou-se e obteve muito sucesso no comércio marítimo. Mantinha 
contatos comerciais com vários povos da região do Oriente. As cidades fenícias que mais de 
desenvolveram na antiguidade foram Biblos, Tiro e Sidon. 
A religião fenícia era politeísta e antropomórfica, sendo que cada cidade possuía seu 
deus (baal = senhor). Acreditavam que através do sacrifício de animais e de seres humanos 
podiam diminuir a ira dos deuses. Por isso, praticavam esses rituais com certa freqüência, 
principalmente antes de momentos importantes. 
 
GRÉCIA ANTIGA 
 
Civilização minóica 
 
A civilização minóica foi uma civilização existente nas ilhas do mar Egeu entre 2200 a.C. e 
1400 a.C.. Esta civilização foi descoberta pelo arqueólogo inglês Arthur Evans, tendo o seu 
foco principal na ilha de Creta. 
A civilização minóica teria surgido a partir de uma fusão dos habitantes de Creta com 
populações que se fixaram nesta ilha vindas da Ásia Menor. Os Minóicos tiveram como 
principal actividade económica o comércio e criaram uma civilização que tinha em grandes 
palácios os seus centros administrativos. Em torno dos palácios existiam casas, não sendo os 
palácios amuralhados. Os palácios apresentavam sistemas de iluminação e esgotos e estavam 
decorados com belas pinturas. 
Os Minóicos já conheciam a escrita (Linear A e Linear B) e destacaram-se pelo trabalho 
do ouro e das gemas, bem como por uma cerâmica decorada com motivos marítimos e 
geométricos. 
Suas terras mais férteis estavam na parte esquerda da ilha, onde se encontravam as 
principais cidades como Cnossos (capital) e Kato-Zacros. Apesar dos seus palácios terem 
sofrido com os terremotos que atingiam a região, os Minóicos prosperaram até 1400 a.C. A 
decadência desta civilização parece ter sido o resultado de ataques de inimigos, entre os quais 
se encontrariam os Micénicos. 
Vale a pena destacar o papel da mulher na sociedade minóica. Ao contrário das futuras 
cidades, como Atenas e Esparta, onde a mulher não tinha direitos políticos e era vista apenas 
como uma reprodutora, a mulher Minóica era livre, podia adquirir propriedades e ser 
independente. 
 
Civilização micênica 
 
Os Minóicos viriam a influenciar a história da Grécia através dos Micénicos, que adoptam 
aspectos da cultura minóica. O nome "micénico" foi criado por Heinrich Schliemann com base 
nos estudos que fez no sítio de Micenas, no nordeste do Peloponeso, onde outrora se erguia 
um grande palácio e uma das principais cidades além de Tirinto, Tebas e Esparta. Julga-se que 
os Micénicos se chamariam a si próprios Aqueus. A sua civilização floresceu entre 1600 e 1200 
a.C. 
Os Micénicos já falavam grego. Não tinham uma unidade política, existindo vários reinos 
micénicos. À semelhança dos Minóicos o centro político encontrava-se no palácio, cujas 
paredes também estavam decoradas com afrescos. 
Para além de praticarem o comércio, os Micénicos eram amantes da guerra e da caça. 
Por volta de 1400 a.C. os Micénicos teriam ocupado Cnossos, centro da cultura minóica. 
Por volta de 1250 a.C. o mundo micénico entra em declínio, o que estaria relacionado 
com a decadência do reino hitita no Próximo Oriente, que teria provocado a queda das rotas 
comerciais. Sua decadência envolveu também guerras internas. É provável que a destruição da 
cidade de Tróia, facto que se teria verificado entre 1230 a.C. e 1180 a.C., possa estar 
relacionado com o relato literário de Homero na Ilíada, escrita séculos depois. 
 
Idade das Trevas 
 
Dá-se o nome de Idade das Trevas ao período que se seguiu ao fim da civilização 
micénica e que se situa entre 1100 a.C. e 750 a.C.. Durante este período perdeu-se o 
conhecimento da escrita, que só seria readquirido no século VIII a.C.. Os objectos de luxo 
produzidos durante a era micénica não são mais fabricados neste período. A designação 
atribuída ao período encontra-se relacionada não apenas com a decadência civilizacional, mas 
também com as escassas fontes para o conhecimento da época. 
Outro dos fenómenos que se verificou durante este período foi o da diminuição 
populacional, não sendo conhecidas as razões exactas que o possam explicar. Para além 
disso, as populações também se movimentam, abandonando antigos povoados para se fixarem 
em locais que ofereciam melhores condições de segurança. 
 
O Período Homérico 
 
Chama-se período homérico uma das fases da história da Grécia (c. 1200 a.C. –800 a.C.) 
cuja principal fonte de informação são as obras de Homero, Ilíada e Odisseia. 
Inicia-se no final da civilização micênica - com a suposta invasão dórica do século XI a.C. 
-, estendendo-se até o fim da Idade das Trevas na Grécia, por volta de 800 a.C.), quando 
surgem os primeiros registros escritos, inclusive a literatura épica de Homero século VIII a.C.), 
e as primeiras pólis, as cidades-estados gregas começam a se estruturar.Durante o período 
micênico (c. 1600 a.C. - c. 1100 a.C.), os eólios e os jônios já se haviam estabelecido na Ática, 
onde fundaram Atenas. 
O período homérico tem início por volta de 1150 a.C., quando os dóricos começaram a 
invadir o Peloponeso, o que provocou a redução da atividade agrícola e da produção artesanal, 
a paralisação do comércio e a emigração de muitos jônios e eólios para as ilhas do Egeu e Ásia 
Menor, no episódio denominado de Primeira Diáspora Grega, com a consequente 
desarticulação da civilização creto-micênica até ali estruturada. 
O período homérico ficou marcado pela constituição das chamadas comunidades 
gentílicas. A base da sociedade passou a ser o genos (reunião em um mesmo lar de todos os 
descendentes de um único antepassado - aparentados consanguíneos ou não - , que era um 
herói ou um semideus). Era uma espécie de clã e funcionava em economia fechada (autarquia) 
e politicamente autônoma. Cada um dos genos possuía o seu pater, uma espécie de líder 
político e econômico, pessoa de prestígio dentro do grupo, que entretanto não usufruía de 
privilégios maiores em relação aos demais membros do grupo. Um conjunto de genos formava 
a fratria; as fratrias reunidas formavam as tribos. Tudo o que era produzido pela fratria era 
distribuído igualitariamente entre as genos, impedindo assim a ascensão de um único genos. 
Caso o genos fosse pouco numeroso ou não dominasse certo tipo de trabalho, era aceitável 
buscar o trabalho de escravos ou de artesãos. Apesar da distribuição da produção ser de 
caráter igualitário, existia uma organização social baseada no grau de parentesco com o chefe 
do genos. Quanto mais distante este grau de parentesco, menor a sua importância social. No 
plano político, o poder do chefe pater tinha sua base no monopólio de fórmulas secretas que 
permitiam um contato com os ancestrais e os deuses que protegiam aquela família. 
Em período relativamente curto, o desenvolvimento dessas comunidades baseado em 
atividades agrícolas e na exploração coletiva das terras, resultou em um incremento 
populacional que acabou abrindo caminho para diversas disputas pelo controle das terras 
cultiváveis. O genos começou a encontrar dificuldades para manter sua organização 
econômica e social em razão de limitações técnicas na produção de alimentos e, ao mesmo 
tempo, começa a se fragmentar em núcleos menores, o que leva ao seu enfraquecimento. 
Neste processo, os beneficiados foram os parentes maispróximos do pater, enquanto os 
mais afastados foram excluídos de vez. Esta desintegração fez com que as diferenças sociais 
fossem aumentadas consideravelmente. O grupo dos que quase nada possuíam formou uma 
camada marginal que mal sobrevivia, enquanto o poder do chefe diluía-se entre seus parentes 
mais próximos, os eupátridas, que passaram a monopolizar os equipamentos de guerra, a 
justiça, a religião e tudo aquilo que envolvesse poder. Isto fez com que se consolidasse uma 
aristocracia que teve como base a posse de terras. A divisão das terras prosseguiu da seguinte 
forma: 
- Os eupátridas (bem-nascidos), ficaram com as terras mais férteis; 
- Os georghoi (agricultores) ficaram com a periferia, ou seja, as terras menos férteis; 
- Os thetas (marginais), foram os que ficaram sem terras, marginalizados. 
- Os eupátridas, herdeiros da tradição do pater, monopolizaram o poder político, 
constituindo uma aristocracia fundiária. 
Por volta do século VIII a.C., a população crescia acentuadamente, e a escassez de 
terras férteis levou novamente a disputas e guerras entre os genos e à desestruturação das 
comunidades. A desorganização da vida coletiva da Grécia conduz à Segunda Diáspora 
Grega. Dessa vez, contingentes populacionais marginalizados pela crescente apropriação de 
terras assolados pela fome deslocam-se em direção ao Mar Negro e à Península Itálica, onde 
fundam cidades e colônias, superando os limites do Mar Egeu. Essa expansão dá lugar à 
fundação de novas cidades, como Éfeso, Magnésia, Mileto, Foceia, Cindo, Halicarnasso, 
isoladas e independentes. Com o tempo a união de tribos deu origem a pequenas cidades-
estado, as pólis. Entre os séculos IX a.C. e VIII a.C. surgiram cerca de 160 cidades-estado - 
cada uma delas com um templo constuído em sua parte mais elevada, a Acrópole. O processo 
de estruturação das pólis dura aproximadamente 300 anos e culmina com a realização das 
primeiras olimpíadas, em 776 a.C. 
 
O Período Arcaico 
 
Período Arcaico é o nome que se dá ao período da Grécia Antiga em que ocorreu o 
desenvolvimento cultural, político e social, situado entre c. 700 a.C. e 500 a.C., posterior à 
Idade das Trevas e antecessor o Período clássico. Nesta altura dão-se os primeiros avanços 
significativos para a ascensão da democracia e observa-se também uma revitalização da 
linguagem escrita. 
Em termos artísticos o período caracteriza-se pela edificação dos primeiros templos 
inspirados nas habitações micénicas, pelas tipologias escultóricas kouros e kore, e pelo início 
do registo de pintura negra em cerâmica. 
 
A colonização 
 
Um dos fenômenos mais importantes do Período Arcaico foi o da colonização, que 
espalhou os gregos um pouco por toda a área costeira da bacia do Mar Mediterrâneo e do Mar 
Negro. 
Os motivos que geraram estes fenômenos foram variados. Entres eles podem ser 
referidos os excessos populacionais, as dificuldades da pólis em alimentar a sua população 
após um período de seca ou de chuvas torrenciais, os interesses comerciais ou a simples 
curiosidade e espírito aventureiro. 
A colonização grega obedecia a um planeamento preciso, que implicava, para além da 
escolha do local que seria colonizado, a nomeação do comandante da expedição (o oikistes) 
que seria responsável pela conquista do território e que o governaria a colônia (apoika, 
"residência distante") como rei ou governador. Antes de partir com a sua expedição, o oikistes 
consultava o Oráculo de Apolo em Delfos, que aprovava o local sugerido ou propunha outro. O 
deus Apolo encontrou-se assim associado à colonização; muitas colônias na Ilíria, Trácia, Líbia 
e Palestina recebem o nome Apolónia em sua honra. Os colonizadores levavam da cidade mãe 
- a metrópole - o fogo sagrado e os elementos culturais e políticos desta, como o dialeto, o 
alfabeto, os cultos e o calendário. Por vezes as colônias poderiam fundar por sua vez outras 
colônias. 
Uma das primeiras colonizações deste período data de 775 a.C., tendo sido uma iniciativa 
de gregos da cidades de Cálcis e Erétria que partem para a ilha de Ischia na baía de Nápoles. 
Na década de 30 do século VIII estão documentadas as fundações de colônias na Sicília: 
Naxos e Messina (por Cálcis) e Siracusa (por Corinto) 
As costas do Mar Negro foram colonizadas essencialmente pela pólis de Mileto. As 
colônias mais importantes desta região foram Sinope (c. 700 a.C.) e Cízico (c. 675 a.C.). De 
Megara partem colonos que fundam em 667 a.C. a cidade de Bizâncio. 
No norte da África Cirene foi fundada por colonos da ilha de Tera por volta de 630 a.C.. 
Na região ocidental do Mediterrâneo, salientem-se colônias como Massalía (a moderna 
Marselha), Nice (de niké, vitória) e Ampúrias (esta última na Península Ibérica). 
A colonização grega deve ser entendida de uma forma diferente da colonização realizada 
pelos Europeus na Idade Moderna e Contemporânea, na medida em que a colônia não tinha 
qualquer tipo de dependência política e econômica em relação à metrópole. Entre a metrópole 
e a colônia existiam laços cordiais (era por exemplo chocante que ocorresse uma guerra entre 
as duas), mas os gregos que partiam para uma colônia perdiam a cidadania que detinham na 
cidade de onde eram oriundos. 
 
O desenvolvimento do comércio 
 
Uma das consequências da colonização será o desenvolvimento do comércio, não 
apenas entre a colónia e a metrópole, mas entre as colônias e outros locais do Mediterrâneo. 
Até então o comércio não era uma atividade econômica própria, mas uma atividade subsidiária 
da agricultura. Algumas colônias funcionam essencialmente como locais para a prática do 
comércio e sem um estatuto político: os empórios. 
O incremento da atividade comercial gera por sua vez o fomento da indústria. Deste 
sector destaca-se a produção da cerâmica, sendo famosos os vasos de Corinto e de Atenas, 
que se tornaram os principais objectos de exportação. 
No último quartel do século VII a.C. ocorreu o aparecimento na Lídia da moeda, que se 
espalhou lentamente por toda a Grécia. 
 
Consequências do desenvolvimento do comércio e da indústria 
 
Com o afluxo a partir das colónias de quantidades elevadas de cereais e com a 
importância que a exportação do vinho e do azeite adquiriu, desenvolveu-se entre as classes 
mais abastadas a tendência para substituir o cultivo do trigo pelo da vinha e da oliveira. 
Os camponeses com poucos recursos econômicos ficam impossibilitados de proceder a 
esta substituição, uma vez a vinha e a oliveira necessitam de algum tempo até oferecerem 
resultados. Para além disso, estas culturas exigiam menos mão-de-obra e alguns trabalhadores 
tornaram-se excedentários. 
Em resultado desta realidade econômica nasce no Período Arcaico uma nova classe, a 
dos plutocratas, cujos membros, oriundos frequentemente das classes inferiores, enriquecem 
graças às possibilidades oferecidas pelo desenvolvimento do comércio e da indústria, 
atividades desdenhadas pela aristocracia. Esta classe possui ambições políticas, que na época 
se encontravam relacionadas com a posse de terra. Como tal, os plutocratas procuram comprar 
terras. Os nobres, não pretendendo serem relegados para segundo plano, entram também na 
corrida à compra das terras. As consequências desta competição econômica repercutem-se 
entre os camponeses de fracos recursos, cujas condições de vida se agravam. 
 
Os legisladores 
 
Perante os conflitos sociais que se acentuaram na segunda metade do século VII a.C., as 
pólis vão procurar resolver de forma pacífica os conflitos. As parte em conflito concordam em 
nomear homens com uma reputação íntegra que dotam as cidades de códigos de leis - os 
legisladores. 
Até então as leis não eram escritas, o que dava azo a intepretações arbitrárias ao serviço 
da aristocracia.A exigência de um código escrito das leis parte das classes populares. 
Os primeiros legisladores conhecidos surgiram nas cidades da Magna Grécia em meados 
do século VII a.C.. O mais antigo legislador conhecido é Zaleuco de Locros, figura com 
contornos lendários, que teria escrito o primeiro código de leis, aceite por cidades da Itália e 
Sicília. 
Em Atenas os legisladores mais conhecidos foram Drácon e Sólon; o primeiro ficou 
conhecido pelo seu código de leis rigoroso (é do seu nome que deriva o adjectivo draconiano). 
As leis destes homens foram escritas em prismas de madeira rotativos (axones) que se 
encontravam expostos ao público. 
 
Os tiranos 
 
A obra dos legisladores não conseguiu resolver os conflitos sociais. Assim, quase todas 
as cidades gregas conhecem entre 670 e 510 a.C. o domínio dos tiranos. A palavra tirano não 
possuía a conotação negativa que hoje tem, significando apenas "usurpador com poder 
supremo"; entre os gregos, o termo só adquire um sentido negativo a partir do governo dos 
Trinta Tiranos em Atenas (404 a.C.), conhecidos pela sua crueldade. 
Os tiranos conquistaram o poder através da violência e da força, recebendo o apoio das 
classes inferiores as quais passam depois a proteger. O fenómeno dos tiranos manifestou-se 
em primeiro lugar nas cidades comerciais. Os primeiros tiranos conhecidos foram Ortágoras em 
Sícion e Cípselo em Corinto. A Atenas do século VI conhece o tirano Pisístrato e Siracusa 
Dionísio, o Velho e Dionísio, o Novo. 
Entre as medidas tomadas pelos tiranos encontram-se a partilha das terras, a abolição 
das dívidas e a isenção de impostos. Cunham a moeda e lançam grandes obras públicas, que 
permitem absorver a mão-de-obra excedentária e que embelezam as cidades. No campo da 
religião, procedem à centralização dos cultos. 
Os descendentes dos tiranos acabaram por não manter o seu apoio às classes populares, 
tornando-se impopulares. Quase todos desaparecem antes de 500 a.C., derrotados por nobres 
ou por Esparta. Na Sicília a situação diferente, dado que perante a ameaça dos Cartaginenses 
os tiranos conseguem continuar no poder até ao século III a.C.. 
As tiranias serão substituídas por oligarquias ou democracias. 
 
HISTÓRIA DE ATENAS 
 
Por volta dos anos 500 e 400 AC, esta cidade, fundada há mais de 3.000 anos, era a mais 
próspera da Grécia Antiga e possuía um poderoso líder, Péricles. Nesta fase, a divisão 
hierárquica seguia a seguinte ordem: nobres, homens livres e uma grande quantidade de 
escravos que realizavam trabalhos como mercadores, carpinteiros, professores e marceneiros. 
 
História e características sociais, políticas e econômicas 
 
Por ser uma cidade bem sucedida e comercial, Atenas despertou a cobiça de muitas 
cidades gregas. Esparta se uniu a outras cidades gregas para atacar Atenas. A Guerra do 
Peloponeso (431 a 404 a.C.) durou 27 anos e Esparta venceu, tomando a capital grega para si, 
que, a propósito, continuou riquíssima culturalmente. 
Alguns dos maiores nomes do mundo viveram nesta região repleta de escritores, 
pensadores e escultores, entre eles estão: os autores de peças de teatro Ésquilo, Sófocles, 
Eurípedes e Aristófanes e também os grandes filósofos Platão e Sócrates. 
Atenas destacou-se muito pela preocupação com o desenvolvimento artístico e cultural de 
seu povo, desenvolvendo uma civilização de forte brilho intelectual. Na arquitetura, destacam-
se os lindos templos erguidos em homenagens aos deuses, principalmente a deusa Atena, 
protetora da cidade. 
A democracia ateniense privilegiava apenas seus cidadãos (homens livres, nascidos em 
Atenas e maiores de idade) com o direito de participar ativamente da Assembléia e também de 
fazer a magistratura. No caso dos estrangeiros, estes, além de não terem os mesmos direitos, 
eram obrigados a pagar impostos e prestar serviços militares. 
Hoje em dia, Atenas tem mais de dois milhões e meio de habitantes, e, embora tenha 
inúmeras construções modernas, continua com suas ruínas que remetem aos memoráveis 
tempos antigos. A cidade é um dos principais pontos turísticos da Europa. 
 
Período Clássico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Período Clássico estende-se entre 480 a.C. e 359 a.C. e é dominado por Esparta e 
Atenas. Cada um destas Pólis desenvolveu o seu modelo político (a oligarquia militarista em 
Esparta e a democracia aristocrata em Atenas). 
Ao nível externo verifica-se a ascensão do Império Persa Aqueménida quando Ciro II 
conquista o reino dos medos. O Império Aqueménida prossegue uma política expansionista e 
conquista as cidades gregas da costa da Ásia Menor. Atenas e Erétria apoiam a revolta das 
cidades gregas contra o domínio persa, mas este apoio revela-se insuficiente já que os jónios 
são derrotados: Mileto é tomada e arrasada e muitos jónios decidem fugir para as colónias do 
Ocidente. O comportamento de Atenas iria gerar uma reacção persa e esteve na origem das 
Guerras Médicas (490-479 a.C.). 
Em 490 a.C. a Ática é invadida pelas forças persas de Dario I, que já tinham passado por 
Erétria, destruindo esta cidade. O encontro entre atenienses e persas ocorre em Maratona, 
saldando-se na vitória dos atenienses, apesar de estarem em desvantagem numérica. 
Dario prepara a desforra, mas falece em 485, deixando a tarefa ao seu filho Xerxes I que 
invadiu a Grécia em 480 a.C. Perante a invasão, os gregos decidem esquecer as diferenças 
História (ocidente) 
Pré-História 
Idade da Pedra 
Paleolítico 
Mesolítico 
Neolítico 
Idade dos Metais 
Idade do Cobre 
Idade do Bronze 
Idade do Ferro 
Idade Antiga 
Antiguidade Oriental 
Antiguidade clássica 
Antiguidade tardia 
Idade Média 
Alta Idade Média 
Baixa Idade Média 
 
Idade Média Plena 
Idade Média Tardia 
século XV 
Idade 
Moderna 
 
século XVI 
século XVII 
século XVIII 
Idade 
Contemporânea 
 
século XIX 
século XX 
século XXI 
entre si e estabelecem uma aliança composta por 31 cidades, entre as quais Atenas e Esparta, 
tendo sido atribuída a esta última o comando das operações militares por terra e pelo mar. As 
forças espartanas lideradas pelo rei Leónidas I conseguem temporariamente bloquear os 
persas na Batalha das Termópilas, mas tal não impede a invasão da Ática. O general 
Temístocles tinha optado por evacuar a população da Ática para Salamina e sob a direcção 
desta figura Atenas consegue uma vitória sobre os Persas em Salamina. Em 479 a.C. os 
gregos confirmam a sua vitória desta feita na Batalha de Platéias. A frota persa foge para o mar 
Egeu, onde em 478 a.C. é vencida em Mícale. 
 
Guerra do Peloponeso 
 
Com o fim das Guerras Médicas, e em resultado da sua participação decisiva no conflito, 
Atenas torna-se uma cidade poderosa, que passa a intervir nos assuntos do mundo grego. 
Esparta e Atenas distanciam-se e entram em rivalidade, encabeçando cada um delas uma 
aliança política e militar: no caso de Esparta era a Liga do Peloponeso e no caso de Atenas a 
Liga de Delos. Esta última foi fundada em 477 a.C. e era composta essencialmente por estados 
marítimos que encontravam-se próximos do mar Egeu, que temiam uma nova investida persa. 
O centro administrativo da liga era a ilha de Delos. 
Para poder atingir o seus objectivos a Liga precisava possuir uma frota. Os seus membros 
poderiam contribuir para a formação desta com navios ou dinheiro, tendo muitos estados 
optado pela última opção. Com o tempo Atenas afirma-se como o estado mais forte da liga, 
facto simbolizado com a transferência do tesouro de Delos para Atenas em 454 a.C.. Os 
Atenienses passam a considerar qualquer secessão da Liga como um acto detraição e punem 
os estados que tentam fazê-lo. Esparta aproveita este clima para realizar a sua propaganda. 
As relações entre as duas póleis atingem o grau de saturação em 431 a.C., ano em que 
se inicia a guerra. As causas para esta guerra, cuja principal fonte para o seu conhecimento é o 
historiador Tucídides, são essencialmente três. Antes do conflito Atenas prestara ajuda a 
Córcira, ilha do mar Jónio fundada por Corinto (aliada de Esparta), mas que era completamente 
independente. Atenas também decretara sanções económicas contra Mégara, justificadas com 
base em uma alegada transgressão de solo sagrado entre Mégara e Atenas. Para além disso, 
Atenas realiza um bloqueio naval à cidade de Potideia, no norte da Grécia, sua antiga aliada 
que se revoltara e pedira ajuda a Corinto. 
Esparta lança um ultimato a Atenas: deve levantar as sanções a Mégara e suspender o 
bloqueio a Potideia. Péricles consegue convencer a Assembleia a rejeitar o ultimato e a guerra 
começa. Os Atenienses adoptam a estratégia proposta por Péricles, que advogava que a 
população dos campos se concentrasse no interior das muralhas de Atenas; os alimentos e os 
recursos chegariam através do porto do Pireu. Contudo, a estratégia teve um resultado 
imprevisível: a concentração da população, aliada a condições de baixa higiene provocou a 
peste que atingiu ricos e pobres e o próprio Péricles. A guerra continuou até 422 a.C. ano em 
que Atenas é derrotada em Anfípolis. Na batalha morrem o general espartano Brásidas e o 
ateniense Cléon, ficando o ateniense Nícias em condições de estabelecer a paz (Paz de 
Nícias, 421 a.C.). Apesar do suposto cessar das hostilidades, entre 421 e 414 as duas póleis 
continuam a combater, não directamente entre si, mas através do seus aliados, como 
demonstra a ajuda secreta dada a Argos por Atenas. Em 415 a.C. Alcibíades convenceu a 
Assembleia de Atenas a lançar um ataque contra Siracusa, uma aliada de Esparta, em 
expedição que se revelou um fracasso. Com a ajuda monetária dos Persas, Esparta construiu 
uma frota, que foi decisiva para vencer a guerra. Na Primavera de 404 a.C. Atenas rende-se. 
Esse foi um tempo em que o mundo grego prosperou, com o fortalecimento das cidades-
Estado e a produção de obras que marcariam profundamente a cultura e a mentalidade 
ocidental, mas foi também o período em que o mundo grego viu-se envolvido em longas e 
prolongadas guerras. 
 
Ascensão da Macedónia 
 
O reino da Macedónia, situado a norte da Grécia, emerge em meados do século IV a.C. 
como nova potência. Os macedónios que não falavam o grego e não adoptaram o modelo 
político dos gregos, eram vistos por estes como bárbaros. Apesar disso, muitos nobres 
macedónios aderiram à cultura grega, tendo a Macedónia sido responsável pela difusão da 
cultura grega em novos territórios. 
Durante o reinado de Filipe II da Macedónia o exército macedónio adopta técnicas 
militares superiores, que aliadas à diplomacia e à corrupção, vão permitir-lhe a dominar as 
cidades da Grécia. Nestas formam-se partidos favoráveis a Filipe, mas igualmente partidos que 
se opõem aos Macedónios. Em 338 a.C. Filipe e o seu filho, Alexandre, o Grande, derrotam 
uma coligação grega em Queroneia, desta forma colocando a Grécia continental sob domínio 
macedónio. Filipe organiza então a Grécia em uma confederação, a Assembleia de Corinto, 
procurando unir os gregos com um objectivo comum: conquistar o Império Persa como forma 
de vingar pela invasão de 480 a.C. Contudo, Filipe viria a ser assassinado por um nobre 
macedónio em Julho de 336 a.C., tendo sido sucedido pelo seu filho Alexandre. 
Alexandre concretizou o objectivo do pai, através da vitória nas batalhas de Granico, Isso 
e Gaugamela, marchando até à Índia. No regresso, Alexandre era senhor de um vasto império 
que ia da Ásia Menor ao Afeganistão, passando pelo Egipto. Alexandre faleceu de forma 
prematura (possivelmente de malária) na Babilónia em 323 a.C. 
 
Período Helenístico 
 
Após a morte de Alexandre, os seus generais lutaram entre si pela posse do império. As 
cidades gregas aproveitam a situação para se livrarem do domínio macedónio, mas foram 
subjugadas por Antípatro na Guerra Lamíaca (323-322 a.C). 
Nenhum dos generais de Alexandre conseguiu reunir o império sob o seu poder. Em vez 
disso, nasceram vários reinos que seguiriam percursos diferentes: Antígono fundou um reino 
que compreendia a Macedónia, a Grécia e partes da Ásia Menor; Seleuco, estabeleceu um 
vasto reino que ia da Babilónia ao Afeganistão e Ptolemeu torna-se rei do Egipto. 
 
GUERRA DE TRÓIA 
 
Introdução 
 
A Guerra de Tróia foi um conflito bélico entre aqueus (um dos povos gregos que 
habitavam a Grécia Antiga) e os troianos, que habitavam uma região da atual Turquia. Esta 
guerra, que durou aproximadamente 10 anos, aconteceu entre 1300 e 1200 a.C. 
 
Causa da guerra 
 
Gregos e troianos entraram em guerra por causa do rapto da princesa Helena de Tróia 
(esposa do rei lendário Menelau), por Páris (filho do rei Príamo de Tróia). Isto ocorreu quando o 
príncipe troiano foi à Esparta, em missão diplomática, e acabou apaixonando-se por Helena. O 
rapto deixou Menelau enfurecido, fazendo com que este organiza-se um poderoso exército. O 
general Agamenon foi designado para comandar o ataque aos troianos. Usando o mar Egeu 
como rota, mais de mil navios foram enviados para Tróia. 
 
A Guerra 
 
 O cerco grego à Tróia durou cerca de 10 anos. Vários soldados foram mortos, entre eles 
os heróis gregos Heitor e Aquiles (morto após ser atingido em seu ponto fraco, o calcanhar). 
A guerra terminou após a execução do grande plano do guerreiro grego Odisseu. Sua 
idéia foi presentear os troianos com um grande cavalo de madeira. Disseram aos inimigos que 
estavam desistindo da guerra e que o cavalo era um presente de paz. Os troianos aceitaram e 
deixaram o enorme presente ser conduzido para dentro de seus muros protetores. Após uma 
noite de muita comemoração, os troianos foram dormir exaustos. Neste momento, abriram-se 
portas no cavalo de madeira e saíram centenas de soldados gregos. Estes abriram as portas 
da cidade para que os gregos entrassem e atacassem a cidade de Tróia até sua destruição. 
Os eventos finais da guerra são contados na obra Ilíada de Homero. Sua outra obra 
poética, Odisséia, conta o retorno do guerreiro Odisseu e seus soldados à ilha de Ítaca. 
 
Mito ou fato histórico? 
 
Durante muitos séculos, acreditava-se que a Guerra de Tróia fosse apenas mais um dos 
mitos da mitologia grega. Porém, com a descoberta e estudo de um sítio arqueológico na 
Turquia, pode-se comprovar que este importante fato histórico da antiguidade realmente 
ocorreu. Porém, muitos aspectos entre mitologia e história ainda não foram identificados e se 
confundem. Mas o que se sabe é que esta guerra ocorreu de fato. 
 
HISTÓRIA DA ROMA ANTIGA E IMPÉRIO ROMANO 
 
A história de Roma Antiga é fascinante em função da cultura desenvolvida e dos avanços 
conseguidos por esta civilização. De uma pequena cidade, tornou-se um dos maiores impérios 
da antiguidade. Dos romanos, herdamos uma série de características culturais. O direito 
romano, até os dias de hoje está presente na cultura ocidental, assim como o latim, que deu 
origem a língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola. 
 
Explicação mitológica 
 
 Os romanos explicavam a origem de sua cidade através do mito de Rômulo e Remo. 
Segundo a mitologia romana, os gêmeos foram jogados no rio Tibre, na Itália. Resgatados por 
uma loba, que os amamentou, foram criados posteriormente por um casal de pastores. Adultos, 
retornam a cidade natal de Alba Longa e ganham terras para fundar uma nova cidade que seria 
Roma. 
 
Explicação histórica e Monarquia Romana 
(753a.C a 509 a.C) 
 
 De acordo com os historiadores, a fundação de Roma resulta da mistura de três povos 
que foram habitar a região da Península Itálica: gregos, etruscos e italiotas. Desenvolveram na 
região uma economia baseada na agricultura e nas atividades pastoris. A sociedade, nesta 
época, era formada por patrícios ( nobres proprietários de terras ) e plebeus ( comerciantes, 
artesãos e pequenos proprietários ). O sistema político era a monarquia, já que a cidade era 
governada por um rei de origem patrícia. A religião neste período era politeísta, adotando 
deuses semelhantes aos dos gregos, porém com nomes diferentes. Nas artes destacava-se a 
pintura de afrescos, murais decorativos e esculturas com influências gregas. 
 
República Romana (509 a.C. a 27 a.C) 
 
Durante o período republicano, o senado Romano ganhou grande poder político. Os 
senadores, de origem patrícia, cuidavam das finanças públicas, da administração e da política 
externa. As atividades executivas eram exercidas pelos cônsules e pelos tribunos da plebe. 
A criação dos tribunos da plebe está ligada às lutas dos plebeus por uma maior participação 
política e melhores condições de vida. 
Em 367 a.C, foi aprovada a Lei Licínia, que garantia a participação dos plebeus no Consulado 
(dois cônsules eram eleitos: um patrício e um plebeu). Esta lei também acabou com a 
escravidão por dívidas (válida somente para cidadãos romanos). 
 
Formação e Expansão do Império Romano 
 
Após dominar toda a península itálica, os romanos partiram para as conquistas de outros 
territórios. Com um exército bem preparado e muitos recursos, venceram os cartagineses, 
liderados pelo general Anibal, nas Guerras Púnicas (século III a.C). Esta vitória foi muito 
importante, pois garantiu a supremacia romana no Mar Mediterrâneo. Os romanos passaram a 
chamar o Mediterrâneo de Mare Nostrum. Após dominar Cartago, Roma ampliou suas 
conquistas, dominando a Grécia, o Egito, a Macedônia, a Gália, a Germânia, a Trácia, a Síria e 
a Palestina. 
Com as conquistas, a vida e a estrutura de Roma passaram por significativas mudanças. 
O império romano passou a ser muito mais comercial do que agrário. Povos conquistados 
foram escravizados ou passaram a pagar impostos para o império. As províncias (regiões 
controladas por Roma) renderam grandes recursos para Roma. A capital do Império Romano 
enriqueceu e a vida dos romanos mudou. 
 
Principais imperadores romanos 
 
 Augusto (27 a.C. - 14 d.C), 
 Tibério (14-37), 
 Caligula (37-41), 
 Nero (54-68), 
 Marco Aurelio (161-180), 
 Comodus (180-192). 
 
Pão e Circo 
 
Com o crescimento urbano vieram também os problemas sociais para Roma. A 
escravidão gerou muito desemprego na zona rural, pois muitos camponeses perderam seus 
empregos. Esta massa de desempregados migrou para as cidades romanas em busca de 
empregos e melhores condições de vida. Receoso de que pudesse acontecer alguma revolta 
de desempregados, o imperador criou a política do Pão e Circo. Esta consistia em oferecer aos 
romanos alimentação e diversão. Quase todos os dias ocorriam lutas de gladiadores nos 
estádios ( o mais famoso foi o Coliseu de Roma ), onde eram distribuídos alimentos. Desta 
forma, a população carente acabava esquecendo os problemas da vida, diminuindo as chances 
de revolta. 
 
Cultura Romana 
 
A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega. Os romanos "copiaram" muitos 
aspectos da arte, pintura e arquitetura grega. 
Os balneários romanos espalharam-se pelas grandes cidades. Eram locais onde os 
senadores e membros da aristocracia romana iam para discutirem política e ampliar seus 
relacionamentos pessoais. 
A língua romana era o latim, que depois de um tempo espalhou-se pelos quatro cantos do 
império, dando origem na Idade Média, ao português, francês, italiano e espanhol. 
A mitologia romana representava formas de explicação da realidade que os romanos não 
conseguiam explicar de forma científica. Trata também da origem de seu povo e da cidade que 
deu origem ao império. Entre os principais mitos romanos, podemos destacar: Rômulo e Remo 
e O rapto de Proserpina. 
 
Religião Romana 
 
Os romanos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. A grande parte dos 
deuses romanos foram retirados do panteão grego, porém os nomes originais foram mudados. 
Muitos deuses de regiões conquistadas também foram incorporados aos cultos romanos. 
Os deuses eram antropomórficos, ou seja, possuíam características ( qualidades e 
defeitos ) de seres humanos, além de serem representados em forma humana. Além dos 
deuses principais, os romanos cultuavam também os deuses lares e penates. Estes deuses 
eram cultuados dentro das casas e protegiam a família. 
Principais deuses romanos : Júpiter, Juno, Apolo, Marte, Diana, Vênus, Ceres e Baco. 
 
Crise e decadência do Império Romano 
 
Por volta do século III, o império romano passava por uma enorme crise econômica e 
política. A corrupção dentro do governo e os gastos com luxo retiraram recursos para o 
investimento no exército romano. Com o fim das conquistas territoriais, diminuiu o número de 
escravos, provocando uma queda na produção agrícola. Na mesma proporção, caia o 
pagamento de tributos originados das províncias. Em crise e com o exército enfraquecido, as 
fronteiras ficavam a cada dia mais desprotegidas. Muitos soldados, sem receber salário, 
deixavam suas obrigações militares. 
Os povos germânicos, tratados como bárbaros pelos romanos, estavam forçando a 
penetração pelas fronteiras do norte do império. No ano de 395, o imperador Teodósio resolve 
dividir o império em: Império Romano do Ocidente, com capital em Roma e Império Romano do 
Oriente (Império Bizantino), com capital em Constantinopla. Em 476, chega ao fim o Império 
Romano do Ocidente, após a invasão de diversos povos bárbaros, entre eles, visigodos, 
vândalos, burgúndios, suevos, saxões, ostrogodos, hunos etc. Era o fim da Antiguidade e início 
de uma nova época chamada de Idade Média. 
 
POVOS BÁRBAROS-HISTÓRIA DOS POVOS GERMÂNICOS 
 
Os povos bárbaros eram de origem germânica e habitavam as regiões norte e nordeste 
da Europa e noroeste da Ásia, na época do Império Romano. Viveram em relativa harmonia 
com os romanos até os séculos IV e V da nossa era. Chegaram até a realizar trocas e 
comércio com os romanos, através das fronteiras. Muitos germânicos eram contratados para 
integrarem o poderoso exército romano. 
Os romanos usavam a palavra "bárbaros" para todos aqueles que habitavam fora das 
fronteiras do império e que não falavam a língua oficial dos romanos: o latim. A convivência 
pacífica entre esses povos e os romanos durou até o século IV, quando uma horda de hunos 
pressionou os outros povos bárbaros nas fronteiras do Império Romano. Neste século e no 
seguinte, o que se viu foi uma invasão, muitas vezes violenta, que acabou por derrubar o 
Império Romano do Ocidente. Além da chegada dos hunos, podemos citar como outros 
motivos que ocasionaram a invasão dos bárbaros: a busca de riquezas, de solos férteis e de 
climas agradáveis. 
 
Principais Povos Bárbaros 
 Francos: estabeleceram-se na região da atual França e fundaram o Reino Franco (veja 
exemplo de obra de arte abaixo) 
 Lombardos: invadiram a região norte da Península Itálica 
 Anglos e Saxões: penetraram e instalaram-se no território da atual Inglaterra 
 Burgúndios: estabeleceram-se na sudoeste da França 
 Visigodos: instalaram-se na região da Gália, Itália e Península Ibérica (veja exemplo 
abaixo da arte visigótica) 
 Suevos: invadiram e habitaram a Península Ibérica 
 Vândalos: estabeleceram-se no norte da África e na Península Ibérica 
 Ostrogodos: invadiram a região da atual Itália 
 
Economia, Arte, Política e Cultura dos Bárbaros Germânicos 
 
A maioria destespovos organizavam-se em aldeias rurais, compostas por habitações 
rústicas feitas de barro e galhos de árvores. Praticavam o cultivo de cereais como, por 
exemplo, o trigo, o feijão, a cevada e a ervilha. Criavam gado para obter o couro, a carne e o 
leite. Dedicavam-se também às guerras como forma de saquear riquezas e alimentos. Nos 
momentos de batalhas importantes, escolhiam um guerreiro valente e forte e faziam dele seu 
líder militar. Praticavam uma religião politeísta, pois adoravam deuses representantes das 
forças da natureza. Odin era a principal divindade e representava a força do vento e a guerra. 
Para estes povos havia uma vida após a morte, onde os bravos guerreiros mortos em batalhas 
poderiam desfrutar de um paraíso. A mistura da cultura germânica com a romana formou 
grande parte da cultura medieval, pois muitos hábitos e aspectos políticos, artísticos e 
econômicos permaneceram durante toda a Idade Média. 
 
Os Hunos 
Dentre os povos bárbaros, os hunos foram os mais violentos e ávidos por guerras e 
pilhagens. Eram nômades ( não tinham habitação fixa e viviam a percorrer campos e florestas ) 
e excelentes criadores de cavalos. Como não construíam casas, viviam em suas carroças e 
também em barracas que armavam nos caminhos que percorriam. A principal fonte de renda 
dos hunos era a pratica do saque aos povos dominados. Quando chegavam numa região, 
espalhavam o medo, pois eram extremamente violentos e cruéis com os inimigos. O principal 
líder deste povo foi Átila, o líder huno responsável por diversas conquistas em guerras e 
batalhas. 
TESTES: 
 
01. (ADMINISTRADOR-COMPERVE/UFRN-2008) – A partir do III milênio a.C. 
desenvolveram-se, nos vales dos grandes rios do Oriente Próximo como o Nilo, o Tigre e o 
Eufrates, Estados teocráticos, fortemente organizados e centralizados e com extensa 
burocracia. Uma explicação para seu surgimento é: 
a) A revolta dos camponeses e a insurreição dos artesãos nas cidades, que só puderam 
ser contidas pela imposição dos governos autoritários. 
b) A necessidade de coordenar o trabalho de grandes contingentes humanos, para 
realizar obras de irrigação. 
c) A influência das grandes civilizações do Extremo Oriente, que chegou ao Oriente 
Próximo através das caravanas de seda. 
d) A expansão das religiões monoteístas, que fundamentavam o caráter divino da 
realeza e o poder absoluto do monarca. 
e) A introdução de instrumentos de ferro e a conseqüente revolução tecnológica, 
que transformou a agricultura dos vales e levou à centralização do poder. 
RESPOSTA “B”. 
 
02. (ACONSELHADOR-DST/AIDS-PREF. BALNEÁRIO DE CAMBORIÚ-FEPESE-2011) – 
Entre os povos do Oriente Médio, os hebreus foram os que mais influenciaram a cultura da 
civilização ocidental, uma vez que o cristianismo considerado como uma continuação das 
tradições religiosas hebraicas. 
A partir do texto anterior, assinale a alternativa incorreta. 
a) Originários da Arábia, os hebreus constituíram dois reinos: o de Judá e o de Israel na 
Palestina. 
b) As guerras geraram a unidade política dos hebreus. Esta unidade se firmou 
primeiro em torno de juízes e, depois em volta dos reis. 
c) Os profetas surgiram na Palestina por volta dos séculos VIII e VII a.C., quando 
ocorreu uma onda de protestos dos trabalhadores contra os comerciantes. 
d) A religião hebraica passou por diversas fases, evoluindo do politeísmo ao monoteísmo 
difundido pelos profetas. 
e) Os hebreus se organizaram social e economicamente com base na propriedade 
da terra, o que deu início à Diáspora. 
RESPOSTA “E”. 
 
03. (FUVEST-2009) – “Usamos a riqueza mais como uma oportunidade para agir que 
como um motivo de vanglória; entre nós não há vergonha na pobreza, mas a maior vergonha é 
não fazer o possível para evitá-la... olhamos o homem alheio às atividades públicas não como 
alguém que cuida apenas de seus próprios interesses, mas como um inútil... decidimos as 
questões públicas por nós mesmos, ou pelo menos nos esforçamos por compreendê-las 
claramente, na crença de que não é o debate que é o empecilho à ação, e sim o fato de não se 
estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da ação.” 
Esta passagem de um discurso de Péricles, reproduzido por Tucídides, expressa: 
a) Os valores ético-políticos que caracterizam a democracia ateniense no período 
clássico. 
b) Os valores ético-militares que caracterizaram a vida política espartana em toda a sua 
história. 
c) A admiração pela frugalidade e pela pobreza que caracterizou Atenas durante a fase 
democrática. 
d) O desprezo que a aristocracia espartana devotou ao luxo e à riqueza ao longo de toda 
a sua história. 
e) Os valores ético-políticos de todas as cidades gregas, independentemente de sua 
forma de governo. 
RESPOSTA “A”. 
 
04. (GV-2009) A Guerra do Peloponeso (431 a.C.- 404 a.C.) – Que teve 
importância fundamental na evolução histórica da Grécia antiga, resultou, entre outros fatores, 
de: 
a) Um confronto econômico entre as cidades que formavam a Confederação de Delos. 
b) Um esforço da Pérsia para acabar com a influência grega na Ásia Menor. 
c) Um conflito entre duas ideologias: Esparta, oligárquica, e Atenas, democrática. 
d) Uma manobra de Esparta para aumentar a sua hegemonia marítima no mar Egeu. 
e) Uma tentativa de Atenas para fracionar a Grécia em diversas cidades-Estado. 
RESPOSTA “C”. 
 
