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Eletrônico: Destino dos estados eletrônicos excitados: ● Degradação térmica: Processo não radiativo em que a energia em excesso é transferida para vibrações, rotações e translações das moléculas vizinhas, ou seja, converte a energia de excitação em movimento térmico do ambiente (calor). ● Fotoquímica: A energia é usada para uma reação química. ● Decaimento radiativo: Um processo de decaimento radiativo é um processo em que a molécula se livra da energia de excitação emitindo um fóton. ○ Fluorescência ○ Fosforescência ● Dissociação: Rompimento das ligações. O começo desse processo pode ser detectado em um espectro de absorção observando-se que a estrutura vibracional de uma banda termina em uma certa energia. Acima desse limite de dissociação, a absorção ocorre em uma banda contínua, pois no estado final os fragmentos da molécula estão em movimento de translação não quantizado. Fluorescência: Ocorre poucos nanossegundos após a radiação excitadora desaparecer. A absorção inicial leva a molécula a um estado eletrônico excitado. A molécula excitada está sujeita a colisões com moléculas vizinhas e vai cedendo energia de forma não radiativa, em etapas, ao longo dos níveis vibracionais. Ao chegar no nível mais baixo vibracional do estado eletrônico excitado, há uma grande diferença de energia para levar a molécula para o estado eletrônico fundamental. É possível que as moléculas da vizinhança não possam receber essa grande diferença de energia, e assim, a molécula excitada pode ter vida suficientemente longa para sofrer emissão espontânea e emitir o excesso de energia na forma de radiação. De acordo com o princípio de Franck-Condon a transição eletrônica para baixo é vertical. A energia (frequência) do fóton emitido sempre é menor que a energia absorvida para chegar ao estado eletrônico excitado, pois a transição que emite a radiação só ocorre depois de parte da energia vibracional se ter dispersado no ambiente. Fosforescência: Persiste durante intervalos de tempos longos (normalmente frações de segundos) depois da excitação. Envolve o armazenamento de energia em um reservatório de onde ela lentamente se esvai. As primeiras etapas da fosforescência são semelhantes a da fluorescência, porém a presença de um estado triplete proporciona um efeito determinante. Os estados singlete e triplete tem uma geometria comum no ponto em que suas curvas de potencial se cruzam, e se houver a possibilidade de desemparelhar os spins dos dois elétron, convertendo ↑↓ em ↑↑, a molécula poderá fazer um cruzamento intersistema (transição intersistema), transição não radiativa entre estados de diferentes multiplicidade, e passar para um estado tripleto. Essa transição é mais provável quando a molécula possui átomos pesados, por causa do acoplamento spin-órbita, que faz com que transições entre estados de diferentes multiplicidade possam ocorrer, e só ocorre quando a energia do estado vibracional do singlete é igual à do triplete. O cruzamento intersistêmico dura entre 10⁻⁴ a 10⁴ segundos, em média. Se uma molécula passa para o estado triplete, ela continua a dissipar energia para o ambiente. O estado triplete tem energia mais baixa que o estado singlete correspondente, e a molécula fica confinada no estado vibracional de menor energia do triplete. O retorno para o estado fundamental é proibido pelo spin, porém, assim como para o cruzamento intersistema, o acoplamento spin-órbita rompe a regra de seleção, e assim as moléculas podem emitir fracamente e a emissão pode continuar muito depois de o estado excitado inicial ter se formado. A fosforescência é mais intensa em sólidos, pois em líquidos a chance de ocorrer transição intersistêmica é menor. “Tanto a fluorescência quanto a fosforescência são processos espontâneos, m as a absorção é estimulada.” Laser: light amplification by stimulated emission of radiation. Na emissão estimulada, um estado