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INTRODUÇÃO A ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Pra começo de conversa... Prezado(a) Estudante: A Engenharia de Segurança do Trabalho, vem se destacando no mercado corporativo em função da grande demanda de melhoria continua, onde a história efetivou a importância da prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. As organizações que investem em segurança do trabalho conseguem diminuir o seu custo variável, pois a prevenção proporciona a elas, um sistema mais eficaz, sem parada inesperada em função de embargos e ou interdições, custos reduzidos com indenizações trabalhistas, além de proporcionar um ambiente de trabalho mais harmonioso, aumento da produtividade e qualidade de vida de seus colaboradores. Embora os desafios ainda sejam enormes, é fato o avanço que o setor prevencionista vem conquistando, com legislações mais eficientes, conscientização dos colaboradores e apoio das organizações, diminuindo assim, o impacto na previdência e na sociedade. O impacto de um acidente de trabalho, vai muito além dos danos causados ao acidentado. A Família, a sociedade acabam tornando vítimas também deste acidente, que em muitos casos podem acarretar em perda de poder aquisitivo da família, diminuição de leitos hospitalares, entre outros. O Engenheiro de Segurança do Trabalho é o profissional responsável por identificar e analisar situações de riscos e perigos, propondo soluções que visam neutralizar, eliminar ou atenuar os riscos, desta forma, assume um papel importante para garantir a integridade física e psicologia dos trabalhadores. Bom Estudo! Joubert R.S.Júnior Sumário UNIDADE 1 ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO NO CONTEXTO ATUAL Objetivos ● Definir os principais aspectos relacionados com a Engenharia de Segurança do Trabalho ● Apresentar um breve histórico sobre segurança do trabalho ● Definir Prevencionismo Problematizando Baseado nos seus conhecimentos referente a segurança do trabalho, responda as questões que se seguem: 1. Qual a importância da Engenharia de Segurança do Trabalho para a sociedade brasileira. 2. Na sua concepção, levando em consideração o histórico e o crescimento industrial, o número de acidentes e doenças ocupacionais estão diretamente relacionados com a industrialização. 3. Na era atual, onde a indústria 4.0 vem se consolidando, é possível reduzir o número de acidentes utilizando as novas tecnologias. 1.1 Introdução 1.1.1 - Considerações Iniciais A Engenharia de Segurança do Trabalho é a ciência que utiliza de técnicas próprias para promover a prevenção de acidentes no trabalho e doenças ocupacionais, para isto tem como princípio estudar as possíveis causas dos acidentes e de incidentes, além de seus fatores econômicos, humanos e sociais. Podemos dizer que a Engenharia de Segurança no Trabalho proporciona o elo entre o fator humanístico (social) e o racional das demais áreas da engenharia. Traz a preocupação com o ser humano e utiliza das técnicas de engenharia para a prevenção. Figura 1 – Elo entre Engenharia Segurança e demais áreas da engenharia A Engenharia de Segurança no Trabalho atua em conjunto com Medicina do Trabalho na prevenção dos acidentes e doenças ocupacionais. Juntos travam diariamente um combate sistêmico e continuo para garantir a integridade física e mental dos trabalhadores. Figura 2 – Engenharia e Medicina aliadas na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais A Revolução Industrial foi o marco da produção em grande escala, com inserção de máquinas em substituição da mão de obra artesanal, a exposição ao risco ficou mais acentuada, consequentemente o número de acidentes do trabalho aumentaram consideravelmente, sem falar condições de trabalho. Ser humano Engenharia de Segurança do Trabalho Técnicas aplicadas de engenharia Engenharia de Segurança do Trabalho Medicina do Trabalho Integridade do Trabalhador Sem dúvida que a evolução da tecnologia trouxe grandes ganhos para a humanidade, caminhando junto, porém, os riscos apresentam uma ameaça constante para integridade dos profissionais. 1.1.2 - Breve Histórico da Segurança e Saúde do Trabalho A seguir, apresentaremos alguns fatos, adaptados da obra “Introdução à Higiene Ocupacional”, publicada no ano de 2004 pela FUNDACENTRO (Ferreira, 2012): a) Anos 400 (a.C.) a 50, aproximadamente • Identificação de envenenamento por chumbo em mineiros e metalúrgicos, por Hipócrates, em seu clássico “Ares, Águas e Lugares”. • Utilização de bexigas de animais como barreira para reter poeiras e fumos durante a respiração, por Plínio, o Velho, em seu tratado “De História Naturalis”. b) Anos de 1400 a 1500 • Em 1473, houve o reconhecimento do perigo de alguns vapores metálicos e adescrição de envenenamento ocupacional por mercúrio e chumbo, por Ellenborg, com sugestões de medidas preventivas. c) Anos de 1500 a 1800 • No ano de 1556, Georgius Agricola elabora a descrição do processo de mineração, fusão e refino de metais, mencionando doenças e acidentes acontecidos, sugestões para prevenção e a inclusão do uso de ventilação para essas atividades (primeiro livro a abordar a questão de segurança denominado “De Re Metallica”). • Em 1567, Paracelso fez as primeiras descrições sobre doenças respiratórias relativas à atividade de mineração, com maior ênfase na contaminação por Mercúrio. Considerado o Pai da Toxicologia, Paracelso é autor da famosa frase “Todas as substâncias são venenos. É a dose que diferencia o veneno dos remédios”. • O ano de 1700 foi marcado pela publicação da obra “De Morbis Artificium Diatriba”, conhecida também como “Doença dos Artífices”, por Bernardino Ramazzini, a qual apresenta um estudo bastante caracterizado sobre doenças relacionadas ao trabalho, em torno de 50 (cinquenta) profissões da época, inclusive com indicação de precauções nas atividades. Esse é considerado o pai da