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Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 73 AULA 01 – 2 Gestão de estoques - Dimensionamento dos Estoques, Níveis de Estoque, Estoque de segurança, Rotatividade ou giro dos estoques, Nível de Serviço (nível de atendimento), Lote Econômico de Compra, Controle de Estoques, Métodos de avaliação de estoques, Sistemas de Estocagem, Classificação ABC, 1.3 Metodologia de Cálculo da Curva ABC. SUMÁRIO PÁGINA Sumário 2. Gestão de Estoques .................................................................................... 2 Dimensionamento dos Estoques ..................................................................... 5 Níveis de Estoque ........................................................................................... 8 Estoque de segurança ..................................................................................... 9 Rotatividade ou giro dos estoques ................................................................ 11 Nível de Serviço (nível de atendimento) ........................................................ 12 Lote Econômico de Compra .......................................................................... 12 Controle de Estoques .................................................................................... 14 Previsão de Estoques .................................................................................... 24 Métodos de avaliação de estoques ............................................................... 26 Sistemas de Estocagem ................................................................................ 31 Classificação ABC ......................................................................................... 32 1.3 Metodologia de cálculo da curva ABC ..................................................... 34 Questões Comentadas .................................................................................. 42 Questões Propostas (Sem Comentários) ...................................................... 65 Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 73 Bem vindo ao resto do curso :P. É com grande prazer que descubro que você resolveu confiar em mim para alcançar sua aprovação. Neste caso, farei por merecer tamanha honra :D. Está na hora da dor de cabeça :P. A aula 00 era apenas uma demonstração da mecânica da aula. Não se assuste se alguns temas aparecerem novamente aqui. Se acontecer, é simplesmente para manter o encadeamento do raciocínio. Pode até pular aquela parte se quiser :P (embora eu não recomende). 2. Gestão de Estoques Não vai me dizer que achou que Gestão de Estoques era um tema curtinho, só porque o examinador só deixou um item. Gestão de Estoques é um tema extremamente longo, a ponto de ocupar toda uma aula para falarmos dele adequadamente. Mas é para isso que estamos aqui. Comecemos. Para que servem os estoques? E como se administra um estoque? Os estoques servem para armazenar os materiais enquanto estes não são necessários ao processo produtivo. A gestão do estoque poderá assumir várias formas de acordo com o tipo de produção da empresa. Ao falar sobre a gestão de estoques, Chiavenato afirma que: “No sistema de gestão por encomenda, é quase sempre o produto que permanece imóvel, enquanto tudo o mais gira em ao redor dele.” Esta produção por encomenda e baseada em uma solicitação dos clientes, ou seja, o produto somente é produzido após o cliente ter solicitado. Seria simples para a administração de estoques se tudo se resumisse a produção por encomenda, não é mesmo? MAS A REALIDADE NÃO É ASSIM. Lembra o que eu falei sobre o setor financeiro da empresa? Se dependesse deles, a empresa esperaria um pedido de 100 unidades para comprar matéria prima para Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 73 somente 100 unidades, fabricar estes produtos e entrega-los, sempre com o estoque zerado. Mas nem sempre é possível fazer desse jeito, pois existe também a produção em lotes (onde se produz quantidades limitadas de determinado produto por vez, por isto o nome “em lotes”) e a produção contínua (onde o produto e produzido sem paralisações e por um período longo de tempo). Nestes dois modos de produção, a atenção se volta para o sistema produtivo (que foi apresentado na aula passada), porque nestes casos, diferentemente do que ocorre na produção por encomenda, a produção não para nunca, não podendo, deste modo, faltar materiais indispensáveis a ela. É neste momento é que a figura dos estoques será importante. Os estoques irão garantir a continuidade da produção, sendo que para isso os chamados níveis de estoque de segurança serão necessários. O estoque garante o abastecimento de materiais à empresa, assim, atrasos no fornecimento ou sazonalidades (eventos que alteram a demanda de materiais sensivelmente de tempos em tempos) no suprimento não prejudicarão a produção. O estudo de estoques visa basicamente impedir que haja desabastecimento tanto de matérias-primas e semiacabados dentro da fábrica, assim como na hora em que os clientes façam o pedido. Imagine uma fábrica grande como a Nestlé. Se o Carrefour pedir 100 caixas de pudim de chocolate para daqui 10 dias, certamente a fábrica, se iniciar a produção hoje, conseguirá entregar o pedido. Mas imagine que a Nestlé tenha no seu portfolio mais de 300 produtos diferentes e que haja 2000 pedidos por semana, para serem entregues em poucos dias, como é que a empresa irá honrar esses pedidos se começar a produzir hoje? Provavelmente irá falhar miseravelmente. E como podemos conceituar o estoque? Quem melhor para definir isso do que uma banca de concursos né: Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 73 Informação CESPE (2005/TRT 16ª Região): “Estoque é toda porção armazenada de mercadoria, ou seja, aquilo que é reservado para ser utilizado em tempo oportuno.” O estoque total de uma empresa é a soma, a composição, de todos os elementos apresentados na aula passada. Relembrando: matérias-primas, materiais em processamento, materiais semiacabados, matérias acabados, produtos acabados. Relembrar é viver: Estes materiais estão armazenados para serem utilizados em momento oportuno. Seguindo definição, agora da doutrina: “O estoque constitui todo o sortimento de materiais que a empresa possui e utiliza no processo de produção de seus produtos e serviços.” 1 Gestão do estoque é o gerenciamento, a própria administração, voltada aos materiais estocados. Antes de passarmos para o próximo ponto, vamos lembrar o que a Administração de Recursos Materiais busca controlar: 1 Chiavenato, Idalberto. Administração de Materiais, ed. Campus, pág. 67. Materias- primas Materiais em processamento Materiais semiacabados Materiais acabados ou componentes Produtos acabados Administraçãode Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 73 Nessa parte da aula, vamos nos concentrar na quantidade, para que falemos sobre o dimensionamento do estoque, que nada mais é que uma das facetas da gestão do mesmo. Dimensionamento dos Estoques É fundamental que uma empresa possa dimensionar seus estoques e assim estabelecer níveis de estoque adequados (entenda-se, nem ter itens em excesso nem em número insuficiente). A questão é que a empresa tem de chegar a uma conclusão de qual seria o nível adequado de estoque. Entretanto, como ela pode fazê-lo? Imagino que um dos motivos de você estar lendo o curso agora é porque gostaria de poder ir ao mercado todos os meses e abastecer a geladeira, sem ter usar cheques voadores na praça, porque seu patrão resolveu, as cinco da tarde da sexta feira,que seus serviços não são mais necessários :P. To certo? Entretanto, você ainda vai ao mercado. Como é que você sabe quantos quilos de arroz, feijão, carne, tomate, banana e uma infinidade de outros itens você terá que comprar? Aposto que você planeja! Vê quanto arroz foi consumido no mês passado (consumo do último período), se estamos no mês de dezembro (que Dentro de um processo produtivo, a Administração de Materias (AM) precisa controlar: A Quantidade (para que se evite a falta ou os excessos) O Tempo ( o momento em que os materias estarão disponíveis) A Localização (não basta o material estar