05. (URFS-2009) – O soberano dividiu o seu império em províncias, chamadas satrapias, 
sendo a terra considerada como propriedade real e trabalhada pelas comunidades. 
Estas características identificam o: 
a) Império dos persas durante o reinado de Dario. 
b) Império babilônico durante o governo de Hamurabi. 
c) Antigo império egípcio durante a dinastia de Quéops. 
d) Reino de Israel sob o comando de Davi. 
e) Estado espartano durante a vigência das leis de Dracon. 
RESPOSTA “A”. 
 
06. (GV-2008) – “Representando pequeno número em relação às outras classes, 
eles estavam constantemente preparados para enfrentar quaisquer revoltas, daí a total 
dedicação à arte militar. A agricultura, o comércio e o artesanato eram considerados indignos 
para o (...), que desde cedo se dedicava às armas. Aos sete anos deixava a família, sendo 
educado pelo Estado que procurava fazer dele um bom guerreiro, ensinando-lhe a lutar, a 
manejar armas e a suportar as fadigas e a dor. Sua educação intelectual era bastante simples 
(...). Aos vinte anos o (...) entrava para o serviço militar, que só deixaria aos sessenta, 
passando a viver no acampamento, treinando constantemente para as coisas da guerra 
(...). “Apesar de ser obrigatório o casamento após os trinta anos, sua função era simplesmente 
a de fornecer mais soldados para o Estado.” 
A transcrição anterior refere-se aos cidadãos que habitavam: 
a) Atenas. 
b) Creta. 
c) Esparta. 
d) Chipre. 
e) Roma. 
RESPOSTA “C”. 
 
07. (ADMINISTRADOR-PREF. OLINDA/PE-IPENET/IAUPE) – A civilização grega 
atingiu extraordinário desenvolvimento. Os ideais gregos de liberdade e a crença na 
capacidade criadora do homem têm permanente significado. Acerca do imenso e 
diversificado legado cultural grego, é correto afirmar que: 
a) A importância dos jogos olímpicos limitava-se aos esportes. 
b) A democracia espartana era representativa. 
c) A escultura helênica, embora desligada da religião, valorizava o corpo humano. 
d) Os atenienses valorizavam o ócio e desprezavam os negócios. 
e) Poemas, com narrações sobre aventuras épicas, são importantes para a compreensão 
do período homérico. 
RESPOSTA “E”. 
 
08. Após a conquista da Península ltálica, Roma ampliou seus domínios em torno do 
Mediterrâneo, que passou a ser designado como mare nostrum, umverdadeiro lago interno 
que permitia a comunicação, as transações comerciais e o deslocamento de tropas para as 
diversas regiões romanas. 
A respeito dessa expansão, é correto afirmar: 
a) A conquista de novos territórios desacelerou o processo de concentração fundiária nas 
mãos da aristocracia patrícia, uma vez que o Estado romano estabeleceu um conjunto de 
medidas que visava distribuir terras aos pequenos e médios proprietários e à plebe urbana 
empobrecida. 
b) Apesar da conquista do Mediterrâneo, os romanos não conseguiram estabelecer a 
integração das diversas formações sociais ao sistema escravista nem tampouco se 
dispuseram a criar mecanismos de cooptação social e política dos seus respectivos grupos 
dominantes. 
c) As conquistas propiciaram, pela primeira vez na Antigüidade, a combinação entre 
o trabalho escravo em larga escala e o latifúndio, associação que constituiu uma alavanca de 
acumulação econômica graças às campanhas militares romanas. 
d) As conquistas militares acabaram por solucionar o problema agrário em Roma, 
colocando em xeque as medidas defendidas por líderes como os irmãos Graco, que 
postulavam a expropriação das terras particulares dos patrícios e sua repartição entre as 
camadas sociais empobrecidas. 
e) A expansão militar levou os romanos a empreender um duro processo de latinização 
dos territórios situados a leste, o que se tornou um elemento de constante instabilidade 
político-social durante a República e também à época do Império. 
RESPOSTA “C”. 
 
09. (CONSULTOR TÉCNICO LEGISLATIVO-CÂMARA DE SÃO PAULO-/SP-VUNESP-
2007) – Na atualidade, praticamente todos os dirigentes políticos, no Brasil e no mundo, 
dizem-se defensores de padrões democráticos e de valores republicanos. Na Antiguidade, tais 
padrões e valores conheceram o auge, tanto na democracia ateniense, quanto na república 
romana, quando predominaram: 
a) A liberdade e o individualismo. 
b) O debate e o bem público. 
c) A demagogia e o populismo. 
d) O consenso e o respeito à privacidade. 
e) A tolerância religiosa e o direito civil. 
RESPOSTA “B”. 
 
10. (HISTORIA DA ARTE-NCE/UFRJ-2007) “A cidade-Estado era um objeto mais 
digno de devoção do que os deuses do Olimpo, feitos à imagem de bárbaros humanos. A 
personalidade humana, quando emancipada, sofre se não encontra um objeto mais ou menos 
digno de sua devoção, fora de si mesma.” Toynbee, Arnold J. Helenismo, história de uma 
civilização. 
Na antiguidade clássica, as cidades-Estado representavam: 
a) Uma forma de garantir territorialmente a participação ampla da população na vida 
política grega. 
b) Um recurso de expansão das colônias gregas. 
c) Uma forma de assegurar a independência política das cidades gregas entre si. 
d) Uma característica da civilização helenística no sistema político grego. 
e) Uma instituição política helenística no sistema político grego. 
RESPOSTA “C”. 
 
11. (PUCPR-2007) – Relacione o texto às proposições a seguir colocadas, assinalando a 
correta: “Ó senhor de todos! Rei de todas as casas. Nas decisões mais distantes fazes o Nilo 
celeste para que desça como chuva e açoite as montanhas, como um mar para regar os 
campos e jardins estranhos. Acima de tudo, porém, fazes o Nilo do Egito que emana do fundo 
da terra. E assim, com os teus raios, cuidas de nossas hortas. Nossas colheitas crescem, e 
crescem por ti (...). Tu estás em meu coração. Nenhum outro te conhece, a não ser teu filho 
Aknaton.” 
a) Destaca a função geradora da vida do Deus Amon e do faraó, responsáveis por tudo 
que existia no Egito. 
b) Mostra que o Sol, Áton, era encarnado na terra pelo faraó Aknaton. 
c) Evidencia que o alimento e a vida do homem dependiam do grande Deus Tebano. 
d) O texto acima assinala o caráter ideológico na sociedade egípcia, destacando a 
figura do faraó ligada ao Deus principal e reforçando seu papel político. 
e) Mostra a profunda ligação mística entre o faraó e o Deus que dominou o Egito no 
Médio Império. 
RESPOSTA “D”. 
 
CAPÍTULO 3: IDADE MÉDIA 
 
A formação da Idade Média 
A Idade Média é um período de tempo da história humana, caracterizado pelo domínio 
cultural da Igreja Católica, tal período durou desde a queda do Império Romano do 
Ocidente(século V), até a queda do Império Romano do Oriente(século XV). Esse período de 
tempo teve também a influência dos feudos, que eram áreas rurais, cujo "protetor" e cobrador 
de impostos era o senhor Feudal, que possuia poderes plenos. Outro marco importante da 
Idade Média foi o surgimento de mais uma classe social, a burguesia. Os castelos são um dos 
maiores ícones da Idade Média no imaginário das pessoas. 
 
Periodização 
O período da Idade Média foi tradicionalmente delimitado com ênfase em eventos 
políticos. Nesses termos, ter-se-ia iniciado com a desintegração do Império Romano do 
Ocidente, no século V (em 476 d. C.), e terminado com o fim do Império Romano do Oriente, 
com a Queda de Constantinopla, no século XV (em 1453 d.C.). 
A Era Medieval pode também ser subdividida em períodos menores, num dos modos de 
classificação mais populares, é separada em dois períodos: 
 
 1. Alta Idade Média, que decorre do século V ao X; 
 2. Baixa Idade Média, que se estende do século XI ao XV. 
 
Uma outra classificação muito comum divide a era em três períodos: 
 
 1. Idade Média Antiga (ou Alta Idade Média ou Antiguidade Tardia) que decorre do 
século V ao X; 
 2. Idade Média Plena (ou Idade Média Clássica) que se estende do século XI ao 
XIII; 
 3. Idade Média Tardia (ou Baixa Idade Média), correspondente aos séculos XIV e X 
 
Início 
A maioria dos historiadores consideram o início da Idade Média, com a queda do Império 
Romano do Ocidente para os Bárbaros, em 476 d.C, pois a partir daí os habitantes urbanos, 
com medo das pilhagens bárbaras fugiram para o campo, refugiando-se nos grandes feudos. 
 
Revolução Cultural 
Durante o período da Baixa Idade média, os feudos começaram a entrar em declínio, 
devido às Cruzadas, que "faliram" os Senhores feudais. A partir daí, os camponeses 
começaram a fugir dos feudos em busca de uma vida melhor nas cidades. Com isso as cidades 
ficaram lotadas e os novos moradores, que na maioria das vezes trabalhavam com o comércio, 
resolveram trabalhar fora dos muros fortificados das cidades, formando assim os burgos e 
fazendo surgir uma nova classe social, a burguesia. A partir desse ponto, a vida urbana 
começou a se organizar, fazendo a cultura crescer. Com isso, surgiram novas expressões 
culturais, como o estilo gótico. Foi nesse período que surgiu a Liga Hanseática, que dominou o 
comércio centro-europeu por mais de dois séculos. 
 
ABSOLUTISMO 
 
Podemos definir o absolutismo como um sistema político e administrativo que prevaleceu 
nos países da Europa, na época do Antigo Regime (séculos XVI ao XVIII ). 
No final da Idade Média (séculos XIV e XV), ocorreu uma forte centralização política nas 
mãos dos reis. A burguesia comercial ajudou muito neste processo, pois interessa a ela um 
governo forte e capaz de organizar a sociedade. Portanto, a burguesia forneceu apoio político e 
financeiro aos reis, que em troca, criaram um sistema administrativo eficiente, unificando 
moedas e impostos e melhorando a segurança dentro de seus reinos. Nesta época, o rei 
concentrava praticamente todos os poderes. Criava leis sem autorização ou aprovação política 
da sociedade. Criava impostos, taxas e obrigações de acordo com seus interesses 
econômicos. Agia em assuntos religiosos, chegando, até mesmo, a controlar o clero em 
algumas regiões. Todos os luxos e gastos da corte eram mantidos pelos impostos e taxas 
pagos, principalmente, pela população mais pobre. Esta tinha pouco poder político para exigir 
ou negociar. Os reis usavam a força e a violência de seus exércitospara reprimir, prender ou 
até mesmo matar qualquer pessoa que fosse contrária aos interesses ou leis definidas pelos 
monarcas. 
 
Exemplos de alguns reis deste período : 
 
 Henrique VIII - Dinastia Tudor : governou a Inglaterra no século XVII 
 Elizabeth I - Dinastia Stuart - rainha da Inglaterra no século XVII 
 Luis XIV - Dinastia dos Bourbons - conhecido como Rei Sol - governou a França entre 
1643 e 1715. 
 Fernando e Isabel - governaram a Espanha no século XVI. 
 
Teóricos do Absolutismo 
 
Muitos filósofos desta época desenvolveram teorias e chegaram até mesmo a escrever 
livros defendendo o poder dos monarcas europeus. Abaixo alguns exemplos: Jacques Bossuet 
: para este filósofo francês o rei era o representante de Deus na Terra. Portanto, todos 
deveriam obedecê-lo sem contestar suas atitudes. 
Nicolau Maquiavel : Escreveu um livro, " O Príncipe", onde defendia o poder dos reis. De 
acordo com as idéias deste livro, o governante poderia fazer qualquer coisa em seu território 
para conseguir a ordem. De acordo com o pensador, o rei poderia usar até mesmo a violência 
para atingir seus objetivos. É deste teórico a famosa frase : " Os fins justificam os meios." 
Thomas Hobbes : Este pensador inglês, autor do livro " O Leviatã ", defendia a idéia de 
que o rei salvou a civilização da barbárie e, portanto, através de um contrato social, a 
população deveria ceder ao Estado todos os poderes. 
 
Mercantilismo, a prática econômica do absolutismo 
 
Podemos definir o mercantilismo como sendo a política econômica adotada na Europa 
durante o Antigo Regime. Como já dissemos, o governo absolutista interferia muito na 
economia dos países. O objetivo principal destes governos era alcançar o máximo possível de 
desenvolvimento econômico, através do acúmulo de riquezas. Quanto maior a quantidade de 
riquezas dentro de um rei, maior seria seu prestígio, poder e respeito internacional. Podemos 
citar como principais características do sistema econômico mercantilista: Metalismo, 
Industrialização, Protecionismo Alfandegário, Pacto Colonial, Balança Comercial Favorável. 
 
IMPÉRIO BIZANTINO 
 
No século IV o Império Romano dava sinais claros da queda de seu poder no ocidente, 
principalmente em função da invasão dos bárbaros (povos germânicos) através de suas 
fronteiras. Diante disso, o Imperador Constantino transferiu a capital do Império Romano para a 
cidade oriental de Bizâncio, que passou a ser chamada de Constantinopla. Esta mudança, ao 
mesmo tempo em que significava a queda do poder no ocidente, tinha o seu lado positivo, pois 
a localização de Constantinopla, entre o mar Negro e o mar Mármara, facilitava muito o 
comércio na região, fato que favoreceu enormemente a restauração da cidade, transformando-
a em uma Nova Roma. 
 
Reinado de Justiniano 
 
O auge deste império foi atingido durante o reinado do imperador Justiniano (527-565), 
que visava reconquistar o poder que o Império Romano havia perdido no ocidente. Com este 
objetivo, ele buscou uma relação pacífica com os persas, retomou o norte da África, a Itália e a 
Espanha. Durante seu governo, Justiniano recuperou grande parte daquele que foi o Império 
Romano do Ocidente. 
 
Religião 
 
A religião foi fundamental para a manutenção do Império Bizantino, pois as doutrinas 
dirigidas a esta sociedade eram as mesmas da sociedade romana. O cristianismo ocupava um 
lugar de destaque na vida dos bizantinos e podia ser observado, inclusive, nas mais diferentes 
manifestações artísticas. As catedrais e os mosaicos bizantino estão entre as obras de arte e 
arquitetura mais belos do mundo. 
Os monges, além de ganhar muito dinheiro com a venda de ícones, também tinham forte 
poder de manipulação sobre sociedade. Entretanto, incomodado com este poder, o governo 
proibiu a veneração de imagens, a não ser a de Jesus Cristo, e decretou pena de morte a 
todos aqueles que as adorassem. Esta guerra contra as imagens ficou conhecida como A 
Questão Iconoclasta. 
 
Sociedade bizantina 
 
A sociedade bizantina era totalmente hierarquizada. No topo da sociedade encontrava-se 
o imperador e sua família. Logo abaixo vinha a nobreza formada pelos assessores do rei. 
Abaixo destes estava o alto clero. A elite era composta por ricos fazendeiros, comerciantes e 
donos de oficinas artesanais. Uma camada média da sociedade era formada por pequenos 
agricultores, trabalhadores das oficinas de artesanato e pelo baixo claro. Grande parte da 
população era formada por pobres camponeses que trabalhavam muito, ganhavam pouco e 
pagavam altas taxas de impostos. 
 
Crise e Tomada de Constantinopla 
 
Após a morte de Justiniano, o Império Bizantino ficou a mercê de diversas invasões, e, a 
partir daí, deu-se início a queda de Constantinopla. Com seu enfraquecimento, o império foi 
divido entre diferentes realezas feudais. Constantinopla teve sua queda definitiva no ano de 
1453, após ser tomada pelos turcos. 
Atualmente, Constantinopla é conhecida como Istambul e pertence à Turquia. Apesar de 
um passado turbulento, seu centro histórico encanta e impressiona muitos turistas devido à 
riquíssima variedade cultural que dá mostras dos diferentes povos e culturas que por lá 
passaram. 
 
 
IMPÉRIO CAROLÍNGIO 
 
O Império Carolíngio, também conhecido como o Império de Carlos Magno, foi o 
momento de maior esplendor do Reino Franco (ocupava a região central da Europa). Este 
período ocorreu durante o reinado do imperador Carlos Magno (768 – 814). 
Com uma política voltada para o expansionismo militar, Carlos Magno expandiu o império, 
além dos limites conquistados por seu pai, Pepino, o Breve. Conquistou a Saxônia, Lombardia, 
Baviera, e uma faixa do território da atual Espanha. 
Embora as conquistas militares tenham sido significativas, foi nas áreas cultural, 
educacional e administrativa que o Império Carolíngio demonstrou grande avanço. Carlos 
Magno preocupou-se em preservar a cultura greco-romana, investiu na construção de escolas, 
criou um novo sistema monetário e estimulou o desenvolvimento das artes. Graças a estes 
avanços, o período ficou conhecido como o Renascimento Carolíngio. 
 
Reforma Educacional 
 
Na área educacional, o monge inglês Alcuíno foi o responsável pelo desenvolvimento do 
projeto escolar de Carlos Magno. A manutenção dos conhecimentos clássicos (gregos e 
romanos) tornou-se o objetivo principal desta reforma educacional. As escolas funcionavam 
junto aos mosteiros (escolas monacais), aos bispados (escolas catedrais) ou às cortes (escolas 
palatinas). Nestas escolas eram ensinadas as sete artes liberais: aritmética, geometria, 
astronomia, música, gramática, retórica e dialética. 
 
Administração territorial 
 
Para facilitar a administração do vasto território, Carlos Magno criou um sistema bem 
eficiente. As regiões foram divididas em condados (administradas pelos condes). Para fiscalizar 
a atuação dos condes, foi criado o cargo de missi dominici. Estes funcionários eram os 
enviados do imperador para fiscalizar os territórios. Ou seja, eles deveriam verificar e avisar ao 
imperador sobre a cobrança dos impostos, aplicação das leis e etc. 
 
Arte carolíngia 
 
A arte sofreu uma grande influência das culturas grega, romana e bizantina. Destacam-se 
a construção de palácios e igrejas. As iluminuras (livros pequenos com muitas ilustrações, com 
detalhes em dourado) e os relicários (recipientes decorados para guardar relíquias sagradas) 
também marcaram este período. 
 
Coroação 
 
No ano de 800, um importante fato histórico representou o poder de Carlos Magno. 
Aproximou-se da Igreja Católica e foi coroado imperador, do Sacro Império Romano-
Germânico, pelo papa Leão III. Desta forma, colocou-se como um defensor e disseminador da 
fé cristã pelas terras dominadas.Enfraquecimento do império 
 
Após a morte de Carlos Magno, em 814, o Império Carolíngio perdeu força. As terras do 
império foram divididas entre o netos de Carlos Magno, em 843, através do Tratado de Verdun. 
 
 
FEUDALISMO NA IDADE MÉDIA 
 
O feudalismo tem inicio com as invasões germânicas (bárbaras ), no século V, sobre o 
Império Romano do Ocidente (Europa). As características gerais do feudalismo são: poder 
descentralizado (nas mãos dos senhores feudais), economia baseada na agricultura e 
utilização do trabalho dos servos. 
 
Estrutura Política do Feudalismo 
 
Prevaleceram na Idade Média as relações de vassalagem e suserania. O suserano era 
quem dava um lote de terra ao vassalo, sendo que este último deveria prestar fidelidade e 
ajuda ao seu suserano. O vassalo oferece ao senhor, ou suserano, fidelidade e trabalho, em 
troca de proteção e um lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem se estendiam 
por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso. 
Todos os poderes, jurídico, econômico e político concentravam-se nas mãos dos 
senhores feudais, donos de lotes de terras (feudos). 
 
Sociedade feudal 
 
A sociedade feudal era estática (com pouca mobilidade social) e hierarquizada. A nobreza 
feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de terras e 
arrecadava impostos dos camponeses. O clero (membros da Igreja Católica) tinha um grande 
poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era isento de impostos e 
arrecadava o dízimo. A terceira camada da sociedade era formada pelos servos (camponeses) 
e pequenos artesãos. Os servos deviam pagar várias taxas e tributos aos senhores feudais, 
tais como: corvéia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha (metade da 
produção), banalidade (taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor feudal). 
 
Economia feudal 
 
A economia feudal baseava-se principalmente na agricultura. Existiam moedas na Idade 
Média, porém eram pouco utilizadas. As trocas de produtos e mercadorias eram comuns na 
economia feudal. O feudo era a base econômica deste período, pois quem tinha a terra 
possuía mais poder. O artesanato também era praticado na Idade Média. A produção era 
baixa, pois as técnicas de trabalho agrícola eram extremamente rudimentares. O arado puxado 
por bois era muito utilizado na agricultura. 
 
Religião 
 
Na Idade Média, a Igreja Católica dominava o cenário religioso. Detentora do poder 
espiritual, a Igreja influenciava o modo de pensar, a psicologia e as formas de comportamento 
na Idade Média. A igreja também tinha grande poder econômico, pois possuía terras em 
grande quantidade e até mesmo servos trabalhando. Os monges viviam em mosteiros e eram 
responsáveis pela proteção espiritual da sociedade. Passavam grande parte do tempo rezando 
e copiando livros e a Bíblia. 
 
As Guerras 
 
A guerra no tempo do feudalismo era uma das principais formas de obter poder. Os 
senhores feudais envolviam-se em guerras para aumentar suas terras e poder. Os cavaleiros 
formavam a base dos exércitos medievais. Corajosos, leais e equipados com escudos, elmos e 
espadas, representavam o que havia de mais nobre no período medieval. O residência dos 
nobres eram castelos fortificados, projetados para serem residências e, ao mesmo tempo, 
sistema de proteção. 
 
Educação, artes e cultura 
 
A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam. Marcada pela 
influência da Igreja, ensinava-se o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerras. Grande parte 
da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros. 
A arte medieval também era fortemente marcada pela religiosidade da época. As pinturas 
retratavam passagens da Bíblia e ensinamentos religiosos. As pinturas medievais e os vitrais 
das igrejas eram formas de ensinar à população um pouco mais sobre a religião. 
Podemos dizer que, em geral, a cultura e a arte medieval foram fortemente influenciadas 
pela religião. Na arquitetura destacou-se a construção de castelos, igrejas e catedrais. 
 
 
AS CRUZADAS 
 
As cruzadas foram tropas ocidentais enviadas à Palestina para recuperarem a liberdade 
de acesso dos cristãos à Jerusalém. A guerra pela Terra Santa, que durou do século XI ao XIV, 
foi iniciada logo após o domínio dos turcos seljúcidas sobre esta região considerada sagrada 
para os cristãos. Após domínio da região, os turcos passaram impedir ferozmente a 
peregrinação dos europeus, através da captura e do assassinato de muitos peregrinos que 
visitavam o local unicamente pela fé. 
Em 1095, Urbano II, em oposição a este impedimento, convocou um grande número de 
fiéis para lutarem pela causa. Muitos camponeses foram a combate pela promessa de que 
receberiam reconhecimento espiritual e recompensas da Igreja; contudo, esta primeira batalha 
fracassou e muitos perderam suas vidas em combate. Após a Primeira Cruzada foi criada 
a Ordem dos Cavaleiros Templários que tiveram importante participação militar nos combates 
das seguintes Cruzadas. 
Após a derrota na 1ª Cruzada, outro exército ocidental, comandado pelos franceses, 
invadiu o oriente para lutar pela mesma causa. Seus soldados usavam, como emblema, o sinal 
da cruz costurado sobre seus uniformes de batalha. Sob liderança de Godofredo de Bulhão, 
estes guerreiros massacraram os turcos durante o combate e tomaram Jerusalém, permitindo 
novamente livre para acesso aos peregrinos. 
Outros confrontos deste tipo ocorreram, porém, somente a sexta edição (1228-1229) 
ocorreu de forma pacífica. As demais serviram somente para prejudicar o relacionamento 
religioso entre ocidente e oriente. A relação dos dois continentes ficava cada vez mais 
desgastada devido à violência e a ambição desenfreada que havia tomado conta dos cruzados, 
e, sobre isso, o clero católico nada podia fazer para controlar a situação. 
Embora não tenham sido bem sucedidas, a ponto de até crianças terem feito parte e 
morrido por este tipo de luta, estes combates atraíram grandes reis como Ricardo I, também 
chamado de Ricardo Coração de Leão, e Luís IX. Elas proporcionaram também o renascimento 
do comércio na Europa. Muitos cavaleiros, ao retornarem do Oriente, saqueavam cidades e 
montavam pequenas feiras nas rotas comerciais. Houve, portanto, um importante 
reaquecimento da economia no Ocidente. Estes guerreiros inseriram também novos 
conhecimentos, originários do Oriente, na Europa, através da influente sabedoria dos 
sarracenos. 
 
O fim da Idade Média 
 
Segundo muitos historiadores, o término da Idade Média deve-se à queda do Império 
Romano do Ocidente para os Otomanos, mudando assim o pólo marítimo da época, pois o 
comércio de especiarias tornou-se mais cara, poprquê a passagem do Bósforo foi fechada. 
Fazendo os países da época, criar espedições em busca da Índia. Assim o pólo marítimo foi 
mudado, do Mediterrâneo para o Atlântico. 
 
O Renascimento 
entre o mundo medieval e o início da Idade Moderna 
 
Renascimento, período da história européia caracterizado por um renovado interesse pelo 
passado greco-romano clássico, especialmente pela sua arte. O Renascimento começou na 
Itália, no século XIV, e difundiu-se por toda a Europa, durante os séculos XV e XVI. A 
fragmentada sociedade feudal da Idade Média transformou-se em uma sociedade dominada, 
progressivamente, por instituições políticas centralizadas, com uma economia urbana e 
mercantil, em que floresceu o mecenato da educação, das artes e da música. 
O termo “Renascimento” foi empregado pela primeira vez em 1855, pelo históriador 
francês Jules Michelet, para referir-se ao “descobrimento do Mundo e do homem” no século 
XVI. O historiador suíço Jakob Burckhardt ampliou este conceito em sua obra A civilização do 
renascimento italiano (1860), definindoessa época como o renascimento da humanidade e da 
consciência moderna, após um longo período de decadência. 
O Renascimento italiano foi, sobretudo, um fenômeno urbano, produto das cidades que 
floresceram no centro e no norte da Itália, como Florença, Ferrara, Milão e Veneza, resultado 
de um período de grande expansão econômica e demográfica dos séculos XII e XIII. 
Uma das mais significativas rupturas renascentistas com as tradições medievais verifica-
se no campo da história. A visão renascentista da história possuía três partes: a Antigüidade, a 
Idade Média e a Idade de Ouro ou Renascimento, que estava começando. 
A idéia renascentista do humanismo pressupunha uma outra ruptura cultural com a 
tradição medieval. Redescobriram-se os Diálogos de Platão, os textos históricos de Heródoto e 
Tucídides e as obras dos dramaturgos e poetas gregos. O estudo da literatura antiga, da 
história e da filosofia moral tinha por objetivo criar seres humanos livres e civilizados, pessoas 
de requinte e julgamento, cidadãos, mais que apenas sacerdotes e monges. 
 Os estudos humanísticos e as grandes conquistas artísticas da época foram fomentadas 
e apoiadas economicamente por grandes famílias como os Medici, em Florença; os Este, em 
Ferrara; os Sforza, em Milão; os Gonzaga, em Mântua; os duques de Urbino; os Dogos, em 
Veneza; e o Papado, em Roma. 
No campo das belas-artes, a ruptura definitiva com a tradição medieval teve lugar em 
Florença, por volta de 1420, quando a arte renascentista alcançou o conceito científico da 
perspectiva linear, que possibilitou a representação tridimensional do espaço, de forma 
convincente, numa superfície plana. 
Os ideais renascentistas de harmonia e proporção conheceram o apogeu nas obras de 
Rafael, Leonardo da Vinci e Michelangelo, durante o século XVI. 
Houve também progressos na medicina e anatomia, especialmente após a tradução, nos 
séculos XV e XVI, de inúmeros trabalhos de Hipócrates e Galeno. Entre os avanços realizados, 
destacam-se a inovadora astronomia de Nicolau Copérnico, Tycho Brahe e Johannes Kepler. A 
geografia se transformou graças aos conhecimentos empíricos adquiridos através das 
explorações e dos descobrimentos de novos continentes e pelas primeiras traduções das obras 
de Ptolomeu e Estrabão. 
No campo da tecnologia, a invenção da imprensa, no século XV, revolucionou a difusão 
dos conhecimentos e o uso da pólvora transformou as táticas militares, entre os anos de 1450 
e 1550. 
No campo do direito, procurou-se substituir o abstrato método dialético dos juristas 
medievais por uma interpretação filológica e histórica das fontes do direito romano. Os 
renascentistas afirmaram que a missão central do governante era manter a segurança e a paz. 
Maquiavel sustentava que a virtú (a força criativa) do governante era a chave para a 
manutenção da sua posição e o bem-estar dos súditos. 
O clero renascentista ajustou seu comportamento à ética e aos costumes de uma 
sociedade laica. As atividades dos papas, cardeais e bispos somente se diferenciavam das 
usuais entre os mercadores e políticos da época. Ao mesmo tempo, a cristandade manteve-se 
como um elemento vital e essencial da cultura renascentista. A aproximação humanista com a 
teologia e as Escrituras é observada tanto no poeta italiano Petrarca como no holandês 
Erasmo de Rotterdam, fato que gerou um poderoso impacto entre os católicos e protestantes. 
 
 
Galileu 
 
O físico e astrônomo italiano Galileu afirmava que a Terra girava ao redor do Sol, contra 
as crenças da Igreja Católica, segundo a qual a Terra era o centro do Universo. Negou-se a 
retratar-se, apesar das ordens de Roma, e foi sentenciado à prisão perpétua. 
 
Lourenço de Medici, O Magnífico 
 
O político e banqueiro italiano Lourenço de Medici (1449-1492) foi um influente mecenas 
das humanidades durante o Renascimento. A família Medici governou Florença, desde meados 
do século XV até 1737, dominando a vida política, social e cultural da cidade. O próprio 
Lourenço foi poeta, construiu bibliotecas em Florença e patrocinou artistas e literatos, tais como 
o pintor Michelangelo e o poeta e humanista Angelo Poliziano. 
 
TESTES: 
 
01. (CONTABILIDADE-IPSERV-PREF. UBERABA/MG-FUNDEP-2009) – Com a 
chamada Partilha de Verdun, de 843, o império de Carlos Magno foi dividido entre seus três 
netos: Lotário, Carlos e Luís. A esse respeito podemos afirmar: 
a) Nesse acordo preservava-se a unidade político-institucional, uma das 
características do sistema feudal em processo de estruturação. 
b) A partilha marca o início do processo de síntese romano-germânico, que redundaria no 
aparecimento de diversos pequenos reinos durante a Alta Idade Média. 
c) O resultado é o esboço da futura divisão européia, uma vez que os domínios de Carlos 
e Luís darão origem aos reinos francês e germânico respectivamente. 
d) Nesse momento consagra-se a divisão da cristandade, em razão da 
aproximação de Lotário e Carlos com o papado e de Luís com o patriarcado de Constantinopla. 
e) O Tratado de Verdun marcou o fm dos confitos entre os poderes seculares e 
eclesiásticos, verifcado desde o início da Idade Média. 
RESPOSTA “C”. 
 
 
02. (AGENTE TECNICO LEGISLATIVO-FCC-2010) – “A Península Itálica foi o berço do 
Movimento Renascentista”. 
Entre as alternativas a seguir, assinale aquela que não justifca esta afirmação. 
a) A consolidação da monarquia e a precoce centralização política italiana favoreceram a 
burguesia mercantil, que estimulava as artes e as ciências, através do mecenato. 
b) O objetivo dos burgueses italianos ao patrocinarem as artes e as ciências era o de 
afirmar seus valores, assegurando a sua legitimidade enquanto grupo social. 
c) As cidades italianas encontravam-se enriquecidas devido ao comércio com o 
Oriente, através do Mar Mediterrâneo. 
d) Após a queda de Constantinopla, muitos sábios Bizantinos emigraram para a Península 
ltálica, levando consigo muitos elementos da cultura clássica preservada em Bizâncio. 
e) Sendo a Península ltálica a sede do Império Romano do Ocidente, existia nessa 
região uma série de elementos preservados da Antigüidade, que inspiraram os artistas e 
filósofos renascentistas. 
RESPOSTA “A”. 
 
03. (CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS-FHEMIG-FUNDEP-2011) – “Nunca uma 
civilização dera tão grande lugar à pintura e à música, nem erguera ao céu tão altas cúpulas, 
nem elevara ao nível da alta literatura tantas línguas nacionais encerradas em tão exíguo 
espaço. Nunca no passado da humanidade tinham surgido tantas invenções em tão pouco 
tempo. Pois o Renascimento foi, especialmente, progresso técnico; deu ao homem do 
Ocidente maior domínio sobre um mundo mais bem conhecido. Ensinou-lhe a atravessar os 
oceanos, a fabricar ferro fundido, a servir-se das armas de fogo, a contar as horas com um 
motor, a imprimir, a utilizar dia a dia a letra de câmbio e o seguro marítimo”. 
DELUMEAU, Jean, A Civilização do Renascimento, vol. 1, p. 23. 
A respeito do Renascimento é correto afirmar: 
a) O termo foi criado no século XVI por Giorgio Vasari e transmite uma visão 
depreciativa da cultura clássica e valorativa da cultura medieval. 
b) As alterações culturais experimentadas durante o Renascimento limitaram-se a 
questões estéticas, completamente divorciadas das transformações sociais, políticas, 
religiosas e econômicas do período. 
c) Cenas do Antigo Testamento, episódios da vida de Jesus, retratos de santos e mártires 
compunham os principais temas da arte renascentista, evidenciando uma perspectiva 
teocêntrica de valorização do sagrado. 
d) A propagação da cultura renascentista esteve articulada ao impulso das atividades 
mercantis e ao desenvolvimento da imprensa, que possibilitou a difusão em maior escaladas obras literárias. 
e) O Renascimento desenvolveu-se após a expansão industrial européia e motivou uma 
atitude nostálgica com relação aos paraísos tropicais que passaram a ser retratados nas obras 
literárias, nas pinturas e nas composições musicais. 
RESPOSTA “D”. 
 
04. “Que obra prima é o homem! Como é nobre em sua razão! Como é infinito em 
faculdades! Em forma e movimentos, como é expressivo e maravilhoso! Nas ações, como se 
parece com um anjo! 
Na inteligência, como se parece com um deus! A maravilha do mundo! O padrão de 
todos os seres criados!”. (Hamlet,William Shakespeare, trad., São Paulo: Martin Claret, 2002, 
p.47.) 
Nesse trecho do Hamlet de William Shakespeare podemos identifcar algumas 
características: 
a) Do Catolicismo, com a afirmação da arte como um ofício religioso. 
b) Do Protestantismo, com a perspectiva da infalibilidade dos escritos bíblicos. 
c) Do Renascimento, com a valorização do homem como o centro ou a medida do 
Universo. 
d) Do Hedonismo, com a identificação da beleza como uma manifestação do espírito 
divino. 
e) Do Teocentrismo, com a negação da influência do classicismo Greco romano. 
RESPOSTA “C”. 
 
05. (FEI– 2008) – As principais características do Renascimento foram: 
a) Teocentrismo, realismo e intensa espiritualidade; 
b) Romantismo, espírito crítico em relação à política, temas de inspiração exclusivamente 
naturalistas; 
c) Ausência de perspectiva e adoção de temas do cotidiano religioso, tendo como foco 
apenas os valores espirituais; 
d) Uso de temas ecológicos evidenciando a preocupação com o meio ambiente, 
execução de variados retratos de personalidades da época. 
e) Antropocentrismo, humanismo e inspiração greco-romana. 
RESPOSTA “E”. 
 
 
CAPÍTULO 4: OS IMPÉRIOS COLONIAIS 
 
A Expansão Marítima 
 
A expansão ultramarina Européia deu início ao processo da Revolução Comercial, que 
caracterizou os séculos XV, XVI e XVII. Através das Grandes Navegações, pela primeira vez 
na história, o mundo seria totalmente interligado. Somente então é possível falar-se em uma 
história em escala mundial. A Revolução Comercial, graças a acumulação primitiva de Capital 
que propiciou, preparou o começo da Revolução Industrial a partir da segunda metade do 
século XVIII. Apenas os Estados efetivamente centralizados tinham condições de levar adiante 
tal empreendimento, dada a necessidade de um grande investimento e principalmente de uma 
figura que atuasse como coordenador – no caso, o Rei. Além de formar um acúmulo prévio de 
capitais, pela cobrança direta de impostos, o rei disciplinava os investimentos da burguesia, 
canalizando-os para esse grande empreendimento de caráter estatal, ou seja, do Estado, que 
se tornou um instrumento de riqueza e poder para as monarquias absolutas. 
 
Fatores que provocaram a expansão: 
 
 Centralização Política: Estado Centralizado reuniu riquezas para financiar a 
navegação; 
 O Renascimento: Permitiu o surgimento de novas idéias e uma evolução técnica; 
 Objetivo da Elite da Europa Ocidental em romper o monopólio Árabe-Italiano 
sobre as mercadorias orientais; 
 A busca de terras e novas minas (ouro e prata) com o objetivo de superar a crise 
do século XIV; 
 Expandir a fé; 
 
Objetivos da expansão 
 
 Metais; 
 Mercados; 
 Especiarias (Noz Moscada, Cravo...) 
 Terras; 
 Fiéis; 
 
Pioneirismo português 
 
 Precoce centralização Política; 
 Domínio das Técnicas de Navegação (Escola de Sagres) * 
 Participação da Rota de Comércio que ligava o mediterrâneo ao norte da Europa; 
 Capital (financiamento de Flandres); 
 Posição Geográfica Favorável; 
 
 
Escola de Sagres 
 
Centro de Estudos Náuticos, fundado pelo infante Dom Henrique, o qual manteve até a 
sua morte, em 1460, o monopólio régio do ultramar. O "Príncipe perfeito" Dom João II (1481-
1495) continuou o aperfeiçoamento dos estudos náuticos com o auxílio da sua provável Junta 
de Cartógrafos, que teria elaborado em detalhe o plano de pesquisa do caminho marítimo para 
as índias. 
 
Revolução de Avis 
 
Nos fins do século XIV uma transformação muito importante aconteceu em Portugal: a 
morte do rei D. Fernando em 1383, deu origem a uma crise política que, envolvendo os vários 
grupos sociais, veio a levar ao poder uma nova família real e a iniciar uma orientação diferente 
na vida dos portugueses. 
D. Fernando tinha uma única filha, D. Beatriz, que, apenas com doze anos de idade, 
casara com o rei de Castela, pondo-se assim termo a uma série de guerras em que D. 
Fernando se envolvera com aquele reino. 
Essas guerras tinham agravado os problemas do país, provocando o descontentamento 
popular: gastou-se muito dinheiro com a guerra, muitos homens morreram, a falta de mão-de-
obra agravou-se, os produtos alimentares subiram de preço. 
D. Fernando morreu alguns meses depois deste casamento. Nem D. Beatriz tinha filhos, 
nem, entretanto, nascera nenhum outro sucessor legítimo do rei. 
A viúva de D. Fernando - D. Leonor Teles - nunca fora bem vista pelo povo. De fato, 
quando o rei se apaixonara por ela, D. Leonor já era casada, e foi necessário obter, por 
influência de D. Fernando junto ao Papa, a anulação de seu primeiro casamento. Por outro 
lado, por causa de Leonor Teles, D. Fernando desistiu de outros casamentos que teriam sido, 
politicamente, mais úteis ao país. 
A agravar tudo isto, depois de ser rainha, D. Leonor vingou-se duramente de todos os que 
tinham desaprovado o seu casamento, levando o rei a condenar a morte ou tormentos muitos 
deles, especialmente os homens dos ofícios da cidade de Lisboa que tinham declarado 
abertamente a sua discordância. 
O povo não gostava, pois, da viúva de D. Fernando. No entanto, pelo contrato de 
casamento, cabia-lhe governar o reino como regente até que um filho de D. Beatriz 
completasse 14 anos. 
Assim, D. Leonor Teles, a regente, depois de não ter comparecido ao funeral de D. 
Fernando - o que agravou o descontentamento popular - mandou aclamar rainha D. Beatriz. 
Naquele tempo, a aclamação de um novo soberano era feita através de "pregões" lidos 
por emissários da Corte nas principais vilas e cidades do Reino. 
Em lisboa, Santarém, Elvas e outros lugares, a leitura dos pregões desencadeou revoltas 
populares: as populações dessas localidades injuriavam os pregoeiros e recusavam-se a 
aceitar a aclamação de uma rainha que era mulher de um rei estrangeiro (Castela), o que 
poderia dar origem à união dos dois países e em consequência a perda de independência de 
Portugal. 
Entretanto, o descontentamento com a regência de Leonor Teles e a grande influência 
que junto dela tinha o Conde de Ourém - João Fernandes Andeiro - levaram a que fosse 
planejado o assassinato deste, prevendo-se desde logo o apoio do povo de Lisboa. D. João, 
Mestre de Avis ficou encarregado de matar o "Andeiro"; à mesma hora Álvaro Pais, antigo 
funcionário de D. Fernando, chamaria o povo ao palácio para proteger o Mestre de Avis. 
Realizado o plano e morto o "Andeiro", o povo de Lisboa pediu a D. João que aceitasse 
ser o "Regedor e Defensor do Reino", ficando a seu cargo a direção da luta contra D. Beatriz e 
o rei de Castela. 
Leonor Teles refugia-se em Alenquer e pede auxílio ao seu genro, D. João de Castela. 
Este, aproveitando-se da situação, avançou com seus exércitos sobre Santarém, retirou a 
regência de Leonor Teles e intitulando-se "Rei de Portugal", dirigiu-se para Lisboa, cercando a 
cidade. 
Este abuso do rei castelhano fez com que muitos burgueses, até aí hesitantes, aderissem 
á causa do Mestre de Avis, juntando-se ao povo que o apoiava. Pelo contrário, a maior parte 
do clero e da nobreza respeitavam a legalidade da sucessão e apoiavam D. Beatriz. 
Entretanto, um pequeno exército português, chefiadopor D. Nuno Álvares Pereira - um 
dos nobres que tomara o partido do Mestre de Avis - vence os castelhanos no lugar de 
Atoleiros, no Alentejo. 
Em Lisboa, o cerco prolongou-se por vários meses. Os lisboetas resistiram no meio das 
maiores privações e dificuldades. O aparecimento da peste nas tropas castelhanas obrigou o 
rei de Castela a levantar o cerco e retirar. 
Os partidários do Mestre de Avis e da independência de Portugal começavam a ter uma 
maior certeza da vitória. 
Foram convocadas Cortes em Coimbra em março de 1385 e o Mestre de Avis foi 
aclamado rei de Portugal. 
Os castelhanos reagiram a esta decisão, como era de se esperar, invadindo novamente 
Portugal. Mas os portugueses saíram ao seu encontro e travou-se em Aljubarrota, em agosto 
de 1385, uma batalha decisiva: usando a tática do quadrado e aproveitando as vantagens da 
colocação no terreno(os inimigos estavam de frente para o sol), as tropas portuguesas, 
chefiadas pelo próprio rei D. João I e por D. Nuno Álvares Pereira, conseguiram a vitória, pondo 
o exército inimigo em fuga. 
A paz definitiva com Castela só veio a ser assinada alguns anos depois, em 1411. Para 
assinalar o acontecimento, D. João I mandou iniciar, no local, a construção do mosteiro de 
Santa Maria da Vitória, conhecido por mosteiro da Batalha. 
 
