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PROJETO DE PESQUISA EVIDENCIAS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA
CAMPUS SOSÍGENES COSTA
BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM SAÚDE
Brenda Pereira de Jesus
Isabel Carrera Gomes
Josieli da Silva Gois
Milena Beuclair Alencar
FATORES MOTIVADORES E ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
Porto Seguro
2018
Brenda Pereira de Jesus
Isabel Carrera Gomes
Josieli da Silva Gois
Milena Beuclair Alencar
 FATORES MOTIVADORES E ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
Trabalho acadêmico apresentado à Universidade Federal do Sul da Bahia, no Bacharelado Interdisciplinar em Saúde com o objetivo de obter créditos no componente de Oficinas de Cuidados em Saúde Baseados em Evidências.
Orientadores: Enio Rodrigues da Silva e Paula Peixoto Messias Barreto.
Porto Seguro
	2018
	
RESUMO
Objetivo: Este projeto busca identificar que estratégia são eficazes entre as adolescentes grávidas, tendo por base pesquisa bibliográfica. A premissa do estudo é que se faz necessário levantar questionamentos e pesquisas sobre a gestação na adolescência para que assim seja dada a visibilidade que essa situação precisa, tanto no âmbito escolar, quanto no Sistema Único de Saúde (SUS). 
Descritores: Gravidez, adolescência, estratégia, prevenção, riscos, motivadores.
ABSTRACT
Objective: This project seeks to identify which strategies are effective among pregnant adolescents, based on bibliographic research. The premise of the study is that it is necessary to raise questions and research on gestation in adolescence, in order to give the visibility that this situation needs, both in the school and in the Health Unic System (SUS). Method: 32 university students (62.5% female) were evaluated, 68.8% were under 24 years old, 84.4% were single, and 28.1% had a professional one.
Keywords: Pregnancy, adolescence, strategy, prevention, risk, motivating
SUMÁRIO
SUMÁRIO DE QUADROS E FIGURAS
1. INTRODUÇÃO
Durante a adolescência o indivíduo passa por diversas mudanças, tanto corporais, quanto psíquicas, sociais e emocionais. Ele está saindo da infância, contudo ainda não é um adulto. Segundo Santos e Nogueira (2009), essa mudança é uma perda da identidade, onde se inicia a busca de uma nova. Na adolescência é muito comum nos grupos de amigos surgirem namoros e experiências sexuais. Segundo Santos e Nogueira (2009) “a sexualidade é imperativa na adolescência, os sentimentos são vividos com enorme intensidade e o jovem, ainda imaturo, não sabe como lidar com ela.”
Com a maior taxa de atividade sexual na adolescência, surgem duas grandes preocupações, as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e a gravidez precoce. “Os mais ameaçados são os adolescentes que começam a ter atividade sexual cedo, que têm múltiplos parceiros, que não usam preservativos ou que possuem informações insuficientes - ou errôneas - sobre sexo.” (PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R, 2006).
Segundo o Ministério da Saúde, muitas vezes a gravidez na adolescência é indesejada, para alguns profissionais de saúde acaba sendo enfocada como um “problema” que deve ser solucionado através da diminuição do número de gravidezes nessa população. A fórmula encontrada para “resolver” essa questão se reduz aos programas de informação sexual.
Essa perspectiva dificulta a compreensão acerca do tema, sendo insuficiente para explicar a complexidade do fenômeno. Não podemos afirmar que as jovens não têm informação sexual, visto que o acesso á informação é cada vez mais fácil. Na Internet, televisão e mesmo em revistas, encontramos informações sobre contraceptivos explicadas com linguagem simples e de fácil entendimento. Partindo dessa evidência, nos questionamos porque essas adolescentes continuam engravidando, e para que possamos obter resposta a esse questionamento, precisaremos focalizar sobre o que essas jovens entendem, mas principalmente, como elas se veem dentro dessa temática.
Apesar das consequências que essa situação lhes acarreta, como por exemplo, maior dependência financeira da família visto que, a maioria das jovens continuam morando com os pais após o nascimento do filho, e abandono ou adiamento dos estudos; é comum ouvirmos a adolescente dizer quer ser mãe e que quer ter um filho.