disponível ele também precisa estar disponível no local certo) Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 73 devido ao incremento sazonal de consumo, vai precisar de uma geladeira mais cheia) e por aí vai. Mas essas coisas que você faz já foram estudas e documentadas, e para prova, existem três métodos que normalmente são utilizados para prever a demanda de um material, cada um deles com algumas vantagens e desvantagens. São eles: o consumo do último período; o da média móvel; e o da média móvel ponderada. A tabela acima tem como Fonte: CESPE/ TST/ 2008. O consumo do último período. Este método é bastante simples, consiste em se analisar a demanda (ou consumo) do período imediatamente anterior e, baseando nisto, prever-se o consumo do próximo período. Veja que esta previsão é bastante simples, mas estará sujeita às mais diversas sazonalidades, além de haver grandes possibilidades da demanda prevista, tendo por base o período anterior, não se refletir na demanda efetiva. No Exemplo ao lado, se fosse solicitada a previsão de consumo para julho de 2007 utilizando o método do último período, essa previsão seria de 490 unidades (o que corresponde ao consumo do último período, no caso junho de 2007). Basicamente, este método é justamente o responsável por você errar a compra de mercado em dezembro baseando-se no consumo de novembro. Dezembro é natal, e você não compra chester todo o mês :P A média móvel. Este método não tem como base um único período, mas sim a média de consumo de mais de um período anterior. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 73 “As desvantagens residem no fato de que as médias móveis são influenciadas por valores extremos e de que os períodos mais antigos têm o mesmo peso dos atuais.” 2 (grifos nossos) Influência de valores extremos no cálculo da média móvel: O valor muito alto de um determinado período influencia para mais o resultado final, superestimando a demanda. O valor muito baixo de um determinado período influencia para menos o resultado final, subestimando a demanda. Vamos tomar a tabela anterior como exemplo. Imagine que o examinador solicitasse o consumo do mês de janeiro de 2008, com base na média móvel para cinco períodos: =570 Neste exemplo não houve nenhuma influencia porque não há valores extremos, uma vez que os valores são muito próximos. Agora, imagine que no mês de setembro o consumo tenha sido de apenas 100 unidades: =474 Nesta segunda situação, o mês de setembro, por apresentar um valor extremo, influenciou para menos o resultado final. Deste modo, a demanda pode estar subestimada. É inerente ao funcionamento da média que isso aconteça, sendo uma desvantagem do método. 2 Chiavenato, Idalberto. Administração de Materiais, ed. Campus, pág. 74. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 73 A média móvel ponderada Neste método busca-se reduzir os problemas do método anterior (a presença de valores extremos e os períodos mais antigos de tempo), esta ponderação é feita atribuindo-se pesos diferentes para períodos de tempo diferentes, ficando os períodos mais recentes com maior peso. É mais ou menos uma mescla dos dois primeiros métodos. Níveis de Estoque Seria muito bom se possível fazer previsões que informassem a demanda com precisão, no entanto, pelas mais diversas incertezas, na prática isto não é possível. Diante da imprevisibilidade é necessário se determinar um estoque adicional, um estoque de garantia, para que a empresa possa amortecer efeitos de acontecimentos não previstos quando estes ocorrerem. A seguir veremos vários aspectos importantes relativos aos níveis de estoque: Gráfico Dente de Serra. É um dos principais métodos para se mensurar e estudar os estoques. É representado pelo gráfico abaixo: Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 73 Do gráfico acima podemos extrair as seguintes informações: A ordenada (eixo y) representa a quantidade de material; A abscissa (eixo x) representa o tempo decorrido (neste exemplo em meses); No início do processo há 30 unidades em estoque; Não há estoque de segurança, ao final de um ciclo de 2 meses o estoque de materiais atinge ZERO sendo imediatamente reposto e atingindo novamente 30 unidades; A cada dois meses é necessário repor os estoques; A quantidade máxima de materiais em estoque é 30 unidades. Estoque de segurança Você se recorda do diagrama da página 04. O item precisa estar na quantidade certa, na hora certa e no local certo. Uma forma de se permitir que isto aconteça e também de se proteger o sistema produtivo é tendo estoques de segurança. O estoque de segurança é o estoque mínimo que uma empresa deve dispor, estando intimamente ligado à demanda e velocidade de reposição de um determinado material, que poderão se apresentar da forma de demanda e reposição fixas ou variáveis. É natural que todo sistema de produção esteja sujeito a contingências (situações não previstas, eventualidades), mas por meio de estoques de segurança uma empresa pode se proteger, reduzindo,por consequência, este risco. Na figura a seguir temos dois gráficos: o primeiro apresentando estoque mínimo (20 unidades), já no segundo temos a ruptura do dente de serra, justamente por não haver estoque mínimo. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 73 Observe a linha pontilhada. É justamente a linha pontilhada que indica a ruptura do gráfico dente de serra. Por outro lado, note como o estoque mínimo desloca a linha dente de serra para cima e para a esquerda (gráfico de cima). No caso do gráfico, 20 unidades passaram a ser considerados o "novo zero" do gráfico. Assim, a empresa pode continuar produzindo por mais um tempo, sem se comprometer. A área da figura pontilhada no gráfico debaixo mostra o quanto a empresa precisou do estoque naquele período, e por consequência, o quanto deixou de ganhar com sua produção. Tempo de reposição O tempo de reposição é o tempo que se gasta desde a constatação da necessidade de se adquirir um material e a sua efetiva chegada ao almoxarifado da empresa. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 73 Ponto de pedido É o momento que, quando atingido, provoca um novo pedido de compra, em função do consumo médio, do tempo de reposição e do estoque mínimo. É definido pela seguinte equação: Ponto do pedido (PP) = Consumo médio X Tempo de Reposição + Estoque Mínimo. Segue o quadro dos itens da fórmula: Item da Fórmula Definição Ponto de Pedido (PP) É a quantidade de um determinado produto em estoque que, sempre que atingida, deve gerar um novo pedido de compra. Com esta quantidade, a empresa deve ser capaz de continuar a produzir até que os novos produtos encomendados cheguem Tempo de Reposição É justamente o tempo entre o pedido e a chegada do material no almoxarifado. Pode ser chamado também de Lead Time. Aqui deve ser levado em consideração o tempo e processamento do pedido, providencias do fornecedor e o próprio recebimento pela empresa Estoque Mínimo ou de Segurança (ES) Trata-se do estoque adicional, a margem de segurança que a empresa tem para se proteger de atrasos na reposição, ou aumentos imprevistos no consumo Consumo Médio É a quantidade de produto consumido por unidade de tempo pela empresa. Por isso multiplicamos pelo tempo de reposição. Só aplicar a fórmula, encaixando os dados dos enunciados com os conceitos acima. Tranquilo. Rotatividade ou giro dos estoques Um ponto importante que é cobrado em concursos é a rotatividade de estoques, esta nada mais é do que uma avaliação que é feita comparando dois números do processo produtivo: o do estoque e o do custo de vendas em período (valor consumido). Assim podemos ter: Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 73 R = custo de vendas / Estoques. Exemplificando: Imagine uma empresa que teve um custo anual de vendas de R$100.000 e investimento em estoques de R$ 50.000. A rotatividade dos estoques é dada por –-- R = custo de vendas / Estoques R= R$100.000 / R$ 50.000 R = 2 Ou seja, o estoque da empresa gira 2 (duas) vezes no ano. IMPORTANTE: “Quanto maior for o número da rotatividade, melhor será a administração logística da empresa, menores serão seus custos e maior será a sua competitividade.” 