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20150312_223305_empreendedologia

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DO EMPREEDEDORISMO À EMPREENDEDOLOGIA  
By, Louis Jacques Filion 
HEC, The University of Montreal Business School 
Traduzido e adaptado por: Jovino Moreira da Silva, M. Sc. 
Para uso educacional na disciplina Desenvolvimento de Negócios 
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB 
Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ciências Sociais Aplicadas – NEPAAD 
Curso de Administração 
 
Resumo 
 
Este artigo apresenta um resumo de pesquisa sobre empreendedores (entrepreneurs) 
e discute as tendências no desenvolvimento deste campo do conhecimento. Começa 
pela apresentação dos pioneiros deste domínio, Cantillon, Say e Schumpeter. As 
contribuições de economistas como Knight, Hayek, Penrose, Kirzner e Casson são 
mencionadas. Uma segunda seção apresenta as contribuições dos comportamentalistas 
e as características mais comumente atribuídas aos empreendedores. Dos anos 80 em 
diante, o campo do empreendedorismo (entrepreneurship) explodiu e foi assimilado 
dentro de quase todas as disciplinas de ciências sociais. Duas tendências separadas – 
uma aplicada, a outra baseada em teoria – começam a emergir. Assim, este artigo 
postula que o campo está em processo de divisão em duas separadas entidades: uma 
empreendedorismo, com os aspectos aplicados, e a outra empreendedologia (ou 
entreprenologia), que se ocupa com os aspectos teóricos. 
 
Introdução 
 
Mais de 1000 publicações aparecem, anualmente, no campo do empreendedorismo, 
bem mais de 50 conferências e 25 revistas e periódicos especializados. Este artigo não 
tenta cobrir todos os componentes do campo do empreendedorismo. Sua meta é 
descrever e discutir os elementos essenciais da corrente de conhecimento sobre 
empreendedores e sugerir algumas tendências. Ele apresenta um resumo de um texto 
mais detalhado sobre o assunto (Julien, 1997, capítulo 4). 
 
O Mundo do Empreendedor 
 
As pessoas que trabalham no campo do empreendedorismo estão convencidas de que 
existe um nível considerável de confusão envolvendo a definição de empreendedor. 
Preferimos o termos “diferença”. Os pesquisadores tendem a perceber e definir 
empreendedores usando premissas de suas próprias disciplinas*. Partindo deste ponto 
de vista, a confusão não é, talvez, tão grande quanto as pessoas deveriam acreditar, 
porque similaridades na percepção do empreendedor surgem dentro de cada disciplina. 
Por exemplo, os economistas têm associado empreendedores com inovação enquanto 
os comportamentalistas têm se concentrado nas características da criação e da 
 
 Traduzido para uso no Curso de Administração – UESB, Habilitação em Administração de Micro e 
Pequenas Empresas e Cursos Seqüenciais. Não pode ser usado para fins comerciais sem autorização do autor. 
Nota do Tradutor. 
* Aqui disciplina está dentro do conceito americano que eqüivale a áreas de conhecimento, que muitas vezes 
dão nome a um CURSO, como: Economia, Administração, Filosofia, Psicologia, etc. Entre nós, curso 
significa um conjunto de uma ou mais disciplinas e nos Estados Unidos, disciplina contém ou pode conter 
mais de um curso. Também pode-se considerar, neste caso, nosso conceito de matéria pedagógica que pode 
reunir uma ou mais disciplinas dentro de um curso. Nota do Tradutor. 
 
 2 
intuição dos empreendedores. Nós veremos mais detalhes sobre estes dois pontos de 
vista na seção seguinte. 
 
Os Economistas 
 
Primeiro, devemos qualificar a crença popular de que o empreendedorismo originou-se 
das ciências econômicas, apenas. Uma leitura cuidadosa dos dois primeiros autores, 
usualmente identificados como os pioneiros do campo – Cantillon (1755) e Say (1803; 
1815; 1816; 1839) – revelou que eles não estavam interessados somente na 
economia mas, também, nos aspectos gerenciais das empresas, no desenvolvimento 
dos negócios e na gestão dos negócios. Cantillon foi basicamente um banqueiro que, 
hoje, seria descrito como um capitalista de risco. Seus escritos revelam um homem a 
procurar oportunidades de negócio, com uma preocupação para a gestão perspicaz, 
econômica e obtenção de produção ótima sobre o capital investido. 
 
