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CASO 3 O Ministério Público Federal ajuizou Ação Civil Pública em face do INSS, visando obrigar a autarquia a emitir aos segurados certidão parcial de tempo de serviço, com base nos direitos constitucionalmente assegurados de petição e de obtenção de certidão em repartições públicas (CF, art. 5º, XXXIV, b). O INSS alega, por sua vez, que o Decreto 3.048/99, em seu art. 130, justifica a recusa. Sustenta, ainda, que a Ação Civil Pública não seria a via adequada para a defesa de um direito individual homogêneo, além de sua utilização consubstanciar usurpação da competência do STF para conhecer, em abstrato, da constitucionalidade dos atos normativos brasileiros. Como deverá ser decidida a ação? DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. SEGURADOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CERTIDÃO PARCIAL DE TEMPO DE SERVIÇO. RECUSA DA AUTARQUIA PREVIDENCIÁRIA. DIREITO DE PETIÇÃO E DIREITO DE OBTENÇÃO DE CERTIDÃO EM REPARTIÇÕES PÚBLICAS. PRERROGATIVAS JURÍDICAS DE ÍNDOLE EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE RELEVANTE INTERESSE SOCIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMAÇÃO ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. DOUTRINA. PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO IMPROVIDO. O presente recurso extraordinário foi interposto contra decisão, que, proferida pelo E. Tribunal Regional Federal/4ª Região, acha-se consubstanciada em acórdão assim ementado (fls. 428/429): "PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. DIREITO À CERTIDÃO PARCIAL DE TEMPO DE SERVIÇO. ART. 130, II, ''A'', DO DECRETO Nº 3.048/99. NULIDADE. COISA JULGADA. EFEITOS. 1. O Ministério Público Federal tem legitimidade para ajuizar ação civil pública em defesa de direitos individuais homogêneos, desde que esteja configurado interesse social relevante.2. Precedentes do STJ.3. A Constituição Federal, em seu art. 5º, XXXIV, ''b'', garante ao segurado a obtenção de certidões perante as repartições públicas, com a finalidade precípua de defesa de seus direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal. Não é lícito ao INSS a restrição ao cidadão de obtenção de certidão parcial de tempo de serviço, baseada em norma regulamentar que importa óbice ao exercício de um direito constitucionalmente assegurado. Ademais, não existe no ordenamento pátrio lei em sentido estrito que impeça o segurado de obter mencionada certidão. Cumpre ressaltar que a Lei 8.213/91 não estabelece restrição em nenhum dispositivo quanto à exigência de que as certidões expedidas pelo setor competente do INSS devam abranger o período integral de filiação à previdência social, por isso, não cabe a regulamento impor esta restrição. (...) constituindo-se o art. 130 do Decreto 3.048/99 em verdadeiro óbice ao exercício de um direito constitucionalmente garantido, que extrapola os limites que lhe são próprios, configurando abuso do poder regulamentar. (...) (STF - RE: 472489 RS, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 13/11/2007, Data de Publicação: DJe-150 DIVULG 27/11/2007 PUBLIC 28/11/2007 DJ 28/11/2007 PP-00080 RDDP n. 60, 2008, p. 147-151) QUESTÃO OBJETIVA (OAB - XXI Exame Unificado) A parte autora em um processo judicial, inconformada com a sentença de primeiro grau de jurisdição que se embasou no ato normativo X, apela da decisão porque, no seu entender, esse ato normativo seria inconstitucional. A 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado Alfa, ao analisar a apelação interposta, reconhece que assiste razão à recorrente, mais especificamente no que se refere à inconstitucionalidade do referido ato normativo X. Ciente da existência de cláusula de reserva de plenário, a referida Turma dá provimento ao recurso sem declarar expressamente a inconstitucionalidade do ato normativo X, embora tenha afastado a sua incidência no caso concreto. De acordo com o sistema jurídico- constitucional brasileiro, o acórdão proferido pela 3ª Turma Cível. a) está juridicamente perfeito, posto que, nestas circunstâncias, a solução constitucionalmente expressa é o afastamento da incidência, no caso concreto, do ato normativo inconstitucional. b) não segue os parâmetros constitucionais, pois deveria ter declarado, expressamente, a inconstitucionalidade do ato normativo que fundamentou a sentença proferida pelo juízo a quo. c) está correto, posto que a 3ª Turma Cível, como órgão especial que é, pode arrogar para si a competência do Órgão Pleno do Tribunal de Justiça do Estado Alfa. d) está incorreto, posto que violou a cláusula de reserva de plenário, ainda que não tenha declarado expressamente a inconstitucionalidade do ato normativo. CRFB ART. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. A CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO DERIVA DA PRESUNÇÃO RELATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE DE TODAS AS LEIS OU ATOS NORMATIVOS E DA SEPARAÇÃO DE PODERES. DA MESMA FORMA, REPRESENTA UM OBSTÁCULO AO PODER JUDICIÁRIO EM PROL DA SEPARAÇÃO DE PODERES, OU SEJA, UM DETERMINADO TRIBUNAL DEVE OBSERVAR A CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO PARA PODER DECLARAR OU AFASTAR UMA NORMA INCONSTITUCIONAL EDITADA PELO LEGISLADOR DEMOCRÁTICO. ASSIM COMO, IMPEDE QUE OS ÓRGÃOS FRACIONÁRIOS DOS TRIBUNAIS (CÂMARAS, SEÇÕES TURMAS) DECLAREM A INCONSTITUCIONALIDADE MESMO QUE EM SEDE DE CONTROLE INCIDENTAL, DIFUSO, POR VIA DE EXCEÇÃO. CRFB ART. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, STF disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; Trata-se de órgão especial que subsistirá com os órgãos fracionários e do tribunal pleno (plenário). DIANTE DA CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO, OS ÓRGÃOS FRACIONÁRIOS DOS TRIBUNAIS NÃO PODEM REFORMAR OU CONVALIDAR AS DECISÕES DO JUÍZO MONOCRÁTICO QUANDO A DECISÃO DA CÂMARA OU TURMA FOR NO SENTIDO DE ACOLHER A ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI. TAIS ÓRGÃOS FRACIONÁRIOS DEVERÃO GERAR A CHAMADA CISÃO FUNCIONAL DE COMPETÊNCIA TODA VEZ QUE ENTENDEREM QUE A NORMA É INCONSTITUCIONAL (RECONHECEREM A ARGUIÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE). A CÂMARA OU TURMA NÃO PODE DECIDIR IMEDIATAMENTE A LIDE, DEVENDO SUBMETER A QUESTÃO DA INCONSTITUCIONALIDADE AO ÓRGÃO ESPECIAL OU DO TRIBUNAL PLENO, FICANDO, POIS, NA DEPENDÊNCIA DO JULGAMENTO DO MÉRITO POR PARTE DESTES, PARA, SÓ, ENTÃO, EMITIR SUA DECISÃO FINAL. A CISÃO FUNCIONAL DE COMPETÊNCIA SERÁ OBRIGATÓRIA TODA VEZ QUE O ÓRGÃO FRACIONÁRIO (TURMA OU CÂMARA) ENTENDER QUE A ARGUIÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE É PROCEDENTE, OU SEJA, QUANDO A DECISÃO DA CÂMARA OU TURMA FOR NO SENTIDO DE QUE A LEI EM TELA É INCONSTITUCIONAL. NÃO HÁ NENHUMA NECESSIDADE DE PROVOCAR TAL INCIDENTE QUANDO O ÓRGÃO FRACIONÁRIO NÃO CONCORDAR COM A ARGUIÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE, POR ENTENDER QUE A NORMA É COMPATÍVEL COM A CONSTITUIÇÃO. ASSIM SENDO, SE O ÓRGÃO FRACIONÁRIO ENTENDER QUE A NORMA É CONSTITUCIONAL, NÃO HÁ LUGAR PARA A INSTAURAÇÃO DA CISÃO FUNCIONAL DE COMPETÊNCIA. A REGRA CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE PLENÁRIO NÃO SE APLICA AOS JUÍZOS MONOCRÁTICOS DEPRIMEIRA INSTÂNCIA, O QUE SIGNIFICA DIZER QUE TODO E QUALQUER JUIZ SINGULAR TEM COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL PARA, NA FUNDAMENTAÇÃO DA SENTENÇA MONOCRÁTICA, AFASTAR A APLICAÇÃO DE UMA LEI QUE CONSIDERE INCOMPATÍVEL COM A CONSTITUIÇÃO NO CONTROLE DIFUSO.STF SV 10 Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. NA PRIMEIRA INSTÂNCIA, QUALQUER JUIZ SINGULAR PODE AFASTAR A LEI REPUTADA INCONSTITUCIONAL, PORÉM, NA SEGUNDA INSTÂNCIA, NÃO PODE PROCEDER DA MESMA FORMA QUE O JUIZ SINGULAR, POIS TERÁ QUE PROVOCAR A CISÃO FUNCIONAL DE COMPETÊNCIA. SARLET & MARINONI & MITI- DIERO, 2014, P. 966. A Súmula Vinculante 10 evita o escamoteamento (desaparecimento) da declaração de inconstitucionalidade, ou melhor, o afastamento ou a mera não aplicação de lei sem que essa seja dita, expressamente, inconstitucional. (...) EM CONSEQUÊNCIA, CABERÁ RECURSO EXTRAORDINÁRIO DE QUALQUER DECISÃO DE TRIBUNAL QUE NÃO OBSERVE A CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO, AINDA QUE SE ESTEJA DIANTE DE DECISÃO JUDICIAL COLEGIADA QUE APENAS NEGUE EFICÁCIA À LEGISLAÇÃO, SEM CARACTERIZAÇÃO DE ATAQUE FRONTAL. NCPC ART. 949. Se a arguição for: I - rejeitada, prosseguirá o julgamento; II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial, onde houver. § ÚNICO. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão
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