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Educação Contemporânea

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DESCRIÇÃO
A História Contemporânea da Educação como determinante das transformações sociais e suas
influências até os tempos atuais.
PROPÓSITO
Demonstrar que a História é um discurso do presente que olha para o passado para entender
melhor as dinâmicas de seu tempo. Com isso, você verá as inovações trazidas por essas
iniciativas, sem perder de vista os desafios de pensar a Educação no contexto da globalização e
das desigualdades sociais.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar as transformações da Educação no mundo contemporâneo
MÓDULO 2
Comparar as perspectivas futuras da Educação a partir de modelos educacionais brasileiros e de
outros países
MÓDULO 3
Reconhecer como a História da Educação nos prepara para os desafios da sociedade tecnológica
INTRODUÇÃO
Tente por um segundo imaginar uma grande inovação tecnológica. No mundo contemporâneo, o
que mais emblematicamente mostraria um mundo em transformação? Durante séculos, homens
usaram seus pés, animais, carroças e barcos para se locomoverem. Até que o desenvolvimento
de sistemas, máquinas com engrenagens, vapor e caldeiras aceleraram o mundo. A velocidade
mudou quando colocamos a máquina a vapor nos caminhos marcados com ferro e dormente. O
mundo ficou menor, mais veloz. A integração entre as pessoas tornou-se cada vez mais rápida, as
trocas de mercadorias e informações aceleraram. Precisávamos aprender mais, ter novas
possibilidades. O trem, que estampa a nossa imagem de abertura, é um ícone da sociedade
contemporânea e seus avanços. Passamos a ser supervelozes, andar por baixo da terra e até
mesmo por baixo do mar. A metáfora do trem serve para toda a Era Contemporânea, carregada de
conhecimentos cada vez maiores, mais velozes e intensos. O trem da tecnologia é o trem do
conhecimento e da Educação, que, sem dúvida alguma, marcou os séculos XIX, XX e XXI.
Sigamos viagem!
MÓDULO 1
 Identificar as transformações da Educação no mundo contemporâneo
INTRODUÇÃO
Neste módulo, você será apresentado ao mundo contemporâneo e sua relação com a História da
Educação, para que as discussões não pareçam ter surgido de um momento para o outro.
Este é um dos grandes desafios da disciplina: tirar a face de algo cristalizado para mostrar que
está viva e presente. A História é um exercício de discurso, uma reflexão sobre o presente, só que
o presente não existe sem essa memória, sem a reflexão sobre o passado.
A verdade depende do ponto de vista, das influências que você tem, das escolhas que você faz,
pois a verdade não é uma realidade indiscutível. Em especial, nas Ciências Humanas.
No vídeo a seguir, veremos como a verdade pode ser diferente de acordo com o ponto de vista
de cada pessoa.
Pessoas respondem como se sentem em relação ao período que passaram na escola, e o
professor Rodrigo Rainha comenta.
Vídeo com libras
A DIVISÃO DO TEMPO
Provavelmente, você já ouviu dizer que determinada pessoa é alguém à frente do seu tempo. Mas
será que existe alguém que viva fora do seu próprio tempo? A resposta é não. Todos nós somos,
sem exceção, frutos da nossa própria época. Talvez você esteja se perguntando: “Eu aprendi na
escola que a Idade Contemporânea começou após a Revolução Francesa, lá no século XVIII.
Como é possível, então, que a gente ainda seja contemporâneo?”.
 
Imagem: Shutterstock.com
 
Imagem: Shutterstock.com
Dessa forma, o tempo foi dividido em:
 
Imagem: Shutterstock.com
A visão de tempo europeia visava exaltar o que eles entendiam como seu auge: do
desenvolvimento da escrita em áreas próximas ao Mediterrâneo – com gregos e romanos,
incluindo as civilizações reconhecidas como poderosas, como os egípcios –, passando por um
período considerado pouco produtivo para o homem – Idade Média –, quando retoma o seu
caminho de crescimento, na Era Moderna, até atingir o ápice, no início da Era Contemporânea.
Antes de falarmos mais sobre isso, faremos uma provocação...
E se o tempo fosse contado de outra forma?
Maias, astecas, chineses e muçulmanos, por exemplo, têm calendários bem diferentes, em
formato circular ou espiral.
CALENDÁRIO CIRCULARES OU EM ESPIRAL
O tempo para a tradição cristã ocidental é sempre linear, com um início e um fim, mas há
culturas marcadas por modelos de tempo circular, em ciclos, principalmente as orientais.
Outra forma de contar o tempo tem relação com o modelo solar, muito usado no ocidente, e
o lunar, que é presente, por exemplo, nas culturas tupi e islâmica.
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Imagem: Shutterstock.com
Calendário maia
 
Imagem: Shutterstock.com
Calendário chinês
 
Imagem: Shutterstock.com
Calendário asteca
 
Imagem: Shutterstock.com
Calendário muçulmano
Como vimos, a vitória da visão europeia construiu o conceito de um calendário, uma vivência e,
consequentemente, um mundo ocidental. Dessa forma, em sua divisão do tempo, tudo o que
estava após o seu auge passa a ser chamado de contemporaneidade. Em outras palavras, essas
divisões cronológicas da História foram pautadas pelos acontecimentos ocorridos na Europa e
por sua forma de pensar os acontecimentos históricos, ou seja, a História da humanidade ficou
restrita, durante muito tempo, às definições dos historiadores europeus.
A HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Agora que já entendemos a História como um fenômeno ativo, dinâmico e, sobretudo, presente,
que não é apenas um amontoado de fatos e pessoas do passado, daremos o próximo passo. Se
alguém lhe perguntar em qual século estamos neste momento, a resposta é simples: século XXI!
Se a mesma pessoa disser que nós somos contemporâneos dos homens e das mulheres que
viveram no século XIX, por exemplo, você saberia responder o que isso significa?
A contemporaneidade nada mais é do que a ideia de estar em seu próprio tempo. Estar no seu
tempo é perceber que a História é viva. Alguns dizem que é a recuperação da imagem de Cronos
– dos gregos – e o tempo que engole seus filhos. Mas, aqui, no nosso cronotopo, ele é
constantemente recriado.
O que chamamos de contemporaneidade em História é a junção de dois grandes eventos
europeus:
CRONOS
Titã grego, pai dos deuses gregos, Zeus, Poseidon e Hades. Em grego, cronos significa
tempo.
CRONOTOPO
Formas de ver e interpretar o tempo em sua sociedade.
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REVOLUÇÃO FRANCESA
Nome dado ao levante da burguesia contra a nobreza e a Igreja no final do século XVIII. Seu
principal resultado é a mudança dos regimes políticos, com impactos no mundo inteiro.
 
Imagem: Ferdinand Delacroix (1798-1863) “Liberdade nas barricadas” (1830). Reprodução do
álbum ilustrado “Delacroix”, publicado em Budapeste, Hungria, 1963. / Ferro e Carvão, de William
Bell Scott (1855-60).
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Fenômeno inglês do século XVIII. Representa o desenvolvimento das corporações de ofício e a
multiplicação do uso de maquinário. No início, o desenvolvimento é pautado em máquinas a vapor
e carvão mineral, e o foco era a indústria têxtil. É seguido pelo desenvolvimento dos transportes e
pela mudança de todo o regime econômico.
A contemporaneidade é nosso tempo, nossa Era. Ela começa com uma leve aceleração, mas, ao
longo do século XX, a velocidade só aumentou:
As Revoluções Industriais mudam economicamente o mundo, criando novos padrões comerciais,
sedimentando o capitalismo que dominaria o século XX, além da mudança dos modelos políticos,
com a ascensão de repúblicas, democracias e federações.
Imagem: Shutterstock.com
O resultado da mudança é um incremento de trocas comerciais em todo o planeta e disputas
intensas por mercados, que fomentaram conflitos mundiais fortes, a Primeira e a Segunda Guerra
Mundial, e ajudaram a consolidar novas potências, como França, Inglaterra, Estados Unidos e
União Soviética.
Imagem: Shutterstock.com
Após os conflitos mundiais, as guerras não cessaram, mas se tornaram mais locais, dentro de
novas modalidades de comércio e disputa por hegemonia mundial, entre União Soviética (URSS)
e Estados Unidos (EUA).
Imagem: Shutterstock.com
Ofim do século trouxe muitas mudanças:
O Muro de Berlim cai, marcando o fim da Guerra Fria. Mais do que isso, consolida-se a ideia de
globalização e trocas comerciais que se materializam em todo o mundo.
Foto: Autor original desconhecido/Wikimedia Commons/Domínio Público.
As guerras não cessaram e continuaram definindo nosso cotidiano. Alguns exemplos de conflitos
são: Guerra do Golfo, Guerra do Iraque, Guerra da Síria, conflitos nos Balcãs, na África e na
América Latina, além da presença do terrorismo.
Foto: Michael Foran/Wikimedia Commons/licença(CC BY 2.0)
A tecnologia é o grande marco, levando-nos para a Era da Informação, com microcomputadores,
redes de Internet, multiplicação de mídias e difusão de informações.
Imagem: Shutterstock.com
Por que estamos falando de tudo isso?
Para chamar sua atenção para o fato de que a compreensão europeia da História e da divisão do
tempo também esteve presente de forma marcante na maneira de fazer e pensar a Educação.
Essas ideias não estão soltas ou desconectadas no tempo e espaço.
 