Verin (1982) examinou a origem e o desenvolvimento do termo “empreendedor” 
revelando que ele adquiriu seu significado atual no século 17. Embora o termo fosse 
usado antes de Cantillon, está claro, como Schumpeter (1954:222) apontou, que 
Cantillon foi o primeiro a oferecer uma concepção clara da função empreendedorial 
como um todo. 
 
Jean-Baptiste Say foi o segundo autor a dedicar interesse sobre os empreendedores. 
Ele considerou o desenvolvimento econômico como o resultado da criação de risco, e 
esperava que a Revolução Industrial Inglesa se espalhasse pela França (Say, 1815, 
1816). Cantillon e Say consideraram os empreendedores como assumidores de risco, 
basicamente porque investiam seu próprio dinheiro. Na visão de Cantillon, os 
empreendedores compravam uma matéria prima – muitas vezes um produto agrícola – 
por um certo preço, para processa-lo e revendê-lo a um preço incerto. Os 
empreendedores eram, portanto, pessoas que mediam as oportunidades com a visão 
para fazer lucros e assumia os riscos inerentes. Say traçou uma disfunção entre o 
empreendedor e o capitalista, e entre seus lucros (Say, 1803, 1827:295; 1815, 
1816:28-29; Schumpeter, 1954:555). Ao fazer isto ele associou os empreendedores 
com a inovação. Ele via os empreendedores como agentes de mudança. Ele próprio foi 
um empreendedor, e tornou-se o primeiro a definir as limitações do que seja, no 
sentido moderno do termo, um empreendedor. Schumpeter (1954) admitiu que a 
maior parte da própria contribuição dele foi para dez comunidades Anglo-Saxônicas 
sobre o mundo do empreendedor descrito nos escritos de Jean-Baptista Say. Como 
Say foi o primeiro a colocar um fundamento para o campo, nós o descrevemos como o 
pai do empreendedorismo (Filion, 1988). 
 
É talvez interessante notar que Say estava, basicamente, desenhando juntas duas das 
maiores tendências do seu tempo: aquela dos fisiocratas e aquela da Revolução 
Industrial na Grã Bretanha. Ele foi um grande admirador de Adam Smith (1776), cujas 
idéias ele trouxe para a França, e da Revolução Industrial Inglesa (Say, 1816). De 
fato, ele tentou estabelecer um retrato do pensamento que habilitaria à Revolução 
Industrial fluir através do Canal para a França. Ele aplicou o pensamento liberal 
proposto por Quesnay, Mercier de la Riviere, Mirabeau, Condorcet, Turgot e outros 
fisiocratas como um meio de desenvolvimento rural, para o empreendedor. 
 
Todavia, foi Schumpeter que realmente lançou o campo do empreendedorismo, 
associando-o claramente com a inovação. 
 
 3 
“A essência do empreendedorismo permanece na percepção e exploração de novas 
oportunidades no domínio dos negócios... sempre fazendo algum uso diferente dos 
recursos nacionais dos quais eles estão extraindo de seus empregos tradicionais e 
submetendo a novas combinações.” (Schumpeter, 1928). 
 
Não somente Schumpeter associou os empreendedores com a inovação, mas seu 
trabalho imponente mostrou a importância dos empreendedores na explicação do 
desenvolvimento econômico. 
 