A Expansão Marítima Portuguesa 
 
Após a deflagração da Revolução de Avis, Portugal passou por um processo de 
mudanças onde a nacionalização dos impostos, leis e exércitos favoreceram a ascendência 
das atividades comerciais de sua burguesia mercantil. A prosperidade material alcançada por 
meio desse conjunto de medidas ofereceu condições para o investimento em novas 
empreitadas mercantis. 
Nesse período, as principais rotas comerciais estavam voltadas no trânsito entre a Ásia 
(China, Pérsia, Japão e Índia) e as nações mercantilistas européias. Parte desse câmbio de 
mercadorias era intermediada pelos muçulmanos que, via Mar Mediterrâneo, introduziam as 
especiarias orientais na Europa. Pelas vias terrestres, os comerciantes italianos 
monopolizavam a entrada de produtos orientais no continente. 
A burguesia portuguesa, buscando se livrar dos altos preços cobrados por esses 
intermediários e almejando maiores lucros, tentaram consolidar novas rotas marítimas que 
fizessem o contato direto com os comerciantes orientais. Patrocinados pelo interesse do infante 
Dom Henrique, vários navegadores, cartógrafos, cosmógrafos e homens do mar foram 
reunidos na região de Sagres, que se tronou um grande centro da tecnologia marítima da 
época. 
Em 1415, a Conquista de Ceuta iniciou um processo de consolidação de colônias 
portuguesas na costa africana e de algumas ilhas do Oceano Atlântico. Esse primeiro momento 
da expansão marítima portuguesa alcançou seu ápice quando os navios portugueses 
ultrapassaram o Cabo das Tormentas (atual Cabo da Boa Esperança), que até então era um 
dos limites do mundo conhecido. 
É interessante notar que mesmo com as inovações tecnológicas e o grande interesse 
comercial do mundo moderno, vários mitos Antigos e Medievais faziam da experiência 
ultramarina um grande desafio. Os marinheiros e navegadores da época temiam a brutalidade 
dos mares além das Tormentas. Diversos relatos fazem referência sobre as temperaturas 
escaldantes e as feras do mar que habitavam tais regiões marítimas. 
No ano de 1497, o navegador Vasco da Gama empreendeu as últimas explorações que 
concretizaram a rota rumo às Índias, via a circunavegação do continente africano. Com essa 
descoberta o projeto de expansão marítima de Portugal parecia ter concretizado seus planos. 
No entanto, o início das explorações marítimas espanholas firmou uma concorrência entre 
Portugal e Espanha que abriu caminho para um conjunto de acordos diplomáticos (Bula 
Intercoetera e Tratado de Tordesilhas) que preestabeleceram os territórios a serem explorados 
por ambas as nações. 
O processo de expansão marítima português chegou ao seu auge quando, em 1500, o 
navegador Pedro Álvares Cabral anunciou a descoberta das terras brasileiras. Mesmo 
alegando a descoberta nessa época, alguns historiadores defendem que essa descoberta foi 
estabelecida anteriormente. Anos depois, com a ascensão do processo de expansão marítima 
de outras nações européias e a decadência dos empreendimentos comercias portugueses no 
Oriente, as terras do Brasil tornaram-se o principal foco do mercantilismo português. 
 
A Expansão Marítima Espanhola 
 
Tão logo completou a sua centralização monárquica, em 1492, a Espanha inicia as 
Grandes Navegações Marítimas. Os Reis Católicos (Fernando e Isabel) cederam ao navegador 
Cristóvão Colombo três caravelas. Com elas, Colombo pretendia chegar às Índias, navegando 
na direção do oeste. Ao aportar nas Antilhas, ele chega em Cuba, El Salvador e Santo 
Domingo acreditando ter chegado ao arquipélago do Japão. Com a entrada da Espanha no 
ciclo das grandes navegações, criou-se uma polêmica entre esta nação e Portugal, pela posse 
das terras recém-descobertas da América. Essa questão passa pelo Papa, que escreve a Bula 
"Inter Colétera" (as terras da América seriam dividas por uma linha a 100 léguas das Ilhas de 
Cabo Verde, em que Portugal ficaria com as terras orientais e a Espanha ficaria com as terras 
ocidentais). Portugal fica insatisfeito, recorre ao Papa -> Tratado de Tordesilhas. (Foto) 
As viagens ibéricas prosseguiram até que a descoberta de ouro na América, pelos 
espanhóis, aguçou a cobiça de outras nações européias que procuravam completar seu 
processo de centralização monárquica. Passam a contestar o Tratado de Tordesilhas, ao 
mesmo tempo em que tentavam abrir novas rotas para a Ásia, através do Hemisfério Norte, e 
se utilizavam da prática da Pirataria. Afirmavam ainda que a posse da terra descoberta só se 
concretizava quando a nação reivindicasse a ocupasse efetivamente, o princípio do "Uti 
Possidetis" (usucapião). França foi uma das mais utilizarias desse pretexto. 
 
Expansão no século XVI 
 
Após a crise do século XVI, a economia européia sofreu transformações essenciais, na 
medida em que as riquezas exteriores, adquiridas na expansão marítima, não só ampliou o 
grande comércio, como também elevou o nível científico. Foram intensificados os estudos para 
desenvolver a bússola, novos modelos de embarcações (caravelas, nau), o astrolábio, 
portulanos (livrinho que continha a observação detalhada de uma região, feita por um piloto 
que estivera lá antes) e cartas de navegação. Esses novos conhecimentos, aliados a nova 
visão do mundo e do homem, preconizada pelo Renascimento, ampliaram os horizontes 
europeus, facilitando o pleno desenvolvimento da expansão ultramarina. 
Essa expansão foi a responsável pelo surgimento de um mercado mundial, baseado no 
capital gerado pelas atividades comerciais, que afetou todo o sistema produtivo e favoreceu a 
consolidação do Estado Nacional. No século XVI, as nações pioneiras (Portugal e Espanha) 
prosseguiram suas viagens conquistando territórios na América, África e Ásia. Inglaterra e 
França procuravam romper tal domínio na tentativa de conseguir mercados e áreas de 
exploração. 
 
Embarcações 
 
A caravela possuía um casco estreito e fundo, com isto ela possuía uma grande 
estabilidade, por baixo do convés havia um espaço que servia para transportar os 
mantimentos, o castelo que era os aposentos do capitão e do escrivão se localizava na popa 
do navio, porém a grande novidade deste navio foi a utilização das velas triangulares em mar 
aberto, as quais permitiam que a caravela avançasse em zig-zag mesmo com ventos 
contrários, as caravelas não possuíam os mesmos tamanhos, as pequenas levavam entre vinte 
e cinco a trinta homens e as maiores chegavam a levar mais de cem homens a bordo, 
geralmente a tripulação era formada por marinheiros muitos jovens, os capitães podiam ser 
rapazesde vinte anos de idade eles eram o chefe máximo, que tinham a competência de 
organizar a vida a bordo e tomar as decisões sobre as viagens, o escrivão tinha a competência 
de registrar por escrito o rol da carga. 
O piloto encarregava-se da orientação do navio, geralmente viajava na popa do navio com 
os seguintes instrumentos, uma bússola, um astrolábio e um quadrante, ele orientava aos 
homens do leme que manejavam o navio de acordo com as instruções do piloto e do capitão e 
em dia de mar revolto era necessário dois homens ao leme do navio, o homem da ampulheta 
era o marinheiro que vigiava o relógio de areia para saberem as horas, os marinheiros a bordo 
das caravelas tinham que fazer todos os tipos de serviços, desde içar, manobrar e recolher as 
velas, esfregar o convés, carregar e descarregar a carga e outras fainas a bordo, os grumetes 
eram constituídos em sua maioria por rapazes de dez anos de idade que iam a bordo para 
aprender e fazer as rotinas das viagens. A construção das caravelas era executada a beira do 
Tejo na Ribeira das Naus junto ao Palácio Real, onde trabalhavam os mestres de carpinteiros 
os quais não se serviam de planos, nem de desenhos técnicos. 
 
Mercantilismo 
 
Conjunto de medidas econômicas adotadas pelos Estados Nacionais modernos no 
período de Transição (Feudalismo p/ Capitalismo), tendo os Reis e o Estado, o poder de intervir 
ma economia. Esse sistema buscava atender os setores feudais visando conseguir riquezas 
para a sua manutenção. O mercantilismo não é um modo de produção, mas sim um conjunto 
de práticas de produção. Não existe uma sociedade Mercantilista. Tais medidas variavam de 
Estado para Estado, logo, não existiu apenas um mercantilismo. Não se pode generalizá-lo. 
 
Princípios (Variavam de Estado para Estado) 
 
 Metalismo ou Bullionismo; 
 Balança Comercial Favorável (Vender mais e comprar menos visando garantir o 
acúmulo de ouro e prata); 
 Protecionismo Alfandegário (grandes tarifas aos produtos estrangeiros); 
 Construção Naval (frota Mercante e Marinha de Guerra); 
 Manufaturas; 
 Monopólio (Rei vende monopólio para as Companhias de Comércio nas cidades); 
 Sistema Colonial (Pacto Colonial, Latifúndio, Escravismo); 
 Intervenção do Estado na Economia; 
 
Política dos Estados 
 
 Espanha – Bullionismo (metais) 
 Holanda – Comercialismo 
 França – Colbertismo (Manufaturas de luxo) 
 Inglaterra – Comercialismo 
 
Colônias de Exploração 
As colônias de exploração atendiam as necessidades do sistema mercantilista garantindo, 
através de uma economia complementar e do pacto colonial, lucros para a metrópole. Nesse 
tipo de colonização, não havia o respeito devido pelo povo ou pela terra. 
 
CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS 
 
MAIAS, ASTECAS, INCAS, MÉXICO 
 
Civilização Maia 
 
O povo maia habitou a região das florestas tropicais das atuais Guatemala, Honduras 
e Península de Yucatán (região sul do atual México). Viveram nestas regiões entre os séculos 
IV a.C e IX a.C. Entre os séculos IX e X , os toltecas invadiram essas regiões e dominaram a 
civilização maia. 
Nunca chegaram a formar um império unificado, fato que favoreceu a invasão e domínio 
de outros povos. As cidades formavam o núcleo político e religioso da civilização e eram 
governadas por um estado teocrático.O império maia era considerado um representante dos 
deuses na Terra. 
A zona urbana era habitada apenas pelos nobres (família real), sacerdotes (responsáveis 
pelos cultos e conhecimentos), chefes militares e administradores do império (cobradores de 
impostos). Os camponeses, que formavam a base da sociedade, artesão e trabalhadores 
urbanos faziam parte das camadas menos privilegiadas e tinham que pagar altos impostos. 
A base da economia maia era a agricultura, principalmente de milho, feijão e tubérculos. 
Suas técnicas de irrigação eram muito avançadas. Praticavam o comércio de mercadorias com 
povos vizinhos e no interior do império. 
Ergueram pirâmides, templos e palácios, demonstrando um grande avanço na arquitetura. 
O artesanato também se destacou: fiação de tecidos, uso de tintas em tecidos e roupas. A 
religião deste povo era politeísta, pois acreditavam em vários deuses ligados à natureza. 
Elaboraram um eficiente e complexo calendário que estabelecia com exatidão os 365 dias do 
ano. 
Assim como os egípcios, usaram uma escrita baseada em símbolos e desenhos 
(hieróglifos). Registravam acontecimentos, datas, contagem de impostos e colheitas, guerras e 
outros dados importantes. Desenvolveram muito a matemática, com destaque para a invenção 
das casas decimais e o valor zero. 
 
Civilização Asteca 
 
Povo guerreiro, os astecas habitaram a região do atual México entre os séculos XIV e 
XVI. Fundaram no século XIV a importante cidade de Tenochtitlán (atual Cidade do México), 
numa região de pântanos, próxima do lago Texcoco. 
A sociedade era hierarquizada e comandada por um imperador, chefe do exército. A 
nobreza era também formada por sacerdotes e chefes militares. Os camponeses, artesãos e 
trabalhadores urbanos compunham grande parte da população. Esta camada mais baixa da 
sociedade era obrigada a exercer um trabalho compulsório para o imperador, quando este os 
convocava para trabalhos em obras públicas (canais de irrigação, estradas, templos, 
pirâmides). 
Durante o governo do imperador Montezuma II (início do século XVI), o império asteca 
chegou a ser formado por aproximadamente 500 cidades, que pagavam altos impostos para o 
imperador. O império começou a ser destruído em 1519 com as invasões espanholas. Os 
espanhóis dominaram os astecas e tomaram grande parte dos objetos de ouro desta 
civilização. Não satisfeitos, ainda escravizaram os astecas, forçando-os a trabalharem nas 
minas de ouro e prata da região. Os astecas desenvolveram muito as técnicas agrícolas, 
construindo obras de drenagem e as chinampas (ilhas de cultivo), onde plantavam e colhiam 
milho, pimenta, tomate, cacau etc. As sementes de cacau, por exemplo, eram usadas como 
moedas por este povo. 
O artesanato a era riquíssimo, destacando-se a confecção de tecidos, objetos de ouro e 
prata e artigos com pinturas. 
A religião era politeísta, pois cultuavam diversos deuses da natureza (deus Sol, Lua, 
Trovão, Chuva) e uma deusa representada por uma Serpente Emplumada. A escrita era 
representada por desenhos e símbolos. O calendário maia foi utilizado com modificações pelos 
astecas. Desenvolveram diversos conceitos matemáticos e de astronomia. 
Na arquitetura, construíram enormes pirâmides utilizadas para cultos religiosos e 
sacrifícios humanos. Estes, eram realizados em datas específicas em homenagem aos deuses. 
Acreditavam, que com os sacrifícios, poderiam deixar os deuses mais calmos e felizes. 
 
Civilização Inca 
 
Os incas viveram na região da Cordilheira dos Andes (América do Sul ) nos atuais Peru, 
Bolívia, Chile e Equador. Fundaram no século XIII a capital do império: a cidade sagrada de 
Cusco. Foram dominados pelos espanhóis em 1532. 
O imperador, conhecido por Sapa Inca era considerado um deus na Terra. A sociedade 
era hierarquizada e formada por: nobres (governantes, chefes militares, juízes e sacerdotes), 
camada média ( funcionários públicos e trabalhadores especializados) e classe mais baixa 
(artesãos e os camponeses). Esta última camada pagava altos tributos ao rei em mercadorias 
ou com trabalhos em obras públicas. 
Na arquitetura, desenvolveram várias construções com enormes blocos de pedras 
encaixadas, como templos, casas e palácios. A cidade de Machu Picchu foi descoberta 
somente em 1911 e revelou toda a eficiente estrutura urbana desta sociedade. A agricultura 
era extremamente desenvolvida, pois plantavam nos chamados terraços (degraus formados 
nas costas das montanhas). Plantavam e colhiam feijão,milho (alimento sagrado) e batata. 
Construíram canais de irrigação, desviando o curso dos rios para as aldeias. A arte destacou-
se pela qualidade dos objetos de ouro, prata, tecidos e jóias. 
Domesticaram a lhama (animal da família do camelo) e utilizaram como meio de 
transporte, além de retirar a lã , carne e leite deste animal. Além da lhama, alpacas e vicunhas 
também eram criadas. 
A religião tinha como principal deus o Sol (deus Inti). Porém, cultuavam também animais 
considerados sagrados como o condor e o jaguar. Acreditavam num criador antepassado 
chamado Viracocha (criador de tudo). Criaram um interessante e eficiente sistema de 
contagem : o quipo. Este era um instrumento feito de cordões coloridos, onde cada cor 
representava a contagem de algo. Com o quipo, registravam e somavam as colheitas, 
habitantes e impostos. Mesmo com todo desenvolvimento, este povo não desenvolveu um 
sistema de escrita. 
 
Os povos indígenas da América Portuguesa 
 
No caso do atual território brasileiro, quatro grandes grupos lingüísticos marcaram a 
diferenciação básica: tupi, jê, aruaque e caraíba, subdivididos em várias famílias. 
No Brasil atualmente há várias pesquisas sendo desenvolvidas em sítios arqueológicos, 
locais onde se descobriram vestígios de ocupação humana. Os arqueólogos procuram por 
restos de fogueiras, pedaços de cerâmica, pinturas rupestres, esqueletos humanos, vestígios 
de aldeias e habitações, tentando levantar hipóteses quanto à época desses objetos, bem 
como sobre a forma de vida desses nossos antepassados. 
Junto com essas informações e hipóteses, a outra forma de tentar reconstruir a vida dos 
nativos antes da chegada dos europeus é, por mais contrário que possa parecer, pelos relatos 
e crônicas escritos por esses mesmos europeus no período colonial. Como os povos indígenas 
da América portuguesa não desenvolveram a escrita, os principais documentos a respeito de 
sua história foram elaborados pelos conquistadores. 
Dois grandes problemas aparecem de imediato.Primeiro: até que ponto as descrições dos 
conquistadores retratam de fato ávida dos nativos ou apresentam projeções e distorções? 
Segundo: tendo tais descrições sido realizadas até o ano de 1500, as formas de vida desses 
indígenas já não teriam sido alteradas pela chegada dos europeus, diferenciando-se daquelas 
que eram características no período pré-colonial? Os nativos eram chamados pelos lusitanos 
de negros da terra. 
 
A REFORMA PROTESTANTE 
O LUTERANISMO 
 
É uma denominação cristã ligada diretamente a Martinho Lutero, pioneiro da Reforma da 
Igreja na Alemanha, a partir de 1517. 
 
A História da Igreja Luterana 
 
A 10 de novembro de 1483, na cidade de Eisleben, na Alemanha, nasceu Martinho 
Lutero, um jovem que, contrariando a vontade dos pais, decidiu tornar-se monge. No mosteiro, 
Lutero vivia em angústias e desespero por dúvidas que tinha sobre seus méritos espirituais. 
Quanto mais se penitenciava, tanto mais cresciam suas dúvidas e incertezas. Não possuía, por 
isso, paz de alma e via Deus como um severo juiz pronto a castigar os pecadores. 
Lutero tornou-se Doutor em Teologia e passou a lecionar na Universidade de Wittenberg. 
Sendo um dos privilegiados a ter acesso a uma Bíblia, Lutero desenvolveu nova visão teológica 
lendo as palavras de Romanos 1.17: "O justo viverá por fé". Segundo sua interpretação, dizia 
que o perdão e a vida eterna não são conquistados por nós mediante boas obras, mas nos são 
dados gratuitamente por meio da fé em Jesus Cristo. 
Em 1517, na Alemanha, o professor e monge Martinho Lutero fixou à porta da Catedral de 
Wittenberg 95 teses criticando a atuação do Papa e do alto clero. Elas se propagaram 
rapidamente, mesmo com a intervenção da Igreja. Lutero foi apoiado por parte da população e 
pela nobreza que, desejosa de conquistar novas terras sob domínio de Roma (na região da 
atual Alemanha), o protegeram da perseguição do papa, poupando-o da fogueira, mas não da 
excomunhão. 
Alguns exemplos dessas teses: 
 Tese 27: Pregam a doutrina humana os que dizem que, tão logo seja ouvido o 
tilintar da moeda lançada na caixa, a alma sairá voando. 
 Tese 32: Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, 
aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de cartas de indulgência. 
 Tese 86: Por que o papa, cuja fortuna é hoje maior que a dos mais ricos crassos, 
não constrói com seu próprio dinheiro ao menos a Basílica de São Pedro, em vez de fazê-lo 
com o dinheiro dos pobres fiéis? 
Lutero, então, passou a participar de vários debates teológicos com autoridades civis e 
eclesiásticas que tentavam fazê-lo abrir mão de suas idéias e retratar-se de críticas à Igreja e 
ao Papa. Em 1520, Lutero foi excomungado pelo Papa e, no mesmo ano, queimou a Bula de 
Excomunhão em praça pública, rompendo assim com a Igreja Católica da época. Em 1530, 
surgiu a Confissão de Augsburgo que foi escrita por Lutero e Melanchthon, um fiel companheiro 
seu. Este documento trazia um resumo dos ensinos luteranos. 
Uma das principais preocupações de Martinho Lutero,era que todas as pessoas 
pudessem ler o livro no qual os ensinamentos católicos estariam escritos e assim poderem tirar 
suas próprias conclusões. Por isto Martin Lutero traduziu a Bíblia para o Alemão para que 
todos pudessem lê-la em sua própria língua. Alguns anos mais tarde, a bíblia foi traduzida para 
o Inglês, Francês e Espanhol as pessoas passaram a ler a Bíblia e terem suas próprias 
conclusões. Aos poucos a Igreja Católica foi perdendo poder e influência. Depois de Lutero a 
Igreja Católica nunca mais conseguiu exercer o forte domínio sobre a Europa como tinha antes 
da Reforma Protestante. 
Pouco a pouco, o ideal de reforma da Igreja Católica que Lutero possuía foi sendo 
sufocado e o Reformador viu-se obrigado, juntamente com seus seguidores, a formar um grupo 
separado de cristãos que queriam permanecer fiéis às suas idéias. Surgia assim a Igreja 
Luterana. 
 
As Confissões Luteranas 
 
As Confissões Luteranas podem também ser consideradas como estandarte, em torno do 
qual os luteranos cerram fileiras em defesa de suas visões doutrinárias da Escritura sagrada 
contra o erro, ou podem ser consideradas como uma bandeira, à qual os mestres da igreja 
prestam juramento de fidelidade. Cada membro da Igreja Luterana deve subscrever não 
apenas a Bíblia, mas também as confissões como exposição correta das doutrina bíblicas. 
Para o leigo isto significa, ao menos, o Catecismo de Lutero; para o pastor e professor 
significam todas as confissões adotadas pela Igreja Luterana. 
Em suas constituições, os grupos luteranos – congregações, bem como sínodos – 
geralmente definem sua posição doutrinária mais ou menos nestas palavras: "Confessamos 
que os livros canônicos do Antigo e do Novo Testamento são a palavra de Deus inspirada e, 
portanto, a única regra de fé e vida, e que as confissões da Igreja Luterana são uma exposição 
correta das doutrinas desta palavra". Por que esta firme insistência, como resumido nas 
confissões luteranas? Porque para luteranos não pode haver nada mais importante do que as 
doutrinas expostas conforme sua interpretação da Bíblia. 
Em vista do precedente, segundo sua interpretação, o termo "igreja" jamais deveria ser 
empregado para definir um grupo religioso que não pertence ao Senhor como seu corpo (Ef. 
1.22,23). Uma seita que, de acordo com sua visão, nega a divindade de Jesus, como a dos 
unitaristas não deveria ser chamada igreja. 
Escreve Lutero nos Artigos de Esmalcalde: "Graças a Deus, (hoje) uma criança de sete 
anos de idade sabe o que é a igreja, a saber, os santos crentes e cordeiros que escutam a voz 
do seu Pastor" (parte III, art. XII, cf. Livro de Concórdia, p. 338). Em seu Catecismo Maior,ele 
apresenta essa definição clássica: "Eu creio que há sobre a terra um pequeno grupo santo e 
congregação de santos puros sob uma cabeça, Cristo, chamados pelo Espírito Santo para uma 
fé, uma mente e uma compreensão, com dons multiformes, entretanto concordando em amor, 
sem seitas nem cismas. Também faço parte do mesmo, sendo participante e co-proprietário de 
todos os bens que possui, trazido a ele e incorporado nele pelo Espírito Santo pelo ouvir e pelo 
continuar a ouvir a palavra de Deus, que é o processo de iniciação nele. Pois, anteriormente, 
antes de termos alcançado isto, pertencíamos ao diabo, nada sabendo de Deus e de Cristo. 
Assim, até o último dia, o Espírito Santo permanece com a santa congregação, ou cristandade, 
por intermédio da qual ele nos traz a Cristo, e é ela que o Espírito Santo utiliza para nos 
ensinar a pregar a palavra; pela igreja ele age e promove a santificação, fazendo-a crescer 
diariamente e fortalecendo-a na fé e nos frutos que ele faz produzir". (O Credo. Art. III, cf. Livro 
de Concórdia, p. 454). 
 
A Confissão de Ausburgo 
 
A Confissão de Ausburgo é o documento que Felipe Melanchton escreveu e que foi 
apresentado, como sendo o testemunho luterano, ao Imperador Carlos V e à Dieta do Santo 
Império Romano, a 25 de junho de 1530. Compõe-se de vinte e oito artigos. Destes, os 
primeiros vinte e um apresentam a doutrina luterana e sintetizam os ensinamentos de Lutero. 
Eles tentam provar que os luteranos não estavam ensinando novas doutrinas, contrárias às 
Escrituras Sagradas, e que não constituíram uma nova seita religiosa. Os Artigos XXI a XXVIII 
pretendem tratar dos abusos medievais que os luteranos tinham corrigido. 
Sua leitura angariou prosélitos importantes. O bispo Stadion de Ausburgo teria afirmado: 
"O que foi lido é a pura verdade, e nós não podemos negá-lo". Quando João Eck, um dos mais 
ativos adversários de Lutero, supostamente disse ao duque Guilherme da Baviera que ele era 
capaz de refutar a Confissão de Ausburgo com os pais eclesiáticos, mas não com as Sagradas 
Escrituras, Guilherme teria respondido: "Assim, pois, ouço que os luteranos estão com a 
Escritura e nós, que seguimos o pontífice, fora dela". 
 
Os Credos Ecumênicos 
 
Em reposta à acusação de que a Igreja Luterana se desviou da antiga fé da Igreja Cristã e 
era, por isso, uma nova seita, os pais luteranos oficialmente declararam sua concordância total 
com os credos ecumênicos. No prefácio da Fórmula de Concórdia declararam: "E porque 
imediatamente depois do tempo dos apóstolos e mesmo enquanto eles ainda viviam, falsos 
mestres e hereges se levantaram, símbolos, isto é, confissões breves e concisas, foram 
compostos contra eles na igreja primitiva, que foram considerados como a unânime, universal 
fé cristã e a confissão da Igreja Ortodoxa e verdadeira, a saber, o Credo Apostólico, o Credo 
Niceno, e o Credo Atanasiano; juramos fidelidade a eles, e deste modo rejeitamos todas as 
heresias e doutrinas, que, contrárias a eles, têm sido introduzidas na igreja de Deus". 
A primeira confissão da fé cristã foi o Credo Apostólico. Divergências posteriores levaram 
à formulação do Credo Niceno (325) e do Credo Atanasiano (451). Essas três confissões são 
conhecidas como Credos Ecumênicos ou Universais. 
Contudo, com o passar dos tempos, segundo a visão Luterana, a igreja foi se desviando 
da verdade bíblica. Vozes que clamavam contra o erro foram silenciadas. Martinho Lutero, 
monge agostiniano, doutor em Teologia e professor da Bíblia na Universidade de Wittemberg, 
Alemanha, postulou que a igreja estava desviada da verdade bíblica. A Igreja Luterana vê em 
Lutero um instrumento de Deus para reconduzir a igreja às verdades bíblicas e considera ainda 
que Deus preparou outros homens fiéis que participaram da causa da Reforma. 
Os seguintes documentos formam as Confissões Luteranas: 
 
 Catecismo Menor (1529), um resumo de interpretações bíblicas, escritas para o 
povo. 
 O Catecismo Maior (1529), as mesmas interpretações detalhadamente explicadas 
para adultos. 
 A Confissão de Augsburgo (1530), a principal confissão luterana. 
 A Apologia (1531), uma defesa da Confissão de Augsburgo. 
 Os Artigos de Esmalcalde (1537) reafirmam os ensinos da Confissão de 
Augsburgo e expõem, com mais profundidade, a doutrina da Santa Ceia, segundo a visão 
Luterana. 
 A Fórmula de Concórdia (1577), que define o pecado original, a impossibilidade 
de o homem salvar-se por suas próprias forças e a pessoa e obra de Cristo. 
As Confissões foram reunidas no Livro de Concórdia, em 1580, que é aceito hoje por 
muitas igrejas luteranas no mundo. Essas igrejas afirmam: " Aceitamos todos os livros 
canônicos das Escrituras Sagradas do Antigo e Novo Testamentos, como palavra infalível de 
Deus e, como exposição correta da Escritura Sagrada, aceitamos os livros simbólicos reunidos 
no Livro de Concórdia." A Escritura ou Bíblia Sagrada é a única norma na igreja para doutrina e 
praxe. 
 
Luteranismo Mundial 
 
A distribuição dos Luteranos hoje se encontra da seguinte forma: 
 
 Europa: 49 milhões; 
 África: 21 milhões; 
 América: 10 milhões; 
 Ásia: 10 milhões. 
 
Os países com o maior número de Luteranos hoje são: 
 
1º) Alemanha: 23,0 milhões; 
2º) Estados Unidos: 8,4 milhões; 
3º) Suécia: 7 milhões; 
4º) Finlândia: 4,6 milhões; 
5º) Dinamarca: 4,5 milhões; 
6º) Etiópia: 5,6 milhões; 
7º) Indonésia: 5,7 milhões; 
8º) Noruega: 4 milhões; 
9º) Tanzânia: 3,5 milhões; 
10º) Madagascar: 3,5 milhões; 
11º) Brasil: 1 mihão. 
 
Hoje mundo afora existe cerca de 250 ramos Luteranos, desta igrejas mais de 160 estão 
filiadas a (LWF) Federação Luterana Mundial e mais 50 fazem parte do (ILC) Concílio Luterano 
Internacional. As demais Igrejas Luteranas estão na sua maioria filiadas à Conferência 
Luterana Confessional e várias outras se intitulam Comunidades Luteranas Indepedentes. 
segundo dados levantados no período de 2005 / 2010 o número de Luteranos ultrapassa a 
marca dos 90.000.000. Mesmo com uma queda considerável na Europa o percentual de 
luteranos continua crescendo, no período de 2001 / 2006 houve um crescimento de quase 
8.000.000 adeptos. 
 
O Luteranismo Brasileiro 
 
No ano de 1532 chegou ao Brasil o primeiro Luterano, Heliodoro Heoboano, filho de um 
amigo de Lutero, que aportou em São Vicente. 
A primeira comunidade Luterana foi a de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro organizada em 
1824 por Friedrich Osvald Sauerbronn o primeiro pastor luterano no Brasil. O Luteranismo se 
estabeleceu e expandiu em solo brasileiro através da Imigração alemã no Brasil. No Rio 
Grande do Sul o primeiro pastor luterano Georg Ehlers chegou com a terceira leva de 
imigrantes à São Leopoldo em 1824. 
Dessas comunidades luteranas iniciais surgiram vários sínodos que foram se aglutinando 
e hoje formam especialmente duas igrejas: Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e 
a Igreja Evangélica Luterana do Brasil. No sul do Brasil existe outra igreja luterana, a IELI Igreja 
Evangélica Luterana Independente, proveniente de comunidades chamadas livres. A IELI, é 
uma igreja um pouco menor que as outras. A maioria dos membros da IELI, estão nas cidades 
de: Canguçu, São Lourenço do Sul, Arroio do Padre e Pelotas RS. 
No século XIX, após a ordem de unificação dos luteranos com os reformados sob o 
comando do estado, na Prússia, o maior estado da Alemanha desta época, muitos dos que não 
concordaram com esta decisão, defendendo a distinção entre Igreja e Estado, emigraram para 
a América do Norte, fundando, em 1849, o "Sínodo de Missouri, Ohio e outros estados", que 
hoje é a LC-MS (Lutheran Church- Missouri Synod). Assim,enquanto a maioria dos luteranos 
que chegaram ao Brasil em 1824 eram provenientes da linha estatal alemã, que gerou os 
diversos sínodos que deram origem à IECLB, a IELB é fruto de missão da igreja norte-
americana a partir de 1900, que veio atendendo pedidos de luteranos no Brasil que desejavam 
atendimento daquele Sínodo Luterano. 
Em 1 de julho de 1900, foi fundada uma congregação luterana no município de São 
Pedro, RS. Esta congregação enviou o chamado para um pastor do Sínodo de Missouri. Este 
pastor, Rev. W. Mahler, veio em 1901. 
O número total de luteranos no Brasil, atualmente, é de pouco mais de um milhão. 
 
Distribuição de luteranos no Brasil 
 
 Rio Grande do Sul: 630 mil 
 Santa Catarina: 260 mil 
 Paraná: 90 mil 
 Espírito Santo: 85 mil 
 São Paulo: 45 mil 
 Rondônia: 21 mil 
 Minas Gerais e Rio de Janeiro: 35 mil 
 Região Centro-Oeste: 27 mil 
 Região Nordeste: 10 mil 
 Região Norte (exceto Rondônia): 5 mil 
 
O CALVINISMO 
 
O Calvinismo é tanto um movimento religioso protestante quanto uma ideologia 
sociocultural com raízes na Reforma iniciada por João Calvino em Genebra no século XVI. 
 
 
 
A obra de João Calvino 
 
João Calvino exerceu uma influência internacional no desenvolvimento da doutrina da 
Reforma Protestante, à qual se dedicou com a idade de 30 anos, quando começou a escrever 
os "Institutos da religião Cristã" em 1534 (publicado em 1536). Esta obra, que foi revista várias 
vezes ao longo da sua vida, em conjunto com a sua obra pastoral e uma coleção massiva de 
comentários sobre a Bíblia, são a fonte da influência permanente da vida de João Calvino no 
protestantismo. 
Calvino apoiou-se a frase de Paulo: "pela fé sereis salvos", esta frase de epístola de 
Paulo aos Romanos foi interpretada por Martinho Lutero ou simplesmente Lutero como pela fé 
sereis salvos. As duas frases, possuem a mesma coisa, ou seja, não muda o sentido. 
Para Bernardye Cotitretw, biógrafo de Calvino, "o calvinismo é o legado de Calvino e 
torna-se uma forma de disciplina, de ascese, que não raramente é levada ao extremo da 
teimosia". O Calvinista é pois no extremo um profundo conhecedor da Bíblia, que pondera 
todas as suas ações pela sua relação individual com a moral cristã. O Calvinismo é também o 
resultado de uma evolução independente das idéias protestantes no espaço europeu de língua 
francesa, surgindo sob a influência do exemplo que na Alemanha a figura de Martinho Lutero 
tinha exercido. A expressão "Calvinismo" foi aparentemente usada pela primeira vez em 1552, 
numa carta do pastor luterano Joachim Westphal, de Hamburgo. 
O Calvinismo marca a segunda fase da Reforma Protestante, quando as igrejas 
protestantes começaram a se formar, na seqüência da excomunhão de Martinho Lutero da 
Igreja Católica romana. Neste sentido, o Calvinismo foi originalmente um movimento luterano. 
O próprio Calvino assinou a confissão luterana de Augsburg de 1540. Por outro lado, a 
influência de Calvino começou a fazer sentir-se na reforma Suíça, que não foi Luterana, tendo 
seguido a orientação conferida por Ulrico Zuínglio. Tornou-se evidente que a doutrina das 
igrejas reformadas tomava uma direcção independente da de Lutero, graças à influência de 
numerosos escritores e reformadores, entre os quais João Calvino era o mais eminente, tendo 
por isso esta doutrina tomado o nome de Calvinismo. 
Uma vez que tem múltiplos fundadores, o nome "Calvinismo" induz ligeiramente ao 
equívoco, ao pressupor que todas as doutrinas das igrejas calvinistas se revejam nos escritos 
de João Calvino. 
O nome aplica-se geralmente às doutrinas protestantes, que não são luteranas, e que têm 
uma base comum nos conceitos calvinistas, sendo normalmente ligadas a igrejas nacionais de 
países protestantes, conhecidas como igrejas reformadas, ou a movimentos minoritários de 
reforma protestante. 
Nos Países Baixos, os calvinistas estabeleceram a Igreja Reformada Neerlandesa. Na 
Escócia, através da zelosa liderança do ex-sacerdote católico John Knox, a Igreja Presbiteriana 
da Escócia foi estabelecida segundo os princípios calvinistas. Na Inglaterra, o calvinismo 
também desempenhou um papel na Reforma, e, de lá, seguiu com os puritanos para a América 
do Norte. Na França, os calvinistas, chamados de Huguenotes, foram perseguidos, combatidos 
e muitas vezes obrigados ao exílio. Em Portugal, na Espanha ou na Itália, estas doutrinas 
tiveram pouca divulgação e foram ativamente combatidas pelas forças da Contra-Reforma, com 
a ação dos Jesuítas e da Inquisição. 
O sistema teológico e as práticas da igreja, da família ou na vida política, todas elas algo 
ambiguamente chamadas de "Calvinismo", são o resultado de uma consciência religiosa 
fundamental centrada na "soberania de Deus". 
O Calvinismo pressupõe que o poder de Deus tem um alcance total de atividade e resulta 
da convicção de que Deus trabalha em todos os domínios da existência, incluindo o espiritual, 
físico, intelectual, quer seja secular ou sagrado, público ou privado, no céu ou na terra. De 
acordo com este ponto de vista, qualquer ocorrência é o resultado do plano de Deus, que é o 
criador, preservador, e governador de todas as coisas, sem excepção, e que é a causa última 
de tudo. As atividades seculares não são colocadas abaixo da prática religiosa. Pelo contrário, 
Deus está tão presente no trabalho de cavar a terra como na prática de ir ao culto. Para o 
cristão calvinista, toda a sua vida é um culto a Deus. 
De acordo com o princípio da Predestinação, por causa de seus pecados,o homem 
perdeu as regalias que possuía e distanciou-se de Deus. O homem é considerado "morto" para 
as coisas de Deus e é dominado por uma indisposição para servir a Deus. 
Só havia, então, uma maneira de resolver esse problema: o próprio Deus reatando os 
laços. Deus então, segundo a doutrina da predestinação, escolheu alguns dos seres humanos 
caídos para salvar da pecaminosidade e restaurar para a comunhão com ele. Deus teria 
tomado esta decisão antes da criação do Universo. Mas é claro que não é por causa de 
quaisquer boas ações que eles foram escolhidos: "porque pela graça sois salvos,mediante a fé, 
e isso não vem de vós;é dom de Deus; não vem de obras, para que ninguém se glorie".(Efésios 
2:8,9) Os cinco pontos do calvinismo (conhecidos pelo acróstico TULIP, referente às iniciais 
dos pontos em inglês) são doutrinas básicas sobre a salvação, definidas pelo Sínodo de Dort. 
São eles: 
 Predestinação da alma; 
 Eleição incondicional; 
 Expiação limitada; 
 Vocação eficaz (ou Graça Irresistível); 
 Perseverança dos santos. 
O Calvinismo também defende uma Teologia Aliancista e os Sacramentos como meio de 
graça, Santa Ceia e Batismo, incluindo o Batismo infantil. Calvino na sua principal obra, as 
Institutas diz: "Eis aqui por que Satanás se esforça tanto em privar nossas criaturas dos 
benefícios do batismo; Sua finalidade é que se esquecermos de testificar que o Senhor tem 
ordenado para confirmar as graças que ele quer nos conceder pouco a pouco vamos nos 
esquecendo das promessas que nos fez a respeito disto. De onde não só nasceria uma ímpia 
ingratidão para com a misericórdia de Deus, mas também a negligência de ensinarmos nossos 
filhos no temor do Senhor, e na disciplina da Lei e no conhecimento do Evangelho. Porque não 
é pequeno estimulo sabermos que educá-los na verdadeira piedade e obediência a Deus. E 
saber que desde seu nascimento foram recebidos no Senhor e em seu povo, fazendo-os 
membros de sua igreja." (CALVINO, 1999, p. 1069.) O calvinismo deveria ser austero e 
disciplinado, ou seja: As pessoas não tinham direito a excessos de luxo, e conforto, sem 
esbanjamento matriana. 
 
Interpretação SociológicaSociólogos como Max Weber e Ernest Gellner analisaram a teoria e as conseqüências 
práticas desta doutrina e chegaram à conclusão de que os resultados são paradoxais. Em 
parte explicam o precoce desenvolvimento do capitalismo nos países onde o Calvinismo foi 
popular (Holanda, Escócia e Estados Unidos da América, sobretudo). 
O Calvinista acredita que Deus escolheu um grupo de pessoas e que as restantes vão 
para o Inferno. Conseqüentemente, a pergunta que qualquer Calvinista se faz é: "Estarei eu 
entre os escolhidos?". 
Como é que um Calvinista sabe se está entre os escolhidos ou não? Teoricamente, não é 
ele que o determina. A decisão está tomada. Foi tomada por Deus. Como é que eu sei se fui 
escolhido ou não? Resposta: Deus me atraiu e eu cri na sua palavra. Ela é que me diz: "Mas a 
todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus a saber os que 
creem em seu nome". Pela graça sois salvos, isto não vem de vós é dom de Deus para que 
ninguém se vanglorie. 
Sendo um bom cristão, trabalhando muito, seguindo sempre todos os princípios bíblicos, 
o Calvinista prova a si mesmo que foi um escolhido, pelo seu sucesso como cristão. Não é a 
sua própria ação, mas de Deus, pois se Deus trabalha por ele, ele conclui que foi um dos 
eleitos. 
Sendo assim, historicamente, para muitos Calvinistas, o sucesso no trabalho e a 
conseqüente riqueza poderá ser um dos sinais de que está entre os escolhidos de Deus. Os 
Holandeses, os Escoceses e os Americanos ganharam, então, a fama de serem sovinas, 
pouco generosos, interessados apenas no dinheiro. Estas características são na vida moderna 
quase um dado adquirido em qualquer cultura, mas nos tempos da Reforma Protestante, o 
Calvinismo terá instituído uma nova e revolucionária forma de relação com a riqueza. Ver 
Ernest Gellner para mais detalhes.. 
Ocorre que o uso dos ideais calvinistas para o alavancar da sociedade capitalista é 
equivocadamente relacionado a ideais capitalistas intrínsecos ao calvinismo. Calvino em sua 
obra afirma que a riqueza não tem razão de ser se não para ajudar aos que necessitam, e 
critica a avareza ao dizer que o fruto do trabalho só é digno se útil ao próximo: 
"Da mão de Deus tens tu o que possuis. Tu, porém, deverias usar de humanidade para 
com aqueles que padecem necessidades. És rico? Isso não é para teu bel prazer. Deve a 
caridade faltar por isso? Deve ela diminuir? Não está ela acima de todas as questões do 
mundo? Não é ela o vínculo da perfeição?" Sermao CXLI sobre Dt 24.19-22. OPERA CALVINI, 
tomo XXVIII, p. 204 
"Condena o Profeta a estes ladrões e assaltantes que lhe parecia deterem o poder de 
oprimir a gente pobre e o pequeno trabalhador, uma vez que eram eles que tinham grande 
abundância de trigo e grãos; ... é o mesmo como se cortassem a garganta dos pobres, quando 
os fazem assim sofrer fome." Os Doze Profetas Menores, op. cit., Am 8.5 
Mas o Calvinismo se espalhou pelos países que estavam passando pelo processo da 
Expansão Comercial. Entre eles os países eram: França, Holanda, Inglaterra, e Escócia. Isto 
atraíra vários comerciantes, e banqueiros. 
A prosperidade econômica também foi um sinal da escolha divina, o que valorizava o 
trabalho, e a justificativa as atividades da burguesia. 
 
A REFORMA CATÓLICA (CONTRA-REFORMA) 
 
Reação da Igreja Católica 
 
Na tentativa de conter o avanço protestante a Igreja Católica reativou o Tribunal da 
Inquisição em 1542, para julgar àqueles acusados de propagar as idéias reformistas. 
Convocado pelo Papa Paulo III, foi realizado na cidade de Trento, norte da Itália, entre os 
anos de 1545 e 1563. Ali foram traçadas as estratégias para combater o avanço protestante. 
Ele se realizou em três períodos e determinou: 
 Organizou a disciplina do clero: os padres deveriam estudar e formar-se em 
seminários. Não poderiam ser padres antes dos 25 anos, nem bispos antes dos 30 anos. 
 Estabeleceu que as crenças católicas poderiam ter dupla origem: as Sagradas 
Escrituras (Bíblia) ou as tradições transmitidas pela Igreja; apenas esta estava autorizada a 
interpretar a Bíblia. Mantinham-se os princípios de valia das obras, o culto da Virgem Maria e 
das imagens. 
 Reafirmava a infalibilidade do papa e o dogma da transubstanciação. 
 A conseqüência mais importante deste Concilio foi o fortalecimento da autoridade do 
papa, que, a partir de então, passou a ter a palavra final sobre os dogmas defendidos pela 
igreja católica. 
 A partir da Contra-Reforma surgiram novas ordens religiosas, como a Companhia de 
Jesus, fundada por Ignácio de Loyola em 1534. Os jesuítas se organizaram em moldes quase 
militares e fortaleceram a posição da Igreja dentro dos países europeus que permaneciam 
católicos. Criaram escolas, onde eram educados os filhos das famílias nobres; foram 
confessores e educadores de várias famílias reais; fundaram colégios e missões para difundir a 
doutrina católica nas Américas e na Ásia. " 
 Em 1564, é criado o Índex, Librorum Prohibitorum, uma lista de livros elaborada pelo 
Santo Ofício, cuja leitura era proibida aos fiéis católicos. 
 