10 (grifos nossos) Nível de Serviço (nível de atendimento) Determina se o estoque foi ou não eficaz para atender as requisições dos setores de produção. Relaciona deste modo o número de requisições atendidas com o número de requisições efetuadas: Um nível de serviço perfeito será igual a 1. Lote Econômico de Compra O lote econômico de compra, como o próprio nome remete, consiste no cálculo do lote otimizado de compra para determinado produto (Ex: matéria-prima). Por otimizado, você deve entender: lote de compra com a melhor combinação entre o custo de armazenagem do produto e o custo do pedido, para certa demanda. Não entendeu coisa alguma? :P. Acompanhe, caro aluno: Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 73 Lembra o que eu falei sobre custos fixos, proporcionais e inversamente proporcionais? Tenha-os em mente nos próximos passos. Por exemplo, na fabricação de camisetas do Atibaia Futebol Clube, uma das matérias-primas é o tecido do manto sagrado. Supondo que o fornecedor faça a entrega de um rolo de tecido e cobre R$200 de frete. No entanto, se a organização pedir cinco rolos, o fornecedor cobraria (neste exemplo) o mesmo frete. Então o que compensa mais, a organização solicitar: um rolo ou cinco rolos? Aparentemente, compensaria pedir os cinco rolos de uma vez não? A resposta é “depende”. Não podemos nos esquecer da máxima da Administração de Materiais: “estoque parado é dinheiro parado”. Isto quer dizer que se a organização comprar muitos rolos, é possível que, com isso, deixe dinheiro parado, que poderia circular para propósitos mais importantes, sobretudo geração de mais dinheiro. Então, para que todas as variantes encontrem o seu equilíbrio, devemos inseri-las na fórmula que vou mostrar a vocês. Sendo que: LEC = Lote Econômico de Compra D = demanda no período (em unidades) P = custo unitário do pedido C = custo unitário de armazenagem Observações importantes: o custo unitário do pedido engloba todos os custos nos quais a organização incorrerá ao comprar o produto, excluído o custo do próprio material. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 73 Controle de Estoques Ok, a empresa já planejou quanto de estoque de cada item pretende ter. Mas planejamento é só uma ideia. Precisamos verificar se aquilo que foi planejado está se realizando. Em outras palavras, a empresa precisa controlar seu estoque para ter certeza de que este se mantem nos níveis pretendidos. A doutrina identifica quatro métodos principais de controle de estoques: 1 – Sistema de duas gavetas 2 – Sistema dos máximos-mínimos 3 – Sistema das reposições periódicas 4 – Planejamento das necessidades materiais (MRP e MRPII) 5 - Justi in Time (Kanban) Comecemos: Sistema de duas gavetas: É o método mais simples de controle de estoques, e você já verá a razão. Imagine duas gavetas (é dessa ideia que vem o nome do método). Na gaveta A eu guardarei uma quantidade de itens suficiente para atender o consumo do período planejado. Toda vez que o almoxarifado precisa enviar itens ao processo produtivo, ele retirará os itens requisitados desta gaveta A, até que ela fique completamente vazia. Quando a gaveta A ficar completamentevazia, o almoxarifado enviará ao setor de compras um pedido com uma nova quantidade de itens, para satisfazer as necessidades do próximo período. Enquanto se aguarda a chegada dos novos materiais (para encher a gaveta A de novo), toda vez que o almoxarifado receber uma solicitação de materiais, ele enviará materiais que estavam acondicionados na gaveta B, de maneira que o abastecimento não fica prejudicado. A gaveta B contém uma Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 73 quantidade de materiais suficiente para atender a demanda durante o tempo necessário à reposição do estoque, adicionado do estoque de segurança. Assim sendo, a gaveta B é o estoque de reserva, e mais, se você lembrar- se do gráfico dente de serra, o estoque de segurança. Quando o material solicitado do setor de compras for entregue no almoxarifado, se reporá o material da gaveta B de novo, e o resto do material irá para a gaveta A, recomeçando o ciclo. Se a separação entre as gavetas não for física (se eu não tiver, realmente, duas gavetas no almoxarifado), o sistema será chamado de estoque mínimo, havendo separação entre uma gaveta e outra apenas na ficha de estoque. O sistema de duas gavetas é ideal para controlar os itens da Classe C, devido a grande variedade de itens de pequeno valor que compôem esta classe, sendo encontrado principalmente no comércio varejista de pequeno porte. Sistema dos máximos-mínimos: Também conhecido por sistema de quantidades fixas. A empresa pode se utilizar deste método em situações em que for muito difícil determinar o consumo de maneira precisa, ou ainda, em casos nos quais ocorreu variação no tempo de reposição. Só relembrando: tempo de preposição é o tempo gasto desde o momento em que se verificou a necessidade d repor o estoque até a chegada do material fornecido no almoxarifado da empresa. Gaveta A (estoque normal de atendimento) Gaveta B (estoque reserva + estoque de segurança) Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 73 E no que consiste este sistema? A empresa estimará seus estoques máximos e mínimos para todos os itens que desejar manter em estoque, em função de sua expectativa de consumo para aquele determinado período. O estoque oscilará entre estes limites (máximo e mínimo). A partir daí, calculamos o Ponto de Pedido. Você já viu este tópico na parte de Níveis de Estoque, e é essencialmente a mesma coisa aqui: Ponto do pedido (PP) = Consumo médio do material X Tempo de Reposição do material+ Estoque Mínimo do material. Segue o quadro dos itens da fórmula: Item da Fórmula Definição Ponto de Pedido (PP) É a quantidade de um determinado produto em estoque que, sempre que atingida, deve gerar um novo pedido de compra. Com esta quantidade, a empresa deve ser capaz de continuar a produzir até que os novos produtos encomendados cheguem Tempo de Reposição É justamente o tempo entre o pedido e a chegada do material no almoxarifado. Pode ser chamado também de Lead Time. Aqui deve ser levado em consideração o tempo e processamento do pedido, providencias do fornecedor e o próprio recebimento pela empresa Estoque Mínimo ou de Segurança (ES) Trata-se do estoque adicional, a margem de segurança que a empresa tem para se proteger de atrasos na reposição, ou aumentos imprevistos no consumo Consumo Médio É a quantidade de produto consumido por unidade de tempo pela empresa. Por isso multiplicamos pelo tempo de reposição. Lembre-se apenas que as unidades utilizadas na fórmula devem ser sempre as mesmas. Se o enunciado falar em dias em uma parte e anos em outra, você terá de converter essas unidades de medida para uma delas. Se falar em arrobas e quilos, mesma coisa e assim por diante. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 73 O Estoque Mínimo já foi conceituado na tabela, mas não falamos do Estoque Máximo. O estoque máximo é simplesmente a soma do Estoque Mínimo com o Lote de Compra. E o lote de compra, intuitivamente, é a quantidade de material adquirida pelo setor de compras, a mando do almoxarifado. É também a quantidade máxima de itens que a empresa pretende ter em estoque. E a fórmula é bem simples: Estoque Máximo = Estoque Mínimo + Lote de Compra E não por acaso, o gráfico do consumo de materiais ao longo do tempo seguindo essa metodologia forma a nossa curva dente de serra: Só retomando rapidamente: olhando o gráfico de cima, eu consigo ver que o estoque mínimo é de 20 unidades do material (pois a empresa naõ permite que a quantidade estocada caia abaixo deste valor), e o estoque máximo é 140, já que a empresa adquire o material até este patamar, além de o ponto máximo do gráfico nunca ultrapassar este valor. O Lote de compra é simplesmente um valor menos o outro: 120 unidades. O ponto de pedido é calculado segundo a fórmula que já mostrei a vocês, deixando o gráfico muito próximo da figura abaixo: Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 73 Fonte: Chiavenato, Idalberto O intervalo entre reposições (IR) é a distância entre dois pontos de pedido (PP). Como vocês podem observar no gráfico, o