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Exercícios de aplicação 1) Cite e as 4 principais características da relação jurídica obrigacional e dê um exemplo de obrigação intransmissível. Resposta: 1. Pessoalidade: são as partes, as pessoas presentes da relação ativas e passivas; 2. Transitoriedade: significa que ela nasce e em algum determinado momento ela vai ter que se extinguir, 3. Transmissibilidade: elas passam de uma pessoa pra outra, e podem ser: - Por ato inter vivos: ex: cessão de crédito, assunção de dívidas, pagamento com sub-rogação; - Por sucessão hereditária; - Intransmissibilidade: exceção (por acordo das partes ou em caso de obrigação personalíssima); 4. Patrimonialidade do objeto: obrigação não necessita ser patrimonial desde que corresponda a um interesse digno de proteção jurídica. 2) Apresente 3 diferenças entre os direitos reais e os direitos pessoais. Resposta: Direitos Reais: Direitos Obrigacionais ou Pessoais: Afeta a coisa direta e imediatamente Afeta a pessoa, uma pessoa determinada Seguem o princípio da legalidade visto são sempre previstos em lei, só podem criados através de uma lei; Não está previsto exaustivamente na lei toda obrigação está prevista em lei, poi muitas relações; São taxativos, limitados, são os objeto direito obrigacional; São tidos como ilimitados O direito real, não cai sobre a pessoa, ma sobre a coisa, como as penhoras; A aç direito real recai sobre quem possui a do bem; O direito obrigacional cai sobre a pe sobre quem deveria dar ou fazer, ou não f Possui eficacia erga omnes - visto que oponíveis a todas as pessoas, indistintam A ação de direito obrigacional cai so pessoa; É oponível a toda a sociedade, ou sej tenho uma casa, ela é minha propriedade espero que toda a sociedade não ba frente com meu direito de possuir a casa; É oponível somente ao devedor; 3) Qual o conceito trazido pelos autores de obrigação como processo e o que você identifica como ponto central para distingui-lo do conceito clássico de obrigação? Resposta: Ao referi a obrigação como um processo, significa dizer que é necessário afastar o entendimento de que a obrigação apenas impunha deveres a uma das partes, ou seja, segundo os autores, o processo como obrigação, trata-se de uma relação dinâmica, exigindo assim, de ambas as partes, a resolução do conflito visando a busca pelo adimplemento. Segundo os autores, a teoria estruturada anteriormente acerca da análise externa da relação obrigacional, centrada na metodologia tradicional, refere-se apenas a obrigação como um vínculo entre dois sujeitos reunidos com intuito de direitos e deveres (credor e devedor). Já a análise interna, mais recente, tem como objetivo principal o adimplemento da relação obrigacional, ou seja, a relação obrigacional não será apenas sobre direitos e deveres, mas sim sobre faculdades, capacidades e ônus. A principal diferença entre as duas teorias está na simples compreensão de que uma relação obrigacional é mais do que dois pólos -sendo um passivo é um ativo- apenas, trata-se de direitos, deveres, faculdades, materialidade, intensidade de atuação e a individualidade de cada polo. Assim, às obrigações, vista sobre a perspectiva da análise externa, não possui mais espaço no mundo contemporâneo, visto a ascensão da globalização e do pluralismo nas sociedades vigentes, que contribuíram muito para que os problemas e mazelas sociais fossem ainda mais escancarando. Cabe portanto, segundo os autores, as relações obrigacionais, garantir a soberania da igualdade, da dignidade humana e da valorização da cidadania; 4) Conceitue tutela externa do crédito, os princípios que lhe dão suporte e explique como um terceiro totalmente estranho à relação jurídica obrigacional, pode vir a ofendê-la e a ser ofendido por ela. Resposta: É possível trabalhar com ordenamentos jurídicos baseados em sistemas fechados ou abertos. O sistema fechado consiste em um positivismo jurídico e da busca pela ciência para o direito. No qual, o direito aplicado seria apenas aquele emanado da autoridade legislativa competente para editar a norma, não sendo permitido interferências de valores filosóficos, sociológicos e económicos. O sistema aberto, apoiado na jurisprudência, aceita a incompletude, a capacidade de evolução e a modificabilidade do sistema e flexibilizando espaços para a ponderação de critérios. O conceito de boa-fé, se destaca no sistema aberto, possibilita ao magistrado adequar a aplicação do Direito e dos influxos de valores sociais. Existem duas acepções de boa-fé, uma subjetiva e a objetiva. A boa-fé objetiva é o primeiro enfoque. Compreende-se como um modelo ético de conduta social, verdadeiro "standard" jurídico ou regra de conduta, atrelada à ideia de lisura, honestidade e correção, de modo a não se frustrar a legítima confiança da outra parte. Já não é um princípio e sim um estado psicológico, em que a pessoa possui a crença de ser titular de um direito, o que em verdade só existe na aparência. A boa-fé objetiva dominou os ordenamentos jurídicos no século XIV, sobreviveu até o fim da Segunda Guerra Mundial. Dirige-se à correção da conduta do indivíduo, pouco importando a sua convicção. Não se deve avaliar se o indivíduo agiu com boa fé, comportamento em conformidade com padrões sociais vigentes. O princípio de boa-fé encontra a sua justificação no interesse coletivo de que as pessoas pautem e seu agir pela lealdade e cooperação, incentivando o sentimento de justiça social. Por isso, a boa fé objetiva é fonte de obrigações, impõe comportamentos aos contratantes, segundo regras de correção, na conformidade do agir do homem comum daquele meio social. 