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Livro GLOBALIZAÇÃO E INOVAÇÃO LOCALIZADA: EXPERIÊNCIAS DE SISTEMAS LOCAIS NO MERCOSUL Disponível para download em www.redesist.ie.ufrj.br/livros.php 181 Globalização e espacialidade: o novo papel do local Sarita Albagli 1. INTRODUÇÃO Qual o papel do local, diante do processo de globalização hoje em curso? Esta é a questão básica à qual este trabalho se dirige, buscando identificar: que novos aspectos práticos e teóricos têm sido levantados ao seu entorno; que traços de continuidade e de descontinuidade podem ser observados a seu respeito; quais os principais enfoques e interpretações atualmente existentes para abordá-la. Distinguem-se dois principais grupos de opiniões com relação a esse tema, ainda que reconhecendo que tais pontos de vista representam extremos de um conjunto mais diverso de percepções. Para alguns, a globalização representa o fim da geografia, ou a anulação do espaço, expressa pela “desterritorialização” das atividades humanas, bem como a “despersonalização” do lugar enquanto singularidade. Já outros visualizam uma reafirmação da dimensão espacial, bem como uma revalorização ou uma “reinvenção” do local, à medida que se acentua a importância conferida à diferenciação concreta entre os lugares. Um terceiro ponto de vista, contemplando aspectos de ambas as visões, identifica a permanência de “alteridade” em nível do local, embora sob a influência da força universalizante da circulação do capital. O trabalho discute o papel do local no atual contexto de mudanças globais, a partir de uma resenha da literatura recente sobre o tema, enfocando especificamente três pontos: 1º) o local enquanto conceito; 2º) as questões geradas pelo processo de globalização, do ponto de vista do local, em múltiplas dimensões: a econômica, a política e a sociocultural; 3º) o local em modelos alternativos de desenvolvimento. Assume-se como ponto de vista central a ser explorado, ao longo do trabalho, a importância da espacialidade das relações sócio-político-econômicas contemporâneas. Não se trata, entretanto, de reificar ou fetichizar o espaço, tratando-o como ente dotado de autonomia, desprovido de um conteúdo real e independente da intervenção e do conflito dos atores sociais. Trata-se de 182 reconhecer a existência de uma dialética socioespacial, em que se entrelaçam as dimensões vertical e horizontal das relações sociais, ou, em outras palavras, em que se combinam esses dois conjuntos de processos – o social e o espacial –, considerando que as práticas sociais adquirem contornos particulares em áreas geográficas específicas (Urry, 1988). Trata-se, então, de atentar para a polimorfia do espaço e para o fato de que os fenômenos sociais definem-se também a partir da relação com seu meio de referência, do mesmo modo em que se articulam nas diferentes escalas. A espacialidade é, portanto, aqui compreendida como o “espaço socialmente produzido”, referindo-se não ao espaço em si, mas ao uso que dele se faz (Soja, 1993; Santos, 1994). 2. LOCAL: UM CONCEITO MULTIFACÉTICO Local, enquanto conceito e enquanto realidade empírica, é uma noção relacional, remetendo aos seguintes principais aspectos: a) tamanho/dimensão, associando-se ao conceito de escala1 ; b) diferenciação/especificidade; c) grau de autonomia; d) nível de análise e de complexidade, os quais vêm sendo postos em cheque no momento atual. Situado ante o global, local pode referir-se a uma dada localidade (cidade, bairro, rua), região ou nação, constituindo, em qualquer dos casos, um “subespaço” ou um subconjunto espacial, e envolvendo algum modo de delimitação ou recorte territorial, o que se expressa em termos econômicos, políticos e culturais. Global, por oposição, diz respeito à inexistência de limites internos, enquanto internacional e multinacional têm como referência os espaços nacionais, seja, no primeiro caso, correspondendo a relações entre nações, seja, no segundo caso, a acontecimentos ou atividades ocorridas em mais de uma nação. Usualmente, local tem sido identificado com a idéia de lugar, termo que se reveste de uma variedade de significados, conforme Harvey (1993:4) chama a atenção: 1 De um ponto de vista cartográfico estrito, escala é “uma fração que indica a relação entre as medidas do real e aquelas da sua representação gráfica” (Castro, 1995:117). Em uma acepção geográfica mais ampla, trata-se de um “termo polissêmico”, que significa “tanto a fração de divisão de uma superfície representada, como também um indicador do tamanho do espaço considerado, neste caso uma classificação das ordens de grandeza...” (Castro, 1995:119). Globalização e espacialidade: o novo papel do local 183 “Há todo tipo de palavras, tais como meio, localidade, localização, local, vizinhança, região, território e outros, que se referem às qualidades genéricas do lugar. Há outros