Buscar

505_101413_DPC_SP_LEG_ESPECIAL_AULA_04

Prévia do material em texto

www.cers.com.br 
 
DPC – SÃO PAULO 
Legislação Especial 
Geovane Moraes 
1 
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
LEI 9296/96 
 
 Art. 1º A interceptação de comunicações 
telefônicas, de qualquer natureza, para prova 
em investigação criminal e em instrução 
processual penal, observará o disposto nesta 
Lei e dependerá de ordem do juiz competente 
da ação principal, sob segredo de justiça. 
 
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se 
à interceptação do fluxo de comunicações em 
sistemas de informática e telemática. 
 
 
 
TEMAS CABULOSOS INICIAIS 
Captação Direta 
 
 - Entende-se por captação direta a gravação 
feita por um dos interlocutores de uma 
conversa pessoal ou telefônica, sem o 
conhecimento do(s) outro(s). 
 
- Tal captação está abrangida no contexto da 
lei 9296/96? 
- Tal captação é crime? 
- Os elementos aferidos podem ser usados 
como prova em um eventual processo? 
- Em relação ao último questionamento, três 
situações precisam ser analisadas; 
 
1 – Não existiu imposição de sigilo por um dos 
interlocutores; 
2 – Ocorreu imposição de sigilo por um dos 
interlocutores e a gravação produziu provas de 
prática de infração penal; 
3- Ocorreu imposição de sigilo por um dos 
interlocutores, mas a gravação produziu provas 
inequívocas da inocência de algum réu; 
 
RE 583937 QO-RG / RJ - RIO DE JANEIRO 
REPERCUSSÃO GERAL NA QUESTÃO DE 
ORDEM NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
Relator(a): Min. CEZAR PELUSO 
 
Julgamento: 19/11/2009 
EMENTA: AÇÃO PENAL. Prova. Gravação 
ambiental. Realização por um dos 
interlocutores sem conhecimento do outro. 
Validade. Jurisprudência reafirmada. 
Repercussão geral reconhecida. Recurso 
extraordinário provido. Aplicação do art. 543-B, 
§ 3º, do CPC. É lícita a prova consistente em 
gravação ambiental realizada por um dos 
interlocutores sem conhecimento do outro. 
 
TEMA MUITO ATUAL E CONTROVERSO 
 
- O monitoramento do e-mail corporativo como 
forma de produção de provas lícita no âmbito 
penal; 
 
OUTRO TEMA CONTROVERSO 
 
- Seria possível a interceptação das conversas 
entre o investigado ou processado e seu 
advogado? 
 
 Art. 2° Não será admitida a interceptação de 
comunicações telefônicas quando ocorrer 
qualquer das seguintes hipóteses: 
 I - não houver indícios razoáveis da autoria 
ou participação em infração penal; 
 II - a prova puder ser feita por outros meios 
disponíveis; 
 III - o fato investigado constituir infração 
penal punida, no máximo, com pena de 
detenção. 
 Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve 
ser descrita com clareza a situação objeto da 
investigação, inclusive com a indicação e 
qualificação dos investigados, salvo 
impossibilidade manifesta, devidamente 
justificada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
DPC – SÃO PAULO 
Legislação Especial 
Geovane Moraes 
2 
DICAS MUITO IMPORTANTES 
 
- Para fins de reconhecimento da 
competência jurisdicional no que tange a 
decretação das interceptações telefônicas, 
deve ser adotada a TEORIA DO JUÍZO 
APARENTE; 
- A decretação da interceptação 
telefônica gera prevenção em relação ao juízo, 
mas esta não será de natureza absoluta; 
 
PERGUNTA CABULOSA 
 
- Como seria a decretação da interceptação 
nos crimes materiais contra a ordem tributária, 
tipificados ao teor da lei 8137/90? 
 
QUESTÃO DA SERENDIPIDADE 
(Teoria do encontro fortuito ou casual de 
provas) 
 
- Serendipidade quanto a fatos; 
a) correlatos; 
b) não correlatos; 
- Serendipidade quanto a pessoas; 
a) em concurso; 
b) com atuação autônoma; 
 
PERGUNTA QUE RECEBO MUITO 
 
 - O que é “barriga de aluguel” em relação a 
interceptação telefônica? 
 