Torres JDRV; Torres SAS; Vieira GDR; et al. (2008) reforçam isso quando dizem que “para parte das adolescentes, a gravidez, embora prematura, pode vir a ser a única possibilidade de mudança de status de vida”.
Esses dados nos fazem pensar que a gravidez na adolescência, hoje, constitui-se como uma questão polêmica por ligar aspectos relacionados ao exercício da sexualidade e da vida reprodutiva às condições materiais de vida e às múltiplas relações de desigualdades que estão presentes na vida social do País. Nesse sentido, é mais apropriado que a gravidez na adolescência seja vista como um ponto de inflexão que resulta de uma pluralidade de experiências de vida, com diferentes significados, abordado de várias maneiras e que adota diversos desfechos (Ministério da Saúde, 2017).
Enquanto estudantes do Componente Curricular (CC) Oficina de Cuidados em Saúde Baseados em Evidências, do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BI-Saúde), da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), identificamos junto à Coordenação de Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do município de Santa Cruz Cabrália - BA, que a gravidez na adolescência é uma das problemática locais que vêm demandando estratégias de prevenção por parte de gestores e profissionais da rede de saúde. E considerando a consulta bibliográfica, desenvolvemos o interesse em realizar uma revisão integrativa a fim de identificar que estratégias são efetivas na prevenção da gravidez na adolescência.
2. OBJETIVO 
Identificar que estratégias são efetivas na prevenção da gravidez na adolescência. 
3. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura (RI), que possibilita entender os problemas referentes à gestação em adolescentes, buscando estratégias eficazes para prevenção da gravidez. Este método de pesquisa permite a síntese de múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo. 
Esta RI foi desenvolvida em quatro etapas: na primeira etapa, foi formulada a questão de pesquisa: que estratégias de prevenção da gravidez na adolescência estão descritas na literatura científica atual? A busca na literatura foi realizada na segunda etapa por meio do levantamento dos artigos realizado em setembro de 2018, em uma das principais bases de dados da área da saúde: Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME). Delimitou-se como recorte temporal o período de 2009 a 2018, sendo o marco inicial estabelecido pelo período dos últimos dez anos. A busca foi concretizada por meio dos descritores “Gravidez na adolescência”, “Riscos”, “Prevenção”. Optou-se por utilizar os termos na língua portuguesa e o operador booleano AND, conforme apresentado no Quadro 1.
 Para compor a amostra, foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: artigos publicados no período de 2009 a 2018, disponíveis eletronicamente na íntegra no idioma português que abordassem a perspectiva da gravidez na adolescência. Foram excluídas revisões de literatura, anais de eventos científicos, relatos de experiência, dissertações e teses. Os critérios de inclusão e exclusão foram aplicados e possibilitaram selecionar 6 artigos para compor a amostra do estudo, conforme apresentado na Figura 1.
Quadro 1.
Figura 1.
Na terceira etapa, foi realizado o agrupamento referente aos riscos, prevenção e a gestação das adolescentes, por semelhança de conteúdo (Quadro 2). Os resultados foram interpretados com base na literatura correlata ao tema do estudo. Por fim, a quarta etapa correspondeu à apresentação da síntese do conhecimento, realizada nas seções discussão e considerações finais.
4. RESULTADOS
A maiorproporção dos artigos (96%) foi publicada no ano de 2009. Os países que mais produziram artigos sobre Gestação na adolescência foi o Brasil. Os profissionais que mais publicaram foram médicos. A maior parte dos periódicos (90%) são específico da área de ginecologia e obstetrícia.
Quanto ao conteúdo, os estudos selecionados apontaram que a Gestação na adolescência congrega as dimensões: psicológica, cultural e social.
O Quadro 2 mostra a sinopse dos artigos selecionados para a revisão integrativa.
	Autores/Título
	Ano/País
	Método/Participantes/Objetivos
	Gestação na adolescência 
	Amorim MMR, Lima LD, Lopes CV, Araújo DKL, Silva JGG, César LC, Melo ASO/ Fatores de risco para a gravidez na adolescência em uma maternidade-escola da Paraíba: estudo caso-controle
	2009/ Brasil
	Quanti- qualitativo/ n= 505.
Idade: 12 a 19 (n = 168) e 20 a 35 (n = 337) / identificar os fatores associados à gestação na adolescência em um Estado do nordeste do Brasil. 