De fato, ele não foi único a associar empreendedorismo a inovação. Clark (1899) tinha 
feito isso tão claramente algum tempo antes, e Higgins (1959), Baumol (1968), 
Schloss (1968), Leibenstein (1978) e muitos dos economistas que dedicaram um 
interesse ao empreendedorismo depois dele também fizeram o mesmo. Os 
economistas estiveram principalmente interessados na compreensão do papel 
desempenhado pelo empreendedor como o motor do sistema econômico (Smith, 1776; 
Mill, 1848; Knight, 1921; Innis, 1930, 1956; Baumol, 1968; Broehl, 1978; Leff, 1978, 
1979; Kent, Sexton et al., 1982). Deste ponto de vista, os economistas viam os 
empreendedores como “detetores” de oportunidades de negócio (Higgins, 1959;Penrose, 1959; Kirzner, 1976), criadores de empresa (Ely, Hess, 1893; Oxenfeldt, 
1943; Schloss, 1968), e assumidores de risco (Leibenstein, 1968, Kihlstrom, Laffont, 
1979; Buchanan, Di Pierro, 1980). Hayek (1993:7); 1959) mostrou que o papel dos 
empreendedores foi informar o mercado de novos elementos. Knight (1921) mostrou 
que os empreendedores assumiam um risco por causa do estado de incerteza em que 
eles trabalhavam, e que eles eram, por conseguinte, recompensados pelos lucros que 
obtinham das atividades que eles iniciavam. Hoselitz (1952, 1968) falava de um nível 
mais alto de tolerância que habilitava os empreendedores a trabalhar em condições de 
ambigüidade e incerteza. Casson (1982) fez uma tentativa interessante ao desenvolver 
uma teoria de ligação de empreendedores com o desenvolvimento econômico. Ele 
enfatizou os aspectos da coordenação dos recursos e tomada de decisão. Leibenstein 
(1979) já tinha estabelecido um modelo para medir o nível de eficiência e ineficiência 
no uso dos recursos pelos empreendedores. 
 
Os empreendedores são mencionados na economia, porém eles aparecem muito pouco 
– e algumas vezes nem tanto – nos modelos clássicos de desenvolvimento econômico. 
Onde eles estão presentes, eles estão representados por uma função. Os economistas 
que dedicavam um interesse nos empreendedores foram, usualmente, marginais, 
como foi o caso em outras disciplinas. Se nós fôssemos sumarizar as principais 
tendências econômicas do pensamento sobre empreendedorismo, provavelmente 
aceitaríamos o ponto de vista de Baumol (1993), que propôs duas categorias de 
empreendedores: o empreendedor organizador de negócio e o empreendedor 
inovador. O primeiro inclui o empreendedor clássico descrito por Say (1803), Knight 
(1921) e Kirzner (1983), e o último o empreendedor descrito por Schumpeter (1934). 
 
Nunca é fácil introduzir elementos de racionalidade no comportamento complexo dos 
empreendedores. Uma das crítica que podem ser apontadas aos economistas é que 
eles não tinham sido hábeis para fazer a ciência econômica evoluir. Eles também têm 
sido inábeis para criar uma ciência do comportamento econômico dos 
empreendedores. 
 
Casson (1982) foi o mais longe possível em termos do que é quantificável e aceitável 
em ciência econômica. Os economistas resistiram em aceitar modelos não-
quantificáveis demonstrando claramente os limites desta ciência para o 
empreendedorismo. De fato, foi um dos elementos que levou o mundo do 
 4 
empreendedorismo a guinar para o comportamentalismo em busca de conhecimentos 
mais aprofundados sobre o comportamento do empreendedor. 
 
Os Comportamentalistas 
 
Para os propósitos deste artigo, o termo “comportamentalista” inclui os psicólogos, 
psicanalistas, sociólogos e outros especialistas em comportamento humano. Um dos 
primeiros autores deste grupo a mostrar um interesse pelos empreendedores foi Max 
Weber (1930). Ele identificou o sistema de valor como um elemento fundamental da 
explicação do comportamento empreendedorial. Ele via os empreendedores como 
inovadores, pessoa independente cujo papel como líderes de negócio, exprimia uma 
fonte de autoridade formal. Contudo, o autor que realmente lançou a contribuição das 
ciências comportamentais para o empreendedorismo foi, indubitavelmente, David C. 
McClelland. 
 