excitado emite um fóton pelo estímulo de radiação com frequência idêntica à do fóton, e quanto maior o número desses fótons presentes, maior a probabilidade de emissão. O aspecto essencial da ação do laser é uma realimentação positiva: quanto mais fótons com frequência apropriadas estiverem presentes, maior será o número de fótons que serão emitidos com essa frequência. Uma das exigências do laser é que haja um estado excitado metaestável, um estado excitado cujo tempo de vida seja suficientemente longo para participar da emissão estimulada, além de que a população desse estado seja maior do que a do estado final da transição, pois assim haverá o domínio da emissão. Inicialmente a maioria da população encontra-se em um estado de menor energia, então é necessário que haja uma inversão da população, para que o estado de energia mais alta seja mais ocupado que o de energia mais baixa. As inversões de população são alcançadas por bombeamentos, que podem ser excitação por luz, descargas elétrica ou até reações químicas. Para o laser de três níveis, três níveis de energia são necessários para estabelecer uma inversão de população. Existe o estado inicial de menor energia (fundamental) (X) , um estado excitado inicial que decai bem depressa (I) para um segundo estado excitado de menor energia (A). É entre o estado excitado de menor energia e o estado fundamental que se dá a inversão da população. Mesmo quando a inversão de população é estabelecida e mantida, tanto a emissão espontânea quanto a estimulada continuam ocorrendo. Um fóton de determinado comprimento de onda estimula a emissão de outro fóton de mesmo comprimento de onda, e assim por diante. Desse modo, se tem um conjunto de fótons com mesmo comprimento de onda e em fase. O laser de 3 níveis possui como desvantagem a dificuldade de se conseguir a inversão da população, pois são muitas moléculas que devem passar no bombeamento do estado fundamental ao estado excitado. No laser de 4 níveis essa dificuldade é contornada fazendo com que o estado final da ação do laser seja um terceiro estado excitado (A’), com energia mais baixa que o do segundo. Como inicialmente este estado está desocupado, qualquer população que ocupe A corresponde a uma inversão de população, e se A for suficientemente metaestável , pode-se ter a ação de laser. Ainda, a inversão de população pode ser mantida se as transições de A’ para o estado fundamental forem bastante rápidas, o que contribui para esvaziar A’ mais rapidamente. Tipos de laser: ● Lasers de gás: ex: Laser He-Ne. É um exemplo de laser iônico, pois é formado pelos íons He⁺ e Ne⁺. O bombeamento neste laser é feito por excitação elétrica direta, usando uma descarga elétrica. É um laser de 4 níveis. São muito utilizados para vigilância e verificação de preço, por exemplo. A grande característica deste laser é que 2 dos estados eletrônicos excitados do He⁺ são quase coincidentes com estados eletrônicos excitados do Ne⁺, o que aumentaa capacidade de transferir elétrons para o estado excitado do Ne⁺, e consequentemente promover uma inversão de população. Existem diferentes estados eletrônicos que podem servir como estados de menor energia para este laser, e que consequentemente podem produzir comprimentos de onda diferentes para a luz laser. Para selecionar qual o comprimento de onda desejado, pode-se modificar a refletividade dos espelhos, de modo que apenas um comprimento de onda de luz seja efetivamente refletido para a frente e para trás, estimulando mais fótons deste comprimento de onda. Apenas uma transição ocorre na região do visível, e as outras 2 na região do infravermelho não são muito utilizadas. ex: Laser de Ar⁺. Também usa de uma descarga elétrica para o bombeamento, e produz ação laser com múltiplos comprimentos de onda. ex: Laser de CO2 Há um bombeamento em átomos de Nitrogênio, que possuem estados de energia excitados semelhantes à molécula de CO2, e consequentemente