Imagem: Shutterstock.com
Já reparou como a escola vem mudando?Será? Repare abaixo os modelos que herdamos dos
europeus e como elas modernizam, mas o formato é sempre muito parecido...
 
Imagens: Shutterstock.com
As matérias que nós costumamos estudar, a implementação de linhas educacionais adotadas nas
escolas, as formas de construir a Pedagogia e a Didática e suas principais teorias: tudo isso foi
produzido por europeus ou intelectuais influenciados pelo pensamento eurocêntrico.
É claro que o mundo já mudou muito, que não seguimos mais cegamente o modelo europeu, pois
cada país tem buscado desenvolver novas formas de pensar, de educar, de aproximar as pessoas
de sua forma de ver o mundo. Sempre houve sociedades que resistiram mais a essa influência,
como o mundo muçulmano, mas também é inegável que os anos de dominação econômica
europeia, depois expandida pela continuidade da dominação estadunidense, marcaram o mundo.
A noção de mundo ocidental contemporâneo é um processo de expansão de valores europeus.
Esse impacto está vivo na Educação.
PENSAMENTO EUROCÊNTRICO
Voltado para o ponto de vista da Europa como centro do pensamento mundial. Um excelente
exemplo é o modo como os mapas mundi ainda são apresentados, com Greenwich, na
Inglaterra, como o meridiano zero.
 
Imagem: Shutterstock.com
Hoje, o mundo inteiro tende a dividir o processo de formação em:
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Imagem: Shutterstock.com
Formação voltada às crianças
 
Imagem: Shutterstock.com
Formação voltada aos jovens
 
Imagem: Shutterstock.com
Formação voltada aos adultos
Não restam dúvidas de que o eurocentrismo, que marcava isoladamente a nossa cultura nas
últimas décadas, de 1980 em diante, sofreu a influência de novos fenômenos: a globalização,
com maior integração tecnológica, política e econômica, e o encurtamento de distâncias favoreceu
esse movimento. Mas qual é a origem desse modelo?
Podemos dizer que, atualmente, o mundo inteiro tem adotado uma Educação mais técnica. Esse
modelo é bastante antigo, veio do grande movimento das industrializações, quando precisavam
preparar funcionários para assumir cargos e funções técnicas. Os primeiros eram empiristas,
olhavam, tentavam, erravam e acertavam, e, se acertavam mais do que erravam, viravam grandes
técnicos, e passavam a treinar e formar aqueles que os substituiriam.
Atente para o fato de que o capitalismo transformou a Educação em um bem para o trabalhador.
Acreditava-se que as nações só iriam se desenvolver plenamente nesse novo urbano com a
formação de mão de obra mais qualificada.
GLOBALIZAÇÃO
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Globalização é um contexto criado para definir o conjunto de movimentos vividos ao fim da
Guerra Fria. Neste contexto, a ideia de velocidade da informação, de troca política e
comercial acelerada, passou a marcar interações que nunca existiram. O sentido original de
aldeia global foi substituído por mundo integrado pela tecnologia da informação. Hoje, o
termo é utilizado como sinônimo das dinâmicas sociais entendidas como pós-modernas.
EMPIRISTAS
Toda doutrina (mas esp. as dos ingleses Locke e Hume) para a qual o conhecimento só pode
ser alcançado mediante a experiência sensorial, opondo-se assim a todo racionalismo e a
toda transcendência metafísica.
Fonte: Aulete Digital
CAPITALISMO
Conceito econômico adotado para quando as relações econômicas passaram a ser
fundamentadas em lastros financeiros.
 
Imagem: Shutterstock.com
Durante o período da Primeira e da Segunda Guerra Mundial – entre 1914 e 1945 –, a Educação
passa a ganhar um novo papel: atender aos anseios nacionalistas.
Fascistas e nazistas apostavam no papel da Educação como um importante instrumento de
convencimento das massas, trabalhando de maneira incisiva a ideia de que o jovem precisava
estar integrado à noção de país, civilidade e nacionalismo. Tais valores deveriam ser estimulados
e mantidos na escola.
Do lado da URSS e de seus signatários, a Educação também era fomentada. Ali, seu papel era
afastar os jovens dos valores tradicionais da sociedade – entendidos como atrasados – para que
atendessem aos anseios do Partido e da Ideologia norteadora.
 
Foto: Autor desconhecido/Arquivo Stadtarchiv Nürnberg.
 Na Alemanha nazista, os alunos recebiam na escola livros antissemitas.
Uma reflexão interessante é notar que a Educação se tornou vital para os governos como
estratégias políticas. Note que até mesmo regimes bem diferentes tinham uma coisa em comum:
viam a Educação como algo vital. Repare:
 
Imagem: Shutterstock.com
SOCIALISTAS
Formar para atender aos anseios da sociedade e do governo.
 
Imagem: Shutterstock.com
FASCISTAS/NAZISTAS
Formar para despertar paixão, ordem e respeito pela nação.
 
Imagem: Shutterstock.com
CAPITALISTAS
Formar para o mundo do trabalho.
Essas influências se espalharam pelo mundo e não devem ser entendidas de forma fechada, mas
de uma maneira dinâmica e com constantes adaptações.
Em outras palavras, será que isso é engessado e cada um faz de um jeito? Claro que não.
Percebemos que a Educação se tornou um bem, um objeto governamental, parte do mundo do
trabalho, uma marca do mundo contemporâneo.
VEJAMOS A OPINIÃO DO ESPECIALISTA
PARA ENTENDERMOS MELHOR A
EDUCAÇÃO EM TRANSFORMAÇÃO COM
FOCO NO BRASIL.
Professor doutor da UFRJ, Francisco Carlos Teixeira, fala do valor da Educação na história
recente do Brasil.
Vídeo com libras
TENDÊNCIA: O MUNDO EM CONTESTAÇÃO
A Educação, ao mesmo tempo em que representa diálogo com o governo e manutenção da
ordem, também pode ser a base da luta contra determinadas estruturas políticas. É isso que
visamos apresentar com as tendências.
Com a Guerra Fria, eclodiram uma série de guerras locais na África, Ásia e América Latina. Entre
as décadas de 1950 e 1960, o mundo assistiu ao surgimento de movimentos de contestação da
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ordem política. Toda essa efervescência também se fez sentir no campo educacional.
Vamos conhecer alguns desses movimentos:
GUERRA FRIA
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, duas grandes potências passaram a
disputar a hegemonia política, econômica e militar do mundo. De um lado, Estados Unidos
representando os interesses do capitalismo. De outro, a socialista União Soviética. Entre os
anos 1947, início da Guerra Fria, e 1989, fim da guerra, com a queda do Muro de Berlim, o
mundo se viu numa constante polarização ideológica entre as duas potências.
 
Imagem: Vincent Grebenicek / Shutterstock.com
LEVANTE DE PARIS
Um dos movimentos mais famosos é o Levante de Paris. Em maio de 1968, os estudantes
parisienses se levantaram contra as formas tradicionais de ensino. Os temas abordados eram, em
especial, o modo como as academias de Ciências Sociais e Economia davam base a novas
formas de pensar, visando uma nova forma de fazer a Educação.
 
