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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA – CAMPUS JAGUARÃO COMPONENTE CURRICULAR: ESTÁGIO SUPERVISIONADO I DOCENTE: PROF. DR. JÔNATAS MARQUES CARATTI DISCENTE: GIOVANE ALVES LIMA RELATÓRIO DE ESTÁGIO – 2018.2 1. INTRODUÇÃO Este relatório tem como finalidade apresentar o estágio desenvolvido pelo discente, na Escola Padre Pagliani, sito a rua Praça Hermes Pintos Affonso esquina Rua Pedro Frederico Rache, em afinidade com o componente curricular Estágio Supervisionado I. A Licenciatura é o ramo acadêmico que visa a formação inicial de professores no Brasil, indivíduos capazes de organizar, planejar e executar o ensino da melhor forma possível para a turma trabalhada, dentro de suas próprias especificidades e contando com todas as dificuldades do sistema educacional brasileiro. Solidificando assim o conceito, podemos perceber que os cursos de Licenciatura devem então preparar os universitários para que, no nosso caso – curso de História -, tenhamos conhecimentos técnicos e teóricos sobre a História e conhecimento da historiografia, aliados aos estudos sobre as práticas pedagógicas e suas subáreas (Didática, Metodologia e afins). Porém, mesmo com todo esse conteúdo organizado e vencido ao longo do curso, não é suficiente para contemplar todas as questões de sala de aula, tendo que, obrigatoriamente, para uma formação inicial mais sólida, realizar Estágios Supervisionados em sala de aula, para que se possa, empiricamente, enfrentar (mesmo que por curto período) os desafios da docência. Como enfrentar os imprevistos? Como vou analisar a turma para escolher as melhores ferramentas que possam estimular o processo de ensino-aprendizagem? Como vou despertar, pelo menos minimamente, o interesse dos educandos pela História? Tudo isso pode ser estudado na faculdade, e debatido em aula. Mas é na prática escolar que vamos perceber como se desenvolvem essas respostas. Nas palavras de Kulcsar: O Estágio não pode ser encarado como uma tarefa burocrática a ser cumprida formalmente... Deve, sim, assumir a sua função prática, revisada numa dimensão mais dinâmica, profissional, produtora, de troca de serviços e de possibilidades de abertura para mudanças. (KULCSAR, 1991). 2 Do plano de ensino do componente curricular Estágio supervisionado I, podemos obter o objetivo geral do estágio que é analisar criticamente as situações observadas e vivenciadas, bem como elaborar propostas e planos de ensino afim de desenvolver uma postura investigadora diante dos fatos educativos que possibilitem o exercício da escrita sistemática e a reflexão sobre a realidade do ensino de história (CARATTI/ FERREIRA, 2018).1 E é a partir desse objetivo geral que vamos analisar os objetivos específicos (também retirados do supracitado plano de ensino), são eles: Problematizar, planejar, executar e relatar as ações em sala de aula; Analisar criticamente as situações observadas e vivenciadas; Elaborar propostas e planos de ensino; Desenvolver uma postura investigadora diante dos fatos educativos; Exercer reflexão escrita sistemática; Refletir sobre a realidade do ensino de História; Elaborar um referencial teórico próprio para o ensino de História. Dentro desses objetivos de estagiário docente/pesquisador é que precisamos realizar nossa prática e nossa reflexão sobre como desenvolver os métodos e planos. Este relatório compreende as atividades do discente estagiário, desde o primeiro contato com a Escola, no dia 18 de Setembro de 2018, até o último dia de Regência, em 27 de Novembro de 2018. 1.1 CARACTERÍSTICAS DA INSTITUIÇÃO Vamos brevemente relatar a história da escola2, antes de atentar aos detalhes atuais da instituição. Padre Humberto Pagliani, nasceu em Modena, na Itália em 1883, chegando ao Brasil em 1914, e em Jaguarão em 1915, onde foi vigário, e onde, em 1924 começou a realizar o feito de construir o então Patronato São José, que foi construído em poucos meses, portanto o prédio onde hoje está situada a escola tem 94 anos. Ao passar dos anos a Escola trocou algumas vezes de nome, enquanto ia desenvolvendo suas atividades, até 1961 quando tornou-se uma escola municipalizada e consolidara-se o nome de Escola Padre Pagliani. 1 Plano de ensino do componente curricular Estagio Supervisionado I, regido pelos professores Dr. Jônatas Marques Caratti e Dra. Letícia de Faria Ferreira, no Segundo Semestre de 2018. 2 Disponível em: http://escolapagliani.blogspot.com/2010/07/historia.html 3 A Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Pagliani, conta com Anos iniciais á finais do ensino fundamental (1° ano a 9° ano) e Educação de Jovens e adultos – Supletivo Ensino fundamental. Segundo dados do Censo de 20173, a escola possui 12 salas de aula, conta com um corpo de 43 funcionários (segundo dados obtidos na escola, atualmente são 49 e o número de educandos chega a 400), laboratório e informática (o qual não observei nenhuma utilização no turno o qual trabalhei), e afirma que possui dependências adequadas a alunos com deficiência ou mobilidade reduzida (o que não condiz com a realidade, visto que não há rampa de acessibilidade na porta de entrada). Obteve índice 5.0 no Ideb 2015, superior ao Ideb médio do município no mesmo ano que foi de 3.4. 1.2 ESTRUTURA FÍSICA DA ESCOLA A Escola possui uma área total de aproximadamente 2.600 m². [Ver apêndice A], sendo que de área construída, tem em torno de 1250m², excluindo a quadra poliesportiva, que não possui cobertura, mas pode configurar uma construção, de 365m². Como citamos, o prédio possui 94 anos, uma construção neoclássica (com uma pitada de arquitetura portuguesa). A observação do ambiente escolar começou pela fachada do prédio que abriga a escola, que encontra-se com problemas de pintura, embora tenha posteriormente recebido a informação que em breve o prédio receberá uma nova pintura. Logo na porta ao abrir, o servidor4 comenta que a fechadura que tem trava elétrica não estava funcionando bem e por isso naquela noite estava sendo aberta manualmente. O prédio data as primeiras décadas do Século XX, portanto contém diferenças ao modelo funcional de escola a qual pensamos hoje. Corredor estreito, salas da administração sem ligação entre elas. As salas são dispostas nos dois lados do pátio da escola. As salas têm problemas de pintura também, e notei lâmpadas com problemas que precisam ser trocadas. Importante mencionar que a escola não possui acessibilidade a portadores de deficiência, como rampas de acesso a cadeirantes e barras nas paredes para vias de facilitar a locomoção, nem nos banheiros, inclusive (embora nos dados do censo de 2017 consta um banheiro adaptado – não o vi). E a escola possui aluno com dificuldade de locomoção ou 3 Disponível em: https://www.escol.as/246212-padre-pagliani 4 Curiosamente este servidor que trabalha com a função de portaria no Noturno da Escola é um daqueles servidores com uma longa carreira e que todos nutrem simpatia e carinho. E que provavelmente já possui uma aposentadoria. E também é curioso o fato dele escutar músicas populares brasileiras da década de 80 ou anteriores num volume que se ouve em toda a região da portaria. 4 mobilidade reduzida, e o mesmo acaba adaptando-se a utilizar o espaço mesmo sem as adequações que facilitariam ao mesmo se locomover com mais dignidade e tornar um pouco menos penosa a trajetória dele ao estudar. O refeitório onde os alunos recebem a refeição é deveras pequeno, faz crer que num ambiente com mais fluxo de alunos seria bem complicado oferecer refeições a todosos alunos. Chama atenção também o espaço destinado aos professores. Basicamente trata-se de uma sala com no máximo vinte e quatro metros quadrados, com uma mesa grande ao centro, onde os professores ocupam para realizar suas atividades. A mesa citada não comporta mais do que seis pessoas. Portanto é precário o espaço destinado aos professores, contribuindo com certeza com o não permanecimento dos mesmos na escola a não ser nos horários que exercerão a prática de sala de aula. O pátio não é tão amplo quanto parece no “Apêndice A”, mas é satisfatório, lembrando que nossa experiência foi no noturno, onde estão uma quantidade menor de alunos. Ainda no pátio está a quadra poliesportiva, não coberta. E chama a atenção a altura da mesma em relação ao corredor de acesso às aulas, ela está a mais de meio metro de altura, configurando uma insegurança aos praticantes de atividade física no local. Não observei nenhuma aula de Educação física, e acredito que seja facultativo. 