podem ceder elétrons ao CO2, gerando uma inversão de população. Note que os níveis de energia analisados são, na verdade, rotovibracionais e não eletrônicos. Em consequência disso, a ação laser gerada emite comprimentos de onda na região infravermelha do espectro. Este laser é utilizado para cortar e fazer buracos em objetos como aço, justamente por emitir comprimentos de onda na região infravermelha do espectro. ● Lasers de corante: São ajustáveis, porém por haver muitas interações entre solvente e soluto perde a intensidade rapidamente. ● Lasers semicondutores: Possuem a vantagem de serem compactos. Características do laser: ● monocromático (monoenergético) ● muito intenso ● E e B em fase ● não divergente Espectroscopias eletrônicas: Espectroscopia de Raio-X (XPS): Esta técnica de análise consegue obter a composição química de amostras com até 9 nm de profundidade. O objetivo principal é encontrar a composição, ou seja, a porcentagem de cada componente. A ideia básica é bombardear a amostra com raios-X, que contém energia suficiente para retirar certos elétrons do átomo. Depois de retirados, alguns viajam e atingem a superfície. Se o elétron tem energia o suficiente depois desta etapa, ele entra no vácuo (“sai da amostra”) e é detectado por um analisador de elétrons, que ao final classifica os elétrons de acordo com a energia de ligação (binding energy) deles. Obtém-se, ao final, um espectro assim: Cada pico representa uma energia de ligação, e cada energia é referente a um determinado átomo. Na imagem, por exemplo, temos um pico de 284 eV, referente a carbono e um pico a 532.5 eV, referente ao oxigênio. A intensidade do pico é proporcional ao número de átomos de determinado elemento da amostra, e com isso podemos estipular uma porcentagem de composição da amostra. - Instrumentação: Primeiramente, prepara-se a amostra, que deve ter um tamanho entre centímetros e milímetros, variando conforme a tecnologia e equipamento usado. A amostra é introduzida em uma câmara de preparação, que é bombeada por bombas de alto vácuo até chegar a uma pressão de aproximadamente 10⁻⁷ mbar. Quando o vácuo necessário é estabelecido, a amostra é transferida à câmara de análise, onde o experimento de XPS ocorre. Esta câmara possui uma pressão entre 10⁻⁸ e 10⁻¹¹ mbar. Um sistema de lente foca o feixe de elétrons que sai da amostra até um “hemisfério analisador”, que é constituído de duas placas que possuem uma diferença de potencial entre elas, e consequentemente um campo elétrico. O campo, então, força os elétrons a seguirem uma trajetória ditada pela equação: E F = q = R mv² F: força exercida sobre o elétron; q: carga do elétron; E: campo elétrico exercido sobre o elétron; m: massa do elétron; v: velocidade do elétron; R: raio da trajetória; Com isso, o campo elétrico funciona como um filtro, que deixa passar elétrons apenas com uma certa velocidade. - Princípio de fotoemissão: Quando um fóton incide sobre um átomo, este ganha a energia do fóton. Este por sua vez libera um elétron para voltar ao seu estado de energia fundamental, com a mesma energia que o fóton incidente. O elétron pode, então, sair do átomo, da estrutura e se tiver energia cinética o suficiente, sair completamente da amostra. Na análise XPS, normalmente os fótons incidentes têm energias entre 1 e 2 KeV, o que serve para arrancar elétrons em camadas mais internas do átomo. Porém, um átomo sem um elétron em uma camada mais próxima do núcleo é muito mais instável do que um átomo sem um elétron em uma camada próxima da superfície, por exemplo. Para se tornar mais estável, o átomo pode emitir um fóton (fluorescência) ou realizar uma transição de Auger. Devido à conservação de energia, temos: ν E E ϕ h = cinética + ligação + h : energia do fóton incidente; ν Ecinética: energia cinética do elétron que sai da amostra (se houver); Eligação: energia de ligação do elétron com o núcleo; ø: função trabalho (se houver); Espectroscopia