O BATISMO DA AMÉRICA 
 
A cada passo da aproximação e da conquista das novas terras, os portugueses repetiam 
as atitudes de Adão ao tomar conhecimento dos animais: conferiam nomes aos lugares. 
Primeiro, Monte Pascoal, ao visitarem terras à época da Páscoa. Terra de Vera Cruz e Terra de 
Santa Cruz para definir a vinculação das possessões à cristandade. Baía de Todos os Santos, 
São Vicente, São Sebastião do Rio de Janeiro, São Paulo, todos os nomes das regiões 
referiam-se ao santo padroeiro do dia de sua conquista pelos portugueses. O batismo das 
novas terras antecedeu o batismo dos nativos. Como dizia na Bíblia, nomear era uma forma de 
exercer o domínio e o controle simbólicos da quilo que se nomeia. 
A obsessão pela rota das Índias (terra das especiarias) fez com que o reinado português, 
especialmente nos séculos XV e XVI, investisse em esforços para realização de grandes 
expedições marítimas. O fato é que Portugal, neste período, mostrou ser uma importante 
potência marítima, possuidora de um conhecimento apurado com respeito às técnicas de 
navegação. A "empresa marítima" portuguesa contava ainda, com pilotos competentes como: 
Diogo Cão, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama, entre outros. A famosa "Escola de Sagres" foi 
desenvolvida pelo então Infante D. Henrique, com objetivo de reunir mestres das artes e das 
ciências da navegação. 
Seguindo os mesmos ares do interesse luso, a realeza espanhola decidiu acreditar nas 
teorias e cálculos do genovês Américo Vespúcio (alimentado com a mesma pretensão de 
atingir as Índias). Vespúcio, ao manter o primeiro contato com o litoral brasileiro em 1501, ficou 
vislumbrado com tamanha beleza "espalhada", embora imaginasse ter atingido as Índias. 
Américo Vespúcio chegou a comparar a nova descoberta com o Jardim do Éden (registrado no 
livro de gênesis da Bíblia). O verde era exuberante, abundante, totalmente envolvido por um 
azul puro do céu. Havia uma vasta extensão de terras, e as criaturas eram diversas. 
Realmente, a biodiversidade contida no litoral do Novo Mundo encantou os viajantes europeus. 
Pois, esta admiração e, sobretudo, reconhecimento frente à beleza presente no litoral brasileiro 
não foi expressa somente por Américo Vespúcio, outros personagens históricos também o 
fizeram (até mesmo antes do viajante genovês). Conforme exemplo da expedição de Pedro 
Álvares Cabral, que por meio de seu escrivão oficial da tripulação, Pero Vaz de Caminha, 
registrou dizeres similares (sobre a "nova descoberta") em sua magnífica carta direcionada ao 
então, rei D. Manuel I, em abril de 1500. Caminha relata inclusive um amistoso relacionamento 
com os nativos do Novo Mundo, conforme trecho: "foram recebidos com muito prazer e 
festa".... "mansos e seguros". 
Havia,portanto, um ponto em comum com respeito aos adjetivos e comparações 
direcionadas ao Novo Mundo, tanto pelos portugueses quanto pelo genovês e sua tropa. 
Entretanto, o bom relacionamento estabelecido entre portugueses e ameríndios, cercados 
da beleza singular do local, logo se perderia com a falta de tranqüilidade, marcada, sobretudo, 
pela disputa de terras e pela necessidade de mão - de - obra. A modificação deste ambiente 
contaria com a exploração, mais tarde, de africanos trazidos para o Novo Mundo. 
Ainda assim, é importante entender que o processo de colonização do Brasil abrigou 
muitos episódios revoltosos durante sua trajetória. O pacto colonial estabelecido entre colônia e 
metrópole (Portugal) gerou instabilidade política, refletindo fortes alterações econômicas e, 
sobretudo, sociais. Na metade do século XVII houve o revigoramento deste pacto, onde a 
política colonial provocou uma concentração de motins na região. Esta condição acabou 
alimentando um forte sentimento de descontentamento na colônia, visto que o comportamento 
da Coroa portuguesa oscilava entre episódios de liberalidade e outros de extremo controle e 
rigorosidade, principalmente na fiscalidade. 
 
Morte a Hospitalidade Nativa 
 
Como mencionado, a carta de Pero Vaz de Caminha revela o tranqüilo clima inicial entre 
portugueses e nativos. Este clima envolvia até mesmo a troca de objetos e de favores, 
principalmente por parte dos nativos, que, por qualquer novidade lusitana, traziam alimentos 
(principalmente água pura, visto que a água armazenada nos navios estava podre devido à 
longa viagem) e ajudavam os brancos em atividades braçais. Porém, esta situação não duraria 
por muito tempo. 
No século XVI regiões como o sul da Bahia e a Companhia de São Paulo foram palcos de 
grandes conflitos envolvendo índios e brancos. Muitas vezes o maior número de nativos, 
comparados à população branca, estimulava e encorajava o desenvolvimento de conflitos. 
Estas revoltas nasciam de pequenos desentendimentos entre colonos e índios. Em 1567 
explodiu uma revolta na Bahia, onde havia escravização generalizada de nativos. Nesta 
ocasião, proprietários de engenho foram atacados e mortos, fazendas foram destruídas, 
ocorreram fugas em massa, mobilizaram um maior número de nativos, plantações foram 
queimadas. 
Por outro lado, os colonizadores estavam dispostos a conquistar grandes extensões de 
terras para plantações e, sobretudo, criações de gado, especialmente na região norte. Em 
1680, no Rio Grande do Norte, esta intenção dos portugueses desencadeou um grande motim 
por parte dos índios da nação dos janduís - este grupo apoiou os holandeses quando da 
invasão destes ao litoral brasileiro entre (1360-54) - daí o enorme temor quanto à possibilidade 
de serem escravizados. Neste conflito centenas de colonos foram mortos, a ferocidade dos 
janduís mostrou-se extrema. Todas as vítimas tornaram-se banquete para os nativos. 
Outro importante conflito que mereceu destaque no Brasil colonial fica por conta de uma 
espécie de resistência a escravização que "trabalhava" principalmente o lado espiritual (com 
traços do catolicismo) como proteção, denominada "Santidade de Jaguaribe", ocorrida 
aproximadamente em 1580 na Bahia. Os participantes deste fenômeno eram índios, ex-
escravos, e mais tarde, escravos foragidos. Eles acreditavam poder atingir o fim da escravidão. 
 
Em busca da "melhor" escravidão 
 
O foco de resistência escravista na América portuguesa aumentava juntamente com o 
crescimento do número de escravos vindos da África. Na busca frenética pelo ouro, nas 
primeiras décadas do século XVIII, Minas Gerais chegou a abrigar o maior número de escravos 
já computados da América. As insurreições generalizadas tornaram-se mais comuns em 
meados do século XIX. Até então, havia resistências coletivas e individuais. 
Os quilombos eram modelos da resistência coletiva que nos revela uma condição 
surpreendente quanto aos objetivos de tal comportamento. Estes grupos de escravos não 
reivindicavam a destruição definitiva e imediata da escravidão, e sim, uma forma negociada 
(melhores condições) de conviver entre: senhores, africanos, mulatos e crioulos. 
O aumento da formação de quilombos (atingiu o número de 160 em Minas Gerais no 
século XVIII) e das fugas em massa acabou alimentando as revoltas em fazendas, como 
ocorrido em Camamu (região sul da Bahia), em 1691. Este levante provocou destruição de 
plantações, morte dos proprietários e seqüestro de mulheres e crianças. O conflito tornou-se 
uma insurreição coletiva com a catalisação dos escravos. 
Na Minas Gerais havia um verdadeiro caldeirão de inquietações, a região vivia sob o 
tormento da possibilidade de, a qualquer momento, sofrer um ataque generalizado dos 
escravos. O número de rebeliões até então, não acompanhava, nem de perto, o aumento da 
formação de quilombos. Segundo Carlos Magno Guimarães, o quilombo era uma forma de 
negação da ordem escravista. A população senhorial vivia sob forte tensão e ameaças de 
ataques por meio de planos secretos objetivando a morte de todos os brancos. 
Embora o espírito de revolta e descontentamento fosse o que tomara contra dos negros 
escravizados na colônia, percebemos que, nem sempre, a luta e resistência - seja ela individual 
ou coletiva - refletia na busca, por parte destes "revoltosos", da liberdade absoluta. Para ilustrar 
este tipo de situação, vejamos o exemplo de um levante ocorrido aproximadamente em 1789, 
no Engenho de Santana, em Ilhéus (sul da Bahia), conforme relato: 
"Essa insurreição é especialmente surpreendente não por lances de violência ou radicalismo, 
mas porque ali os escravos amotinados redigiram um acordo que apresentaram ao proprietário 
com os termos para acabarem com a revolta. Verdadeira lição sobre os limites e as 
popularidades da insurreição escrava, nos termos do "tratado", ao contrario do que se pode - e 
deve - imaginar, os escravos não reivindicavam a liberdade nem sequer mencionavam os 
castigos corporais. Pediam, isso sim, a substituição dos feitores e a participação na escolha 
dos próximos, melhores condições de trabalho - mais dias para cultivar lavoura própria, 
embarcação para levar seus produtos para serem comercializados na cidade, mais 
funcionários, etc." 
O Brasil (do descobrimento ao colonialismo) conseguiu encantar os europeus viajantes e, 
ao mesmo tempo, despertou um acirrado interesse entre estes que mais adiante, provocaria 
um verdadeiro teatro de conflitos com a participação de "estrangeiros", índios, brancos e 
negros. Os motivos que alimentaram as rebeliões estendiam-se a diversidade. Havia 
descontentamento pelas altas taxações impostas pela metrópole, pela falta de gêneros 
alimentícios para colonos e escravizados, pelo desequilíbrio político contido na relação entre 
colônia e metrópole, pela falta de regularidade no pagamento dos soltos dos militares, etc. O 
paraíso terrestre do Novo Mundo fora vencido pelos interesses de natureza infernal e européia. 
 
TESTES: 
 
01. (FUVEST-2011) – “Os cosmógrafos e navegadores de Portugal e Espanha 
procuram situar estas costas e ilhas da maneira mais conveniente aos seus propósitos. Os 
espanhóis situam-nas mais para o Oriente, de forma a parecer que pertencem ao Imperador 
(Carlos V); os portugueses, por sua vez, situam-nas mais para o Ocidente, pois deste modo 
entrariam em sua jurisdição.” 
Carta de Robert Thorne, comerciante inglês, ao rei Henrique VIII, em 1527. 
O texto remete diretamente: 
a) À competição entre os países europeus retardatários na corrida pelos descobrimentos. 
b) Aos esforços dos cartógrafos para mapear com precisão as novas descobertas. 
c) Ao duplo papel da marinha da Inglaterra, ao mesmo tempo mercantil e corsária. 
d) Às disputas entre países europeus, decorrentes do Tratado de Tordesilhas. 
e) À aliança das duas Coroas ibéricasna exploração marítima. 
RESPOSTA “D”. 
 
02. (GV-2008) – “Uma civilização, via de regra, implica uma organização política formal 
com regras estabelecidas para governantes e governados (mesmo que autoritários e 
injustos); implica projetos amplos que demandem trabalho conjunto e administração 
centralizada (como canais de irrigação, grandes templos, pirâmides, portos, etc.); implica a 
criação de um corpo de sustentação do poder (como a burocracia de funcionários públicos 
ligados ao poder central, militares, etc.); implica a incorporação das crenças por uma religião 
vinculada ao poder central, direta ou indiretamente (os sacerdotes egípcios, o templo de 
Jerusalém, etc.); implica uma produção artística que tenha sobrevivido ao tempo e ainda 
nos encante (o passado não existe em si, senão pelo fato de nós o reconstruirmos); implica 
a criação ou incorporação de um sistema de escrita (os incas não preenchem esse quesito, e 
nem por isso deixam de ser civilizados); implica finalmente, mas não por último, a criação de 
cidades.” J. Pinsky. As Primeiras Civilizações. 
Com base nessa conceituação podemos afirmar que: 
a) Na América pré-colombiana não havia civilizações. 
b) As tribos ameríndias, entre elas, Incas, Maias e Astecas apesar de não terem 
desenvolvido um sistema de escrita são, por esses critérios, civilizações. 
c) Trata-se de um modelo utilizado para diferenciar as muitas experiências humanas e 
tem como síntese a idéia de que toda e qualquer forma de organização social é uma 
civilização. 
d) Considerando esses critérios, Incas, Egípcios, Gregos, Romanos, Mesopotâmios, 
Hebreus, Maias e Astecas são civilizações. 
e) Trata-se de uma conceituação que vincula a noção de não-violência à existência de 
povos civilizados. 
RESPOSTA “D”. 
 
03. (FUVEST–2009) – Em 1748, Benjamin Franklin escreveu os seguintes conselhos a 
jovens homens de negócios. “Lembra-te que o tempo é dinheiro... Lembra-te que o crédito é 
dinheiro... Lembra-te que o dinheiro é produtivo e se multiplica... Lembra-te que, segundo o 
provérbio, um bom pagador é senhor de todas as bolsas... A par da sobriedade e do trabalho, 
nada é mais útil a um moço que pretende progredir no mundo que a pontualidade e a retidão 
em todos os negócios”. Tendo em vista a rigorosa educação religiosa do autor, esses 
princípios econômicos foram usados para exemplificar a ligação entre: 
a) Protestantismo e permissão da usura. 
b) Anglicanismo e industrialização. 
c) Ética protestante e capitalismo. 
d) Catolicismo e mercantilismo. 
e) Ética puritana e monetarismo. 
RESPOSTA “C”. 
 
CAPÍTULO 5: O ANTIGO REGIME E A AMÉRICA 
 
O Império de Deus pelos Ibéricos 
 
A Reconquista foi decisiva para a história ibérica. Em termos políticos, o poder foi 
centralizado em Portugal e Castela. Dispondo de novas terras, que eram concedidas a seus 
vassalos, os reis controlaram o poder e a fidelidade da nobreza e assumiram o papel de 
representantes de Deus, cuja missão era construir o império de Cristo na Terra. 
O fortalecimento das monarquias permitiu a padronização de moedas e de pesos e 
medidas, o que facilitou as transações mercantis. Os Estados aumentaram a arrecadação de 
impostos e obtiveram recursos para a montagem de exércitos e expedições marítimas. 
Em 1415, Portugal dava início à expansão ultramarina com a conquista de Ceuta, no 
norte da África. Após uma série de viagens pela costa africana durante o século 15, os 
lusitanos conseguiram chegar às Índias em 1497. 
Enquanto os portugueses controlavam a nova rota mercantil com o velho mundo, os 
espanhóis chegavam ao Caribe e incorporavam um novo continente à rede mercantil que se 
formava. 
A expansão marítima retomava as motivações da Reconquista, combater em nome da fé 
e obter terras e riquezas. A conquista do ultramar parecia confirmar a crença de que os ibéricos 
haviam sido escolhidos por Deus. 
Quanto mais se reforçava a identidade cristã na península Ibérica, mais intensas se 
tornavam as perseguições aos judeus. Vistos como responsáveis pela morte de Cristo, eles 
eram acusados de praticar magia negra, de propagar doenças e de sacrificar crianças cristãs 
no Natal. 
A partir do século 15, os judeus foram obrigados a converter-se ao cristianismo em 
Portugal e na Espanha. Surgiram duas categorias sociais: o cristão-velho, antigo seguidor da 
religião cristã, e o cristão-novo, judeu recém-convertido. Para esse, outras diferenciações: o 
converso, sempre suspeito de judaísmo, e o marrano, que mantinha a fé judaica, mas praticava 
exteriormente o cristianismo para sobreviver. 
Num momento de valorização do humanismo representado pelo Renascimento, 
desencadeava-se um agudo processo de desumanização. Os judeus eram descritos como 
porcos nas representações da época (marrano quer dizer suíno em espanhol) e sofreram todo 
tipo de humilhação e violência. Os índios foram escravizados, tiveram suas terras tomadas e 
foram submetidos a uma agressiva evangelização. 
Restavam ainda os negros africanos, que passaram a ser trazidos para a América para 
produzir as riquezas coloniais. A esses estava reservado um destino não menos cruel e 
desumano. Ascensão e queda dos Impérios Ibéricos 
 
1532-1580: Conquista Ibérica 
 
De acordo com registros não-oficiais, o primeiro registro visual do continente por europeus 
aconteceu em 1498, pelo navegador português Duarte Pacheco Pereira. Nos anos seguintes, o 
espanhol Vicente Yáñez Pinzón, o genovês Cristóvão Colombo e o português Fernão de 
Magalhães, todos a serviço de Castela, costearam e exploraram o litoral sul-americano em 
diferentes pontos. Em 1500, Pedro Álvares Cabral chega oficialmente ao Brasil e toma posse 
da nova terra para Portugal. Explorações continuaram nos anos seguintes, com Sebastião 
Caboto, Diogo Botelho Pereira, Nicolau Coelho, Alonso de Ojeda, Francisco de Orellana, entre 
outros. 
Em 1494, face ao achamento do Novo Mundo por Colombo, Portugal e Castela se 
apressaram em negociar a partilha das novas terras. A divisão do planeta em dois hemisférios 
foli oficializada no Tratado de Tordesilhas, auspiciado pelo papa espanhol Alexandre VI. As 
demais potências européias, como a França, no entanto, se recusaram a aceitar validade do 
tratado, como explicitado na declaração do rei Francisco I de França, que ironizou os reinos 
ibéricos por não ter visto "o testamento de Adão" que lhes legava de herança o mundo inteiro. 
Na mesma intenção, o britânico Walter Raleigh explorou a costa norte do continente, do 
Orinoco ao Amazonas. 
Os espanhóis, estimulados pelo sucesso de Cortés no México (contra os astecas), 
descem pelo Panamá e desembarcaram na costa do Império Inca, liderados por Francisco 
Pizarro, Gonzalo Pizarro, Hernando de Soto e Diego de Almagro. Numa rápida guerra, 
seqüestraram e executaram o imperador, Atahuallpa, e destróem o maior Estado da América 
de então. As décadas seguintes assistiram ao massacre sistemático e ao genocídio dos povos 
nativos (por meio de ataques ou transmissão de doenças contra as quais não tinham 
imunidade), especialmente nas zonas de ocupação portuguesa, onde até hoje a população 
indígena foi praticamente aniquilada e não deixou vestígios nos traços étnicos da população. A 
conquista resultou num violento decréscimo demográfico, reduzindo drasticamente a população 
do continente. 
A América do Sul ficou dividida praticamente entre os dois reinos ibéricos, com áreas de 
colonização litorânea ocidental-pacífica para Castela e a oriental-atlântica para Portugal. 
Espanhóis se instalaram no Prata, no Caribe e nos Andes, utilizando a infraestrutura de 
cidades e transportes dos incas, além de iniciar a exploração de minas de prata em locais 
como Potosí. Já os portugueses investiram principalmente no extrativismo depau-brasil e, mais 
tarde, na plantação de cana-de-açúcar. A ocupação portuguesa, a princípio, foi exclusivamente 
concentrada na faixa litorânea. O planalto das Guianas foi ocupado por ingleses (no Orinoco e 
Essequibo) e franceses (no Oiapoque e Maroni), mais tarde acrescentados dos holandeses. 
A colonização ibérica também trouxe o proselitismo religioso, com a fundação de missões 
católicas para conversão dos nativos. O trabalho foi conduzido especialmente pelos jesuítas, 
membros da Companhia de Jesus fundada pelo espanhol Inácio de Loyola. Os jesuítas, como 
Bartolomeu de las Casas, tiveram papel fundamental na defesa dos indígenas contra a 
exploração por trabalho escravo. Povos como os guarani, na bacia do Paraná, foram 
protegidos durante três séculos pelos missionários. Isso estimulou a compra de africanos para 
trabalhar nas áreas de colonização (principalmente de plantação de cana-de-açúcar), o que fez 
crescer o tráfico negreiro da África para a América do Sul. 
 
1580-1703: Disputas Coloniais 
 
A União Ibérica, formada a partir de 1580, extingue na prática as fronteiras das zonas de 
colonização na América do Sul, alterando profundamente a dicotomia de ocupação até então 
existente entre lusos e castelhanos. Os dois povos, subordinados à mesma coroa, ganham a 
permissão de transitar livremente entre as duas áreas colonizadas — embora, na prática, o 
intercâmbio humano seja pouco. 
A principal mudança da União Ibérica é que Portugal passa a ser inimiga dos adversários 
da Espanha, como Inglaterra e as recém-emancipadas Províncias Unidas dos Países Baixos. 
Com isso, potências como Inglaterra, França e Holanda invadiram e ocuparam áreas de 
dominação dos reinos ibéricos, como na Guiana, em Pernambuco e nas ilhas Malvinas, além 
de várias ilhas no Caribe. Os espanhóis não recuperam mais estas terras, enquanto os 
portugueses só conseguem expulsar os invasores após a recuperação da independência com 
a Revolução de 1640 (ver Guerra contra os holandeses). 
A divisão administrativa das colônias criou, do lado espanhol, o Vice-Reino do Prata 
(atuais Argentina, Uruguai e Paraguai), o Vice-Reino de Nova Granada (atuais Colômbia, 
Venezuela, Equador e Panamá), o Vice-Reino do Peru (atuais Peru, Bolívia e norte do Chile) e 
a Capitania Geral do Chile, enquanto o lado português teve o Estado do Maranhão e o Estado 
do Brasil, depois unificados sob o Vice-Reino do Brasil. 
Aos poucos, surgiu uma nova classe social e étnica, a partir da miscigenação entre 
colonos ibéricos e os índios: os mestiços ou gentio (na América Portuguesa) e os mestizos ou 
criollos (na América Hispânica). Nas áreas de escravidão, ocorreu o mesmo entre europeus e 
africanos, dando origem aos mulatos, cafuzos e mamelucos. Assim como os nativos, os 
mestiços eram forçados a pagar impostos abusivos, mas tinham mais acesso à cultura e de 
certa forma se viam herdeiros do patrimônio cultural católico e europeu. Aos poucos, esta 
"casta" começou a se rebelar contra o sistema de dominação colonial. 
 
Presença portuguesa no Brasil 
 
Em 1499 na segunda armada à Índia, a mais bem equipada do século XV, Pedro Álvares 
Cabral afastou-se da costa africana. A 22 de abril de 1500 avistou o Monte Pascoal no litoral 
sul da Bahia. Oficialmente tida como acidental, a descoberta do Brasil originou a especulação 
de ter sido preparada secretamente. O território conseguira fazer parte dos domínios 
portugueses renegociando a demarcação inicial da Bula Inter Coetera de 1493, quando D. 
João II firmou o Tratado de Tordesilhas em 1494, que movia mais para oeste o meridiano que 
separava as terras de Portugal e de Castela. 
Até 1501, a Coroa portuguesa enviou duas expedições de reconhecimento. Confirmando 
a descrição de Pero Vaz de Caminha, de que "Nela até agora não podemos saber que haja 
ouro nem prata, nem alguma coisa de metal nem de ferro lho vimos; pero a terra em si é de 
muitos bons ares, assi frios e temperados como os d'antre Doiro e Minho", encontrou-se como 
principal recurso explorável uma madeira avermelhada, valiosa para a tinturaria europeia, que 
os tupis chamavam ibirapitanga e a que foi dado o nome pau-brasil. Nesse mesmo ano o rei D. 
Manuel I decide entregar a exploração a particulares, adotando uma política de concessões de 
três anos: os concessionários deveriam descobrir 300 léguas de terra por ano, instalar aí uma 
fortaleza e produzir 20.000 quintais de pau-brasil. 
Em 1502 um consórcio de comerciantes financiou uma expedição, que terá sido 
comandada por Gonçalo Coelho, para aprofundar o conhecimento sobre os recursos da terra, 
estabelecer contactos com os ameríndios e principalmente fazer o mapeamento da parte 
situada aquém do Meridiano de Tordesilhas, por isso pertencente à coroa portuguesa. 
Em 1503, todo o território foi arrendado pela coroa para exploração do pau-brasil aos 
comerciantes que financiaram a expedição, entre eles Fernão de Noronha, que seria 
representante do banqueiro Jakob Fugger, que vinha financiando viagens portuguesas à Índia. 
Em 1506 produzia cerca de 20 mil quintais de pau-brasil, com crescente demanda na Europa, 
cujo preço elevado tornava a viagem lucrativa. Os navios ancoravam na costa e recrutavam 
índios para trabalhar no corte e carregamento, em troca de pequenas mercadorias como 
roupas, colares e espelhos (prática chamada "escambo"). Cada nau carregava em média cinco 
mil toras de 1,5 metro de comprimento e 30 quilogramas de peso. O arrendamento foi renovado 
duas vezes, em 1505 e em 1513. Em 1504, como reconhecimento, o rei D. Manuel I doou a 
Fernão de Noronha a primeira capitania hereditária no litoral brasileiro: a ilha de São João da 
Quaresma, atual Fernando de Noronha. 
Nas três primeiras décadas o Brasil teria um papel secundário na expansão portuguesa, 
então centrada no comércio com a Índia e para o Oriente. O litoral servia fundamentalmente 
como apoio à carreira da Índia, em especial a Baía de Todos-os-Santos onde as frotas se 
abasteciam de água e lenha, aproveitando para fazer pequenos reparos. No Rio de Janeiro, 
junto à foz do rio foi erguida uma construção inspirou o nome que os índios deram ao local: 
"cari-oca", casa dos brancos. 
Comerciantes de Lisboa e do Porto enviavam embarcações à costa para 
contrabandearem pau-brasil, aves de plumagem colorida (papagaios, araras), peles, raízes 
medicinais e índios para escravizar. Surgiram, assim, as primeiras feitorias. A cultura da cana-
de-açúcar foi introduzida a partir de 1516 e as grandes plantações na Bahia e em Pernambuco 
exigiriam um número crescente de escravos negros da Guiné, do Benim e da Angola. 
 
As Capitanias hereditárias e o primeiro Governo Geral (1532-1580) 
 
Desde as expedições de Gonçalo Coelho que se assinalavam incursões de franceses no 
litoral brasileiro. A partir de 1520, os portugueses apercebem-se que a região corria o risco ser 
disputada, dada a contestação do Tratado de Tordesilhas por Francisco I de França, que 
incentivava a prática do corso(espécie de ataque). O aumento do contrabando de pau-brasil e 
outros gêneros por corsários, desencadearam um esforço de colonização efectiva do território. 
Entre 1534-36 D. João III instituiu o regime de capitanias hereditárias, promovendo o 
povoamento através das sesmarias (Sesmaria foi um instituto jurídico português que 
normatizava a distribuição de terras destinadas à produção), como se fizera com sucesso nas 
ilhas da Madeira e de Cabo Verde. Foram criadas quinze faixas longitudinais que iam do litoral 
até o Meridiano das Tordesilhas. Este sistema envolvia terras vastíssimas, doadas a capitães-
donatários que possuíssem condições financeiras para custear a colonização. Cada capitão-
donatário e governadordeveria fundar povoamentos, conceder sesmarias e administrar a 
justiça, ficando responsável pelo seu desenvolvimento e arcando com as despesas de 
colonização, embora não fosse proprietário: podia transmiti-la aos filhos, mas não vendê-la. Os 
doze beneficiários eram elementos da pequena nobreza de Portugal que haviam se destacado 
nas campanhas da África e na Índia, altos funcionários da corte, como João de Barros e Martim 
Afonso de Sousa. Das quinze capitanias originais (a dois meses de viagem de Portugal) 
apenas as capitanias de Pernambuco e de São Vicente prosperaram. Ambas se dedicaram à 
lavoura de cana-de-açúcar e, apesar dos problemas comuns às demais, os donatários Duarte 
Coelho e os representantes de Martim Afonso de Sousa, conseguiram manter os colonos e 
estabelecer alianças com os indígenas. 
Percebendo o risco que corria o projeto de colonização, a Coroa decidiu centralizar a 
organização da Colónia. Com a finalidade de "dar favor e ajuda" aos donatários, o rei criou em 
1548 o Governo Geral, enviando como primeiro governador-geral Tomé de Sousa. Resgatou 
dos herdeiros de Francisco Pereira Coutinho a Capitania da Baía de Todos os Santos, 
transformando-a na primeira capitania real, sede do Governo Geral. Esta medida não implicou 
a extinção das capitanias hereditárias. 
O governador-geral passou a assumir muitas funções antes desempenhadas pelos 
donatários. Tomé de Sousa fundou a primeira cidade, Salvador (Bahia), capital do estado. 
Trouxe três ajudantes para ocupar os cargos das finanças, da justiça e da defesa do litoral. 
Vieram também padres jesuítas, para catequese dos indígenas. Em 1551, foi criado o 1º 
Bispado do Brasil. Foram também instaladas as Câmaras Municipais, compostas pelos 
"homens bons": donos de terras, membros das milícias e do clero. Sob o governo de Tomé de 
Sousa que chegou ao Brasil um considerável número de artesãos. De início trabalharam na 
construção da cidade de Salvador e, depois, na instalação de engenhos na região. 
Os governadores seguintes, Duarte da Costa (1553 - 1557) e Mem de Sá (1557 - 1572), 
reforçaram a defesa das capitanias, fizeram explorações de reconhecimento e tomaram 
medidas no sentido de reafirmar a colonização, enfrentando choques com índios e com 
invasores, especialmente os franceses. 
 
AS INVASÕES DOS FRANCESES AO BRASIL 
 
 Em 1555, no governo de Duarte da Costa, os franceses invadiram o Brasil na região do 
Rio de Janeiro, pois não aceitavam o domínio de Portugal sobre as terras brasileiras. 
Os franceses vieram para fundar uma colônia de exploração econômica, através do tráfico 
do pau-brasil, a madeira mais nobre e bonita que havia em nossas terras. 
Comandados pelo almirante Coligny e por Nicolau Durand de Villegaignon, tomaram 
posse da baía de Guanabara, se instalando na ilha de Paranapuã, a atual ilha do Governador, 
no estado do Rio de Janeiro. 
Como eram muito simpáticos e de boa prosa, os franceses não tiveram dificuldades em 
conquistar a simpatia dos índios Tamoios, que também eram contra os portugueses. Com isso, 
os franceses contaram com o apoio desses índios para permanecerem no Brasil.. 
Para se protegerem, construíram o forte de Villegaignon e fundaram a colônia França 
Antártica, que existiu pelo período de 1555 a 1567, buscando implantar a primeira igreja 
protestante no País. Mas não conseguiram se firmar em nossas terras, pois foram expulsos 
pelos portugueses. 
Mem de Sá, o governador da época, precisou contar com reforços para liderar esse 
movimento, sendo enviado Estácio de Sá, seu sobrinho, que se tornou o grande líder da 
disputa. 
Os franceses não desistiram. Em 1612, fizeram novas tentativas de se estabelecer no 
Brasil, mas dessa vez no estado do Maranhão. Sob o comando de Daniel de La Touche, as 
terras maranhenses foram invadidas, onde fundaram a França Equinocial, construindo o forte 
de São Luis para se defenderem. 
O nome do forte foi uma homenagem ao rei da França na época, Luís XIII, o que originou 
o nome da futura capital do estado, São Luis do Maranhão. 
Mas em 1615 os franceses perderam mais um confronto, os portugueses conseguiram 
expulsá-los novamente do Brasil. 
 
AS PRIMEIRAS LAVOURAS DE CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL 
 
 As lavouras de cana de açúcar do Brasil foram uma forma que os portugueses 
encontraram para ganhar dinheiro na Europa, pois o açúcar era bem aceito e comercializado lá 
fora. 
Para instalar a produção de açúcar no Brasil, Portugal fez um acordo com a Holanda, 
dando-lhe o direito de assumir o refino e a venda do produto. Em troca, a Holanda financiaria a 
construção de engenhos pelo país, mas teria que comprar dos portugueses as pedras de 
açúcar, que eram feitas em forma de pão. Essas pedras ficaram conhecidas como Pão-de-
Açúcar, o que originou o nome do lindo morro da cidade do Rio de Janeiro. 
As pedras adquiridas pelos holandeses passavam pelo processo de refino, e o açúcar 
produzido era vendido nos países europeus, o maior lucro ficava para a Holanda. 
Em Pernambuco e na Bahia as plantações eram grandes, pois o tipo de solo favorecia as 
plantações, além do clima quente e úmido. Lá se encontravam os maiores engenhos do país, 
na época colonial. 
Mas foi Martin Afonso Pena que levou a cultura da cana para o litoral do estado de São 
Paulo, através de mudas retiradas da ilha da Madeira. Nos engenhos eram produzidos 
produtos como caldo de cana, melado, rapadura, aguardente, além do açúcar. 
As fazendas de plantio de cana também eram conhecidas como engenhos e nelas 
moravam os donos das terras, conhecidos também como senhores de engenho, homens ricos 
e muito respeitados. Com eles moravam seus familiares, os escravos, os feitores e outros 
empregados. 
Com o aumento da produção de cana de açúcar, o país precisou de mão de obra para o 
trabalho nas lavouras, e os escravos, trazidos da África em navios negreiros, vieram para esse 
trabalho. Isso aconteceu por volta do ano de 1535. Tiveram ainda que investir na criação de 
gado, para fazer o transporte da cana. 
Os navios negreiros não tinham condições adequadas para o transporte de pessoas. Ali 
os negros podiam contrair doenças, pois não tinham condições de higiene. Além disso, eram 
muito maltratados, apanhavam, passavam fome e frio, muitos morriam durante a viagem. 
Quando chegaram ao Brasil encontraram imensos canaviais para trabalharem cortando e 
plantando a cana, com uma jornada de trabalho que ia do nascer ao pôr do sol. 
Tantos maus tratos fizeram com que os negros mais corajosos fugissem das fazendas em 
busca da liberdade, assim formaram as comunidades negras, a que deram o nome de 
quilombos. O mais conhecido deles foi o Quilombo de Palmares, situado onde é hoje o estado 
de Alagoas. 
As fazendas de cana de açúcar fizeram com que o litoral nordestino tivesse um grande 
crescimento, com o surgimento de várias outras fazendas que aos poucos viraram pequenas 
vilas, sendo mais tarde transformadas em cidades. 
Os negros foram muito importantes para a formação da etnia brasileira, pois trouxeram 
seus conhecimentos culinários, de danças, músicas, além de palavras que influenciaram nossa 
língua. 
 
O MERCANTILISMO PORTUGUÊS 
 
A agricultura e o comércio 
 
A economia do Antigo Regime caracterizou-se pelo predomínio das actividades agrícola e 
mercantil. A produtividade agrícola era fraca devido às técnicas e aos instrumentos utilizados 
(tradicionais e rudimentares) e ao regime senhorial de exploração da terra. Nos séculos XVII e 
XVIII, a actividade mercantil tornou-se mais lucrativa e dinâmica. Portugal, como outros países 
que possuíam domínios ultramarinos, praticava a política de exclusivo colonial. Assim se 
desenvolveu um crescente tráfico colonial entre a Europa, a África e a América, mas a maioria 
do nosso comércio externo era realizadopor mercadores estrangeiros. 
O valor das nossas importações não era integralmente coberto pelas exportações, o que 
fazia a balança comercial portuguesa apresentar sucessivamente saldos negativos, mas as 
vendas dos géneros comerciais permitiam sustentar as importações dos produtos 
manufacturados. A partir de 1670 os preços dos géneros coloniais (como o açúcar e o tabaco) 
começaram a baixar, pois os rendimentos das exportações desceram a níveis muito inferiores 
às elevadas importações, dando origem a uma crise comercial agravada pelo facto de os 
compradores habituais de açúcar e tabaco passarem não só a produzi-los nas suas colónias 
como a procurarem outros mercados. 
 
A política mercantilista 
 
Por essa altura, a politica dominante na Europa era o mercantilismo, em que os 
governantes procuravam que a balança dos seus países fosse positiva através do 
protecionismo das atividades nacionais. Colbert, em França, tomou um conjunto de medidas 
que foram adoptadas por outros Estados Europeus. Em Portugal destacaram-se as medidas do 
conde de Ericeira: fundação e protecção de manufaturas, nomeadamente da indústria têxtil; 
vinda de técnicos estrangeiros especializados; monopólio de produtos; aumento de taxas 
alfandegárias sobre produtos concorrentes à produção nacional e publicação das pragmáticas. 
A partir de 1699 o ouro brasileiro começa a achegar a Portugal, abandonando-se muitas 
das restrições impostas com a doutrina mercantilista e a política proteccionista. Tal agravou de 
novo o défice da balança comercial sendo os pagamentos em ouro, principal meio de 
pagamento da época, a compensar esse défice. Por outro lado a industria têxtil seria ainda 
mais prejudicada com o Tratado de Methuem em 1703, entre Portugal e Inglaterra, com o 
objectivo de garantir um mercado certo para os vinhos portugueses e o fim do contrabando dos 
têxteis ingleses. 
 
A UNIÃO IBÉRICA 
 
A União Ibérica e o Brasil Holandês - 1580 - 1640 
 
Anexação de Portugal. Desde 1556 a Espanha era governada por Filipe II (1556 - 1598), 
membro de uma das mais poderosas dinastias européias: os Habsburgos ou Casa d'Áustria, 
que além da Espanha detinha o controle do Sacro-Império Romano Germânico, sediado na 
Áustria, com influências também sobre a Alemanha e a Itália. 
Nos tempos do reinado de Filipe II, a exploração das minas de prata da América 
espanhola havia atingido o seu apogeu. Com a entrada da prata do México e do Peru, a 
Espanha se transformara, durante o século XVI, na mais poderosa nação européia. Isso levou 
os historiadores a classificarem o século XVI como o século da preponderância espanhola. 
Tendo em mãos recursos abundantes, Filipe II aliou o poderio econômico a uma agressiva 
política internacional, da qual resultou a anexação de Portugal (até então, reino independente) 
e a independência da Holanda (até então, possessão espanhola). Vejamos como Portugal 
passou ao domínio espanhol. 
Em 1578, o rei de Portugal, D. Sebastião, morreu na batalha de Alcácer-Quibir, no atual 
Marrocos, em luta contra os árabes. Com a morte do rei, que não tinha descendentes, o trono 
de Portugal foi ocupado pelo seu tio-avô, o velho cardeal D. Henrique, que, no entanto, faleceu 
em 1580, naturalmente sem deixar descendência... Com a morte deste último, extinguia-se a 
dinastia de Avis, que se encontrava no trono desde 1385, com a ascensão de D. João I, mestre 
de Avis. 
Vários pretendentes se candidataram então ao trono vago: D. Catarina, duquesa de 
Bragança, D. Antônio, prior do Crato e, também, Felipe II, rei da Espanha, que descendia, pelo 
lado materno, em linha direta, do rei D. Manuel, o Venturoso, que reinou nos tempos de Cabral. 
Depois de invadir Portugal e derrotar seus concorrentes, o poderoso monarca espanhol 
declarou: "Portugal, lo herdé, lo compré y lo conquisté". 
Assim, de 1580 até 1640, o rei da Espanha passou a ser, ao mesmo tempo, rei de 
Portugal, dando origem ao período conhecido como “União Ibérica”. 
Portugal havia adotado até então uma política internacional muito prudente, evitando, 
tanto quanto possível, atritos nessa área, ciente de sua própria fragilidade. Essa situação foi 
alterada completamente com a sua anexação pela Espanha, já que Portugal herdou, de 
imediato, todos os numerosos inimigos dos Habsburgos. Do ponto de vista colonial, o mais 
temível inimigo era a Holanda. 
 
Holandeses no Brasil 
 
Os Países Baixos (atuais Bélgica, Holanda e parte do norte da França), desde a segunda 
metade da Idade Média, constituíram -se numa região de grande prosperidade econômica, 
cujas manufaturas têxteis desfrutavam inigualável reputação internacional. Formou-se, assim, 
nos Países Baixos, uma poderosa burguesia mercantil, uma das mais progressistas da Europa. 
Os Países Baixos eram possessões dos Habsburgos e tinham grande autonomia no rei-
nado de Carlos V (pai de Filipe II). Suas tradições e interesses econômicos locais eram 
respeitados. 
Essa situação se alterou profundamente com a ascensão de Filipe II, que herdou do pai o 
trono espanhol e os Países Baixos. A razão da mudança explica-se por dois motivos básicos: 
em primeiro lugar, o advento do protestantismo tinha polarizado o mundo cristão no século XVI, 
provocando intermináveis conflitos entre católicos e protestantes. Nos Países Baixos, em razão 
do predomínio burguês, difundiu-se rapidamente o calvinismo, ao passo que a Espanha 
mantinha-se profundamente católica. E Filipe II era considerado o mais poderoso e o mais 
devotado monarca católico. Em segundo lugar, Filipe II era um rei absolutista. Assim, com a 
sua chegada ao trono terminou a fase de benevolência em relação aos Países Baixos. O novo 
monarca pôs fim à tolerância religiosa e substituiu os governantes nativos por administradores 
espanhóis de sua confiança, subordinando os Países Baixos diretamente à Espanha. 
A reação nos Países Baixos foi imediata, com a eclosão de revoltas por toda parte. A fim 
de reprimi-las, Filipe II enviou tropas espanholas sob o comando do violento duque de Alba. À 
repressão político-religiosa, somou se o confisco dos bens dos revoltosos, conforme relatou o 
duque de Alba ao rei: “Atualmente detenho criminosos riquíssimos e temíveis e os submeto a 
multas em dinheiro; logo me ocuparei das cidades criminosas. Desse modo às arcas de Vossa 
Majestade fluirão somas consideráveis”. 
Contra essa violência espanhola uniram-se dezessete províncias dos Países Baixos para 
resistir melhor. Porém, a luta anticatólica, antiabsolutista e antiespanhola dos Países Baixos 
começou a tomar, com o tempo, uma coloração mais radical e passou a ameaçar a própria 
ordem social. A nobreza e os ricos mercadores começaram a se sentir ameaçados em seus 
privilégios pela crescente participação popular na rebelião antiespanhola, principalmente nas 
províncias do sul - Bélgica atual. A fim de evitar o agravamento dessa tendência indesejável 
para a camada dominante, as províncias do sul decidiram abandonar a luta e se submeter aos 
espanhóis em 1579. No entanto, continuaram a resistir as sete províncias do norte, que 
formaram a União de Utrecht, em 1581, e não mais reconheceram a autoridade de Filipe II. 
Sob a liderança de Guilherme, o Taciturno, prosseguiu a luta da União de Utrecht. 
Guilherme, entretanto, foi assassinado em 1584, o que conduziu à criação de um Conselho 
Nacional, integrado pela nobreza e pela burguesia. Nasceram, desse modo, as Províncias 
Unidas dos Países Baixos na República da Holanda. 
Em sua luta contra a Espanha, a Holanda foi apoiada ativamente pela Inglaterra. Assim, 
devido à tenaz resistência holandesa e à ampliação do conflito, a Espanha aceitou finalmente 
uma trégua - a trégua dos 12 anos: de 1609 a 1621 –, que foi, na prática, o reconhecimento da 
independência da Holanda. 
 
Reflexos da Guerra dos Países Baixos em Portugal 
 
Desde a Idade Média, Portugalmantinha com os Países Baixos relações comerciais, que 
se intensificaram na época da expansão marítima. Os mercadores flamengos eram os 
principais compradores e distribuidores dos produtos orientais trazidos por Portugal. 
Ora, essa situação se alterou radicalmente com a Guerra dos Países Baixos. A Espanha, 
que nesse tempo já havia incorporado o reino português, adotou, em represália aos Países 
Baixos, medidas restritivas ao comércio com seus portos, incluindo Portugal. 
Para a Holanda, que conquistara a independência, tais medidas tornaram-se 
permanentes. Porém, uma vez vedado o acesso aos portos portugueses, os mercadores de 
Amsterdã decidiram atuar diretamente no Índico. As primeiras experiências acabaram 
fracassando, mas a solução para o comércio direto foi finalmente encontrada com a 
constituição da Companhia das Índias Orientais (1602), que passou a ter o monopólio do 
comércio oriental, garantindo desse modo a lucratividade da empresa. 
O êxito dessa experiência induziu os holandeses a constituírem, em 1621, exatamente no 
momento em que expirava a trégua dos 12 anos, a Companhia das Índias Ocidentais, a quem 
os Estados Gerais (órgão político supremo da Holanda) concederam o monopólio do tráfico de 
escravos, da navegação e do comércio por 24 anos, na América e na África. A essa nova 
companhia deve-se creditar a maior façanha dos holandeses: a conquista de quase todo o 
nordeste açucareiro no Brasil. 
 
Os holandeses na Bahia (1624-1625) 
 
A primeira tentativa de conquista holandesa no Brasil ocorreu em 1624. O alvo visado era 
Salvador, a capital da colônia. 
Os holandeses não faziam muito segredo de seus planos. Diogo de Mendonça Furtado, 
governador da Bahia, tinha conhecimento do fato, embora não tomasse nenhuma providência 
para repelir o iminente ataque holandês. Resultado: no ano de 1624, quando a invasão 
holandesa se efetivou, bastaram pouco mais de 24 horas para que a cidade fosse 
completamente dominada. O governador Mendonça Furtado foi preso e enviado a Amsterdã. O 
seu lugar foi ocupado pelo holandês Van Dorth. 
Passado o pânico inicial, os colonos se reagruparam e começaram a resistência. 
Destacou-se aqui o bispo Dom Marcos Teixeira, que mobilizou os moradores através do apelo 
religioso: a luta contra os holandeses foi apresentada como luta contra os heréticos calvinistas. 
Essa luta guerrilheira que então se iniciou, contabilizou alguns êxitos, entre eles a morte do 
próprio governador holandês, Van Dorth. Enfim, os holandeses foram repelidos por uma 
esquadra lusoespanhola, conhecida com o nome pomposo de Jornada dos Vassalos. Essa 
primeira tentativa holandesa durou praticamente um ano: de 1624 a 1625. 
Apesar do fracasso em Salvador, os holandeses foram amplamente recompensados, em 
1028, com a apreensão, nas Antilhas, de um dos maiores carregamentos de prata americana 
para a Espanha. A façanha é atribuída a Piet Heyn, comandante da esquadra holandesa. Os 
recursos obtidos com esse ato de pirataria serviram para financiar uma segunda tentativa, 
desta vez contra Pernambuco. 
 