IR é de duas vezes o tempo entre o envio do pedido de materiais e o atingimento do nível de estoque mínimo (momento no qual, se tudo der certo, o material será imediatamente resposto). Sistema das reposições periódicas: A premissa deste método consiste em fazer pedidos de preposição dos materiais em um intervalo de tempo pré-estabelecido para cada item. Desta forma, cada item possui seu período de reposição, sempre em ciclos iguais, chamados de “períodos de reposição”. A quantidade de material solicitada é igual à demanda do próximo período de tempo. Tal como o sistema dos Máximos-Mínimos, é também baseado em um estoque mínimo, que previne o consumo acima do normal, ou ainda, eventuais atrasos nas entregas. Não tem muito segredo: a empresa compra uma determinada quantia de materiais necessária para satisfazer suas necessidades a cada 15 dias, dois meses, seis meses, um ano, e assim por diante. O ciclo de tempo é sempre igual. Veja o gráfico: Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 73 Só esclarecendo: PR neste gráfico é o Ponto de Reposição (o mesmo que Ponto de Pedido). Q equivale a quantidade de material em estoque e T é o decorrer do tempo. Veja que os intervalos em T são sempre iguais. Planejamento das necessidades materiais (MRP E MRP II): Este é o sistema mais complexo a ser estudado aqui. A sigla em inglês significa Material Requirements Plannings. Alias, secompararem este tópico da aula com os capítulos dedicados a este tema na literatura, vão ter certeza de que o que fiz aqui é uma simplificação do método. E nem podia ser diferente, acho que a vaga no MPU é o que te interessa, não? Para elaborar este método e aplica-lo sobre os estoques da empresa, deve- se partir da previsão de vendas. Entretanto, a empresa já possui alguns materiais estocados, de maneira que devo subtraí-los da previsão e assim, obter o valor da previsão líquida de vendas. E faz sentido, a empresa não precisará produzir todos os produtos previstos para venda, vez que alguns deles já estão estocados no depósito, prontos para ser entregues. É voltada para a previsão líquida de vendas que a empresa elabora o planejamento. A empresa elaborará um programa de produção, e a partir deste programa serão feitos os pedidos de compra e abastecimento do almoxarifado. Em linhas gerais, pegamos a programação de produção e se multiplica pela lista de materiais, resultando nas necessidades (brutas) de materiais. Veja o esquema abaixo: Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 73 Fonte: Chiavenato, Idalberto Mas precisamos entender o produto final a ser fabricado com os materiais adquiridos, de maneira a conhecermos qual a real necessidade de material da empresa. Um carro, por exemplo é composto de uma infinidade de peças que precisam ser todas adquiridas ou fabricadas, a fim de ao final, a empresa ter um veículo pronto. E para não esquecer absolutamente nenhuma parte do produto, a empresa se utilizará do “gráfico de explosão do produto” ou ainda a “árvore de estrutura do produto”. Estes gráficos discriminam todos os materiais constitutivos do produto, em suas quantidades e qualidades. Não se importe tanto com a aparência ou estrutura dele, o importante é que o gráfico possua todos os itens necessários à fabricação do produto final. Veja um exemplo: Fonte: Gonçalves, Paulo Sergio Neste esquema em árvore nós identificamos que para cada unidade do produto X, precisaremos de uma unidade do material A e duas do material B. O material A, por sua vez, para ser fabricado, precisará de duas unidades do material C e três undiades do material D. Antes de continuar, gostaria que você desse uma olhada no esquema abaixo: Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 73 Fonte: Chiavenato, Idalberto Este quadro abrange tudo que você precisa saber para dominar o tema de MRP para fins de prova (ou iniciar seus estudos em MRP para fins de doutorado :P). Já falamos que a lista de materiais multiplicada pelo programa de produção resulta nas necessidades de materiais. Só que essas necessidades são brutas (necessidade de material única e exclusivamente para produção, desconsiderando eventual estoque anterior). Para alcançar as necessidades líquidas (necessidade real de materiais), devemos ainda adicionar o estoque de segurança (que não é necessário à produção, mas é mantido para fins de proteção) e subtrair o estoque de Produtos Acabados (pois estes não precisarão ser fabricados, bem como as Ordens de Compra já expedidas (pois o material, embora não esteja em estoque, em breve estará, não havendo necessidade de proceder a nova compra). Quando estendemos este conceito não só para o estoque, mas para a empresa como um todo, temos o MRPII. A estratégia de estocagem não abrangerá somente as necessidades do setor produtivo, mas fará parte também do planejamento financeiro e operacional. Justi in Time (Kanban) Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 73 O Just-in-time (JIT) é um sistema ativo, que tem como uma de suas filosofias (objetivos) a eliminação do desperdício, dentre outras coisas, pela produção sem estoques. É um sistema de produção que prega que nada deve ser produzido, comprado ou transportado, antes (ou depois) da hora certa. Nesta sistemática, eu a organização só produzirá para atender o que foi demandado, comprará matérias- primas no tempo certo (não haverá estoques parados além do necessário) e entregará no prazo que o consumidor solicitou. Segundo Marco Aurélio P. Dias3: “Nos processos produtivos, os estoques criam independência entre as fases, ou seja, os problemas que surgem em uma não interferem na outra. Na filosofia Just-in-time, ao contrário, os estoques são “personas non grata” por razões obvias: primeiro porque ocupam espaço e segundo porque custa dinheiro.” No sistema JIT há um controle recíproco entre fases do processo produtivo, isto porque um erro em uma fase “1” será percebido ao trazer repercussões em uma fase “2”. Assim, quem estiver trabalhando nesta fase ”2” comunicará a ocorrência para que se busque a sua resolução. Neste sentido, a identificação de falhas é vista como uma importante fonte de informação para evitar a sua repetição4. Perceba que no JIT há uma interdependência entre as operações. Para você entender na prática o just-in-time veja este exemplo dado por Gonçalves5 (a Doutrina as vezes tem exemplos que eu mesmo não conseguiria fazer melhor): 3 Dias, Marco Aurélio P., Administração de Materiais: princípios, conceitos e gestão, Ed. Atlas, 6ª ed., pág. 132. 4 Dias, Marco Aurélio P., Administração de Materiais: princípios, conceitos e gestão, Ed. Atlas, 6ª ed. 5 Gonçalves, Paulo Sérgio, Administração de Materiais, Ed. Campus 2010, 3ª ed. pág. 228. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 73 “Um exemplo aqui no Brasil é a fabrica da Volkswagen, situada na cidade de Resende, no Estado do Rio de Janeiro. No mesmo terreno, situam-se as instalações dos fornecedores de peças. Após recebido o pedido, a VW de imediato solicita aos fornecedores as peças necessárias, no que prontamente é atendida. Nesse caso, todos os processos são realizados em tempo bem menor do que em outros métodos de produção. Também há uma economia no tempo e no custo do transporte entre fornecedor e a empresa solicitante.” Fonte: Paulo Sérgio Gonçalves, Administração de Materiais, Ed. Campus 2010, 3ª ed. pág. 228. Você já deve ter percebido que não é exatamente um sistema de controle de estoque, porque a ideia do Justi in Time é justamente eliminá-lo do processo produtivo da empresa. Mas, como é tratado enquanto tal, pode ser cobrado na sua prova. Quanto ao Kanban, consiste em um sistema de cartões e painéis visuais, que busca auxiliar no atingimento da filosofia "Just-in-time", na produção e na administração de estoques. O sistema é simples, mas muito eficiente. Através do controle de cartões coloridos, a organização conseguirá direcionar a produção e o consumo de materiais na fábrica, de modo que haja o máximo de sincronização entre o que é produzido e o que é solicitado de material. Há como introduzir esquemas deprioridades e até programar "set-ups" (parada de manutenção para adaptar a máquina para produzir outro produto). Com o