de Ultravioleta (UPS): É muito parecido com a técnica de XPS, porém, ao invés de analisar elétrons nas camadas mais próximas ao núcleo, analisa os elétrons que pertencem à banda de valência. Isso ocorre porque os raios ultravioletas estão em regiões de menor energia no espectro em relação aos raios X. Logo, retiram elétrons com energia de ligação menor, e podem ser usados para estudar estruturas finas das bandas de valência, geralmente no range de 0 a 60 eV. - Vantagens em relação ao XPS: Linhas no espectro são mais finas; além disso, é possível fazer um feixe com intensidade maior se for usado radiação ultravioleta e não de raio-x. - Desvantagens em relação ao XPS: Com o XPS, podemos estudar camadas mais internas, bandas de valência e ainda transição Auger sem que seja necessário mudar de técnica de análise. Permite uma leitura mais confortável do espectro, e uma melhor interpretação da natureza química da amostra. - Exemplo de espectro: A energia de fermi indica o último estado possível de energia para um elétron, dentro do átomo. Este nível pode mudar com a temperatura, ou tipo de ligação química. Espectroscopia de Elétron Auger (AES): Resumidamente, este processo é caracterizado por uma desexcitação, seguida da eliminação de um elétron, que é chamado de elétron Auger. Mais uma vez, AES serve para caracterização de materiais de até 1 nm de espessura, variando conforme o equipamento utilizado. O primeiro passo é bombardear a amostra com um feixe de elétrons, de modo que um elétron de uma camada mais interna do átomo é arrancado. Este elétron arrancado penetra na matéria, colidindo com outros elétrons. Para “tapar o buraco”, um elétron de uma camada mais acima “assume” o lugar deste elétron ejetado, gerando radiação que faz com que um elétron de uma camada mais externa seja, também, ejetado. Este elétron é o chamado elétron de Auger. Todas estas transições são muito bem indicadas na nomenclatura. Por exemplo, digamosque o feixe de elétrons arranque um elétron da camada K, um elétron da camada L venha para tomar o seu lugar, e um elétron da camada L é emitido pela transição Auger. Neste caso, estamos tratando de uma transição KLL. Cada transição tem sua respectiva linha no espectro. Para ser extremamente correto, devemos dizer que a ejeção de 1 elétron de Auger não necessariamente significa o fim do processo: este processo se repete até que o átomo atinja novamente um estado estável. Uma técnica utilizada para “reforçar” os picos é tirar a primeira derivada do espectro, de modo que os pontos de inflexão fiquem mais claros e fáceis de serem identificados. - Exemplo de espectro: Instrumentação: Os elétrons emitidos são coletados por uma lente, que redireciona o feixe para o analisador. A corrente de elétrons coletados gira em torno de 1 mA, sendo que quanto menor a corrente, melhor a resolução da análise, porém o sinal detectado também fica menor. A estabilidade da corrente coletada é necessária, e este processo pode demorar até 1 hora para ocorrer. Algumas vezes, é necessário limpar a superfície do material, até porque este tipo de espectroscopia envolve as primeiras camadas da superfície da amostra, e qualquer contaminação pode resultar em interferência no sinal. Depois da identificação dos picos, é necessário fazer uma quantização, para descobrir a composição da amostra. Este processo basicamente cria uma “escala”, e estabelece, com base na área dos picos de cada elemento identificado, a porcentagem do determinado elemento na amostra. AES é mais sensível que XPS: AES é mais sensível na detecção que o XPS e isso se deve, em grande parte, pela diferença de energia cinética entre os 2 processos, visto que na AES, a energia cinética do elétron detectado é geralmente menor. Por isso é necessário uma limpeza da superfície na AES, e não na XPS. Espectroscopia de perda de energia de elétrons (EELS): Mede a mudança de energia cinética dos elétrons do feixe de alta energia