	Os principais fatores associados à gravidez na adolescência observados foram: baixa escolaridade da adolescente, história materna de gestação na adolescência, ausência de consultas ginecológicas prévias e falta de acesso aos métodos anticoncepcionais.
	Rodrigues DF, Rodrigues FRA, Silva LMS, Jorge MSB, Vasconcelos LDGP/ O adolescer e ser mãe: representações sociais de puérperas adolescentes
	2009/ Brasil
	Qualitativo/ n= 25.
Idade: 10 a 20 (n = 25) / apreender as representações sociais de puérperas adolescentes sobre ser mãe na adolescência.
	A maternidade na adolescência revela a importância de programas educativos sobre a saúde sexual, com enfoque na intersetorialidade entre as escolas, os serviços de saúde e a sociedade para desenvolver mecanismos que identifiquem e intervenham junto às adolescentes com alto risco para a maternidade precoce.
	Borges ALV, Silva TP/ Estratégias de prevenção da gravidez na adolescência na ótica de adolescentes que já vivenciaram uma gravidez
	2009/ Brasil
	Qualitativo/ n= 4.
Idade: 14 a 19 (n = 4) / conhecer a opinião de adolescentes que já vivenciaram uma gravidez, cadastradas por uma equipe do Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Osasco, Estado de São Paulo, a respeito de estratégias efetivas no âmbito da saúde coletiva para a redução do número de gestações não planejadas na comunidade em que vivem.
	As adolescentes mencionaram vínculos frágeis com os serviços de saúde e não os reconheceram como parceiros na promoção de sua saúde sexual e reprodutiva.
	Vargens OMC, Adão CF, Progianti JM / Adolescência: uma análise da decisão pela gravidez
	2009/ Brasil
	Qualitativo/ n= 16.
Idade: 12 a 16 (n = 16) / analisar a decisão da adolescente pela gravidez, com base no significado que ela atribuiu ao fenômeno.
	Os resultados evidenciaram duas categorias que descrevem os significados para as adolescentes dessa sua decisão: 1. descobrindo-se grávida, cujas subcategorias expressaram o querer e o não querer engravidar, o planejamento ou não da gravidez; 2. Optando pela gravidez, cujas subcategorias expressaram a descoberta do poder e a experiência de autonomia, advindos com a gravidez. Da integração dessas categorias emergiu a categoria central representativa do processo social básico: Buscando autonomia e poder.
	Oliveira TP, Carmo APA, Ferreira APS, Assis ILR, Passos XS/ Meninas de Luz: uma abordagem da enfermagem na gravidez na adolescência.
	2009/ Brasil
	Quali- quantitativa/ n=34.
Idade: 14 a 18 (n= 34) / compreender o contexto social que tem favorecido o aumento nos índices de gestação na adolescência.
	O estudo demonstrou que a gravidez precoce acontece em um contexto social onde fatores como escolaridade, aspectos familiares e nível socioeconômico são menos favorecidos, revelando um problema que deve ser revisto por todos: família, escola, profissionais da área da saúde e os gestores públicos.
5. DISCUSSÃO
As amostras dos artigos analisados foram apenas no Brasil e verificou-se que, conforme abordado na literatura brasileira, a gravidez na adolescência é uma preocupação no território nacional e está longe de ser apenas um fruto da falta de informações dos adolescentes. 
Foi percebido que os adolescentes sabem quais são os métodos contraceptivos, onde encontrá-los, mas essas informações e até mesmo o acesso a uma consulta médica não são suficientes para motivar um exercício contraceptivo sólido. O conhecimento e a adoção de métodos contraceptivos por adolescentes têm uma certa desordem que é esclarecida pelo fato de que o comportamento contraceptivo, principalmente na adolescência, apresenta uma forma de acontecer muito própria quando falamos do uso – ou não – desses métodos e que estão sujeitas a negociações entre os parceiros, em relacionamentos em que há envolvimento sexual. A pergunta que incentivou para a continuação dessa pesquisa foi, “porque as adolescentes ainda continuam engravidando, mesmo sabendo de tantos métodos contraceptivos?” 
Com as pesquisas feitas através de artigos, podemos compreender que a gravidez entre as adolescentes, frequentemente não é planejada, porém depois que engravidam, a grande maioria das mães adolescentes declaram que a gravidez e se tornar mãe foi a melhor coisa que lhes aconteceu e veem a gravidez como um marco de status social, uma forma de chegar no tão desejado sonho que é de ser adulta e independente.