1.3 ORGANIZAÇÃO DOS SETORES DA ESCOLA O setor financeiro é quase todo realizado pela Secretaria Municipal de Educação, ela recebe da escola as contas de manutenção (água, luz, telefone, internet, gás) e também o controle de assiduidade e outros direitos, como hora extras e diárias, em documentos denominados de efetividade. E a própria SMED emite os empenhos. Na escola, servidores que organizam estas burocracias participam, mesmo que minoritariamente do setor financeiro da escola. Pelo que verifiquei, os mesmos funcionários responsáveis pela parte financeira da escola, são os que também atendem o setor acadêmico, que funciona na Secretaria da escola, e no período noturno nenhum servidor se mantém fixo no ambiente da Secretaria. Sendo necessário, a vice-diretora Gislaine utiliza a sala ou chama algum servidor para alguma tarefa. A Secretaria acadêmica da escola no período noturno funciona mais para empréstimo de material escolar, para alunos e professores. Posso relatar por exemplo, a 5 demora em conseguir a cópia assinada da carta de aceite da instituição, pois a servidora que faria, não trabalhava no período noturno e eu só conseguia ir no período noturno, apontando assim a inutilização desta secretaria, a noite. Segundo o Estatuto da escola, são dois secretários no Quadro. O Setor Pedagógico, a noite, era basicamente desenvolvido pela vice-diretora Gislaine, que faz atendimento individual aos alunos, devido aos mais variados problemas, também convoca reuniões, conselhos de classe. E o quadro da escola conta com uma Orientadora, e com mais uma professora no quadro “apoio pedagógico”. Abaixo relatarei a resistência ao acesso ao Projeto Político Pedagógico da escola que estava em processo de nova construção, e através de informações da diretoria, ele estava sendo construído por uma comissão entre membros da escola e da Secretaria Municipal de Educação. 1.4 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO Na primeira visita ao Colégio Padre Pagliani dia 18 de Setembro de 2018 (Terça- feira), foi também para realizar o primeiro contato em relação a aceitação para que tal estágio acontecesse. Fui recebido pela professora e Vice-diretora Gislaine (Gislaine Henke de Albuquerque), a qual ouviu-me e me pediu que voltasse no próximo dia, 19 de Setembro (Quinta-feira), porque ai poderia falar com o professor da turma(s) que eu poderia trabalhar. De cara já se percebe uma circulação não tão grande de alunos e professores, o que coincide com o fato de ser curso noturno, tendo poucas turmas e poucos alunos nas mesmas. Retornando no dia posterior, fui direcionado à mesma professora (Gislaine), e a mesma perguntou-me novamente algumas informações, e me apresentou a grade de componentes semanais, enquanto o professor não podia vir para afinar a conversa. Na grade podemos constatar que as aulas de História são na Segunda, terça e quarta-feira, e que eu só poderia disponibilizar das terças e quartas para tal atividade. A professora foi bem acessível e bem intencionada, mas deixou claro que não conseguiria mudar a ordem das aulas, caso eu pedisse, por causa dos professores das outras disciplinas. O professor chegou, trata-se do Sr. Claudinei Martins Rocha, até então não tenho certeza da formação acadêmica do mesmo, mas sei que tem, pelo menos, graduação em Ciências Contábeis, e que também ministra aulas de matemática na mesma escola. Além disso também trabalha na função de Contabilista, na Secretaria da Fazenda municipal. O professor foi muito atencioso e demostrou simpatia pela chegada de um estagiário. Sobre sua metodologia de 6 didática alertou que usa apenas o livro didáticos para as aulas, que a turma é muito reduzida e costuma chegar com sinais de cansaço, pois são estudantes-trabalhadores. Ao pedir acesso ao Regimento e ao Plano Político Pedagógico da Escola, senti uma resistência por parte da professora Gislaine, que me informou que ambos encontram- se em elaboração e que as equipes da escola e da Secretaria Municipal de Educação estariam trabalhando nestes documentos. Mas mesmo assim insisti até que a professora, que ocupa o cargo de vice-diretora e que sempre foi muito prestativa a ajudar, me levou até onde estão todos os documentos que integram o processo de construção do novo PPP e da edição no Regimento que estará incluindo para 2019 a Educação de Jovens e Adultos e permitiu-me que analisasse os documentos durante o período de observação de contexto escolar. É interessante reproduzir, para análise, alguns pontos inclusos no regimento da Escola e também no Projeto Político-pedagógico, lembrando que fomos informados que ambos estão em reformulação. Mas mesmo assim são fundamentais, como vimos em aula, para tentar entender qual a missão e os planos da instituição. 2.2 Filosofia da escola: Educar partindo do princípio: Prática- Teoria-Prática, trabalhando o olhar do aluno para a construção de uma sociedade justa, igualitária, vivenciadora de valores e conhecimentos socialmente úteis, almejando o desenvolvimento integral do ser humano, sujeito do contexto social e capaz de transformar o ambiente em que vive. (PPP 2018, em construção). 3.1 Objetivo Geral da Escola: Trabalhar os alunos para que tenham uma consciência crítica, capazes de produzir e compartilhar os conhecimentos, transformando-os em aprendizagem concreta e viabilizadora que venha a favorecer crescimento de todos na realidade em que vivem. (PPP 2018, em construção). São direitos dos alunos: a) Viver num ambiente formativo, baseado nos princípios de liberdade e solidariedade humana, capaz de torná-lo auto-realizado, cidadão consciente e atuante na comunidade em que vive; b) Conhecer o presente Regimento, solicitando sempre que necessárias informações sobre o mesmo; c) Apresentar dificuldades encontradas na aprendizagem ao professor, buscando ajuda e orientação; d) Ser respeitado em sua individualidade; e) Participar das atividades curriculares; ... (Regimento interno, em reformulação para inclusão do EJA). Muitas partes desses documentos chamam atenção como “trabalhando o olhar do aluno para a construção de uma sociedade justa, igualitária, vivenciadora de valores e 7 conhecimentos socialmente úteis”, ou “Trabalhar os alunos para que tenham uma consciência crítica” e “Viver num ambiente formativo, baseado nos princípios de liberdade e solidariedade humana”, essas são frases que parecem ser colocadas nos documentos da escola apenas para fazerem parte de um protocolo de educação nos sistemas pedagógicos modernos que visam transformar a sociedade através de uma Pedagogia Sócio-construtivista. E, infelizmente não foi essa experiência que pude constatar nas observações.Não há, diretamente nenhum trabalho sobre os educandos para que se construa uma sociedade justa através do olhar desses alunos, tampouco formação de consciência crítica, embora em uma situação tenha observado alguns alunos comentando sobre o processo eleitoral atual, porém não saberia indicar se foi incentivo do professor, ou se o pequeno debate tenha contribuído substancialmente para a formação do pensamento crítico destes alunos. Mas não houve interferência direta do professor na conversa, o mesmo com sua inércia acabou não oprimindo nem aproveitando a situação para estimular a expressão dos alunos. No entanto, não observei nenhum tipo de diferença de tratamento aos diferentes alunos, pelos professores. Inclusive há turmas com alunos utilizando sua opção de gênero contrário ao heteronormativo, e para a felicidade do observador, não foi identificado nenhum tipo de tratamento diferente. O aluno parece inserido, dentro dos limites deste conceito. Portanto pode ser indício que exista uma boa inserção dos princípios de liberdade e solidariedade humana na instituição, o que seria um ponto positivo na observação das turmas em questão. Os objetivos segundo o Projeto Pedagógico de 2015, que ainda estava válido são: • A educação é prioridade de todos os seres humanos, por isso, precisamos estabelecer metas para serem cumpridas em um espaço curto, médio e longo prazo, onde a escola acompanhe de forma gradativa as verdadeiras necessidades da comunidade escolar. • Para que a escola alcance esses objetivos, vale ressaltar a importância do corpo docente fazer adequações necessárias para que seus alunos sejam capazes de despertar a consciência de seus direitos e deveres, de liberdade e igualdade. • Coerentes com as estratégias da Lei de Diretrizes básicas para a Educação (LDB), a instituição educacional tem como meta prioritária estimular o aluno para seu 8 desenvolvimento global, e para que isso ocorra, faz-se necessária a integração entre educação-cultura que não se restrinja as elucubrações teóricas, mas que se concretizem numa escola na qual a comunidade em que está inserida seja capaz de formar uma sociedade mais justa e preparada para promover mudanças. • Diante da oportunidade oferecida pela Lei 9394/96, onde cada escola pode organizar seu sistema de ensino de modo que atenda às necessidades e possibilidades de cada comunidade escolar, organizamos nossa Proposta Pedagógica que tem como seu maior objetivo a formação do “Homem”, para que na plenitude do seu direito à cidadania, explorando as suas potencialidades. Separando aqui alguns trechos como “Despertar a consciência de seus direitos e deveres”, “de liberdade e igualdade, uma escola na qual a comunidade em que está inserida seja capaz de formar uma sociedade mais justa” e “plenitude do seu direito à cidadania”. Novamente as palavras reiteram uma educação voltada para a formação cidadã do educando. Além do envolvimento da comunidade, se comunidade aqui for a região ao redor da escola, não tem quase nenhum envolvimento com a educação em minhas observações. Do que pude entender, nenhum aluno que tive contato reside na região da escola. Todos deslocam-se de outros bairros. Todas minhas observações e regências foram no período Noturno da escola, e é sobre esse turno que sempre irei me pronunciar. Fica muito complicado em falar de cidadania em relação a esse grupo. Visto que a maioria está completamente alienada de todos os processos sociais. Percebe as desigualdades, mas não as compreende. E, pelo menos na disciplina de História, eles não estavam sendo fomentados a desenvolver sua criticidade e sua consciência histórica. Entre os Objetivos específicos, podemos pontuar alguns pontos que