Foto: Tangopaso/Wikimedia Commons/Domínio Público.
 Barricadasem Bordeaux, em maio de 1968.
O movimento também recebeu apoio dos trabalhadores e teve como marco a proposta de uma
Universidade popular para abrir espaço para novos segmentos na Educação universitária.
MOVIMENTOS SOCIAIS – DIREITOS CIVIS
 
Foto: U.S. National Archives and Records Administration/Wikimedia Commons/Domínio Público.
 O ativista judeu Joseph L. Rauh Jr. marchando ao lado de Martin Luther King durante um
protesto em 1963.
Provavelmente você já deve ter assistido a algum filme em que as pessoas negras, nos Estados
Unidos, não podiam frequentar os mesmos espaços públicos que as pessoas brancas. As
chamadas leis de segregação racial deixaram marcas que são sentidas até hoje na sociedade
norte-americana. Mas, sobretudo após os anos 1950, foram muitos os ativistas que lutaram e se
insurgiram contra essas leis.
O pastor protestante Martin Luther King foi uma dessas personalidades que passaram a
denunciar os graves crimes que atingiam a população negra. Além dele, destacam-se Malcom X,
líder da luta contra opressão e racismo, e a resistente e silenciosa luta de Rosa Parks.
A Educação também foi atingida em cheio pelas leis de segregação racial, já que existiam escolas
separadas para pessoas negras e brancas. Todos esses líderes foram formados em tais espaços.
Sobre a relação entre o Direitos Civis e a Educação, também podemos falar de Linda Brown.
MARTIN LUTHER KING JR
Pastor protestante e ferrenho ativista político contra a discriminação racial nos Estados
Unidos nas décadas de 1950 e 1960. Ele defendia a paz, a luta pacífica e o amor ao
próximo. Em função da atuação de King e de outros ativistas, a população negra nos
Estados Unidos passou a ter o direito de frequentar lugares públicos, como lanchonetes e
bibliotecas. Em janeiro, nos EUA, é celebrado o Dia de Martin Luther King.
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Foto: Nobel Foundation/Wikimedia Commons/Domínio Público.
 Martin Luther King
MALCOM X
Ativista dos direitos dos negros, defendia que as máculas construídas ao longo de séculos
de escravidão tornaram a relação entre negros e brancos inconciliável. Sendo assim, a
proposta de Malcom X incluía a reivindicação de território independente para os grupos
afrodescendentes. Sua posição em relação ao cristianismo era, na mesma medida,
irrevogável, pelo fato de a religião cristã – de qualquer vertente – legitimar a escravização de
seus ancestrais.
 
Foto: Marion S. Trikosko/Wikimedia Commons/Domínio Público.
 Malcom X
ROSA PARKS
Em um ônibus durante o regime de segregação nos Estados Unidos, brancos se sentavam
na frente, e “coloridos” ficavam em cadeiras piores no fundo do transporte. Rosa se sentou
em um lugar vazio, na frente, e exigiram que se levantasse. Ela não se levantou, acabou
presa e virou símbolo da resistência.
 
Foto: Autor desconhecido/Wikimedia Commons/Domínio Público.
 Rosa Parks
LINDA BROWN
Linda é reconhecida como uma importante ativista que lutou pela igualdade na Educação
desde criança. Quando estava na terceira série, ela não conseguiu se matricular na Sumner
School em Topeka, no Kansas, devido a sua raça. Seu pai, um reverendo protestante,
entrou na justiça para que ela tivesse o direito de se matricular nessa escola que era mais
perto de casa. Venceram e isso foi um marco para derrubar a doutrina segregadora.
 
Foto: NYWT&S staff photo by Al Ravenna/Wikimedia Commons/Domínio Público.
 Linda Brown
PROTESTO DA PRAÇA DA PAZ CELESTIAL
Durante a organização do modelo comunista na China, intelectuais foram perseguidos. No
entanto, com a chegada de Deng Chao Pin ao poder, o modelo chinês assumiu características
reformistas.
Neste contexto, Yaobang chega ao governo. As medidas políticas passaram a afastar os líderes
mais radicais do reformismo, e o secretário-geral foi afastado. Os estudantes iniciam um
movimento lento de ocupação da praça Tian'anmen para pressionar o governo a desistir de suas
ações. Liderados por estudantes, os protestos foram ganhando simpatizantes até a ocupação do
local e a decisão do governo de impor lei marcial contra os protestos.
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Foto: Jeff Widener
 Tian'anmen em 1989. A manifestação estudantil foi dissolvida 
pelos militares, matando entre 200 e 2.000 pessoas.
Esse movimento, apesar de ter sido registrado pelas câmeras do mundo inteiro, foi negado pela
China em diversos momentos de sua história. Isso mostra que, mesmo em regimes diversos,
como o chinês, a Educação e os estudantes são vistos como uma forma de negação ao poder
estabelecido.
TIAN'ANMEN
Também chamada de praça da Paz Celestial.
O que destacamos aqui é a contradição central da Educação Contemporânea, pois seu
crescimento é uma ação e responsabilidade de Estados. No entanto, ela está envolta em projetos
políticos e econômicos em que a Educação pode funcionar como negação, libertação e crítica ao
cotidiano social.
IMAGENS EMBLEMÁTICAS
Algumas imagens ficaram marcadas na História como símbolos dos importantes movimentos que
influenciaram a Educação, como estas:
A pequena Ruby Bridges, em 1960, em Nova Orleans, foi escoltada por oficiais para ter o direito
de frequentar uma escola, por meio de mandado judicial.
Foto: Uncredited DOJ photographer/Wikimedia Commons/Domínio Público.
Protestante resistindo aos tanques enviados pelo governo para debelar os protestos na praça
Tian'anmen (praça da Paz Celestial), em Pequim, em 4 de junho de 1989.
Foto: Formosa Wandering/Wikimedia Commons/licença(CC BY-NC 2.0).
Estudantes franceses no protesto de maio de 1968, conhecido como Levante de Paris
Foto: Bruno Barbey / Magnum Photos
Inspirados pelo movimento dos Panteras Negras, atletas que ganharam a medalha de ouro e
bronze nas Olimpíadas do México, em 1968, foram punidos e perderam suas medalhas pelo gesto
de punho cerrado.
Foto: Angelo Cozzi/Wikimedia Commons/Domínio Público.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A RELAÇÃO ENTRE CONTEXTO HISTÓRICO E EDUCAÇÃO PODE SER
PERCEBIDA QUANDO OBSERVAMOS A QUESTÃO DA INDUSTRIALIZAÇÃO,
POIS:
A) Os modelos de divisão do trabalho se relacionam às divisões e às escalas educacionais.
B) As escolas se organizam no século XX aos moldes das fábricas e do mundo do trabalho.
C) A Educação passa a ser um capital passível de ser adaptado e instrumentalizado para as
empresas.
D) Os trabalhadores da Educação lhes ofertam a possibilidade de lutar contra o sistema.
2. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SERVE PARA PERCEBER QUE NÃO EXISTE
UM PASSADO INQUESTIONÁVEL. POR EXEMPLO: A EDUCAÇÃO
ESTADUNIDENSE ERA APRESENTADA COMO MODELO NO BRASIL PELO
IDEAL TECNICISTA. NO ENTANTO, APARECE COMO ALGO ATRASADO E
CRÍTICO DURANTE A CRISE DOS DIREITOS CIVIS. A RELAÇÃO ENTRE
DIREITOS CIVIS E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PODE SER COMPREENDIDA A
PARTIR:
A) Do discurso de Martin Luther King sobre igualdade em Washington.
B) Da resistência de Rosa Parks ao se levantar da área segregada do ônibus.
C) Do levante da praça da Paz Celestial contra a corrupção do governo.
D) Da luta pelo fim da segregação e ação na justiça movida por Linda Brown.
GABARITO
1. A relação entre contexto histórico e Educação pode ser percebida quando observamos a
questão da Industrialização, pois:
A alternativa "C " está correta.
 