após sua interação com a amostra. Essa mudança de energia está relacionada com o elétron ou núcleo e com o determinado orbital do átomo onde a colisão ocorreu. A técnica pode ser aplicada para: medida de espessura; medida de propriedade eletrônicas de semicondutores e isolantes; espectroscopia de plasmons, relacionado com as propriedades mecânicas do material; identificação de elementos presentes na amostra; medidas magnéticas e defeitos causados por radiação. Essa técnica utiliza o espalhamento inelástico de elétrons de baixa energia a fim de medir o espectro vibracional de espécies de superfície. A amostra é iluminada com raio monocromático de elétrons e é feita a medida da distribuição de energia de elétrons dissipados inelasticamente. Ressonância Magnética Nuclear (RMN): Definições: Prótons e nêutrons possuem spin ½, e dependendo como essas partículas emparelham no núcleo, o núcleo resultante pode ou não ter um número quântico de spin nuclear I. Para que seja possível ver o sinal de RMN, I deve ser diferente de zero. Cada spin desemparelhado soma ½. ● I = 0: 16O, 12C, 32S ● I = ½ : 1H, 13C, 31P, 19F -> Mais comuns ● I = 1: 14N ● I > 1: 17O, 134Cs ( I = 8) Quando I = ½ há um spin desemparelhado, e este implica em um momento nuclear de dipolo magnético μ para o núcleo. As orientações permitidas para o vetor de momento nuclear de dipolo magnético em um campo magnético são indicados pelo número quântico de momento angular de spin nuclear mI. mI = -I , (-I + 1), …, (I - 1), I Sem a presença de campo magnético, todas os níveis de energia correspondentes às diferentes orientações do momento nuclear são degeneradas. Porém, na presença de campo a degenerescência é removida. A diferença de energia entre os dois estados fica na região das radiofrequências. Esse efeito de remoção da degenerescência pela aplicação de um campo magnético externo quando relacionado à níveis de energia eletrônicos chama-se Efeito Zeeman. Momento angular - DEFINIÇÃO CLÁSSICA: Cargas em movimento circular possuem momentum angular associado à elas. O momentum angular planar se dá por: O momentum angular é perpendicular ao plano de circulação, e a direção é dada pela regra da mão direita. Em 3D, definimos J como momento angular total nuclear. Associado com J, temos o momento magnético clássico μN, onde γ é chamado de relação giromagnética. Um núcleo com momento magnético pode ser tratado como uma barra magnética. Quando uma barra magnética é posta em um campo magnético, a barra irá precessionar sobre o campo aplicado H0. A frequência de precessão do momento nuclear é chamada de frequência de Larmor. O campo magnético está exercendo uma força ou torque no momento nuclear, fazendo com que ele precessione sobre o campo aplicado. usando que - Demonstração torque frequência de Larmor: Energia do sistema: Sistema de eixos rotantes: É uma construção matemática que ajuda a analisar o experimento de RMN. Os eixos rotantes são descritos pelos eixos u e v, que giram no plano x-y com uma frequência ω1. Se esta frequência for menor que a de Larmor, um observador que está girando com ω1 observa que a frequência de precessão diminuiu, o que corresponde a um enfraquecimento do campo aplicado. Chamamos de Heff o campo que está aparentemente enfraquecido, e assim definimos o momento de precessão como: Se ω1 > ω, aparentará que o campo que está no eixo z trocou de sentido. O campo efetivo é dado por: Quando ω1 = ω, Heff é zero, e assim μ, será estacionário, eliminando a dependência no tempo e simplificando o problema. Magnetização: Os momentos magnéticos individuais na amostra dão origem à magnetização líquida M. Relaxação: Spin-rede: Envolve a reorientação do momento de dipolo magnético nuclear com relação ao campo aplicado. Supondo que um núcleo B, com momento de dipolo magnético definido, passa perto de um núcleo A, que tem um momento de dipolo magnético nuclear que se opõe ao campo. O momento de A pode se