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Resumo Fisiologia Renal

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Fisiologia Renal 
Raul Pedrosa – Turma 60 
 
FILTRAÇÃO GLOMERULAR 
 Membrana glomerular: células endoteliais dos capilares (presença de fenestras), 
membrana basal (grandes espaços na rede de fibrilas de colágeno e proteoglicanos) e 
podócitos/células epiteliais (projeções digitiformes); 
 Glomérulo: seletividade por tamanho + presença de proteoglicanos com cargas 
negativas na membrana basal  filtrado glomerular = plasma – proteínas; 
 Constrição da arteríola aferente: redução do fluxo sanguíneo e da pressão glomerular  
redução da filtração; 
 Constrição da arteríola eferente: aumento da pressão glomerular (maior filtração), mas 
constrições muito intensas fazem o plasma permanecer mais tempo no glomérulo 
(menor fluxo), havendo porções extras de plasma filtradas e aumentando a pressão 
coloidosmótica do plasma a níveis excessivos (redução paradoxal da filtração); 
 Feedback de autorregulação tubuloglomerular: vasodilatador da arteríola aferente e 
vasoconstritor da arteríola eferente; 
o Baixo fluxo: reabsorção excessiva de Na+ e Cl- no ramo ascendente da alça de 
Henle, causando menor concentração iônica na mácula densa  vasodilatação 
da arteríola aferente; 
o Quando a concentração iônica na mácula densa fica baixa, ela também libera 
renina, a qual causa a formação da angiotensina II e esta contrai arteríolas 
eferentes; 
 Aumento da pressão arterial aumenta significativamente o filtrado glomerular, 
aumentando o débito urinário (diurese da pressão); 
 Estimulação simpática aguda forte pode contrair arteríolas renais intensamente, 
reduzindo o débito urinário a zero por alguns minutos; 
 
1. TÚBULO PROXIMAL: 
 Absorção de 65% do filtrado glomerular 
o Absorção: Na+, aminoácidos, glicose, Cl- e ureia* 
o Secreção: H+ 
2. SEGMENTO DELGADO ALÇA DE HENLE: 
 Ramo descendente: difusão de substâncias 
o Muito permeável à água 
o Relativamente permeável a ureia e íons 
 Ramo ascendente: 
o Impermeável à água 
3. SEGMENTO ESPESSO ALÇA DE HENLE: 
 Impermeável a água e ureia 
 75% da absorção de íons do líquido tubular (diluição) 
4. TÚBULO DISTAL: 
 Dividido em Segmento Diluidor e Túbulo Distal Final 
o Segmento Diluidor = Segmento Espesso da Alça de Henle 
o Túbulo distal final = Duto Coletor Cortical 
5. DUTO COLETOR CORTICAL: 
 Impermeável a ureia 
 Células intercaladas/marrons secretam H+ ativamente (acidificação) 
 Permeável à água apenas na presença de ADH (concentração) 
 Regulação pela aldosterona 
o Absorção de Na+ (bombeamento) 
o Secreção de K+ (também regulada pela [K+]) 
6. DUTO COLETOR: 
 Permeável à água apenas na presença de ADH (concentração) 
 Secreção de H+ (equilíbrio ácido-básico) 
 
TÚBULO PROXIMAL 
 Apesar da pressão no capilar peritubular ser maior que a pressão no líquido intersticial, a 
pressão coloidosmótica do tecido é muito maior do que a do plasma, favorecendo a 
absorção de água e sódio; 
 Nas superfícies basal e lateral, a bomba Na+/K+ ATPase bombeia K+ do interstício para o 
interior da célula e Na+ da célula para o interstício (transporte ativo primário), porém, 
nas faces basolaterais, praticamente todo o potássio imediatamente se difunde de volta 
para o interstício, tendo como resultados: 
o Diminuição da [Na+] na célula 
o Hiperpolarização da célula (mais negativa) 
o Esses dois efeitos aumentam a absorção de Na+ do lúmen para a célula 
 O Na+ é então absorvido (transporte ativo secundário, sem gasto de ATP) por co-
transporte juntamente com glicose ou aminoácidos ou por contratransporte, havendo 
secreção ativa de H
+
 nesse caso; 
 A alta [Na+] no interstício “puxa” a água do lúmen e esta passa por osmose pelas 
“junções fechadas” (que no TCP não são tão fechadas); 
 Há também absorção passiva de: Cl- (para equilibrar eletricamente o Na+) e de ureia 
(apesar de não ser algo desejável); 
 