advento do Kanban, os estoques intermediários (semiacabados e matérias-primas para operações intermediárias) foram bastante enxugados, pois a sistemática busca justamente produzir apenas o que é necessário e, consequentemente, requisitar materiais só para atender tais produções. O Kanban é uma ferramenta para que se atinja o "just-in-time" quanto a produzir e comprar na hora certa, sem desperdícios, nem estoques desnecessários. Atualmente, muitas empresas têm os estoques "abertos" aos fornecedores e clientes. Assim, cada organização pode visualizar o quanto seus parceiros tem Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 73 disponível, sem precisar gastar com burocracia comercial, produzir no tempo certo para que o estoque deles seja reposto. Olha como é simples e, ao mesmo tempo, elegante: http://www.dkjsinalizacao.com.br/media/catalog/product/cache/1/image/9df78eab33525d08d6e5fb8d27136e95/k/a/ka nban-dos-5s.jpg Previsão de Estoques As empresas, embora não possam adivinhar como funcionará a demanda de materiais no futuro, ainda assim, tentarão. E do mesmo modo que é impossível descobrir com o exatidão o número de materiais que serão demandados, também não se trata de exercício premonitivo. Existem algumas variantes que podem ser levadas em consideração, a fim de tentar se aproximar do valor real de materiais a ser consumidos no futuro. Estas variantes podem ser divididas em dois grupos principais: Variáveis Quantitativas: Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 73 São chamadas assim pois levam em consideração fatores que podem ser numericamente quantificados. Exemplos: - Evolução das vendas em períodos anteriores; - Variáveis ligadas diretamente às vendas; - Variáveis de fácil previsão ligadas às vendas, entre as quais, a renda do mercado consumidor, crescimento da população, e outras que sua imaginação se permitir pensar. - Variáveis Qualitativas: Estas levam em conta experiência dos profissionais envolvidos na produção, baseando-se em opiniões. Como estes profissionais estão envolvidos com alguma fase da produção, não se trata de mero palpite ou “chute” desprovido de compromisso com a realidade. Temos como exemplos: - Opinião de gerentes; - Opinião de vendedores; - Opinião de compradores; - Pesquisas de mercado (que normalmente sintetizam as opiniões dos compradores). Dito isto, as técnicas mais comuns de previsão de consumo são as seguintes: - Explicação: Faz uso de regras estatísticas, explicando porque acredita-se que o consumo será daquela determinada forma. Como fará uso de dados quantitativos para fazer esta análise, diz-se que este tipo de técnica tem natureza quantitativa. - Projeção: Através das vendas anteriores, busca-se tentar prever o consumo de épocas posteriores, acreditando-se que o futuro buscará imitar o passado, dele não se afastando. Também é uma técnica quantitativa. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 73 - Predileção: Aqui se busca, através da experiência dos envolvidos na produção, dimensionar o consumo dos novos períodos. É um método baseado principalmente na opinião dos envolvidos na produção, e assim sendo, é uma técnica qualitativa. As técnicas quantitativas são também chamadas matemáticas (não se importam com opiniões, apenas para números), ao passo que as técnicas qualitativas são chamadas de não-matemáticas. Métodos de avaliação de estoques A chamada avaliação financeira de estoques é feita por alguns métodos, pensando em prova serão apresentados três deles: Custo Médio; Método “PEPS” (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair); “UEPS” (Último a Entrar, Primeiro a Sair). Veja a ficha estoque abaixo: Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 73 Custo médio. É a avaliação mais utilizada. O custo unitário é determinado pela média aritmética encontrada da soma de todos os custos dividida pelo número total de unidades. “Esse processo é dinâmico visto que, a cada entrada em estoque, um novo preço médio passa a ser calculado.”6 Na ficha de estoque deve ser analisado cada momento: Momento 1. Em 10/01/2009 o custo unitário é de R$ 1,00 e o total é de R$ 5,00 (5 unidades). 6 Gonçalves, Paulo Sérgio, Administração de Materiais, Ed. Campus 2010, 3ª ed., pág. 185. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 73 Momento 2. Em 11/01/2009 o total passou a ser 2 unidades e um total de R$ 2,00 (2*R$1,00). Momento 3. Em 18/01/2009 tivemos entrada de 10 mercadorias a R$ 0,80 (total R$ 8,00). Portanto: O custo passa a ser R$0,83. Momento 4. Em 20/01/2009 tivemos saídas de 11 itens a R$=0,83 cada (total R$9,14). Saldo, uma unidade a R$ 0,83. Momento 5. Em 25/01/2009 tivemos entrada de 15 mercadorias a R$ 0,6 (total R$ 9,00). Portanto: Os métodos PEPS e UEPS consideram nas saídas os respectivos preços de entradas dos itens. Trazem repercussões significativas em períodos inflacionários e deflacionários. Na resolução de questões que envolvem estes dois métodos, cada unidade fica estocada pelo seu valor de entrada (não é feito nenhuma média de valores). Por isso mesmo, facilita bastante se você conseguir imaginar que aquele item específico, o primeiro (PEPS) ou o último (UEPS), é o que está saindo de estoque. PEPS Veja o histórico abaixo. Quando há saídas de estoque, é como se as unidades mais antigas que entraram em estoque (logicamente, com seus respectivos custos) seriam as primeiras a sair. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 73 Deste modo no período 3 (03/03/12) teriam saído de estoque 4 unidades a R$ 1 cada (valor das primeira que entrou) e restariam 1 a R$ 1,00 e 3 a R$1,5, totalizando 4 itens. No período 4 (05/04/12) teriam saído de estoque 2 unidades, a que ainda restava R$ 1 e a outra a R$1,5. Restariam 2 unidades, as duas de R$ 1,5 cada. UEPS É o raciocínio inverso do PEPS, segue a ordem inversa do histórico de entrada. As saídas de estoques são valoradas de acordo com as últimas entradas. Por isso a sua análise deve ser sempre de “baixo pra cima”. Vamos utilizar o mesmo exemplo: Deste modo, no período 3 (03/03/12) teriam saído de estoque 4 unidades, todas as 3 de R$ 1,5 (valor da última que entrou) e mais uma a R$ 1,00. Restariam4 unidades a R$ 1,00 cada. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 73 No período 4 (05/04/12) teriam saído de estoque 2 unidades a R$ 1,00 cada e restariam 2 unidades, também a R$ 1,00 cada. OBS: O método UEPS não é permitido pela legislação brasileira. Mas é importante você saber efetuá-lo, isto pensando em aplicação em provas. Tem uma última coisa que precisa ser dita. Existe mais um método de controle de estoques, chamado de custo de reposição. Em teoria, este seria o método mais "correto" para avaliação de estoques, vez que calcula extamente o valor do item que sai do estoque pelo custo de sua aquisição no mercado à época da saída. É como se eu pudesse comprar um item igual a ele com o valor do material que acabou de sair do estoque. Entretanto, o método do custo de reposição só é funcional para itens de alto valor agregado (por exemplo, carros em uma concessionária), já que seria inviável ficar catalogando o preço de aquisição de 30 mil lapis adquiridos em mais de uma centena de oportunidades e descontar exatamente aquele valor (R$ 0,30, R$ 0,35, R$ 0,52 entre outras das infinitas possibilidades pelas quais eu posso pagar por um lápis). Para isso existem os métodos PEPS, UEPS e custo médio, que embora não sejam precisos, chegam em um resultado muito próximo com um dispêndio muito menor de tempo. E tempo também é dinheiro. FEFO: Não se supreenda se esta coisa horrorosa brotar na sua prova do nada. Apareceu certa vez em uma questão da CESPE, e depois, nunca mais. A sigla significa First-Expire, First Out, ou Primeiro a Expirar, Primeiro a Sair. O First Expire, First Out segue uma metodologia própria: as mercadorias que tenham prazo de validade mais próximo de expirar são as que primeiro devem ser postas pra fora em uma venda. Assim sendo, caso a empresa tenha um lote de bandejas de iogurte para vencer em 29/04/2013 e outro lote para 29/06/2013, dará saída das unidades que vencem mais cedo, independentemente da data de aquisição das mesmas. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 73 Sistemas de Estocagem Não é mera repetição do tópico anterior. Você conheceu as técnicas, que seria a faceta mais “braçal” da estocagem. Nos sistemas, você vai aprender como “pensar” ao realizar a estocagem. Na guarda de materiais há dois tipos de sistemas que podem ser utilizados normalmente: o de estocagem fixa e o de estocagem livre. Na estocagem fixa os materiais ficam sempre em um mesmo local (por isso o nome), já na estocagem livre isto não ocorre, sendo que os materiais são colocados nos locais, nos espaços físicos, que estiverem disponíveis. A principal vantagem de uma estocagem fixa é a facilidade de localização do material quando se precisa dele, o que obviamente não ocorre quando a estocagem é livre. No entanto, no caso de estocagem fixa pode haver um desperdício de espaços, que podem ficar inocupados por estar destinados a um determinado material, em situações que os estoques deste material estiverem baixos. Importante: Alguns materiais denominados de estocagem especial, mesmo no sistema de estocagem livre, serão armazenados em locais fixos. Por exemplo, um material inflamável deve ser armazenado em local específico e não em qualquer lugar. É uma exceção. Exemplo: eu tenho diversas prateleiras no meu almoxarifado, cada uma com o nome do produto (no mais das vezes, o tipo de produto) que vai ali. Enquanto a etiqueta estiver lá, eu só vou guardar aquele tipo de produto ali. Não me interessa se a prateleira está vazia e eu tenho vários produtos para os quais não tenho lugar Sistemas de estocagem 1. fixa 2. livre Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 73 para guardar (pois suas respectivas prateleiras estão cheias), aquela prateleira fica vazia até que chegue um material daquele tipo. Embora isso pareça ruim, quando eu precisar pegar algum material, eu só terei de ir ao corredor daquele material, já que ali só são guardados materiais daquele tipo. Como você pôde perceber, as características dos materiais também deverão ser levadas em consideração na hora de armazená-lo, um material inflamável deve ficar muito bem protegido e em embalagem adequada, alguns materiais poderão ficar em lugares descobertos, já outros exigirão uma área coberta. E por aí vai (lembra o que eu falei sobre imaginação?) A vantagem da estocagem livre é justamente a contrária: há o aproveitamento de todos os espaços existentes, já que o material novo vai ser armazenado onde quer que haja espaço para ele. Entretanto, se eu não aplicar um sistema rigoroso de controle, o material vai ficar “perdido” nas prateleiras. Classificação ABC A classificação dos materiais utilizando a chamada curva ABC é, também, uma ferramenta administrativa, sendo uma maneira muito útil para se conhecer e controlar estoques sem aumentar custos. Esta classificação leva em consideração a importância de relativa dos itens. Também denominada curva de Pareto, “baseia-se no princípio de que a maior parte do investimento em materiais está concentrada em um pequeno número de itens” 7. Por esta classificação demonstra-se que poucos itens, algo em torno de 10% a 20% do total de itens, respondem por mais ou menos 80% do capital empregado em estoques. 7 Chiavenato, Idalberto. Administração de Materiais, ed. Campus, pág. 79. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 73 Segundo Marco Aurélio P. Dias8: “A curva ABC é um importante instrumento para o administrador; ela permite identificar aqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua administração.” As classes da chamada curva ABC são definidas da seguinte forma: Classe A: Itens mais importantes e em menor número (Quantidade em geral, em torno de 20% dos itens). Classe B: Itens em situação intermediária (30% dos itens). Classe C: Itens menos importantes e em maior número (Quantidade no geral, em torno de 50% dos itens). Afirmação CESPE (2010 AGU): “Na classificação ABC para planejamento e controle de estoque, os itens classificados como C são aqueles que correspondem à faixa de 40% a 50% do total de itens de estoque, mas cujo valor financeiro é de pouca importância quando se considera o estoque total.” Para estabelecer a importância relativa dos materiais, a curva ABC leva em consideração o seu valor e a sua quantidade, ou seja, qual o investimento feito em determinado material e qual a sua quantidade. 8 Dias, Marco Aurélio P., Administração de Materiais: princípios, conceitos e gestão, ed. Atlas, 6ª ed., pág. 73. Maior Grau de importância CLASSE A Maior Quantidade de itens CLASSE C Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe CepkauskasPetrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 73 A atenção da empresa deverá ser concentrada nos itens da Classe A, porque, embora em menor quantidade, é neles que estará a maior parte do capital investido em estoques. Isto é muito importante, lembre-se então que o controle de estoques pela chamada curva ABC considera os produtos de forma desigual, os itens do grupo A que representam entre 10% e 20% da quantidade do estoque, respondem por 80% do capital empregado em estoques. 1.3 Metodologia de cálculo da curva ABC Caro aluno, eu não repeti o item anterior desnecessariamente. Comparado ao que está por vir, a parte anterior era moleza :P. Vou desvendar junto com vocês a construção e interpretação da curva ABC, que é a manifestação gráfica da classificação anterior. Como eu explanei no item anterior, a classificação ABC considera os produtos de forma desigual. E o faz baseando-se em uma realidade: existem itens em estoque que são mais importantes do que outros itens. Assim sendo, é razoável esperar que, por exemplo, 20% dos itens em estoque acabem respondendo por um custo de 80% do mesmo. Classe A. Representam poucos itens em estoque, mas são mais importantes, porque repondem pelo maior custo monetário. Classe B. Quantidade média de itens, grau médio de importância. Classe C. Maior número de itens, mas de pouca significância financeira. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 73 Também devo lembra-lo que ESTOQUE É CUSTO. O setor financeiro de uma empresa se pudesse, não permitiria que um único lápis fosse armazenado sem que estivesse em pleno uso. Pior, só deixaria o dono da empresa comprar outro lápis quando aquele que estou usando já estivesse no talo. Neste momento, ele sairia correndo na papelaria mais perto e compraria um novo, que já deveria começar a ser utilizado de imediato. Mas você já leu na aula passada que essa situação “ideal” não é possível, vez que a empresa talvez não possa esperar nem um instante sequer por outro lápis, ou pior, a papelaria pode estar fechada quando chegar a hora de comprar o item. Dessa forma, estocamos para nos proteger das flutuações externas (disponibilidade do item em mercado, preços crescentes em períodos inflacionários, entre outras possibilidades). E já que a empresa tem de estocar, e que isso representa um custo para ela, é melhor que o faça de maneira inteligente. E aqui chegamos na curva ABC. Com ela, identificaremos itens que justificam atenção redobrada na sua administração e itens que, embora não possam ser esquecidos, podem sofrer um “relaxamento” em seu controle. Pois bem, agora vem a parte não tão legal: essa curva é matematicamente determinável. Sim, tem uma fórmula para isso, e não, você não precisará saber para a prova :P. Entretanto, vai ter de saber ao menos como construir a curva. É um tema longo e bem chatinho, mas se conseguir entender a metodologia utilizada aqui, será capaz de resolver quaisquer exercícios que utilizem este tipo de gráfico, e ainda, como bônus, conseguirá descartar alternativas esdrúxulas, que fogem ao conceito da curva. Vamos lá: Material Preço Unitário Consumo do período em Unidades Valor do Consumo Total Colocação em nível de Importância A 1 10.000 10000 8 B 12 10.200 122400 2 C 3 90.000 270000 1 D 6 4.500 27000 4 Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 73 E 10 7.000 70000 3 F 1200 20 24000 6 G 0,6 42.000 25200 5 H 28 800 22400 7 I 4 1.800 7200 10 J 60 130 7800 9 Essa tabela é composta de dados brutos, sem qualquer classificação. No pior cenário, é diante dela que o examinador vai te colocar na frente. Lógico que nenhuma banca vai