A Revolução Industrial é o fenômeno central, mas precisamos perceber a relação entre a mudança
da Educação e esse fenômeno. Historicamente, todas as relações descritas nas alternativas
acontecem em alguma medida. No entanto, como relação direta entre contexto histórico e
Educação, o fenômeno correto é a letra C, pois, a partir da industrialização, temos uma verdadeira
explosão das fronteiras educacionais para que trabalhadores possam atingir as fábricas.
2. História da Educação serve para perceber que não existe um passado inquestionável. Por
exemplo: a Educação estadunidense era apresentada como modelo no Brasil pelo ideal
tecnicista. No entanto, aparece como algo atrasado e crítico durante a crise dos Direitos
Civis. A relaçãoentre Direitos Civis e História da Educação pode ser compreendida a partir:
A alternativa "D " está correta.
 
Todas as opções têm relação com o contexto, mas a referência específica à História da Educação
pela ruptura que representa no sistema americano está representada por Linda Brown.
MÓDULO 2
 Comparar as perspectivas futuras da Educação a partir de modelos educacionais
brasileiros e de outros países
INTRODUÇÃO
Ao nos debruçarmos sobre os modelos e as estratégias pedagógicas adotadas no Brasil e no
mundo nas últimas décadas, notamos que muita coisa mudou para melhor. Isso significa que o
trabalho está terminado e que o Brasil pode ser considerado um modelo quando o assunto é
Educação?
Provavelmente, não. Apesar da Constituição de 1988 determinar que se trata de um direito
inalienável, o Brasil ainda conta com altas taxas de analfabetismo, evasão escolar, falta de
infraestrutura etc. Precisamos caminhar bastante para chegar a um patamar em que a Educação
de qualidade seja considerada um direito de todos.
Uma das vantagens do encurtamento de distâncias promovido pelo processo de globalização em
curso é pensar como podemos aprender com outros modelos ao redor do mundo. E ensinar
também. Por isso, este módulo é um convite para pensarmos a Educação brasileira
contemporânea inserida em um contexto mais global de iniciativas. Afinal de contas, uma das
grandes características do mundo em que vivemos é justamente a construção de redes que
interligam pessoas e ideias. Sem dúvidas, a Internet é um fator fundamental nesse processo.
 
Imagem: Shutterstock.com
O Brasil está inserido no contexto mundial, ou seja, todas as principais mudanças que acontecem
no mundo, de alguma forma, chegam até nós.
Veja a linha do tempo:
Brasil

1889
Torna-se República
1910
Brasil inicia seu processo de urbanização


1930
“Revolução” – chegada de Vargas ao poder
1942
Brasil entra na Guerra


1945
Retorno ao regime democrático
1964
Ditadura civil-militar


1985
Retorno do governo civil
1990
Retorno ao governo democrático

Mundo

1789
Revolução Francesa
1850 – 1900
Imperialismo (domínio de África e Ásia)


1914 – 1918
Primeira Guerra Mundial
1929
Crise de 1929


1939
Início da Segunda Guerra Mundial
1945
Fim da Segunda Guerra Mundial e início da Guerra Fria


1989
Queda do Muro de Berlim
1991
Fim da Guerra Fria

CONCEITOS
Qual é o grande ícone de “mundialização” da Educação Contemporânea? Sem dúvida, podemos
indicar dois documentos, a saber:
 
Imagem: Shutterstock.com
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
No ano de 1948, no contexto do final da Segunda Guerra Mundial, foi aprovada a Declaração
Universal dos Direitos Humanos. Naquele momento, o mundo teve conhecimento dos campos de
concentração (nazistas e soviéticos), responsáveis pela morte de milhões de pessoas. Assim,
essa declaração nasceu como uma forma de negar a guerra e todas as formas de violência. Outro
ponto de destaque presente na declaração é justamente a ideia que “toda pessoa tem direito à
Educação”.
 
Imagem: Shutterstock.com
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DO DIREITO DAS CRIANÇAS
Essa declaração representa o reconhecimento da criança como um ente com os mesmos direitos,
mas com especificidades. O direito ao cuidado, ao desenvolvimento, à proteção e à segurança
acabam criando um pacto mundial nesse sentido. Alguns países, no entanto, demoram a ser
signatários desses documentos. O Brasil só vai reconhecer e transformar seus fundamentos em lei
em 1988, com a Constituição Cidadã.
A despeito do proposto, veja estes números:
 
Imagem: Jose Martins Ferreira Neto.
 
Imagem: Shutterstock.com
De 1988 para cá, houve muitas discussões, como:
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
Além de outros documentos que pensavam a formação do professor, estrutura das escolas, entre
outros. Mas qual é o resultado? Como podemos pensar a contemporaneidade em termos de
Educação?
Como é possível imaginar, os desafios para melhorar os índices educacionais estão presentes no
mundo inteiro, não apenas no Brasil. Dessa forma, com o aprofundamento do processo de
globalização, cada vez mais presenciamos a necessidade de uma reflexão conjunta sobre como
alcançar a justiça social e a convivência harmoniosa entre os povos.
 
Imagem: Shutterstock.com
A solução para tornar a Educação uma linguagem universal pode ser a cooperação internacional
entre os países, já que é um problema de todos.
 
Imagem: Shutterstock.com
As ações praticadas pela Unesco, por exemplo, têm essa perspectiva: contribuir para o
estabelecimento da paz entre os povos, a erradicação da pobreza, o desenvolvimento de políticas
públicas para a Educação, o estímulo à diversidade cultural etc.
Podemos perceber até aqui que desafio é a palavra-chave para todos aqueles que assumem a
Educação, profissionalmente ou não, como algo com grande relevância na vida das pessoas. É
neste mesmo contexto de desafios a serem enfrentados que somos levados a percebê-los
também como perspectivas e oportunidades.
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Imagem: Shutterstock.com
UNESCO
A Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura (Unesco) foi criada em 1945 e
conta com 195 países membros.
 
Imagem: Shutterstock.com
Na impossibilidade de levantar todas as propostas e ações educativas da Educação
Contemporânea, destacamos aquelas que, de alguma forma, estão ou podem estar relacionadas
não somente à reflexão necessária sobre a Educação que somos convidados a fazer
cotidianamente, mas porque afetam a prática educativa que temos ou podemos ter nas próximas
décadas.
 
Imagem: Shutterstock.com
“EDUCAÇÃO: UM TESOURO A DESCOBRIR”
Tomemos como ponto de partida o documento Educação: um tesouro a descobrir, relatório para a
UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Esse relatório, publicado
em 1996, foi solicitado à equipe de educadores de várias parte do mundo, liderada por Jacques
Delors, para que pudesse refletir os caminhos da Educação nos países ligados à ONU.
Esse documento influenciou de forma intensa e definitiva os rumos da Educação, reforçando ou
questionando ações já realizadas e propondo novas ações a fim de alcançar seus objetivos. Este,
aliás, é um ponto de convergência: o mundo precisa dialogar aos moldes dos congressos que
levaram à formação do documento. A Educação deve considerar o indivíduo, mas ainda é
pensada como um fenômeno social.
 
Foto: Wikimedia Commons/licença(CC BY-SA 3.0).
 Jacques Delors: Economista e político francês. Entre 1992 e 1996, presidiu a Comissão
Internacional sobre Educação para o século XXI da Unesco.
No documento, Delors traz o conceito de que a Educação é baseada em quatro Pilares:
 
Imagem: Shutterstock.com
Juntos, esses pilares servem de base para a transmissão da informação e da comunicação
adaptada à sociedade. Veremos um pouco mais sobre esse assunto no vídeo a seguir.
O professor Rodrigo Rainha o convida a conhecer os pilares de Delors a partir da prática de
educadores da cidade de São Paulo, vencedores do prêmio Territórios Educativos.
Vídeo com libras
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
Um importante passo para a Educação brasileira foi a preparação e publicação da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC). Pelo menos dois aspectos são fundamentais para compreendermos
melhor a importância da BNCC:
 
Imagem: Ministério da Educação (MEC).
 Logo da Base Nacional Comum Curricular
1
Foi pensada na esteira da LDB/96, dos PCN e das DCNEB, portanto faz sentido pensar todos
esses documentos conjuntamente, como se um auxiliasse e completasse o outro.
2
É mais do que um documento que estabelece como, quando e por que determinados conteúdos
serão ensinados. Assim, o que importa é construir um projeto educacional que contemple todas as
dimensões do desenvolvimento humano, como os aspectos cognitivo e socioemocional,o
desenvolvimento físico, cultural etc. A ideia é que o aluno consiga aplicar o conhecimento
aprendido no seu cotidiano. O objetivo é formar o indivíduo para a vida cidadã, por meio da
transmissão de valores que permitam a boa convivência social.
Nesse sentido, o Projeto Político-Pedagógico de cada escola ganha destaque no cenário, pois
será preciso que toda comunidade seja reunida para discutir, refletir e planejar os rumos do
processo de ensino-aprendizagem. Os professores também terão a incumbência de elaborar seus
planos de aula de acordo com a BNCC. Outro ponto importante a ser destacado é que a BNCC
não é uma medida vinculada a determinado governo ou partido. Ela é uma política de Estado,
prevista no Plano Nacional de Educação, na LDB/96 e na Constituição de 1988.
COMPETÊNCIAS NA BASE NACIONAL COMUM
CURRICULAR
A palavra-chave da Base Nacional Comum Curricular é competências. Na Introdução da BNCC,
competência é definida como:
 
Imagem: Shutterstock.com
“Mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas cognitivas e
socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do
pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho”.
 