5) Quais os três elementos constitutivos da relação jurídica obrigacional e quais as categorias de deveres presentes no vínculo jurídico? Resposta: Elementos Constitutivos das relações jurídicas obrigacionais: 1. Subjetivo ou pessoal: que são os sujeitos ativos (credor) e passivos (devedor); 2. Objetivo ou material: que se refere ao objeto da prestação; 3. Ideal, imaterial ou espiritual: é basicamente o vínculo jurídico existente na relação. Ou seja, o sujeito passivo (devedor) obriga-se a cumprir uma prestação patrimonial de dar, fazer ou não fazer (objeto da obrigação e vínculo jurídico), em benefício do sujeito ativo (credor). 1. Elemento Subjetivo - sujeitos da relação obrigacional Podendo ser composta por pessoas jurídicas e físicas, sempre haverá a presença dos sujeitos ativo (credor) e passivo (devedor). O sujeito ativo, credor, é sinteticamente o titular do direito de crédito que detém o poder de exigir o cumprimento da prestação pactuada. Já o sujeito passivo, que é o devedor, é sobre quem será exercido o direito potestativo do titular do direito de crédito, ou seja, é a parte a quem será incumbido o dever de efetuar as prestações. No entanto, tais sujeitos devem ser determinados ou determináveis. Os sujeitos determinados já são conhecidos e claramente definidos desde a formação da obrigação, como na celebração de um contrato, enquanto, que os sujeitos determináveis não podem ser identificados desde o nascimento da obrigação, vindo porém a serem identificados mais tarde, como nos casos de promessas de recompensa. Ademais, pode-se ocorrer a indeterminabilidade subjetiva passiva da relação obrigacional, que são casos onde é impossivel indentificar antecipadamente que são quem é o devedor da obrigação, como em obrigações propter rem, que são prestações de natureza pessoal que antecedem a um direito real, acompanhando-o em todas as suas mutações. Por fim, é ainda importante salientar que além dos sujeitos passivos e ativos, existem ainda na relação obrigacional os sujeitos conhecidos como secundários ou coadjuvantes, que são os representantes e os núncios: - Representantes: agem em interesse de algum dos sujeitos, manifestam a declaração de vontade e são tanto representantes legais (curadores, tutores ou os pais) ou os representantes voluntários (que são os mandatários); - Núncios: apenas transmitem a vontadedo declarante, são meros mensageiros e não interferem efetivamente na relação obrigacional; - 2. Objetivo ou material - referente ao objeto da prestação: Se divide em objeto direto (ou imediato) e objeto indireto (ou mediato). O objeto imediato é ação ou omissão do devedor na satisfação do interesse do credor, é sinteticamente a prestação, que terá sempre conteúdo patrimonial, ou seja, a prestação consiste basicamente, numa ação do devedor de entregar alguma coisa, realizar uma consulta, dar uma aula e também numa omissão, que é uma espécie de atividade negativa, como a obrigação de não fazer algo como a de não fazer escavações do lado de um prédio que podem provocar desmoronamento; entre outras; Em síntese, as prestações que constituem o objeto direto da obrigação podem ser positivas (de dar - coisa certa ou incerta- e de fazer) ou negativas (de não fazer); Obrigação Positiva: Obrigação Negativa: De dar: 1. Coisa certa: é identificado a qua do objeto, como a entrega determinado produto, como uma específica comprada na loja escolha da cor, escolha dos ba dos pneus, etc; 2. Coisa incerta: são indicados ap pelo gênero, espécie e qualidade, venda de um saco de soja; De não fazer: como em casos de artista por meio de um contrato se obrigam a aparecer na emissora concorrente, ou se obrigações negativas consistem abstenções juridicamente relevantes; De fazer: é a realização de uma co comissiva, como fazer um vestido casamento; Por fim, o objeto indireto ou mediato da relação obrigacional, se refere a coisa considerada como interesse do sujeito ativo, credor, é basicamente o bem da vida relevante ao exercício da relação jurídica obrigacional. Desta forma, o objeto imediato é a prestação, e o objeto mediato é o bem da vida. 3. Elemento ideal ou vínculo jurídico existente entre o credor e o devedor: É o vínculo existente que une o credor e o devedor. Visto que, a obrigação que tem como a fonte o fato jurídico, gera uma consequência jurídica que faz com que o devedor fica obrigado, no caso vinculado a cumprir uma determinada prestação patrimonial que interesse o sujeito ativo, o credor. 