termos como cidade, vilarejo, megalópolis e estado, que designam tipos particulares de lugares. Há ainda outros, como lar, comunidade, nação e paisagem, que possuem conotações tão fortes de lugar que seria difícil falar sobre um sem o outro. ‘Lugar’ tem também um leque extraordinário de significados metafóricos.” Dentro de uma acepção geográfica estrita, lugar pode ser definido como “uma porção do espaço na qual as pessoas habitam conjuntamente” (Agnew e Ducan, 1989), implicando, portanto, aí a idéia de co-presença. “É o espaço passível de ser sentido, pensado, apropriado e vivido através do corpo”, sugere Carlos (1996:20). Para Giddens (1991:26), lugar “é melhor conceitualizado por meio da idéia de localidade, que se refere ao cenário físico da atividade social como situado geograficamente”. Contrapõe-se aqui à idéia de “não-lugar” (Augé, 1994), que corresponde aos lugares de passagem, de não fixação, ao espaço abstrato como as vias informatizadas. Lugar, entretanto, não deve ser compreendido apenas como o espaço onde se realizam as práticas diárias; mas também como aquele no qual se situam as transformações e a reprodução das relações sociais de longo prazo, bem como a construção física e material da vida em sociedade. Nele, realiza-se o cotidiano, o momento, o fugidio; mas também a história, o permanente, o fixo, correspondendo ao identitário, ao relacional e ao histórico, no âmbito da tríade habitante-identidade- lugar (Agnew, 1987; Carlos, 1996). O conceito de lugar pode assim ser visto a partir da complementaridade de três dimensões, conforme Agnew & Ducan (1989): a) dentro de uma ótica mais econômica, enquanto localização de atividades econômicas e sociais operantes em uma escala mais ampla; b) de uma perspectiva microsociológica, como espaço rotineiro de interação social; c) de um ponto de vista antropológico e cultural, correspondendo a um sentido de lugar, mediante a identificação do sujeito com o espaço habitado. Local tem também sido amplamente associado à idéia de região. Sobre o conceito de região, desenvolveram-se três grandes linhas interpretativas, a partir da década de 1970 (Corrêa, 1993). A primeira, apoiada na teoria marxista, analisa Globalização e espacialidade: o novo papel do local 184 a região principalmente a partir das relações de produção, entendendo a região como “a organização espacial dos processos sociais associados ao modo de produção” capitalista (idem) e partindo do suposto de que existe uma regionalização da divisão social do trabalho, do processo de acumulação capitalista, da reprodução da força de trabalho e dos processos políticos e ideológicos (como representativos dessa linha, citam-se J.L.Coraggio, D.Massey, N.Smith, David Harvey, Alain Lipietz e John Urry). A segunda considera que a região é definida como “um conjunto específico de relações culturais entre um grupo e lugares particulares”, uma “apropriação simbólica de uma porção do espaço por um determinado grupo”, um “elemento constitutivo de suaidentidade” (representativos dessa abordagem seriam J.L.Piveteau, Y.Tuan, Paul Claval, D.Ley e A.Frémont). Por fim, a terceira percebe a região como “um meio para interações sociais”, enfatizando as relações de dominação e poder como constitutivas da diferenciação entre regiões (representantes dessa corrente seriam Alain Pred, N.Thrift, D.Gregory e Claude Raffestin). Em todas essas abordagens, que na verdade não são excludentes, mas complementares, a região é não apenas realidade empírica, mas também representação social. Dessas diferentes interpretações sobre o lugar e a região, derivam distintas abordagens sobre as razões que determinam a diferenciação local. Uma perspectiva mais clássica ou tradicional encontra elementos explicativos para essas diferenças principalmente na estrutura interna das diferentes áreas geográficas, em suas próprias características físicas e humanas, tratando-as, portanto, como uma questão de dotação inicial ou natural. Outra abordagem analisa a vantagem comparativa de umas regiões sobre outras como sendo o produto da sua inserção em uma estrutura mais ampla ou, em outros termos, como sendo resultado da sua colocação na divisão espacial e internacional do trabalho, condição essa gestada artificialmente. Uma terceira visão indica que o local é moldado a partir da combinação de condições e forças internas e externas, devendo ser compreendido como parte de uma totalidade espacial (Benko, 1996; Carlos, 1996). O aprofundamento do processo de globalização e as transformações que lhe estão subjacentes, no campo da economia, da ciência e tecnologia, da cultura, da política e dos padrões societários de modo geral, têm tido importantes repercussões sobre a esfera do local, bem como sobre seu papel no cenário mundial, conforme se discutirá adiante. Globalização e espacialidade: o novo papel do local 185 3. O LOCAL