Imagem: Shutterstock.com
Percebeu que aqui aparecem novamente, assim como está nos PCN, a importância das três
dimensões da condição humana: estudo, cidadania e trabalho?
A BNCC propõe o desenvolvimento de dez competências distribuídas nas disciplinas curriculares
e que devem, por meio do desenvolvimento das diversas habilidades, serem respondidas pelas
atitudes concretas do aluno em todos os locais de sua convivência.
Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essenciais definidas na BNCC devem concorrer
para assegurar aos estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais, que
consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento.
Assim, cada área do conhecimento tem competências específicas que foram traçadas a partir das
dez competências gerais. As competências específicas devem influenciar diretamente as
habilidades que se pretendem formar ao estudar os componentes curriculares.
Mas quais são essas dez competências gerais? Vamos conferir!
Competências Gerais – BNCC
Confira as dez Competências Gerais da Educação Básica (Ensinos Infantil, Fundamental e
Médio):
1
CONHECIMENTO
Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social,
cultural e digital
Para
Entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma
sociedade justa, democrática e inclusiva.
2
PENSAMENTO CIENTÍFICO, CRÍTICO E CRIATIVO
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a
investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade
Para
Investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções
(inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3
SENSO ESTÉTICO
Valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais
Para
Fruir e participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4
COMUNICAÇÃO
Utilizar diferentes linguagens — verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal,
visual, sonora e digital —, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e
científica.
Para
Expressar-se e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e
produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5
ARGUMENTAÇÃO
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica,
significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares).
Para
Comunicar-se, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
6
CULTURA DIGITAL
Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e
experiências.
Para
Entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da
cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.
7
AUTOGESTÃO
Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis.
Para
Formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e
promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em
âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos
outros e do planeta.
8
AUTOCONHECIMENTO E AUTOCUIDADO
Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional.
Para
Compreender-se na diversidade humana e reconhecer suas emoções e as dos outros, com
autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9
EMPATIA E COOPERAÇÃO
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação.
Para
Fazer-se respeitar e promover o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e
valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, suas identidades,
culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10
AUTONOMIA
Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e
determinação.
Para
Tomar decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Agora veja quais são as cinco Áreas de Conhecimento, de acordo com o Parecer CNE/CEB nº
11/201025:
As competências previstas devem ser desenvolvidas nas atividades que serão realizadas nas
salas de aula. Dessa forma, haverá uma sintonia entre o que se espera alcançar a longo prazo e a
curto prazo. Por isso, a BNCC aponta os eixos estruturantes das práticas pedagógicas e as
competências gerais da Educação Básica.
Todas as competências são igualmente importantes.
O professor Francisco Carlos nos convida a pensar sobre a tradição curricular brasileira e os
desafios que estão sendo propostos pela BNCC.
Vídeo com libras
Por se tratar de um documento novo, as diretrizes da BNCC podem parecer, em um primeiro
momento, algo muito difícil de ser implementado e realizado. A mudança de hábitos não é um
processo fácil, sobretudo quando envolve tantas pessoas ao mesmo tempo, não é mesmo?
Porém, o importante é dar o passo inicial. Para os professores, é essencial ler a BNCC em sua
totalidade para pensar como introduzir as mudanças no contexto da sala de aula. Os desafios são
muitos, e a renovação passa por toda a comunidade escolar.
Para entendermos melhor, veremos uma linha do tempo começando na Lei de Diretrizes e Bases
(Lei n° 9394/96) e finalizando na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

1996
Lei nº 9394/96 - Lei de Diretrizes e Bases.
1997
Parâmetros Curriculares Nacionais (primeiras quatro séries da Educação Fundamental


1999
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, preparado para cada disciplina.
2000
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, definidos pelas áreas de linguagens,
códigos e suas tecnologias.


2001
Criação do Plano Nacional de Educação.
2003
Lei nº 10639 – Obrigatoriedade do ensino de História e cultura afro-brasileira. Além disso, entra
para o calendário escolar o dia 20 de novembro, quando é celebrado o Dia da Consciência Negra.


2004
Lei nº 10861: É criado o SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior.
2005
Lei nº 11096: criação do PROUNI – Programa Universidade para Todos.


2006
Emenda Constitucional nº 53 cria o FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação.
2007
Decreto nº 6096: criação do REUNI – Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão
das Universidades Federais.


2008
Lei nº 11465: Obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Indígena na rede de ensino.2012
Lei nº 12711: Lei de Cotas raciais nas universidades federais.


2017
Homologação da Base Nacional Curricular Comum.
A proposta das competências do BNCC já estava sendo gestada e aplicada em outros países.
Talvez o caso mais emblemático seja o Common Core (Currículo Comum) dos Estados Unidos.
Lançado em 2010, chegou a receber apoio de 90% da população e de 80% dos professores. Hoje,
uma década após sua implantação, este índice caiu pela metade nos dois casos. Uma reflexão
sobre isso pode nos ajudar a olhar de forma perspectiva para a situação nacional.
O exemplo americano é importante para que tenhamos uma compreensão clara do que significa
uma Base Comum, seus limites e suas perspectivas positivas.
MODELOS TRADICIONAIS DE EDUCAÇÃO X
MODELOS INOVADORES
Um ponto bastante atual é a contradição (aparente ou não) entre os modelos tradicionais de
Educação e aqueles considerados inovadores. Esta é uma situação presente em grande parte do
mundo. Veja alguns exemplos:
 
Imagem: Shutterstock.com
EUA
BRASIL
FRANÇA
FINLÂNDIA
JAPÃO
EUA
Nos EUA e em outras partes do Mundo, algumas expressões assumiram um papel bastante
emblemático, como, por exemplo, “Educação centrada no aluno”. Talvez essa seja, atualmente, a
grande perspectiva da Educação Contemporânea. EUA, México, Espanha, entre outros países,
têm assumido uma postura reflexiva, que busca caminhos para inserir o aluno de forma mais
efetiva no processo de aprendizagem.
É importante perceber que isso faz parte não somente de projetos oficiais desses países, mas de
organismos e fundações que buscam auxiliar a Educação no mundo. Um exemplo é o Google For
Education .
BRASIL
No Brasil, de forma muito mais sutil, parece que o interesse pela chamada Educação Clássica
está aumentando. Seja porque percebemos os fracassos sucessivos do país nas avaliações
internacionais, seja a revolução midiática já apontada, que permite o contato e acesso – na
maioria das vezes de forma gratuita – a uma literatura específica sobre o tema. Por esses ou
outros motivos, acreditamos que a Educação está viva na História, e não podemos negligenciar a
oportunidade de entender esse processo e o quanto isso poderá beneficiar, ou não, a Educação
no país.
FRANÇA
A França, berço do Iluminismo – com a Revolução Francesa, como você já viu – e,
consequentemente, de um modelo educacional baseado nos ideais liberais burgueses,
fundamentados em grande parte no modelo tecnicista-meritocrático, que nasceram para combater
o ensino clássico, parece estar recuando. Ou pelo menos assim podemos interpretar, quando o
Ministério da Educação francês assume a postura de proibir celulares em sala de aula, além do
retorno de línguas como latim e grego nas escolas.
Esta é uma situação no mínimo curiosa. Seu histórico, inclusive filosófico, de um perfil
revolucionário e de abandono das raízes que constituíram a Europa, permite que, ao menos,
estranhemos tais medidas.
FINLÂNDIA
A Finlândia tem seu modelo educacional reconhecido mundialmente, e, cada vez mais, há
pesquisadores e políticos do mundo todo buscando fazer intercâmbios para compreender como
uma escola com curta jornada de estudo, quase ausência total de tarefas escolares para casa,
pouquíssimas provas e preocupação mínima com ranking internacional (o que contraria a maioria
das tendências educacionais atuais) pode ter tanto sucesso.
JAPÃO
Parte da Ásia tem mantido as primeiras posições no ranking internacional por vários anos
seguidos, assumindo uma posição mais centrada na disciplina e em longas horas de estudo.
Historicamente, o Japão se destaca de forma emblemática.
 