6) Explique o papel da lei e da vontade humana como fontes de obrigações ilustrando a sua resposta com exemplos. Resposta: Antes de adentrar ao que é considerado como fonte no direito hodierno, é importante fazer uma análise do que foi considerado como fonte das relações obrigacionais no direito, do qual o direito civil brasileiro é filho, o Direito Romano. Neste direito, Gaio, definiu como fonte, os contratos firmados entre duas partes; os quase contratos, situações jurídicas como as gestões de negócios; o delito que era consumado ao causar prejuízo a outrem e o quase delito que era a negligência ou imprudência. Ou seja, antes, no Direito Romano os critério de definição acerca da fonte da relação obrigacional se resume na existência ou não da vontade, onde esta se caracteriza na existência do contrato e do delito, e a falta desta é por fim, o quase contrato e o quase delito. Depois, segundo algumas doutrinas, as fontes são os meios pelos quais se estabelecem e se formam as normas e regras jurídicas, ou seja, as leis. Outras, alegam que fonte é tudo que origina a obrigação, além da lei e da vontade humana. No entanto, nas relações jurídicas obrigacionais, as fontes são basicamente os fatos jurídicos como os contratos, o ato ilícito, entre outros, que faz com que surja uma relação jurídica obrigacional. Assim, possui inúmeras classificações, como a que Caio Mário da Silva, fundamentou: Obrigação como fonte direta ou imediata: que são as obrigações que resultam diretamente da lei como: a obrigação de pagar alimentos, além disso, ela é classificada da seguinte maneira; - atos jurídicos negociais que são os atos unilaterais de manifestação de vontade como os testamento, os contratos, entre outros; - atos jurídicos não negociais que são os atos stricto sensu; - atos ilícitos como o enriquecimento ilícito; E a obrigação como fonte mediata ou indireta: onde a lei atua somente como pano de fundo em todas as obrigações visto que mesmo as obrigações que derivam diretamente da vontade humana não podem contrariar a lei, como nas relações negociais; Assim, a vontade humana, existe tanto na obrigação como fonte direta ou imediata, visto que é uma manifestação expressa de alguém, como as celebrações de contrato de compra e venda de coisa usada, como exemplo. E está presente também, na fonte imediata, já que as obrigações não nascem necessariamente da manifestação de vontade, mas também por meio das atitudes e do comportamento humano, sendo necessário assim a constituição do suporte fático que torna concreto o que existe em abstrato na norma, como exemplo: obrigação de reparação de danos por atos ilícitos, onde a manifestação de vontade alguém gerou um fato jurídico, que vai gerar uma relação obrigacional que terá como fonte o comportamento errôneo de alguém, ou seja, a fonte mediata ou indireta. Assim de acordo com o Código Civil, as fontes das obrigações são: a. contratos; b. declaração unilateral de vontade; c. ato ilícito; 7) Diferencie as obrigações de resultado das obrigações de meio e dê um exemplo de cada uma delas. Resposta: Às Obrigação de resultado são basicamente aquelas que somente se considera cumprida ou adimplida se o resultado final for o esperado pelo devedor, como exemplo mais utilizado pagar a prestação do financiamento de algum automóvel; Já nas Obrigação de meio: o devedor meio que se considera desobrigado (livre, como se tivesse cumprido) ainda que o resultado final não venha a ser atingido, como os advogados para com os clientes onde as obrigações são de meio, e não do fim; 8) Explique os efeitos da obrigação natural. Resposta: Os efeitos da obrigação natural são: inexigibilidade jurídica e irrepetibilidade do pagamento voluntário (solutio retentio) como exemplo as dívidas prescritas e divididas de jogos; Assim, a obrigação natural é um débito que não se pode ter como exigência jurídica, a responsabilidade patrimonial do sujeito passivo, ou seja, o devedor, porém, casos esses venha a ser cumprida não irá se caracterizar pagamento indevido. Em síntese, a obrigação natural não se difere da obrigação civil, visto que ambas tratam de uma relação de crédito e débito que tem como vincular um objeto e sujeitos determinados, todavia, sua distinção está no fato da ausência de exigibilidade. Por exemplo, em se tratando de dívidas, todos os elementos estruturais de uma relação obrigacional irão ser aplicados, no entanto, não poderá ser exigida a prestação, mesmo que haja a irrepetibilidade do pagamento (que é o pagamento voluntário). Já a inexigibilidade tem a finalidade de preservação da segurança e estabilidade jurídica, trata-se de um dever de consciência, onde cada sujeito da relação deve honrar a palavra, cumprindo a prestação para a qual se acordou; Ou seja, a obrigação natural se baseia em regra moral. Com isso, a obrigação natural pode ser classificada da seguinte forma: a. Quanto à tipicidade: dependendo da previsão em lei poderá ser típica ou atípica; b. Quanto à origem: poderá ser originária ou derivada, será originária quando é inexigível desde o princípio da relação, como nos casos das dívidas de jogo e será derivada quando a relação nasce como uma obrigação civil, mas depois perde a exigibilidade, como em casos de dívida prescrita; c. Quanto aos efeitos produzidos: será comum (admite todos os efeitos da obrigação civil, menos aqueles referente à exigibilidade judicial) ou limitada (se restringe apenas a retenção de pagamento, onde a lei nega outros efeitos, como a promessa de pagamento); 9) Conceitue obrigação propter rem e cite 2 exemplos desse tipo de obrigação. Resposta: São as figuras que estão entre os direitos pessoais e reais: Ou seja, existem obrigações, em sentido estrito, que decorrem de um direito real sobre determinada coisa, aderindo a essa e, por isso, acompanhando-a nas modificações do seutitular. São as chamadas: obrigações in rem, ob rem ou propter rem, também conhecidas como obrigações reais ou mistas; As obrigações propter rem: se transmitem automaticamente para o novo titular da coisa que se relacional; É o caso, por exemplo, da obrigação do