orientar na direção do campo H0 devido ao campo magnético variante (ou seja, dependente do tempo) de B. Nesta configuração (A alinhado com o campo), a energia de A (spin) seria diminuída, pois este núcleo estaria numa configuração mais estável, e essa energia vai para B (que representa a rede neste caso). Dizemos que B pode ser um núcleo magnético na mesma molécula, ou em uma molécula diferente da amostra, ou até mesmo no solvente. Note que o campo flutuante do núcleo magnético deve ter a mesma frequência que a transição RMN para que essa relaxação ocorra. Porém, núcleos magnéticos em movimento sempre tem uma distribuição de frequências bem ampla, e a frequência de transição está geralmente englobada. Spin-Spin: Processo em que um núcleo B, com mI =½ vai para um estado de maior energia mI = - ½, enquanto o núcleo A vai de - ½ a ½. Não há mudança de spin na rede neste processo. Para uma aprofundação do processo de relaxação, olhamos o decaimento da magnetização em função do tempo. A magnetização da amostra está alinhada com o eixo u. Ao ligar um campo magnético paralelo ao eixo z, ocorre um decaimento de M em u e um crescimento de M em z. Estes processos ocorrem em taxas diferentes, e são processos de primeira ordem, regidos pelas equações: Como Mz < M0 , a magnetização em z aumenta com o tempo, enquanto que nos eixos transversais, diminui com o tempo, devido ao sinal negativo nas fórmulas. As taxas e são relativas aos processos de decaimento e crescimento. Os 1T2 1 T1 tempos T são os tempos de relaxamento. T1 é referente ao eixo z (tempo de relaxamento longitudinal) e T2 aos eixos u e v (tempo de relaxamento transversal). O mecanismo spin-rede contribui a T1, enquanto que o mecanismo spin-spin é apenas 1 das várias contribuições a T2 (outra contribuição que ela falou em aula foi a largura de linha). Por que relaxação é importante: Se tivéssemos uma população igual para os nuclídeos no ground-state e nos estados excitados, a probabilidade de ocorrer emissão de energia seria a mesma de ocorrer absorção (a probabilidade de mi(-½) → mi(½) é a mesma que mi(½) → mi(-½) ). Com isso, não haveria uma “mudança líquida” detectada pela sonda de radiofrequência. Para um sistema com um forte campo magnético aplicado, a população no estado de menor energia será levemente maior que no estado de alta energia: xp[ ] ppmN (1/2) N (−1/2) = e −ΔEK TB = 6 Sem relaxação, energia é absorvida das radiofrequências até que as populações se igualem, e a amostra se torne saturada. Os mecanismos de relaxação permitem que o nuclídeo volte para o estado de menor energia sem emitir radiação, o que resulta sempre em um excesso de população no ground-state, que permite uma constante absorção de energia da fonte rF pela amostra. Descrição Quântica: Quando o núcleo é posto sob um campo magnético H0, há uma interação entre o campo e o momento magnético nuclear que é descrita pelo hamiltoniano: , onde , com Os valores esperados do operador Îz são mi. Sem a presença de um campo magnético externo os estados mi são degenerados, porém essa degenerescência é removida pela presença de um campo magnético, pois este interage com o momento magnético nuclear. Os autovalores do Ĥ serão: A separação em energia se dá nas radiofrequências. Experimento de varredura lenta: Nesse processo um campo forte, H0, é aplicado fazendo com que o momento de dipolo magnético nuclear precesse. Um campo H1(~mG → pequeno) é produzido através de um transmissor de radiofrequência, perpendicularmente a Ho(~kG → grande). Quando a frequência do campo H1 aplicado é igual à de Larmor, é dito que elas estão em ressonância e uma componente de magnetização u-v induzida pode ser detectada. Quando isso acontece o Heff só tem coordenadas em u-v, já que ω1 ≈ ω = γH0. Quanticamente isso equivale ao núcleo ser excitado de ½ (ground) para -½ (estado excitado) pela absorção de energia da fonte de radiofrequência em uma frequência igual à de Larmor. Um