O COMÉRCIO NEGREIRO 
 
As formas de resistência do escravo africano 
 
O Tráfico Negreiro 
 
Na Colônia, ainda no século XVI, os portugueses já haviam dado início ao tráfico negreiro, 
atividade comercial bastante lucrativa. Os traficantes de escravos negros, interessados em 
ampliar esse rendoso negócio, firmaram alianças com os chefes tribais africanos. 
Estabeleceram com eles um comércio baseado no escambo, onde trocavam tecidos de seda, 
jóias, metais preciosos, armas, tabaco, algodão e cachaça, por africanos capturados em 
guerras com tribos inimigas. 
Segundo o historiador Arno Wehling, "a ampliação do tráfico e sua organização em 
sólidas bases empresariais permitiram criar um mercado negreiro transatlântico que deu 
estabilidade ao fluxo de mão-de-obra, aumentando a oferta, ao contrário da oscilação no 
fornecimento de indígenas, ocasionada pela dizimação das tribos mais próximas e pela fuga de 
outras para o interior da Colônia". Por outro lado, a Igreja, que tinha se manifestado contra a 
escravidão dos indígenas, não se opôs à escravização dos africanos. Dessa maneira, a 
utilização da mão-de-obra escrava africana tornou-se a melhor solução para a atividade 
açucareira. 
Os negros trazidos para o Brasil pertenciam, principalmente, a dois grandes grupos 
étnicos: os sudaneses, originários da Nigéria, Daomé e Costa do Marfim, e os bantos, 
capturados no Congo, Angola e Moçambique. Estes foram desembarcados, em sua maioria, 
em Pernambuco, Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Os sudaneses ficaram na Bahia. Calcula-
se que entre 1550 e 1855 entraram nos portos brasileiros cerca de quatro milhões de africanos, 
na sua maioria jovens do sexo masculino. 
Os navios negreiros que transportavam africanos até o Brasil eram chamados de 
tumbeiros, porque grande parte dos negros, amontoados nos porões, morria durante a viagem. 
O banzo (melancolia), causado pela saudade da sua terra e de sua gente, era outra causa que 
os levava à morte. Os sobreviventes eram desembarcados e vendidos nos principais portos da 
Colônia, como Salvador, Recife e Rio de Janeiro. Os escravos africanos eram, de forma geral, 
bastante explorados e maltratados e, em média, não aguentavam trabalhar mais do que dez 
anos. Como reação a essa situação, durante todo o período colonial foram constantes os atos 
de resistência, desde fugas, tentativas de assassinatos do senhor e do feitor, até suicídios. 
Essas reações contra a violência praticada pelos feitores, com ou sem ordem dos 
senhores, eram punidas com torturas diversas. Amarrados no tronco permaneciam dias sem 
direito a comida e água, levando inumeráveis chicotadas. Eram presos nos ferros pelos pés e 
pelas mãos. Os ferimentos eram salgados, provocando dores atrozes. Quando tentavam fugir 
eram considerados indignos da graça de Deus, pois, segundo o padre Antônio Vieira, ser 
"rebelde e cativo" é estar "em pecado contínuo e atual". 
A escravidão, também conhecida como escravismo ou escravatura, foi a forma de relação 
social de produção adotada, de uma forma geral, no Brasil desde o período colonial até o final 
do Império. A escravidão no Brasil é marcada principalmente pelo uso de escravos vindos do 
continente africano, mas é necessário ressaltar que muitos indígenas também foram vítimas 
desse processo. A escravidão indígena foi abolida oficialmente por Marquês do Pombal, no 
final do século XVIII. 
Os escravos foram utilizados principalmente na agricultura – com destaque para a 
atividade açucareira – e na mineração, sendo assim essenciais para a manutenção da 
economia. Alguns deles desempenhavam também vários tipos de serviços domésticos e/ou 
urbanos. 
Os escravos foram utilizados principalmente em atividades relacionadas à agricultura – 
com destaque para a atividade açucareira – e na mineração, sendo assim essenciais para a 
manutenção da economia. Alguns deles desempenhavam também vários tipos de serviços 
domésticos e/ou urbanos. 
A escravidão só foi oficialmente abolida no Brasil com a assinatura da Lei Áurea, em 13 
de maio de 1888. No entanto, o trabalho compulsório e o tráfico de pessoas permanecem 
existindo no Brasil atual, a chamada escravidão moderna, que difere substancialmente da 
anterior. 
 
Os índios e o surgimento da escravidão no Brasil 
 
Não é possível entender o Brasil sem antes entender a escravidão no Brasil, já disse uma 
grande estudiosa do tema. Antes da chegada dos portugueses a escravatura não era praticada 
no Brasil. Há grande dificuldade em se analisar a sociedade e os costumes indígenas devido à 
diferença entre a nossa cultura e a dos índios, e ainda hoje existem fortes preconceitos em 
torno da temática, sem contar a falta de dados, da diversidade de documentos escritos e da 
dificuldade de se obtê-los. Os europeus, quandoaqui chegaram, encontraram uma população 
bastante parecida em termos culturais e linguísticos. Esses indígenas se encontravam 
espalhados pela costa e pelas bacias dos rios Paraná e Paraguai. Não obstante a semelhança 
de cultura e língua, podemos distinguir os indígenas em dois grandes blocos: os tupis-guaranis 
e os tapuias. Os tupis-guaranis se localizavam numa extensão que vai do litoral do Ceará até o 
Rio Grande do Sul. Os tupis ou tupinambás dominavam a faixa litorânea do norte até a 
Cananeia, no sul do atual Estado de São Paulo; os guaranis, na bacia do Paraná-Paraguai e 
no trecho do litoral entre Cananeia e extremo sul do Brasil de anos mais tarde. Em alguns 
pontos do litoral, outros grupos menores dominavam. Era o caso dos goitacases, na foz do rio 
Paraíba, e pelos aimorés no sul da Bahia e norte do Espírito Santo ou ainda pelos tremembés 
no litoral entre o Ceará e o Maranhão. Esses outros grupos eram chamados de tapuias pelos 
tupis-guaranis, pois falavam outra língua. 
Entre as tribos indígenas, além das atividades como a caça, a coleta de frutas, a pesca e, 
é claro, a agricultura, havia também guerras e capturas de inimigos. Para a agricultura usavam 
a terra até seu esgotamento relativo. Depois se mudavam definitiva ou temporariamente para 
outras áreas. A derrubada de árvores e as queimadas eram um modo costumeiro de preparar a 
terra para a lavoura e essa técnica foi incorporada mais tarde pelos colonizadores. Plantavam 
feijão, milho, abóbora e especialmente mandioca da qual faziam a farinha, que se tornou um 
alimento básico no Brasil a partir do período colonial. A economia era destinada ao consumo 
próprio, sendo basicamente de subsistência, e cada aldeia produzia apenas para suprir suas 
próprias necessidades, havendo assim pouca troca de mercadorias entre aldeias. Mas 
existiam, sim, contato entre as aldeias para a troca de mulheres e de bens de luxo, como penas 
de tucano e de pedras para se fazer botoque. Dessas trocas nasciam alianças entre as tribos, 
que se viam obrigadas a lutar uma ao lado da outra quando qualquer delas fosse atacada. Daí 
nasceram as guerras entre as tribos e a captura de índios e inimigos de uma mesma tribo. 
É bom não confundir o simples apresamento de inimigos com escravização, que é mais 
complexa. Tais inimigos, quando capturados, recebiam um tratamento diferenciado, eram bem 
alimentados, às vezes andando livremente pela tribo e ajudando na caça e, inclusive, obtendo 
da tribo, consentidamente, favores sexuais das índias. Isso se prolongava até chegar o dia em 
que eram mortos em meio à celebração de um ritual canibalístico, cujo costume se baseava na 
crença de que a bravura do guerreiro inimigo passaria ao vencedor quando este se 
alimentasse da carne daquele outro bravo guerreiro. Toda a tribo participava desse ritual e 
cabia a cada parcela da tribo (crianças, mulheres, guerreiros e velhos) uma parte específica do 
corpo do adversário vencido. O movimento artístico de 1922, chamado Movimento 
Antropofágico, tinha como base tais princípios. Com a chegada dos portugueses os índios seus 
aliados passam a vender muitos dos seus prisioneiros em troca de mercadorias. Este comércio 
era chamado de resgates. No entanto, só podiam ser resgatados os índios de corda, aqueles 
que eram prisioneiros ou escravos capturados nas guerras tribais e que iriam ser devorados; e 
os índios capturados nas guerras justas, operações militares organizadas pelos colonos ou 
pela coroa. 
A lei de 1610 decreta que o índio assim resgatado só poderia ficar escravizado por 10 
anos. Esta lei foi alterada em 1626 para que os índios pudessem ser escravizados por toda a 
vida. Em 1655 uma nova lei proibia fazer guerra contra os índios sem ordem do rei e impedia 
qualquer tipo de violência contra eles. Os índios convertidos ao cristianismo não poderiam 
servir os colonos mais tempo do que o regulamentado pela lei, deveriam viver livres dirigidos 
pelos seus chefes e padres da companhia. Estas regulamentações desagradaram os colonos 
que, em 1661, repetidamente se amotinaram em protesto. 
Durante o período pré-colonial (1500 – 1530), os portugueses desenvolveram a atividade 
de exploração do pau-brasil, árvore abundante na Mata Atlântica naquele período. A 
exploração dessa matéria-prima foi possibilitada não só pela sua localização, já que as 
florestas estavam próximas ao litoral, mas também pela colaboração dos índios, com os quais 
os portugueses desenvolveram um tipo de comércio primitivo baseado na troca – o escambo. 
Em troca de mercadorias europeias baratas e desconhecidas, como espelho e pedaços de 
pano, os índios extraíam e transportavam a valiosa madeira para os portugueses até o litoral. 
A partir do momento em que os colonizadores passam a conhecer mais de perto o modo 
de vida indígena, com elementos desconhecidos ou condenados pelos europeus, a exemplo da 
antropofagia, os colonos passam então a alimentar uma certa desconfiança em relação aos 
índios. A colaboração em torno da atividade do pau-brasil já não era mais possível e os colonos 
tentam submetê-los à sua dominação, impondo sua cultura, sua religião – função esta que 
coube aos jesuítas, através da catequese – e forçando-os ao trabalho compulsório nas 
lavouras, já que não dispunham de mão-de-obra. 
A escravidão no Brasil segue assim paralelamente ao processo de desterritorialização 
sofrido por estes. Diante dessa situação, os nativos só tinham dois caminhos a seguir: reagir à 
escravização ou aceitá-la. 
Houve reações em alguns os grupos indígenas, muitos lutando contra os colonizadores 
até a morte ou fugindo para regiões mais remotas. Essa reação indígena contra a dominação 
portuguesa ocorreu pelo fato de que as sociedades indígenas sul-americanas desconheciam a 
hierarquia e, consequentemente, não aceitavam o trabalho compulsório. Antes dos estudos 
etnográficos mais profundos (fins do século XIX e, principalmente, século XX), pensava-se que 
os índios eram simplesmente "inaptos" ao trabalho, tese que não se sustenta depois de 
pesquisas antropológicas em suas sociedades sem o impacto desestabilizador do domínio 
forçado. 
Os índios assimilados, por sua vez, eram superexplorados e morriam, não só em 
decorrência dos maus-tratos recebidos dos colonos, mas também em decorrência de doenças 
que lhes eram desconhecidas e que foram trazidas pelos colonos europeus, como as doenças 
venéreas e a varíola e mais tarde pelos escravos africanos. 
Diante das dificuldades encontradas na escravização dos indígenas, a solução 
encontrada pelos colonizadores foi buscar a mão-de-obra em outro lugar: no continente 
africano. Essa busca por escravos na África foram incentivados por diversos motivos. Os 
portugueses, reinóis e colonos, tinham interesse em encontrar um meio de obtenção de altos 
lucros com a nova colônia, e a resposta estava na atividade açucareira, uma vez que o açúcar 
tinha grande aceitação no mercado europeu. A produção dessa matéria-prima, por sua vez, 
exigia numerosa mão-de-obra na colônia e o lucrativo negócio do tráfico negreiro africanos foi a 
alternativa descoberta, iniciando-se assim a inserção destes no então Brasil colônia. Convém 
ressaltar que a escravidão dos índios perdura até meados do século XVIII. Os negros vinham 
em navios negreiros da África do Sul. Eram escravos. Sofriam castigos físicos, eram apartados 
definitivamente de seus familiares. 
 
A escravização indígena e africana - o lucrativo tráfico negreiro 
 
Eram mais valorizados, para os trabalhos na agricultura, os negros Bantos ou Benguela 
ou Bangela ou do Congo, provenientes do sul da África, especialmente de Angola e 
Moçambique, e tinham menos valor os vindo do centro oeste da África, os negros Mina ou da 
Guiné, que receberam este nome por serem embarcados no porto de São Jorge de Mina, na 
atual cidade de Elmina, e eram maisaptos para a mineração, trabalho o qual já se dedicavam 
na África Ocidental. Por ser a Bahia mais próxima da Costa da Guiné (África Ocidental) do que 
de Angola, a maioria dos negros baianos são Minas. 
Como eram vistos como mercadorias, ou mesmo como animais, eram avaliados 
fisicamente, sendo melhor avaliados, e tinham preço mais elevado, os escravos que tinham 
dentes bons, canelas finas, quadril estreito e calcanhares altos, numa visão que valorizava o 
físico e as habilidades. 
Em São Paulo, até ao final do século XVII, quase não se encontravam negros, dado a 
pobreza de sua população que não dispunha de recursos financeiros para adquirirem escravos 
africanos, e os documentos da época que usavam o termo "negros da terra" referiam-se na 
verdade aos índios, os quais não eram objeto de compra e venda, só de aprisionamento, sendo 
proibido inclusive que se fixasse valor para eles nos inventários de bens de falecidos. 
A escravidão ameríndia foi a principal forma de obtenção de escravos pelos europeus 
após a descoberta da América. A partir de 1530, com a colonização portuguesa tomando 
forma, a razão de ser do Brasil passou a ser a de fornecer aos mercados europeus gêneros 
alimentícios ou minérios de grande importância. A metrópole portuguesa passou a incentivar 
um comércio que tinha suas bases em alguns poucos produtos exportáveis em grande escala, 
assentadas na grande propriedade. Assim, por causa da decisão lusitana em exportar poucos 
produtos tropicais em grande escala para a Europa, nasceu em Portugal uma justificativa para 
a existência do latifúndio no Brasil. Após a captura, os índios eram forçados a executar um duro 
trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar, onde eram supervisionados, explorados e 
maltratados. Os portugueses que vinham para o Brasil não desejavam executar o trabalho que 
a produção de açúcar exigia. Isso se explica em parte porque a tradição católica e ibérica 
desprezava o trabalho manual, considerando-o como "coisa de escravo". Os índios capturados 
nas guerras tribais também começaram a ser vendidos aos colonos em vez de permanecerem 
escravos na aldeia do seu captor. 
Os índios sofreram violência cultural, epidemias e mortes. Eles eram difíceis de escravizar 
por vários motivos. Um desses era a incompatibilidade com um trabalho intensivo, regular e 
obrigatório, como pretendidos pelos europeus. Não eram vadios ou preguiçosos, apenas 
faziam o que era necessário à sua sobrevivência. Nada difícil em épocas de abundância de 
peixes, frutas e animais. Eles empregavam grande parte de sua energia nos rituais e nas 
guerras. Noções como a de produtividade eram estranhas ao entendimento deles. Outras 
formas de resistência foram as fugas, a guerra e a recusa ao trabalho compulsório. Outro fator 
importante que desestimulou a escravização indígena foi a catástrofe demográfica, pois eles 
não tinham defesa biológica contra as doenças europeias como sarampo, varíola, gripe. Outro 
fator foi o conhecimento indígena dos relevos, das terras americanas, posto que o interior 
permanecia quase inexplorado pelos invasores portugueses. Isso facilitou uma maior 
organização de ataques contra as fazendas e fortes portugueses distribuídos ao longo da faixa 
litorânea brasileira. Além disso, a partir de um certo momento, a própria Igreja Católica passou, 
através principalmente dos jesuítas, a fazer um trabalho de catequização junto aos índios, 
dificultando aos comerciantes e colonos portugueses a escravização dos nativos. Esta posição 
fora defendida pelos Jesuitas no Brasil, o que gerou conflitos com a população local 
interessada na escravatura, culminando em conflito, na chamada "A botada dos padres fora" 
em 1640. 
Mas não significa que os padres tratavam os índios ou a cultura indígena com respeito. A 
cultura dos índios, suas crenças religiosas eram consideradas pelos padres inferior se 
comparadas à cristã. Os padres chegavam mesmo a duvidar que os índios fossem pessoas. 
As línguas indígenas, apesar de parecidas, não ajudavam a formar uma nação indígena, 
coesa contra ataques externos, representando apenas grupos dispersos, muitas vezes em 
conflito. Isso permitiu aos portugueses encontrar aliados indígenas na luta contra os grupos 
que lhes resistiam. Uma forma de resistência aos colonizadores, principalmente à 
escravização, foi o isolamento, alcançado por meio de permanentes deslocamentos para áreas 
mais pobres. Os que assim procederam conseguiram, com algum sucesso, a preservação de 
uma herança biológica, social e cultural. Se bem que há tribos isoladas que por 
comercializarem diretamente com empresas estrangeiras, falam sua língua materna mas 
também um inglês rudimentar para viabilizar os negócios. Como resultado, temos hoje tanto 
grupos indígenas mais isolados como grupos indígenas que sofreram uma maior mestiçagem, 
tanto no aspecto biológico como social e cultural, mostrando sua influência na formação da 
sociedade brasileira. Certamente, o encontro desses povos com os europeus foi catastrófico, 
pois de uma população tão numerosa - embora os cálculos variem enormemente, entre 2 
milhões e mais de 5 milhões - apenas entre 300 mil e 350 mil indígenas existam atualmente em 
território nacional. 
Além disso, a escravização indígena era uma atividade que gerava lucros internos, ou 
seja, a metrópole portuguesa não se beneficiava com ela. 
Portanto, a preferência pelo trabalho escravo negro e não pelo índio se deve ao fato de 
que o comércio internacional de escravos trazidos da costa africana era tão tentador que 
acabou se transformando no negócio mais lucrativo da Colônia. Portugueses, holandeses e, no 
final do período colonial, brasileiros disputaram o controle dessa área tão lucrativa. Portanto, o 
tráfico se tornou mais do que um meio de prover braços para a grande lavoura de exportação, 
mas uma potencial fonte de riqueza para quem vendia os escravos, tratados como coisa, 
produto. Devido às dificuldades encontradas em escravizar os índios, a partir de 1570 a Coroa 
portuguesa passou a incentivar a importação de africanos, tomando também medidas para 
tentar evitar a escravização desenfreada e o morticínio indígena. Porém, a transição da 
escravização indígena para a negra africana se deu de maneira diferente na América 
portuguesa, variando no tempo e no espaço. Ela acabou mais rapidamente no núcleo mais 
importante da empresa mercantil, destinada à exportação de produtos agrícolas em grande 
escala. E demorou mais para acabar nas regiões periféricas, como é o caso de São Paulo. 
Esses fatores contribuíram para que a mão-de-obra africana fosse inserida nas lavouras 
brasileiras, sendo obtida através do tráfico de escravos vindos principalmente das colônias 
portuguesas na África. A atividade do tráfico negreiro inicia-se oficialmente em 1559, quando a 
metrópole portuguesa decide permitir o ingresso de escravos vindos da África no Brasil. Antes 
disso, porém, transações envolvendo escravos africanos já ocorriam no Brasil, sendo a 
escassez de mão-de-obra um dos principais argumentos dos colonos. 
Capturados nas mais diversas situações, como nas guerras tribais e na escravização por 
dívidas não pagas, os escravos africanos provinham de lugares como Angola e Guiné. Eram 
negociados com os traficantes Africanos (negros, também) em troca de produtos como fumo, 
armas e aguardentes e transportados nos chamados navios negreiros. Esses navios tinham 
destinos como as cidades do Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Luís, e delas eram 
transportados para regiões mais distantes. Durante as viagens, muitos escravos morriam em 
decorrência das péssimas condições sanitárias existentes nas embarcações, que vinham 
superlotadas. Quando desembarcavam em solo brasileiro, os escravos africanos eram 
vendidos em praça pública. Os mais fortes e saudáveis eram os mais valorizados. 
A aquisiçãode mão de obra escrava tornou-se imperativa para o sucesso da colonização 
holandesa. Os holandeses passaram a importar escravos para trabalhar nas plantações. A 
Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais começou a traficar escravos da África para o 
Brasil. Havia protestos, embora por vezes distantes, sem continuidade e sem medidas 
coercitivas, contra os maus tratos. Em 1º de março de 1700 por exemplo, o Rei de Portugal D. 
Pedro II escreveu uma carta indignada ao governador-geral D. João de Lencastre sobre os 
maus tratos dados aos escravos no Brasil: «… Não lhe dando fardas e outros nem ainda 
farinha», e comentando dos «cruéis castigos, por dias e semanas inteiras, havendo alguns que 
por anos se acham metidos em correntes, sendo mais cruéis as senhoras em alguns casos 
para com as escravas, apontando-se alguns que obram tanto os senhores como as senhoras 
com tal crueldade como são pingar de lacre e marcar com ferro ardente nos peitos e na cara, 
executando neles a mutilação de membros. De Francisco Pereira de Araújo se diz que cortou 
as orelhas a um, e pingou com lacre; outro veio do sertão, a quem o senhor cortou as partes 
pudendas, entendeu com uma sua negra; de outro, que se curou no hospital, se diz que foi tão 
cruelmente açoitado do seu senhor que lhe provocara especialmente o rigor da Justiça Divina, 
pelo que é de razão». Diz ainda de castigos que se fazem por suspensão de cordas em 
árvores, para que os mosquitos os estejam picando e desesperando, sobre os açoitarem e 
pingarem com a mesma crueldade que fazem os demais…» 
Houve muito alvoroço com a necessidade de mão-de-obra nas Minas Gerais. Datado de 
26 de março de 1700, um Bando do Governador do Rio Artur de Sá e Menezes proibiu que 
fossem transportados para as Minas escravos de cana e mandioca, enquanto ao mesmo tempo 
a Câmara se dirigia ao Conselho Ultramarino e pedia providências para facilitar entrada de 
africanos. Conseguiu duas medidas: a instituição de um tributo de 4$500 por cada escravo 
tirado de engenhos e despachado para as Minas, (e desde Carta Real de 10 de junho de 1699 
havia direitos de entrada de 3$500 por cada negro vindo da África para o Rio de Janeiro) e a 
liberdade de comércio de negros e do tráfico. A própria Coroa traficava e desde a Carta Régia 
de 16 de novembro de 1697 o preço de cada negro vendido era 160$000; em 1718 o preço 
tinha subido a 300$000, embora custo fosse de apenas 94$000. Segundo André João Antonil, 
em "Cultura e Opulência do Brasil por suas drogas e minas", está alta de preços, no início do 
século XVIII, se deu, em Minas Gerais, no início da mineiração, devido a grande carestia de 
vida que se gerou com a chegada em massa de portuguesês em Minas Gerais e pela grande 
abundância de ouro. Ainda segundo Antonil, em São Paulo, os preços dos escravos, naquela 
época, era a metade do preço em Minas Gerais, assim também para as demais mercadorias. 
A atividade do tráfico negreiro foi extremamente lucrativa e perdurou até 1850, sendo 
oficialmente extinguida nesse ano com a Lei Eusébio de Queirós. 
 
O trabalho dos escravos 
 
Os índios que foram assimilados e escravizados pelos colonos portugueses mostraram-se 
mais eficientes na execução de tarefas a que já estavam adaptados no seu modo de vida, 
como a extração e o transporte de madeira, do que nas actividades agrícolas. Esses 
trabalhadores eram superexplorados e muitos morriam em decorrência dos castigos físicos 
aplicados pelos seus senhores. O uso de indígenas como escravos perdurou até o século 
XVIII. 
Diante das dificuldades encontradas no processo de escravização dos indígenas, os 
colonos encontram como alternativa a utilização de escravos africanos, obtidos através do 
tráfico negreiro. Os escravos africanos poderiam ser designados pelos seus senhores para o 
desenvolvimento dos mais diversos tipos de atividades,destacando-se as atividades 
agrícolas,lavoura, sendo a extração da cana-de-açúcar a principal, a mineração e os serviços 
domésticos. 
A atividade açucareira foi durante muito tempo o pilar sobre o qual a economia colonial se 
sustentou. Foi desenvolvida principalmente na Zona da Mata, no litoral nordestino, que oferecia 
condições naturais favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar, produto que obtinha grande 
aceitação no mercado europeu e que garantia alta lucratividade. Para o seu cultivo, adotou-se 
o sistema de plantation, caracterizado pelo uso de latifúndios monocultores. A extração da 
cana necessitava de um grande contingente de mão-de-obra e foi a partir dessa necessidade 
que uma grande quantidade de africanos passou a trabalhar nos engenhos - propriedades 
destinadas ao cultivo e produção de açúcar. 
Na agricultura, muitos escravos foram utilizados também no cultivo de tabaco, algodão e 
café, por exemplo. 
Já na mineração, atividade que começa a ganhar grande importância na economia 
colonial durante o século XVIII, muitos nativos foram utilizados na exploração de metais 
preciosos, principalmente o ouro, na região de Minas Gerais. Vale ressaltar que com o 
desenvolvimento da mineração foram desenvolvidas várias atividades secundárias e 
dependentes dela, como a pecuária, das quais os escravos também participaram. 
Os escravos domésticos - como indica o próprio nome - trabalhavam nas casas de seus 
senhores, realizando serviços como cozinhar e costurar. Existiram ainda casos de escravos 
que prestavam serviços remunerados e deveriam pagar parcela de sua renda ao seu 
proprietário, os chamados “escravos ao ganho”, além de escravos que eram alugados pelos 
seus senhores para desenvolver algum ofício (pedreiro, carpinteiro, cozinheiro, ama de leite) a 
um terceiro, sendo assim “escravos de aluguel”. Estes dois últimos tipos de escravos 
desenvolviam suas tarefas geralmente nos espaços urbanos. 
O escravo encontrava-se na posição de propriedade de seu senhor, não possuindo assim 
qualquer direito. Era o seu proprietário o responsável por garantir os elementos básicos à sua 
sobrevivência, como a alimentação e as suas vestimentas. O cativo estava à disposição do seu 
dono, que o superexplorava. Era vigiado pelos chamados capitães-do-mato, que também 
capturavam os escravos fugidos e lhes aplicava os mais diversos tipos de castigos, como o 
açoitamento, o tronco, peia, entre outras punições, o que contribuía para diminuir o tempo de 
vida dessa mão-de-obra. Em síntese, executava o seu trabalho nas mais desumanas das 
condições. 
Por parte dos senhores, existia uma discriminação com relação ao trabalho, já que o 
consideravam como “coisa de negros”. Convém ressaltar que houve casos de alforria, isto é, de 
escravos que foram libertados. Essas libertações ocorriam pelos mais variados motivos, desde 
vontade do senhor em virtude da obediência e lealdade do escravo até casos em que o cativo 
conseguia comprar a sua liberdade. Vale ressaltar também que a escravidão foi a base de 
sustentação da economia brasileira até o final do Império. 
 
Resistência à escravidão 
 
Tanto os índios quanto os africanos promoveram formas de resistência à escravidão, não 
sendo assim passivos a ela. 
Os índios resistiram desde o momento em que os colonos tentam escravizá-los a força. 
Os africanos e seus descendentes, por sua vez promoveram várias formas de resistência à 
escravidão. A mais conhecida de todas foi a criação dos quilombos, uma espécie de 
"sociedade paralela" formada por escravos que fugiam de seus senhores, sendo o mais 
popular o Quilombo dos Palmares, localizado em Alagoas. Existiram, porém, inúmeras outras 
formas de se resistir à escravidão, como o suicídio, assassinatos, rebeliões, Aborto e revoltas 
organizadas contra os senhores. 
Convém ressaltar que essas revoltas são um dos fatores que contribuíram para a abolição 
da escravatura. Diga-se que a escravaturatambém era frequentemente praticada nos 
quilombos, por exemplo, no Quilombo dos Palmares os cativos eram mantidos como escravos 
e utilizados para o trabalho nas plantações. No entanto, não era abolir a escravatura que 
algumas destas revoltas tinham como objetivo. A revolta dos Malês não só visava a libertação 
dos escravos africanos como pretendia escravizar os brancos, os mulatos e os não 
muçulmanos. 
A violência da resistência quilombola em Minas Gerais foi assim descrita por Luíz 
Gonzaga da Fonseca, no seu livro "História de Oliveira", na página 37, descreve o caos 
provocado no Caminho de Goiás, a Picada de Goiás, pelo quilombolas do Quilombo do 
Ambrósio, o principal quilombo de Minas Gerais: 
"Não há dúvida que esta invasão negra fora provocada por aquele escandalosa transitar 
pela picada, e que pegou a dar na vista demais. Goiás era uma Canaã. Voltavam ricos os que 
tinham ido pobres. Iam e viam mares de aventureiros. Passavam boiadas e tropas. Seguiam 
comboios de escravos. Cargueiros intérminos, carregados de mercadorias, bugigangas, 
minçangas, tapeçarias e sal. Diante disso, negros foragidos de senzalas e de comboios em 
marcha, unidos a prófugos da justiça e mesmo a remanescentes dos extintos cataguás, foram 
se homiziando em certos pontos da estrada ("Caminho de Goiás" ou "Picada de Goiás"). Essas 
quadrilhas perigosas, sucursais dos quilombolas do rio das mortes, assaltavam transeuntes e 
os deixavam mortos no fundo dos boqueirões e perambeiras, depois de pilhar o que 
conduziam. Roubavam tudo. Boidadas. Tropas. Dinheiro. Cargueiros de mercadorias vindos da 
Corte (Rio de Janeiro). E até os próprios comboios de escravos, mantando os comboeiros e 
libertando os negros trelados. E com isto, era mais uma súcia de bandidos a engrossar a 
quadrilha. Em terras oliveirenses açoitava-se grande parte dessa nação de “caiambolas 
organizados” nas matas do Rio Grande e Rio das Mortes, de que já falamos. E do combate a 
essa praga é que vai surgir a colonização do território (de Oliveira e região). Entre os mais 
perigosos bandos do Campo Grande, figuravam o quilombo do negro Ambrósio e o negro 
Canalho." 
 
Abolição da Escravatura 
 
A abolição da escravatura foi processada de forma gradual e decorreu de toda uma 
situação formada com a sucessão do processo histórico, sendo ocasionada por uma série de 
pressões exercidas tanto por fatores externos quanto internos. 
Pode-se encontrar nos fatores internos a ação de grupos abolicionistas compostos por 
indivíduos oriundos de diversas camadas da sociedade. Deve-se distinguir entre aqueles que 
eram favoráveis ao fim da escravidão os abolicionistas dos emancipacionistas, visto que estes 
eram favoráveis a uma abolição lenta e gradual dessa relação de trabalho, enquanto aqueles 
defendiam o fim imediato do trabalho escravo. Além da ação dos grupos abolicionistas, deve-se 
destacar a atuação de resistência da maior vítima do processo de escravidão, visto que os 
escravos não eram passivos e resistiam à dominação das mais diversas maneiras, como fugas, 
revoltas, assassinatos, suicídios, entre outros métodos. 
Entre os fatores externos, pode-se destacar as pressões exercidas pelo Império Britânico 
sobre o governo brasileiro. A Inglaterra vivia naquele momento o auge do fenômeno do qual foi 
berço - a Revolução Industrial. O processo de industrialização demandava a ampliação dos 
mercados consumidores a fim de se obter a venda da crescente produção. O Brasil era um dos 
grandes parceiros comerciais ingleses, mas a relação de trabalho escravista não garantia aos 
trabalhadores que dela foram alvos poder aquisitivo. Além disso, o governo inglês já abolira a 
escravidão em todos os seus territórios. 
As elites latifundiárias das colônias inglesas nas Antilhas sofreram perdas nesse processo 
a partir do momento em que haviam ganhado mais um custo de produção com o 
desenvolvimento de relações de trabalho assalariadas e que perdiam espaço na concorrência 
com a produção brasileira. Sentindo-se lesados, esses latifundiários passaram a exercer 
pressão sobre o parlamento inglês a fim de que a escravidão fosse combatida de forma mais 
efetiva. Em 1845, o parlamento inglês aprovou a chamada Lei Bill Aberdeen (em inglês, 
Aberdeen Act), que concedia à Marinha Real Britânica poderes de apreensão de qualquer 
navio envolvido no tráfico negreiro em qualquer parte do mundo. Como consequência da 
pressão inglesa, em 1850, o tráfico negreiro é oficialmente extinto com a Lei Eusébio de 
Queirós. Com o fim da principal fonte de obtenção de escravos, o preço destes elevou-se 
significativamente, uma vez que ocorre uma diminuição na sua oferta. Já em 1871, é 
promulgada a Lei do Ventre Livre, que garante a liberdade aos filhos de escravos. Oito anos 
depois, em 1879, inicia-se uma campanha abolicionista estimulada por intelectuais e políticos, 
como José do Patrocínio e Joaquim Nabuco. 
O sistema escravista enfraquece-se mais ainda com a Lei dos Sexagenários (1885), que 
liberta todos os escravos com mais de 60 anos de idade. 
Em 5 de maio de 1888, o Papa Leão XIII, na encíclica In Plurimis, dirigida aos bispos do 
Brasil, pede-lhes apoio ao Imperador, e a sua filha, na luta que estão a travar pela abolição 
definitiva da escravidão. No dia 13 de maio, a Lei Áurea é assinada pela Princesa Isabel, 
extinguindo oficialmente a escravidão no Brasil. 
A abolição da escravidão, apesar de garantir a liberdade, não alterou em nada as 
condições sócio-econômicas dos ex-escravos, que continuaram a viver, de uma forma geral, na 
pobreza, sem escolaridade e sofrendo com a discriminação. Não impediu também que a 
superexploração de mão de obra em regime de escravidão e o tráfico de pessoas 
continuassem sendo praticados até os dias atuais. 
Convém ressaltar que, enquanto relação social de trabalho predominante no território 
brasileiro, a escravidão foi substituída pela mão-de-obra imigrante assalariada. 
 
A herança dos escravos 
 
Tanto os indígenas quanto os escravos africanos foram elementos essenciais para a 
formação não somente da população, mas também da cultura brasileira. A diversidade étnica 
verificada no Brasil decorre do processo de miscigenação entre colonos europeus 
(portugueses), indígenas e africanos. A cultura brasileira, por sua vez, apresenta fortes traços 
tanto da cultura indígena quanto da cultura africana. Desde a culinária, onde se verificam o 
vatapá, o caruru e chegando até a língua portuguesa, é impossível não perceber a influência 
da cultura dos povos que foram escravizados no Brasil. 
A origem da feijoada brasileira tem sido alvo de controvérsias, alguns afirmam que, ao 
contrário do que é amplamente difundido, não tem origem entre os escravos, mas em um prato 
português. Nesse aspecto, entretanto, é importante ressaltar que partes dos porcos utilizados 
no preparo da feijoada não eram usados pelos escravocratas, o que reforça a tese de que, 
como em outros espaços da cultura brasileira, houve uma reelaboração a partir do que os 
negros dispunham para sua alimentação. 
 
No contexto do estado de São Paulo 
 
Durante o período escravocrata, a cidade brasileira de São Carlos, no estado de São 
Paulo, atingiu o segundo lugar no tráfico de escravos para o interior paulista, perdendo 
somente para a região de Campinas. A economia da povoação era totalmente agrária com 
alguma produção de cana e quase totalmente voltada para a subsistência. Na época o negro 
era a base da produção, sendo o escravo quem trabalhava no campo e produzia o alimento e a 
renda. 
 
O Bandeirantismo no Brasil 
 
No desenvolvimento do processo de colonização do Brasil, a organização de expedições 
pelo interior teve objetivos diversos. A busca por metais e pedras preciosas, o apresamento de 
indígenas, a captura de escravos africanosfugitivos e o encontro das drogas do sertão são 
apenas alguns dos aspectos que permeiam a motivação desses deslocamentos. Em suma, as 
expedições pelo interior do território estiveram divididas entre a realização das entradas e 
bandeiras. 
As entradas envolviam a organização do governo português na realização de expedições que 
buscavam a apresamento de índios e a prospecção de minérios. Chegando ao século XVII, 
momento em que o açúcar vivia uma acentuada crise e o governo português se recuperava do 
domínio espanhol, as autoridades coloniais incentivavam tais ações exploratórias na esperança 
de descobrirem alguma outra atividade econômica capaz de ampliar os lucros da Coroa. 
Além da ação oficial, a exploração do território colonial aconteceu pelas mãos de particulares 
interessados em obter riquezas, buscar metais preciosos e capturar escravos. Conhecidos 
como bandeirantes, essas figuras do Brasil Colonial irrompiam pelos sertões ultrapassando os 
limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas e saíam, geralmente, das regiões de São Paulo e 
São Vicente. De fato, ao longo do tempo, vemos que o bandeirantismo se dividiu em diferentes 
modalidades. 
No chamado bandeirantismo apresador, os participantes da expedição tinham como grande 
alvo o aprisionamento e a venda de índios como escravos. Esse tipo de atividade gerava bons 
lucros e atraia a atenção dos bandeirantes às proximidades das reduções jesuíticas. Afinal de 
contas, essas comunidades religiosas abrigavam um grande número de nativos a serem 
convertidos à condição de escravos. Como resultado dessa ação, a Igreja entrou em conflito 
com os praticantes desse tipo de bandeirantismo. 
No bandeirantismo prospector, observamos a realização de expedições interessadas na 
busca por metais e pedras preciosas pelo interior. Por não ter garantias sobre o descobrimento 
de regiões auríferas, o bandeirantismo prospector era realizado paralelamente à captura de 
nativos, extração de drogas do sertão ou realização de qualquer outra espécie de atividade. 
Nos fins do século XVII, a prospecção bandeirantista instaurou a exploração de ouro na região 
de Minas Gerais. 
Por fim, ainda devemos falar sobre o bandeirantismo de contrato. Esse tipo de ação 
expedicionária era contratado por representantes da Coroa ou senhores de engenho 
interessados em combater as populações indígenas mais violentas ou realizar a recaptura dos 
escravos africanos que fugiam. Além disso, o bandeirantismo de contrato foi empregado na 
organização de forças que combatiam a organização dos quilombos pelo interior do território. 
 
MONARQUIAS EUROPÉIAS 
 
O Absolutismo Europeu 
 
Durante a Baixa Idade Média (séc. X-XV), com as alterações socioeconômicas, 
decorrentes do renascimento do comércio, da urbanização e do surgimento da burguesia, 
impulsionou a formação do Estado Nacional. 
Durante a Idade Moderna, a Monarquia absoluta ou absolutista, era muito comum, 
segundo a definição clássica, é a forma de governo onde o Monarca ou Rei exerce o poder 
absoluto, isto é, independente e superior ao de outros órgãos do Estado. Tem como principal 
característica o seu detentor estar acima de todos os outros poderes ou de concentrar em si os 
três poderes do constitucionalismo moderno - legislativo, executivo e judicial. 
O Estado característico da época moderna é o absolutista, porque o poder estava 
concentrado nas mãos do rei e de seus ministros, que monopolizavam a vida política. O Estado 
absolutista dependia dos impostos e recursos gerados pelas atividades comerciais e 
manufatureiras, sendo o desenvolvimento das atividades mercantis fatores importantes, 
incentivando a expansão do mercado e a exploração das colônias. 
A sociedade do período moderno é chamada de sociedade de ordens (clero, nobreza e 
povo), dividida em uma classe de proprietários de terras (clero e nobreza) e uma classe de 
trabalhadores (servos, assalariados) e uma classe burguesa (mercantil e manufatureira). 
O Absolutismo foi o regime da centralização: os soberanos passaram a concentrar todos os 
poderes, ficando os cidadãos excluídos de qualquer participação e controle na vida pública. 
O rei, além de deter o poder executivo, o governo político propriamente dito, detinha o 
poder de fazer as leis e a justiça. O poder emanava do rei e era por ele exercido. Não havia 
justiça nem política autônomas. 
A base social do Absolutismo era o privilégio: honras, riquezas e poderes eram 
reservados a um pequeno grupo de pessoas, clero e nobres. Eram: privilégios sociais (acesso 
exclusivo a cargos, oficialato no exército, colégios, distinção nas vestes); privilégios jurídicos 
(direito de passar testamento, tribunais e penas especiais); privilégios econômicos (isenções de 
impostos que recaíam sobre os pobres). 
Surge na época do absolutismo o processo de formação das nações européias, 
sobretudo, a francesa e a inglesa. A idéia de Nação estava vinculada à necessidade de apoiar 
a soberania do monarca, vital para a construção de um Estado forte que deixaria de ser um 
agregado de feudos para se tornar uma “Nação”, isto é, um Estado em que todos se 
identificavam e que era governado por um único soberano, o rei absolutista. 
 
O absolutismo francês 
 
O apogeu do processo de centralização política e do estabelecimento do Estado nacional 
moderno na França se configura com a dinastia dos Bourbons. A dinastia Bourbon tem seu 
apogeu durante o governo do rei Luís XIV (1643-1715) – o Rei Sol. 
Tendo como ministro o cardeal Manzarino, foi estabelecida uma política centralizadora 
eliminando-se as frondas, associações de nobres e burgueses, opositoras do absolutismo. 
Quando Luís XIV assume o governo pessoalmente, passou a aplicar a sua máxima “L’Etat c’est 
moi” (“O Estado sou eu”). 
Luís XIV, o rei Sol, foi de fato o grande símbolo do absolutismo monárquico europeu. Sua 
imagem tornou-se simbólica do período monárquico da era moderna. O próprio Luís XIV soube 
utilizar politicamente sua imagem de senhor absoluto como meio de dominação de sua corte e 
de seus súditos. Em público ou representado simbolicamente em pinturas e esculturas, sua 
postura, vestimentas, equipagem e gestos deviam provocar o respeito e mesmo o medo de 
todos. Sua imagem era um instrumento de poder e servia como representação de sua posição 
social. Isto fazia reconhecer e afirmava a existência da hierarquia na qual ele estava no topo. 
Em 1685, o seu caráter despótico é fundamentado no princípio “um rei, uma lei, uma fé”. 
O rei reformulou sua política religiosa, assinou o Édito de Fontainebleau, que anulava o Édito 
de Nantes (1685), o qual protegia os protestantes (dava liberdade de culto aos huguenotes), 
desencadeando a perseguição religiosa, agora com o objetivo de unificar a França em um 
estado nacional sob uma única religião julgando que assim o país ficaria mais estável. 
Durante o seu longo reinado, que na prática exerceu de 1661 a 1715 (54 anos), 
reorganizou e equipou o exército francês, tornando-o o mais poderoso da Europa. 
Símbolo da grandiosidade econômica e política do Estado, o rei transferiu sua corte para 
o Palácio de Versalhes, um monumental conjunto arquitetônico construído no século XVII. 
O Palácio de Versalhes (em francês Château de Versailles) é um château real localizado 
na cidade de Versalhes, uma aldeia rural à época de sua construção, mas atualmente um 
subúrbio de Paris. Desde 1682, quando Luís XIV se mudou de Paris, até que a família Real foi 
forçada a voltar à capital em 1789, a Corte de Versalhes foi o centro do poder do Antigo 
Regime na França. 
O monarca queria um local onde pudesse organizar e controlar completamente o Governo 
da França através de um governante absoluto. Todo o poder da França emanava deste centro: 
ali existiam gabinetes governamentais, tal como as casas de milhares de cortesãos,dos seus 
acompanhantes e dos funcionários da Corte. Versalhes é famoso não só pelo edifício, mas 
como símbolo da Monarquia absoluta, a qual Luís XIV sustentou. 
 