Medicina Ocupacional, além de ter introduzido a expressão, nas entrevistas médicas (anamnese), “Qual é a sua ocupação?” Figura 3: Obra Ramazzini • Na Inglaterra, no ano de 1775, Percival Lott promoveu a caracterização do câncer do escroto, doença diagnosticada entre os trabalhadores que tinham como tarefa limpar chaminés, cuja causa identificada foi a fuligem e a ausência de higiene. Esse evento resultou na criação do “Ato dos Limpadores de Chaminé de 1788”. d) Anos de 1800 a 1920 • Em 1802, foi criada a “Lei da Saúde e Moral dos Aprendizes”, na Inglaterra, onde foi estabelecido um limite de 12 horas para a jornada diária de trabalho, proibição do trabalho noturno e uso obrigatório de ventilação do ambiente. • Em 1830, foi publicado na Inglaterra um livro sobre doenças ocupacionais por Charles Thackrah e Percival Lott (“Os efeitos das principais atividades, ofícios e profissões, do estado civil e hábitos de vida, na saúde e longevidade, com sugestões para a remoção de muitos dos agentes que produzem doenças e encurtam a duração da vida”). A obra contribuiu para o desenvolvimento da legislação ocupacional. • Em 1833, também na Inglaterra, foi criada a “Lei das Fábricas” que fixava em 13 anos a idade mínima para o trabalho, proibia o trabalho noturno para menores de 18 anos e exigia exames médicos das crianças trabalhadoras. • Em 1835, Benjamin Cready publicou o livro “On the Influence of Trades, Professions, and Occupations in the United States in Production of Disease” (Influência dos Negócios, Profissões e Ocupações na Produção de Doença nos Estados Unidos). • Em 1851, Willian Farr relatou a mortalidade excessiva entre os fabricantes de vasos; impacto das doenças respiratórias e dos óbitos em trabalhadores da mineração na Inglaterra. • Em 1864, a “Lei das Fábricas” (1833) foi ampliada, exigindo processos de ventilação para reduzir danos à saúde. • Em 1869, na Alemanha e em 1877, na Suíça foram instituídas leis que responsabilizavam os empregadores por lesões ocupacionais. • Em 1907, Frederick Winslow Taylor publica a obra “Princípios de Administração Científica”, nos Estados Unidos. Nesse trabalho, Taylor apresentou técnicas, ou mecanismos, como o estudo de tempos e movimentos, a padronização de instrumentos e ferramentas, a padronização de movimentos, conveniência de áreas de planejamento, uso de cartões de instrução, sistema de pagamento de acordo com o desempenho e cálculo de custos. • Em 1910, nos Estados Unidos, Henry Ford utiliza os “Princípios de Produção em Massa” em linhas de montagem, diminuindo assim o tempo de duração dos processos, a quantidade de matéria-‐‑prima estocada e o aumento da capacidade de produção, através de capacitação dos trabalhadores. No ano de 1898, juntamente com investidores, funda a Detroit Automobile Company, que foi fechada mais tarde. Em 1903, Henry Ford funda a Ford Motor Company. Ainda no mesmo ano, houve o reconhecimento das neuroses das telefonistas como doenças profissionais. • Em 1910, Oswaldo Cruz, “o pai das campanhas”, na construção da estrada de ferro Madeira-‐‑Mamoré, realizou estudos e trabalhos sobre as doenças infecciosas relacionadas ao trabalho, como a malária e o amarelão, que tornavam os trabalhadores incapazes e matavam milhares deles. • Em 1911, ocorreu a primeira conferência de doenças industriais nos Estados Unidos. • Assim como se promove a organização do National Safety Council, os primeiros grupos (agências) de higienistas são estabelecidos nos estados de Ohio e Nova York. • Em 1912, durante o 4º Congresso Operário Brasileiro, constituiu-‐‑se a Confederação Brasileirado Trabalho (CBT), a qual teve como finalidade promover um programa de reivindicações operárias, tais como: jornada de trabalho de oito horas, semana de seis dias, construção de casas para operários, indenização para acidentes de trabalho, limitação da jornada de trabalho para mulheres e crianças (menores de quatorze anos), contratos coletivos (na época, individuais), obrigatoriedade de pagamento de seguro para os casos de doenças e velhice, estabelecimento de um salário mínimo, reforma de tributos públicos e exigência de instrução primária. • Entre os anos de 1914 e 1919, após o término da Primeira Guerra Mundial, foi criada, pela Conferência de Paz, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), convertida na Parte XIII do “Tratado de Versalhes”. • Em 1914, nos Estados Unidos, o serviço de saúde pública (USPHS) organiza a divisão de higiene industrial. • Em 1918, o presidente do Brasil Wenceslau Braz Gomes cria, através do Decreto nº 3.550, o Departamento Nacional do Trabalho, com o intuito de regulamentar a organização do trabalho. • Em 1919, com o Decreto Legislativo nº 3.724, foi instituída a reparação em caso de doença contraída pelo exercício do trabalho. O Decreto é conhecido como a primeira lei sobre acidentes de trabalho. • Em 1920, com a reforma “Carlos Chagas”, a higiene do trabalho incorpora-‐‑se ao âmbito da saúde pública através do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores. • Em 1925, Drª Alice Hamilton, médica americana, publicou “Venenos Industriais nos Estados Unidos” e, em 1934, “Toxicologia Industrial”. e) Anos de 1921 a 1950 • Em 1922, a Universidade de Harvard cria o curso de graduação em Higiene Industrial. • Em 1923, o presidente do Brasil Arthur Bernardes cria o Conselho Nacional do Trabalho, pelo Decreto n° 16.027. • Em 1923, cria-‐‑se a Inspetoria de Higiene Industrial e Profissional junto ao Departamento Nacional de Saúde, no Ministério da Justiça e Negócios Interiores. • No ano de 1930, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio é criado via Decreto n° 19.433, assinado pelo presidente Getúlio Vargas. O Ministério assumia as questões de saúde ocupacional e era coordenado pelo Ministro Lindolfo Leopoldo Boeckel Collor, empossado na ocasião. • Em 1934, com o Decreto Legislativo nº 24.637, é