chamam a atenção. Como por exemplo “Trabalhar a História e Cultura Afro-brasileira”. Sabemos que a partir da Lei 10645/08 é obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Indígena. E além de não ter vivenciado nenhuma observação de ensino de cultura Afro (inclusive estava ocorrendo a X Semana da consciência Negra no município durante minha última semana de regência), não há citação sobre História e Cultura Indígena, o que acentua o conceito de invisibilidade nesses grupos, mesmo com a existência da Lei. 2. OBSERVAÇÕES DAS PRÁTICAS DOCENTE 9 Observar a prática docente na escola, no contexto de sala de aula, diz muito sobre o funcionamento das práticas pedagógicas da instituição, bem como as metodologias do processo ensino-aprendizagem. Como passo anterior ao período de regência do estágio, a observação do contexto de sala de aula é importantíssimo para o aluno conhecer os educandos, analisar seus perfis, bem como perceber como os mesmo se relacionam com o raciocínio e a aprendizagem, já visualizar algumas dificuldades dos mesmos e perceber problemas para esse aprendizado, de cunho interno (problemas da instituição) e externos (contextos histórico-social, cultural e econômicos). E, com essa observação, realizar um melhor planejamento para as aulas da regência, podendo verticalizar mais as metodologias e ferramentas pedagógicas para atender de forma mais eficaz as turmas a serem trabalhadas. Na literatura podemos encontrar muitas referências à essa prática de análise e planejamento, nas palavras de Paulo Freire, esse processo de investigação e descoberta fica evidenciado: A investigação temática, que se dá no domínio do humano e não das coisas, não pode reduzir-se a um ato mecânico. Sendo processo de busca, de conhecimento, por isso tudo, de criação, exige de seus sujeitos que vão descobrindo, no encadeamento dos temas significativos, a interprenetração dos problemas. (FREIRE, 2013: 139). 2.1 - OBSERVAÇÕES Ao observar aulas de História, nas turmas onde em seguida iria realizar as horas de regência, tive mais contato com o professor Rocha. Percebi, e ele reiterou que só utiliza livro didático como ferramenta e ao fim da primeira observação recebi do professor Claudinei Rocha dois livros didáticos, que segundo ele, são os que ele usa diretamente com as turmas. Um referente ao oitavo ano e outro referente ao nono ano. O primeiro trata-se de uma cópia encadernada de um livro chamado “Caderno do Futuro – A evolução do caderno/ História 8° Série”, um livro que não é enviado pelo governo às escolas e sim vendido em livrarias. Neste exemplar está compreendido um recorte temporal que vai da expansão marítima europeia no século XII até a contemporaneidade do Século XX. Sua metodologia compreende de pequenos resumos sobre os temas seguido de exercícios propostos sobre o tema. Não sei analisar mais precisamente os resumos, porém entendi que o professor utiliza muito esta obra por ter muitas atividades já prontas para realizar com os alunos. 10 O Segundo livro, que remete ao nono ano, é de 2014 e compreende “Manual do Professor do projeto Araribá História”, da Editora Moderna cuja Editora responsável é Maria Raquel Apolinário. Embora não seja esta uma cópia, creio que também não é o livro didático oficial da escola, recebido do Estado Brasileiro, pois não fazia parte de nenhum PNLD, tampouco tinha timbre e escudos institucionais brasileiros no mesmo. E esta obra está mais centrada no Período Contemporâneo, mas abrangendo também um pouco de História do Brasil e outros temas, como: Imperialismo; Brasil República; A Primeira Guerra e a Revolução Russa; Era Vargas; Independências na África e na Ásia; Democracia e Ditadura no Brasil. O livro é visivelmente mais moderno do que o primeiro, em relação ao design virtual, com mais imagens, mais interatividade e com conteúdo mais profundamente abordados, mesmo com uma análise ainda superficialjá dá pra ser capaz de observar essas diferenças pedagógicas e técnicas entre os dois livros. As aulas de História mantinham-se em uma rotina de leitura do livro, questionários baseados nos subcapítulos do livro e o que toma mais tempo, é que os alunos respondiam essas perguntas durante dois períodos ou mais, dedicados exclusivamente para isto. Se formos entender basicamente que os alunos contrairão conhecimento (decorarão) histórico com esse formato pedagógico, vamos ler o professor Fernando Seffner: De modo sucinto, os saberes da disciplina compõem-se dos conhecimentos, teorias, métodos, conceitos, autores e tradições de uma determinada disciplina. Em nosso caso, os saberes da disciplina são os conteúdos de História: a história da África, da América, do Brasil, da Europa, a Revolução Francesa, as grandes navegações, a Inconfidência Mineira, a Cabanagem, o Dia do Fico, o combate da Ponte da Azenha, a corvéia, etc. (SEFFNER, 2010). Mas não, sabemos através dos textos e do conhecimento empírico, que a disciplina não compõe-se somente da historiografia do passado. E ai também faço a crítica não somente ao que chamamos de ensino “conteudista”, mas ao fato de que talvez nem isso 11 seja. Pois os alunos não se prendem ao conteúdo, eles não precisam fazer uma reflexão, conectar com outros conhecimentos e outros fatos dos períodos anteriores. Enfim, a meta dos alunos é responder as perguntas copiando trechos do livro didático para no futuro usar essas respostas nas avaliações, sejam com consultas ou sem (no último caso, é utilizado a técnica de repetição para decorar) e após essas avaliações grande parte desses conteúdos são rapidamente esquecidos, e o ensino de História assim, não cumpre nenhuma função. Com essa forma de aula, nas observações da disciplina de História, não consegui fazer grandes análises individuais dos alunos, pois os mesmos não realizam intervenções. Houve também um dia onde ao chegar para a observação, fui avisado que os alunos iriam assistir um filme, e eu resolvi fazer a observação durante a exibição. Por dois motivos, pelo curto período que me sobrara para execução das observações e futura regência, mas também por entender o filme enquanto ferramenta pedagógica, portanto parte interessante à investigação. O Filme era “Escritores da liberdade”, como eu já havia assistido, e sabia da interessante história real contada no mesmo, me ative a observar as reações dos alunos enquanto o filme era exibido. Muitos, ficaram quase a totalidade do tempo utilizando o celular, seja para trocar mensagens em aplicativos de mensagens instantâneas, seja para visualizar postagens em redes sociais, ou simplesmente para avançar no jogo online. Essa observação foi muito sintomática, pois eu julgava que a exibição de um filme atrairia a atenção dos alunos, visto que mudaria a lógica das aulas que eles estavam acostumados. Alguns assistiram fixamente, outros trocaram momentos conectados à internet com momentos de conexão com a obra. O filme conta a história de uma professora que é incumbida de assumir uma turma muito violenta, de alunos envolvidos com gangues e crimes, cuja existência só conheceu essa realidade. E com insistência, técnicas pedagógicas e outros métodos ela inverte essa ordem e cria uma turma unida e empenhada em estudar e escrever. Algumas realidades dos alunos observados pode ter convergências com as histórias de violência e vulnerabilidade expostas no filme. Claro que o filme é muito mais apreciado por quem está ou já ultrapassou a graduação em Licenciatura, pois embora trate os problemas dos alunos, é mais focado na construção pedagógica coletiva da professora. Mas não acredito que esse foco seja o motivo do não-foco dos alunos. Pareceu-me que eles realmente não estão interessados em nenhuma atividade escolar mesmo (não é regram, mas uma generalização, para elucidar). E meu raciocínio me levou a pensar no porquê desses alunos não se interessarem nas atividades escolar, sejam elas cartesianas, verticais em 12 sala de aula, ou a exibição de um bom filme, por exemplo. A culpa não pode ser do aluno, ele está alienado dessa estrutura que na verdade o está oprimindo. Como diz Paulo Freire nas primeiras frases de sua obra Pedagogia do Oprimido, “educação como prática de liberdade postula, necessariamente uma pedagogia do oprimido. Não Pedagogia para ele, mas dele” (2014). A própria busca por um culpado é vazia, inútil, precisamos entender uma gama maior de fatores que levem o aluno ao desinteresse. E mais à frente, neste trabalho, falarei mais sobre esse tema. Nas primeiras observações de aulas do oitavo ano, onde eu estava de certa forma ansioso, pois recebi informações do professor que esta turma era bastante participativa e questionadora, a ponto de alunos fazerem pesquisas na internet durante a aula para trazer outras visões ou contestações sobre os temas. Mas o que observei nesses primeiros contatos não confirmou a imagem da turma, tendo os alunos se mantido em silêncio durante a aula. O fato de estarem sendo observados pode ter sido fator determinante para essa aquietação em sala de aula. Ou não. Resolvi assistir dois períodos de Português para incluir outra disciplina, e acompanhei a professora Verônica Rodrigues de Lima na aula com dois alunos, que no segundo período com a chegada de outro aluno que trabalha em supermercado da cidade tornaram-se três educandos. O aluno que chegou ao Segundo período é muito ativo, inquieto e bem humorado ao exagero, chega a atrapalhar a concentração dos outros dois colegas, um rapaz e uma