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Aula XII COMPENSAÇÃO E CONFUSÃO

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FACULDADE SERRA DO CARMO 
Curso de Graduação em Direito
Aula XII – COMPENSAÇÃO, CONFUSÃO E CLAUSULA PENAL
Introdução: no campo dos direitos das obrigações as partes são livres para poderem celebrar quantos negócios jurídicos entenderem necessários, pois encontram-se sob o postulado da autonomia privada, pedra angular do direito civil, nada impedindo assim que uma pessoa seja credora e devedora uma da outra ao mesmo tempo. 
Autonomia Privada: elevada a categoria de principio, logo, norma, a autonomia privada revela-se na pedra angular do direito civil, onde as partes possuem ampla liberdade para contratar, devendo prevalecer sua vontade, limitando-se a Lei e a moral. Encontra-se base legal tanto na constituição art. 5, II da CF/88 e no código civil, nos artigos 104 e 421 CC. 
Art. 5º  Constituição: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Art. 104 Código Civil. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
OBS: acrescentar a ideia de moralidade na ilicitude. 
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Conceito: trata-se de uma maneira indireta de extinção da obrigação na qual duas pessoas são titulares reciprocamente de uma obrigação, ostentando ambas as figuras de credores e devedores. 
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
EX: Imagine que A tem uma dívida com B no montante de R$ 1.000,00 decorrente de um empréstimo. Ocorre que B toma o carro de A emprestado e acaba causando danos ao carro e o concerto fica no valor de R$ 800,00 reais, logo agora B também deve A, sendo então ambos credores e devedores, desta forma as dívidas se compensam, ficando A devendo apenas R$ 200,00 a B. 
Natureza Jurídica: trata-se de meio indireto de extinção do pagamento podendo ser extintivo ou não da obrigação. 
ESPÉCIES:
Segundo a doutrina, há 3 (três) espécies de compensação, sendo elas a LEGAL, CONVENCIONAL E PROCESSUAL. 
LEGAL: é aquela que decorre da própria Lei, sendo que deve ser provocado o Estado Juiz para que considere realizada a COMPENSAÇÃO, nos termos do artigo 368 e seguintes, ou seja, é aquela compensação que se dá dentro de um processo, com o reconhecimento jurisdicional. 
Obs: a principal característica da compensação legal é que a mesma seja entre coisas fungíveis, possa ser apurado em valor numérico, e ainda sejam da mesma natureza. 
Questão de prova: Nos termos da compensação Legal, é possível ocorrer a compensação entre uma obrigação de dar e uma obrigação de fazer?
R: Nos termos da compensação legal não é possível, todavia se as partes assim acordarem também ocorrerá a compensação, todavia deve ser classificada como compensação convencional. 
Convencional: é aquela decorrente direta da autonomia privada das partes na relação obrigacional, ou seja, parte da manifestação de vontade das partes de verificando simultaneidade no débito das obrigações, realizarem a compensação, não importando aqui a natureza do débito ou obrigação. 
Limitação a Compensação:
Questão de Prova: Procuradoria Municipal RJ – Levando em consideração o instituto da compensação legal, é possível a vedação de sua ocorrência nos termos da Lei, em outras palavras, podem as partes estipularem em contrato que ainda que ocorra simultaneidade de débitos não haverá a compensação?
R: Sim, nos termos do artigo 375 do CC
|Art. 375. Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ou no caso de renúncia prévia de uma delas.
Processual ou Judicial: é aquela que se dá dentro do processo por dívidas de natureza processual, em que ocorre simultaneidade das obrigações, pode exemplo em questão de reconvenção quanto as dívidas de honorários.
OBS: Reconvenção é a ação do réu contra o autor no mesmo processo em que aquele é demandado. Não é defesa, é demanda, ataque. Esta ação amplia objetivamente o processo, isso significa que o processo passa a ter novo pedido
IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO: segundo a lei, nos termos do art. 373 por uma questão de critério legislativo há 3 hipóteses em que não é possível que ocorra o instituto da compensação. 
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
I - se provier de esbulho, furto ou roubo;
Explicando: se eu ilicitamente me aproprio de uma coisa do meu credor, não posso querer compensar uma dívida com o que eu adquiri de forma ilícita, pois seria enriquecimento sem causa. 
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
Explicando: comodato e depósitos são contratos que se baseiam na fidúcia, ou seja, confiança, logo aquele que tem a coisa consigo tem o dever de restituir a coisa e isso não pode ser considerado compensação. 