McClelland definiu os empreendedores do mesmo modo que o resto da literatura. Sua 
definição foi a seguinte: 
 
“Um empreendedor é alguém que exercita o controle sobre a produção que não é 
apenas para o seu consumo pessoal. De acordo com minha definição, por exemplo, um 
executivo em uma unidade de produção de aço na URSS seria um empreendedor.” 
(McClelland, 1971; ver, também, 1961:65). 
 
De fato, o trabalho de McClelland (1971) concentrou-se sobre os gerentes de grandes 
organizações. Embora ele esteja fortemente associado com o campo do 
empreendedorismo, uma leitura cuidadosa de seus escritos mostra que ele nunca fez 
conexão entre a necessidade para a realização e a decisão para se projetar, em um 
negócio próprio ou mesmo como gerente de um negócio. (Brockhaus, 1982:41). 
McClelland também identificou a necessidade de poder, mas ele prestou menos 
atenção para este aspecto em seus últimos trabalhos, e é menos bem conhecido. Um 
número de pesquisadores têm estudado a necessidade de realização, mas ninguém 
parece ter obtido resultados conclusivos que a associe com o sucesso empreendedorial 
(Durand, Shea, 1974; Hundall, 1971; Schrage, 1965; Singh, Singh, 1972). 
 
Depois de McClelland, os comportamentalistas dominaram o campo do 
empreendedorismo por 20 anos, até os anos 80. Sua meta foi definir os 
empreendedores e suas características. As ciências do comportamento foram se 
expandindo rapidamente, e existe mais consenso do que em outras disciplinas sobre o 
que é mais válido e confiável nas metodologias de pesquisa. O movimento foi refletido 
na pesquisa sobre um número de assuntos, incluindo os empreendedores. Milhares de 
publicações descreveram uma ampla série de características empreendedoriais. As 
mais comuns são mostradas na Tabela 1 abaixo: 
 
Tabela 1 
Características mais freqüentes atribuídas aos empreendedores pelos 
comportamentalistas 
Inovadores 
Líderes 
Tomadores moderados de risco 
Independentes 
Criadores 
Energéticos 
Tenacidade 
Necessidade de realização 
Autoconhecimento 
Autoconfiança 
Envolvimento de longo prazo 
Tolerantes a ambigüidade e incerteza 
Iniciativas 
Aprendizagem 
 5 
Originais 
Otimistas 
Orientado para resultados 
Flexíveis 
Engenhosos 
Uso de recursos 
Sensibilidade com os outros 
Agressivos 
Tendência para confiar nas pessoas 
Dinheiro como uma medida de 
desempenho 
Blawatt, 1995; Hornaday, 1982; Meredith, Nelson et al., 1982; Timmons, 1978 
 
Todas essas pesquisas produziram resultados variáveis altamente e freqüentemente 
contraditórios. Além disso, não foi possível estabelecer um perfil psicológico científico 
absoluto do empreendedor. 
 
Em realidade, uma das conclusões para ser traçada com respeito às características dos 
empreendedores pode ser sumarizada como o ser social. Os seres humanos são 
produtos de seus ambientes. Um número de autores têm mostrado que os 
empreendedores refletem as características do período e lugar em que eles viveram 
(Ellis, 1983; Filion, 1991; Gibb, Ritchie, 1981; Julien, Marchesnay, 1996; McGuire, 
1964, 1976; Newman, 1981; Toulouse, 1979). 
 
Visto deste ponto de vista do comportamento empreendedorial, o empreendedorismo 
parece primeiro e antes de tudo para ser um fenômeno regional. 
 
Para concluir esta seção sobre a pesquisa dos comportamentalistas no campo do 
empreendedorismo, está claro que não temos ainda estabelecido um perfil científico 
que permita-nos identificar empreendedores potenciais com alguma certeza. Contudo, 
sabemos o bastante acerca das características empreendedoriais para situá-los 
devidamente. De fato, o escopo do termo “comportamento’ foi ampliado, e não está 
mais distante da competência exclusiva dos comportamentalistas. A pesquisa está 
tendendo a deslocar-se para outras esferas, tais como as habilidades e competências 
requeridas por uma pessoa para atuar bem como empreendedor, e os métodos de 
aprendizagem pessoal e organizacional são requeridos para ajustar-se propriamente 
para mudanças na atividade relacionada ao comércio empreendedorial. 
 