senhora aparentando ter 60 anos, e também houve o contexto da professora que voltara neste momento às salas de aula após passar por licenças por motivo de saúde na família, estando portanto um tanto desalinhada com os alunos. Mas mesmo assim foi muito solidária e acolheu-me na condição de observador com muito boa vontade. A aula tratava de sinônimos, antônimos e parônimos. Sem nenhuma conversa ou dissertação sobre o assunto, a professora coloca no quadro uma relação de pares de palavras para que os alunos identifiquem a qual tipo elas representam, os dois períodos foram ocupados com o tempo de utilização do quadro e o tempo dos alunos copiarem o exercício e iniciarem a resolução. Vê-se que a dona Sirlei, aluna mais experiente da sala, tem muitas dificuldades em escrever com um ritmo mais acelerado, o que nos remete à analises mais profundas, como a condição histórico-social a qual foi remetida, de exclusão social talvez, opressão de gênero com certeza, entre outras. E entender essas opções (ou faltas de opção) nos faz 13 valorizar ainda mais aquele esforço de estar ali tentando superar-se e adquirir essa autoconfiança de estar estudando. Em uma observação n’outro dia presenciei outro comportamento. Participação, intervenção direta, opiniões e falas simbólicas como: -Não tem diferença se fazer a Copa do Mundo no mesmo ano da eleição, porque as duas tem a mesma importância. Diz um dos alunos. O debate em aula falava sobre a eleição e como algumas figuras famosas conseguirem se eleger em cargos legislativos, como atletas e artistas. Os alunos muito participativos colocando suas opiniões sobre o assunto. Mostrando a participação desses jovens no momento atual da política brasileira. É visível que alguns jovens interessaram- se em aprender ou informarem-se melhor sobre a política nacional com o advento das eleições federais de 2018, que parece um marco de mudança na criticidade e participação popular nas manifestações e no debate público. A aula segue e os alunos começaram a resolver atividades do livro didático sobre Ideologias do Século XIX, Socialismo,Anarquismo e outras. A relação didática era tradicional. O professor aguardava os alunos concluírem as atividades do livro, fato que não aconteceu até o limite de tempo do período. A relação ensino-aprendizagem é totalmente apagada, os alunos com certeza não conseguiriam desenvolver nenhum tema dentro dos que estavam sendo abordados (através da relação com o livro didático) na aula. Parece que a teoria não está sendo conclusiva, pois trata-se de leitura leviana dos textos do livro, ou apenas para responder as atividades no momento que é exigido. A prática da História é um pouco utilizada intrinsecamente nos debates como presenciei acima, mas sem a intenção de pensar historicamente. E mesmo assim sem pensar na conexão com os conteúdos que deveriam estar sendo trabalhados. Para quem vem do contexto acadêmico para a situação de pesquisador e observador deste contexto há um grande choque, pois percebemos que os alunos estão na condição coercitiva em sala, por via da necessidade de concluir as etapas escolares apenas. Não vê-se demonstração de prazer ao estar em sala de aula, tampouco interesse em entender porque estão ali, sentados e fazendo aquela atividade. Ao faltar poucos minutos para o fim da aula, os alunos voltaram a conversar entre si e para incitar o debate. Comentaram sobre a evasão escolar, que a maioria dos alunos estão desistindo. Também conversavam entre si, dois alunos, sobre a eleição para presidência da República. Falando dentro do contexto polarizado que está atingindo toda a população, 14 em todas as esferas do debate público e também muito ativamente nas redes sociais. Seria, de certa forma interessante relacionar com os temas propostos que eram bem próximos. O que observei em geral foi que, dentre os diversos perfis que no período da noite buscam sua formação, grande maioria está ali, porque sente-se obrigado a realizar uma etapa dos estudos, no caso o ensino fundamental, para estar inserido no jogo econômico, pois a formação escolar é fundamento mínimo para concorrer às poucas vagas do município no mercado de trabalho. Observa-se que os alunos e alunas estão muito fixados no modelo pedagógico que vem sendo utilizado. De repetição e pouco raciocínio. E nenhuma ligação e envolvimento com os conteúdos trabalhados. Todos esses problemas observados serão desenvolvidos mais à frente. Mas foi importantíssimo para conhecer a instituição, a rotina e as dificuldades dos professores, as dificuldades dos alunos, e foi essencial para encaminhar os modelos de aula propostos. 3. PRÁTICAS DE ENSINO Ir para sala de aula, como docente – mesmo enquanto estagiário – é uma experiência encantadora, e igualmente desafiadora. Assumir a responsabilidade de passar o fruto do planejamento aos alunos, avaliando suas especificidades para que a experiência seja a melhor possível dentro das metodologias e práticas estudadas sobre o ensino de História é uma experiência densa. E o estagiário já precisa chegar em aula sabendo dessas adversidades. Por isso a importância das aulas presenciais das disciplinas, e dos outros componentes curriculares que envolvem a prática docente. Isso aliado ao conhecimento técnico, que pode ser posto á prova mediante perguntas e dúvidas dos alunos. Evidente que o professor não é obrigado a “saber de tudo”, mas o conhecimento técnico e histórico precisa estar interiorizado, para que as comparações e exemplos possam ser criados com mais eficácia. 3.1 APRESENTAÇÃO DA TURMA Nosso caso precisamos falar no plural – turmas – visto que acabamos a regência com três turmas, mas a terceira foi incluída nas semanas finais, como veremos abaixo. Começamos com as turmas sétimo e nono ano, ambas com 3 e 5 alunos que até então frequentavam as aulas, mas na continuidade do tempo, tornaram-se apenas 2 e 3 alunos respectivamente. Aumentando ainda mais os números da evasão escolar apontada 15 como de grande quantidade pelos responsáveis. Lembrando que o período Noturno conta com poucas turmas, de poucos alunos, em média. Começando pelo sétimo ano, encontrei na turma duas mulheres, com 18 anos, ambas parecendo bem próximas, até pelo fato de serem as únicas “sobreviventes” da turma no ano letivo. Pareceu-me também que foi a solidariedade entre as mesmas que manteve-as firmes até o último bimestre. As duas alunas eram completamente tímidas, introspectivas e resistentes à interação. No nono ano encontrei três alunos. Dona Maria, Mateus e Juliano. Dona Maria Sirlei, uma senhora com mais de 60 anos, moradora do Bairro Cerro da Pólvora. Mateus, com 18, morador da Rua Odilo Gonçalves próximo ao Bairro Carvalho e Juliano com aproximadamente 25 anos, morador do Bairro Indianópolis. Nas últimas semanas também encarei o desafio de reger algumas aulas ao oitavo ano. Turma com mais alunos, em torno de nove frequentes. Todos dentro de uma média entre 17 e 25 anos. Dentre os quais encontrei alunos muito interessados em ouvir sobre os temas abordados, e questionando, querendo saber a opinião do estagiário sobre os assuntos tratados, não bastando só a contextualização com o presente. Ver mais sobre, na seção 3.3 (Relatos da docência). Ao todo lecionei para uma média de 14 alunos, dos mais variados tipos e histórias. O fato de não ter sido uma grande quantidade de alunos ajudou-me a pensar sobre a situação geral dos alunos que precisam optar pelo período noturno de estudo. E também para conhecer melhor a maioria deles, na medida do possível. 3.2 – PLANEJAMENTO Segundo Danilo Gandin: A pergunta "o que queremos alcançar?" terá conotações diferentes quando respondida na indústria, no comércio, no governo, nas tarefas sociais... Na educação ela supõe, certamente, a busca de um posicionamento (sempre pronto e sempre provisório) a respeito do homem e da sociedade, a respeito da pedagogia. É um duplo posicionamento: político (no sentido de uma visão do ideal de sociedade e de homem) e pedagógico (no sentido de uma definição sobre a ação educativa e sobre as características que deve ter a instituição em que se planeja, uma escola, por exemplo) (GANDIN, 2002). 16 Planejar é prever diversas situações, escolher os melhores caminhos pedagógicos, devido às observações, experiências, leituras e debates. É onde se une todo o esforço no sentido de oferecer o melhor ensino aos educandos. No planejamento para o estágio, tentei criar planos que, centrados nos conhecimentos que queria passar sobre o tema, se relacionasse da melhor forma com o presente, para realizar a conexão que favoreça o interesse e a cognição histórica. Nos primeiros planos, o professor orientou que apresentasse novas ferramentas, para que o plano e efetivamente a aula, ficasse menos técnica em relação ao conhecimento histórico. E foi muito feliz na orientação. Abaixo apresento o primeiro plano de aula apresentado, e alguns comentários escritos logo após a prática (que representam os pensamentos e sentimentos reais do momento). ______________________________________________________________________ UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA – CAMPUS JAGUARÃO LICENCIATURA EM HISTÓRIA ESTÁGIO SUPERVISIONADO I GIOVANE ALVES LIMA ______________________________________________________________________ PLANO DE AULA ______________________________________________________________________ DATA: 24/10/2018 SÉRIE: 9° Ano - Noturno HORÁRIO: das 21:00 às 22:30 HORAS/AULA: 1 hora E 30 minutos ______________________________________________________________________ TEMA GERAL: Século XX, mundo pós-guerra ______________________________________________________________________ TEMA ESPECÍFICO: O que foi e porque aconteceu a Guerra Fria, e como essadivisão do mundo influenciou o pensamento histórico da atualidade. 