detector então detecta a frequência em que uma componente u-v é induzida, permitindo que a frequência de ressonância seja medida. O experimento pode ser feito variando a radiofrequência e mantendo constante o campo H0, ou ainda mantendo a radiofrequência constante e variando o campo H0. Para que se tenha um sinal decente é necessário que se faça mais de uma varredura. Informação química: A energia da ressonância nuclear depende do ambiente eletrônico ao redor do núcleo. Os elétrons blindam o núcleo e assim o campo sentido pelo núcleo (HN) é menor do que o campo aplicado (H0). σ é denominado de constante de blindagem. Para o etanol podemos ver o efeito da blindagem observando os 3 picos do gráfico (fala-se gráfico e não espectro, pois no eixo x está o campo magnético e não uma grandeza relacionada a energia). O pico do OH é o menos blindado, pois o O é um átomo bastante eletronegativo, o que faz com que os elétrons fiquem mais próximos dele, deixando o H mais livre, fazendo-o assim menos blindado e por consequência fazendo com que se precise de menos campo magnético. O mais blindado é o CH3 pois ele possui 3 H em seu ambiente, e assim é o que precisa de mais campo. O CH2 fica entre os dois picos, pois possui uma blindagem intermediária. A intensidade do pico depende de quantos átomo há: OH - 1H, CH2 - 2H e CH3 - 3H. Deslocamento químico ( ): HΔ = − σ 0 Para o eixo das abcissas de um gráfico de RMN, é interessante usar uma quantidade que tenha relação com o campo magnético aplicado. Usa-se, então, a diferença entre o campo em que a amostra absorve, e o campo em que a referência absorve, indicada por . Na verdade, o eixo tem unidades de frequência pois as 2 Δ grandezas se relacionam pela equação . γH ω = Porém, quando fazemos medidas com aparelhos de diferentes rF (para um experimento com frequência fixa, e campo sendo variado), os picos ficam em diferentes lugares do gráfico. Para resolver esse problema implementou-se o deslocamento químico , que “normaliza” os picos, de modo que estes fiquem no mesmo lugar, δ independente da frequência utilizada. Onde 0 é a frequência do detector. ν Mecanismo de Contato de Fermi: Supondo uma ligação entre os átomos A e B. Este mecanismo propõe que há uma interação entre o spin do núcleo B e o elétron mais próximo do núcleo B, de tal modo que a probabilidade de que o elétron próximo de B seja antiparalelo ao spin de B seja alta. Como os elétrons em uma ligação química estão emparelhados, isto significa que há um aumento na probabilidade de que o spin do elétron próximo de A seja igual ao spin do núcleo de B. Ou seja, o átomo A recebe informação do spin de B. Essa interação afeta a magnitude de J, o acomplamento spin-spin. Desdobramento Spin-Spin: Quando um gráfico de RMN é observado em alta resolução, pode-se observar uma estrutura fina considerável. Diferença entre um espectro de alta resolução (esquerda) e baixa resolução (direita): Esta estrutura fina observada é devido ao efeito de desdobramento spin-spin. A separação entre os picos da estrutura fina é uma constante J, chamada de constante de acoplamento spin-spin, que é expressa em Hertz e não depende do campo magnético aplicado. A causa de que ocorra uma estrutura fina, e que J seja independente do campo aplicado, pode ser explicada considerando uma molécula H-D. Se, por algum mecanismo (mecanismo de contato de Fermi) o momento de dipolo magnético nuclear do H puder ser transmitido ao D, a forçado campo magnético usado para precessionar o deutério dependerá dos números magnéticos quânticos do H. Por exemplo, digamos que mi = ½ para o H. Isto significa que o spin do átomo está alinhado com o campo e, portanto a força do campo magnético usado será menor do que a necessária, desconsiderando o desdobramento spin-spin. Para o caso em que mi = -½ teremos a situação inversa: um campo maior será necessário, pois o spin está contrário ao campo. Com isso, teremos 2 picos para a ressonância