REABSORÇÃO: 
 ÁGUA: quase toda a água filtrada é reabsorvida, principalmente no TCP; 
 SUBSTÂNCIAS DE VALOR NUTRICIONAL (glicose, proteínas, aminoácidos, 
acetoacetato e vitaminas): quase totalmente reabsorvidos ativamente no TCP; 
 UREIA: pouco reabsorvida ao longo do trajeto tubular; 
 CREATININA: não é reabsorvida (há uma discreta secreção no TCP*); 
 INULINA: nem reabsorvida nem secretada; 
 ÁCIDO PARA-AMINO-HIPÚRICO (PAH) e SALICILATO: não é reabsorvido, 
totalmente secretado no TCP; 
 K+ e H+: ativamente secretados para o sistema tubular de acordo com as 
concentrações nos líquidos extracelulares; 
 BICARBONATO: a secreção de H+ para o túbulo converte o bicarbonato em ácido 
carbônico e este se dissocia em CO2 e água; então o CO2 difunde pela membrana 
tubular, recombina-se no outro lado com a água e volta a formar bicarbonato; 
 Ca2+ e Mg2+: ativamente reabsorvidos em alguns túbulos; 
 ÂNIONS (Cl-): reabsorvidos principalmente por difusão passiva (gradiente 
elétrico); alguns ânions (uratos, fosfatos, sulfato e nitrato) podem ser reabsorvidos 
por transporte ativo, principalmente nos TCP; 
 
 CLEARANCE/DEPURAÇÃO PLASMÁTICA: volume de plasma que “perde 
completamente seu conteúdo de determinada substância” por minuto, marcando 
portanto a capacidade dos rins de “limpar” ou depurar o plasma; 
o Como a inulina (um polissacarídeo) é pequena o suficiente para ser filtrada 
pelo glomérulo e não é nem absorvida nem secretada, então todo filtrado 
glomerular é depurado de inulina e, portanto: 
Depuração da Inulina = Filtração Glomerular (RFG) 
o Como todo (91%) o PAH que permanece no plasma após a filtração é 
secretado (se [PAH] for baixa), logo: 
Depuração do PAH = Fluxo Plasmático (FPR) 
 
HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO: 
 Quando os líquidos corporais estão muito concentrados, são ativados osmorreceptores 
no hipotálamo anterior, o que faz a neurohipófise secretar muito ADH (vasopressina), 
permitindo que os rins excretem grande quantidade de solutos, mas retendo água; o 
inverso ocorre quando os líquidos corporais estão diluídos; 
o Mecanismo renal diluição da urina: do segmento delgado ascendente da alça de 
Henle até o segmento diluidor do TCD, o sistema tubular é pouco permeável à 
água e, na ausência de ADH, o túbulo distal final e o duto coletor também o são; 
assim, a reabsorção de solutos ultrapassa a de água, diluindo a urina; 
 Segmento espesso ascendente: reabsorção ativa de Na+, K+ e Cl-; 
 TCD e duto coletor: reabsorção adicional, principalmente de Na+; 
o Mecanismo renal concentração da urina: o líquido intersticial medular está 
hiperosmótico devido à absorção de Na
+
; o ADH atua na membrana basolateral 
das células epiteliais dos túbulos distais e dutos coletores, ativando a adenil 
ciclase, a qual formará AMPc; há depois o desenvolvimento de vesículas que se 
fundem com a membrana plasmática luminal, acrescentando à membrana canais 
protéicos que permitem grande passagem de água; 
 Quando o ADH para de atuar, as vesículas se destacam da membrana 
luminal e voltam a sua posição interna no citoplasma; 
EXCREÇÃO DA URINA CONCENTRADA: 
 O líquido intersticial medular se mantém hiperosmótico principalmente pelo transporte 
ativo de Na
+
 na porção espessa ascendente da alça e no duto coletor de néfrons 
justamedulares (a medula interna é mais hiperosmótica do que a externa); 
 O fluxo sanguíneo nos vasos retos (alças de capilares peritubulares paralelas às de 
Henle) é muito lento (mínima remoção de solutos) e, devido a sua forma em U e sua 
permeabilidade, pode haver rápida troca de líquido e soluto entre os dois ramos do U, 
um mecanismo de contracorrente; 
 A uréia e o NaCl difundem-se do interstício para o sangue e a água se difunde para o 
interstício, elevando a concentração osmolar no sangue capilar até a extremidade; 
 À medida que o sangue retorna aos ramos ascendentes, há difusão de quasetodo o NaCl 
e uréia extras de volta para o interstício, enquanto a água se difunde para o sangue, 
tendo como resultados: 
o Manutenção de concentrações elevadas de soluto na extremidade da alça; 
o Remoção insignificante de soluto; 
o Reabsorção de água e consequente concentração da urina; 
REABSORÇÃO DO SÓDIO: 
 Túbulo contorcido proximal: 65% 
 Porção espessa do ramo ascendente da alça de Henle: 27% 
 Túbulos distais e dutos coletores corticais: até 7,5%, regulada pela aldosterona 
 ALDOSTERONA: 
o Quando o volume de líquido extracelular cai muito (diminuição da pressão 
arterial e do fluxo sanguíneo renal), o rim produz renina, a qual estimula a 
formação de angiotensina I, que é convertido é angiotensina II; 
o O aumento de angiotensina II no sangue (mais efetivo) e o aumento de K+ ou 
redução de Na
+
 no líquido extracelular estimulam a zona glomerulosa do córtex 
externo das adrenais a produzir aldosterona; 
o A aldosterona combina-se ao seu receptor na célula epitelial tubular e estimula a 
expressão gênica de enzimas necessárias para a reabsorção de Na
+
 (e de água); 
o A reabsorção de água junto com o Na+ não favorece aumento da [Na+], mas sim 
do líquido extracelular, aumentando a pressão arterial e, com isso, a excreção 
associada de Na
+
 e água, variando pouquíssimo a concentração; 
o Escape da aldosterona: é quando o volume sanguíneo e a pressão arterial 
aumentam muito e os rins começam a excretar a mesma quantidade de Na+ que 
é ingerida, mesmo na presença de aldosterona; 
 FATOR NATRIURÉTICO ATRIAL: 
o Excesso de volume sanguíneo pode distender demais os dois átrios, causando 
liberação e FNA no sangue; este atua aumentando a excreção de sódio e de 
volume nos rins, mas não é um efeito que dura muito tempo; 
 
EXCREÇÃO DA UREIA: 
 A quantidade de ureia formada é variável (ingestão de proteínas); 
 Ela deve ser completamente excretada para evitar acúmulo nos líquidos corporais; 
 Principais fatores que determinam a sua intensidade de excreção: [ureia] no plasma e 
filtração glomerular; 
 O sistema tubular é capaz de concentrar a ureia e impedir eliminação excessiva de água; 
 
REABSORÇÃO E EXCREÇÃO DO POTÁSSIO: 
 O K+ é reabsorvido por co-transporte juntamente com o Na+ no TCP (65%) e no ramo 
espesso ascendente da alça de Henle (27%); 
 Esse íon, por sua vez, precisa ser secretado no TCD para que a quantidade excretada 
seja igual à ingestão diária (homeostase); tanto a hipercalemia quanto a hipocalemia 
podem causar disfunções cardíacas e nervosas; 
o A borda luminal das células principais presentes no epitélio tubular distal é 
muito permeável ao K
+
, então o aumento da [K
+
] na célula (através do 
funcionamento da Na
+
/K
+
 ATPase) promove a rápida difusão de K
+
 para o 
lúmen tubular; 
o Essa secreção é dependente da atuação da bomba Na+/K+ ATPase (que bombeia 
o Na
+
 da célula para o interstício e o K
+
 para o interior da célula) na membrana 
basolateral e da difusão contínua de Na
+
 do lúmen tubular para a célula (quanto 
maior a disponibilidade de Na
+
 no lúmen, maior a secreção de K
+
); 
 A quantidade excretada é regulada pela [K+] no líquido extracelular e pela aldosterona 
(ativa a Na
+
/K
+
 ATPase); 
 