Um grande fator dessa questão é a ingenuidade que ainda existe dentro delas, de pensar que se engravidou do namorado, irão conseguir casar e formar uma família. Além disso, as questões culturais também exercem influência, tendo como exemplo, as aldeias indígenas, onde é considerado normal uma adolescente engravidar, pois isso faz parte da cultura e por ser também questão de sobrevivência do povo, pois é através da nova geração que a cultura indígena irá prevalecer. 
O conhecimento produzido acerca da percepção sobre gravidez na adolescência foi discutido a partir das dimensões psicológica, cultural e social. Com essas pesquisas feitas a fundo podemos identificar que a melhor maneira de fazer com que esses adolescentes tomem a consciência de que é importante usar esses métodos contraceptivos, é através de conversas dentro do âmbito escolar, que é o lugar que eles passam a maior parte do tempo, essas conversas seriam acompanhadas de dinâmicas e formas atrativas que incentivassem eles a querer participar de todas as rodas de conversa, e não seria apenas abordado com as meninas, mas também com os meninos, pois eles também tem grande contribuição. Essas conversas teriam também o objetivo de os incentivar a ir ao posto de saúde e reconhecer aquele ambiente também como seu, buscando formas de prevenção e de cuidados.
6. CONCLUSÃO
	Através do estudo é possível compreender os motivos e fatores prevalentes na gravidez na adolescência. Em busca da maturidade e liberdade, algumas adolescentes engravidam esperando nessa gravidez uma mudança, para melhor, de vida. No entanto, muitas se deparam com uma realidade muito diferente da almejada, encontrando-se em maior dependência dos familiares e, em muitos casos, abandonadas pelos namorados.
Apesar da gravidez indesejada possuir um alto índice, algumas adolescentes planejam essa gravidez e se realizam através delas. O desejo de ser mãe, construir uma família é o que move algumas delas e mesmo quando não planejada, a grande maioria das mães adolescentes declaram que a gravidez e se tornar mãe foi a melhor coisa que lhes aconteceu. 
Segundo resultados da pesquisa, nota-se que a estratégia mais eficaz na prevenção da gravidez na adolescência é a roda de conversa com os adolescentes. Tratá-los como autônomos e deixá-los à frente das decisões, apenas mostrado e oferecendo debates e informações é mais eficaz do que lhes dizer o que e como deve ser feito.
6. REFERÊNCIAS
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ORGANIZAÇÃO MUNDIAL da SAÚDE. Fatos e Dados sobre Gravidez na Adolescência. http://radardaprimeirainfancia.org.br/oms-fatos-e-dados-sobre-gravidez-na-adolescencia/
Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017
SERRUDO, Catarina de Jesus Mendes. Ambivalência durante a gravidez na adolescência. 2016. Tese de Doutorado.
http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/29475/1/ulfpie051413_tm_tese.pdf
TORRES, Jaqueline D. et al. O significado da maternidade para adolescentes atendidas na Estratégia de Saúde da Família. Rev. pesqui. cuid. fundam.(Online), v. 10, n. 4, p. 1008-1013, 2018.
DOS SANTOS, Cristiane Albuquerque C.; NOGUEIRA, Kátia Telles. Gravidez na adolescência: falta de informação?. Adolescência e Saúde, v. 6, n. 1, p. 48-56, 2009.
BORGES, Ana Luiza Vilela; SILVA, Teresinha Pereira e. Estratégias de prevenção da gravidez na adolescência na ótica de mulheres adolescentes que já vivenciaram uma gravidez. Journal of Nursing UFPE on line - ISSN: 1981-8963, [S.l.], v. 3, n. 4, p. 981-985, sep. 2009. ISSN 1981-8963. Available at: <https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/5592/4812>. Date accessed: 10 dec. 2018. doi:https://doi.org/10.5205/1981-8963-v3i4a5592p981-985-2009.
VARGENS, O. M. C.; ADÃO, C. F.; PROGIANTI, J. M. Adolescência: uma análise da decisão da gravidez. REME: Revista Mineira de Enfermagem, Belo Horizonte, v. 13, n. 1, p. 115-122, 2009.

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