 
 
A Explosão do Campo do Empreendedorismo 
 
Nos anos 80, o campo do empreendedorismo explodiu e espalhou-se para dentro de 
quase todas as ciências sociais e administrativas. A transição foi marcada por dois 
eventos: a publicação da primeira enciclopédia própria contendo o estado da arte neste 
campo (Kent, Sexton, et al. 1982), e a primeira grande conferência anual (The Babson 
Conference) dedicada a pesquisa neste novo campo. 
 
Tabela 2 
Principais Temas da Pesquisa sobre Empreendedorismo• Características Comportamentais dos Empreendedores 
• Características Econômica e Demográfica das Pequenas Empresas 
• Empreendedorismo e Pequenas Empresas nos Países Desenvolvimento 
• Características Gerenciais dos empreendedores 
• O processo empreendedorial 
• Criação do risco 
• Desenvolvimento de negócios 
• Capital de risco e financiamento para pequenas empresas 
 6 
• Gestão, recuperação e aquisição de negócios 
• Empresas de Alta Tecnologia 
• Estratégia e crescimento da empresa empreendedorial 
• Alianças estratégicas 
• Empreendedorismo ou intraprendedorismo em companhias (corporações 
empresariais) 
• Negócios familiares 
• Auto emprego 
• Sistemas de apoio a incubadoras e ao empreendedorismo 
• Redes 
• Fatores que influenciam a criação e o desenvolvimento de risco 
• Políticas de Governo e criação de risco 
• Mulheres, minorias, grupos étnicos e empreendedorismo 
• Educação do empreendedorismo 
• Pesquisa do empreendedorismo 
• Estudos culturais comparativos 
• Empreendedorismo e sociedade 
• Franquias 
 
Essas tabelas com os conteúdos dos anais de conferências anuais, como a conferência 
de Babson, entitulada Fronteiras da Pesquisa em Empreendedorismo (Frontiers of 
Entrepreneurship Research), e a conferência do ICSB (International Council for Small 
Business), fornecem algumas informações interessantes sobre os temas mais 
freqüentemente discutidos (ver tabela 2). A tabela 2 mostra 25 temas dominantes no 
campo do empreendedorismo. Em uma das mais completas bibliografias publicadas 
sobre esta assunto, Harold P. Welsch (1992) identificou 27 temas ao todo. 
 
É interessante notar que o desenvolvimento do empreendedorismo como uma 
disciplina não segue o padrão de outras disciplinas. De fato, grande número de 
pesquisadores, cada um usando uma cultura, uma lógica e uma metodologia 
estabelecidas em graus variados em seus próprios campos, começam a demonstrar 
interesse e trabalhar no campo do empreendedorismo. Os primeiros doutorados em 
empreendedorismo e pequenos negócios apareceram nos anos 80. Apesar disso, a 
grande maioria desses interessados no campo foram de outras disciplinas que não o 
empreendedorismo, e o estudo do empreendedorismo não foi seu primeiro campo de 
atividade. Agora, contudo, mais pessoas estão devotando tempo e esforço 
exclusivamente ao empreendedorismo. O número de criações de risco está crescendo, 
e a parcela do PIB atribuída às pequenas empresas de negócio em todos os países está 
crescendo cada ano. Para seguir a evolução e as necessidades de seus estudantes e 
clientes, muitos professores têm tido que aprender mais sobre empreendedorismo e 
pequenas empresas de negócio. Assim, a assimilação e integração do 
empreendedorismo pelas outras disciplinas, especialmente nas ciências sociais e 
administrativas, é impar como fenômeno, e nunca tinha antes ocorrido em tamanha 
extensão na construção paradigmática em disciplinas dessas ciências. 
 