17 ______________________________________________________________________ OBJETIVOS: Conhecer os alunos e fazer com que eles tenham um conhecimento básico sobre o tema específico, enquanto analisam a influência do fato histórico para o mundo que conhecemos e refletir sobre o que restou ou o que podemos trazer da Guerra Fria para o contexto histórico e político atual. ATIVIDADES/ PROCEDIMENTOS: A aula terá uma duração total de noventa minutos, nos primeiros quarenta e cinco minutos vamos realizar a apresentação do estagiário e das informações sobre trajetória e motivações do mesmo a traçar esse caminho, essa primeira etapa, com comentários dos alunos deve ocupar de 15 a 20 minutos. Após isso, uma conversa simples com os alunos, cuja turma reduzida a quatro ou cinco educandos não tomará mais que dez minutos. Em seguida aplicaremos perguntas simples para conhecer melhor os alunos e também ser usado de ferramenta para criar um link nas atividades pedagógicas, com a melhor metodologia possível para a turma. A segunda parte da aula será específica sobre o tema a ser trabalhado, para iniciar faremos perguntas aos educandos sobre o conhecimento básico deles sobre os períodos históricos que antecedem a Guerra Fria, principalmente a Segunda Guerra Mundial, a União das Repúblicas Socialista Soviéticas e a Alemanha Nazista, bem como o desenrolar básico da Segunda Guerra que levou a divisão política do mundo em duas partes dicotômicas. Para que a partir daí os alunos possam ser incutidos a pensar na Guerra Fria. Podemos avaliar a hipótese dos alunos não terem conhecimento sobre os assuntos tratados, e analisar essa situação do ponto de visa macro do sistema educacional onde estão envolvidos. E sendo bem provável que precisa traçar uma cronologia básica para os mesmos, para reforço e recurso imagético ao conhecimento, aprimorando o processo de ensino-aprendizado dos alunos. Ao tratar das partes “mais importantes” do tema específico não será difícil relacionar com os contextos políticos atuais, da dicotomia esquerda x direita, da democracia x autoritarismo, até porque esse debate está muito em voga no debate público atual. RECURSOS UTILIZADOS: Usaremos um método expositivo discursivo para trabalhar o tema específico, com inserções no quadro e pedindo que os alunos copiem quando for necessário. 18 REFERÊNCIAS: PAULINO. Robério. O Socialismo no Século XX – O que deu errado? Letras do Brasil – 2010. CHONSKY, Noam. Rumo a uma Nova Guerra Fria – Política dos Eua, do Vietnã a Reagan. Ed. Record HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. 1941-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 90. ______________________________________________________________________ ANEXO 1 CRONOLOGIA BÁSICA – SEGUNDA GUERRA MUNDIAL - 1933 – Hitler torna-se Chanceler Alemão; - 1939 – Alemanha e URSS assinam tratado de não agressão e divisão de territórios, denominado Tratado Ribbentrop-Molotov; - 1939 – A Alemanha Nazista invade a Polônia com a ajuda da URSS, dando início “oficial” à Segunda Guerra Mundial. - 1940 – A Alemanha Nazista conquista a França; - 1941 – A Alemanha Nazista começa a invasão a URSS; - 1941 – Os Estados Unidos entram oficialmente na Segunda Guerra; - 1942 – O Brasil declara Guerra ao Eixo; - 1944 – O famoso Dia D; - 1945 – Bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki; CORONOLOGIA BÁSICA DA GUERRA FRIA -1947 – Início “oficial” do período denominado Guerra Fria; - 1953 – Morte de Stalin; - 1959 – Revolução Cubana; - 1961 – O muro de Berlim torna-se real, visando evita o êxodo para o lado Ocidental; - 1962 – A crise dos mísseis; - 1964 – Os militares assumem o poder no Brasil; - 1966 – Revolução Chinesa; - 1967 – Morre Che Guevara; 19 - 1968 – Primavera de Praga; - 1973 – Os Estados Unidos abandonam a Guerra no Vietnã; - 1986 – Acidente nuclear em Chernobyl; - 1989 – Queda do Muro de Berlim; ______________________________________________________________________ RELATÓRIO SOBRE A ATIVIDADE A aula começou com o professor Claudinei Rocha fazendo uma breve introdução sobre essa nova etapa do nosso estágio. O professor assistiu todo o tempo de aula, fazendo inserções colaborativas algumas vezes. Estavam em aula três alunos, de uma turma que começou com oito, segundo os relatos. Mateus com dezessete anos e morador do Bairro Pindorama, trabalhar até as oito horas e chega sempre após esse horário na escola. Participativo, bem-humorado mas desanimado com o passar dos minutos, talvez por cansaço, talvez por déficit de atenção, uma síndrome séria que devia ser analisada por especialistas, mas que eu consigo perceber essa possibilidade no aluno em questão. Dona Maria Sirlei, aluna com mais de sessenta anos, moradora do Bairro Cerro da Pólvora, distante dois quilômetros e meio da escola. É aquele típico exemplo de superação que tanto nos emociona e nos motiva a continuar nossas trajetórias pela Educação. Participativa, respondendo com simpatia, se esforçando com muita solidariedade para contribuir conosco em nosso desafio de estagiar. Um grande exemplo. Vinícius, vinte e quatro anos, morador da Rua Martinho Braga, bairro Kenedy, distante três mais de três quilômetros da escola. Um pouco menos participativo que os outros dois, evitando inclusive reiterados contatos visuais. Mas já observei aulas da turma no período de observação do contexto de sala de aula, onde ele estava muito bem humorado e mais participativo. Posso entender que ele tenha se sentido desconfortável ou intimidado com um modelo de aula proposto, mas com o decorrer das aulas vou poder analisar melhor e trabalhar essas situações com mais ênfase. Após uma breve apresentação e essa conversa com os alunos começamos a falar do conteúdo referente ao plano de aula, que era o contexto da Guerra Fria. Fui perguntando aos alunos o que ele saberiam dizer, deixando claro que ficassem a vontade para responder ou dizer que não sabem5. E realmente constatei que eles não faziam quase 5 Abro um rodapé aqui para citar que não me sinto totalmente à vontade para lecionar com a presença “fiscalizadora” do professor titular, pois nossos modelos são declaradamente distintos e dicotômicos. Mas 20 ideia do que era esse acontecimento ou período histórico. A única informação que deles surgiu foi de que seria uma guerra onde não houve combate nos territórios dos países envolvidos, mas sem precisar quais países. Mesmo sendo exatamente o conteúdo onde eles estão situados atualmente na disciplina e que estão resolvendo os questionamentos do livro didático. Aqui abro um novo parágrafo para relacionar o conhecimento à forma de aula. Neste capítulo do livro didático utilizado está bem separado tópicos sobre o período da Guerra Fria, como o Plano Marshall e a Doutrina Truman, por exemplo, esses conceitos sendo abordados através de questionários do próprio livro, onde os alunos recortam trechos do texto do livro para responderem, parecem-me uma maneira ineficaz de proporcionar qualquer tipo de absorção do conhecimento histórico sobre o tema, tampouco entende-lo em um contexto maior relacionado à América Latina e ao Brasil. Ao entender a dificuldade dos educandos, que já era prevista no plano de aula, resolvi retroceder um pouco até a Segunda Guerra Mundial, para explicar como surgiu a URSS e os Estados Unidos como as grandes potências do mundo no pós guerra, e percebi que os alunos tinham igual dificuldade na segunda Guerra também. Mas serviu de base para pensaro mundo do Século vinte entre 45 e 89. Percebi na prática algumas coisas que ouvia nas aulas, mas não conseguia concernir enquanto realidade, pela falta de sentir empiricamente. Não faz sentido querer que o aluno entenda todos os pormenores dos períodos relacionando os acontecimentos com os interesses de poder e ideologia, aprofundando todos os conteúdos que os historiadores acham importantes, pois será um exercício massacrante ao aluno, de onde não sobrará nada na memória dos mesmos, muito menos algo que influenciará no pensamento. Ensinar história não pode ser um compilado acumulado de conteúdo. E se for, não é possível executá-lo dentro do sistema de educação e das condições as quais os alunos chegam à escola e vivem suas vidas. Então foquei-me mais em delimitar para eles a divisão política e ideológica que o mundo conteve, e as ameaças de ambos os lados junto com os medos do lado oposto. E martelar um pouco essa questão da divisão política e ideológica que movimentaram o mundo e levaram a muitos conflitos e revoluções. Fiz um reforço na data da Revolução Cubana que foi um importante marco do Socialismo na América, e cinco anos depois o Golpe Militar no Brasil estimulado pelos Estados Unidos e utilizando o medo do Comunismo como embasamento. E assim fui trazendo o debate para a realidade dos entendo que sirva para estimular a troca de experiências tanto para a instituição quanto para o estagiário, e estou trabalhando para superar isso da melhor forma. 