Já os alimentos tem o caráter de subsistência humana, e por essa razão não pode ser objeto de compensação 
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.
Explicando: trata-se de mero critério legislativo. Há bens que são impenhoráveis, com por exemplo, o salário e o bem de família, assim sendo, seria impossível ocorrer a compensação destes. 
Questão de Prova: Oficial de Cartório – CESP – As hipóteses legais de proibição ao a compensação descritas no artigo 373 do código civil sem aplica a todas as espécies de compensação? 
R: Essa questão é controvertida na doutrina, havendo duas correntes. 
1 c° : Majoritária. Entende que só se aplica essas vedações na compensação legal, aquela que é reconhecida pelo juiz quando provocado, pois na compensação convencional não estão as partes vedadas, isso porque a interpretação do art. 375, privilegia a autonomina privada. 
2C° Minoritária: aplica-se a vedação do artigo 373 a todas as hipóteses de compensação, pois não se pode estender tanto a interpretação do artigo 375 do mesmo codex. 
CONFUSÃO
Conceito: trata-se de um meio indireto da obrigação em que opera-se quando as qualidades de credor e devedor são reunidas em uma mesa pessoa, extinguindo-se, consequentemente, a relação jurídica obrigacional.
Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor. 
Confusão CAUSA MORTIS: é aquela em que ocorre detrimento da morte, por exemplo, imagine que Você filho único deve ao seu Pai e sua Mãe um determinado valor em dinheiro, todavia ambos vem a falecer em um trágico acidente de veículos, logo você como único herdeiro recebe todos os bens dos seus genitores, veja que ocorrerá nesse caso a CONFUSÃO, pois você ostentara tanto a figura de devedor como de credor. 
Confusão INTER VIVOS: É aquele em que uma mesma pessoa ostenta a figura de credor e devedor ao mesmo tempo por um ato jurídico entre vivos. Por exemplo, imagine que você emita uma nota promissória para uma determinada pessoa, sendo que essa pessoa coloca em circulação essa nota promissória por meio do endosso, chegando a mesma no dia do vencimento em sua mão novamente, como recebimento de uma obrigação, nesse caso, você é credor e devedor da nota promissória, ocorrendo a confusão. 
Natureza Jurídica: trata-se de um meio indireto de pagamento extintivo da obrigação. 
CLASULA PENAL
CLAUSULA PENAL: Trata-se de uma previsão no próprio instrumento contratual, ou em outro posterior, na qual se pretende garantir o fiel cumprimento dos termos convencionados no contrato. O descumprimento que dá causa à aplicação da cláusula penal pode ser parcial ou absoluto, ou apenas fora do prazo.
Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode
referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora.
Natureza Jurídica: trata-se de uma obrigação acessória que visa garantir as obrigações principais de um contrato, é também mais conhecida como MULTA CONTRATUAL. 
Dispositivo Legal: Art. 408 ao 416 do código civil. 
Características: pode ser livremente estipuladas pelas partes, não havendo qualquer limitação quanto a forma de pagamento, local de pagamento, podendo inclusive ser dispensada pela parte favorecida. 
Limitação da Clausula Penal: 
Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal.
Explicando: por tratar-se de uma condição acessória que visa garantir o cumprimento da obrigação acessória, a multa contratual não pode ser maior que o próprio valor do contrato, até mesmo porque isso feriria a vedação do enriquecimento ilícito, pois sem realizar a contra prestação do contrato a parte teria que pagar multa equivalente ao próprio contrato. 
OBS: vem entendendo a jurisprudência que essa multa tem que se enquadrar nos critérios da razoabilidade de proporcionalidade para se aplicada, podendo o juiz reaver o valor da multa se entender abusivo.
OBS2: também é proibido aquela multa inicial que se perfaça de forma legal e proporcional, mas que esteja vinculado a índices abusivos a tornando-a maior que o valor principal do contrato. Vedação do enriquecimento ilícito. 
Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo.
ATENÇÃO: A multa contratual ou clausula penal não necessita de demonstração de prejuízo para ser executada, uma vez que a mesma decorre do mero acordo entre as partes devendo ser cumprido espontaneamente por aquele quer der causa.
Ex: contrato de locação residencial de bem imóvel. Prazo 36 meses. Multa 3 meses do valor do aluguel. Rescisão com 2 meses. Quem deu causa deve pagar a multa do contrato sem precisar provar prejuízo. 
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