condômino de contribuir para a conservação da coisa comum, em que a obrigação decorre do direito real, transmitindo-se com a transferência da titularidade do bem. Por fim, a obrigação propter rem é diferente das obrigações com eficácia real, visto que nestas há a possibilidade de oponibilidade a terceiros quando houver anotação preventiva no registro imobiliário como nos casos de locação e compromisso de venda; como as taxas de condomínio, onde um arrecada e outro contribui; Tarifas de água e luz são classificadas como obrigação propter rem 10) O princípio da identidade da prestação devida rege exclusivamente às obrigações de entrega de coisa certa? Explique e fundamente sua resposta. Resposta: Sim, o princípio da identidade da prestação devida, diz que mesmo que o bem entregue seja mais valioso que o combinado, o credor poderá se recusar a receber, visto que não foi aquilo acordado na relação obrigacional. Assim, segundo o artigo 313, do Código Civil: “O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.” 11) Distinga as obrigações de dar coisa certa das obrigações de restituir dê um exemplo de cada uma delas. Resposta: A obrigação de entrega de coisa certa: tem por objeto a entrega do devedor ao credor de uma coisa determinada, específica e certa, ou seja, uma coisa individualizada que não pode ser substituída por outra coisa sem o consentimento do credor, assim, segundo o princípio da identidade e do artigo 313 do CC, credor de coisa certa não é obrigada a aceitar outra coisa ainda que mais valiosa, como exemplo a entrega de um carro, com placa 1234, cor preta, único proprietário Maria da Silva. Já a obrigação de restituir é basicamente obrigação de devolver a mesma coisa que pegou emprestado ou alugado, como por exemplo, João aluga a casa de Maria por 6 meses, após os 6 meses ele tem a obrigação de entregar a casa da mesma forma que lhe foi alugada no início; 12) Na venda de uma chácara com plantação de laranjas as partes deixam de estabelecer quem tem direito à plantação. No momento da tradição as laranjas estão totalmente verdes. O adquirente pode ficar com a chácara e com as laranjas pelo mesmo preço ajustado pela compra ou deverá pagar a mais por elas? Por quê? Resposta: Segundo o artigo 237 do Código Civil: “Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.” Assim, segundo o código, se os frutos estiverem totalmente verdes, ainda não podem ser separados da coisa principal e com isso serão considerados frutos pendentes ou perceptivos. Desta forma, os pendentes irão pertencer ao credor, o sujeito ativo. Contudo, no exemplo supracitado da compra e venda da chácara, como as partes não combinaram nada previamente em sentido contrário, aplica-se a lei de acordo com o artigo 237, parágrafo único, que diz que o comprador lucrará os frutos sem poder cobrar a mais por eles. 13) Perdendo-se a coisa objeto da prestação da obrigação de dar coisa certa sem culpa do devedor quem suportará os riscos antes e após a tradição? Por quê? Resposta: De acordo com o artigo 238 do Código Civil: “Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.” Assim, será aplicado o princípio da coisa perece para o dono, ou seja, antes ou após a tradição, não havendo culpa do devedor pela perda da coisa é o credor quem suportará os riscos, visto que ele é o dono. 14) Perdendo-se a coisa objeto da prestação da obrigação de restituir com culpa do devedor quem suportará os riscos antes e após a tradição? Por quê? Resposta: De acordo com o artigo 239 do Código Civil, se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, das perdas e danos. 15) O locatário, sem autorização do proprietário (locador), mandou consertar um problema de infiltração de água existente num dos quartos da casa alugada. Sabendo que o contrato é omisso sobre o assunto, quais os direitos do locatário? Explique e fundamente a sua resposta. Resposta: Trata-se do previsto no artigo 96, do Código Civil, parágrafo 3: “As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. § 3 São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriora." Assim, terá sim o direito a indenização e retenção visto que agiu com boa fé para que se evite a deterioração do bem como um todo. 16) O locatário sem autorização do locador instala no imóvel alugado uma central de aquecimento a gás. O contrato é omisso sobre o assunto. Considerando o disposto em lei quais os direitos do locatário nesse caso? Explique. Resposta: O locatário realizou o previsto no Art. 96. que diz: “As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. § 1 São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.” Assim, o locatário não terá direito a indenização, nem direito a retenção, só terá apenas direito de levantamento, caso a benfeitoria realizada não tenha prejudicado o bem principal. Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, receberá o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. Ou seja, o credor lucrará os frutos sem obrigação de indenizar o devedor, e como o devedor teve despesas rege-se a situação pelas benfeitorias. 