SOB A GLOBALIZAÇÃO A globalização corresponde a um alongamento das relações entre o local/ presente e o distante/ausente, por meio das redes, que estabelecem interações e conexões que perpassam o conjunto do planeta. Para Giddens (1991:32), então: “A globalização pode assim ser definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a milhas de distância e vice-versa. Este é um processo dialético porque tais acontecimentos locais podem se deslocar numa direção anversa às relações muito distanciadas que os modelam. A transformação local é tanto uma parte da globalização quanto a extensão lateral das conexões sociais através do tempo e do espaço.” No cenário globalizado, o local implica não apenas circunstâncias de co-presença, mas também envolve conexões entre pontos distantes, estabelecendo-se diferenças entre o que Santos (1994) chama de “espaço banal” (“o espaço de todos, todo o espaço”) e as redes (“parte do espaço e o espaço de alguns”). O autor ressalta, entretanto, que “são todavia os mesmos lugares, os mesmos pontos, mas contendo simultaneamente funcionalizações diferentes, quiçá divergentes ou opostas” (Santos, 1994:17). Enquanto as sociedades pré-modernas possuíam, em sua maioria, uma dimensão localizada, havendo plena coincidência entre o espaço (e o lugar) e o tempo, a modernidade engendrou uma mudança radical nessa relação, processando um verdadeiro “desencaixe” tempo-espaço. Giddens (1991) destaca dois fatores como sendo particularmente relevantes nessa passagem. Um fator refere-se à uniformização da medição do tempo, por meio da invenção e difusão do uso do relógio mecânico, a partir de fins do século XVIII. Até então, a medida do tempo vinculava-se a uma dada referência espacial: “‘quando’ era quase, universalmente, ou conectado a ‘onde’ ou identificado por ocorrências naturais regulares” (Giddens, 1991:26). Um outro fator diz respeito à “monetização” da sociedade, por meio da universalização do dinheiro como meio de troca. “O dinheiro é um meio de distanciamento tempo-espaço. O dinheiro possibilita a realização de transações entre agentes amplamente separados no tempo e no espaço”, ressalta Giddens Globalização e espacialidade: o novo papel do local 186 (1991:32). O dinheiro proporciona simultaneamente a instantaneidade das transações comerciais e o adiamento da consecução do processo de troca. Em sua forma contemporânea, o dinheiro transforma-se progressivamente em pura informação, tornando-se independente de seu suporte físico e de sua referência material. O papel que o dinheiro desempenha nas sociedades modernas corresponde, em última instância, à mercantilização do conjunto das relações sociais, onde o próprio espaço é transformado em mercadoria, o que, ao final, constitui uma das bases do fenômeno de globalização. “Quando se fala em Mundo, está se falando, sobretudo, em Mercado que hoje, ao contrário de ontem, atravessa tudo, inclusive a consciência das pessoas”, observa Santos (1994:18). O mercado é, por sua vez, controlado pelo grande capital. A globalização associa-se hoje, por sua vez, a um amplo conjunto de transformações, que configuram a passagem para um novo paradigma tecno- econômico. Esse novo padrão tecnológico e produtivo é centrado nas modernas tecnologias de informação e comunicação, que “anulam o espaço através do tempo” (Harvey, 1993), revolucionando as relações espaço-temporais e fazendo com que a informação passe a ser “o verdadeiro instrumento de união entre as diversas partes de um território” (Santos, 1994:17). Essas mudanças fazem-se acompanhar da emergência de “novas formas espaciais” e de uma “nova lógica espacial”, onde o “espaço dos fluxos” tende a sobrepor-se ao “espaço dos lugares” (Castells, 1989). Por outro lado, a partir do potencial integrativo do novo padrão tecnológico, o local redefine-se, ganhando em densidade comunicacional, informacional e técnica no âmbito das redes informacionais que se estabelecem em escala planetária. Sobre essa nova realidade, as opiniões dividem-se. Para alguns, o local vem tornando-se “fantasmagórico”, desprovido de um significado próprio e fortemente condicionado por influências externas. Para outros, no entanto, o local constitui suporte e condição para relações globais: é nele que a globalização se expressa concretamente e assume especificidades. Essas questões são a seguir discutidas através da sua expressão em três grandes níveis ou dimensões: o sociocultural, o político e o econômico. Globalização e espacialidade: o novo papel do local 187 3.1 – Sociocultural O impacto da globalização sobre as culturas locais2 tem sido visto sob dois grandes ângulos. Por um lado, a globalização é percebida como associando-se ao aprofundamento da tendência à hegemonia da cosmovisão ocidental/“americanizante”, assentada na racionalidade tecnológica e na penetração de valores de mercado em todos