criada a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho, ampliando-‐‑se assim, o conceito de doença profissional. Tal decreto é considerado a segunda lei de acidentes do trabalho. • Em 1938, a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho (Decreto nº 24.637) se transforma em Serviço de Higiene do Trabalho passando, em 1942, a denominar-‐‑se Divisão de Higiene e Segurança do Trabalho. • Em 1938, nos Estados Unidos, foi fundada a ACGIH, na época chamada de National Conference Governmental Industrial Hygienists • Em 1939, também nos EUA, é fundada a AIHA (American Industrial Hygiene Association). A ASA (American Standard Association, atualmente ANSI) e a ACGIH publicam a primeira lista de “Concentrações Máximas Permissíveis” (MAC’s) para substâncias químicas presentes nas indústrias. • Entre os anos de 1939 e 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, foram desenvolvidos programas de higiene para manter a capacidade produtiva da indústria, até então com atenção voltada somente para a indústria bélica e operada por mulheres. • Em 1943, a ACGIH publicou os “Primeiros Limites Máximos Permissíveis”, que em 1948, passaram a ser chamados de “Limites de Tolerância TLV®” (Threshold Limit Value). • Em 1943, no Brasil, com o Decreto-‐‑lei nº 5.452, de 1º de maio, entra em vigor a “Consolidação das Leis do Trabalho” (CLT), com capítulo referente à Higiene e Segurança do Trabalho. • Em 1944 é incluída a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) na Legislação Brasileira pelo Decreto nº 7036/44, conhecido como “Lei de Acidentes de Trabalho de 1944”. • Em 1947 é fundada a International Organization for Standardization (ISO), em português, Organização Internacional de Normatização. • Em 1948 é criada a Organização Mundial da Saúde (OMS) com políticas voltadas também à saúde dos trabalhadores. • Em 1949 é criada a Ergonomic Research Society f) Anos de 1950 a 2000 • Em 1953, a Portaria nº 155 regulamenta as ações da CIPA. • Em 1953 é publicada a Recomendação nº 97 da OIT sobre “Proteção da Saúde dos Trabalhadores”. • Em 1956, o governo brasileiro aprova por Decreto Legislativo a Convenção nº 81 – Fiscalização do Trabalho, da OIT. • Le Guillant publica a obra “A Neurose das Telefonistas – Síndrome Geral de Fadiga Nervosa”, em 1956. • Em 1957, em conferência da OIT, foram estabelecidos os objetivos e o âmbito de atuação da saúde ocupacional. • Em1959, na Conferência Internacional do Trabalho, é aprovada a Recomendação nº 112 que trata dos Serviços de Medicina do Trabalho. • Em 1960, o Sistema Toyota de Produção (produção enxuta), conhecido como Toyotismo, é consolidado como filosofia de produção. Caracterizado por funcionar de maneira oposta ao Fordismo, tinha como princípios o mínimo de estoque e a produção do bem realizada de acordo com a demanda no tempo. A flexibilização deste modelo ficou conhecida como Just in Time • Em 1966, através da Lei nº 5.161, é criada no Brasil a Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO), com o objetivo de realizar estudos, análises e pesquisas relativas à higiene e à medicina ocupacional. Atualmente, é denominada de Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho (alterado no ano de 1978). • Nos Estados Unidos, em 1970, é criada a OSHA (Occupational Safety and Health Administration) como agência integrante do Departamento do Trabalho e o NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health), como parte do Departamento de Saúde e Serviços Públicos. Coube a OSHA a responsabilidade do estabelecimento de padrões e ao NIOSH, realizar o desenvolvimento de pesquisas e fornecer recomendações de padrões à OSHA. • No mesmo ano, a OSHA estabeleceu os primeiros padrões conhecidos como PEL ( Permissible Exposure Limit) e o Brasil foi considerado o país onde ocorria o maior número de acidentes de trabalho no mundo. • Em 1977, no Brasil, a Lei nº 6.514 altera o Capítulo V da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), agora relativo à segurança e medicina do trabalho. • No ano de 1978, no Brasil, através da Portaria nº 3.214 de 08/06/1978, aprovou as Normas Regulamentadoras (NR) do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à segurança e medicina do trabalho. Nesse mesmo ano, foram aprovadas outras 28 (vinte e oito) NR, as quais sofreram várias alterações ao longo dos anos. • Em 1987, a Norma de Certificação ISO 9000 é publicada pela International Organization for Standardization, com a finalidade de estabelecer uma estrutura-‐‑modelo de gestão de qualidade baseado em normas técnicas, para empresas e organizações empresariais. • Em 1988, é promulgada a Constituição Federal do Brasil e são criadas as Normas Regulamentadoras Rurais (NRR). • Em 1988, a OIT publica a Convenção nº 167 – Segurança e Saúde na Construção. Essa convenção é aplicada a qualquer atividade econômica relacionada à construção, como: edificações, obras públicas, trabalhos em montagem, desmontagem e, até mesmo, operação e transporte nas obras. • No Brasil, em 1989, o Decreto Legislativo nº 51 aprova a Convenção nº 162 – Asbesto, aplicada a todas as atividades econômicas onde ocorra a exposição dos trabalhadores ao asbesto. • Em 1995, a OIT publica a Convenção nº 176 – Segurança e Saúde na Mineração, aplicada às minas, incluindo os locais onde estão presentes as atividades de exploração e extração de minerais. Assim também o Brasil, através do Decreto nº 67, aprova a Convenção nº 170 – Segurança na Utilização de Produtos Químicos, da OIT publicada em 1990, com campo de aplicação a todas as indústrias, cujas atividades econômicas baseiam-‐‑se na utilização de produtos químicos. • Em 1996, a Norma de Certificação ISO 14000 é publicada pela International Organization for Standardization, cujo objetivo é estabelecer um conjunto de diretrizes, dividida em comitês e subcomitês de criação, para sistemas de gestão ambiental direcionada a