A Tabela 3 mostra os principais blocos da pesquisa sobre empreendedorismo 
 
Tabela 3 
Pesquisa sobre Empreendedorismo 
Clientes Assuntos Especialistas Metodologia 
Sistema Político Políticas de Governo 
Desenvolvimento 
Regional 
Economistas 
Sociólogos 
Quantitativa 
 7 
Empreendedores Características 
Empreendedoriais 
Comportamentalista
s 
Quantitativo e 
qualitativo 
Empreendedores 
potenciais 
Ambiente 
empreendedorial 
Sociólogos 
Antropólogos 
Quantitativo e 
qualitativo 
Educadores Práticas de negócio Administradores Quantitativa 
Empreendedores 
 
Atividades 
Administrativas 
Administradores Quantitativa 
Empreendedores 
Potenciais 
Finanças Especialistas em 
Administração 
Qualitativa 
Educadores Liderança 
Consultores Pensamento 
Estratégico 
 
 
É freqüentemente dito que reina confusão no campo do empreendedorismo porque não 
existe consenso na definição de empreendedor e os limites do paradigma. Contudo o 
inverso pode ser também verdadeiro – o empreendedorismo é um dos assuntos raros 
que atraem especialistas de uma ampla classe de disciplinas, levando-os a discutir e 
observar o que os outros estão fazendo em relação a disciplinas e questões e como 
estão fazendo. De fato, a confusão parece maior se nós comparamos as definições de 
empreendedor entre as disciplinas (Filion, 1988). Por outro lado, se nós comparamos 
as definições produzidas por especialistas dentro do mesmo campo, nós encontramos 
um consenso inteiramente admirável. Os economistas tendem a concordar que os 
empreendedores estão associados com a inovação, e são vistos como a força 
condutora do desenvolvimento. Os comportamentalistas atribuem-lhes as 
características da criatividade, persistência, locus de controle e liderança. Os 
engenheiros e especialistas em gestão de operações vêem os empreendedores como 
bons distribuidores e coordenadores de recursos. Os especialistas financeiros definem 
os empreendedores como pessoas hábeis para mensurar os riscos. Para os 
especialistas em gestão, os empreendedores são organizadores engenhosos e bons, 
desenvolvem manuais e planos ou visões em torno dos quais eles organizam suas 
atividades, e distinguem-se no uso e organização dos recursos. Os especialistas em 
marketing definem os empreendedores como pessoas que identificam oportunidades, 
diferenciando-as e adotando para si mesmo um pensamento orientado para o cliente. 
Para os estudantes de criação de risco, os melhores elementos para predizer o sucesso 
futuro de um empreendedor são o valor, a diversidade e profundeza da experiência e 
as habilidades adquiridas pelo empreendedor que quer ser no setor em que ele ou ela 
pretende operar. 
 
O campo do empreendedorismo tem atraído o interesse de especialistas de quase 
todas as disciplinas das ciências sociais* na última década. A aparente confusão 
basicamente reflete a diferença lógica e as culturas dessas disciplinas. Parece provável 
que, com a chegada de uma nova década, o empreendedorismo se tornará um dos 
principais pontos de colheita das ciências sociais, porque ele é um dos assuntos raros 
que têm atraído tanto um grande número de especialistas de disciplinas de tão amplo 
raio de ação. 
 
Tendências para a Construção da Teoria 
 
 
* O autor usa a expressão soft science (ciência leve) para nomear as ciências sociais e outras que trabalham 
com o ambiente humano e com a participação do homem nas mudanças de seus ambientes. Como estamos 
lidando, basicamente, com as Ciências Humanas e as Ciências Sociais, procuramos manter a tradução da 
expressão como ciências sociais. Nota do Tradutor. 
 8 
Em cada disciplina existe um desejo de compreender as tendências e formular leis 
universais em torno das quais o conhecimento possa ser estruturado. Os campos do 
empreendedorismo e dos negócios pequenos não são exceção disto. Nós alcançamos 
um ponto onde muitas pessoas são chamadas para uma teoria robusta, baseada em 
axiomas universais, tais como aqueles que existem em física, por exemplo. A teoria 
deveria ser baseada em rigorosos modelos quantitativos e deveria ser obtida por meio 
de pesquisas quantitativas de amplo alcance que provaria, incontestavelmente, a 
natureza do empreendedor, a atividade empreendedorial e seus efeitos sobre o 
desenvolvimento econômico. Ao mesmo tempo, milhares de professores estão se 
defrontando cada dia com a necessidade para produzir material para treinar 
empreendedores para as práticas empreendedoriais. Para fazer isto eles usam 
métodos qualitativos para desenvolver modelos e ferramentas que ajudarão os 
empreendedores reais e potenciais a praticar suas profissões de forma competente. 
Essa tensão entre acadêmicos que escrevem para outros acadêmicos, por um lado, e 
acadêmicos que escrevem para praticantes por outro lado, é bastante forte no campo 
para merecer aqui a atenção.Este pode ser o ponto de partida de duas disciplinas 
complementares: o empreendedorismo, ou seja, a pesquisa em que o cliente é um 
praticante, e a empreendedologia, ou seja, a pesquisa em que o cliente é um outro 
pesquisador. 
 