os espaços e em todos os campos da vida social. Estaria assim promovendo o declínio das identidades sob as forças da estandardização, a desconstrução do local enquanto singularidade, bem como a descaracterização ou perda de autenticidade das culturas locais, frente à sua cada vez maior permeabilidade às influências externas. Dessa ótica, as redes de comunicação, atuando como cadeias de fluxos contínuos de informação e de imagens, contribuem para descolar o indivíduo de seu ambiente imediato, vinculando-o a outros espaços de referência, que não mais o local enquanto continente de memória coletiva. O caráter crescentemente urbano da vida social acentua a tendência ao estabelecimento de padrões comuns entre as diferentes localidades. “O urbano não designa mais a cidade nem a vida na cidade, mas passa a designar a sociedade que constitui uma realidade que engloba e transcende a cidade enquanto lugar, ligando pontos isolados do planeta que se constitui no mundial em processo de realização”, observa Carlos (1996:56).Sob uma perspectiva distinta, acredita-se que a globalização não significa o fim de toda identidade territorial estável, mas que, ao contrário, cada sociedade ou grupo social é capaz de preservar e desenvolver seu próprio quadro de representações, expressando uma identidade ao mesmo tempo espacial e comunitária em torno da localidade. A dimensão cultural atua aqui justamente como “um fio invisível que vincula os indivíduos ao espaço” (Sénécal, 1992), marcando uma certa idéia de diferença ou de distinção entre comunidades. Maffesoli (1984:54) chama a atenção para o fato de que esse poder de diferenciação e conservação do local expressa-se mesmo nas grandes cidades cosmopolitas, como Paris, Nova Iorque e Londres, onde é marcante a presença 2 Cultura local é aqui entendida como a cultura particular de um grupo que, a partir de relações cotidianas em espaços geográficos relativamente pequenos e delimitados, estabelece códigos comuns e sistemas próprios de representação (Featherstone, 1993). Wallerstein (1991:184) observa, entretanto, que “cultura é por definição particularista. Cultura é o conjunto de valores ou práticas de uma parte que é menor que o todo.”, embora tendo como referência alguns critérios presumivelmente universais ou universalistas. Para Featherstone (1993), as noções de cultura global e cultura local são necessariamente relacionais. Globalização e espacialidade: o novo papel do local 188 de “uma constelação de entidades regionais ou étnicas” que perpetuam cotidianamente práticas e costumes característicos e tradicionais, resistentes ao processo de unificação e de padronização promovido pela mundialização de uma civilização dominante. Segundo o autor, “essa resistência tradicional que engendra a solidariedade deve-se, sobretudo, à pregnância de uma memória espacial. (...) É nesse sentido que podemos falar de ‘encarnação’ da socialidade que necessita de um solo para se enraizar.” (idem). Desse ponto de vista, acredita-se que, ainda que paradoxalmente, a globalização tem provocado menos a homogeneidade ou a uniformidade, e mais, ao inverso, o aumento da diferenciação e da complexidade cultural (Wallerstein, 1991). “As identidades ligadas ao lugar tornaram-se mais importantes em um mundo onde diminuem as barreiras espaciais para a troca, o movimento e a comunicação”, observa Harvey (1993:4). Dessa perspectiva ainda, o desenvolvimento das redes de comunicações vem permitindo que se amplie a consciência sobre a diversidade cultural existente no mundo, por meio do contato com o variado leque de culturas locais, obscurecidas pelo projeto ocidental universalista e modernizante. Ou seja, a consciência de que “nossa história é gerada em relação a outras espacialmente distintas, temporalidades coexistentes” (Featherstone, 1993:170). 3.2 – Político Em linhas gerais, o sistema político comporta duas dimensões: os conflitos e alianças entre grupos socialmente distintos e a competição e cooperação entre grupos espacialmente diferenciados (Castro, 1992). As escalas territoriais, por sua vez, do local ao mundial, conferem especificidade às práticas políticas que sobre elas intervêm, expressando distintos níveis de interesse e solidariedade, do mesmo modo que tais escalas e práticas encontram-se, cada vez mais, mutuamente referenciadas e imbricadas. Historicamente, as estruturas de poder, para se exercer de maneira plena e eficaz, têm recorrido a partições de toda ordem, especialmente partições de caráter territorial. “O exercício do poder implica a manipulação constante da oposição continuidade versus descontinuidade”, observa Raffestin (1993:169); ao passo que Harvey (1993:21) argumenta que essa é uma estratégia típica do modo de produção capitalista: “A produção e reprodução de diferenciações do poder é central para as operações de qualquer economia capitalista.”