O absolutismo inglês 
 
O início da centralização política na Inglaterra ocorreu após as guerras dos Cem Anos 
(1337-1453) e das Duas Rosas (1455-1485), que possibilitaram a ascensão da dinastia Tudor 
(1485-1603). Esta, com apoio da burguesia e do Parlamento, instalou o absolutismo no país. 
Foi Henrique VIII que, sujeitando o Parlamento e realizando a reforma protestante através 
do Ato de Supremacia (1534), estabeleceu o absolutismo na Inglaterra. 
Henrique VIII, alegando querer um herdeiro para o trono da Inglaterra, pretendeu desfazer 
seu casamento com Catarina de Aragão para casar-se com Ana Bolena. Esta atitude de afronta 
sem precedentes à Igreja Católica valeu-lhe a excomunhão, declarada por Clemente VII em 11 
de Julho de 1533. 
Henrique decidiu o rompimento com a Igreja Católica Romana, declarou a dissolução dos 
monastérios, tomando assim muitos dos haveres da Igreja, e formou a Igreja Anglicana (Church 
of England), da qual se declarou líder. Esta decisão tornou-se oficial com o Ato de Supremacia 
(Act of Supremacy) de 1534. 
Também em 1534, Henrique determinou A Ata de traições (“Treasons Act”), que 
converteu em alta traição, castigada com a morte, não reconhecer a autoridade do Rei, entre 
outros casos. Ao Papa foram negadas todas as fontes de ingressos monetários, como o Óbulo 
de São Pedro, para a sustenção das obras sociais e caritativas do Santo Padre, o Papa. 
Também promulgou legislações importantes, como as Union Acts de 1535 e 1542, que 
unificaram a Inglaterra e Gales como uma só nação. 
Elizabeth I, filha de Henrique VIII, assumiu o trono, retomando a política do pai, 
consolidando o anglicanismo e desenvolvendo uma política mercantilista agressiva, para 
aumentar o poder inglês nos mares. 
Com a morte de Elizabeth I, que não deixou herdeiros, o trono passou ao rei da Escócia, 
Jaime I, que iniciou a dinastia Stuart. Jaime I uniu a Inglaterra à Escócia. Se sucessor, Carlos I 
(1625-1648), estabeleceu novos impostos sem a aprovação do Parlamento. Em 1628, o 
Parlamento sujeitou o rei a “Petição dos Direitos”, que garantia a população contra tributos e 
detenções ilegais. 
Carlos I dissolveu o Parlamento, desencadeando uma guerra civil na Inglaterra. As forças 
inglesas dividiram-se em dois partidos: os Cavaleiros, partidários do rei; e os Cabeças 
Redondas (roundheads), defensores do Parlamento. Liderados por Oliver Cromwell, os 
Cabeças Redondas derrotaram os Cavaleiros, executando o rei e estabelecendo o regime 
republicano. 
Em 1653, Cromwell dissolveu o Parlamento e impôs uma ditadura pessoal, até 1658. 
Neste período a Inglaterra tornou-se uma grande potência, com o desenvolvimento da indústria 
naval após a publicação dos Atos de Navegação (1650), protegendo os mercadores ingleses 
no comércio britânico. 
Com a morte de Cromwell, os Stuart retornam ao trono. O rei Jaime II deu continuidade à 
política de restauração do absolutismo. O seu casamento com uma católica gerou 
descontentamento entre os partidos do Parlamento, os Whig (burgueses) e os Tory 
(conservadores, pró-Stuart). 
Contrários a um governante católico, ambos os partidos ofereceram o trono a Guilherme 
de Orange, protestante e casado com uma das filhas de Jaime II. Guilherme invadiu a 
Inglaterra, expulsou Jaime II, jurou o Bill of Rights (Declaração de Direitos), que estabelecia as 
bases da monarquia parlamentar, ou seja, a superioridade do Parlamento sobre a do rei. Foi a 
Revolução Gloriosa. 
O Bill of Rights ou Declaração dos direitos inglês é uma lista de direitos. Com ele, a 
população inglesa passou a ter a liberdade de expressão, a liberdade política(podaim votar em 
quem quiser), a liberdade individual, a proteção à propriedade e a tolerêancia religiosa(podiam 
crer em qualquer religião, sem desrespeitar a outra). Consolidava-se, assim, o liberalismo 
político inglês anunciado por John Locke (1632–1704) filósofo inglês, pai do Liberalismo e do 
individualismo liberal, e o predominio da burguesia no parlamento, que criaram as condições 
necessárias ao avanço da industrialização e do capitalismo, no decorrer dos sécs. XVIII e XIX. 
 
O Mercantilismo 
 
Durante o período de constituição das monarquias absolutistas européias, consolidou-se 
um Estado interventor, que devia atuar em todos os setores da vida nacional. No plano 
econômico essa intervenção ocorreu através do mercantilismo. O mercantilismo foi a base da 
economia do absolutismo e estava subordinado à política, isto é, ao poder monárquico. 
Mercantilismo é o nome dado a um conjunto de práticas econômicas desenvolvido na Europa 
na Idade Moderna, entre o século XV e os finais do século XVIII. 
O termo Mercantilismo, foi criado pelo economista Adam Smith em 1776, a partir da 
palavra latina mercari, que significa "gerir um comércio", de mercadorias ou produtos. 
O mercantilismo caracterizou-se por ser uma política de controle e incentivo, por meio da 
qual o Estado buscava garantir o seu desenvolvimento comercial e financeiro. 
O Mercantilismo estava diretamente ligado ao absolutismo. Através de medidas político-
econômicas mercantilistas, os reis procuravam manter seu absolutismo monárquico e, dessa 
forma, promover a prosperidade do Estado. Os princípios mercantilistas eram: 
- O metalismo: idéia que indica a riqueza e o poder de um Estado à quantidade de metais 
preciosos por ele acumulados. Foi dentro deste contexto histórico, que a Espanha explorou 
toneladas de ouro das sociedades indígenas da América como, por exemplo, os maias, incas e 
astecas; 
- Balança comercial favorável: buscava-se manter o nível das exportações superior ao 
das importações, desta forma entraria mais moedas do que sairia, deixando o país em boa 
situação financeira; 
- Protecionismo Alfandegário ou medidas protecionistas: os reis criavam impostos e taxas 
para evitar ao máximo a entrada de produtos vindos do exterior, assim, o Estado restringia as 
importações impondo pesadas taxas alfandegárias, para proteger a produção nacional, era 
uma forma de estimular a indústria nacional e também evitar a saída de moedas para outros 
países. 
- Colônias de Exploração: a riqueza de um país está diretamente ligada à quantidade de 
colônias de exploração deste. Neste contexto, destacou-se o processo das expansões 
marítimas e comerciais das nações européias; 
- Pacto Colonial: as colônias européias deveriam fazer comércio apenas com suas 
metrópoles. Era uma garantia de vender caro e comprar barato, obtendo ainda produtos não 
encontrados na Europa. 
 
É possível distinguir três modelos principais de mercantilismo: bulionismo ou metalismo, 
colbertismo ou balança comercial favorável e mercantilismo comercial e marítimo. 
- Bulionismo ou metalismo: Na Idade Moderna, Espanha e Portugal buscavam uma 
balança comercial favorável através do monopólio da estocagem de lingotes de ouro e prata 
(bullion, em inglês), prática denominada bulionismo. 
- Colbertismo: deriva das teorias do ministro das finanças francês Jean-Baptiste Colbert, é 
o Mercantilismo voltado, sobretudos, para a industrialização e exportação de produtos de luxo. 
- Mercantilismo comercial e marítimo: voltado para a exploração das colonias européias, 
sobretudo, a comercialização das especiarias coloniais asiáticas (pedras preciosas, tecidos de 
seda, pimenta, cravo, canela, etc.) por parte de Portugal, Espanha, Holanda e, posteriormente, 
Inglaterra e França. 
 
O Mercantilistmo no século XVI 
 
No final do século XV e durante o XVI, os países ibéricos (Portugal e Espanha) 
comandaram a economia mercantil européia. Pioneiros no processo de expansão ultramarina, 
foram beneficiados com as riquezas das terras descobertas, as quais defendiam o seu 
monopólioatravés do exclusivo colonial. 
 
O Mercantilismo nos séculos XVII e XVIII 
 
Nos séculos XVII e XVIII, França e Inglaterra passam a liderar a economia mercantilista 
européia. Na Inglaterra, o Estado estimulou a construção naval, criando uma poderosa marinha 
mercante, e adotou medidas de proteção de seu comércio marítimo através dos Atos de 
Navegação (1660), proibindo navios estrangeiros transportar produtos da metrópole e das 
colônias inglesas. 
O desenvolvimento naval inglês assegurou o controle das rotas e mercados ultramarinos 
pela Inglaterra, que dominou o comércio de produtos agrícolas e industriais (Europa, América 
do Norte) e comércio de contrabando (principalmente no Oriente). 
Na França, sobretudo durante o reinado de Luís XIV (1661-1715), sob a orientação do 
ministro das finanças Colbert, o Estado incentivou o comércio e a construção naval. A França 
tornou-se famosa pela excelente qualidade de seus produtos manufatureiros, principalmente os 
artigos de luxo (jóias, móveis, perfumes, etc.), conquistando o mercado externo. 
 
O Estado Moderno – o Absolutismo e seus teóricos 
 
O Absolutismo é uma teoria política que defende que uma pessoa (em geral, um 
monarca) deve deter um poder absoluto, isto é, independente de outro órgão, seja ele judicial, 
legislativo, religioso ou eleitoral. Os teóricos de relevo associados ao absolutismo incluem 
autores como Nicolau Maquiavel, Jean Bodin, Bossuet e Thomas Hobbes. 
Assim, no início da Idade Moderna surgiram teorias justificadoras do Estado Absolutista. 
O mais importante dos teóricos do absolutismo foi Nicolau Maquiavel, membro do governo dos 
Médice, de Florença, Itália. 
Maquiavel, no livro O Príncipe, aconselha o soberano florentino a que fique acima das 
considerações morais, mantendo a autonomia política. Para ele, “os fins justificam os meios” e 
a razão de Estado deve sobrepor-se a tudo, ou seja, o soberano tudo pode fazer pelo bem-
estar do país. 
Thomas Hobbes, em seu livro o Leviatã, justificou a necessidade do Estado despótico. 
Para Hobbes, na sociedade primitiva ninguém estava sujeito às leis, todos estando em guerra 
entre si (bellum omnia omnes) – o homem era como um lobo para o próprio homem (homo 
homini lupus). Posteriormente, o homem dotado da razão e do sentimento de autoconservação 
buscou unir-se em uma sociedade civil, mediante um contrato segundo o qual cada um cede 
seus direitos ao soberano. 
Jaques Bossuet estabeleceu o princípio do direito divino dos reis, isto é, do poder real 
emanado de Deus. Segundo Bossuet, a autoridade do rei é sagrada, pois ele age como 
ministro de Deus na terra, e rebelar-se contra ele é rebelar-se contra Deus. Essa teoria 
influenciou decisivamente os reis franceses da dinastia Bourbon, sobretudo Luis XIV, o rei sol. 
Jean Bodin defendia a “soberania não-partilhada”. Para ele, a soberania real não pode 
sofrer restrições nem submeter-se a ameaças, pois ela emana de Deus. Assim, o soberano tem 
o poder de legislar sem precisar de consentimento de quem quer que seja. 
 
A IDADE DO OURO NO BRASIL 
 
A exploração de ouro e pedras preciosas 
 
A descoberta de ouro e de diamantes no centro-sul da Colônia causou grande fluxo 
migratório para a região. A busca por pedras e metais preciosos e pela posse das minas 
provocou até conflitos armados. 
Para controlar a extração de diamantes e evitar o contrabando, a Coroa portuguesa criou, 
em 1734, o Distrito Diamantino, cuja área foi isolada do restante da Colônia, após ter sido 
delimitada. A atividade de extração ficou restrita a pessoas escolhidas pela Coroa. 
Posteriormente, a metrópole assumiu o monopólio da extração. 
Todos esses esforços, porém, não inibiram o contrabando. 
A regulamentação régia Para não perder tributos com a exploração, a Coroa portuguesa 
regulamentou a extração do ouro e fiscalizou as operações mineradoras. 
Em 1702, foi criado um órgão específico para esse fim, chamado Intendência das Minas, 
e promulgou-se o Regimento das Minas de Ouro. As minas descobertas eram informadas à 
Intendência, que as dividia em lotes. O descobridor escolhia dois lotes. 
Um terceiro se tornava propriedade da Coroa, que o vendia em leilões. 
Os demais eram sorteados entre os interessados, que deveriam ter no mínimo 12 
escravos. Tal medida impedia que pessoas sem posse explorassem as minas. 
Um dos impostos cobrados na época era o quinto, ou seja, a quinta parte de todo o ouro 
extraído. Para impedir o contrabando do metal, foram criadas as Casas de Fundição. Nelas o 
ouro era fundido e transformado em barras, sobre as quais se inscrevia o símbolo real. Durante 
esse processo, já se fazia a separação do quinto, e apenas as barras marcadas com o selo real 
eram consideradas legais. 
O rei de Portugal exigiu também que se criasse um sistema de cotas, pelo qual o quinto 
deveria chegar, obrigatoriamente, a 100 arrobas anuais – cerca de 1,5 mil 
quilogramas. Esse sistema, no entanto, entrou em crise. Entre os motivos estava a 
escassez progressiva do ouro, o que gerou dificuldades para os mineradores conseguirem 
reunir o montante exigido para o pagamento de impostos. 
Casa de Intendência das Minas da cidade de Diamantina, Minas Gerais. 
Construída entre 1733 e 1735 para regulamentar e fiscalizar a extração de ouro e pedras 
preciosas, essa construção é atualmente fonte para o conhecimento histórico dessa época. 
 
A Guerra dos Emboabas 
 
Alegando terem descoberto as primeiras minas de ouro na Colônia portuguesa, os 
Bandeirantes paulistas queriam a exclusividade na exploração do ouro. No entanto, os colonos 
portugueses, além de inúmeros aventureiros, também estavam interessados no lucrativo 
negócio. 
Essa situação gerou inúmeros conflitos, que culminaram na Guerra dos Emboabas. 
A guerra terminou com a vitória dos portugueses e com a retirada dos paulistas para a 
região de Mato Grosso e Goiás em busca de ouro. 
 
Regulamentando a vida na Colônia 
 
A extração de ouro e diamantes deu origem à intervenção regulamentadora mais ampla 
que a Coroa realizou no Brasil. O governo português fez um grande esforço para arrecadar os 
tributos. Tomou também várias medidas para organizar a vida social nas minas e em outras 
partes da Colônia, seja em proveito próprio, seja no sentido de evitar que a corrida do ouro 
resultasse em caos. Na tentativa de reduzir o contrabando e aumentar suas receitas, a Coroa 
estabeleceu formas de arrecadação dos tributos que variaram no curso dos anos. 
 
Uma sociedade urbana na Colônia 
 
Em áreas próximas às minas de ouro e diamantes, formaram-se vilas, que, maistarde, 
deram origem a várias cidades. O crescimento urbano foi consequência danecessidade de se 
garantir a estrutura mínima para que se praticassem o comércio e o transporte do ouro e se 
administrasse a extração de pedras e metais preciosos. 
As pessoas envolvidas na atividade mineradora não tinham como gerir o abastecimento 
das vilas, dependendo de terceiros para fazer chegar até a região a carne, o leite, os grãos e 
outros alimentos. 
Na sociedade mineradora, havia muitos homens livres que se dedicavam ao comércio 
ambulante ou de pequeno porte, aos ofícios artesanais e ao transporte dos produtos de 
primeira necessidade. Essas pessoas, porém, não conseguiram enriquecer. 
Em contrapartida, havia homens que enriqueceram com a extração do ouro ou com a 
atividade pecuária, o comércio e a administração metropolitana. Havia ainda outros 
profissionais que se integravam à vida urbana mineira, como advogados, militares, professores 
e médicos. 
A população escrava era numerosa. Nas minas, os escravos trabalhavam especialmente 
nas lavras, onde a extração do ouro era mais difícil. Já nas vilas eles exerciam as funções de 
mecânicos, fabricantes de carroças e até soldados. 
 
O ILUMINISMO E O DESPOTISMO ESCLARECIDO 
 
Os escritores franceses doséculo XVIII provocaram uma revolução intelectual na história 
do pensamento moderno. Suas idéias caracterizavam-se pela importância dada à razão: 
rejeitavam as tradições e procuravam uma explicação racional para tudo. Filósofos e 
economistas procuravam novos meios para dar felicidade aos homens. Atacavam a injustiça, a 
intolerância religiosa, os privilégios. Suas opiniões abriram caminho para a Revolução 
Francesa, pois denunciaram erros e vícios do Antigo Regime. 
As novas idéias conquistaram numerosos adeptos, a quem pareciam trazer luz e conheci-
mento. Por isto, os filósofos que as divulgaram foram chamados iluministas; sua maneira de 
pensar, Iluminismo; e o movimento, Ilustração. 
 
A ideologia burguesa 
 
O Iluminismo expressou a ascensão da burguesia e de sua ideologia. Foi a culminância 
de um processo que começou no Renascimento, quando se usou a razão para descobrir o 
mundo, e que ganhou aspecto essencialmente crítico no século XVIII, quando os homens 
passaram a usar a razão para entenderem a si mesmos no contexto da sociedade. Tal espírito 
generalizou-se nos clubes, cafés e salões literários. 
A filosofia considerava a razão indispensável ao estudo de fenômenos naturais e sociais. 
Até a crença devia ser racionalizada: Os iluministas eram deístas, isto é, acreditavam que Deus 
está presente na natureza, portanto no próprio homem, que pode descobri-lo através da razão. 
Para encontrar Deus, bastaria levar vida piedosa e virtuosa; a Igreja tornava-se 
dispensável. Os iluministas criticavam-na por sua intolerância, ambição política e inutilidade 
das ordens monásticas. 
Os iluministas diziam que leis naturais regulam as relações entre os homens, tal como 
regulam os fenômenos da natureza. Consideravam os homens todos bons e iguais; e que as 
desigualdades seriam provocadas pelos próprios homens, isto é, pela sociedade. Para corrigi-
las, achavam necessário mudar a sociedade, dando a todos liberdade de expressão e culto, e 
proteção contra a escravidão, a injustiça, a opressão e as guerras. 
O princípio organizador da sociedade deveria ser a busca da felicidade; ao governo 
caberia garantir direitos naturais: a liberdade individual e a livre posse de bens; tolerância para 
a expressão de idéias; igualdade perante a lei; justiça com base na punição dos delitos; 
conforme defendia o jurista milanês Beccaria. A forma política ideal variava: seria a monarquia 
inglesa, segundo Montesquieu e Voltaire; ou uma república fundada sobre a moralidade e a 
virtude cívica, segundo Rousseau. 
 
 
 
Principais Filósofos Iluministas 
 
Podemos dividir os pensadores iluministas em dois grupos: os filósofos, que se 
preocupavam com problemas políticos; e os economistas, que procuravam uma maneira de 
aumentar a riqueza das nações. Os principais filósofos franceses foram Montesquieu, Voltaire, 
Rousseau e Diderot. 
Montesquieu publicou em 1721 as Cartas Persas, em que ridicularizava costumes e 
instituições. Em 1748, publicou O Espírito das Leis, estudo sobre formas de governo em que 
destacava a monarquia inglesa e recomendava, como única maneira de garantir a liberdade, a 
independência dos três poderes: Executivo; Legislativo, Judiciário. 
Voltaire foi o mais importante. Exilado na Inglaterra, publicou Cartas Inglesas, com 
ataques ao absolutismo e à intolerância e elogios à liberdade existente naquele país. Fixando-
se em Ferney, França, exerceu grande influência por mais de vinte anos, até morrer. Discípulos 
se espalharam pela Europa e divulgaram suas idéias, especialmente o anticlericalismo. 
Rousseau teve origem modesta e vida aventureira. Nascido em Genebra, era contrário ao 
luxo e à vida mundana. Em Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens 
(1755), defendeu a tese da bondade natural dos homens, pervertidos pela civilização. 
Consagrou toda a sua obra à tese da reforma necessária da sociedade corrompida. Propunha 
uma vida familiar simples; no plano político, uma sociedade baseada na justiça, igualdade e 
soberania do povo, como mostra em seu texto mais famoso, O Contrato Social. Sua teoria da 
vontade geral, referida ao povo, foi fundamental na Revolução Francesa e inspirou Robespierre 
e outros líderes. 
Diderot organizou a Enciclopédia, publicada entre 1751 e 1772, com ajuda do matemático 
d' Alembert e da maioria dos pensadores e escritores. Proibida pelo governo por divulgar as 
novas idéias, a obra passou a circular clandestinamente. Os economistas pregaram 
essencialmente a liberdade econômica e se opunham a toda e qualquer regulamentação. A 
natureza deveria dirigir a economia; o Estado só interviria para garantir o livre curso da 
natureza. Eram os fisiocratas, ou partidários da fisiocracia (governo da natureza). Quesnay 
afirmava que a atividade verdadeiramente produtiva era a agricultura. 
Gournay propunha total liberdade para as atividades comerciais e industriais, 
consagrando a frase: “Laissez faire, laissez passar”.(Deixe fazer, deixe passar.). 
O escocês Adam Smith, seu discípulo, escreveu A Riqueza das Nações (1765), em que 
defendeu: nem a agricultura, como queriam os fisiocratas; nem o comércio, como defendiam os 
mercantilistas; o trabalho era a fonte da riqueza. O trabalho livre, sem intervenções, guiado 
espontaneamente pela natureza. 
 
AS REFORMAS POMBALINAS 
 
O Marquês de Pombal 
 
Sebastião Jose de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal (1699-1782), foi um estadista 
português, ministro dos Negócios Estrangeiros no governo de Dom José, propôs uma serie de 
reformas políticas e econômicas em Portugal e no Brasil; entre elas, a transferência da capital 
de Salvador para o Rio de Janeiro. Em 1755 começou a perseguir judeus e padres jesuítas, 
conseguindo por fim expulsá-los do Brasil. 
Quando D. Maria I subiu ao trono português, anistiou vários presos políticos e desterrou 
Pombal, sob a acusação de que ele teria se aproveitado das funções oficiais em beneficio 
próprio. 
 
A EXTINÇÃO DA COMPANHIA DE JESUS 
 
Fundada por Santo Inácio de Loiola, atravessou períodos muito conturbados ao longo da 
História. 
Em Portugal, a situação começou a complicar-se com a subida do marquês de Pombal ao 
poder. Atingiu-se o ponto de ruptura quando, em 1759, foram retirados todos os bens móveis 
dos padres da companhia e esta foi expulsa de Portugal e dos seus domínios ultramarinos. 
As pressões portuguesas e bourbónicas contribuíram em larga escala para que, a 21 de 
Julho de 1773, o papa Clemente XIV promulgasse o breve Dominus ac Redemptor, 
estabelecendo a extinção da Companhia de Jesus em toda a Cristandade. 
O espírito iluminista dos jesuítas, o seu poder, a forma como conseguiram integrar-se nas 
missões e a oposição ao Tratado de Madrid (1750) são alguns dos motivos inventariados para 
a fricção que existiu entre os membros da companhia e o poder político. 
Após a decisão de Clemente XIV, os jesuítas encontraram algum apoio na Rússia, que 
não chegou a acatar o breve Dominus ac Redemptor. Assim se mantiveram até 7 de Agosto de 
1814, altura em que a Companhia de Jesus foi restaurada por Pio VII. 
Em Portugal, só com D. Miguel puderam regressar. 
 
TESTES: 
01- (MACKENZIE-2008) Constituíram importantes fatores para o sucesso da lavoura 
canavieira no início da colonização do Brasil: 
a) O Domínio Espanhol, que possibilitou o crescimento do mercado consumidor 
interno. 
b) O predomínio da mão de obra livre com técnicas avançadas. 
c) O financiamento, transporte e refinação nas mãos da Holanda e a produção a 
cargo de Portugal. 
d) A expulsão dos holandeses que trouxe a imediata recuperação dos mercados e 
ascensão econômica dos senhores de engenho. 
e) A estrutura fundiária, baseada na pequena propriedade voltada para o consumo 
interno. 
RESPOSTA “C”. 
 
02. (AGENTE TÉCNICO LEGISLATIVO-FCC-2010) – A respeito daépoca pombalina, 
analise as afirmativas a seguir: 
I. A competição entre as potências hegemônicas 10 européias, durante o século 
XVII, aumentou a subordinação das que “se atrasaram”, como Portugal, o que ameaçava o seu 
domínio sobre as colônias e a sua própria independência. 
II. O absolutismo ilustrado buscava evitar que o privilégio da ordem jesuíta e a 
emergência de novas forças sociais, desejosas de maior representação política, viessem a 
ameaçar o regime. 
III. Com a expulsão dos jesuítas, Pombal buscava promover o desenvolvimento 
econômico, assegurar o poder político e controlar a população indígena da Região Amazônica. 
Assinale: 
a) Se somente a afirmativa I estiver correta. 
b) Se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. 
c) Se somente a afirmativa II estiver correta. 
d) Se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. 
e) se todas as afirmativas estiverem corretas. 
RESPOSTA “B”. 
 
03. “O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor 
dos demais, não deixa de ser mais escravo do que eles (...) A ordem social é um direito 
sagrado que serve de base a todos os outros. Tal direito, no entanto, não se origina da 
natureza: funda-se, portanto, em convenções.” (J.J. Rousseau, Do Contrato Social, in Os 
Pensadores. São Paulo, Abril Cultural, 1978, p. 22) 
A respeito da citação de Rousseau, é correto afirmar: 
a) Aproxima-se do pensamento absolutista, que atribuía aos reis o direito divino de manter 
a ordem social. 
b) Filia-se ao pensamento cristão, por atribuir a todos os homens uma condição de 
submissão semelhante à escravatura. 
c) Filia-se ao pensamento abolicionista, por denunciar a escravidão praticada na 
América, ao longo do século XIX. 
d) Aproxima-se do pensamento anarquista, que estabelece que o Estado deve ser 
abolido e a sociedade, governada por autogestão. 
e) Aproxima-se do pensamento iluminista, ao conceber a ordem social como um direito 
sagrado que deve garantir a liberdade e a autonomia dos homens. 
RESPOSTA “E”. 
 
04. (PUCCAMP-2007) - O processo de colonização européia da América, durante os 
séculos XVI, XVII e XVIII está ligado à: 
a) Expansão comercial e marítima, ao fortalecimento das monarquias nacionais 
absolutas e à política mercantilista. 
b) Disseminação do movimento cruzadista, ao crescimento do comércio com os 
povos orientais e à política livre-cambista. 
c) Política imperialista, ao fracasso da ocupação agrícola das terras e ao crescimento do 
comércio bilateral. 
d) Criação das companhias de comércio, ao desenvolvimento do modo feudal de 
produção e à política liberal. 
e) Política industrial, ao surgimento de um mercado interno consumidor e ao excesso de 
mão-de-obra livre. 
RESPOSTA “A”. 
 
05. (OFICIAIS DO QUADRO COMPLEMENTAR-HISTÓRIA-EXÉRCITO BRASILEIRO-
2010) – Com a morte de Elizabeth I, da Inglaterra (1603), acaba a dinastia Tudor, que 
desfrutava de uma situação de grande prosperidade, graças à política mercantilista, e tem 
início a dinastia Stuart. 
Sobre a dinastia Stuart é correto afirmar que: 
a) Carlos I assume o poder logo após a morte de Elizabeth e torna-se o todo-poderoso, rei 
de três países: Inglaterra, Escócia e Irlanda. 
b) Jaime I foi chamado de “o imbecil mais sábio de toda a cristandade”, por Henrique IV, 
rei da França, devido à falta de habilidade política, excesso de vaidade, teimosia inarredável e 
grande erudição. 
c) Oliver Cromwell exigiu que o Parlamento criasse o Primeiro Bill of Rights, que 
dava ao cidadão garantia contra detenções arbitrárias e tributos ilegais. 
d) Jaime II lançou os Atos de Navegação, decretos que estabeleciam que somente 
embarcações inglesas poderiam realizar o comércio com suas colônias da América. 
e) Carlos II fugiu para a França quando Guilherme de Orange invadiu a Inglaterra, e 
iniciou-se a Puritana. 
RESPOSTA “B”. 
 
06. (ATENDENTE ADMINISTRATIVO-PREF. PUXINANÃ/PB-ADIVISE-2009) – A 
respeito da Reforma Protestante é correto afirmar: 
a) O anglicanismo estabelecia o monarca inglês como chefe supremo da Igreja da 
Inglaterra. 
b) O luteranismo significou o surgimento de uma religião popular contrária aos privilégios 
da nobreza da Alemanha. 
c) O calvinismo difundiu-se rapidamente na Itália e na Península Ibérica devido aos seus 
valores aristocráticos. 
d) O anglicanismo representou a separação entre o poder religioso e o Estado na 
Inglaterra no século XVI. 
e) O calvinismo do século XVI sustentava a idéia de que a salvação realizava-se pela fé e 
pelas obras humanas. 
RESPOSTA “A’. 
 
07. (ADJUNTO DE PROCURADOR-TCE/RS-FMP-2009) – A respeito da abolição da 
escravatura no Brasil é correto afirmar: 
a) Ocorreu fundamentalmente devido às pressões inglesas que obrigaram as autoridades 
brasileiras a extinguir a escravidão. 
b) Ocorreu depois que os cafeicultores encontraram, na imigração européia, uma forma 
de substituição da mão de obra escrava. 
c) Ocorreu de maneira gradual, vinculada à política de promoção da cidadania dos 
libertos, apesar das pressões políticas dos abolicionistas na segunda metade do século 
XIX. 
d) Ocorreu fundamentalmente devido à crise demográfica do continente africano, que 
não oferecia mais grandes contingentes humanos que pudessem ser comercializados. 
e) Ocorreu devido à força com que as idéias ilustradas foram incorporadas pelas elites 
brasileiras à época da independência. 
RESPOSTA “B”. 
 
08. (ANALISTA CULTURAL-HISTÓRIA-PREF. VITÓRIA/ES-2010) – “A produção se 
destinava fundamentalmente ao consumo da família, mas, ao mesmo tempo, essa família, 
estava obrigada a entregar ao mocambo, como comunidade, um excedente depositado em 
paiol situado no centro da cidadela. O excedente se destinava ao sustento dos produtores não 
diretos e aos improdutivos em geral: chefes guerreiros, prestadores de serviço, crianças, 
velhos, doentes. Produzia-se, ainda, um excedente dedicado a acudir emergências, como 
secas, pragas, taques 
externos.” FREITAS, Décio. Palmares, a guerra dos escravos. Porto Alegre: Mercado 
Aberto, 1984, p. 37. 
A leitura do fragmento acima permite-nos compreender a gênese da organização 
produtiva de alimentos no Quilombo dos Palmares, que ainda caracteriza diversas 
comunidades remanescentes de quilombos e que pode ser resumida em produção: 
a) Comunitária, com arrecadação e administração do uso de excedentes. 
b) Comunitária, sem preocupação com a administração de excedentes 
c) Comunitária de baixo rendimento, o que não permitia a produção de excedentes. 
d) Em larga escala, de poucos produtos para o comércio em localidades próximas. 
e) De produtos variados por todos os integrantes do quilombo, não havendo preocupação 
em controlar excedentes. 
RESPOSTA “A”. 
 
09. (CESGRANRIO-2007) – Sobre a revitalização de formas compulsórias de 
trabalho nas áreas coloniais durante a Época Moderna quando na Europa ocorria um 
movimento inverso da liberação de mão de obra podemos afirmar que: 
I. A adoção do trabalho compulsório de escravos africanos insere-se na lógica do 
Antigo Sistema Colonial, pois o tráfico negreiro, controlado pela burguesia mercantil 
metropolitana, era uma atividade altamente lucrativa e contribuía para a acumulação 
primitiva de capital na metrópole. 
II. A grande disponibilidade de terras impediu a exploração de trabalhadores livres e 
assalariados, que poderiam ter acesso a terra e desenvolver uma economia de 
subsistência, o que seria contrário ao sentido da colonização e à organização de grandes 
propriedades produtoras de mercadorias para o comércio metropolitano. 
III. A adoção do trabalhoescravo na Colônia se deveu à falta de dinheiro dos grandes 
proprietários de terra para pagar salários, pois, como vendiam seus produtos a baixos 
preços aos comerciantes metropolitanos, só podiam utilizar mão de obra que não exigisse 
nenhum investimento de capitais. 
Assinale a opção que contém a(s) afirmativa(s) correta(s). 
a) Apenas I. 
b) Apenas II. 
c) Apenas I e II. 
d) Apenas III. 
e) I, II e III. 
RESPOSTA “C”. 
 
10. (ADMINISTRAÇÃO DE REDE-FHEMIG-FUNDEP-2009) – Sobre a economia 
brasileira durante a Primeira República, é possível destacar os seguintes elementos: 
a) Exportações dirigidas aos mercados europeus e asiáticos e crescimento da pecuária no 
Nordeste. 
b) Investimentos britânicos no setor de serviços e produção de bens primários para 
a exportação. 
c) Protecionismo alfandegário para estimular a indústria e notável ampliação do 
mercado interno. 
d) Aplicação de capital estrangeiro na indústria e consolidação do café como único 
produto de exportação. 
e) Integração regional e plano federal de defesa da comercialização da borracha na 
Amazônia. 
RESPOSTA “B”. 
 
11. (UFRN -2008) – A implantação do sistema colonial transformou as relações 
amistosas existentes entre indígenas e portugueses no início da ocupação do Brasil. Essa 
transformação se deveu à: 
a) Grande inabilidade dos indígenas para a agricultura, recusando-se a trabalhar 
nas novas plantações açucareiras, atitude que desagradou aos portugueses. 
b) Crescente ocupação das terras pelos portugueses e à necessidade de mão-de-obra, 
levando à escravização dos índios, que reagiram aos colonos. 
c) Importação de negros africanos, cuja mão de obra acabou competindo com a dos 
indígenas, excluindo estes do mercado de trabalho agrário. 
d) Introdução de técnicas e instrumentos agrícolas europeus nas aldeias indígenas, 
desestruturando a economia comunal dos grupos nativos. 
RESPOSTA “B”. 
 
12. (ADMINISTRADOR-PREF. OLINDA/PE-UPENET/IAUPE) – “Na primeira carta disse 
a V. Rev. a grande perseguição que padecem os índios, pela cobiça dos portugueses em os 
cativarem. Nada há de dizer de novo, senão que ainda continua a mesma cobiça e 
perseguição, a qual cresceu ainda mais. No ano de 1649 partiram os moradores de São 
Paulo para o sertão, em demanda de uma nação de índios distantes daquela capitania 
muitas léguas pela terra adentro, com a intenção de os arrancarem de suas terras e os 
trazerem às de São Paulo, e aí se servirem deles como costumam.” Pe. Antônio Vieira, Carta 
ao padre provincial, 1653, Maranhão. Este documento do Padre Antônio Vieira revela: 
a) Que tanto o Padre Vieira como os demais jesuítas eram contrários à escravidão 
dos indígenas e dos africanos, posição que provocou conflitos constantes com o governo 
português. 
b) Um dos momentos cruciais da crise entre o governo português e a Companhia 
de Jesus, que culminou com a expulsão dos jesuítas do território brasileiro. 
c) Que o ponto fundamental dos confrontos entre os padres jesuítas e os colonos referia-
se à escravização dos indígenas e, em especial, à forma de atuar dos bandeirantes. 
d) Um episódio isolado da ação do Padre Vieira na luta contra a escravização indígena no 
Estado do Maranhão, o qual se utilizava da ação dos bandeirantes para caçar os nativos. 
e) Que os padres jesuítas, em oposição à ação dos colonos paulistas, contavam com o 
apoio do governo português na luta contra a escravização indígena. 
RESPOSTA “C”. 
 
13. (PUCCAMP-2008) – “Senhores e autoridades escravistas da Bahia, como em toda 
parte, usaram da violência como método fundamental de controle dos escravos. Mas a 
escravidão não funcionou e se reproduziu baseada apenas na força. O combate à 
autonomia e indisciplina escrava, no trabalho e fora dele através de uma combinação 
da violência com a negociação, do chicote com a recompensa.” (Reis, João José. 
Negociação e conflito.). 
Segundo a afirmação do historiador João José Reis: 
a) As relações existentes entre senhores e escravos eram baseadas exclusivamente 
na força e na violência. 
b) A recompensa era dada toda vez que o chicote era usado de modo exagerado 
sobre os escravos. 
c) A autonomia escrava não passava de uma ilusão permitida pelos senhores, pois na 
prática apenas eles tinham poder e força de decisão. 
d) Diante da violência com a qual eram tratados, os escravos se rebelavam contra os 
senhores, fugindo e montando grupos de resistência escrava, como os quilombos. 
e) Havia por vezes um equilíbrio de forças entre senhores e escravos, uma negociação 
que era necessária entre esses dois grupos para a manutenção da própria escravidão. 
RESPOSTA “E”. 
 
14. (AÇOGUEIRO-CONSULPLAN-2011) – No Brasil, a sociedade colonial foi marcada 
pela dominação de preconceitos e pelo poder do Catolicismo. Essa sociedade: 
a) Era sustentada pelo trabalho escravo, não havendo mão de obra livre em nenhum setor 
da economia. 
b) dependia de investimentos europeus, com destaque para os holandeses em relação 
ao açúcar. 
c) Aceitava o trabalho escravo como base de produção até o começo do século 
XIX. 
d) Submetia-se às ordens da metrópole, sem haver rebeliões políticas ou movimentos 
sociais. 
e) Tinha autonomia econômica, negociando com as grandes potências européias. 
RESPOSTA “B”. 
 
15. (AGENTE TÉCNICO LEGISLATIVO-FCC-2010) – Foram respectivamente, razões 
e características de ocupação holandesa no Nordeste açucareiro: 
a) Envolvimento da Holanda no Comércio de escravos e a proibição do catolicismo. 
b) Expulsão dos holandeses das Antilhas e monopólio do comércio de escravos. 
c) Exclusão dos holandeses do comércio do açúcar e o financiamento aos senhores de 
engenho. 
d) Interesse da Holanda no pau-brasil e a proibição do trabalho escravo. 
e) Participação da Holanda no refino do açúcar e o abandono de Recife. 
RESPOSTA “C”. 
 
16.. (JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO-TJ/DFT-2008) – “Como decorrência do caminho, 
constituiu-se a civilização paulista (...). Na faina sertaneja e predadora dos paulistas, 
desenvolveram-se hábitos próprios, tributários dos indígenas e incorporados mesmo por 
aqueles que haviam nascido na Europa, como o alentejano Antonio Raposo Tavares.” 
Laura de Mello e Souza 
O texto reporta-se às características da vida paulista no período colonial e seu significado. 
Sobre estes fatos não podemos dizer que: 
a) O isolamento e a reduzida importância econômica da região resultaram num forte 
senso de autonomia entre a gente paulista. 
b) Casas de taipa, móveis rústicos, tendo com idioma dominante o tupi-guarani até o 
século XVIII, esta era a vila de São Paulo. 
c) Mestiços rudes, os mamelucos paulistas vagavam pelos sertões, apresando índios, 
buscando ouro ou atacando quilombos. 
d) O alargamento da fronteira foi uma conseqüência inconsciente da luta destes homens 
pela sobrevivência. 
e) O prestígio do bandeirante deve-se à integração dos vicentinos à economia 
exportadora açucareira. 
RESPOSTA “E”. 
 
17. (UFU-2009) – A atividade bandeirante marcou a atuação dos habitantes da capitania 
de São Vicente entre o século XVI e XVIII. A esse respeito, assinale a alternativa correta. 
a) Buscando capturar o índio para utilizá-lo como mão-de-obra ou para descobrir 
minas de metais e pedras preciosas, o chamado bandeirismo apresador e o prospector foram 
importantes para a ampliação dos limites geográficos do Brasil colonial. 
b) As bandeiras eram empresas organizadas e mantidas pela metrópole, com o 
objetivo de conquistar e povoar o interior da colônia, assim como garantir, efetivamente,a posse e o domínio do território. 
c) As chamadas bandeiras apresadoras tinham uma organização interna militarizada e 
eram compostas exclusivamente por homens brancos, chefados por uma autoridade militar da 
Coroa. 
d) O que explicou o impulso do bandeirismo no século XVII foi à assinatura do tratado de 
fronteiras com a Espanha, que redefiniu a linha de Tordesilhas e abriu as regiões de Mato 
Grosso até o Rio Grande do Sul, possibilitando a conquista e a exploração portuguesa. 
e) Derivado da bandeira de apresamento, o sertanismo de contrato era uma 
empresa particular, organizada com o objetivo de pesquisar indícios de riquezas minerais, 
especialmente nas regiões de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. 
RESPOSTA “A”. 
 
18. (MACK-2007) – A historiografia tradicional atribui ao bandeirismo o alargamento 
do território brasileiro para além de Tordesilhas. Sobre esta atividade é correto afirmar que: 
a) Jamais se converteu em elemento repressor, atacando quilombos ou aldeias 
indígenas. 
b) As missões do Sul foram preservadas dos ataques paulistas, devido à presença dos 
jesuítas espanhóis. 
c) Na verdade, o bandeirismo era a forma de sobrevivência para mestiços vicentinos, 
rudes e pobres, e a expansão territorial ocorreu de forma inconsciente como subproduto de sua 
atividade. 
d) Eram empresas totalmente financiadas pelo governo colonial, tendo por objetivo alargar 
o território para além de Tordesilhas. 
e) Era exercida exclusivamente pelo espírito de aventura dos brancos vinculados à 
elite proprietária vicentina, cujas lavouras de cana apresentavam grande prosperidade. 
RESPOSTA “C”. 
 
CAPÍTULO 6: A ERA DAS REVOLUÇÕES E DOS IMPÉRIOS 
 
O nascimento dos Estados Unidos- as treze colônias 
 
Antes da Independência, os EUA era formado por treze colônias controladas pela 
metrópole: a Inglaterra. Dentro do contexto histórico do século XVIII, os ingleses usavam estas 
colônias para obter lucros e recursos minerais e vegetais não disponíveis na Europa. Era 
também muito grande a exploração metropolitana, com relação aos impostos e taxas cobrados 
dos colonos norte-americanos. 
 
Colonização dos Estados Unidos 
 
Para entendermos melhor o processo de independência norte-americano é importante 
conhecermos um pouco sobre a colonização deste território. Os ingleses começaram a 
colonizar a região no século XVII. A colônia recebeu dois tipos de colonização com diferenças 
acentuadas: 
 Colônias do Norte : região colonizada por protestantes europeus, principalmente 
ingleses, que fugiam das perseguições religiosas. Chegaram na América do Norte com o 
objetivo de transformar a região num próspero lugar para a habitação de suas famílias. 
Também chamada de Nova Inglaterra, a região sofreu uma colonização de povoamento com as 
seguintes características : mão-de-obra livre, economia baseada no comércio, pequenas 
propriedades e produção para o consumo do mercado interno. 
 Colônias do Sul : colônias como a Virginia, Carolina do Norte e do Sul e Geórgia 
sofreram uma colonização de exploração. Eram exploradas pela Inglaterra e tinham que seguir 
o Pacto Colonial. Eram baseadas no latifúndio, mão-de-obra escrava, produção para a 
exportação para a metrópole e monocultura. 
 
Guerra dos Sete Anos 
 
Esta guerra ocorreu entre a Inglaterra e a França entre os anos de 1756 e 1763. Foi uma 
guerra pela posse de territórios na América do Norte e a Inglaterra saiu vencedora. Mesmo 
assim, a metrópole resolveu cobrar os prejuízos das batalhas dos colonos que habitavam, 
principalmente, as colônias do norte. Com o aumento das taxas e impostos metropolitanos, os 
colonos fizeram protestos e manifestações contra a Inglaterra. 
 
Metrópole aumenta taxas e impostos 
 
A Inglaterra resolveu aumentar vários impostos e taxas, além de criar novas leis que 
tiravam a liberdade dos norte-americanos. Dentre estas leis podemos citar: Lei do Chá (deu o 
monopólio do comércio de chá para uma companhia comercial inglesa), Lei do Selo ( todo 
produto que circulava na colônia deveria ter um selo vendido pelos ingleses), Lei do Açúcar (os 
colonos só podiam comprar açúcar vindo das Antilhas Inglesas). 
Estas taxas e impostos geraram muita revolta nas colônias. Um dos acontecimentos de 
protesto mais conhecidos foi a Festa do Chá de Boston ( The Boston Tea Party ). Vários 
colonos invadiram, a noite, um navio inglês carregado de chá e, vestidos de índios, jogaram 
todo carregamento no mar. Este protesto gerou uma forte reação da metrópole, que exigiu dos 
habitantes os prejuízos, além de colocar soldados ingleses cercando a cidade. 
 
 
Primeiro Congresso da Filadélfia 
 
Os colonos do norte resolveram promover, no ano de 1774, um congresso para tomarem 
medidas diante de tudo que estava acontecendo. Este congresso não tinha caráter separatista, 
pois pretendia apenas retomar a situação anterior. Queriam o fim das medidas restritivas 
impostas pela metrópole e maior participação na vida política da colônia. 
Porém, o rei inglês George III não aceitou as propostas do congresso, muito pelo 
contrário, adotou mais medidas controladoras e restritivas como, por exemplo, as Leis 
Intoleráveis. Uma destas leis, conhecida como Lei do Aquartelamento, dizia que todo colono 
norte-americano era obrigado a fornecer moradia, alimento e transporte para os soldados 
ingleses. As Leis Intoleráveis geraram muita revolta na colônia, influenciando diretamente no 
processo de independência. 
 