empresas e organizações. • Nesse mesmo ano, a British Standards, órgão britânico de elaboração de normas técnicas, publica a BS 8800 – Occupational Health and Safety Management Systems, norma que apresenta requisitos para implantação de um sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho para empresas e organizações. • Em 1997, na Portaria SSST nº 53, foi publicada a NR 29 que trata da Segurança e Saúde no Trabalho Portuário (alterada em 1998, 2002 e 2006). • Em 1999, o Governo brasileiro aprova por Decreto Legislativo a Convenção nº 182 – Piores Formas de Trabalho Infantil e a Ação Imediata para a sua Eliminação, da OIT. g) Anos 2000 até os dias atuais • Em 2000, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) publica as normas de gestão de qualidade de processo (ISO 9000). • No ano de 2001, o Brasil aprovou pelo Decreto Legislativo nº 246, a Convenção nº 174 – Prevenção de Acidentes Industriais Maiores, da OIT, aplicada a instalações sujeitas a riscos de acidentes maiores. Com exceção de instalações nucleares, usinas que processam substâncias radioativas e instalações militares. • Em 2002, através da Portaria SIT nº 34, foi publicada a NR 30 que trata daSegurança e Saúde no Trabalho Aquaviário (alterada em 2007 e 2008). • Em 2005, através da Portaria TEM nº 86, foi publicada a NR 31 que trata da Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura (modificada em 2011). • Em 2005, a Portaria GM nº 485 publica a NR 32 que trata da Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde (modificada em 2008 e 2011). • Em 2006, o Ministério do Trabalho e Emprego publica, através da Portaria GM nº 202, NR 33 – Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados. • Em 2010, o Ministério do Trabalho e Emprego publica, pela Portaria SIT nº 197, uma nova NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos, atualizados e com referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a integridade física e a saúde dos trabalhadores. • Em 2011, o Ministério do Trabalho publica, através da Portaria SIT nº 200, a NR 34 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval. • Em 2012, o Ministério do Trabalho publica a Portaria nº 313, a NR 35 – Trabalho em Altura. • Em 2012, o MTE publica uma nova NR 20. • Em 2013, o Ministério do Trabalho publica a Portaria nº 555, a NR 36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados. 1.1.3 - Prevencionismo. O estudo das causas de um acidente trabalho, é descrito pelo termo “Prevenção”, onde são descritos metodologias, procedimentos e soluções de engenharia para diminuir a probabilidade de acontecimentos de novos acidentes, sempre tomando como base acidentes já ocorridos. Já o termo Prevencionismo, possui uma magnitude mais ampla, estuda os ambientes de trabalho associado ao comportamento humano e social, no intuito de neutralizar os incidentes e acidentes de trabalho. Ao decorrer dos anos o prevencionismo tem fixado conceitos e métodos visando atuar na reparação de danos e na antecipação de soluções para evitar os acidentes e as doenças ocupacionais. A preocupação vai além das paredes das fabricas e de outros estabelecimentos, entra no âmbito social e ambiental. O prevencionismo moderno trabalha na prevenção global, ou seja: a) Garantir a integridade física e psicológica dos trabalhadores; b) Na preservação do Meio Ambiente, pois sabe que os trabalhadores dependem diretamente do ambiente saudável; c) E atua na sociedade, pois o trabalhador está inserido nele. Figura 4: Aspectos Prevencionista Trabalhador Meio Ambiente Sociedade UNIDADE 2 Atribuições Profissionais do Engenheiro de Segurança do Trabalho Objetivos ● Apresentar a legislação que rege a profissão do Engenheiro de Segurança do Trabalho ● Descrever as atividades correlacionadas com a Engenharia de Segurança do Trabalho Problematizando Baseado nos seus conhecimentos referente a segurança do trabalho, responda as questões que se seguem: 1. Na sua opinião o Engenheiro de Segurança do Trabalho pode ser responsabilizado criminalmente por um acidente de trabalho. 2. O Engenheiro de Segurança do Trabalho recebe a atribuição de trabalhos (projetos, execução, etc) relacionados com combate a incêndios O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – CONFEA é quem determina as atribuições de todos os cursos de Engenharia no Brasil. Fonte: www.sxc.hu As atribuições do Engenheiro de Segurança do Trabalho foram estabelecidas pela Resolução 359 de 31 de Julho de 1991. Abaixo segue a resolução: RESOLUÇÃO Nº 359, DE 31 JUL 1991. Dispõe sobre o exercício profissional, o registro e as atividades do Engenheiro de Segurança do Trabalho e dá outras providências. O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 27, alínea "f", da Lei nº 5.194, de 24 DEZ 1966, CONSIDERANDO que a Lei nº 7.410/85 veio excepcionar a legislação anterior que regulou os cursos de especialização e seus objetivos, tanto que o seu Art. 6º revogou as disposições em contrário; CONSIDERANDO a aprovação, pelo Conselho Federal de Educação, do currículo básico do curso de Engenharia de Segurança do Trabalho -‐ Parecer nº 19/87; CONSIDERANDO, ainda, que tal Parecer nº 19/87 é expresso em ressaltar que "deve a Engenharia da Segurança do Trabalho voltar-‐se principalmente para a proteção do trabalhador em todas as unidades laborais, no que se refere à questão de segurança, inclusive higiene do trabalho, sem interferência específica nas competências legais e técnicas estabelecidas para as diversas modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia"; CONSIDERANDO, ainda, que o mesmo Parecer concluiu por fixar um currículo básico único e uniforme para após-‐graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, independentemente da modalidade do curso de graduação concluído pelos profissionais engenheiros e arquitetos; CONSIDERANDO que a Lei nº 7.410/85 faculta a todos os titulados como Engenheiro