. Globalização e espacialidade: o novo papel do local 189 3 “O termo nação é usualmente aplicado para um grupo de população, ou um povo, com certas características unificadoras. (...) O conceito de estado-nação expressa identidade entre um povo e seu espaço geográfico soberano.” (Smith, 1990: 5). Já na Antigüidade Clássica, o conceito de região veio expressar novas relações de autonomia e subordinação entre poderes locais e um poder central (geralmente uma cidade central, como no caso de Roma, no Império Romano). As unidades regionais então configuradas definiram recortes territoriais que iriam projetar-se na delimitação dos feudos medievais e que, mais tarde, iriam refletir-se na malha político-administrativa dos Estados modernos (Gomes, 1995). A constituição de espaços nacionais, a partir da formação dos Estados-Nações3 , há cerca de 300 anos, ocorreu geralmente às custas da hegemonia de um setor ou grupo local/regional (no sentido subnacional) sobre os demais e da incorporação de sistemas locais de poder, até então independentes, por macrounidades político- territoriais formadas em torno desses Estados-Nações. No processo de construção dos Estados-Nações, fizeram-se necessários novos arranjos político-jurídicos e novas formas de organização territorial, vinculando o centro ou local dominante às demais áreas ou regiões, antes autônomas e independentes, que foram então incorporadas ao espaço nacional. Originaram-se daí dois tipos principais de relações nacional-local. De um lado, aquelas experiências em que a unidade política e econômica conferida pelo Estado Nacional representou maior dinamismo para as economias locais pré-existentes, que já dispunham de uma tradição mercantil e manufatureira. De outro, aqueles casos em que um Estado dirigista e centralizador estabeleceu-se sobre um conjunto de sistemas locais predominantemente rurais e pouco estruturados. Enquanto, no primeiro caso, tendeu-se para um federalismo descentralizado, no segundo caso o poder central impôs-se sobre as especificidades locais, embora assentando-se, em tese, sobre a noção de diversidade intra-nacional (Benko, 1996). A esse respeito Agnew (1987:391) observa que “sob condições de desigualdade econômica e política entre lugares, uma hegemonia só pode ser mantida através de políticas com conseqüências geográficas e políticas orientadas para o local que favoreçam aquelas populações e lugares que dão suporte a essa hegemonia”. Recentemente, entretanto, a globalização vem colocando em cheque o papel dos Estados-Nações, enquanto unidades políticas soberanas e autárquicas e enquanto atores centrais no jogo de forças que movem o cenário mundial, ao mesmo tempo em que se estabelecem novas conexões entre o local e o mundial. Globalização e espacialidade: o novo papel do local 190 O paradigma tecno-econômico emergente, centrado nas modernas tecnologias da informação e comunicação, desempenha um papel decisivo para que isso se realize, tal como assinalado por Castells (1989:349), para quem “os fluxos do poder geram o poder dos fluxos, cuja realidade material impõe-se como um fenômeno natural que não pode ser controlado ou previsto, apenas aceito e administrado”. Ao que acrescenta que: “Quanto mais as organizações dependem dos fluxos e das redes, menos elas são influenciadas pelos contextos sociais associados aos lugares de sua localização” (idem). Trata-se, em última análise, da fragilização dos mecanismos de controle social, político e econômico de base territorial, em proveito da concentração de poder pelas corporações transnacionais e instituições financeiras, que conformam uma teia institucional coercitiva no plano global. Mas a nova dialética global-local não parece prescindir da intervenção dos Estados-Nações. Estes, ao contrário, oferecem condições para que tal dialética se reproduza, do mesmo modo que dela se valem para sua própria projeção no cenário globalizado, tal como assinalado por Benko (1996:65): “só poderá haver aí certo tipo de ‘regiões que ganham’ (ou antes, certa maneira de ganhar, para uma região)no quadro de certo tipo de Estado nacional ou confederado, e esses Estados só ‘ganharão’ na competição econômica internacional se souberem suscitar esse tipo de ‘regiões que ganham’.” Nesse contexto, os instrumentos de política, de planejamento e de coordenação de ações, de caráter estatal, adquirem importância renovada, à medida que o Estado é compelido a assumir o desafio de atender e de viabilizar, simultaneamente, interesses existentes nos planos global, nacional e local. As relações entre o espaço local e o espaço global – ou entre o espaço banal e as redes – são, por sua vez, permeadas de conflitos, o segundo buscando impôr sua hegemonia sobre o primeiro. O local está sendo percebido como um espaço político privilegiado de resistência, principalmente em relação aos interesses do grande