17) Na venda de 100 sacas de café torrado, moído, tipo 1, após embarcar o café em caminhão de sua propriedade, o vendedor deixa de entregá-lo porque o caminhão tombou devido à queda de barreira na pista ocasionando a perda total da mercadoria. Qual a solução prevista no Código Civil para esta situação? Explique. Resposta: Será aplicado o que está previsto no artigo 243 do Código Civil que diz “a coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade”. Assim o devedor precisava entregar ao credor as 100 sacas de café torrado e moído, tipo 1, tratando-se assim de coisa certa, específica e determinada. No entanto, com o advento da queda da barreira na pista, fato totalmente fora de controle do devedor, isso não pode ocorrer. Desta forma, por se trata de coisas fungíveis, que poderão ser substituídas, o credor terá que substituir as sacas de café, devendo buscar o mesmo gênero, espécie e qualidade do produto para entregar ao credor. 18) Na mesma situação do caso anterior, se as partes ajustaram em contrato que o comprador deveria retirar a mercadoria até o dia 5, depois de cientificado para buscar o café, o comprador deixa de retirá-lo e uma semana mais tarde, o café perece devido a uma inundação. Qual a solução prevista para o caso de acordo com o Código Civil? Resposta: Aplica-se o disposto no artigo 235 do Código Civil que diz que: “Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.” 19) Sendo vários os devedores em uma obrigação e a prestação podendo ser cumprida por partes, a obrigação pode ser considerada indivisível ou solidária? Explique. Resposta: A divisibilidade e a indivisibilidade dizem respeito à prestação do objeto da obrigação enquanto que a solidariedade é de natureza subjetiva porque se refere à responsabilidade dos sujeitos. Assim, as obrigações divisíveis são aquelas cuja a prestação pode ser cumprida em partes, como pagar com dinheiro; Já nas obrigações indivisíveis,isso não pode ocorrer, não pode ser cumprida em partes; Assim, sendo vários os devedores em uma obrigação e a prestçaõ pode ser cumpida por partes, a obrigação será considerada solidária, pois refere-se a responsabilidade dos devedores; A indivisibilidade em si, tem como causa a natureza da prestação onde cada devedor paga o todo porque é impossível ao bem ser repartido. sendo assim, de natureza objetiva, subsiste enquanto a prestação do objeto suportar e cassa quando a obrigação se converte em perdas e danos; Já na solidariedade, além de não se presumir, tem como natureza a subjetividade e causa a lei a ou a vontade das partes, assim, cada devedor paga o todo porque deve o todo e somente cessa com a morte dos devedores e credores, além de conservar-se quando a obrigação se converte em perdas e danos; 20) Quais as espécies de indivisibilidade? Dê um exemplo de cada uma delas. Resposta: Previstas no artigo 258 do CC a indivisibilidade pode ser: a) material, natural ou física: é aquela decorrente da própria natureza do objeto da prestação, como acontece em casos onde há compra e vendas de um touro reprodutor; b) convencional: decorrem da própria vontade dos sujeitos da relação obrigacional, ou seja, é constituído por um negócio jurídico, onde os sujeito estipulam desde o início que aquilo será indivisível, como contrato de compra e venda; c) legal: decorrem da lei em benefício de determinados sujeitos, como a obrigação cujo o adimplemento resulte na perda de sua viabilidade; --------------------------------------------------------------------------------------------------------- Aula do dia 11/03/2021 1. Qual o conceito trazido pelos autores de obrigação como processo e para que você identifica como ponto central para distingui-lo do conceito clássico de obrigação? Reposta: Ao citar a obrigação como um processo, significa dizer que é necessário afastar o entendimento de que a obrigação apenas impunha deveres a uma das partes, ou seja, segundo os autores, o processo como obrigação, trata-se de uma relação dinâmica, exigindo assim, de ambas as partes, a resolução do conflito visando a busca pelo adimplemento. Segundo os autores, a teoria estruturada anteriormente acerca da análise externa da relação obrigacional, centrada na metodologia tradicional, refere-se apenas a obrigação como um vínculo entre dois sujeitos reunidos com intuito de direitos e deveres (credor e devedor). Já a análise interna, mais recente, tem como objetivo principal o adimplemento da relação obrigacional, ou seja, a relação obrigacional não será apenas sobre direitos e deveres, mas sim sobre faculdades, capacidades e ônus. A principal diferença entre as duas teorias está na simples compreensão de que uma relação obrigacional é mais do que dois pólos -sendo um passivo é um ativo- apenas, trata-se de direitos, deveres, faculdades, materialidade, intensidade de atuação e a individualidade de cada polo. Assim, às obrigações, vista sobre a perspectiva da análise externa, não possui mais espaço no mundo contemporâneo, visto a ascensão da globalização e do pluralismo nas sociedades vigentes, que contribuíram muito para que os problemas e mazelas sociais fossem ainda mais escancarando. Cabe portanto, segundo os autores, as relações obrigacionais, garantir a soberania da igualdade, da dignidade humana e da valorização da cidadania. 