a faculdade de se habilitarem como Engenheiros de Segurança do Trabalho, estando, portanto, amparados inclusive os Engenheiros da área de Agronomia; CONSIDERANDO, por fim, a manifestação da Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho, prevista no Art. 4º do Decreto nº 92.530/86, pela qual "a Engenharia de Segurança do Trabalho visa à prevenção de riscos nas atividades de trabalho com vistas à defesa da integridade da pessoa humana", RESOLVE: Art. 1º -‐ O exercício da especialização de Engenheiro de Segurança do Trabalho é permitido, exclusivamente: I -‐ ao Engenheiro ou Arquiteto, portador de certificado de conclusão de curso de especialização, a nível de pós-‐graduação, em Engenharia de Segurança do Trabalho; II -‐ ao portador de certificado de curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, realizado em caráter prioritário pelo Ministério do Trabalho; III -‐ ao portador de registro de Engenharia de Segurança do Trabalho, expedido pelo Ministério do Trabalho, dentro de 180 (cento e oitenta) dias da extinção do curso referido no item anterior. Parágrafo único -‐ A expressão Engenheiro é específica e abrange o universo sujeito à fiscalização do CONFEA, compreendido entre os artigos 2º e 22, inclusive, da Resolucão nº 218/73. Art. 2º -‐ Os Conselhos Regionais concederão o Registro dos Engenheiros de Segurança do Trabalho, procedendo à anotação nas carteiras profissionais já expedidas. Art. 3º -‐ Para o registro, só serão aceitos certificados de cursos de pós-‐graduação acompanhados do currículo cumprido, de conformidade com o Parecer nº 19/87, do Conselho Federal de Educação. Art. 4º -‐ As atividades dos Engenheiros e Arquitetos, na especialidade de Engenharia de Segurança do Trabalho, são as seguintes: 1 -‐ Supervisionar, coordenar e orientar tecnicamente os serviços de Engenharia de Segurança do Trabalho; 2 -‐ Estudar as condições de segurança dos locais de trabalho e das instalações e equipamentos, com vistas especialmente aos problemas de controle de risco, controle de poluição, higiene do trabalho, ergonomia, proteção contra incêndio e saneamento; 3 -‐ Planejar e desenvolver a implantação de técnicas relativas a gerenciamento e controle de riscos; 4 -‐ Vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir parecer, laudos técnicos e indicar medidas de controle sobre grau de exposição a agentes agressivos de riscos físicos, químicos e biológicos, tais como poluentes atmosféricos, ruídos, calor, radiação em geral e pressões anormais, caracterizando as atividades, operações e locais insalubres e perigosos; 5 -‐ Analisar riscos, acidentes e falhas, investigando causas, propondo medidas preventivas e corretivas e orientando trabalhos estatísticos, inclusive com respeito a custo; 6 -‐ Propor políticas, programas, normas e regulamentos de Segurança do Trabalho, zelando pela sua observância; 7 -‐ Elaborar projetos de sistemas de segurança e assessorar a elaboração de projetos de obras, instalação e equipamentos, opinando do ponto de vista da Engenharia de Segurança; 8 -‐ Estudar instalações, máquinas e equipamentos, identificando seus pontos de risco e projetando dispositivos de segurança; 9 -‐ Projetar sistemas de proteção contra incêndios, coordenar atividades de combate a incêndio e de salvamento e elaborar planos para emergência e catástrofes; 10 -‐ Inspecionar locais de trabalho no que se relaciona com a segurança do Trabalho, delimitando áreas de periculosidade; 11 -‐ Especificar, controlar e fiscalizar sistemas de proteção coletiva e equipamentos de segurança, inclusive os de proteção individual e os de proteção contra incêndio, assegurando-‐ se de sua qualidade e eficiência; 12 -‐ Opinar e participar da especificação para aquisição de substâncias e equipamentos cuja manipulação, armazenamento, transporte ou funcionamento possam apresentar riscos, acompanhando o controle do recebimento e da expedição; 13 -‐ Elaborar planos destinados a criar e desenvolver a prevenção de acidentes, promovendo a instalação de comissões e assessorando-‐lhes o funcionamento; 14 -‐ Orientar o treinamento específico de Segurança do Trabalho e assessorar a elaboração de programas de treinamento geral, no que diz respeito à Segurança do Trabalho; 15 -‐ Acompanhar a execução de obras e serviços decorrentes da adoção de medidas de segurança, quando a complexidade dos trabalhos a executar assim o exigir; 16 -‐ Colaborar na fixaçãode requisitos de aptidão para o exercício de funções, apontando os riscos decorrentes desses exercícios; 17 -‐ Propor medidas preventivas no campo da Segurança do Trabalho, em face do conhecimento da natureza e gravidade das lesões provenientes do acidente de trabalho, incluídas as doenças do trabalho; 18 -‐ Informar aos trabalhadores e à comunidade, diretamente ou por meio de seus representantes, as condições que possam trazer danos a sua integridade e as medidas que eliminam ou atenuam estes riscos e que deverão ser tomadas. Art. 5º -‐ A presente Resolução entrará em vigor na data de sua publicação. Art. 6º -‐ Revogam-‐se as Resoluções 325, de 27 NOV 1987, e 329, de 31 MAR 1989, e as disposições em contrário. A Resolução 1010 através de seu anexo informa os campos de atuação do Engenheiro de Segurança do Trabalho, conforme descrito na tabela 1: Tabela 1: Campos de atuação do Engenheiro de Segurança do Trabalho CAMPO DE ATUAÇÃO DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DOTRABALHO (Baseado na Resolução 1010) SETORES Supervisionar, coordenar e orientar tecnicamente os serviços de Engenharia de Segurança do Trabalho Estudar as condições de segurança dos locais de trabalho e das instalações, maquinas e equipamentos, com vistas especialmente aos problemas de controle de risco, controle de poluição, riscos ambientais, ergonomia, sistemas de proteção contra incêndio, explosões e saneamento. Planejar e desenvolver a implantação de técnicas relativas