Segundo Congresso da Filadélfia 
 
Em 1776, os colonos se reuniram no segundo congresso com o objetivo maior de 
conquistar a independência. Durante o congresso, Thomas Jefferson redigiu a Declaração de 
Independência dos Estados Unidos da América. Porém, a Inglaterra não aceitou a 
independência de suas colônias e declarou guerra. A Guerra de Independência, que ocorreu 
entre 1776 e 1783, foi vencida pelos Estados Unidos com o apoio da França e da Espanha. 
 
Constituição dos Estados Unidos 
 
Em 1787, ficou pronta a Constituição dos Estados Unidos com fortes características 
iluministas. Garantia a propriedade privada (interesse da burguesia), manteve a escravidão, 
optou pelo sistema de república federativa e defendia os direitos e garantias individuais do 
cidadão. 
 
A REVOLUÇÃO FRANCESA 
 
A situação da França no século XVIII era de extrema injustiça social na época do Antigo 
Regime. O Terceiro Estado era formado pelos trabalhadores urbanos, camponeses e a 
pequena burguesia comercial. Os impostos eram pagos somente por este segmento social com 
o objetivo de manter os luxos da nobreza. 
A França era um país absolutista nesta época. O rei governava com poderes absolutos, 
controlando a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião dos súditos. Havia a falta 
de democracia, pois os trabalhadores não podiam votar, nem mesmo dar opiniões na forma de 
governo. Os oposicionistas eram presos na Bastilha (prisão política da monarquia) ou 
condenados à guilhotina. 
A sociedade francesa do século XVIII era estratificada e hierarquizada. No topo da 
pirâmide social, estava o clero que também tinha o privilégio de não pagar impostos. Abaixo do 
clero, estava a nobreza formada pelo rei, sua família, condes, duques, marqueses e outros 
nobres que viviam de banquetes e muito luxo na corte. A base da sociedade era formada pelo 
terceiro estado (trabalhadores, camponeses e burguesia) que, como já dissemos, sustentava 
toda a sociedade com seu trabalho e com o pagamento de altos impostos. Pior era a condição 
de vida dos desempregados que aumentavam em larga escala nas cidades francesas. 
A vida dos trabalhadores e camponeses era de extrema miséria, portanto, desejavam 
melhorias na qualidade de vida e de trabalho. A burguesia, mesmo tendo uma condição social 
melhor, desejava umaparticipação política maior e mais liberdade econômica em seu trabalho. 
A situação social era tão grave e o nível de insatisfação popular tão grande que o povo foi 
às ruas com o objetivo de tomar o poder e arrancar do governo a monarquia comandada pelo 
rei Luis XVI. O primeiro alvo dos revolucionários foi a Bastilha. A Queda da Bastilha em 
14/07/1789 marca o início do processo revolucionário, pois a prisão política era o símbolo da 
monarquia francesa. O lema dos revolucionários era "Liberdade, Igualdade e Fraternidade ", 
pois ele resumia muito bem os desejos do terceiro estado francês. 
Durante o processo revolucionário, grande parte da nobreza deixou a França, porém a 
família real foi capturada enquanto tentava fugir do país. Presos, os integrantes da monarquia, 
entre eles o rei Luis XVI e sua esposa Maria Antonieta foram guilhotinados em 1793.O clero 
também não saiu impune, pois os bens da Igreja foram confiscados durante a revolução. 
No mês de agosto de 1789, a Assembléia Constituinte cancelou todos os direitos feudais 
que existiam e promulgou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Este importante 
documento trazia significativos avanços sociais, garantindo direitos iguais aos cidadãos, além 
de maior participação política para o povo. 
 
Girondinos e Jacobinos 
 
Após a revolução, o terceiro estado começa a se transformar e partidos começam a surgir 
com opiniões diversificadas. Os girondinos, por exemplo, representavam a alta burguesia e 
queriam evitar uma participação maior dos trabalhadores urbanos e rurais na política. Por outro 
lado, os jacobinos representavam a baixa burguesia e defendiam uma maior participação 
popular no governo. Liderados por Robespierre e Saint-Just, os jacobinos eram radicais e 
defendiam também profundas mudanças na sociedade que beneficiassem os mais pobres. 
 
A Fase do Terror 
 
Em 1792, os radicais liderados por Robespierre, Danton e Marat assumem o poder e 
organização as guardas nacionais. Estas, recebem ordens dos líderes para matar qualquer 
oposicionista do novo governo. Muitos integrantes da nobreza e outros franceses de oposição 
foram condenados a morte neste período. A violência e a radicalização política são as marcas 
desta época. 
 
A burguesia no poder 
 
Em 1795, os girondinos assumem o poder e começam a instalar um governo burguês na 
França. Uma nova Constituição é aprovada, garantindo o poder da burguesia e ampliando seus 
direitos políticos e econômico. O general francês Napoleão Bonaparte é colocado no poder, 
após o Golpe de 18 de Brumário (9 de novembro de 1799) com o objetivo de controlar a 
instabilidade social e implantar um governo burguês. Napoleão assumi o cargo de primeiro-
cônsul da França, instaurando uma ditadura. 
A Revolução Francesa foi um importante marco na História Moderna da nossa civilização. 
Significou o fim do sistema absolutista e dos privilégios da nobreza. O povo ganhou mais 
autonomia e seus direitos sociais passaram a ser respeitados. A vida dos trabalhadores 
urbanos e rurais melhorou significativamente. Por outro lado, a burguesia conduziu o processo 
de forma a garantir seu domínio social. As bases de uma sociedade burguesa e capitalista 
foram estabelecidas durante a revolução. A Revolução Francesa também influenciou, com seus 
ideais iluministas, a independência de alguns países da América Espanhola e o movimento de 
Inconfidência Mineira no Brasil. 
 
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
 
A substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e 
do modo de produção doméstico pelo sistema fabril constituiu a Revolução Industrial; 
revolução, em função do enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, num processo de 
transformação acompanhado por notável evolução tecnológica. 
A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII e 
encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de capitais 
e de preponderância do capital mercantil sobre a produção. Completou ainda o movimento da 
revolução burguesa iniciada na Inglaterra no século XVII. 
 
Etapas da industrialização 
 
Podem-se distinguir três períodos no processo de industrialização em escala mundial: 
 1760 a 1850 – A Revolução se restringe à Inglaterra, a "oficina do mundo". 
Preponderam a produção de bens de consumo, especialmente têxteis, e a energia a vapor. 
 1850 a 1900 – A Revolução espalha-se por Europa, América e Ásia: Bélgica, França, 
Alemanha, Estados Unidos, Itália, Japão, Rússia. Cresce a concorrência, a indústria de bens 
de produção se desenvolve, as ferrovias se expandem; surgem novas formas de energia, como 
a hidrelétrica e a derivada do petróleo. O transporte também se revoluciona, com a invenção da 
locomotiva e do barco a vapor. 
 1900 até hoje – Surgem conglomerados industriais e multinacionais. A produção se 
automatiza; surge a produção em série; e explode a sociedade de consumo de massas, com a 
expansão dos meios de comunicação. Avançam a indústria química e eletrônica, a engenharia 
genética, a robótica 
 
Artesanato, manufatura e maquinofatura 
 
O artesanato, primeira forma de produção industrial, surgiu no fim da Idade Média com o 
renascimento comercial e urbano e definia-se pela produção independente; o produtor possuía 
os meios de produção: instalações, ferramentas e matéria-prima. Em casa, sozinho ou com a 
família, o artesão realizava todas as etapas da produção. 
A manufatura resultou da ampliação do consumo, que levou o artesão a aumentar a 
produção e o comerciante a dedicar-se à produção industrial. O manufatureiro distribuía a 
matéria-prima e o artesão trabalhava em casa, recebendo pagamento combinado. Esse 
comerciante passou a produzir. Primeiro, contratou artesãos para dar acabamento aos tecidos; 
depois, tingir; e tecer; e finalmente fiar. Surgiram fábricas, com assalariados, sem controle 
sobre o produto de seu trabalho. A produtividade aumentou por causa da divisão social, isto é, 
cada trabalhador realizava uma etapa da produção. 
Na maquinofatura, o trabalhador estava submetido ao regime de funcionamento da 
máquina e à gerência direta do empresário. Foi nesta etapa que se consolidou a Revolução 
Industrial. 
 
CONSPIRAÇÕES E REVOLTAS NA AMÉRICA PORTUGUESA 
 
A Inconfidência Mineira 
 
O movimento mineiro foi o primeiro a realmente manifestar com clareza a intenção da 
colônia de romper suas relações com a metrópole. Outras rebeliões já haviam ocorrido na 
colônia que, no entanto, possuíam reivindicações parciais, locais, que nunca propuseram a 
Independência em relação a Portugal. 
A importância da Inconfidência Mineira reside no fato de exprimir a decadência da política 
colonial e ao mesmo tempo a influência das idéias iluministas sobre a elite colonial que, na 
prática, foi quem organizou o movimento. 
 
As Razões do movimento 
 
Vários foram os motivos que determinaram o início do movimento, reunindo proprietários 
rurais, intelectuais, clérigos e militares, numa conspiração que pretendia eliminar a dominação 
portuguesa e criar um país livre no Brasil, em 1789. 
 
A Crise Econômica 
 
O século XVIII foi caracterizado pelo brutal aumento da exploração portuguesa sobre sua 
colônia na América. Apesar de o Brasil sempre ter sido uma colônia de exploração, ou seja, ter 
servido aos interesses econômicos de Portugal, durante o século XVIII, a nação portuguesa 
conheceu uma maior decadência econômica, entendido principalmente pelos déficits 
crescentes frente a Inglaterra, levando-a a aumentar a exploração sobre suas áreas coloniais e 
utilizando para isso uma nova forma de organização do próprio Estado, influenciado pelo 
avanço das idéias iluministas, que convencionou-se chamar "Despotismo Esclarecido" 
Nesse sentido, a política pombalina parao Brasil, normalmente vista como mais racional, 
representou na prática uma exploração mais racional, com a organização das Companhias de 
Comércio monopolistas, que atuaram em diversas regiões do Brasil. 
Em Minas Gerais, especificamente, que se constituía na mais importante região aurífera e 
diamantífera brasileira, o peso da espoliação lusitana se fazia sentir com maior intensidade. 
A exploração de diamantes era monopolizada pela Coroa desde 1731, que demarcara a 
região, proibindo o ingresso de particulares em tal atividade. Ao mesmo tempo, as jazidas da 
região aurífera se esgotavam com muita repidez, em parte por ser o ouro de Aluvião, em parte 
pelas técnicas precárias que eram empregadas na atividade e esse esgotamento refletia-se na 
redução dos tributos pagos a Coroa, fixado em "Um Quinto", portanto vinculado à produção. 
Para a Coroa, no entanto, a redução no pagamento de impostos devia-se a fraude e ao 
contrabando e isso explica a mudança na política tributária: Em 1750, o quinto foi substituído 
por um sistema de cota fixa, definido em 100 arrobas por ano (1500 Kg). Como a produção do 
ouro continuava a diminuir, tornou-se comum o não pagamento completo do tributo e a cada 
ano a dívida tendeu a aumentar e a Coroa resolveu, em 1763, instituir a Derrama. Não era um 
novo imposto, mas a cobrança da diferença em relação à aquilo que deveria ter sido pago. 
Essa cobrança era arbitrária e executada com extrema violência pelas autoridades portuguesas 
no Brasil, gerando não apenas um problema financeira, mas o aumento da revolta contra a 
situação de dominação. 
Soma-se a isso as dificuldades dos mineradores em importar produtos essenciais como 
ferro, aço e mesmo escravos, produtos esses que tinham seus preços elevados 
constantemente. Um dos principais exemplos dessa situação foi o "Alvará de proibição 
Industrial" baixado em 1785 por D. Maria I, a louca, que proibia a existência de manufaturas no 
Brasil. Os efeitos do alvará foram particularmente desastrosos para a população interiorana, 
que costumava abastecer-se de tecidos, calçados e outros gêneros nas pequenas oficinas 
locais ou mesmo domésticas e que, a partir daí, dependeria das tropas que traziam do litoral os 
produtos importados, por preços muito elevados e em quantidade nem sempre suficiente. 
 
Influências Externas 
 
O ideal Iluminista difundiu-se na Europa ao longo do século XVIII, principalmente a partir 
da obra de filósofos franceses e teve grande repercussão na América; primeiro influenciando a 
Independência dos EUA e posteriormente as colônias ibéricas. 
Ao longo do século XVIII tornou-se comum à elite colonial, enviar seus filhos para estudar 
na Europa, onde tomaram contato com as idéias que clamavam por direitos, liberdade e 
igualdade. De volta a colônia, esses jovens traziam não só os ideais de Locke, Montesquieu e 
Rousseau , mas uma percepção mais acabada em relação a crise do Antigo Regime, 
representada pela decadência do absolutismo e pelas mudanças que se processavam em 
várias nações, mesmo que ainda controladas por monarcas despóticos. 
Outra importante influência que marcou a Inconfidência Mineira foi a Independência das 
13 colônias inglesas na América do Norte, que apoiadas nas idéias iluministas não só 
romperam com a metrópole, mas criaram uma nação soberana, republicana e federativa. A 
vitória dos colonos norte americanos frente a Inglaterra serviu de exemplo e estímulo a outros 
movimentos emancipacionistas na América ibérica, incluindo o Brasil. 
Percebe-se essa influência, através da atitude do estudante brasileiro José Joaquim da Maia 
que, em Paris, entrou em contato com Thomas Jefferson, representante do governo dos EUA 
na França, para solicitar o apoio dos norte americanos ao movimento de rebelião contra a 
dominação portuguesa, que estava prestes a eclodir no Brasil. 
Em uma das cartas mais famosas de Maia a Thomas Jefferson, o estudante brasileiro 
escreveu: "Sou brasileiro e sabeis que minha desgraçada pátria geme em um espantoso 
cativeiro, que se torna cada dia menos suportável, desde a época de vossa gloriosa 
independência, pois que os bárbaros portugueses nada pouparam para nos tomar 
desgraçados, com o temor que seguíssemos os vossos passos; ... estamos dispostos a seguir 
o marcante exemplo que acabais de nos dar... quebrar nossas cadeias e fazer reviver nossa 
liberdade que está completamente morta e oprimida pela força, que é o único direito que os 
europeus possuem sobre a América... Isto posto, senhor, é a vossa nação que acreditamos ser 
a mais indicada para nos dar socorro, não só porque ela nos deu o exemplo, mas também 
porque a natureza nos fez habitantes do mesmo continente e, assim, de alguma maneira, 
compatriotas". 
 
A conspiração 
 
A Inconfidência Mineira na verdade não passou de uma conspiração, onde os principais 
protagonistas eram elementos da elite colonial, homens ligados à exploração aurífera, à 
produção agrícola ou a criação de animais, sendo que vários deles estudaram na Europa e que 
organizavam o movimento exatamente em oposição as determinações do pacto colonial, 
enrijecidas no século XVIII. Além destes, encontramos ainda alguns indivíduos de uma camada 
intermediária, como o próprio Tiradentes, filho de um pequeno proprietário e que, após dedicar-
se a várias atividades, seguiu a carreira militar, sendo portanto, um dos poucos indivíduos sem 
posses que participaram do movimento. Essa situação explica a posição dos inconfidentes em 
relação a escravidão, muito destacada nos livros de história; de fato, a maior parte dos 
membros das conspirações se opunha a abolição da escravidão, enquanto poucos, incluindo 
Tiradentes, defendiam a libertação dos escravos. As idéias liberais no Brasil tinham seus 
limites bem definidos, na verdade a liberdade era vista a partir do interesse de uma minoria, 
como a necessidade de ruptura dos laços com a metrópole, porém, sem que rompessem as 
estruturas socioeconômicas. Mesmo do ponto de vista político, a liberdade possuia limites. A 
luta pela independencia incluía ainda a definição do regime político a ser adotado, embora a 
maioria defendesse a formação de uma República que fosse Federativa, porém não garantia o 
direito de participação política a todos os homens. Na verdade os inconfidentes não possuíam 
uma orientação política definida, mas um conjunto de propostas, que tratavam de questões 
secundárias, como a organização da capital em São João Del Rei ou ainda a criação de uma 
Universidade em Vila Rica. 
O movimento conspiratório tornou-se maior após a chegada do Visconde de Barbacena, 
nomeado novo governador da capitania de Minas Gerais e incumbido de executar uma nova 
derrama, utilizando-se de todo o rigor necessário para garantir a chegado do ouro a Portugal. 
De setembro de 1788 em diante, as reuniões tornaram intensas, onde eram alimentadas várias 
discussões sobre temas variados e o entusiasmo exagerado contrastava com a falta de 
organização militar para a execução da independencia. Tiradentes e outros membros da 
conspiração procuravam garantir o apoio dos proprietário rurais, levando suas propostas de 
"revolução" a todos que, de alguma forma, pudessem apoiar. 
Um os mineradores contatados foi o coronel Joaquim Silvério dos Reis que, a princípio 
aderiu ao movimento, pois como a maioria da elite, era um devedor de impostos, no entanto, 
com medo de ser envolvido diretamente, resolveu deletar a conspiração. Em 15 de março de 
1789 encontrou-se com o governador, Visconde de Barbacena e formalizou por escrito a 
dnúncia de conspiração. Com o apoio das autoridades portuguesas instaladas no Rio de 
Janeiro, iniciou-se uma sequência de prisões, sendo Tiradentes um dos primeiros a ser feito 
prisineiro, na capital, onde se encontrava em busca de apoio ao movimento e alguns dias 
depois iniciava-se a prisão dos envolvidos na região das Gerais e uma grandedevassa para 
apurar os delitos. 
Num primeiro momento os inconfidentes negaram a existência de um movimento contrário 
a metrópole, porém a partir de novembro vários participantes presos passaram a confessar a 
existência da conspiração, descrevendo minuciosamente as reuniões, os planos e os nomes 
dos participantes, encabeçada pelo alferes Tiradentes. 
Tiradentes sempre negou a existência de um movimento de conspiração, porém, após 
vários depoimentos que o incriminava, na Quarta audiência, no início de 1790, admitiu não só a 
existência do movimento, como sua posição de líder . 
A devassa promoveu a acusação de 34 pessoas, que tiveram suas sentenças definidas 
em 19 de abril de 1792, com onze dos acusados condenados a morte: Tiradentes, Francisco de 
Paula Freire de Andrade, José Álvares Maciel, Luís Vaz de Toledo Piza, Alvarenga Peixoto, 
Salvador do Amaral Gurgel, Domingos Barbosa, Francisco Oliveira Lopes, José Resende da 
Costa (pai), José Resende da Costa (filho) e Domingos de Abreu Vieira. 
Desses, apenas Tiradentes foi executado, os demais tiveram a pena comutada para 
degredo perpétuo por D. Maria I. O Alferes foi executado em 21 de abril de 1792 no Rio de 
Janeiro, esquartejado, sendo as partes de seu corpo foram expostas em Minas como 
advertência a novas tentativas de rebelião. 
 
Conjuração Baiana 
 
Em agosto de 1798 começam a aparecer nas portas de igrejas e casas da Bahia, panfletos que 
pregavam um levante geral e a instalação de um governo democrático, livre e independente do 
poder metropolitano. Os mesmos ideais de república, liberdade e igualdade que estiveram 
presentes na Inconfidência Mineira, agitavam agora a Bahia. 
As inflamadas discussões na "Academia dos Renascidos" resultarão na Conjuração 
Baiana em 1789. Esse movimento, também chamado de Revolta dos Alfaiates foi uma 
conspiração de caráter emancipacionista, articulada por pequenos comerciantes e artesãos, 
destacando-se os alfaiates, além de soldados, religiosos, intelectuais, e setores populares. 
Se a singularidade da Inconfidência de Tiradentes está em seu sentido pioneiro, já que apesar 
de todos seus limites, foi o primeiro movimento social de caráter republicano em nossa história, 
a Conjuração Baiana, mais ampla em sua composição social, apresenta o componente popular 
que irá direciona-la para uma proposta também mais ampla, incluindo a abolição da 
escravatura. Eis aí a singularidade da Conjuração Baiana, que também é pioneira, por 
apresentar pela primeira vez em nossa história elementos das camadas populares articulados 
para conquista de uma república abolicionista. 
A segunda metade do século XVIII é marcada por profundas transformações na história, 
que assinalam a crise do Antigo Regime europeu e de seu desdobramento na América, o 
Antigo Sistema Colonial. 
No Brasil, os princípios iluministas e a independência dos Estados Unidos, já tinham 
influenciado a Inconfidência Mineira em 1789. Os ideais de liberdade e igualdade se 
contrastavam com a precária condição de vida do povo, sendo que, a elevada carga tributária e 
a escassez de alimentos, tornavam ainda mais grave o quadro sócio-econômico do Brasil. Este 
contexto será responsável por uma série de motins e ações extremadas dos setores mais 
pobres da população baiana, que em 1797 promoveu vários saques em estabelecimentos 
comerciais portugueses de Salvador. 
Nessa conjuntura de crise, foi fundada em Salvador a "Academia dos Renascidos", uma 
associação literária que discutia os ideais do iluminismo e os problemas sociais que afetavam a 
população. Essa associação tinha sido criada pela loja maçônica "Cavaleiros da Luz", da qual 
participavam nomes ilustres da região, como o doutor Cipriano Barata e o professor Francisco 
Muniz Barreto, entre outros. 
A conspiração para o movimento, surgiu com as discussões promovidas pela Academia 
dos Renascidos e contou com a participação de pequenos comerciantes, soldados, artesãos, 
alfaiates, negros libertos e mulatos, caracterizando-se assim, como um dos primeiros 
movimentos populares da História do Brasil. 
A participação popular e o objetivo de emancipar a colônia e abolir a escravidão, marcam 
uma diferença qualitativa desse movimento em relação à Inconfidência Mineira, que marcada 
por uma composição social mais elitista, não se posicionou formalmente em relação ao 
escravismo. 
 
A conjuração 
 
Entre as lideranças do movimento, destacaram-se os alfaiates João de Deus do 
Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira (este com apenas 18 anos de idade), além dos 
soldados Lucas Dantas e Luiz Gonzaga das Virgens, todos mulatos. Um outro destaque desse 
movimento foi a participação de mulheres negras, como as forras Ana Romana e Domingas 
Maria do Nascimento. 
As ruas de Salvador foram tomadas pelos revolucionários Luiz Gonzaga das Virgens e 
Lucas Dantas que iniciaram a panfletagem como forma de obter mais apoio popular e incitar à 
rebelião. Os panfletos difundiam pequenos textos e palavras de ordem, com base naquilo que 
as autoridades coloniais chamavam de "abomináveis princípios franceses". 
A Revolta dos Alfaiates foi fortemente influenciada pela fase popular da Revolução 
Francesa, quando os jacobinos liderados por Robespierre conseguiram, apesar da ditadura 
política, importantes avanços sociais em benefício das camadas populares, como o sufrágio 
universal, ensino gratuito e abolição da escravidão nas colônias francesas. Essas conquistas, 
principalmente essa última influenciaram outros movimentos de independência na América 
Latina, destacando-se a luta por uma República abolicionista no Haiti e em São Domingos, 
acompanhada de liberdade no comércio, do fim dos privilégios políticos e sociais, da punição 
aos membros do clero contrários à liberdade e do aumento do soldo dos militares. 
A violenta repressão metropolitana conseguiu deter o movimento, que apenas iniciava-se, 
detendo e torturando os primeiros suspeitos. Governava a Bahia nessa época (1788-1801) D. 
Fernando José de Portugal e Castro, que encarregou o coronel Alexandre Teotônio de Souza 
de surpreender os revoltosos. Com as delações, os principais líderes foram presos e o 
movimento, que não chegou a se concretizar, foi totalmente desarticulado. 
Após o processo de julgamento, os mais pobres como Manuel Faustino dos Santos Lira e 
João de Deus do Nascimento e os mulatos Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas foram 
condenados à morte por enforcamento, sendo executados no Largo da Piedade a 8 de 
novembro de 1799. Outros, como Cipriano Barata, o tenente Hernógenes dâ??Aguilar e o 
professor Francisco Moniz foram absolvidos. Os pobres Inácio da Silva Pimentel, Romão 
Pinheiro, José Félix, Inácio Pires, Manuel José e Luiz de França Pires, foram acusados de 
envolvimento "grave", recebendo pena de prisão perpétua ou degredo na África. Já os 
elementos pertencentes à loja maçônica "Cavaleiros da Luz" foram absolvidos deixando clara 
que a pena pela condenação, correspondia à condição sócio-econômica e à origem racial dos 
condenados. A extrema dureza na condenação aos mais pobres, que eram negros e mulatos, é 
atribuída ao temor de que se repetissem no Brasil as rebeliões de negros e mulatos que, na 
mesma época, atingiam as Antilhas. 
 
BRASIL COLÔNIA 
 
As grandes navegações 
 
As grandes viagens marítimas dos séculos XV-XVI foram uma continuação natural do 
renascimento do comércio na Europa, iniciado ainda na Idade Média. Esse renascimento deu 
origem ao capitalismo, cujo elemento impulsionador é o lucro. Era natural então que, esgotadas 
as possibilidades de desenvolvimento comercial na Europa, novas regiões passassem a ser 
exploradas, mesmo à custa de muito esforço e sacrifício. 
Entre os fatores que motivaram as grandes navegações marítimas, o principal foi sem 
dúvida a busca de lucros pela burguesia comercial e financeira da Europa. Por isso, a 
burguesiaeuropéia investia vultosos recursos para armar esquadras, remunerar tripulações, 
para financiar, enfim, as expedições oceânicas. Neste mesmo sentido, foi importante também o 
apoio de alguns monarcas, com os de Portugal e Espanha, que partilhavam os lucros dos 
empreendimentos comerciais. 
 
As navegações portuguesas 
 
Como vimos, Portugal foi o primeiro país a empreender sistematicamente a navegação 
atlântica. Mesmo antes do bloqueio do Mediterrâneo pelos turcos, os portugueses já haviam 
iniciado a exploração das costas da África. 
Sem dúvida, a posição geográfica de Portugal contribuiu para o seu pioneirismo. Com 
todo o litoral voltado para o Atlântico, o país tinha nas atividades marítimas uma importante 
base econômica: a pesca ocupava boa parte de sua população e seus portos serviam No 
entanto, esse não foi o principal fator do pioneirismo português nas grandes navegações. O 
mais importante foi o fato de Portugal ter um governo forte, centralizado na pessoa do rei, e 
cujo interesse fundamental eram as atividades comerciais. A partir da Revolução de Avis, a 
vida política portuguesa passou a girar em torno do rei. E os reis da dinastia de Avis, conduzida 
ao trono com o apoio dos comerciantes, empenharam-se principalmente em levar adiante 
empreendimentos de natureza essencialmente comercial.de escala para os navios que faziam 
o percurso de ida e volta entre o Mediterrâneo e o mar do Norte. 
Também contribuíram para o êxito português os estudos desenvolvidos em Sagres, no sul 
de Portugal. Ali, o Infante Dom Henrique, filho do Rei Dom João I, reuniu numerosos pilotos, 
cartógrafos e astrônomos, cujos trabalhos favoreceram o avanço da arte de navegar e 
impulsionaram a expansão marítima portuguesa. 
 
Descobrimento do Brasil 
 
Pouco depois do retorno de Vasco da Gama a Portugal, o Rei Dom Manuel, o Venturoso, 
mandou organizar uma esquadra com o objetivo de garantir a supremacia portuguesa na Índia. 
Outra finalidade da expedição era difundir a religião cristã entre os pagãos. 
A esquadra, a maior até então organizada em Portugal, era composta de treze navios e 
tinha uma tripulação de aproximadamente 1200 homens. Para comandá-la, o rei escolheu 
Pedro Álvares Cabral, fidalgo de uma das mais tradicionais famílias portuguesas. 
Cabral partiu de Lisboa no dia 9 de março de 1500. Em 22 de abril de 1500, tendo-se 
afastado, para oeste, da rotas estabelecida por Vasco da Gama, avistou terra. Não se sabe ao 
certo o que teria levado Cabral a se afastar da rota estabelecida. Alguns autores admitem que 
ele teria instruções de Dom Manuel para procurar terra no lado ocidental do Atlântico. O 
estabelecimento da linha de Tordesilhas -- recuada para oeste, em relação à da bula Inter 
Coetera, por insistência de Portugal -- reforça essa hipótese, pois parece indicar que os 
portugueses suspeitavam da existência de terras no Atlântico Sul. No entanto, a escassez de 
documentos sobre o assunto impede que se afirme categoricamente a intencionalidade ou não 
do descobrimento. 
 
Exploração do litoral brasileiro 
 
A primeira exploração do litoral do território descoberto foi feita pela própria esquadra de 
Cabral, que seguiu paralelamente à costa em direção norte, procurando um porto onde os 
navios ficassem abrigados. O lugar escolhido recebeu o nome de Porto Seguro e hoje chama-
se baía Cabrália, localizada no atual estado da Bahia. 
Durante uma semana os portugueses ficaram na região -- batizada de Ilha de Vera Cruz--
- e mantiveram alguns contatos com os habitantes. Para assinalar a posse da terra, Cabral 
mandou erguer uma cruz com o brasão do rei de Portugal. O nome Ilha de Vera Cruz foi 
substituído por Terra de Santa Cruz, mais tarde abandonado em favor do nome Brasil, que se 
tornou definitivo. 
No dia 2 de maio, a esquadra retomou seu caminho para a Índia. Um dos navios, 
comandados por Gaspar de Lemos, foi enviado de volta a Portugal. Levava a notícia dos 
acontecimentos e várias cartas, entre elas a de Pero Vaz de Caminha, que relatava a viagem e 
o descobrimento da nova terra. Antes de realizar a travessia do Atlântico, esse navio explorou 
parte do litoral ao norte de Porto Seguro. 
 
A expedição de Martim Afonso de Souza 
 
Em 1530, Dom João III enviou ao Brasil a expedição de Martim Afonso de Sousa, cujos 
principais objetivos eram verificar a existência de metais preciosos, explorar e patrulhar o litoral 
e estabelecer os fundamentos da colonização do Brasil. Martim Afonso tinha poderes para 
nomear autoridades e distribuir terras às pessoas que quisessem permanecer aqui para 
desempenhar essa missão. 
Martim Afonso percorreu quase todo o litoral brasileiro. De Pernambuco, enviou dois 
barcos para explorar o litoral norte; organizou expedições rumo ao sertão, partindo de Cabo 
Frio e de Cananéia; chegou até a foz do rio da Prata e depois retornou ao litoral paulista, onde 
fundou a vila de São Vicente (1532). Ali se organizaram alguns povoados, iniciou-se o plantio 
da cana e foram construídos os primeiros engenhos da colônia. Começava assim a colonização 
efetiva do Brasil, apoiada na produção de açúcar para o mercado externo. 
 
Início da colonização no Brasil 
 
Além da defesa do território, a colonização do Brasil teve outra finalidade: transformar a 
colônia num empreendimento lucrativo para Portugal. 
Durante o reinado de Dom João III (1521-1557), o comércio português na Índia entrou em 
crise, em virtude da concorrência de outras nações européias, principalmente da Holanda e da 
Inglaterra. Ao mesmo tempo, as enormes despesas com a montagem e a manutenção do 
império português na África e na Ásia -- construção de navios, pagamento de tripulações, 
edificação de fortalezas etc. --- arruinaram as finanças do país. Nessa situação, tornava-se 
urgente o aproveitamento do Brasil, até então pouco lucrativo. Por outro lado, os portugueses 
esperavam encontrar metais preciosos, incentivados pelas notícias da descoberta de grandes 
jazidas de ouro e prata na América espanhola. 
 
Instalações produtivas açucareiras 
 
Martin Afonso de Souza trouxe as primeiras mudas de cana-de-açúcar da ilha da Madeira 
e instalou o primeiro engenho da colônia em São Vicente, no ano de 1533. Inaugurava-se, 
assim, a base econômica da colonização portuguesa no Brasil. 
Os engenhos multiplicaram-se rapidamente pela costa brasileira, chegando a 400 em 
1610. A importância econômica do açúcar como principal riqueza colonial evidencia-se no valor 
das exportações do produto no período do apogeu da mineração (século XVIII): superior a 
3000 milhões de libras esterlinas, enquanto a mineração, na mesma época, gerou um lucro de 
cerca de 200 milhões. 
A produção do açúcar voltava-se exclusivamente para a exportação e, por gerar elevados 
lucros comandava a economia colonial. Outra lavouras desenvolveram-se na colônia, mas 
geralmente apresentavam um caráter complementar e secundário. À produção canavieira 
destinavam-se as melhores terras, grandes investimentos de capital e a maioria da mão-de-
obra. 
O responsável pela produção -- o senhor de engenho -- usufruía de enorme prestígio 
social. Sobre um latifúndio monocultor, escravista e exportador, um padrão de exploração 
agrícola denominado plantation, assentava-se a agricultura brasileira no início da colonização 
de nosso território. 
A região Nordeste, destacadamente o litoral de Pernambuco e Bahia, concentrou a maior 
produção de açúcar da colônia. 
As unidades açucareiras agro-exportadoras, conhecidas como engenhos, eram 
compostas de grandes propriedades de terra, obtidas com as doações de sesmarias pelos 
donatários e representantes da Coroa (governadores-gerais) a quem se interessasse pelo 
empreendimento. A grande extensão dessas propriedades impediu à formação de uma classe 
camponesa e o desenvolvimento significativo de atividades comerciais e artesanais quepudessem dinamizar um mercado interno, como ocorria em algumas regiões coloniais da 
América do Norte. 
 O engenho, que em alguns casos chegava a ter perto de 5 mil moradores, era constituído 
por extensas áreas de florestas fornecedoras de madeira; plantações de cana; a casa-grande, 
residência do proprietário, sua família e agregados e se da administração; a capela; e a 
senzala, alojamento dos escravos. A moenda, a casa das caldeiras e a casa de purgar 
formavam a fábrica do açúcar, o engenho propriamente dito. 
O produto era enviado para Portugal e depois para os Países Baixos, onde era refinado e 
comercializado. 
 
Escravos na sociedade açucareira 
 
Diversos fatores determinaram a generalização do trabalho escravo africano no Brasil, a 
partir do final do século XVI, ao mesmo tempo que a mão-de-obra nativa deixava de ser opção 
viável. Epidemias adquiridas em contato com os brancos, mortes pelo trabalho forçado, 
desarticulação de sua economia de subsistência, fugas para o interior marcavam os povos 
indígenas. 
Além disso, a luta dos jesuítas contra sua escravização levou os colonos a voltarem seus 
olhos cada vez mais para os escravos africanos. Há longo tempo o trabalho já era explorado 
por companhias particulares graças ao assiento, direito de explorar o tráfico negreiro cedido 
pelo rei, mediante pagamento. 
Os negros eram capturados na África pelos portugueses que, não raramente, promoviam 
ou estimulavam guerras entre as tribos africanas para poderem comprar, dos chefes 
vencedores, os negros derrotados. Aos poucos, os sobas, chefes locais africanos, passaram a 
capturar seus conterrâneos e a negociá-los com os traficantes, em troca de fumo, tecidos, 
cachaça, armas, jóias, vidros, etc. 
Mesmo considerando a diversidade das cifras, entre os estudiosos, sobre o tráfico de 
escravos capturados na África, alguns números finais certamente estão bem próximos do que 
já se chamou de "holocausto negro". Os escravos chegavam ao Brasil amontoados nos porões 
de navios negreiros chamados tumbeiros, sujeito a condições tão insalubres pela superlotação 
e a longa duração da viagem, que a média de mortalidade era estimada em 20%. 
Não seria exagero estimar que o número de vítimas envolvendo os escravos 
transportados e os que morreram na luta contra as incursões brancas chegaria a algo próximo 
do dobro ou até do triplo dos africanos deslocados para a América. Calcula-se que, até o 
século XIX, entre 10 e 15 milhões de africanos, dos quais cerca de 40% vieram para o Brasil, 
foram capturados pelos brancos e deslocados para a América. 
 
Apogeu e a crise do açúcar 
 
Durante o século XVI e início do século XVII, o Brasil tornou-se o maior produtor de 
açúcar do mundo e o responsável pela riqueza dos senhores de engenho, da Coroa e de 
comerciantes portugueses. Mas foram sobretudo os holandeses que mais se beneficiaram com 
a atividade açucareira. 
Responsáveis pelas etapas de refinação e comercialização, segundo estimativas, 
obtinham a terça parte do valor do açúcar vendido. 
O caráter exportador da economia, característico do pacto colonial (relação entre 
metrópole e colônia, segunda a política mercantilista), foi firmado pela maciça importação de 
mercadorias européias, como roupas, alimentos e até objetos decorativos, para garantir o 
sustento e a opulência em que viviam os senhores de engenho do Nordeste. Além disso, a 
participação dos holandeses e portugueses no comércio do açúcar foi fator que desviou a 
riqueza para as áreas metropolitanas. 
Por razões dinásticas, entre 1580-1640, o monarca espanhol Filipe II passou a dominar 
vastas extensões da Europa. nesse período, Portugal e suas colônias também estiveram 
subordinados ao domínio espanhol. 
Uma guerra de independência entre Países Baixos e Espanha levou os holandeses, 
conhecedores das técnicas de refino e comercialização do açúcar, a produzi-lo em suas 
colônias. Concorrendo em melhores condições com o produto brasileiro, causaram a queda do 
preço, entre 1650 e 1688, a um terço de seu valor. A crise da produção açucareira no Brasil 
trouxe prejuízos tanto para a economia portuguesa quanto para a colonial. 
Diante da crise da produção colonial de açúcar, o rei de Portugal, D. Pedro II (1683-1706), 
procurou soluções para superá-la, apoiando-se na atuação de seu ministro, o conde de 
Ericeira, que baixou as leis "pragmáticas". Proibiu-se o uso de certos produtos estrangeiros, a 
fim de reduzir as importações e equilibrar a deficitária balança comercial lusa, além de 
reorientar as atividades produtivos no reino e nas colônias, com a ajuda de técnicos 
estrangeiros. 
Estimulou-se no Brasil a produção do tabaco e outros produtos alimentares destinados à 
exportação, bem como intensificou-se a busca das drogas do sertão. Juntamente com a 
tentativa de revitalização da produção açucareira, essas medidas surtiriam efeitos positivos um 
pouco mais tarde, já no início do século XVIII, coincidindo com o princípio da atividade 
mineradora. Mesmo perdendo a supremacia no conjunto da economia colonial, o açúcar, que 
apresentava, nessa fase, uma rentabilidade bem menor que a de séculos anteriores e concorria 
num mercado bastante competitivo continuou a ser o principal produto nas exportações. 
 
Capitanias hereditárias 
 
A colonização do Brasil, iniciada em 1530 com a expedição de Martim Afonso de Souza, 
não foi uma tarefa fácil. Em 1532, Martim Afonso fundou São Vicente, a primeira vila brasileira. 
No entanto, um único núcleo de povoamento na imensidade da costa não resolvia os 
problemas causados por navios franceses que vinham buscar pau-brasil. 
Era necessário povoar rapidamente a região costeira, mas a Coroa portuguesa não 
dispunha na época de recursos humanos nem econômicos para colonizar, em curto prazo, o 
litoral brasileiro. Por isso, a partir de 1534, o governo português resolveu iniciar no Brasil um 
processo de colonização que já havia sido aplicado, com muito sucesso, na ilha da Madeira e 
nos Açores: a divisão da terra em capitanias. Dessa forma, a Coroa portuguesa pretendia 
ocupar o território brasileiro e torná-lo uma fonte de lucros. 
As capitanias eram imensos lotes de terra que se estendiam, na direção dos paralelos, do 
litoral até o limite estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas. Esses lotes foram doados em 
caráter vitalício e hereditário a elementos pertencentes à pequena nobreza lusitana. Os 
donatários tinham de explorar com seus próprios recursos as capitanias recebidas. 
Ao doar as capitanias, a Coroa portuguesa abria mão de certos direitos e vantagens, em 
favor dos donatários, esperando com isso despertar seu interesse pelas terras recebidas. A 
Carta de Doação e o Foral garantiam os direitos do capitão donatário. 
- Pertenciam-lhe todas as salinas, moendas de água e quaisquer outros engenhos da 
capitania. 
- Podia escravizar índios em número indeterminado, mas devia enviar 39 para Lisboa, 
anualmente. 
- Ficava com a vigésima parte da renda do pau-brasil. 
- Podia criar vilas, administrar a justiça e doar sesmarias, menos para a esposa, para o 
filho mais velho e para judeus e estrangeiros. Sesmaria era uma extensão de terra que o 
donatário doava a quem se dispusesse a cultivá-la. Ao contrário da capitania, da qual o 
donatário não tinha a propriedade (mas apenas o uso), a sesmaria era propriedade do 
sesmeiro, após dois anos de real utilização. 
O rei reservava para si algumas vantagens que, na verdade, lhe garantiam os melhores 
proveitos que a terra poderia oferecer: dez por cento de todos os produtos da terra; vinte por 
cento (um quinto) das pedras e metais preciosas; monopólio do pau-brasil, das drogas e das 
especiarias. 
No Brasil, o sistema de divisão da terra em capitanias não deu bons resultados. A grande 
extensão dos lotes talvez a principal razão do insucesso. Sem recursos suficientes, os 
donatários só conseguiamfundar estabelecimentos precários na região costeira dos lotes que 
recebiam; não tinham condições de tentar a colonização do interior. 
A enorme distância que separava as capitanias da metrópole, de onde vinham os 
recursos necessários para a sobrevivência dos núcleos iniciais, dificultava ainda mais a 
colonização. 
As capitanias de São Vicente e de Pernambuco, apresentaram resultados melhores do 
que as outras. O sucesso dessas capitanias se deveu ao êxito da cultura canavieira e da 
criação de gado. 
Com o passar do tempo, as capitanias foram revertendo ao governo português. No século 
XVIII, quando Portugal era governado pelo Marquês de Pombal, o sistema foi totalmente 
extinto. Os limites das capitanias sofreram modificações, mas determinaram os contornos 
gerais das províncias do Império que se limitavam com o Atlântico; estas, por sua vez, deram 
origem aos Estados litorâneos do Brasil atual. Os estados do interior tiveram origem diferente. 
 
Governo de Tomé de Souza 
 
Tomé de Souza foi escolhido por Dom João III para ser o primeiro governador-geral do 
Brasil. 
Chegou em 29 de março de 1549, acompanhado por mais de novecentas pessoas, entre 
soldados, colonos a degredados. O governador trazia ainda material para iniciar a construção 
da primeira cidade, além de algumas cabeças de gado. Estes foram os principais fatos da 
administração de Tomé de Souza: 
- Início das atividades dos jesuítas no Brasil. O primeiro grupo de missionários jesuítas 
chegou com o governador e era chefiado pelo padre Manuel da Nóbrega. 
- Fundação de Salvador, a primeira capital do Brasil, em 1549. 
- Criação do primeiro bispado brasileiro. 
- Visita às capitanias do sul, onde o governador considerou aprovada a fundação da vila 
de Santo André da Borda do Campo, feita anos antes por Martim Afonso de Souza, e proibiu 
que os missionários se instalassem no sertão (medida que se revelou inútil). As duas atitudes 
do governador relacionavam-se com o fato de a capitania de São Vicente ser considerada um 
ponto estratégico por sua proximidade com as terras espanholas, com as quais inclusive, os 
vicentinos mantinham muitos contatos. 
- Criação das primeiras fazendas de gado. 
Foi muito importante para o primeiro governo-geral a ajuda recebido do português Diogo 
Álvares Correia, o Caramuru, bem como o trabalho dos jesuítas. Diogo Álvares vivia entre os 
indígenas da Bahia desde 1510 e desempenhou importante papel como intermediário entre os 
portugueses e os índios. Os sacerdotes da Companhia de Jesus, sob a chefia de Nóbrega, 
fundaram em Salvador, o primeiro colégio do Brasil. Os jesuítas penetraram no sertão, 
empenharam-se na catequese dos índios, fundaram escolas para os filhos dos colonos e 
procuraram impor aos portugueses as normas da moral cristã no relacionamento com os 
indígenas. Assim, tentaram impedir a escravização de índios e a exploração sexual das 
mulheres indígenas pelos colonizadores. 
 
Governo de Duarte da Costa 
 
 O segundo governador-geral, Duarte da Costa, chegou ao Brasil em 1553, trazendo 250 
pessoas, entre elas o noviço José de Anchieta. Vários acontecimentos marcaram a 
administração do segundo governador-geral: 
 Combate às tribos indígenas do Recôncavo Baiano. 
 Expedição ao sertão, com o objetivo de procurar as tão faladas riquezas 
minerais, procedentes das colônias espanholas situadas na região andina. 
 Incidente entre o primeiro bispo, Dom Pero Fernandes Sardinha, e o filho de 
Duarte da Costa, Dom Álvaro da Costa, que trouxe conseqüências trágicas para o bispo. 
Diante das críticas de Dom Pero Fernandes à agressividade e aos maus costumes de Dom 
Álvaro, a população de Salvador se dividiu em duas facções: uma favorável a Dom Álvaro e ao 
governador; outra favorável ao bispo. Dom Pero Fernandes foi chamado a Portugal para dar 
explicações sobre os acontecimentos, mas seu navio naufragou no litoral de Alagoas e ele foi 
morto pelos índios caetés. 
 Fundação do Colégio de São Paulo pelos jesuítas, em 25 de janeiro de 1554. 
 Invasão do Rio de Janeiro em 1555 pelos franceses, que pretendiam 
estabelecer uma colônia naquele local. Como não dispunha de recursos suficientes para 
expulsá-los, o governador nada pôde fazer. 
 