21 alunos. Fica fácil traçar um paralelo do debate político polarizado das eleições federais no Brasil, com a divisão política, os medos e os ataques da Guerra Fria. O Brasil parece não ter derrubado seu próprio muro de Berlim, E eu fiz essa pergunta aos alunos, mas os mesmos não entenderam por não fazerem a relação direta da Queda do Muro com momentos “finais” da Guerra Fria, e também por uma questão de não conseguir subjetivar uma frase como essa. Para concluir, analiso que os alunos não participaram satisfatoriamente da aula, mas entendo que isso pode ser pensado de várias maneiras. O choque de modelos pedagógicos dicotômicos, a falta de intimidade com o estagiário, a falta de motivação pelo conhecimento e afins. Acredito que posso conquistar algumas mudanças com o passar das aulas, pois eu planejo que mesmo nesse curto espaço temporal eles consigam acumular algum conhecimento, alguns conceitos e assim estarão participando um pouco mais com o passar das atividades e ao mesmo tempo eu estarei me esforçando cada vez mais para sobrepor essas dificuldades. O planejamento nos faz voltar aos textos do curso, bem como buscar a melhor forma de relacionar o conteúdo com os alunos. A reflexão sobre a psicologia da aprendizagem, entendendo que esses alunos não tiveram toda a prática e progresso cognitivo em relação ao ensino escolar nas idades ditas “normais”. O mais complicado é como propor contextualização em relação ao presente, de forma didática, e integrado com os conhecimentos básicos dos alunos, e aplicar isso em aula de forma que eles mesmos realizem conexões e raciocínios em relação à História e a sociedade que os rodeia. A utilização de charges, matérias jornalísticas atuais, de sites confiáveis (dentro dos limites do conceito de confiança), mapas conceituais no quadro, músicas, entre outras ferramentas foram fundamentais para o desenvolvimento do planejamento e principalmente das práticas pedagógicas, pois aproximaram muito mais a teoria da prática e favoreceram o processo de ensino-aprendizagem mesmo com todas as adversidades já descritas e outras a serem descritas mais à frente. Um bom exemplo das mudanças de perspectivas pedagógicas que obtivemos ao longo do estágio foi Plano de Aula que se refere a uma aula sobre Direitos Humanos. Tal tema não estava previsto nos conteúdos originais que o professor da disciplina planejou, mas resolvi trazer o tema pela importância que o mesmo tem em relação aos alunos, e 22 também por achar que o debate sobre Direitos Humanos planta sementes nos educandos, facilitando que os mesmos pensem sobre suas realidades e comunidades, sendo mais evidente as relações feitas com a História, nas outras aulas. Hoje entendo que essa aula poderia ter sido regida no início do estágio. Abaixo, seguem os Planos de aula desenvolvidos para a disciplina e prática de docência, todos antecipadamente às aulas, enviados ao orientador e corrigidos conforme orientações e conselhos pontuais. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA – CAMPUS JAGUARÃO LICENCIATURA EM HISTÓRIA ESTÁGIO SUPERVISIONADO I GIOVANE ALVES LIMA ______________________________________________________________________ PLANO DE AULA ______________________________________________________________________ DATA: 24/10/2018 SÉRIE: 9° Ano - Noturno HORÁRIO: das 21:00 às 22:30 HORAS/AULA: 1 hora E 30 minutos ______________________________________________________________________ TEMA GERAL: Século XX, mundo pós-guerra ______________________________________________________________________ TEMA ESPECÍFICO: O que foi e porque aconteceu a Guerra Fria, e como essa divisão do mundo influenciou o pensamento histórico da atualidade. ______________________________________________________________________ OBJETIVOS: Conhecer os alunos e fazer com que eles tenham um conhecimento básico sobre o tema específico, enquanto analisam a influência do fato histórico para o mundo que conhecemos e refletir sobre o que restou ou o que podemos trazer da Guerra Fria para o contexto histórico e político atual. ATIVIDADES/ PROCEDIMENTOS: A aula terá uma duração total de noventa minutos, nos primeiros quarenta e cinco minutos vamos realizar a apresentação do 23 estagiário e das informações sobre trajetória e motivações do mesmo a traçar esse caminho, essa primeira etapa, com comentários dos alunos deve ocupar de 15 a 20 minutos. Após isso, uma conversa simples com os alunos, cuja turma reduzida a quatro ou cinco educandos não tomará mais que dez minutos. Em seguida aplicaremos perguntas simples para conhecer melhor os alunos e também ser usado de ferramenta para criar um link nas atividades pedagógicas, com a melhor metodologia possível para a turma. A segunda parte da aula será específica sobre o tema a ser trabalhado, para iniciar faremos perguntas aos educandos sobre o conhecimento básico deles sobre os períodos históricos que antecedem a Guerra Fria, principalmente a Segunda Guerra Mundial, a União das Repúblicas Socialista Soviéticas e a Alemanha Nazista, bem como o desenrolar básico da Segunda Guerra que levou a divisão política do mundo em duas partes dicotômicas. Para que a partir daí os alunos possam ser incutidos a pensar na Guerra Fria. Podemos avaliar a hipótese dos alunos não terem conhecimento sobre os assuntos tratados, e analisar essa situação do ponto de visa macro do sistema educacional onde estão envolvidos. E sendo bem provável que precisa traçar uma cronologia básica para os mesmos, para reforço e recurso imagético ao conhecimento, aprimorando o processo de ensino-aprendizado dos alunos. Ao tratar das partes “mais importantes” do tema específico não será difícil relacionar com os contextos políticos atuais, da dicotomia esquerda x direita, da democracia x autoritarismo, até porque esse debate está muito em voga no debate público atual. RECURSOS UTILIZADOS: Usaremos um método expositivo discursivo para trabalhar o tema específico, com inserções no quadro e pedindo que os alunos copiem quando for necessário. REFERÊNCIAS: PAULINO. Robério. O Socialismo no Século XX – O que deu errado?Letras do Brasil – 2010. CHONSKY, Noam. Rumo a uma Nova Guerra Fria – Política dos Eua, do Vietnã a Reagan. Ed. Record 24 HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. 1941-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 90. ______________________________________________________________________ ANEXO 1 CRONOLOGIA BÁSICA – SEGUNDA GUERRA MUNDIAL - 1933 – Hitler torna-se Chanceler Alemão; - 1939 – Alemanha e URSS assinam tratado de não agressão e divisão de territórios, denominado Tratado Ribbentrop-Molotov; - 1939 – A Alemanha Nazista invade a Polônia com a ajuda da URSS, dando início “oficial” à Segunda Guerra Mundial. - 1940 – A Alemanha Nazista conquista a França; - 1941 – A Alemanha Nazista começa a invasão a URSS; - 1941 – Os Estados Unidos entram oficialmente na Segunda Guerra; - 1942 – O Brasil declara Guerra ao Eixo; - 1944 – O famoso Dia D; - 1945 – Bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki; CORONOLOGIA BÁSICA DA GUERRA FRIA -1947 – Início “oficial” do período denominado Guerra Fria; - 1953 – Morte de Stalin; - 1959 – Revolução Cubana; - 1961 – O muro de Berlim torna-se real, visando evita o êxodo para o lado Ocidental; - 1962 – A crise dos mísseis; - 1964 – Os militares assumem o poder no Brasil; - 1966 – Revolução Chinesa; - 1967 – Morre Che Guevara; - 1968 – Primavera de Praga; - 1973 – Os Estados Unidos abandonam a Guerra no Vietnã; - 1986 – Acidente nuclear em Chernobyl; - 1989 – Queda do Muro de Berlim; ______________________________________________________________________ 25 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA – CAMPUS JAGUARÃO LICENCIATURA EM HISTÓRIA ESTÁGIO SUPERVISIONADO I GIOVANE ALVES LIMA ______________________________________________________________________ PLANO DE AULA ______________________________________________________________________ DATA: 30/10/2018 SÉRIE: 8° Ano 07:00 – 07:45 - Noturno HORÁRIO: das às HORAS/AULA: 45 minutos ______________________________________________________________________ TEMA GERAL: Brasil Império ______________________________________________________________________ TEMA ESPECÍFICO: Inconfidência Mineira e Vinda da família Real para o Brasil. ______________________________________________________________________ OBJETIVOS GERAL: Expor os acontecimentos da Inconfidência Mineira e a Vinda da Família real ao Brasil e relacionar com a situação atual do Brasil. ______________________________________________________________________ OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Que os alunos possam conhecer o contexto histórico do Brasil no final do Século XVIII e começo do XIX, com esses dois grandes eventos que marcaram o período, no Brasil. E também relacionar com os acontecimentos Europeus concomitantes, que também influenciam mudanças na História brasileira. Reforçar a história da escravização e tráfico no Brasil, para que os alunos tenham essa visão mais complexa da sociedade brasileira na época, pois é através desta visão que vamos poder realizar o link com a sociedade brasileira atual. ATIVIDADES/ PROCEDIMENTOS: Perguntaremos aos alunos sobre esses acontecimentos em si, para entender o raciocínio que eles já tenham construído, ou não. Ao falar sobre a intenção independentista dos mineiros explorar a situação brasileira, 26 perguntando se o Brasil hoje é independente, por exemplo. 