colocar tantos itens, mas se você aprender por aqui, vai saber fazer qualquer uma que aparecer. Alias, você acaba de aprender algo, só de olhar para essa tabela zoneada: O preço unitário dos itens não tem quase nenhuma importância para classifica-lo na categoria A, B ou C. Como os itens do estoque de uma grande empresa dificilmente podem ser agrupados em uma única categoria, temos de usar o denominador comum de toda a civilização ocidental: o dinheiro $$$$. Mas não utilizamos o custo unitário de cada item, e sim, o valor do consumo total. Veja que o item que ficou em primeiro lugar (item C) tem um custo unitário insignificante se comparado ao do item F, por exemplo. Ainda assim, como a empresa comprou no período 10.200 unidades deste item, isso acabou de promovê-lo ao item mais importante da tabela. Se ainda está difícil de entender, procure imaginar o seguinte: imagine uma borracha que custe R$1,00. Baratinha, fácil de achar, inofensiva à organização de qualquer empresa. Agora, imagine que a demanda de borrachas de determinada empresa é... hum, vejamos, 3 milhões de borrachas por mês. É lógico que o gestor do estoque não vai poder sair na hora do almoço para ir à papelaria do lado para comprar 3 milhões de borracha. Pelo volume demandado (e, portanto, por conta do consumo total), este item se tornou crítico, devendo a empresa se atentar ao seu estoque e controla-lo mais de perto. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 73 Voltando à tabela, agora seria hora de organiza-la de acordo com a importância dos itens: Material Preço Unitário Consumo Anual em unidades Valor do Consumo Colocação em nível de Importância C 3 90.000 270000 1 B 12 10.200 122400 2 E 10 7.000 70000 3 D 6 4.500 27000 4 G 0,6 42.000 25200 5 F 1200 20 24000 6 H 28 80 22400 7 A 1 10.000 10000 8 J 60 130 7800 9 I 4 1.800 7200 10 Bem mais palatável. Só de olhar para essa tabela, já sei que os itens que provavelmente comporão a classificação A serão os itens C e B, e com um pouco de sorte, o item E, mas com certeza C e B, e nunca, em hipótese alguma, o item I, ou o item J. Se você já estudou estatística, deve ter ouvido falar de frequência acumulada, se não estudou, vai descobrir o que é na próxima tabela: Material Preço Unitário Consumo Anual em unidades Valor do Consumo Acumulado Porcentagem Acumulada C 3 270.000 270000 46% B 12 122.400 392400 67% E 10 70.000 462400 79% D 6 27.000 489400 83% G 0,6 25.200 514600 88% F 1200 24.000 538600 92% H 28 22.400 561000 95% A 1 10.000 571000 97% J 60 7.800 578800 98% I 4 7.200 586000 100% Dessa vez, organizamos os dados de maneira que para cada coluna “Acumulada”, o valor de baixo representasse a soma de todos os anteriores. Melhor Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 73 dizendo: o Valor do Consumo Acumulado do item C e só o item C, mas para o item B, somamos o item B e C, para o item E, somamos C, B e E, e assim por diante. Primeira conclusão quevocê tira dessa tabela: os itens C e B, sozinhos, respondem por 67% do valor imobilizado em estoque. Estes itens devem ser muito bem cuidados, pois são bastante importantes. Segunda conclusão: Se eu acrescentar os itens E e D aos itens C e B, todos eles juntos respondem por 83% do estoque, contra 17% de todo o resto. Convenhamos, dar muita atenção a 17% do valor do estoque, ou mesmo, trata-lo igual aos 83% do valor desse mesmo estoque é antieconômico (palavra chique pra dizer que é um baita tiro no pé). De posse dos dados da última tabela, veja o gráfico que pode ser montado: Fonte: Dias, Marcos Aurélio P. Sim, ele é um monstrengo que parece não fazer sentido. Mas faz. Veja como a reta correspondente ao material C é bem inclinada. Isso ocorre porque poucas unidades do material C (não confundir com classe C) respondem por grande parte dos valores (por isso a reta tende a 90º com eixo X). Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 73 Não, essa conclusão entre parênteses não é vital para você entender o funcionamento do gráfico (ajudaria, mas não é vital). A conclusão que você deve guardar é que pelo fato de o item C responder por grande parte do valor do estoque, nessa parte do gráfico a linha tende a ficar o mais “de pé” possível. Por outro lado, se eu pegar o item I, a linha nesse ponto já está quase “deitada”, simplesmente porque uma infinidade desses itens não é capaz de alterar sensivelmente o valor do estoque. Mas não acabou. Esse gráfico é muito bonito (fui privado dessas coisas durante a faculdade de Direito), mas ainda não é a curva ABC. Felizmente, este gráfico é o último passo para desenhar a curva ABC. Recordemos o item anterior da aula: Classe A: Itens mais importantes e em menor número (Quantidade em geral, em torno de 20% dos itens). Classe B: Itens em situação intermediária (30% dos itens). Classe C: Itens menos importantes e em maior número (Quantidade no geral, em torno de 50% dos itens). Vamos seguir o que ele propôs: Classe A: 20% dos itens, que no nosso caso, correspondem a 67% do valor do estoque. Classe B: 30% dos itens, que no nosso caso, correspondem a 21% do valor do estoque. Classe C: 50% dos itens, que no nosso caso (pela última vez), correspondem a 12% do valor do estoque. Podemos finalmente traçar a curva ABC: Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 73 Fonte: Dias, Marcos Aurélio P. Conheça a curva ABC. Pronto, você conheceu toda a metodologia envolvida no cálculo da curva ABC, mas será que sabe o que o gráfico mostra? Olhe para ele agora e compare com o gráfico anterior. Os itens F, H, A, J e I compõe a Classe C. Para os itens da Classe C, dado seu baixo valor relativo (relativamente aos outros itens), não se justifica a implementação de controles de estoque muito precisos, pois acabariam sendo muito caros. Por outro lado, os itens que estão na classe A (C e B), devem sofrer um rigoroso controle. E os itens E, D e G, que ficaram na classe B, devem ficar no meio termo. Existem outras conclusões que podem ser cobradas pela banca. Já dissemos que manter um estoque é algo custoso. Também dissemos que os itens da classe A são pouco numerosos, mas respondem por grande parte do custo do estoque. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 73 Ora, para os itens da classe A, devemos manter o menor estoque de segurança possível. Isso ocorre porque esses itens são muito caros, e cada centavo que a empresa deixa imobilizado em um item desses sem uso, é um centavo a menos que ela poderia estar utilizando para gerar vários centavos a mais :P. Por outro lado, manter um estoque grande de itens da classe C PODE ser um bom negócio. Esses itens respondem por uma fração muito pequena do custo dos estoques, de maneira que não é tão custoso acumula-los, ainda que eles venham a ficar sem uso. Concluindo: um estoque grande de itens da Classe C não é tão oneroso para empresa, podendo se manter um estoque de segurança bem maior do que o utilizado para a Classe A. Vamos simplificar os passos (e juro que é a última vez que vou falar de curva ABC) para que você possa fazer os exercícios que envolvam cálculos sozinhos (na eventualidade de eles surgirem): - Pegue os dados do enunciado e monte uma tabela (gente, por favor, isso é pra ser rápido, então, não precisa ficar enfeitando); - Construa o gráfico seguindo a metodologia que eu expliquei aqui: separe os itens com consumo relativo maior em cima, e vá descendo conforme os custos relativos caiam. Depois separe mais ou menos nas porcentagens do quadro: 50%, 30% e 20% dos itens da tabela que você montou. - Interpretar :P. Da pra tirar um monte de conclusões da curva ABC, entre as quais as que coloquei na página anterior. As que mais interessam para a prova dizem respeito à importância do item, e da ligação que seu custo tem com o estoque de segurança a ser mantido pela empresa. Uma dica que aprendi fazendo a FUVEST: você não é um supercomputador e nem tem tempo para escrever um tratado sobre o assunto das questões. Não fique desesperado quando ver uma questão dessas. Sua concorrência tem a mesma dificuldade que você. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 73 Simplifique ao máximo seus passos. Tabelas feias feitas no rodapé da folha, e mais importante: se as alternativas mostram resultados muito distantes uns dos outros, ARREDONDE OS NÚMEROS para outros mais fáceis de trabalhar. 