Governo de Mem de Sá 
 
Um dos principais acontecimentos durante o governo de Mem de Sá, sucessor de Duarte 
da Costa, foi a expulsão dos franceses no Rio de Janeiro. 
Os invasores tinham estabelecido relações cordiais com os indígenas, incitando-os contra 
os portugueses. 
Em 1563, os jesuítas José de Anchieta e Manuel de Nóbrega conseguiram firmar a paz 
entre os portugueses e os índios tamoios, que ameaçavam a segurança de São Paulo e de 
São Vicente. Anchieta permaneceu cinco meses como refém dos índios de Iperoig, aldeia 
localizada onde é hoje a cidade de Ubatuba, no litoral norte do Estado de São Paulo. A 
chamada Paz de Iperoig, conseguida pelos dois sacerdotes, permitiu a sobrevivência do 
Colégio de São Paulo e a permanência dos portugueses na região. 
Mem de Sá, num primeiro ataque contra os invasores do Rio de Janeiro, conseguiu 
destruir o forte Coligny, que eles tinham construído na ilha de Serigipe, hoje Villegaignon, na 
baía de Guanabara. Depois disso, o governador voltou à Bahia. Os franceses, que tinham 
conseguido refúgio junto aos índios, seus aliados, retornaram e reconstruíram o forte. 
Em 1º de março de 1565, o sobrinho de Mem de Sá, Estácio de Sá, fundou a cidade de 
São Sebastião do Rio de Janeiro. A nova cidade tornou-se a base das operações dos 
portugueses na luta contra os franceses. 
A expulsão definitiva dos franceses só foi conseguida depois de muitas lutas. Estácio de 
Sá, com a ajuda de tropas do governador e da região de São Vicente, derrotou os invasores 
depois da batalhas do forte Coligny, de Uruçu-Mirim e da ilha do Governador (Paranapuã). 
Destacaram-se nos combatentes, lado a lado com os portugueses, os índios temiminós do 
Espírito Santo, comandados por Araribóia. Como recompensa, esse chefe indígena recebeu 
uma sesmaria na região do Rio de Janeiro, onde fundou a vila de São Lourenço, que deu nome 
à cidade de Niterói. 
Mem de Sá governou até 1572, ano de sua morte. Dom Luís de Vasconcelos, que havia sido 
enviado em 1570 para ser o quarto governador, morreu durante a viagem para o Brasil, quando 
seu navio foi atacado por pirata franceses. 
 
A revolta de Beckman 
 
No Maranhão, como em São Paulo, houve conflitos entre os colonos e os jesuítas por 
causa da escravização dos indígenas. Em 1661, por seu trabalho de intransigente defesa da 
liberdade dos índios, os religiosos da Companhia de Jesus foram expulsos do Maranhão. Só 
puderam voltar, por decisão da Coroa, em 1680. 
Nessa data, o governo português proibiu terminantemente a escravização de índios. 
Para resolver o problema da falta de braços para a lavoura, bem como para controlar o 
comércio naquela região do Brasil, o governo português criou, em 1682, a Companhia de 
Comércio do Estado do Maranhão, à qual passou a responsabilidade do monopólio da Coroa. 
A companhia não cumpriu os compromissos assumidos, o que despertou grande 
descontentamento entre os colonos da região. Os escravos africanos não foram trazidos para o 
Maranhão em número suficiente, e os gêneros alimentícios negociados pela companhia, além 
de muito caros, não eram de boa qualidade. 
Revoltaram-se contra esta situação elementos do clero, da classe mais elevada e do 
povo, chefiados por Manuel Beckman, fazendeiro muito rico e respeitado na região. Os 
revoltosos expulsaram os jesuítas, declararam deposto o governador e extinta a companhia de 
comércio. 
Beckman governou o Maranhão durante um ano, até a chegada de uma frota portuguesa 
sob o comando de Gomes Freire de Andrada. Beckman fugiu, mas foi delatado por Lázaro de 
Melo, sendo então preso e enforcado. 
A extinção da Companhia de Comércio doEstado do Maranhão foi mantida pelo governo 
português , como queriam os revoltosos, mas os jesuítas puderam retornar e continuar seu 
trabalho. 
 
A guerra dos Emboabas 
 
Quando as notícias da descoberta de ouro em Minas Gerais se espalharam pelo Brasil e 
chegaram a Portugal, milhares de pessoas acorreram à região. No livro Cultura e opulência do 
Brasil por suas Drogas e Minas, do padre João Antônio Andreoni (Antonil), editado em 1711, 
encontramos a seguinte referência ao afluxo de pessoas a Minas Gerais. 
"A sede do ouro estimulou tantos a deixarem suas terras e a meterem-se por caminhos 
tão ásperos como são os das minas, que dificilmente se poderá dar conta do número de 
pessoas que atualmente lá estão..." 
O afluxo de forasteiros desagradou os paulistas. Por terem descoberto as minas e por 
elas se encontrarem em sua capitania, os paulistas reivindicaram direito exclusivo de explorá-
las. Entre 1708 e 1709, ocorreram vários conflitos armados na zona aurífera, envolvendo de um 
lado paulistas e de outro portugueses e elementos vindos de vários pontos do Brasil. 
Os paulistas referiam-se aos recém-chegados com o apelido pejorativo de emboabas. Os 
emboabas aclamaram o riquíssimo português Manuel Nunes Viana como governador das 
Minas. Nunes Viana, que enriquecera com o contrabando de gado para a zona mineira, foi 
hostilizado por Manuel de Borba Gato, um dos mais respeitados paulistas da região. Nos 
conflitos que se seguiram, os paulistas sofreram várias derrotas e foram obrigados a abandonar 
muitas minas. 
Um dos episódios mais importantes da Guerra dos Emboabas foi o massacre de paulistas 
pelos embobas, no chamado Capão da Traição. Nas proximidades da atual cidade de São 
João del-Rei, um grupo de paulistas chefiados por Bento do Amaral Coutinho. Este prometeu 
aos paulistas que lhes pouparia a vida, caso se rendessem. Entretanto, quando eles 
entregaram suas armas, foram massacrados impiedosamente. 
Em represália, os paulistas organizaram uma tropa de mais ou menos 1 300 homens. 
Essa força viajou para Minas com o objetivo de aniquilar os emboabas, mas não chegou a 
atingir aquela capitania. 
A guerra favoreceu os emboabas e fez os paulistas perderem várias minas. Por isso, eles 
partiram em busca de novas jazidas; em 1718 encontraram ricos campos auríferos em Mato 
Grosso. 
Estas foram as principais conseqüências da Guerra dos Emboabas: 
 Criação de normas que regulamentam a distribuição de lavras entre emboabas e 
paulistas e a cobrança do quinto. 
 Criação da capitania de São Paulo e das Minas de Ouro, ligada diretmente à 
Coroa, independente portanto do governo do Rio de Janeiro (3 de novembro de 1709). 
 Elevação da vila de São Paulo à categoria de cidadePacificação da região das 
minas, com o estabelecimento do controle administrativo da metrópole. 
 
A guerra dos mascates 
 
A Guerra dos Mascates foi um movimento de caráter regionalista cujos principais fatores 
foram: 
 decadência da atividade agroindustrial açucareira em virtude da concorrência 
internacional; 
 desenvolvimento comercial e urbano em Pernambuco; 
 elevação do povoado de Recife à categoria de vila. 
 
Com a decadência do açúcar, a situação dos poderosos senhores de engenho de 
Pernambuco sofreu grandes modificações. Empobrecidos, os fazendeiros de Olinda, 
pertencentes às mais tradicionais famílias da época, eram obrigados a endividar-se com os 
comerciantes portugueses do Recife, que lhes emprestavam dinheiro a altos juros. 
Os olindenses chamavam os recifenses de mascates, referindo-se de forma pejorativa à 
sua profissão. Os recifenses, por sua vez, designavam os habitantes de Olinda pelo apelido de 
pés-rapados, por serem pobres. 
Recife crescera tanto desde a época do domínio holandês que, em 709, o Rei Dom João 
V elevou o povoado à categoria de vila. Este fato desagradou os habitantes de Olinda, a vila 
mais antiga da capitania, embora mais pobre e menos povoada que Recife. 
Em 1710, ao serem demarcados os limites entre as duas vilas, teve início a revolta. O 
governador de Pernambuco, Sebastião de Castro e Caldas, foi ferido por um tiro na perna e, 
com o agravamento da luta, fugiu para a Bahia. 
Sucederam-se os choques entre olindenses e recifenses, e a revolta tomou conta de toda 
a capitania. Com a nomeação de um novo governador (Felix José Machado de Mendonça), as 
lutas acalmaram-se. Em 1714, o Reio Dom João V anistiou todos os que se envolveram na 
revolta, restabelecendo a ordem em Pernambuco. 
A rivalidade entre brasileiros e portugueses na capitania continuou a existir, mas só se 
transformou novamente em revolta mais de um século depois (1817) e com caráter diferente. 
 
Motins do Maneta 
 
Nos últimos meses de 1711, ocorreram duas sublevações populares na Bahia. A razão do 
primeiro motim, chefiado pelo negociante João de Figueiredo da Costa, apelidado o Maneta, foi 
um aumento de impostos decretado pelo governo. A multidão, formada principalmente por 
portugueses, avançou contra o palácio do governador Pedro de Vasconcelos e Souza, que 
atendeu aos pedidos da massa popular. Todos os participantes da revolta forma anitiados. 
Pouco tempo depois, ocorreu outro motim na Bahia, quando a esquadra francesa do 
corsário Duguay-Trouin ocupou o Rio de Janeiro. Os revoltosos queriam a organização 
imediata de uma expedição para combater os invasores. O governador Pedro de Vasconcelos 
conseguiu contornar a situação até os franceses deixarem o Rio de Janeiro. 
 
Revolta de Filipe dos Santos 
 
Na região das minas, o ouro em pó era utilizado como se fosse moeda corrente. Com a 
criação das Casas de Fundição em Minas Gerais, em 1719, a circulação de ouro em pó foi 
proibida. 
As casas de Fundição foram criadas pelo governo português para evitar o contrabando de 
ouro e obrigar o colono a pagar o quinto devido à Coroa. Todo ouro descoberto deveria ser 
encaminhado a essas repartições, onde era derretido e, depois de separada a parte do rei, 
transformado em barras. 
Foi contra essas condições do governo que ocorreu a revolta de 1720, chefiada por Filipe 
dos Santos Freire. A Revolta de Filipe dos Santos foi motivada, portanto, apenas por fatores 
econômicos. 
Seus objetivos eram impedir o estabelecimento das Casas de Fundição e manter a 
legalidade da circulação de ouro em pó. 
Em 28 de junho de 1720 teve início a revolta em Vila Rica (atual Ouro Preto). Cerca de 2 
000 revoltosos dirigiram-se para Ribeirão do Carmo, atual Mariana, e pressionaram o 
governador de Minas, Dom Pedro de Almeida, Conde de Assumar, para que atendesse às suas 
exigências. Este concordou com os pedidos dos revoltosos, pois não contava com forças 
armadas para enfrentá-los. Assim que conseguiu tropas suficientes, o governador esmagou a 
revolta, mandando prender os cabeças do movimento. Filipe dos Santos foi enforcado (16 de 
julho de 1720), e seu corpo esquartejado após a execução. 
 
Inconfidência carioca 
 
A Inconfidência Carioca teve características parecidas com o movimento sufocado em 
Minas Gerais cinco anos antes. A Revolução Francesa foi a inspiradora dos inconfidentes do 
Rio de Janeiro, que fundaram uma Sociedade Literária para a divulgação de suas idéias. 
Denunciados, os conjurados foram presos e acusados de fazerem críticas à religião e ao 
governo, além de adotarem idéias de liberdade para a colônia. 
Entre os inconfidentes cariocas estavam o poeta Manuel Inácio da Silva Alvarenga, 
Vicente Gomes e João Manso Pereira. Durante dois anos e meio, os implicados no movimento 
frustrado ficaram presos, sendo depois libertados. 
 
Inconfidência baiana 
 
A Inconfidência Baiana em 1798, também chamada Conjuração Baiana, teve 
características bem diferentes das anteriores, especialmente porque seus participantes 
pertenciam às camadas pobres da população. 
Os chefes da Inconfidência foram LucasDantas e Luís Gonzaga das Virgens, que eram 
soldados, João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira, alfaiates. A 
conspiração é por isso conhecida também como Revolta dos Alfaiates. 
Inspirados nos ideais da Revolução Francesa, os inconfidentes pretendiam proclamar a 
República. 
Em 12 de agosto de 1798, os conspiradores colocaram nos muros da cidade papéis 
manuscritos chamando a população à luta e proclamando idéias de liberdade, igualdade, 
fraternidade e República. Foram descobertos e presos e, em 8 de novembro de 1799, 
enforcados em Salvador. 
 
Revolução pernambucana 
 
Com a vinda de Dom João em 1808, o Brasil passou por profundas modificações. Por 
isso, na época da Revolução Pernambucana a situação do Brasil era bem diferente da que 
vivia o país, quando eclodiram os movimentos revolucionários anteriores a esse. 
Os principais fatores da Revolução de 1817 em Pernambuco foram: 
 a independência das colônias espanholas da América do Sul; 
 a independência dos Estados Unidos; 
 as idéias de liberdade que vinham se propagando desde o século anterior em 
todo o Brasil; 
 a ação das sociedades secretas, que pretendiam a libertação da colônia; 
 o desenvolvimento da cultura em Pernambuco, por influência do Seminário de 
Olinda. 
O governador de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, ficou sabendo dos 
planos dos revolucionários e mandou prender os principais implicados na conspiração. Estes, 
então, anteciparam a eclosão do movimento, que teve início quando o capitão José de Barros 
lima (apelidado "Leão Coroado") matou o oficial português encarregado de prendê-lo. 
A revolta estendeu-se rapidamente e os patriotas tornaram-se senhores da situação, 
estabelecendo novo governo assim que Caetano Montenegro partiu para o Rio de Janeiro. Os 
principais implicados na Revolução Pernambucana em 1817 foram: Domingos José Martins, 
Domingos Teotônio Jorge Martins Pessoa, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, padre João 
Ribeiro Pessoa, Antônio Gonçalves da Cruz, José de Barros Lima, padre Miguel de Almeida 
Castro, José Inácio Ribeiro de Abreu Lima e outros. 
Assim que conseguiram dominar a situação, os revoltosos organizaram um governo 
provisório. O novo governo procurou logo estender o movimento às outras capitanias e obter o 
reconhecimento no exterior. 
A revolta estendeu-se ao Ceará, à Paraíba e ao Rio Grande do Norte. 
O governo revolucionário pernambucano durou pouco mais de dois meses. Recife foi 
cercada por mar e tropas enviadas da Bahia avançaram por terra, colocando os revoltosos em 
situação desesperadora, desmantelando-lhes a resistência. 
 
Transferência da Corte Portuguesa para o Brasil 
 
A mudança da família real e da Corte portuguesa para o Brasil foi conseqüência da 
situação européia no início do século XIX. Naquela época, a Europa estava inteiramente 
dominada pelo imperador dos franceses, Napoleão Bonaparte. Com sua política expansionista, 
ele submetera a maior parte dos países europeus à dominação francesa. O principal inimigo de 
Napoleão era a Inglaterra, cuja poderosa armada o imperador não pudera vencer. 
Em 1806, Napoleão decretou o Bloqueio Continental, obrigando todas as nações da 
Europa continental a fecharem seus portos ao comércio inglês. Com essa medida, Napoleão 
pretendia enfraquecer a Inglaterra, privando-a de seus mercados consumidores e de suas 
fontes de abastecimento. Nessa época, Portugal era governado pelo Príncipe Regente Dom 
João, pois sua mãe, a Rainha Dona Maria I, sofria das faculdades mentais. 
Pressionado por Napoleão, que exigia o fechamento dos portos portugueses ao comércio 
inglês, e ao mesmo tempo pretendendo manter as relações com a Inglaterra, Dom João tentou 
adiar o mais que pôde uma decisão definitiva sobre o assunto. 
Se aderisse ao Bloqueio Continental, Portugal ficaria em condições extremamente 
difíceis, porque a economia portuguesa dependia basicamente da Inglaterra. Os ingleses eram 
os maiores fornecedores dos produtos manufaturados consumidos em Portugal e também os 
maiores compradores das mercadorias portuguesas e brasileiras. A Inglaterra, por sua vez, 
também não queria perder seu velho aliado, principalmente porque o Brasil representava um 
excelente mercado consumidor de seus produtos. 
Para resolver a situação de acordo com os interesses de seu país, o embaixador em 
Lisboa, Lorde Percy Clinton Smith, Visconte de Strangford, conseguiu convencer Dom João a 
transferir-se com sua Corte para o Brasil Desse modo, os ingleses garantiam o acesso ao 
mercado consumidor brasileiro. 
A transferência da Corte era uma boa solução também para a família real, pois evitava a 
deposição da dinastia de Bragança pelas forças napoleônicas. 
O Tratado de Fontainebleau, estabelecido entre a França e a Espanha em outubro de 
1807, apressou a decisão do Príncipe Regente Dom João a abandonar a metrópole. Por 
aquele tratado, Portugal e suas colônias, inclusive o Brasil, seriam repartidos entre a França e 
a Espanha. 
No dia 29 de novembro, Dom João e sua família, acompanhados por cerca de 15.000 
pessoas, partiram para o Brasil. No dia seguinte, as tropas francesas do general Junot 
invadiram Lisboa. 
Quatro navios britânicos escoltaram as embarcações portuguesas até o Brasil; parte da 
esquadra portuguesa aportou na Bahia e parte no Rio de Janeiro. 
A chegada de Dom João à Bahia, onde ficou pouco mais de um mês, ocorreu em 22 de 
janeiro de 1808. Teve início, então, uma nova História do Brasil, pois a colônia foi a grande 
beneficiado com a transferência da Corte. A presença da administração real criou pouco a 
pouco condições para a futura emancipação política da colônia. Na Bahia, Dom João seguiu 
para o Rio de Janeiro. Ali, o alojamento da numerosa comitiva do príncipe causou grandes 
problemas. As melhores residências da cidade foram requisitadas para os altos funcionários da 
Corte, não sendo poucas as pessoas despejadas de suas casas para hospedar os recém-
chegados. 
 
O governo de Dom João 
 
Em 1810, dois anos após o estabelecimento da Corte portuguesa no Rio de Janeiro, a 
Inglaterra renovou seus tratados comerciais com o príncipe dom João. Beneficiados com esses 
tratados, os ingleses aumentaram ainda mais a venda de seus produtos para o mercado 
brasileiro. A burguesia portuguesa, ao contrário, viu seus privilégios se reduziram. No Reino, os 
portugueses hostilizavam dom João; na Colônia, dirigiam sua insatisfação contra a elite local. 
A relação entre os portugueses recém-instalados e os brasileiros -- latifundiários e 
comerciantes -- tornaram-se tensas, pois somente os portugueses tinham acesso aos postos 
do governo. Aos brasileiros restava apenas o pagamento dos impostos, usados basicamente 
para a sustentação da Corte. 
A Coroa era incapaz de contentar brasileiros e portugueses porque ela mesma estava 
quase sempre sem dinheiro. Dom João recorria freqüentemente aos empréstimos externos de 
banqueiros ingleses. 
Esse descontentamento geral levou um jornal clandestino -- O Correio Braziliense -- a 
criticar o governo português. 
Mas, apesar de todas as dificuldades, dom João reurbanizou o Rio de Janeiro, construiu 
escolas, bibliotecas e teatros. Trouxe para o Brasil artistas e cientistas europeus, o que 
contribuiu para renovar a cultura brasileira. 
 
As guerras Napoleônicas 
 
Das grandes guerras ocorridas na história, as guerras napoleônicas estão, entre as mais 
importantes, pois influenciaram o destino de muitos países, inclusive o Brasil. A conturbada 
relação entre os revolucionários franceses e as monarquias européias fez com que os reinos 
da Áustria e da Prússia, em 1792, criassem uma aliança para reaver o trono da França, 
conhecida como primeira coalizão ou coligação. A resposta do Diretório, órgão máximo da 
república francesa veio, com a organização inúmeras tropas para o combate, dentreelas uma 
enviada para a Itália comandada pelo jovem Napoleão Bonaparte, que com grande agilidade 
em seus movimentos alcançou inúmeras vitórias em Lodi, Castiglioni, Árcole e Rívole em 1797. 
Com essas outras conquistas a primeira coalizão viu-se estraçalhada. Sobrava apenas a 
Inglaterra, que insistia sozinha em lutar contra a França. Com a intenção de arruinar o poder 
inglês no Oriente Médio, Napoleão planejou a conquista do Egito. Desembarcou no delta do 
Rio Nilo, derrotando os mamelucos que controlavam esta região na famosa batalha das 
Pirâmides, porém, logo após a invasão da cidade do Cairo, os franceses ficaram imobilizados, 
pois haviam perdido a sua esquadra na batalha naval de Abukir. Com a notícia da formação 
de uma nova coalizão, Bonaparte e seu exército viram-se forçados a retornar para a França. 
O retorno das forças francesas foi o trunfo que levou a mais uma vitória sobre a aliança 
das monarquias européias. Esta deu a Napoleão Bonaparte, recém nomeado cônsul pelo 
golpe 18 Brumário, uma grande fama entre as massas, levando em 1804 o Senado, em 
conjunto com um plebiscito, declará-lo imperador da França. Os ideais da revolução francesa 
se expandiam por todoa o continente europeu, o que causava um desequilíbrio nas demais 
nações européias. A paz perdurou na Europa por mais alguns anos, até que se formou uma 
outra coalizão. 
Realizando um contra-ataque, os franceses se dirigiram contra a Áustria. Após atravessar 
o rio Reno, o exército inimigo se rendeu, e com a sua entrada triunfante em Viena a França 
pôde comemorar uma de suas mais rápidas campanhas; os russos e austríacos foram 
derrotados logo depois, em Austerlitz. A Prússia promoveu pouco depois a quarta coalizão, que 
foi derrotada em Iena. Entrando em Berlim, Napoleão decretou o “Bloqueio Continental” para 
acabar com a economia inglesa. A Rússia, outrora aliada dos prussianos, passou para o lado 
francês. 
Porém, nem todos os Estados europeus aceitaram o bloqueio. Um deles foi Portugal, 
antigo aliado da Inglaterra, que teve que transferir a sua corte real para o Brasil , devido à 
invasão das tropas do General Junot. 
A Espanha aliou-se à França, fazendo a Inglaterra atacar as colônias espanholas na 
América e no Caribe, o que gerou uma crise interna. Vendo que sua aliada estava com grandes 
problemas, Napoleão derrubou o rei espanhol e colocou no lugar seu irmão José Bonaparte o 
que forçou o povo a voltar-se contra ao imperialismo francês gerando carnificina na Península 
Ibérica. Essa revolução inspirou as demais nações européias a rebelar-se contra o império 
napoleônico. 
O czar (imperador da Rússia) ficou encolerizado com Napoleão e para provocá-lo abriu 
seus portos aos ingleses, dando início a guerra. Bonaparte arregimentou mais de 500.000 
homens, constituindo assim o famoso “Exército das 20 nações”. Os russos sempre evitaram 
grandes batalhas, por isso recuaram devastando plantações e cidades que poderiam dar 
abrigo às tropas inimigas. Vencedores em Moskova, os franceses se apoderaram de Moscou, 
que foi parcialmente incendiada pelos próprios russos. Esperando pelo seu grande aliado, o 
“general inverno”, o czar atrasou as propostas de paz. O inverno veio. Napoleão optou pela 
retirada tarde demais, então expostos ao frio e à fome e perseguidos pela cavalaria russa, os 
soldados franceses pereciam aos milhares. 
Após este desastre, os inimigos da França se uniram novamente em uma nova coalizão, 
e esta reuniu novo exército às pressas para tentar se defender. Os aliados foram vencidos em 
alguns conflitos, mas em Leipzig, na batalha das Nações, Napoleão sofreu uma irreparável 
derrota, que pôs em cheque o império francês. O fracasso em Leipzig foi tão evidente que os 
aliados entraram em Paris no ano de 1814. O Imperador ainda tentou abdicar em favor de seu 
filho, mas o senado já havia dado o trono a um irmão de Luís XVI, que recebeu o nome de Luís 
XVII. 
Após fugir do exílio na ilha de Elba, Bonaparte foi aclamado pelos exércitos que iam 
prendê-lo. Em Paris, depôs Luís XVII e restabeleceu a ordem no império; essa empreitada 
 durou cerca de cem dias. Reunidos no Congresso de Viena, os adversários o declararam fora 
da lei e estabeleceram uma ultima coalizão contra a França. Forçado a abdicar do trono, em 15 
de julho de 1815, Napoleão invade a Bélgica com 124 mil soldados, dando início a batalha que 
selou o destino europeu: Waterloo. 
O único trunfo do general Napoleão Bonaparte era de obter a vitória sobre os seus 
inimigos separadamente, antes que eles conseguissem se reunir. As tropas inimigas que 
ocupavam a área eram compostas por ingleses, prussianos, belgas, alemães e holandeses. 
O objetivo de Napoleão era render os inimigos para forçar algum armistício. A tarefa não 
era fácil. O exército anglo-alemão contava com 93 mil homens, sob o comando do Duque de 
Wellington. Os prussianos tinham 117 mil homens, liderados pelo general Blücher. Para vencer 
os franceses deveriam atacar, mas devido ao fracasso do general Grouchy, eles foram 
atacados pela retaguarda, forçando a rendição da França. Sob custódia inglesa, o famoso e 
brilhante general Napoleão Bonaparte foi enviado a ilha de Santa Helena onde morreu, em 
1821, dando fim a era napoleônica. 
As guerras napoleônicas conseguiram difundir os ideais iluministas da revolução francesa, 
com o enfraquecimento das monarquias européias que após a Primeira Guerra Mundial seriam 
depostas dando lugar as repúblicas democráticas fundadas nesses ideais, que até então não 
tinham uma forte expressão no mundo, contribuindo assim, com muitas as revoltas coloniais. 
Além disso, a derrota francesa ter definido a Inglaterra como potência naval, econômica e 
militar da idade moderna. 
 
A crise da coroa portuguesa 
 
Com a morte de D.Maria I, em 1816, D.João VI tornou-se soberano com plenos poderes. 
A cerimônia de aclamação realizou-se em 1818, ainda no Rio de Janeiro, provocando protestos 
entre os portugueses que viviam em Portugal. Os motivos eram simples: desde 1811, as tropas 
francesas já haviam se retirado do reino, Napoleão Bonaparte já fora derrotado definitivamente 
na famosa batalha de Waterloo (1815) e a guerra terminara na Europa. 
Aparentemente não havia razão para a Corte continuar sediada no Rio de Janeiro. 
Na América portuguesa, os conselheiros de D.João VI acompanhavam apreensivos os 
acontecimentos políticos. Desde 1810, o império espanhol fragmentava-se em diversos 
pequenos Estados republicanos. Além de temer que os exemplos pudessem ser seguidos no 
Brasil, D. João, aproveitando-se dessas inssurreições, anexou a Banda Oriental aos domínios 
portugueses, passando a denominá-la Província Cisplatina. O objetivo era controlar a região do 
prta e alargar ainda mais as fronteiras de seu império. 
 
Insurreição pernambucana 
 
A insurreição pernambucana, também referida como Guerra da Luz Divina, registrou-se 
no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil, culminando com a expulsão dos 
neerlandeses da região Nordeste do Brasil. Em 15 de maio de 1645, reunidos no Engenho de 
São João, 18 líderes insurretos pernambucanos assinaram compromisso para lutar contra o 
domínio holandês na capitania. O movimento integrou forças lideradas por André Vidal de 
Negreiros, João Fernandes Vieira, Henrique Dias e Felipe Camarão. 
Até a chegada do administrador da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (WIC), 
João Maurício de Nassau-Siegen, aos territórios conquistados em 1637, os luso-brasileiros 
empreendiam a chamada "Guerra Brasílica", um tipo de guerrilha que consistia em ataques 
rápidos e furtivos às forças neerlandesas, após o qual os atacantes desapareciam rapidamente 
nas matas. A partir de então essas emboscadas ficariam suspensas no território da capitania 
de Pernambuco, uma vez que Nassau implementou uma política de estabilização nos domíniosconquistados. 
Sob o seu governo, o nordeste brasileiro conheceu uma época de ouro: a "Nova 
Holanda". Ao pisar em solo americano, encontrou cerca de 7.000 almas vivendo nas piores 
condições de higiene e habitação. Mandou construir pontes, palácios, iniciou a urbanização do 
que hoje é conhecido como o bairro de Santo Antônio na capital pernambucana, incentivou as 
artes e as ciências, retratou a natureza do novo mundo através de seus dois artistas Frans Post 
e Albert Eckhout. Ao todo foram 46 estudiosos dos mais variados gêneros. 
Com relação à exploração da colônia, foi tolerante com os senhores de engenho, os quais 
deviam muito à WIC. Foi igualmente tolerante com o judaísmo e o catolicismo, deixando que se 
professassem todas as religiões livremente. Preferia não penhorar engenhos nem sufocar 
revoltas com crueldade. Enfim, procurava fazer a administração contrária ao que queriam os 
senhores da WIC. 
 
Motivos para a Insurreição 
 
No contexto da Restauração portuguesa, o Estado do Brasil pronunciou-se em favor do 
Duque de Bragança (1640), assinando-se uma trégua de dez anos entre Portugal e os Países 
Baixos. 
No nordeste do Brasil, os engenhos de cana-de-açúcar viviam dificuldades num ano de 
pragas e seca, pressionados pela Companhia das Índias Ocidentais, que sem considerar o 
testamento político de Nassau, passou a cobrar a liquidação das dívidas aos inadimplentes. 
Essa conjuntura levou à eclosão da Insurreição pernambucana, que culminou com a extinção 
do domínio neerlandês (holandês) no Brasil. 
De acordo com as correntes historiográficas tradicionais em História do Brasil, esse 
movimento assinala o início do nacionalismo brasileiro, pois os elementos étnicos brancos, 
africanos e indígenas fundiram os seus interesses na luta pelo Brasil e não por Portugal. Foi 
esse movimento que deu à população local a verdadeira compreensão de seu valor, incutindo 
no povo o espírito de rebeldia contra qualquer tipo de opressão. 
 
Heróis 
 
João Fernandes Vieira - Senhor de engenho de origem portuguesa, era mulato e chegou 
ao Brasil com dez anos de idade, na opinião do historiador Charles Ralph Boxer foi o principal 
herói da reconquista de Pernambuco. Conforme as palavras do historiador brasileiro Oliveira 
Lima, "João Fernandes Vieira, apesar de ser de cor, governou Angola e Pernambuco". [2] Em 
1645 foi o primeiro signatário do pacto então selado no qual figura o vocábulo pátria pela 
primeira vez utilizado em terras brasileiras. Na função de Mestre-de-Campo, comandou o mais 
poderoso terço do Exército Patriota nas duas batalhas dos Guararapes (1648 e 1649). Por 
seus feitos, foi aclamado Chefe Supremo da Revolução e Governador da Guerra da Liberdade 
e da Restauração de Pernambuco. 
André Vidal de Negreiros - Brasileiro que mobilizou recursos e gentes do sertão 
nordestino para lutar ao lado das tropas luso-brasileiras, um dos melhores soldados de seu 
tempo, tomou parte com grande bravura em quase todos os combates contra os holandeses. 
Foi nomeado Mestre-de-Campo, notabilizando-se no comando de um dos terços do Exército 
Patriota nas duas batalhas dos Guararapes. Comandou o sítio de Recife que resultou na 
capitulação holandesa em 1654. André Vidal de Negreiros foi na opinião do historiador 
Francisco Adolfo de Varnhagen o grande artífice da expulsão dos holandeses. Pelos seus 
feitos foi nomeado governador e capitão-geral das capitanias do Maranhão, de Pernanbuco e o 
Estado de Angola. 
Felipe Camarão ou Potiguaçu - Indígena brasileiro da tribo potiguar, à frente dos 
guerreiros de sua tribo organizou ações de guerrilha que se revelaram essenciais para conter o 
avanço dos invasores, destacou-se nas batalhas de São Lourenço (1636), Porto Calvo (1637) e 
de Mata Redonda (1638). Nesse último ano participou ainda da defesa de Salvador, atacada 
pelos melhores soldados de Maurício de Nassau. Distinguiu-se comandando a ala direita do 
exército rebelde na Primeira Batalha dos Guararapes, pelo que foi agraciado com a mercê de 
Dom, o hábito de cavaleiro da Ordem de Cristo, o foro de fidalgo com brasão de armas e o 
título de Capitão-Mor de Todos os índios do Brasil. 
Henrique Dias - Brasileiro filho de escravos, conhecido como governador da gente preta, 
recrutou ex-escravos afro-brasileiros oriundos dos engenhos assolados pelo conflito e 
dominados pelos invasores, como mestre-de-campo comandou o Terço de Homens Pretos e 
Mulatos do Exército Patriota nas duas batalhas dos Guararapes, suas tropas também eram 
denominadas Henriques ou milícias negras. Participou de inúmeros combates, distinguindo-se 
por bravura nos combates de Igaraçu onde foi ferido duas vezes, participou ainda da 
reconquista de Goiana e notoriamente em Porto Calvo em 1637, quando teve a mão esquerda 
estralhaçada por um tiro de arcabuz, sem abandonar o combate decidiu a vitória na ocasião. 
Quando D. João IV desautorizara a Insurreição Pernambucana há uma breve trégua, mas 
mesmo assim Henrique Dias escreve estas palavras ao holandeses "...Meus senhores 
holandeses...Saibam Vossas Mercês que Pernambuco é...minha Pátria, e que já não podemos 
sofrer tanta ausência dela. Aqui haveremos de perdar as vidas, ou havemos de deitar a Vossas 
Mercês fora dela. E ainda que o Governador e Sua Majestade nos mandem retirar para a 
Bahia, primeiro que o façamos havemos de responder-lhes, e dar-lhes as razões que temos 
para não desistir desta guerra.". Pelos seus serviços prestados também recebeu vários títulos 
de fidalgo, como a a mercê do Hábito da Ordem de Cristo e a a Comenda de Soure. 
Antonio Dias Cardoso - Foi um dos principais líderes da Insurreição Pernambucana e 
comandou um pequeno efetivo que venceu a batalha dos Montes das Tabocas contra uma 
tropa muito maior liderada diretamente por Maurício de Nassau e posteriormente também em 
menor número venceu em Casa Forte a tropa neerlandesa comandada pelo coronel Van Hans, 
Comandante-Geral holandês no Nordeste do Brasil. Também participou ativamente nas duas 
batalhas dos Guararapes quando na primeira foi subcomandante do maior dos quatro terços do 
Exército Patriota, tendo-lhe sido passada a investida da principal frente de batalha por João 
Fernandes Vieira, na segunda batalha comandou a chamada Tropa Especial do Exército 
Patriota, desbaratando toda a ala direita dos holandeses. 
São insuficientes os registros históricos sobre este personagem, mas acredita-se que 
tenha nascido em Portugal e vindo ainda criança para o Brasil. Nesta campanha começou no 
posto de soldado, durante a invasão de 1624 a 1625 teve sucesso ao lado de sua companhia 
em conter o invasor no perímetro de Salvador que estava cercada pelos melhores soldados de 
Maurício de Nassau, por seus feitos durante a campanha chegou rapidamente ao posto de 
capitão, onde foi para a reserva, mas devido ao seu reconhecido valor foi novamente 
convocado para lutar, era conhecedor profundo das técnicas de guerrilha dos indígenas, onde 
os mesmos utilizavam-se largamente de emboscadas, e em 1645 recrutou, treinou e liderou 
uma força de 1.200 pernambucanos mazombos insurretos, armados com armas de fogo, 
foices, paus e flechas, numa emboscada em que derrotaram 1.900 neerlandeses melhor 
equipados. Esse sucesso lhe valeu o apelido de mestre das emboscadas. 
Devido a seus feitos foi lhe concedido a honra de Cavaleiro da Ordem de Cristo e o 
comando do Terço de João Fernandes Vieira, do qual havia sido ajudante à época da 1ª 
batalha dos Guararapes. Em 1656 foi nomeado Mestre-de-Campo, encerrando definitivamente 
a sua carreira militar. Em 1657, assumiu o governo da Capitania da Paraíba. 
Devido a ter comandado a Tropa Especial do Exército Patriota e principalmente por ter 
operado no passado da mesma maneira que fazem atualmente as tropas de forças especiais,combatendo em menor número, sem posição fixa, usando a surpresa como elemento de 
combate, utilizando-se de emboscadas, recrutando população local, treinando-as em técnicas 
irregulares como as de guerrilha, dentre outras coisas, foi homenageado como patrono do 1º 
Batalhão de Forças Especiais do Exército Brasileiro e por isso é reconhecido atualmente como 
o primeiro operador de forças especiais do Brasil. 
 
AS INDEPENDÊNCIAS NA AMÉRICA ESPANHOLA 
 
Napoleão no poder da França revelou-se contraditório e autoritário, renunciando assim os 
princípios da Revolução Francesa e iniciando sua expansão pela Europa. O único país que 
poderia impedir esse projeto expansionista era a Inglaterra. Como as topas francesas não 
conseguiam desestabilizar a Inglaterra, a França decretou, em 1806, o bloqueio continental (os 
países europeus estavam proibidos de abrirem seus portos ao comércio inglês). Os países que 
não aceitassem o bloqueio continental seriam invadidos pelas tropas de Napoleão. 
A Espanha não aceita e por isso, é invadida em 1808. O rei Fernando VII é deposto e é 
colocado no poder o irmão de Napoleão, José I. No entanto tanto as colônias espanholas como 
a Espanha resistiram à ocupação francesa. Com o apoio da Inglaterra e da elite Criolla 
(descendentes de espanhóis nascidos na América), foram organizadas na colônia Juntas 
Governativas, que em várias cidades passaram a defender a idéia de ruptura definitiva com a 
metrópole. 
 
Emancipação das colônias 
 
A política econômica da Espanha, baseada no mercantilismo, buscava desenvolver as 
metrópoles explorando as riquezas produzidas nas colônias. 
Mas nessa mesma política começaram a surgir brechas, que permitiram certo 
desenvolvimento às colônias. Ao criar universidades e liberas o comércio nas colônias, o rei 
Carlos III (1759-1788) estimulou seu desenvolvimento, assim como o anseio de libertação. 
De modo geral, as primeiras manifestações de descontentamento que surgiram na 
América dominada pelos ibéricos não tinham caráter separatista. Exprimiam, antes, o mal-estar 
dos colonos com os abusos da metrópole, sua oposição à política mercantilista e a sua busca 
de liberdade econômica. 
Na América espanhola, a ocupação da Espanha pelas tropas de Napoleão enfraqueceu o 
controle da metrópole sobre as colônias. Em 1811, o padre Hidalgo tentou sem êxito proclamar 
a independência do Vice-Reino de Nova Espanha (México). Nova tentativa em 1813, novo 
fracasso: Hidalgo foi executado. A conquinta da independência veio em 1821, liderada pelo 
general Itúrbide, que se proclamou imperador. Obrigado a abdicar em 1823, morreu fuzilado. O 
méxico tornou-se então uma República federal independente. 
Do Vice-Reino de Nova Granada surgiram Venezuela, Colômbia e Equador, libertados por 
Simón Bolívar, respectivamente, em 1817, 1819 e 822. O Vice-Reino do Peru deu origem a três 
países: Peru, Chile e Bolívia. 
Do Vice-Reino do Prata surgiram outros três países: Argentina, Uruguai e Paraguai. O 
Paraguai libertou-se sem guerras em 1811. O Uruguai, invadido por Portugal em 1816 e 
anexado ao Brasil com o nome de Porvíncia Cisplatina, só se tornou independente em 1828. 
Diante da revolta generalizada, o rei espanhol Fernando VII chegou a pedir ajuda a Santa 
Aliança (organização da qual a Espanha participava e que tse arrogava o direito de intervir nas 
colônias). Mas os Estados Unidos e a Inglaterra se opuseram à intervenção e reconheceram a 
independência das colônias espanholas. A Posição dos EUA pode ser resumida na política 
estabelecida, em 1823, pelo presidente James Monroe, a chamada Doutrina Monroe, que 
declarava "a América para os americanos". 
A Inglaterra era movida por interesses econômicos, já que os novos países podiam 
representar mercado seguro para seus produtos. 
Sem a ajuda da Santa Aliança, o domínio da Espanha na América chegou ao fim. 
 
A revolução do Porto ( 1922 ) 
 
Influenciados pelas idéias difundidas pelas lojas maçônicas, pelos liberais emigrados, 
principalmente em Londres, os portugueses criticavam e questionavam a permanência da 
Corte no Rio de Janeiro. O momento era favorável à eclosão de um movimento liberal. Em 
1817, Gomes Freire de Andrada, que ocupava posição de destaque na Maçonaria, liderou uma 
revolta para derrubar Lord Beresford e implantar um regime republicano em Portugal. A 
descoberta do movimento e a confirmação de sua ligação com a Maçonaria desencadeou uma 
grande perseguição aos maçons, culminando com a proibição das sociedades secretas por D. 
João VI, em 1818, não só em Portugal como também no Brasil. 
Os portugueses sofriam ainda a influência dos movimentos havidos na Espanha, que já 
aprovara uma Constituição em 1812 e onde, em inícios de 1820, ocorrera uma revolução 
liberal. 
No dia 24 de agosto de 1820 começou, na cidade do Porto, um movimento liberal que 
logo se espalhou por outras cidades, consolidando-se com a adesão de Lisboa. Não houve 
resistência. Iniciada pela tropa irritada com a falta de pagamento e por comerciantes 
descontentes, conseguiu o apoio de quase todas as camadas sociais: Clero, Nobreza, e 
Exército. A junta governativa de Lord Beresford foi substituída por uma junta provisória, que 
convocou as Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa para elaborar 
uma Constituição para Portugal. Enquanto a Carta estava sendo feita, entrou em vigor uma 
Constituição provisória, que seguia o modelo espanhol. 
A revolução vitoriosa, que ficaria conhecida como a Revolução do Porto, exigia o retorno 
da Corte, visto como forma de "restaurar a dignidade metropolitana", o estabelecimento, em 
Portugal, de uma Monarquia constitucional e a restauração da exclusividade de comércio com 
o Brasil. 
 
Repercursões da Revolução 
 
A Revolução de 1820 apresentava duas faces contraditórias. Para Portugal, era liberal, na 
medida em que convocou as Cortes (Assembléia), que não se reuniam desde 1689, com o 
objetivo de elaborar uma Constituição que estabelecesse os limites do poder do rei. Para o 
Brasil, foi conservadora e recolonizadora, visto que se propunha a anular as medidas 
concedidas por D. João, exigindo a manutenção dos monopólios e privilégios portugueses, 
limitando a influência inglesa, subordinando novamente a economia e a administração 
brasileiras a Portugal. 
No Brasil, as primeiras notícias sobre o movimento chegaram por volta de outubro, 
ocasionando grande agitação. Todos se confraternizaram, mas aos poucos ficou clara a 
divergência de interesses entre os diversos setores da população. No Grão-Pará, na Bahia e 
no Maranhão, as tropas se rebelaram em apoio aos revolucionários portugueses, formando 
Juntas governativas que só obedeceriam às Cortes de Lisboa. A presença da família real no 
Rio de Janeiro agravara as diferenças que separavam o Centro-Sul do Norte e Nordeste, 
sobrecarregando essas regiões com o aumento e criação de novos tributos, destinados à 
manutenção da Corte, chamada de a "nova Lisboa". 
Muitos comerciantes portugueses, ansiosos por recuperar seus privilégios, aderiram ao 
movimento. Foram apoiados pelas tropas portuguesas. Outros grupos acreditavam que o 
regime constitucional implantado em Portugal seria também aplicado no reino do Brasil. Havia 
também aqueles que, beneficiados com o estabelecimento da Corte no Rio de Janeiro, não 
queriam a volta a Lisboa. Afinal, seus negócios estavam correndo bem e o retorno significaria o 
fim das vantagens e de seu prestígio social e político. Funcionários que haviam recebido 
cargos públicos e proprietários de escravos e terras do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e de 
São Paulo, manifestaram-se contra a Revolução do Porto, defendendo a permanência da 
família real no Brasil. 
O retorno da Corte para Portugal dividia as opiniões. De um lado o Partido Português, que 
agrupava as tropas portuguesas e os comerciantes reinóis,

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