Imagem: Shutterstock.com
Embora a proposta da “Educação centrada no aluno” não tenha sido aceita de forma unânime no
exterior (como o caso da pedagoga sueca Inger Enkvist), no Brasil, esse pensamento tem
crescido e confunde-se com a utilização das tecnologias digitais na Educação por meio das
chamadas metodologias ativas.
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INGER ENKVIST
Professora de literatura espanhola na Universidade de Lund, na Suécia. Já publicou estudos
sobre Miguel de Unamuno, José Ortega y Gasset, Mario Vargas Llosa e outros, além de
vários livros sobre educação, em sueco e em espanhol. Nestas obras, critica as bases
ideológicas da nova pedagogia, demonstra seus maus resultados e suas consequências
malignas para a cultura ocidental como um todo, e apela para a recuperação de elementos
da pedagogia tradicional, como o valor do conhecimento, da dedicação do aluno e da
autoridade do professor competente.
Fonte: Ecclesiae.
 
Foto: Per A.J. Andersson/Wikimedia Commons/licença(CC BY-SA 4.0).
 Inger Enkvist
 
Imagem: Shutterstock.com
Vamos aprofundar um pouco mais o conhecimento sobre os modelos de ensino ao redor do
mundo? Veja o vídeo.
O professor Antônio Giacomo faz um comparativo entre os sistemas de ensino brasileiro e
internacionais.
Vídeo com libras
TENDÊNCIAS
Para que não percamos a percepção do que isso significa, levantamos um questionamento
simples:
O que é uma Educação de sucesso?
 
Imagem: Shutterstock.com
De acordo com publicação do jornal O Globo, os países nórdicos e asiáticos possuem altas taxas
de suicídio. Isso nos leva a perguntar por que, nos locais onde a Educação é mais bem-sucedida e
nos países que possuem as maiores rendas per capta do mundo, as pessoas se matam? Essa
reflexão é relevante para que busquemos um modelo educacional que, além da formação técnica
do indivíduo, possa formá-lo de forma integral.
RENDA PER CAPTA
Valor representativo da distribuição da riqueza de um determinado país. É resultado da
divisão do PIB (Produto Interno Bruto) pela população.
IMAGENS EMBLEMÁTICAS
Vejamos algumas imagens representativas de importantes acontecimentos relacionados à
Educação.
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Malala Yousafzai foi baleada na cabeça por Talibãs ao sair da escola. Ela lutava para que as
meninas paquistanesas tivessem o direito de estudar.
Foto: DFID - UK Department for International Development/Wikimedia Commons/licença(CC BY
2.0).
Massacres cometidos por estudantes que retornam à escola em que estudaram têm se
multiplicado. Isso mostra como o ambiente escolar pode ser marcado pela exclusão e violência.
Casos famosos, como Columbine, nos Estados Unidos, e Suzano, em São Paulo, mostram a
continuidade do problema.
Foto: Erin Alexis Randolph / Shutterstock.com
Protesto e organização de estudantes em prol de uma escola pública de qualidade em 2015.
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil Fotografias/Wikimedia Commons/licença(CC BY 2.0).
O filme O aluno é baseado em fatos. Em 2003, após ouvir uma propaganda do governo que dizia
que a escola era para todos, Kimani Ng'ang'a Maruge começa a lutar para poder estudar.
Foto: Kerry Brown / Desenvolvido por BBC Films
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. NO ANO DE 1996, FOI PUBLICADO O RELATÓRIO “EDUCAÇÃO: UM
TESOURO A DESCOBRIR”, NO ÂMBITO DA UNESCO. ESSE DOCUMENTO
FOI IMPORTANTE PORQUE SISTEMATIZOU QUE A EDUCAÇÃO DEVERIA
ESTAR ANCORADA EM QUATRO GRANDES PILARES. AO COMPARAR A
INFLUÊNCIA NO BRASIL E NO RESTANTE DO MUNDO, PODEMOS
APONTAR QUE:
A) A Educação não deve se centrar no exercício de mera transmissão, mas pautar-se no retorno a
elementos clássicos, exercícios que historicamente se mostraram eficientes.
B) A Educação se tornou um elemento primordial para a formação de uma sociedade mais justa e
equilibrada, que permita aos sujeitos atingirem seu potencial.
C) A Educação no século XXI precisa refletir sobre si e o papel que deve assumir para atingir as
demandas sociais do mundo contemporâneo.
D) A Educação, no século XXI, deve pautar-se na necessidade do aluno. A busca do
desenvolvimento da Educação depende do interesse individual de cada sujeito e deve se orientar
de acordo com essa perspectiva.
2. NA COMPARAÇÃO ENTRE O BRASIL E O MUNDO EM TERMOS DE
EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE, EM ESPECIAL PENSANDO NAS
INFLUÊNCIAS DA UNESCO, PODEMOS DESTACAR COMO UMA BUSCA DE
INTEGRAÇÃO COM AS PROPOSTAS MUNDIAIS:A) Base Nacional Comum Curricular.
B) Constituição de 1988.
C) Declaração Universal do Direito dos Homens.
D) Adoção do modelo Common Care .
E) Retomada conversadora nos fundamentos da Educação.
GABARITO
1. No ano de 1996, foi publicado o relatório “Educação: um tesouro a descobrir”, no âmbito
da UNESCO. Esse documento foi importante porque sistematizou que a Educação deveria
estar ancorada em quatro grandes pilares. Ao comparar a influência no Brasil e no restante
do mundo, podemos apontar que:
A alternativa "C " está correta.
 
Os pilares organizados por Delors devem ser tratados como um documento histórico, sendo mais
uma das reflexões necessárias sobre os desafios da Educação. Porém, tendo em vista que não
existe uma fórmula mágica, definitiva. Por isso, seu papel lida, ainda, com demandas sociais em
que o sujeito está inserido, não em demandas focadas exclusivamente no sujeito.
2. Na comparação entre o Brasil e o mundo em termos de Educação na contemporaneidade,
em especial pensando nas influências da UNESCO, podemos destacar como uma busca de
integração com as propostas mundiais:
A alternativa "A " está correta.
 
A Base Nacional Comum Curricular é um debate histórico no Brasil, um país de dimensões
continentais que precisa ofertar condições básicas para sua Educação, partindo de um atraso
difícil de lidar. Evoluímos, mas, mesmo com planos nacionais, estaduais e municipais, faltava a
modernização, que foi buscada de acordo com a linha de habilidades e competências proposta a
partir da BNCC. Todos os demais movimentos aqui mencionados influenciam, mas somente a
BNCC significa esta transformação. Muitas das ideias presentes no relatório da Unesco podem ser
visualizadas nas competências da BNCC. Por exemplo, o estímulo ao desenvolvimento das
habilidades socioemocionais dos indivíduos.
MÓDULO 3
 Reconhecer como a História da Educação nos prepara para os desafios da sociedade
tecnológica
INTRODUÇÃO
A partir das diversas leis, medidas e dos decretos estruturados para o âmbito educacional, é
possível entender que uma das grandes inovações nas últimas décadas é a ampliação dos
currículos escolares para além do desenvolvimento das habilidades cognitivas. Isso significa que
o espaço escolar não tem como finalidade apenas transmitir conhecimento, mas proporcionar
instrumentos para que as potencialidades dos alunos sejam exploradas.
 