Muitas tentativas de teorização têm sido feitas. As citadas mais freqüentemente 
incluem: Amit, Glosten, et al. (1993), Baumol (1993), Bull, Willard (1993), Bull, 
Thomas, et al. (1995) Bygrave (1989a e b), Casson (1982), Collins, Moore (1970), 
Covin, Slevin (1991), Gartner 91985, 1990), Gartner, Carland et al. (1988), Herbert, 
Link (1982), Hofer, Bygrave (1992), Leibenstein (1968), Low, MacMillan (1988), 
Peterson, Ainslie (1988), Reynold (19991) Sombart (1928), e Stevenson, Jarillo 
(1990). Wortman, Birkenholz (1991) sumarizou e tentou classificar muitos desses 
estudos. Quando olhamos para todos esses esforços de construção de teorias no 
campo empreendedorial, a distinguir, como Mulholland (1994) apontou, que a ligação 
estabelecida por Schumpeter (1928, 1934) entre empreendedor e inovação tem 
permanecido uma característica dominante da disciplina, especialmente entre os 
economistas. Em uma seção anterior deste artigo consideramos a explosão do campo 
do empreendedorismo e a apropriação de elementos relevantes por várias disciplinas 
das ciências sociais e humanas. Esta é a situação que contribuiu para surgimento de 
uma variedade de definições e métodos de ordenamento do assunto. Para os 
economistas, a definição baseada na inovação e a abordagem desenvolvida por 
Schumpeter para explicar o empreendedor foram suficientes para desenvolver uma 
teoria do empreendedorismo (Kirchhoff, 1992,1994). Julien (1989) já tinha apontado 
para a dificuldade de alinhar a economia com as outras ciências sociais. De fato, 
quando comparamos os pontos de vista de Baumol (1990, 1993) e Casson (1992), as 
diferenças fundamentais que existem, mesmo entre os próprios economistas, tornam-
se óbvias. 
 
Nos parágrafos seguintes, examinaremos o trabalho de alguns dos autores que têm 
pensado sobre a estrutura e a teoria no campo do empreendedorismo. Cunningham e 
Lischeron (1991) sugerem que o campo do empreendedorismo está sendo estruturado 
em torno de seis pontos: a escola do “grande homem”, a escola das características 
psicológicas, a escola clássica (da inovação), a escola da gestão, a escola da liderança 
e a escola do intrapreendedorismo. Blawatt (1995), usando essas e outras 
características, propôs que um modelo conceitual de empreendedorismo para incluir o 
critério de desempenho. Ele observou que muitos dos modelos propostos pela escola 
de personalidade e outros são geralmente estáticos. Ele alinhou-se a outros autores 
que têm estudado os empreendedores no campo e observado que os empreendedores 
 9 
trabalham em um contexto evolutivo onde as atividades e os papéis mudam 
gradativamente. Os empreendedores aprendem a partir do que fazem (Collins, Moore, 
1970; Filion, 1996), e na medida que a natureza do que eles fazem mude, eles mudam 
também. Eles portanto têm que aprender a jogar diferentes papéis quando seus 
negócios evoluem. 
 