69,00000587434 é 69, e se bobear, até 70 :P se isso for facilitar minha vida. Pois bem, acabamos por aqui. Agora você verá um grupo de questões comentadas, para ver como o assunto costuma aparecer em prova. Temos inclusive questões recentíssimas, para provar para você que o assunto não só é simples, como não tem muito o que inventar. Grande abraço. Questões Comentadas Achei umas questões interessantes de outras bancas (lembre-se que, embora a CESPE seja favorita, nada garante que será ela sua banca). E como tenho predileção por caprichar na aula teórica, você verá que está pronto para resolver qualquer questão de qualquer banca que apareça. 1. CESGRANRIO ANP 2008 A produção de bens requer o processamento de elementos que serão transformados em bens finais ou produto acabado. O petróleo, por exemplo, passa por diversos processos até sua utilização final por indústrias e lares. Esses elementos que originam e desencadeiam todo o processo de transformação recebem o nome de a) matéria em processamento. b) matéria em acabamento. c) matéria-prima. d) matéria acabada. e) matéria semi-acabada. Comentário: Pode haver certa dúvida quanto a escolher “matéria-prima” e “matéria semiacabada”, mas o próprio enunciado se refere a elementos que “... Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe CepkauskasPetrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 73 originam e desencadeiam todo o processo...”. Pois bem, se os elementos é que dão origem ao processo, então estamos falando dos elementos mais básicos que alimentam a produção, ou seja, as matérias-primas, alternativa (c). 2. ESAF 2013 - DNIT Considerando a metodologia ABC de administração dos estoques, assinale a opção incorreta. a) Uma das aplicações da metodologia é a utilização da curva como parâmetro de informação sobre a necessidade de aquisição de mercadorias. b) Na avaliação dos resultados da Curva, pode se identificar o giro dos itens e o nível de lucratividade. c) A classificação por meio da curva ABC permite a identificação dos itens de maior importância que são normalmente de maior número. d) A curva ABC também pode ser utilizada para a definição de políticas de vendas e o estabelecimento de prioridades. e) A análise da curva ABC permite a definição dos recursos financeiros investidos na aquisição de estoques. Comentários: Tranquilíssima. A primeira coisa que vemos na definição da classificação ABC (acredito que irá se lembrar dos gráficos): Classe A: Itens mais importantes e em menor número (Quantidade em geral, em torno de 20% dos itens). Classe B: Itens em situação intermediária (30% dos itens). Classe C: Itens menos importantes e em maior número (Quantidade no geral, em torno de 50% dos itens). Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 73 O tio já explicou isso hoje: Itens de maior importância são itens existentes em menor número. A classificação é construída segundo essa premissa, e tem como propósito identificar os materiais que, por concentrarem grande parte do investimento da organização em alguns poucos itens, devem receber atenção redobrada pelo administrador de materiais. Alternativa c). 3. ESAF 2013 - DNIT Um administrador que montar a curva ABC do seu estoque. Recebe do seu gerente uma planilha na qual constam os valores de investimento mensal acumulado de cada item conforme a tabela abaixo. Classifique os itens da curva ABC, considerando os parâmetros A=72%, B=17% e C=10%. Assinale a opção correta. a) A - A - A - A - A - B - B - C - C - C b) A - A - B - B - B - B - C - C - C - C c) A - A - B - B - B - C - C - C - C - C d) A - A - A - B - B - B - C - C - C - C e) A - A - A - A - A - A - A - B - B - C Classe A. Representam poucos itens em estoque, mas são mais importantes, porque repondem pelo maior custo monetário. Classe B. Quantidade média de itens, grau médio de importância. Classe C. Maior número de itens, mas de pouca significância financeira. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 73 Comentários: Sensacional quando a banca dá aquela mãozinha né :P. A ESAF já colocou os valores que ela deseja utilizar para a classificação ABC. Basta a você seguir à risca o que ela quer. Como vimos na aula, este é um gráfico de frequência acumulada. Nos exercícios de curva ABC, os itens mais importantes (que representam investimento total mais significativo e concentrado em poucos itens) ficam logo no começo do tabela. Vamos ao enunciado: a classificação A será dada aos itens que representem até 72% do investimento acumulado. Isto é exatamente igual à frequência acumulada até o item 2. Itens 1 e 2 pertencem à classificação A, o que nos deixa já de cara com duas alternativas para chutar (b) e c)). Mas você não precisa chutar (só se for preguiçoso). A próxima classificação corresponderá aos próximos 17%. Faça as contas: Já temos 72 da classificação A. Se somarmos mais 17 da classificação B, temos 90%. Então, a frequência acumulada de 90% é a nossa próxima fronteira. Os itens 3, 4 e 5 estão com frequência acumulada até 90%, então, eles são, com certeza, nossos materiais de classificação B. O material 6, por ultrapassar essa fronteira, já não pode estar mais na classificação B, devendo aparecer na classificação C. Assim, temos a resposta dada pela ESAF, alternativa c) Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 73 4. CESPE 2010 DETRAN-ES. No estoque de matéria-prima, armazenam-se os itens produzidos que ainda não foram vendidos. Comentário – No estoque de matérias primas estão os materiais recebidos pelos fornecedores e que, no momento adequado, serão utilizados para produção de mercadorias. Os produtos acabados (produzidos) ficam armazenados no depósito Item errado. 5. CESPE 2010 ABIN Agente – Área administrativa. No sistema de estocagem livre, apenas os materiais de estocagens especiais são armazenados em local fixo. Comentário – No sistema de estocagem livre os materiais são armazenados sem que se determine locais específicos para isto (vai pondo onde tiver espaço), a exceção é para o caso de materiais que demandam uma armazenagem em local fixo, a exemplo dos materiais inflamáveis. Item correto. 6. CESPE 2009 SEAD/SES/SE FUNESA Analista. Para o sistema de estocagem livre, a melhor opção de reabastecimento é o sistema de reposição periódica, que consiste em disparar o processo de compra quando o estoque de um certo material atinge um nível previamente determinado. Comentário – O sistema de estocagem livre dificulta o controle de estoque de certo material específico, pois os materiais estão dispostos livremente conforme os espaços físicos que vão ficando disponíveis. Além disso, a reposição periódica, como o próprio nome diz, consiste em repor de tempo em tempo um determinado material, independentemente da análise do seu nível de estoque. Item errado. 7. CESPE 2009 SEAD/SES/SE FUNESA Analista. A forma centralizada é sempre mais vantajosa que a forma descentralizada, à medida que facilita o controle sobre os itens do estoque e a execução de inventários. Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 01 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 47 de 73 Comentário – O sistema de estoque centralizado terá vantagens, mas também terá desvantagem em relação ao sistema descentralizado. Embora o sistema centralizado facilite o controle e a execução de inventários, o sistema descentralizado tem, por exemplo, a vantagem de colocar os estoques mais próximos ao local em que será demandado. Uma empresa ao descentralizar seus estoques aproxima os materiais do local em que será utilizado, é algo bastante importante para empresas que possuem filiais. Item Errado. 8 TJ-SC - 2011 - TJ-SC - Analista Administrativo A “Análise ABC” é uma das formas mais usuais de se examinar estoques. Sobre a Análise ABC é correto afirmar: a) Aos itens mais importantes de todos, segundo a ótica do valor ou quantidade, dá-se a denominação itens classe A. b) Não existe forma totalmente aceita de dizer qual o percentual do total dos itens que pertencem à classe A, B, ou C. c) Aos itens menos
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