Foto: Shutterstock.com
ANTES
 
Foto: Shutterstock.com
DEPOIS
Afinal de contas, qual é o papel do ambiente escolar e de seus profissionais em um mundo
globalizado?
O século XXI é marcado por muitas contradições. Imaginamos, de forma geral, o futuro do mundo
e da Educação da seguinte forma:
O desenvolvimento de tecnologias velozes e poderosas.
 
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Mas na prática o mundo ainda é marcado por:
 
Foto: Shutterstock.com
DESIGUALDADES
O agravamento das desigualdades sociais, sobretudo em regiões periféricas.
 
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CONSUMO ACELERADO
Aceleração da sociedade de consumo descartável em todos os sentidos.
Essa nova ordem mundial causou e ainda causa impactos profundos no ambiente escolar. Uma
das dúvidas colocadas para os educadores é como lidar com os chamados “novos desafios do
mundo contemporâneo”, que envolvem o conhecimento de tecnologias e a crescente
competitividade no mercado de trabalho.
Nas bases legais dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, temos a
reafirmação constante de que a Educação não deve ser estruturada a partir do acúmulo de
conhecimentos, mas a partir da preparação do aluno para o desenvolvimento da capacidade de
lidar com os desafios da sociedade tecnológica.

O VOLUME DE INFORMAÇÕES, PRODUZIDO EM
DECORRÊNCIA DAS NOVAS TECNOLOGIAS, É
CONSTANTEMENTE SUPERADO, COLOCANDO NOVOS
PARÂMETROS PARA A FORMAÇÃO DOS CIDADÃOS.
NÃO SE TRATA DE ACUMULAR CONHECIMENTOS. A
FORMAÇÃO DO ALUNO DEVE TER COMO ALVO
PRINCIPAL A AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTOS
BÁSICOS, A PREPARAÇÃO CIENTÍFICA E A
CAPACIDADE DE UTILIZAR AS DIFERENTES
TECNOLOGIAS REATIVAS ÀS ÁREAS DE ATUAÇÃO.
Parâmetros Curriculares Nacionais
Portanto, neste módulo, vamos buscar as respostas para as seguintes perguntas:

Qual é o papel da História da Educação na observação do mundo contemporâneo em permanente
processo de mudança?

Será que a História não deve observar isso?

Devemos esperar esses movimentos ficarem mais velhos para analisá-los?
A História é uma ciência humana que estuda a relação de homens e sociedade, utilizando o tempo
como seu objeto de referência. Mas isso não a transforma em uma ciência do passado, pois seu
objeto e suas práticas estão no presente. Usamos o passado para refletir sobre nossa própria
sociedade, com o passado nos iluminando, permitindo debates. Se imergíssemos na
contemporaneidade, poderíamos nos afastar dessas reflexões.
 
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OS PERSONAGENS DA EDUCAÇÃO NO
SÉCULO XXI
Antes de mais nada, é preciso ter em mente que todos os modelos e as experiências pedagógicas
que vimos até agora são fundamentais para compreender o papel da Educação atualmente. O
desafio é pensar como o ambiente escolar e os profissionais que nele atuam estão respondendo a
tantas mudanças estruturais e éticas.
Durante muito tempo, a transmissão do conhecimento se dava da seguinte maneira:
 
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PROFESSOR
O detentor do conhecimento, que passava o conteúdo para os alunos sem muita crítica ou
embasamento.
ALUNO
Absorvia o conteúdo sem questionamento sobre o que era transmitido pelo docente.
Precisamos provocar o olhar sobre esses personagens presentes na escola e avaliar nossa
responsabilidade como educadores. A professora Nilda Alves é doutora em Educação, e um de
seus objetivos é fazer a escola reconhecer os conhecimentos do mundo.
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A professora Nilda Alves é professora titular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e
comenta sobre os saberes e seu papel.
Vídeo com libras
 
Imagem: Shutterstock.com
Ainda assim, muitos educadores olham para as transformações com certa desconfiança. De
fato, sair da zona de conforto e se abrir para novas possibilidades não é tarefa fácil. O uso de
tecnologias em sala de aula, por exemplo, depara-se com a falta de habilidade do professor em
dominar as tecnologias e suas linguagens: web, podcast, software, armazenar na nuvem, Google,
Facebook etc. Ou seja, é cada vez mais difícil supor que o docente em sala de aula seja o único
detentor do conhecimento. Com a explosão tecnológica, a um clique de distância, o aluno tem
acesso a uma quantidade infinita de informações de todos os tipos possíveis. Ao mesmo tempo,
sabemos que, na Era da Informação, não faltam conteúdos falsos ou notícias com fontes
desconhecidas. São as famosas fake news!
No âmbito das novas propostas pedagógicas adotadas pela legislação brasileira, a ideia é que a
Educação forneça instrumentos para que o aluno construa seu próprio conhecimento e tenha
curiosidade sobre tudo aquilo que o rodeia. A formação de um indivíduo para a vida cidadã
parte, em primeiro lugar, da sua atuação como sujeito ativo.
Segundo Paulo Freire (1985):

CONHECER NÃO É O ATO ATRAVÉS DO QUAL UM
SUJEITO TRANSFORMADO EM OBJETO RECEBE DÓCIL
E PASSIVAMENTE OS CONTEÚDOS QUE O OUTRO LHE
DÁ OU LHE IMPÕE. O CONHECIMENTO, PELO
CONTRÁRIO, EXIGE UMA PRESENÇA CURIOSA DO
SUJEITO EM FACE DO MUNDO. REQUER SUA AÇÃO
TRANSFORMADORA SOBRE A REALIDADE. DEMANDA
UMA BUSCA CONSTANTE. IMPLICA INVENÇÃO E
REINVENÇÃO.
(FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação?
São Paulo: Paz e Terra, 1985, p. 7)
A formação de sujeitos críticos implica, portanto, a revisão das práticas educativas.
Como já vimos, uma das propostas presentes na BNCC é a formação por competências. A ideia é
que o aluno tenha autonomia para decodificar determinada informação, pesquisar outras
referências, comparar fontes e saber estabelecer conexões entre o passado e o presente.
A Educação do futuro tem como pressuposto incentivar o alunoa construir seu próprio
conhecimento, associando o conteúdo ensinado na escola à sua trajetória de vida. Nesse sentido,
a tecnologia, quando usada de modo correto, é um instrumento bastante eficaz na democratização
da informação e do conhecimento. O importante é capacitar o educador para que conheça as
potencialidades e os limites dos recursos virtuais.
 
Imagem: Shutterstock.com
 
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QUE CAMINHOS SEGUIR?
Você provavelmente deve se recordar do seu tempo de escola. Se estudou em um colégio
privado, mais tradicional, ou mesmo em alguma escola pública que sofria em razão dos problemas
de infraestrutura e escassez de profissionais mais qualificados, deve lembrar que muitas aulas se
resumiam a copiar o que o professor escrevia no quadro.
Os espaços de discussão não eram incentivados, quase não havia dinamismo nas aulas, e era
muito comum que o corpo docente não entendesse por que os alunos pareciam tão pouco
interessados em prestar atenção no conteúdo.
A História da Educação está atenta a esse debate e, hoje, nota que tem se discutido a
possibilidade de que muitos desses problemas poderiam ser resolvidos a partir da adoção de
modelos pedagógicos ativos. Ou seja, colocar o aluno como agente central no processo de
aprendizagem.
Como isso pode ser feito na prática?
A despeito das ferramentas utilizadas, a noção é sempre a mesma: incentivar a autonomia,
reconhecer e respeitar a diversidade no ambiente escolar e estimular a cooperação e integração
entre alunos, estimulando a construção de projetos em grupos. Veja alguns exemplos:
 
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FEIRAS DE TALENTOS
 
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MOSTRAS ARTÍSTICAS
 
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RODAS DE LEITURA
A ideia é que cada vez mais os projetos educacionais adotem a chamada metodologia ativa de
aprendizagem.
METODOLOGIA ATIVA DE APRENDIZAGEM
O psiquiatra americano William Glaser, a partir de suas pesquisas no campo da Educação,
construiu uma pirâmide que avalia como aprendemos.
Como aprendemos
WILLIAM GLASSER
Psiquiatra norte americano conhecido por diversos estudos a respeito de saúde mental e
comportamento humano.
Segundo a teoria de Glaser, aprendemos mais com a metodologia ativa de aprendizagem.
Mas você já ouviu falar nesse termo? Talvez esse seja um conceito novo para você, mas que
já faz parte do seu cotidiano.
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Foto: Brother Bulldog/Wikimedia Commons/licença(CC BY-SA 3.0).
 William Glasser
A modalidade EaD (Ensino a Distância) é um ótimo exemplo da adoção da metodologia ativa de
aprendizagem.
Essa metodologia parte da ideia de que o aluno é o principal responsável pela sua própria
aprendizagem. O ideal é que ele seja estimulado a aprender a partir de exemplos concretos, que
tenham correspondência com seu cotidiano.
A transmissão de conhecimento levando em consideração a vivência do estudante confere mais
dinamismo e interatividade. Segundo essa lógica, a simples memorização de conteúdos não seria
eficiente.
 