 Art. 3° A interceptação das comunicações 
telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, 
de ofício ou a requerimento: 
 
 I - da autoridade policial, na investigação 
criminal; 
 II - do representante do Ministério Público, na 
investigação criminal e na instrução processual 
penal. 
 
 Art. 4° O pedido de interceptação de 
comunicação telefônica conterá a 
demonstração de que a sua realização é 
necessária à apuração de infração penal, com 
indicação dos meios a serem empregados. 
 § 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir 
que o pedido seja formulado verbalmente, 
desde que estejam presentes os pressupostos 
que autorizem a interceptação, caso em que a 
concessão será condicionada à sua redução a 
termo. 
 § 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro 
horas, decidirá sobre o pedido. 
 
QUESTÃO TERMINOLÓGICA 
 
 - A autoridade policial, tecnicamente, não faz 
requerimento de interceptação, mas sim 
REPRESENTA pela interceptação, expondo ao 
magistrado os fatos e sugerindo a providência; 
- O MP faz requerimento de interceptação; 
 
DUAS PERGUNTAS CABULOSAS 
 
 - Seria possível a defesa intentar requerimento 
para decretação da interceptação telefônica? 
- Seria possível o assistente de acusação 
intentar o requerimento de interceptação, 
quando o MP não o fez? 
 
MUITO CUDIDADO COM ESSA PERGUNTA 
(Tema controverso na doutrina) 
 
- A decretação da interceptação telefônica, 
quando prolatada de ofício pelo magistrado, 
pode ocorrer no curso da investigação criminal 
e do processo penal ou só nesta última 
situação? 
 
 Art. 5° A decisão será fundamentada, sob 
pena de nulidade, indicando também a forma 
de execução da diligência, que não poderá 
exceder o prazo de quinze dias, renovável por 
igual tempo uma vez comprovada a 
indispensabilidade do meio de prova. 
 
DICAS 
 
- O prazo de 15 dias começa a ser 
computado da data em que a interceptação é 
efetivada e não da data da decisão judicial; 
- O entendimento dominante na doutrina 
e jurisprudência é que a prorrogação da 
interceptação pode ocorrer por número 
indefinido de vezes, desde que exista 
justificativa e razoabilidade de tal 
procedimento; 
 
UMA RESSALVA JURISPRUDENCIAL 
MUITO IMPORTANTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
DPC – SÃO PAULO 
Legislação Especial 
Geovane Moraes 
3 
ENTENDIMENTO CONSOLIDADO 
 
HC 108671 / TO - TOCANTINS 
HABEAS CORPUS 
Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI 
Julgamento: 23/04/2013 
Órgão Julgador: Primeira Turma 
EMENTA Habeas corpus. Inquérito. Crimes de 
corrupção ativa, passiva e de formação de 
quadrilha imputados a membros do Poder 
Judiciário. Condução coercitiva do investigado 
para depoimento perante a autoridade policial. 
Encerramento da fase inquisitorial. Pedido 
prejudicado. Alegada falta de motivação da 
decisão proferida no âmbito do Superior 
Tribunal de Justiça, a qual autorizou a 
realização de sucessivas 
escutas telefônicas, por prazo superior a 30 
dias, o que estaria em desacordo com a lei de 
regência. Licitude da decisão de prorrogação. 
Precedentes. Trancamento da ação penal. 
Medida excepcional não demonstrada no caso. 
Ordem parcialmente prejudicada e, quanto ao 
remanescente, denegada. 
 
1. A presente impetração encontra-se 
parcialmente prejudicada. Com efeito, 
consoante informações constantes do sítio do 
Superior Tribunal de Justiça, “a Polícia Federal 
deu por encerradas as investigações relativas 
ao Inquérito nº 569/TO, encaminhando os 
respectivos autos a essa Corte”. Assim, 
eventual condução coercitiva do paciente, na 
fase inquisitorial, para prestar depoimento 
perante a autoridade policial, diante do 
encerramento das investigações, não mais se 
afigura faticamente viável. 2. Impetração 
prejudicada nesse aspecto. 
 