a gerenciamento e controle de riscos. Vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir parecer, laudos técnicos e indicar medidas de controle sobre grau de exposição a agentes agressivos de resíduos (sólidos, líquidos e gasosos), riscos físicos, químicos e biológicos, tais como poluentes atmosféricos, ruídos, calor, radiação em geral e pressões anormais, caracterizando as atividades, operações e locais insalubres e perigosos . Analisar riscos, acidentes e falhas, investigando causas, propondo medidas preventivas e ou corretivas, orientando trabalhos estatísticos, inclusive com respeito a custo. Propor políticas, programas, normas e regulamentos de Segurança e saúde no Trabalho, zelando pela sua observância. Elaborar projetos de sistemas de segurança e assessorar a elaboração de projetos de obras, instalação e equipamentos, opinando do ponto de vista da Engenharia de Segurança do Trabalho. Estudar instalações, máquinas e equipamentos, identificando seus pontos de risco e projetando dispositivos de proteção coletiva. Projetar sistemas de proteção contra incêndios, coordenar atividades de combate a incêndio e de salvamento e elaborar planos para emergência e catástrofes. Inspecionar locais de trabalho no que se relaciona com os ambientes de trabalho, delimitando áreas e zonas de risco. Especificar, controlar e fiscalizar sistemas de proteção coletiva e equipamentos de segurança, inclusive os de proteção individual e os de proteção contra incêndio, assegurando-se de sua qualidade e eficácia Opinar e participar da especificação para aquisição de substâncias e equipamentos cuja manipulação, armazenamento, transporte ou funcionamento possam apresentar riscos, acompanhando o controle do recebimento e da expedição Elaborar planos, projeto e programas destinados a criar e desenvolver a prevenção de acidentes. Elaborar programas de treinamento geral para capacitar o trabalhador no que diz respeito às condições nos locais de trabalho. Acompanhar a execução de obras e serviços decorrentes da adoção de medidas de segurança, quando a complexidade dos trabalhos a executar assim o exigir. Colaborar na fixação de requisitos de aptidão para o exercício de funções, apontando os riscos decorrentes desses exercícios. Propor medidas preventivas de modo a evitara expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente, informando aos trabalhadores e à comunidade, diretamente ou por meio de seus representantes, as condições que possam trazer danos a sua integridade e as medidas que eliminam ou atenuam estes riscos e que deverão ser tomadas. Elaborar relatório de impacto vizinhança ambiental - RIVA Elaborar e executar programa de condições e meio ambiente do trabalho na indústria da construção - PCMAT, previsto na NR 18. Elaborar e executar programa de prevenção de riscos ambientais –PPRA, previsto na NR 9 Elaborar e executar programa de conservação auditiva Elaborar análise de avaliação ergonômica, previsto na NR 17 Elaborar programa de proteção respiratória, previsto na NR 6 Elaborar e executar programa de prevenção da exposição nos locais de trabalho ao benzeno – PPEOB, previsto na NR 15. Elaborar laudo técnico das condições ambientais nos locais de trabalho – LTCAT Elaborar medidas técnicas para trabalho em espaços confinados, previsto na NR 33 Elaborar e executar analise de riscos, como Análise Preliminar de Riscos - APR, Árvore de Falhas -AF e outras. Elaborar e executar o programa de gerenciamento de riscos nos locais de trabalho – PGR, previsto na NR 22 Estudar e analisar as condições de vulnerabilidade das instalações e equipamentos (HAZOP) OBS.: Parte da Resolução 1010 encontra-se suspensa. Fonte: Confea UNIDADE 3 Conceitos Básicos Objetivos ● Conceituar “acidente e incidentes de trabalho” ● Discutir sobre as causas de acidentes e doenças ocupacionais. Problematizando Baseado nos seus conhecimentos referente a segurança do trabalho, responda as questões que se seguem: 1. Na sua opinião porque na construção civil existe uma resistência maior na implantação de um sistema de gestão de segurança. 2. A visão holística sobre segurança do trabalho pode ser considerada um avanço na prevenção de acidentes. Justifique. 3.1– Acidente do Trabalho De acordo com a Lei 8.213, de 24/07/1991 é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade do trabalho.O Acidente do Trabalho pode levar a lesões graves e até mesmo à morte, causando sofrimento para o trabalhador e sua família. Os acidentes de trabalho têm reflexos Nota: A abordagem holística da segurança do trabalho descreve que o acidente não tem uma única e exclusiva origem. Informa que o acidente foi gerado pela interação simultânea de diversos fatores: físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais, onde um desencadeou o outro. sociais, ambientais, econômicos e políticos para toda a sociedade e para todos os países envolvidos (MATTOS, et al.,2011). Fonte: grosman.adv.br Fonte: cdlvca.com Fonte: epi-‐tuiuti.com.br Fonte: notícias.a7engenharia.com.br 3.2 – Equipara-‐‑se com o Acidente do Trabalho: è Item 1: o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para a redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para sua recuperação; è Item 2: a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade por exemplo: A AIDS adquirida por profissional de saúde ao manipular instrumento com sangue ou outro produto derivado contaminado. è Item 3: acidentes ocorridos nos períodos destinados à refeição ou ao descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local de trabalho ou durante este, pois o empregado é considerado no exercício do trabalho. è Item 4: o acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhorar capacitação da mão-‐‑de-‐‑obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; e d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado; è Item 5: o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência (excesso de confiança), de negligência (falta de atenção) ou de imperícia (inabilitação) de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão, por exemplo, o louco; e e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos (quedas de raios) ou decorrentes de força maior (enchentes); 3.3 – Principais Causas dos Acidentes Inúmeros fatores contribuem para a ocorrência de acidentes e doenças nos locais de trabalho, sendo causados por uma série de fatores internos e externos, que de forma direta ou indireta acarretam em acidentes ou doenças ocupacionais. Geralmente, adotam-‐‑se concepções simples e erradas para aquilo que causou os acidentes ou doenças, buscando-‐‑se, desta forma, o consolo para os infortúnios através da alegação de que foi coisa do destino, má sorte, obra do acaso, castigo de Deus. Na verdade, todos os acidentes podem ser evitados se providências forem adotadas com antecedência e de maneira compromissada e responsável. Estudos nacionais e internacionais destacam que a maioria dos acidentes e doenças decorrentes do trabalho ocorre, principalmente, por: a) Falta de Planejamento: O não planejamento de uma atividade muitas vezes leva ao improviso e ou adaptações que colocam em risco a integridade dos profissionais. Figura 5 – Falta de Planejamento - Fonte: cbnsantos.com.br b) Descumprimento da Legislação: A não observância da legislação e normas técnicas acelera e aumenta a probabilidade de ocorrência de um acidente e ou uma doença ocupacional. Infelizmente ainda existe no país uma tendência de burlar a legislação. Figura 6: Normas e legislação c) Desconhecimento dos Riscos no local de trabalho: Perante a legislação brasileira é obrigação da empresa informar os riscos que o trabalhador está exposto, item da NR-‐‑01. A empresa deverá informar sobre os riscos e capacitar o trabalhador para atividade que o mesmo irá exercer. O conhecimento prévio e treinamentos eficazes são ferramentas importantes na prevenção de acidentes. Figura 07: Riscos ocupacionais - Fonte:amconstrucaolocadora.blogspot.com d) Falta de Ordem deServiço e Procedimentos: A Ordem de Serviço é o documento que informa qual serviço deverá ser executado e quais os cuidados e procedimentos deverão ser seguidos. Em geral temos a ordem de serviço determina na NR-‐‑01, onde os principais riscos da atividade do profissional são identificados, e a ordem de serviço operacional, utilizada para designar uma determinada tarefa especifica para os trabalhadores. e) Falta de limpeza, arrumação no local de trabalho: Um ambiente com excesso de sujeira, com leiaute inadequado, objetos obsoletos, além de contribuir para um acidente e doenças ocupacionais tende a tornar o local desagradável, causando desinteresse dos profissionais pela instituição. Figura 08: Local inadequado - Fonte:dicasmaonaroda.com.br O programa 5S é um aliado importante na prevenção de acidentes do trabalho. f) Utilização de Drogas no ambiente de trabalho: A utilização de drogas no ambiente de trabalho infelizmente é uma realidade. Na construção civil o álcool é uma das principais causas de incidentes e acidentes. A dificuldade na fiscalização torna a situação mais agravante ainda. Muitos trabalhadores já chegam alcoolizados, outros aproveitam o horário do almoço para cair nas armadilhas da droga. DICA: Que tal pesquisar um pouco sobre o programa 5S!!! Figura 09: Drogas no ambiente de trabalho - Fonte:ciaserv.com.br O alcoolismo é uma doença, portanto cuidados especiais devem ser desprendidos no intuito de auxiliar o trabalhador. g) Sinalização deficiente: A sinalização é um tipo de proteção coletiva. Uma sinalização eficiente pode prevenir um acidente. A falta da sinalização contribui de forma significativa para atos de imprudência que geram acidentes graves. DICA: Que tal pesquisar um pouco mais!! Segue a dica: http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=12&Cod=150 http://equipedeobra.pini.com.br/construcao-‐reforma/11/artigo51221-‐1.aspx http://fetraconspar.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2 3422:drogas-‐ja-‐respondem-‐por-‐20-‐dos-‐ A sinalização exerce um papel de destaque na prevenção de acidente, a mesma é referenciada nas diversas Normas Regulamentadoras e tem a NR-‐‑26 como a normativa especifica. h) Pratica do improviso e ferramental inadequado: Vários acidentes de trabalhos ocorrem diariamente em função da improvisação e da utilização de ferramental inadequado. Figura 10: Sinalização de Segurança Figura 11: Improvisações i) Utilização de instalações elétricas e máquinas precárias: As instalações elétricas é uma das principais causas de acidentes com morte no Brasil. Instalações improvisadas, antigas, instaladas sem o cumprimento de requisitos técnicos faz da eletricidade uma fonte perigo constante. Figura 12: Instalações elétricas inadequadas O uso de máquinas inadequadas, sem proteções é responsável por um número muito alto de mutilações, principalmente com as mãos. Figura 13: Máquinas com proteções ineficientes As Normas Regulamentadoras de número 10 e 12 são grandes aliadas na prevenção de acidentes relacionados eletricidade e máquinas. As ponderações acima aliadas a negligência, imprudência e imperícia faz do ambiente de trabalho uma constante ameaça à integridade dos trabalhadores. NR-‐ 10 NR-‐ 12 Negligência: Ato de omitir determinada situação, por motivo de desatenção, preguiça, indiferença ou desleixo, quando poderia agir com as devidas cautelas. Exemplo: empregado ou empregador que não cumpre com as normas; Imprudência: É o ato de agir sem a devida cautela e sensatez, colocando em risco outras pessoas ou a si próprio. Exemplo. Motorista que circula acima da velocidade permitida; Imperícia: É o ato de agir sem aptidão teórica e pratica necessária para realização de determinada atividade. Podendo também ser definida, como a negligência e imprudência, vinculada a uma determinada profissão. Exemplo: O empregado que exerce a função de motorista sem a CNH, assim como o empregado que exerce a função de eletricista sem a devida qualificação exigida pela NR-‐10. 