do deutério. Analisando a ressonância do hidrogênio (próton), e sabendo que para D, mi = -1, 0 ou 1, teremos 3 picos. A distância entre 1 pico e outro é a constante J, e ela tem o mesmo valor para D causando desdobramento em H tanto quanto H causando desdobramento em D: Para o C2H5OH (etanol): ➔ Desdobramento causado pelo CH2 no CH3: Para este caso, temos 2 átomos de hidrogênio, cada qual com mi = -½ ou ½. Logo, temos 4 diferentes combinações possíveis para estes dois números de spins, sendo que 2 delas acabam resultando no mesmo pico. Portanto, temos uma relação de 1:2:1 entre as áreas dos picos: ➔ Desdobramento causado pelo CH3 no CH2: Neste caso, temos 3 hidrogênios com mi = -½ ou ½ . Logo, são 8 combinações possíveis, na distribuição 1:3:3:1 entre as áreas: ➔ Desdobramento causado pelo OH no CH2: Teremos apenas 2 picos de mesma intensidade, pois há apenas 1 átomo de H em OH. Estes 2 picos se posicionam em cima dos 4 picos anteriores, do desdobramento causado pelo CH3. ➔ Desdobramento causado pelo CH2 no OH: Novamente, 3 possibilidades resultam em 3 picos diferentes, com a proporção de 1:2:1 nas áreas. Note que a constante de acoplamento J causada por CH2 em OH é a mesma que a constante J causada por OH em CH2, assim como a constante de CH3 em CH2 é a mesma que de CH2 em CH3. Pelo mecanismo de acoplamento de Fermi, há um “limite” na transmissão de informação entre ligações químicas (geralmente 3 ligações), de modo que o desdobramento entre OH e CH3 é desprezível. Aplicações de J na determinação da estrutura: ● Se há H não equivalentes simetricamente, haverá um JH-H. ● Permite ver isômeros: trans: 17 - 18 Hz; cis: 8-11 Hz ● Quanto maior a temperatura, menos resolvido fica o gráfico, pois a molécula gira mais rápido do que a transição. Então, à temperaturas altas, observa-se um pico médio. ● Em um meio ácido o H do OH (etanol) se libera, e muitos H diferentes se anexam ao O. Isso também faz que um campo médio seja sentido, e que o acoplamento spin-spin que fazia o pico se dividir suma. Experimento de pulso com transformada de Fourier: Uma das melhores analogias para ilustrar a diferença entre as formas antigas e as modernas de observação de espectros de RMN é a que se faz com a investigação das vibrações de um sino. Pode-se estimular o sino com uma vibração suave numa frequência aumentando gradualmente e anotar as frequências que o sino amplifica o estímulo. Muito tempo seria perdido para fazer isso, porém, pode-se ativar o sino com um único golpe, em que se obtivesse um som composto por todas frequências capazes de serem produzidas. O equivalente no RMN é acompanhar a radiação emitida pelos spin nucleares ao retornarem ao estado de equilíbrio, depois de serem convenientemente excitados. Um pulso de radiofrequência é aplicado durante um tempo tp, tipicamente da ordem de 10-5 a 10-6 s, com uma frequência fixa ω 0 e com uma alta potência. É esperado alguns segundos, para que a molécula relaxe, e então aplica-se novamente o pulso. O pulso, se escolhido adequadamente, faz com que todos núcleos de certos elementos absorvam e eventualmente, leve para um espectro RMN. Como um pulso de uma única frequência consegue fazer com que núcleos de diferentes frequências de Larmor façam transições? A função f(t) da Fig 8-17 corresponde a um pulso que pode ser reproduzido utilizando uma combinação de senos e cossenos com diferentes ω’s. Fazendo-se uma transformada de Fourier, para converter o gráfico dependente do tempo em um dependente de frequências, obtemos a Fig 8-18. Δ é o intervalo das principais componentes de frequência. Δ = tp 4π Qual o efeito sobre a magnetização? No experimento RMN monitora-se a componente y da magnetização. Quando o pulso de radiofrequência é desligado os núcleos decaem para a frequência de Larmor do campo H0. Esse decaimento se dá como na Fig 8-14. Essa é uma curva de decaimento livre de indução.
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