2. Explique a importância do princípio da boa fé objetiva e dos deveres de conduta que integram a visão orgânica e social da obrigação como processo? Resposta: É possível trabalhar com ordenamentos jurídicos baseados em sistemas fechados ou abertos. O sistema fechado consiste em um positivismo jurídico e da busca pela ciência para o direito. No qual, o direito aplicado seria apenas aquele emanado da autoridade legislativa competente para editar a norma, não sendo permitido interferências de valores filosóficos, sociológicos e económicos. O sistema aberto, apoiado na jurisprudência, aceita a incompletude, a capacidade de evolução e a modificabilidade do sistema e flexibilizando espaços para a ponderação de critérios. O conceito de boa-fé, se destaca no sistema aberto, possibilita ao magistrado adequar a aplicação do Direito e dos influxos de valores sociais. Existem duas acepções de boa-fé, uma subjetiva e a objetiva. A boa-fé objetiva é o primeiro enfoque. Compreende-se como um modelo ético de conduta social, verdadeiro "standard" jurídico ou regra de conduta, atrelada à ideia de lisura, honestidade e correção, de modo a não se frustrar a legítima confiança da outra parte. Já não é um princípio e sim um estado psicológico, em que a pessoa possui a crença de ser titular de um direito, o que em verdade só existe na aparência. A boa-fé objetiva dominou os ordenamentos jurídicos no século XIV, sobreviveu até o fim da Segunda Guerra Mundial. Dirige-se à correção da conduta do indivíduo, pouco importando a sua convicção. Não se deve avaliar se o indivíduo agiu com boa fé, comportamento em conformidade com padrões sociais vigentes. O princípio de boa-fé encontra a sua justificação no interesse coletivo de que as pessoas pautem e seu agir pela lealdade e cooperação, incentivando o sentimento de justiça social. Por isso, a boa fé objetiva é fonte de obrigações, impõe comportamentos aos contratantes, segundo regras de correção, na conformidade do agir do homem comum daquele meio social. 3. Explique quais as modalidades esportivas apontadas pelo autor para diferenciar o conceito clássico ou tradicional de obrigação da obrigação como processo? Resposta: O autor compara as relações obrigacionais com a lógica do jogo de tênis e a lógica de um jogo de frescobol. Em uma partida de jogo de tênis, assim como na perspectiva tradicional da obrigação, a qual consistia apenas em prestação de dar, fazer ou não fazer, o devedor ficava num papel de subjugado tendo-se a impressão que este não mais restaurará a liberdade que tinha no ato do contrato, neste caso assim como numa partida de tênis o traço principal é necessidade de aniquilar o oponente com golpes certeiros, ou seja, trata-se de um jogo em que não interessa a parceria, a harmonia do esporte, mas sim quem sairá vencedor. Já a compreensão das relações obrigacionais como um processo, remete segundo o autor, em uma partida de frescobol, nesta os jogadores não são somente oponentes, mas sim cooperam igualmente para o resultado prazeroso de uma partida, nas relações obrigacionais hoje em dia, não deve haver apenas um caráter singular da obrigação onde se tem deveres para apenas uma das partes, mas sim uma dinâmica onde tanto credor como devedor devem colaborar com condutas que levam ao êxito no objetivo principal de uma relação obrigacional que é o seu adimplemento. Dessa forma pode se obter a satisfação dos interesses patrimoniais recíprocos, sem que tenha o comprometimento dos direitos de personalidade e dignidade de nenhuma das partes. 5. Qual princípio que fundamenta a tutela externa do crédito e em que esta consiste? Resposta: O princípio da função social do contrato respalda a tutela externa do crédito, pois defende o respeito aos efeitos do contrato também no meio social, está atrelado à conformidade das relações jurídicas dos negócios ao ordenamento jurídico, dessa forma, preenche uma das condições necessárias para requerer a tutela do direito. A tutela externa de crédito trata da responsabilização de terceiros pela violação do direito de crédito alheio. Cria um dever à toda coletividade, seja de não violar obrigação contratual alheia que saiba ou deveria saber, ou a existência de um contrato no plano jurídico, o terceiro que sabe ou deveria saber da convenção havida entre determinadas partes, não pode interferir de modo a prejudicar o adimplemento daquele contrato. Em suma, os reflexos externos das relações contratuais, que podem afetar a esfera de terceiros, impõe um comportamento solidário cooperativo, que é atuado pela noção da função social do contrato. 5. Explique como um terceiro totalmente estranho à relação jurídica obrigacionalpode vir a ofendê-la ou ser ofendido por ela? Resposta: Este fenômeno ocorre quando terceiros estão expostos aos riscos de danos pessoais ou patrimoniais oriundos de uma relação jurídica de execução de um determinado contrato. Seriam os contratos com eficácia de proteção para terceiros. Em suma, cabe ao terceiro a percepção de uma indenização, não em razão de uma violação de algum dever de prestar (pois este seria específico das partes), mas por ser ofendido em sua identidade físico- psíquica e econômica. Adiante, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça julga que o contrato de seguro detém importante função social no tocante ao terceiro totalmente estranho à relação jurídica obrigacional, neste caso, há uma preservação do litisconsórcio passivo, onde a empresa seguradora tem a obrigação de prestar amparo ao réu segurado, de modo a não vir a ofender o contrato entabulado entre as partes. Quando um terceiro intervém em contrato de outrem, oferecendo ofertas melhores que a concorrência, em consequência, no entanto ofendem a constituição de relações contratuais já realizadas. Através de um abuso no exercício da liberdade contratual, que por sua vez, vem resultar na responsabilidade de quem induz outrem à violação de contrato. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Obrigações de entrega de Coisa Incerta - Exercícios de Aplicação: 1. ¨A¨ vende a ¨B¨ 100 sacas de café torrado e moído, tipo 1. Após ensacar, pesar e contar as sacas que deveriam ser entregues ao comprador, o depósito do vendedor é atingido por uma enchente e todo o café se perde. Dê a solução para a situação, conforme o disposto no código civil. Resposta: Preceitua o art. 243 do Código Civil que “a coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade”. No presente caso, A precisa entregar a B 100 (cem) sacas de café torrado e moído, tipo 1. No entanto, com o advento da enchente isso não ocorreu. Portanto, como se trata de coisas fungíveis (100 sacas de café torrado e moído, tipo 1) que podem ser substituídas, A terá que substituir as sacas de café, devendo buscar o mesmo gênero, espécie e qualidade do produto para entregar a B. (rap) 2. Antônio, proprietário do Haras Cavalos Fortes, vende a Pedro 3 cavalos de raça manga-larga marchador. Antônio embarca os animais em caminhão de sua propriedade para entregá-los a Pedro. No trajeto, dois dos três cavalos pereceram devido ao forte calor, nada obstante estivessem viajando em boas condições de acomodação. Quem sofre os prejuízos com a perda? A obrigação se extingue? Justifique e fundamente a resposta. Resposta: Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. Haja vista sua inexistência material. Logo, só depois de feita a escolha com ciência poderá falar-se em perdas e danos sem culpa, de acordo com o princípio “Genus nunquam perit” – o gênero nunca perece. Após a escolha quem sofre o prejuízo, havendo perecimento da coisa, sem culpa, é o próprio alienante, pois continua sendo o proprietário, até a tradição (res perit domino). 3. A floricultura X compra do distribuidor de flores do Ceasa 30 dúzias de rosas pelo valor de R$ 1.000,00 ( mil reais). As flores deveriam ser entregues na matriz da floricultura em Curitiba. Todavia, a pedido do comprador as flores são enviadas para Paranaguá, para uma filial da floricultura existente naquela cidade. No trajeto o caminhão tomba devido à queda de barreira na pista e as flores se perdem. Sabendo que o vendedor seguiu todas as instruções quanto ao transporte, analise a situação. Resposta: Por se tratar de coisas fungíveis, ou seja, coisas que podem ser substituídas por outras coisas que sejam do mesmo gênero, espécie e qualidade, o devedor deve buscar entregar as flores ao comprador. No entanto, como a pedido do comprador as flores que eram pra ser entregues em Curitiba, seguem a caminho de Paranaguá, e durante esse trajeto ocorre o acidente, os riscos, ficam a mercê da responsabilidade do comprador, já que o vendedor por ter seguido todas as instruções de entrega cumpriu as suas obrigações e que segundo o artigo 494 do Código Civil: “Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se das instruções dele se afastar o vendedor.” 4. O comprador compromete-se a retirar o café (problema 1), na distribuidora de propriedade do vendedor até o dia 05 de agosto às 18 horas. No dia 07 de agosto o café perece em razão de inundação que atinge o depósito de propriedade do vendedor porque o credor, mesmo cientificado de que deveria retirar a mercadoria, não foi buscá-la. Resposta: Se a coisa se deteriorar sem culpa do devedor, o credor poderá dar por resolvida a obrigação ou aceitar a coisa no estado em que se encontra, com direito ao abatimento do preço, mas sem direito às perdas e danos. – art. 235 do CC. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ATIVIDADE FORMATIVA DE OBRIGAÇÕES PARA VALIDAÇÃO DE PRESENÇA - 10/06/2021 ESTUDO DE CASO Antônio Marcos aluga a Pedro Paulo o seu apartamento situado em Curitiba, à Rua José de Alencar, 868, Edifício Palmeiras, ajustando o aluguel mensal de R$ 1.200,00 com vencimento no dia 05 de cada mês. O contrato prevê desconto de R$ 200,00 para pagamento até o vencimento e após esta data, além de não incidir o desconto, incidem juros moratórios de 1% ao mês e correção monetária. Pedro Paulo está mantendo os aluguéis em dia. No dia 05 de maio de 2020, data do vencimento do aluguel, ao observar o boleto do Mês, Pedro Paulo identifica que o valor do aluguel com desconto foi alterado para R$ 1600,00 (mil e seiscentos reais). O locatário dirige-se de imediato à Imobiliária para solicitar um novo boleto, quando é surpreendido com a informação de que o valor foi reajustado pelo locador, para corrigir o valor do aluguel ao valor de mercado, pois apartamentos no mesmo edifício estão sendo locados por R$ 1600,00. Considerando que a vigência do contrato é 12 meses contados de janeiro de 2020 e que neste não há previsão de correção dos alugueis, Pedro Paulo insiste em pagar o valor previsto em contrato de R$ 1.200,00 com desconto de R$ 200,00 para pagamentos em dia. O locador recusa-se a receber este valor. O locatário procura-os como advogados para a solução do impasse. Com base no caso pergunta-se: 1) Qual solução prevista no Livro Direito das Obrigações do Código Civil para resguardar os direitos do locatário e impedir o despejo ? Resposta: No caso supracitado, foi ajustado previamente que o pagamento no valor de 1200,00 com desconto de 200,00 até o vencimento, todo dia 5 do mês, sendo assim, de acordo com aquilo previsto no Código Civil Brasileiro, lei 10.406/02, em seu artigo 569 “O