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Qual é o caminho da aprendizagem nesse processo? É o que descobriremos no vídeo a
seguir.
Os professores Rodrigo Rainha, Guilherme Dutra e Luís Claudio Dallier dialogam sobre o ponto de
vista de suas áreas sobre o Ensino a Distância.
Vídeo com libras
TEMAS TRANVERSAIS
Os chamados temas transversais não são disciplinas curriculares, mas debates de cunho social e
político presentes na sociedade contemporânea, como meio ambiente, ética, consumo etc. A
função dos temas transversais é conduzir o professor, em sua ação educativa, a sintonizar o
cotidiano do aluno com a aprendizagem cognitiva.
 
Imagem: Shutterstock.com
IMAGENS EMBLEMÁTICAS
Conheça algumas das escolas mais inovadoras da atualidade.
Consegue pensar em uma escola sem salas, sem séries, sem separações, sem turmas, com aulas
sendo pensadas e trocadas por projetos feitos pelos próprios alunos? Leia sobre a Escola da
Ponte.
Foto: Shutterstock.com
E se as atividades da escola fossem feitas a partir de jogos? O tempo todo, os alunos estão
praticando, trocando e construindo com base em jogos e níveis de interações diferentes. Duvida?
Conheça a Quest to Learn, em Nova York.
Foto: Shutterstock.com
Escolas para recuperação de alunos, ou, ainda, para jovens infratores, crianças em condição de
rua. É preciso muita disciplina para controlar os alunos, certo? Não! Você precisa conhecer a
Escola Meninos e Meninas do Parque...
Foto: Renato Araújo / Agência Brasília / licença(CC BY 2.0).
“Em locais pobres, é impossível desenvolver centros de tecnologia”. Sugata Mitra discorda dessa
afirmação e, a partir da tecnologia, desenvolveu na Índia a busca de um novo modelo. Sua
proposta consiste em leitura de livre aprendizagem, sem a presença de uma autoridade, e pelo
computador...
Foto: TED Conference / licença(CC BY-NC 2.0).
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (ADAPTADA DE SEPLAG-MG, 2015) O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS
NA EDUCAÇÃO PODE PROMOVER ALGUMAS MUDANÇAS NA
ABORDAGEM PEDAGÓGICA, TORNANDO O PROCESSO DE TRANSMISSÃO
DE CONHECIMENTO MAIS DINÂMICO E CRIATIVO. DIVERSAS
HABILIDADES PODEM SER PRATICADAS NO ENSINO ESCOLAR PARA
FACILITAR OS TIPOS DE COMUNICAÇÃO E INTERAÇÃO ENTRE OS
PROFESSORES E OS ALUNOS. A ÚNICA ALTERNATIVA QUE NÃO SE
ADEQUA AO USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA É:
A) Oportunizar ao professor diferentes formas e recursos de ensino e aprendizagem.
B) Estabelecer novas relações com o saber.
C) Envolver os alunos para novas descobertas.
D) Contribuir para as práticas educacionais.
E) Utilizar o computador somente como fonte de informação.
2. OS TEMAS TRANSVERSAIS, QUE CONSTAM NOS PCN, ESTÃO
INSERIDOS NO CONTEXTO DE RENOVAÇÃO DAS PRÁTICAS DE ENSINO E
DOS MODELOS PEDAGÓGICOS NAS ÚLTIMAS DÉCADAS. QUAL
ALTERNATIVA MELHOR DESCREVE A FUNÇÃO DOS TEMAS
TRANSVERSAIS?
A) Educação de cunho tecnicista.
B) A orientação sexual não é considerada um tema transversal.
C) Valorização da individualidade.
D) Foram criados para substituir os currículos escolares.
E) O professor como mediador do processo de aprendizagem.
GABARITO
1. (Adaptada de SEPLAG-MG, 2015) O uso das novas tecnologias na Educação pode
promover algumas mudanças na abordagem pedagógica, tornando o processo de
transmissão de conhecimento mais dinâmico e criativo. Diversas habilidades podem ser
praticadas no ensino escolar para facilitar os tipos de comunicação e interação entre os
professores e os alunos. A única alternativa que não se adequa ao uso das novas
tecnologias na escola é:
A alternativa "E " está correta.
 
A utilização de recursos tecnológicos no ambiente escolar pode significar importantes ganhos.
Além de aproximar o professor dos alunos, pode enriquecer a aula com suas experiências prévias,
além de estimular a autonomia e integração coletiva. A tecnologia, usada de modo responsável,
pode contribuir de diversas formas na construção do conhecimento
2. Os temas transversais, que constam nos PCN, estão inseridos no contexto de renovação
das práticas de ensino e dos modelos pedagógicos nas últimas décadas. Qual alternativa
melhor descreve a função dos temas transversais?
A alternativa "E " está correta.
 
Os temas transversais estão inseridos num movimento maior (incluindo a LDB/96, os PCN e a
BNCC) de renovação das práticas pedagógicas, que valoriza a participação ativa dos alunos no
processo de aprendizagem, cabendo ao professor atuar como mediador nesse contexto. O aluno é
compreendido como um indivíduo complexo e dotado de habilidades e competências.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação Contemporânea dialoga com a História Contemporânea. Quer dizer, a partir do
momento em que foi identificada a ascensão do mundo capitalista, a Educação passou por
profundas transformações. Ao longo do século XX, o mundo começou a defender uma Educação
mais popular, mais disseminada. Os motivos são muitos: industrialização, crescimento das
cidades, desenvolvimentos dos estados – olhando pelo prisma do governo –, mas que geram
linhasde resistência, isto é, Educação que liberte, Educação que fortaleça disputas, Educação
como um bem individual.
Diante dessas transformações, chegamos ao século XXI ricos em debates, mas sem conseguir
resolver muitas de nossas mazelas históricas. Ainda que países como o Brasil tenham se
fortalecido em termos legislativos e de sistema de Educação, trata-se de uma discussão que não
cessa, como aponta a BNCC no Brasil, e ainda existem divergências profundas mundo afora.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. E. B.; VALENTE, J. A. Tecnologias Digitais, Linguagens e Currículo:
investigação, construção de conhecimento e produção de narrativas. São Paulo: Coleção Agrinho,
2012.
ANTUNES, Celso. Como desenvolver competências em sala de aula. Petrópolis: Vozes, 2001.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Base Nacional
Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Consultado em meio eletrônico em: 10 set. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Brasília: MEC, 1999.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental: referentes às quatro primeiras séries da
Educação Fundamental. Brasília: MEC, 1997.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC, 2000.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Consultado em meio eletrônico em: 10 set. 2018.
DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir (Relatório para UNESCO da Comissão
Internacional sobre Educação para o século XXI). São Paulo: Cortez, UNESCO e MEC, 2001.
FERACINE, Luiz. O professor como agente de mudança social. São Paulo: EPU, 1990.
FERRETI, C. et al. Novas tecnologias, trabalho e educação: um debate multidisciplinar.
Petrópolis: Vozes, 1994.
FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? São Paulo: Paz e Terra, 1985.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 10. ed. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
FREITAS, Lourival C. de. Mudanças e inovações na educação. 2. ed. São Paulo: EDICON,
2005.
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CONTEUDISTA
Pamela de Almeida Resende
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