6 Se os alunos conseguirem realizar o raciocínio de que hoje não somos inteiramente independentes ficará mais fácil de realizar a comparação com o passado. E essas relações atuais de dependência serão boas para realizar a análise sobre a vinda da família real ao Brasil, pois exemplifica melhor as relações de poder vertical do modelo metrópole-colônia. Trabalhar a exploração do trabalho hoje e a desigualdade racial no país com a trajetória da escravização no Brasil, para que a relação do passado-presente seja uma ferramenta de aprendizado e formação da opinião crítica. RECURSOS UTILIZADOS: Quadro e livro didático. REFERÊNCIAS: NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial. São Paulo: Hucitec, 1989. p. 17-56 (Política de Neutralidade). PRADO JR., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo – Colônia. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 19-32 (O sentido da colonização). SOUZA, Laura de Mello e. Os Desclassificados do Ouro. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 2005. BOXER, Charles. A Idade de Ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. MAXWELL, Kenneth. As causas e o contexto da Conjuração Mineira. In: FURTADO, Júnia Ferreira. Diálogos Oceânicos. Minas Gerais e as novas abordagens para uma história do Império Ultramarino Português. Belo Horizonte: UFMG, 2001. SILVA, Luiz Geraldo. Negros patriotas. Raça e identidade social na formação do Estado nação (Pernambuco, 1770-1830). In: JANCSÓ, István (org.). Brasil: Formação do Estado e da Nação. - São Paulo: Hucitec; Ed. Unijuí; Fapesp, 2003. HOBSBAWM, Eric. A Era do Capital. São Paulo: Paz E Terra, 2012. HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 2012. 6 Não será trabalhado notícias de meios de comunicação por falta de tempo para este procedimento. Mas é um dos procedimentos/ferramentas que serão utilizados nas próximas aulas. 27 ______________________________________________________________________ ANEXO 1 – SÍNTESE Descrever as causas e os porquês da Inconfidência Mineira, em 1789, considerado o primeiro levante de caráter independentista contra a Coroa Portuguesa, onde o medo da derrama7 imperava. Lembrando que neste período já havia ocorrido o processo de Independência das 13 Colônias, agora Estados Unidos da América, fato esse que era conhecido pelos colonos letrados, o que influenciou no pensamento ideológico dos inconfidentes. E que também foi o ano da Queda da Bastilha e consequente Revolução Francesa. Ao tocar superficialmente da Revolução Francesa (mesmo que esta não seja parte do tema específico) criamos a ligação histórica subsequente para a Era Napoleônica, que vem a ser um dos grandes motivos da vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, em 1808, quando então Napoleão invadira Portugal, pois o mesmo negou-se a findar seus negócios com a Inglaterra, no famoso Bloqueio Continental8. Fugindo então dessa invasão francesa, Dom João reuniu tudo o que pode da corte em diversos navios e partiu às pressas para a Colônia. O Rio de Janeiro tornou-se capital metropolitana, Caracterizando uma espécie de inversão da metrópole e colônia. Interessante notar que para entender o termo “inversão” neste contexto, precisamos falar sobre o Pacto Colonial, que regia as relações entre Portugal (Metrópole) e Brasil (Colônia), Esse pacto, era uma relação de dominação política vertical e autoritária, onde tudo que fosse produzido na Colônia deveria ser enviado para a Metrópole e/ou comerciado em prol dos interesses da Metrópole. Mas este Pacto não era cumprido 100% à risca, havia um expoente mercado interno, e alguns colonos acumulavam capital, portanto subvertendo a ordem do Pacto. ANEXO II : CRONOLOGIA BÁSICA 1776 – Independência das 13 Colônias; 1789 – Queda da Bastilha; 1789 – Inconfidência Mineira; 1791 – Revolução Haitiana; 7 Formato de coleta de impostos que visava o recolhimento coercitivo caso os povos não conseguissem atingir a meta imposta. 8 O bloqueio continental visava atingir a economia britânica, impedindo que as embarcações de países sob domínio da França Napoleônica realizassemnegócios com a Inglaterra. 28 1799 – Napoleão chega ao poder na França; 1808 – Vinda da família real para o Brasil ANEXO III: - TRABALHANDO NO QUADRO – VINDA DA FAMÍLIA REAL - 1808;9 ______________________________________________________________________ UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA – CAMPUS JAGUARÃO LICENCIATURA EM HISTÓRIA ESTÁGIO SUPERVISIONADO I GIOVANE ALVES LIMA ______________________________________________________________________ PLANO DE AULA ______________________________________________________________________ DATA: 30/10/2018 SÉRIE: 9° Ano - Noturno 9 O trabalho no quadro referente a Inconfidência Mineira será nos mesmo moldes, citando outros pontos do cenário ao redor. 29 HORÁRIO: Das 07:45 às 08:30 HORAS/AULA: 45 minutos ______________________________________________________________________ TEMA GERAL: Guerra Fria ______________________________________________________________________ TEMA ESPECÍFICO: Revolução Cubana, Guerra do Vietnã. ______________________________________________________________________ OBJETIVOS: Explicar os fatos históricos da Revolução Cubana e Guerra do Vietnã e compreendê-los a luz do passado-presente. ______________________________________________________________________ OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Fazer com que os alunos, nesta segunda aula sobre Guerra Fria, consigam entender a partir da visão dos dois conflitos, a divisão política em que o mundo se encontrara e conseguir reforçar o entendimento de como as duas ideologias envolvidas disputaram território fora de seus domínios e como isso influenciou a história dos países, inclusive no Brasil, como já mencionado na aula anterior, para realizar essa conexão com os conhecimentos prévios dos alunos, respeitando suas individualidades e conhecimentos. ATIVIDADES/ PROCEDIMENTOS: Informar no quadro um pequeno mapa conceitual, onde cada batalha está no centro e cercada de itens a serem debatidos que ambas têm em comum, como a disputa política interna contra o regime vigente, sempre dentro da divisão socialismo/capitalismo reforçada pelas duas potências do mundo da Guerra Fria. Na mesma década inicia-se uma disputa na América Latina e na Àsia, com históricos políticos e sociais diferentes, mas norteados pela intenção de expansão de uma ideologia nos dois lugares. Os revolucionários Cubanos tentando (com sucesso) implantar o Socialismo na Ilha e os exércitos do Vietnã do Norte tentando expandir o Socialismo por todo o território do Sul, também com sucesso. RECURSOS UTILIZADOS: Usaremos um método expositivo discursivo para trabalhar o tema específico, com inserções no quadro e pedindo que os alunos copiem quando for necessário. Como a escola não possui projetores disponíveis nas salas de aulas e não 30 acertei anteriormente a utilização de uma sala com televisão, vou indicar alguns filmes para os alunos. REFERÊNCIAS: FONTOVA. Humberto. Fidel, O Tirano mais amado do mundo. Leya. 2012. FERNANDES. Florestan. Da Guerrilha ao Socialismo a Revolução Cubana. Tao. 1979. WIEST, Andrew. A história da Guerra do Vietnã. M.Books. 2016. PLATOON. Dir. Oliver Stone. 1986. Film. NASCIDOS PARA MATAR. Dir. Stanley Kubrich. 1987, Film. O SOBREVIVENTE. Dir. Wener Herzog. 2006, Film. ______________________________________________________________________ ANEXO 1: SÍNTESE: A Revolução Cubana é uma consequência direta de um mundo polarizado e do incentivo das duas maiores potências mundiais em movimentos sociais a seu lado. A URSS apoiou a Revolução Cubana de primeiro de Janeiro de 1959, que tomou o poder do Presidente Fulgêncio Batista, que era aliado do Capitalismo Norte-americano. Os líderes da Revolução Fidel Castro, Ernesto Guevara de La Sierna (Che) e Raul Castro, instituíram um modelo socialista na ilha, tomando posse dos meios de produção, fazendo a reforma agrária bem como divisão de bens dos cidadãos. Como trabalhado em aula anterior, fica fácil ao entender o contexto mundial e regional da Revolução Cubana, falar sobre o Golpe militar no Brasil em 1959. Portanto servirá para entendermos como as fases de autoritarismo podem se desenvolver com retóricas ideológicas externas. Já a Guerra do Vietnã demostrou o quanto URSS e EUA estavam empenhados em disputar espaço e hegemonia em todas as partes do mundo. Agora na Àsia, curiosamente começando na mesma década da Revolução Cubana. O Vietnã dividia-se em dois, o Vietnã do Sul com apoio e investimento Norte-americano e o Vietnã do Norte declarado Socialista e apoiado pela União Soviética. Alertar para as dificuldades que os soldados Norte-americanos tiveram, mesmo com tecnologia militar superior, para combater em terreno adverso e contra adversários experientes no terreno. E que os Estados Unidos 31 retiraram-se do Vietnã caracterizando uma derrota bélica, em consequência o Vietnã do Norte invade e domina a região Sul do País. A guerra deixou mais de 1 milhão de mortos, e 2 milhões de mutilados e feridos. A grande intenção é com esses dois conflitos conseguir “amarrar” as aulas sobre guerra fria e a divisão do mundo entre Capitalismo e Socialismo e a guerra pela expansão e consolidação de um regime em detrimento do outro, e como isso afetou o Brasil e possivelmente a ciclicidade da política brasileira. ANEXO 2: ______________________________________________________________________ UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA – CAMPUS JAGUARÃO LICENCIATURA EM HISTÓRIA ESTÁGIO SUPERVISIONADO I GIOVANE ALVES LIMA ______________________________________________________________________ PLANO DE AULA ______________________________________________________________________ 32 DATA: 30/10/2018 SÉRIE: 9° Ano - Noturno HORÁRIO: das 09:00 às 10:30 HORAS/AULA: 90 minutos ______________________________________________________________________ TEMA GERAL: Guerra Fria ______________________________________________________________________ TEMA ESPECÍFICO: Fim da URSS e Queda do muro de Berlim. ______________________________________________________________________ OBJETIVOS GERAL: Trabalhar o fim da União Soviética e consequente fim da Guerra Fria e realizar uma revisão do conteúdo “Guerra Fria”. ______________________________________________________________________ OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Mostrar aos alunos como este tema que é muito recente em nossa história aconteceu, porque aconteceu e o que isso significa para nossa atualidade. ATIVIDADES/ PROCEDIMENTOS: Realizar um momento expositivo dos conteúdos, com exposição de um mapa conceitual simples sobre os temas específicos. Trabalhar uma pequena revisão dos conteúdos do tema geral para que seja aplicado uma pequena atividade, com exercícios para assimilação e também para criar material para as futuras avaliações destes alunos. Por perceber que os alunos precisam de diferentes estímulos para auxiliar o processo de ensino-aprendizado, pois mesmo com a aula expositiva organizada com as devidas relações de períodos e fatos, e com linguagem simples, ainda não são suficientes para que os alunos consigam fazer a introspecção sobre o que aprenderam para poder reproduzir, mesmo que superficialmente, informações sobre os temas abordados. Vamos aliar a aula expositiva, à utilização do quadro mais o reforço das atividades escritas. RECURSOS UTILIZADOS: Quadro e livro didático. REFERÊNCIAS: PAULINO. Robério. O Socialismo no Século XX – O que deu errado? Letras do Brasil – 2010. 33 HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. 1941-1991. São Paulo:Companhia das Letras, 1995. P. 90. ADEUS, LÊNIN. Dir. Wolfgang Becker. Alemanha, 2004. Film. ANEXO 1 – SÍNTESE Em Dezembro de 1989, o Bloco Socialista se desfez, os países então componentes da União Soviética foram aos poucos emancipando-se e incorporando medidas capitalistas às suas culturas econômicas. Duas medidas governamentais foram decisivas para o Fim da URSS e consequente fim da Guerra Fria. São elas a Glasnost e a Perestroika. Ambas desenvolvidas pelo chefe de estado Soviético Mikhail Gorbachev, entre 1985 e 1991. A Perestroika foi, a grosso modo, uma tentativa de abertura econômica. Visto que o modelo planificado de economia Soviética vinha causando crises graves e cíclicas. Algumas medidas iam contra o ideal soviético de economia, como o fim da planificação, por exemplo. Isso causou muitos conflitos políticos contra os intelectuais e economistas clássicos Soviéticos. A Glasnost, também a grosso modo, foi uma tentativa de abertura política e social, onde foram desativados os Gulags, ouve o fim da da censura aos meios de comunicação, fim do partido único soviético e anistia aos considerados presos políticos. Em termos gerais conduzia a União Soviética ao fim do regime autoritário e de cerceamento das liberdades sociais individuais. A URSS tem uma história de altos e baixos em sua curva de desenvolvimento. Desde 1917, crises, guerras, genocídios e muito autoritarismo sobre a população construiu o ambiente que clamava pela mudança na década de 1980. Ainda em 1989, houve um ato simbólico de queda da divisão mundial entre Capitalismo e Socialismo. A queda do muro de Berlim, que dividia a Cidade de Berlim e também a Alemanha entre Ocidental (Capitalista) e Oriental (Socialista). Em sequência à queda do muro, houve a reunificação das duas Alemanhas, findando o modelo Socialista e tornando-se todo o território parte do sistema Capitalista mundial. ANEXO II : CRONOLOGIA BÁSICA 1985 – Mikhail Gorbachov chega ao poder no PCUS e na URSS; 1987 – EUA e URSS assinam acordo para abolir forças nucleares terrestres; 34 1988 – URSS retira suas tropas do Afeganistão; 1989 – Queda do muro de Berlim e reunificação da Alemanha; 1991 – Marco definitivo de fim da Guerra Fria; ANEXO III: TRABALHANDO NO QUADRO ANEXO IV: ATIVIDADE ESCRITA EXERCÍCIO 1: COMPLETE OS ESPAÇOS EM BRANCO COM AS PALAVRAS ABAIXO. A Guerra Fria é um período histórico diretamente posterior à ______________________. Caraterizada pela divisão política do mundo entre duas ideologias, o _________________ e o _________________, que são ideologias das duas potências do período, respectivamente __________________ e ___________________. Essas duas potências não travaram batalhas físicas dentro de seus territórios, porém 35 apoiaram diversas batalhas e revoltas como a ___________________________ em 1959, bem no seio da América Latina, onde Fidel Castro ao tomar o poder instituiu um regime _______________________. Socialista – URSS – Segunda Guerra Mundial - Capitalismo - EUA - Socialista - Revolução Cubana EXERCÍCIO 2: ASSINALE “V” PARA AS AFIRMAÇÕES VERDADEIRAS E “F” PARA AS FALSAS. (__) A Guerra do Vietnã ocorreu porque os Estados Unidos queriam a reunificação do país em um modelo Socialista de governo; (__) A Ditadura Militar no Brasil recebeu incentivo americano para acontecer, durante o período da Guerra Fria; (__) Em Janeiro de 1959 eclodiu a Revolução Cubana, que transformara Cuba em um país Socialista; (__) A Segunda Guerra Mundial foi onde formou-se as duas principais potências mundiais, A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e os Estados Unidos da América; (__) Afeganistão, Camboja, Cuba, Vietnã e Coréia são países onde as guerras foram apoiadas ou tiveram intervenções de URSS e EUA; (__) A Guerra Fria é um período da História que terminou em 1991 após o fim do bloco Soviético e a queda do muro de Berlim; ______________________________________________________________________ UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA – CAMPUS JAGUARÃO LICENCIATURA EM HISTÓRIA ESTÁGIO SUPERVISIONADO I GIOVANE ALVES LIMA ______________________________________________________________________ PLANO DE AULA ______________________________________________________________________ DATA: 06/11/2018 SÉRIE: 7° Ano 07:00 – 07:45 - Noturno 36 HORÁRIO: das às HORAS/AULA: 45 minutos ______________________________________________________________________ TEMA GERAL: Brasil Império ______________________________________________________________________ TEMA ESPECÍFICO: Independência do Brasil. ______________________________________________________________________ OBJETIVOS GERAL: Expor os acontecimentos da Independência do Brasil e relacionar com a situação atual do Brasil. ______________________________________________________________________ OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Que os alunos possam conhecer o contexto histórico do Brasil no ano de 1822, no acontecimento oficial da Independência do Brasil, e trazer para sala de aula o debate da possível dependência brasileira atualmente, do capital e regras estrangeiras, pois é através desta visão que vamos poder realizar o link com a sociedade brasileira atual. ATIVIDADES/ PROCEDIMENTOS: Utilizar a matéria selecionada para debater com os alunos a independência ou dependência atual do Brasil, até para que possamos trabalhar uma gama maior de variáveis para falar sobre o processo de 1822, incluindo elites políticas e econômicas, bem como a mentalidade do período. Como disse o Padre Elílio Júnior, o Historiador procura identificar o “espírito” de um tempo. RECURSOS UTILIZADOS: Quadro (provavelmente), material jornalístico e livro didático. REFERÊNCIAS: NOVAIS, Fernando. A independência política do Brasil. São Paulo: Hucitec. 1986 NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial. São Paulo: Hucitec, 1989. 37 PRADO JR., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo – Colônia. São Paulo: Brasiliense, 1994. HOBSBAWM, Eric. A Era do Capital. São Paulo: Paz E Terra, 2012. HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 2012. ______________________________________________________________________ ANEXO 1 – SÍNTESE O Brasil da década de 20 do Século XIX contava com uma elite política que se organizava pra não ser mais dependente de Portugal, pois esta lógica, de certa forma, continuara após a volta de D. João para Portugal. O escolhido por essa elite para realizar esses processos de independência e autonomia econômica (que já era uma realidade) e política foi o então Imperador D. Pedro I, que em 1822 indo contra todas as pressões portuguesas, inclusive contrariando a ordem de voltar à Portugal (dia do fico), ele declara o Brasil como um país Independente, no popular acontecimento mítico chamado de “Grito do Ipiranga”. Preparando esse evento foi Organizado a Marinha de Guerra do Brasil, convocado uma Assembleia Constituinte, foi ordenado o retorno das tropas portuguesas de terras brasileiras. E mesmo Portugal aceitando a independência brasileira, mediante pagamento de indenização, esse processo não foi consenso no Brasil, houveram revoltas, organizadas por portugueses no Brasil, que foram diretamente combatidas pelas tropas do Império brasileiro. ANEXO II : CRONOLOGIA BÁSICA 1808 – Vinda da família real para o Brasil; 1822 – Dia do Fico; 1822 – Convocação de Assembleia Constituinte; 1822 – Grito do Ipiranga; 1835 – Revolução Farroupilha; ANEXO III: - TRABALHANDO COM MATERIAL DE JORNALISMO –