CONTROLE DA CONCENTRAÇÃO DE OUTROS ÍONS 
 Cálcio: 
o 99% do cálcio ficam concentrados nos ossos; 0,9% no líquido intracelular e 
0,1% no líquido extracelular (metade desse cálcio presente nos líquidos está 
ligada a proteínas); 
o Tem padrão de reabsorção semelhante ao do Na+; 
o TCP absorve 70% do que foi filtrado, dependente da reabsorção de Na+ e água; 
o Há grande excreção de cálcio pelas fezes e sua concentração nos ossos é 
regulada pelos hormônios paratireoideanos e pela calcitonina; 
 Fosfato: 
o A excreção de fosfato se dá por um mecanismo de transbordamento; 
o 80% da reabsorção ocorre no TCP juntamente com Na+; 10% ocorre no TCD e 
os 10% são excretados; 
 Magnésio: 
o Esse íon é reabsorvido em todos as porções dos túbulos renais; 
o Quando a concentração de magnésio no líquido extracelular está elevada, são 
excretadas quantidades excessivas desse íon; o contrário também ocorre; 
 
CONTROLE DO pH DOS FLUIDOS CORPORAIS 
 Sistema tampão químico: substâncias que se combinam imediatamente a qualquer ácido 
ou base para evitar alterações bruscas de pH; 
 Sistema respiratório: alterações de pH podem estimular o centro respiratório, alterando 
a frequência respiratória e, com isso, e a taxa de eliminação de CO2; 
 Sistema renal: quando o pH se altera consideravelmente, os rins excretam urina ácida 
(acidose) ou alcalina (alcalose) como forma de compensação; 
 Nos rins, há grande filtração de bicarbonato nos glomérulos (remoção de base) e 
secreção de H
+
 no lúmen tubular (remoção de ácido), prevalecendo o que for mais 
necessário (acidez titulável); 
o Há secreção de H+ em todo o sistema tubular, exceto no ramo delgado da alça de 
Henle; 
o No TCP, no segmento espesso ascendente da alça de Henle e no túbulo distal, o 
H
+
 é secretado por mecanismo de contra-transporte com o Na
+
 (nunca contra um 
gradiente muito elevado de H
+
); 
o No túbulo distal final e no duto coletor, o H+ é secretado por transporte ativo 
primário (5% do total de H
+
 excretado, mas grande capacidade de concentrar); 
 Gás carbônico difunde pela membrana basolateral; 
 CO2 reage com água (anidrase carbônica) e forma ácido carbônico; 
 O H+ do ácido é bombeado (gasto energético) para o lúmen; 
 O bicarbonato formado passa para o interstício ao mesmo em que o Cl- 
entra na célula, esse Cl
-
 será logo depois secretado para o lúmen; 
 CORREÇÃO RENAL NA ACIDOSE: 
o Na acidose, há aumento na proporção entre CO2 e bicarbonato no líquido 
extracelular, elevando a secreção de H
+
 até esta ser consideravelmente maior do 
que a filtração de bicarbonato; 
o Consequentemente, há pouco bicarbonato para reagir com todo o H+ e esse 
excesso combina-se com tampões intratubulares, sendo excretado na urina; 
o O fosfato é um dos principais tampões intratubulares e está bastante concentrado 
no líquido tubular (reabsorção pequena por conta da remoção de água); 
o Outro tampão intratubular importante é a amônia; é sintetizada continuamente 
pelo epitélio tubular (exceto ramo delgado alça) e combina-se com o H
+
 
(diminuição da [NH3] e consequente maior difusão) formando o amônio, 
levando com ele um ânion (Cl
-
); 
 CORREÇÃO RENAL NA ALCALOSE: 
o Na alcalose, há aumento na proporção entre bicarbonato e CO2 no líquido 
extracelular, elevando a filtração de bicarbonato até esta ser consideravelmente 
maior do que secreção de H
+
; 
o Consequentemente, há pouco H+ para reagir com todo o bicarbonato que entra 
nos túbulos e esse excesso passa para a urina e leva cátions (Na
+
) com ele;

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