locatário é obrigado: II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar; Com isso, o artigo 571 afirma que: “Havendo prazo estipulado à duração do contrato, antes do vencimento não poderá o locador reaver a coisa alugada, senão ressarcindo ao locatário as perdas e danos resultantes, nem o locatário devolvê-la ao locador, senão pagando, proporcionalmente, a multa prevista no contrato” Pela vigência do contrato ser de 12 meses, Pedro Paulo ainda está na vigência, assim sendo para que haja a modificação do valor do aluguel antes do fim do prazo previsto no contrato tanto o locador quanto o locatário devem obrigatoriamente declarar a anuência. No entanto, caso Pedro Paulo ou Pedro Paulo não concordem, o locador somente terá o direito de pedir uma ação revisional do valor após três anos de locação. Para isso, o contrato de locação precisa conter uma cláusula explicitando os critérios utilizados, de acordo com o previsto na lei do inquilinato nº 8.245/91: Art. 18. É lícito às partes fixar, de comum acordo,novo valor para o aluguel, bem como inserir ou modificar cláusula de reajuste. E o Art. 19. Não havendo acordo, o locador ou locatário, após três anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderá pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado. 2) O rol do artigo 335 do Código Civil é taxativo ou meramente exemplificativo? Resposta: O pagamento em consignação revela-se como forma excepcional para extinguir o vínculo obrigacional e só pode ser admitido nas hipóteses expressamente descritas no texto legal e por isso o artigo 335 CC, deve ser considerado taxativo. a) No caso de optarem pela ação judicial, qual seria? Qual o procedimento? Resposta: O inquilino deverá fazer o depósito em juízo, fazendo assim o pagamento em consignação. Após isso deve entrar com uma ação de contestação com pedido de tutela de urgência cautelar para garantir o resultado útil do processo e evitar o despejo, solicitando a revisão dos valores alegando que tal reajuste não está previsto em contrato. b) Quem são, respectivamente as partes legítimas ativa e passiva para a demanda? Qual o prazo prescricional para a propositura da demanda e qual o foro competente? Quais são os legitimados ativos em geral para ações desta natureza? Explique. Resposta: No polo ativo da demanda está o devedor Pedro Paulo que reivindica que os valores ajustados em contrato sejam somente reajustados nos prazos estabelecidos. No polo passivo está o locador Antônio Marcos. 3) O que ocorre logo após a distribuição do processo? Resposta: Em consonância ao Código de Processo Civil, após a distribuição do processo a parte Autora será intimada para recolher as custas iniciais, à exceção de haver pedido de justiça gratuita, após isto será encaminhado ao juiz da vara para conclusão para as devidas deliberações. 4) Como serão pagos os alugueis vincendos no curso do processo? Resposta: Segundo jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, na espécie, a cobrança das parcelas vincendas, mas apenas as que se vencerem até a data do trânsito em julgado, o que com isso, já tem o condão de proporcionar ao autor o recebimento das cotas condominiais pagas, sem a necessidade de ajuizamento de sucessivas demandas. As cotas condominiais podem ser consideradas prestações sucessivas, de natureza homogênea, exceto se incluírem despesas extraordinárias. Assim, as prestações vincendas incluem-se no débito, não só as que se vencerem no curso do processo, mas, também, após a sentença, e até o trânsito em julgado. 5) Qual o prazo para contestação e o que Antônio Marcos pode alegar? Justifique e fundamente. Resposta: De acordo com o artigo 335 do Código de Processo Civil “Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição; II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso I.” Ou seja, Marcos poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data de audiência ou de protocolo do pedido, conforme art. 335 do CPC. 6) Quais as consequências no caso de sentença pela procedência do pedido? Resposta: Caso haja a procedência da sentença no trânsito em julgado, será direcionado à parte autora o ônus sucumbencial que deverá pagar as custas, despesas processuais e honorários advocatícios de até 10% de acordo com o valor da causa. 7) E se o pedido for julgado improcedente? Resposta: Agora, caso o juiz decida pela improcedência do pedido, Pedro terá que pagar os aluguéis conforme determinado na sentença pelo juiz, tendo em vista que a demanda por ele proposta, foi julgada improcedente, sob pena de ter que desocupar o imóvel, por falta de pagamento. Por conseguinte, após o trânsito julgado, caso Pedro não pague o aluguel, o juiz, de forma fundamentada, decretará o despejo. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art334%C2%A74i 8) Caso Pedro Paulo estivesse constituído em mora ele poderia propor a demanda considerando o disposto no artigo 336 do Código Civil? Justifique. Resposta: De acordo com o previsto no artigo 336 do Código Civil: “Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.” Desta forma, considera-se constituído em mora o devedor que não efetuar o pagamento e em casos onde o credor não quer receber no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer. Desta forma, Pedro Paulo não poderia propor demanda, visto que seria ele quem estava em débito com o credor.
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