3. Inexiste, na espécie, ausência de motivação 
da decisão que a implementou e prorrogou 
as interceptações telefônicas, pois, segundo a 
jurisprudência do Supremo Tribunal, “as 
decisões que, como no presente caso, 
autorizam a prorrogação de interceptação 
telefônicasem acrescentar novos motivos 
evidenciam que essa prorrogação foi 
autorizada com base na mesma 
fundamentação exposta na primeira decisão 
que deferiu o monitoramento” (HC nº 
92.020/DF, Segunda Turma, Relator o Ministro 
Joaquim Barbosa, DJe de 8/11/10). 4. O 
trancamento da ação penal na via do habeas 
corpus é medida excepcional, justificando-se 
quando despontar, fora de dúvida, atipicidade 
da conduta, causa extintiva da punibilidade ou 
ausência de indícios de autoria, o que não 
ocorre na espécie. 5. Writ denegado nessa 
extensão. 
 
NO MÊS DE JUNHO O STF 
 
RE 625263 RG / PR - PARANÁ 
REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO 
Relator(a): Min. GILMAR MENDES 
Julgamento: 13/06/2013 
 
PROCESSO PENAL. INTERCEPTAÇÃO 
TELEFÔNICA. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO 
AOS ARTIGOS 5º; 93, INCISO IX; E 136, § 2º 
DA CF. ARTIGO 5º DA LEI N. 9.296/96. 
DISCUSSÃO SOBRE A 
CONSTITUCIONALIDADE DE SUCESSIVAS 
RENOVAÇÕES DA MEDIDA. ALEGAÇÃO DE 
COMPLEXIDADE DA INVESTIGAÇÃO. 
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. 
RELEVÂNCIA SOCIAL, ECONÔMICA E 
JURÍDICA DA MATÉRIA. REPERCUSSÃO 
GERAL RECONHECIDA. 
 
TEMAS CABULOSOS ADICIONAIS 
 
- O sigilo das diligências referentes a 
interceptação alcançam o advogado do 
investigado? 
- A transcrição das gravações só pode 
ser feita por peritos? 
- Como a interceptação corre em autos 
apartados, qual o momento de sua juntada: 
a) quando feita durante o IP? 
b) Quando feita durante o processo? 
 
Art. 8° A interceptação de comunicação 
telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em 
autos apartados, apensados aos autos do 
inquérito policial ou do processo criminal, 
preservando-se o sigilo das diligências, 
gravações e transcrições respectivas. 
 
 Parágrafo único. A apensação somente 
poderá ser realizada imediatamente antes do 
relatório da autoridade, quando se tratar de 
inquérito policial (Código de Processo Penal, 
art.10, § 1°) ou na conclusão do processo ao 
juiz para o despacho decorrente do disposto 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
DPC – SÃO PAULO 
Legislação Especial 
Geovane Moraes 
4 
nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de 
Processo Penal. 
 
OUTRO TEMA MUITO CONTROVERSO 
 
- A degravação da interceptação será total ou 
parcial? 
 
CRIME EM ESPÉCIE 
 
 Art. 10. Constitui crime realizar interceptação 
de comunicações telefônicas, de informática ou 
telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem 
autorização judicial ou com objetivos não 
autorizados em lei. 
 
 Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e 
multa. 
 
CUIDADO COM A PEGADINHA 
(CONFLITO APARENTE DE NORMAS) 
 
Art. 154-A DO CP 
 
§ 3o Se da invasão resultar a obtenção de 
conteúdo de comunicações eletrônicas 
privadas, segredos comerciais ou industriais, 
informações sigilosas, assim definidas em lei, 
ou o controle remoto não autorizado do 
dispositivo invadido: (Incluído pela Lei nº 
12.737, de 2012) 
 
 Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) 
anos, e multa, se a conduta não constitui crime 
mais grave.

Continue navegando