capital, estruturando-se novos movimentos de revalorização local, de conteúdos variados, como contrapartida de forças sociais que se vêem marginalizadas pela dinâmica globalizante. Tais movimentos migram freqüentemente da esfera cultural para a arena política, exaltando uma “democracia do cotidiano” (Di Meo, 1992) e promovendo a emergência de um “novo regionalismo”, que pode vir a atuar como um substituto para uma “ideologia territorial” inexistente ao nível nacional (Ossenbrügge, 1989). Globalização e espacialidade: o novo papel do local 191 Nesse contexto, ganham novo fôlego manifestações de caráter nacionalista, étnico e fundamentalista/religioso. Essas manifestações, ao contrário dos nacionalismos europeus típicos do século XIX, que expressaram a luta pela constituição de espaços nacionais unificados, assumem hoje um conteúdo separatista e autonomista em relação aos Estados existentes. Tais movimentos, ao mesmo tempo em que constituindo expressões de afirmação de culturas locais frente às forças da uniformização, têm-se pautado fortemente pela intolerância e a excludência. Castells (1989:350) encontra explicação para este fato, acreditando que: “A globalização dos fluxos de poder e a tribalização das comunidades locais são parte de um mesmo processo fundamental de restruturação histórica: a crescente dissociação entre o desenvolvimento tecno-econômico e os mecanismos correspondentes de controle social de tal desenvolvimento”. A esse mesmo respeito, Harvey (1993:15) sugere que, alternativamente, deva- se promover uma nova síntese entre o moderno e o tradicional, bem como entre o global e o local, opinando que: “Não podemos retornar, não podemos rejeitar o mundo da sociabilidade que foi alcançado pela interligação de todas as pessoas em uma economia global; devemos, de algum modo, construir sobre esse alcance e procurar transformá-lo em uma experiência não alienante”. 3.3 – Econômico A economia global constitui-se hoje de um conjunto de economias regionais especializadas, que atuam na forma de um entrelace planetário de relações produtivas, financeiras e mercantis, no qual cada parte atua, de maneira distinta, na reprodução do sistema mundial, consubstanciando uma divisão socioespacial do trabalho. As transformações econômicas e tecnológicas operadas a partir da década de 70 motivaram a configuração de uma “nova matriz de relações espaciais e acumulação de capital”, estabelecendo novos padrões locacionais no âmbito da reprodução capitalista. O desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte viabilizou maior mobilidade geográfica de capitais, ampliando a liberdade de escolha de sua localização. “Isto permite aos capitalistas tirar mais (e não menos) vantagem das pequenas diferenças entre os lugares em termos de qualidade, quantidade e custos dos recursos”, observa Harvey (1993:7). Globalização e espacialidade: o novo papel do local 192 Do mesmo modo, a economia mundial torna-se mais sensível às diferenças nos custos de produção, nos gostos de consumo e nas vantagens comparativas locais, acirrando a concorrência entre os lugares. “A globalização avança através não só da incorporação extensiva de novos espaços, como, sobretudo, pela valorização seletiva das diferenças.”, assinala Becker (1991:14). A valorização e diferenciação espacial é condicionada, em grande medida, por diferentes capacidades de oferecer competitividade aos empreendimentos e rentabilidade aos investimentos, traduzindo ao final diferentes vantagens locacionais e expressando distintos níveis de produtividade geográfica ou espacial. “A produção na economia informacional torna-se organizada no espaço dos fluxos, mas a reprodução social continua a ser específica localmente”, argumenta Castells (1989:351). Essa hierarquização do espaço global é hoje, por sua vez, fortemente determinada pela capacidade dos lugares de absorver novas tecnologias, bem como pela sua maior ou menor disponibilidade de infra-estrutura e de mão-de- obra adequadas à localização dos segmentos econômicos intensivos em conhecimento. Do ponto de vista econômico, o que hoje, portanto, diferencia fundamentalmente os territórios não são seus atributos físicos ou inanimados, mas o seu conteúdo imaterial, particularmente a sua base de informações e de conhecimentos, refletindo em grande medida desiguais disponibilidades espaciais de recursos humanos e de mão-de-obra qualificada. Em linhas gerais, identificam-se quatro padrões de comportamento local, diante da globalização e das transformações tecno-econômicas que a acompanham (Benko, 1993): a) os que detêm meios inovadores adequados para capitalizarem positivamente para si as repercussões do atual processo de globalização; b) os que se mostram suficientemente dinâmicos para tirar proveito das novas oportunidades, mas encontram limites e resistências internas para avançar sua