3.4 – Impactos dos Acidentes de Trabalho Sob todos os aspectos em que possam ser analisados, os acidentes e doenças decorrentes do trabalho apresentam fatores extremamente negativos para a empresa, para o trabalhador acidentado e para a sociedade. Anualmente, as altas taxas de acidentes e doenças registradas pelas estatísticas oficiais expõem os elevados custos e prejuízos humanos, sociais e econômicos que custam muito para o País, considerando apenas os dados do trabalho formal. Portanto, o acidente de trabalho tem impacto direto para: Figura 14: Impactos do acidente de trabalho a) Trabalhadores: As estatísticas da Previdência Social, que registram os acidentes e doenças decorrentes do trabalho, revelam uma enorme quantidade de pessoas prematuramente mortas ou incapacitadas para o trabalho. Trabalhador Industria Sociedade Os trabalhadores que sobrevivema esses infortúnios são também atingidos por danos que se materializam em: Figura 15: Fluxo do dano aos trabalhadores b) Empresa/Industria: As empresas são fortemente atingidas pelas consequências dos acidentes e doenças, em função do alto custo que proporcionado pelo acidente. O custo total de um acidente é dado pela soma de duas parcelas: uma refere-‐‑se ao custo direto (ou custo segurado), a exemplo do recolhimento mensal feito à Previdência Social, para pagamento do seguro contra acidentes do trabalho, visando a garantir uma das modalidades de benefícios estabelecidos na legislação previdenciária. A outra parcela refere-‐‑se ao custo indireto (custo não segurado). Estudos informam Depressão e traumas Desamparo a familia Diminuição do poder aquisitivo dependência de terceiros sofrimento físico e mental que a relação entre os custos segurados e os não segurados é de 1 para 4, ou seja, para cada real gasto com os custos segurados, são gastos 4 com os custos não segurados Os custos não segurados impactam principalmente: Figura 16: Fluxo do impactos as empresas c) Sociedade As estatísticas informam que os acidentes atingem, principalmente, pessoas na faixa etária dos 20 aos 30 anos, justamente quando estão em plena condição física. Muitas vezes, esses jovens trabalhadores, que sustentam suas famílias com seu trabalho, desfalcam as empresas e oneram a sociedade, pois passam a necessitar de: salario dos 15 primeiros dias após o acidente trasporte e assistência médica de urgencia. paralisação da máquina ou setor onde ocorreu o acidente Interrupção da produção Comoção coletiva dos demais trabalhadores, diminuindo a produtividade Prejuizos a imagem da empresa Destruição de máquina,veiculo, insumos Embargos e interdições Atrasos no cronograma de produção e entrega Despesas com recrutamento e treinamento para o profissional substituto Sujeito a multas e indenizações trabalhistas Figura 17: Fluxo do impacto a sociedade Consequentemente, prejudica o desenvolvimento do País, provocando: Figura 18: Consequência para sociedade socorro e medicação de urgência; intervenções cirúrgicas; mais leitos nos hospitais; maior apoio da família e da comunidade; benefícios previdenciários. aumento da taxação securitária aumento de impostos e taxas redução da população economicamente ativa É importante ressaltar que, apesar de todos os cálculos, o valor da vida humana não pode ser matematizado, sendo o mais importante no estudo, o conjunto de benefícios que a EMPRESA consegue com a adoção de boas práticas de Saúde e Segurança no Trabalho, pois, além de prevenir acidentes e doenças, está vacinada contra os imprevistos acidentários, reduz os custos, zela pela imagem da empresa e contribui para o crescimento do país. 3.5 – Doença Ocupacional Podemos descrever a doença ocupacional como toda moléstia causada pelo trabalho ou pelas condições do ambiente em que ele é executado e que com ele relacione diretamente (BARSANO, 2012). Como exemplo: O trabalho num local com muito ruído e sem a proteção recomendada pode levar ao aparecimento de uma surdez. Neste caso, necessita-‐‑se comprovar a relação de causa e efeito entre o trabalho e a doença, ou ainda, O trabalho com manipulação de areia, sem a devida proteção, pode levar ao aparecimento de uma doença chamada silicose. Chega às vezes a demorar mais de 20 anos para que os trabalhadores envolvidos sintam a necessidade reclamar os sintomas, dificultando assim os trabalhos de conscientização e prevenção efetuados pelos profissionais da área de segurança do trabalho.(BERSANO, 2012). Abaixo segue algumas doenças ocupacionais conforme definição de BERSANO, 2012: a) Abestose: Doença ocupacional de origem respiratória, normalmente relacionado com a exposição do trabalhador ao amianto. b) Silicose: A longa exposição, sem proteção adequada, a poeiras de sílica, oriundas por exemplo de processos jateamento de areia, em lixamento de peças cerâmicas, na britagem de pedras, corte e polimento de granito podem causar a doença. Normalmente leva a fribose pulmonar. c) Hidrargirismo: Doença ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, sem nenhuma proteção adequada, ao mercúrio. d) Elaioconiose: Doença ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, sem nenhuma proteção adequada, a óleos e graxas. e) Pulmão Negro: Doença ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, durante anos, sem nenhuma proteção adequada, ao minério de carvão. Não são considerados doenças ocupacionais: è Doenças degenerativas, exemplo: diabetes; è Inerente ao grupo etário, exemplo: reumatismo; è Doenças Endêmicas: a exemplo da malária, adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é Na disciplina de Doenças Ocupacionais os conceitos serão intensificados, além do estudo de várias outras doenças. resultante de
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