Bygrave sugeriu que o que nós necessitamos é pesquisa de campo qualitativa para 
compreender o que os empreendedores fazem (1989a). Ele então propôs (1989b) a 
teoria do caos da física como uma base interessante para a teoria do 
empreendedorismo, mas ainda assim cuidando que o caos não “é mais do que uma 
metáfora matemática porque a precisão de medição necessária... é inatingível no 
processo” (1993). 
 
Dery, Toulouse (1996) analisaram os temas orientados e referências usadas em uma 
das revistas mais freqüentemente citadas no campo do empreendedorismo, The 
Journal of Business Venturing. Ele observou que mais da metade das referências foram 
de livros. Ele fez uma pesquisa similar no campo da estratégia, baseado em uma 
análise de citações no Strategic Management Journal. Ele mostrou que mais da metade 
das referências eram artigos acadêmicos. Isto parece sugerir que o campo da 
estratégia está agora bastante maduro para os pesquisadores terem alcançado certo 
consenso. No empreendedorismo, de acordo com Dery e Toulouse, nós ainda estamos 
no desenvolvimento de paradigmas onde nenhum consenso ainda foi alcançado para 
considerar a construção teórica da disciplina. Pode também ser que o campo do 
empreendedorismo esteja sendo estruturado em um caminho diferente do de outras 
disciplinas das ciências sociais incluindo a estratégia. Enquanto a psicologia emerge da 
filosofia (Miller, 1962), e a psicanálise da medicina e da psicologia, o campo do 
empreendedorismo está enraizado em praticamente todas as disciplinas das ciências 
sociais e ciências da administração. A pesquisa endereça o empreendedorismo tanto 
para elementos teóricos quanto práticos. Não seria, portanto, surpresa se as teorias 
estivessem surgindo de uma série de pesquisas aplicadas. As ciências sociais são 
compostas, principalmente, de modelos interpretativos flexíveis. Qualquer teoria de 
empreendedorismo deve ser flexível e multidimensional para refletir suas raízes 
multidisciplinares. 
 
Conclusão 
 
Nós vimos que o empreendedorismo foi primeiro identificado pelos economistas como 
um elemento útil para compreender o desenvolvimento. Subseqüentemente, os 
comportamentalistas tentaram compreender o empreendedor como uma pessoa. 
Contudo, o campo está atualmente no meio de uma explosão, a qual está espalhada 
dentro de quase todas as disciplinas das ciências sociais. 
 
Concordamos com Mulholland (1994) e Rosa, Bowes (1990) que o campo está ainda 
dominado pelos funcionalistas-positivistas, e que existe uma necessidade urgente de 
abrir novas perspectivas para compreender o que os empreendedores são e o que eles 
fazem. À luz do exposto, o campo do empreendedorismo pode ser definido como 
aquele que estuda os empreendedores. Examina suas atividades, características, 
efeitos econômicos e sociais e os métodos de apoio usados para facilitar a expressão 
da atividade empreendedorial. Nenhum campo acadêmico pode permitir-se a 
negligenciar a teoria. Contudo, para criar uma teoria do empreendedor, provavelmente 
será necessário separar a pesquisa aplicada da pesquisa teórica para estabelecer uma 
nova ciência, a empreendedologia. Esta nova ciência pode criar um corpo teórico 
composto dos elementos convergentes dos estudos teóricos de empreendedores pelos 
 10
empreendedologistas nas várias disciplinas. O próprio empreendedorismo deve 
continuar como um campo de pesquisa aplicada, produzindo resultados de interesse 
para os empreendedores potenciais e praticantes. Contudo, várias milhares de 
publicações serão publicadas, e talvez umas poucas décadas terão que ser decorridas, 
antes que nos finalmente alcancemos este ponto. 
 
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published by Horace Say, his son, Paris: Chez Guillaumin, Libraire. 
 
NOTA DO TRADUTOR - Existe tradução brasileira deste artigo publicada na Revista de 
Administração da USP – RAUSP. Contudo, resolvermos efetuar uma outra tradução 
tendo em vista a necessidade de termos o texto completo e formatado de acordo com 
as características da disciplina Desenvolvimento de Negócios. Esta nota visa preservar, 
também, o direito de outras traduções.

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