posição nesse cenário; (c) os que se mostram desestruturados e fragilizados perante às injunções e interesses externos; d) por fim, aqueles que não possuem qualquer dinâmica própria. Os fatores de ordem técnica, organizacional e jurídico-normativa que definem essas condições não são, entretanto, imutáveis; eles variam ao longo do tempo. Do mesmo modo, os empreendimentos econômicos e produtivos – e os capitais – migram em busca de novas vantagens locacionais, atendendo a suas necessidades de reprodução. Os locais tornam-se, assim, mais densos e complexos, mas também mais mutáveis, modificando-se mais rapidamente a sua organização interna, bem como o papel que desempenham no cenário mundial. Globalização e espacialidade: o novo papel do local 193 A mobilidade de capitais e de empreendimentos, capitaneada pela re-localização dos segmentos econômicos de alta tecnologia, repercute na projeção de novas áreas e regiões e no declínio de outras, geralmente aquelas de industrialização baseada no antigo modelo fordista de produção em massa, que mais fortemente sofreram as repercussões da crise mundial processada nas décadas de 1970 e 1980. “As tecnologias de comunicação avançada encorajam o aparecimento de novas atividades de produção especializada, as quais freqüentemente agrupam-se no espaço geográfico”, assinalam Storper e Scott (1989). No regime da produção flexível, um novo conjunto de regiões industriais centrais ganha projeção, caracterizando um processo de re-aglomeração da produção, enquanto algumas das áreas mais antigas são remodeladas e seletivamente re-industrializadas, estabelecendo-se assim uma dinâmica de “desintegração” e de “restruturação” ou “reconstrução” espacial. Projetam-se, nesse contexto, as cidades mundiais ou globais, investidas de funções supralocais e estreitamente conectadas à rede de empresas transnacionais, constituindo-se assim em centros geográficos de poder na rede urbana internacional e no sistema econômico mundial. Nas cidades mundiais, as grandes empresas industriais, financeiras e comerciais encontram um espaço privilegiado de “ancoragem” física. “Segundo o conceito de ‘cidade global’, a hierarquização do sistema urbano internacional se explica pela distribuiçãodesigual das funções supralocais de comando em relação aos processos de produção e valorização do capital”, observa Benko (1996:71). Essas cidades mundiais estabelecem conexões e funções mais de âmbito nacional e internacional, do que local ou regional. No caso específico do mercado de capitais, crescentemente transnacionalizado desde a década de 70, estrutura-se uma rede mundial hierarquizada de centros financeiros, que se tornam cada vez mais independentes de suas economias nacionais, colocando em questão a importância da localização e da concentração geográfica desses mercados. O’Brien (1992) sugere que essa questão pode ser olhada sob dois grandes ângulos. Por um lado, o fato de que as regras do mercado financeiro estarem tornando-se cada vez mais independentes de arcabouços geográficos ou de territórios jurisdicionais específicos amplia consideravelmente a possibilidade de escolha da localização geográfica desses mercados, desde que garantida uma infra-estrutura de informação e computação adequada. A possibilidade de rápida comunicação, por meio das redes telemáticas, dispensaria, em princípio, a existência de centros financeiros. Globalização e espacialidade: o novo papel do local 194 Por outro lado, o próprio desenvolvimento das comunicações tem motivado a ampliação e o fortalecimento desses centros, que se beneficiam das economias de escala obtidas mediante a concentração espacial de mercados, conectando-se e comercializando, a partir deles, com o conjunto do planeta. Este é o caso de Londres, que abriga mercados de commodities, de metais preciosos, de capitais e de moeda corrente, além do maior mercado de seguros do mundo. Ademais, a proximidade espacial entre as bolsas de valores e as empresas cujas ações são negociadas no mercado de capitais, a concentração espacial de expertise e o contato pessoal no processo de negociação são fatores ainda valorizados. A localização dos centros financeiros é, por sua vez, objeto de fortes disputas de interesses, especialmente entre cidades, mais do que entre países. A nova lógica espacial do paradigma tecno-econômico emergente assenta-se portanto sobre três principais tendências: 1a a concentração e a centralização das decisões de caráter estratégico; 2a a descentralização do gerenciamento organizacional, 3a as inter-relações espaciais possibilitadas pelos fluxos informacionais. Esses fluxos são, por sua vez, definidos pela lógica hierárquica das estruturas de poder e pelos limites colocados pela infra-estrutura de informação e comunicação disponíveis (Castells, 1989). 4. O LOCAL NOS MODELOS DE DESENVOLVIMENTO: COMPETITIVIDADE X SUSTENTABILIDADE Dentre a diversidade de trajetórias possíveis, do ponto de vista da evolução futura do cenário mundial, dois principais modelos estão hoje em pauta, cada qual reservando distintos papéis para a esfera do local. Trata-se, na verdade, de uma tipificação de duas trajetórias extremas. A realidade concreta dos fatos é naturalmente muito mais complexa, tendendo a comportar elementos, muitas vezes conflituosos ou antagônicos, de ambos os modelos, ainda que devendo expressar, no conjunto, o predomínio de um. Uma dessas vertentes, que é hoje a dominante, fundamenta-se no ideário (neo)liberal da inserção competitiva, enquanto padrão de desenvolvimento nacional/regional/local e enquanto estratégia de posicionamento vantajoso dessas distintas unidades político-territoriais ante à globalização. Essa tendência representa a continuidade do modelo atual, constituindo condição e resultado do acirramento da competição intercapitalista, bem como do aprofundamento das desigualdades socioespaciais. A outra trajetória, emergente, baseia-se no avanço da tese do desenvolvimento sustentável, que se projeta a partir das evidências sobre os Globalização e espacialidade: o novo papel do local 195 limites socioambientais dos padrões atuais de produção e consumo, diante da crise de modelos que, durante mais de meio século, apresentaram-se como alternativa à via capitalista dominante. Ainda que sem configurar, necessariamente, uma ruptura radical com relação aos padrões societários vigentes, a sustentabilidade sócio-política-ambiental dos estilos de desenvolvimento adotados vem colocando- se em cada vez maior evidência enquanto modo de superação da atual crise planetária. Na vertente da inserção competitiva, o local constitui peça-chave para a reprodução do sistema econômico, que, se hoje exige ser globalizado, também necessita de ancoragens físicas para os empreendimentos produtivos, ao mesmo tempo em que requer uma fronteira em constante movimento que abrigue os capitais volatilizados, bem como que atenda às contínuas transformações nas condições de reprodução do capital. A reafirmação do local responde, nesse caso, a novas demandas de eficiência e de eficácia do sistema produtivo global, viabilizando, por meio das condições criadas pelas novas tecnologias de informação e comunicação: a) a fixidez e a flexibilidade exigidas pelo novo paradigma técnico-econômico; b) a diversificação socioespacial (em termos de mercados de consumidores, de contingentes de mão-de-obra, de infra-estrutura, de aparatos institucionais e de regimes normativos), enquanto parte integrante da uniformização imposta pelo mercado globalizado; c) a descentralização gestionária, instrumental à concentração promovida por uma economia crescentemente oligopolizada. A produção da diferença espacial consiste aqui, no entanto, em mero produto da lógica desigual da dinâmica econômico-financeira, bem como do aprofundamento da divisão geográfica do trabalho. Diferenciação é sinônimo, nesse caso, de competição e de desigualdade, onde o importante é oferecer melhores condições para atrair e reter novos investimentos, o que, freqüentemente, expressa-se por meio do antagonismo e da exclusão de uns em relação a outros, produzindo-se, ao final, ganhadores, de um lado, e perdedores, de outro. O moderno sobrepõe-se ao tradicional, quando muito transformando-o em objeto de interesse mercantil e especulativo. Globalização e espacialidade: o novo papel do local 196 O Estado-Nação intervém aqui de modo subordinado, ainda que cumprindo um papel essencial, servindo como correia de transmissão de interesses entre o global e o local e oferecendo condições materiais, jurídico-normativas e de outra natureza à produção da sociedade espacialmente globalizada. Na vertente sustentabilista, ao contrário, o local atua como elemento de transformação sócio-político-econômica, representando o locus privilegiado para novas formas de solidariedade e parceria entre os atores, em que a competição cede espaço à cooperação. O local representa, nesse contexto, uma fronteira experimental para o exercício de novas práticas (Becker, 1997) e para o estabelecimento de redes sociais fundadas em novas territorialidades4 , frente às exigências colocadas por problemas de âmbito global, cujo enfrentamento depende em grande medida de intervenções que se realizem em nível do local. O local constitui-se assim em espaço de articulação – ou de síntese – entre o moderno e o tradicional, sinalizando a possibilidade de gestarem-se, a partir das sinergias produzidas por essas interações, soluções inovadoras para muitos dos problemas típicos da sociedade contemporânea. Nesse cenário, o Estado-Nação, ainda que tendo seu papel modificado diante do processo de globalização, tem suas responsabilidades ampliadas no tocante ao desenvolvimento e à implementação de políticas nacionais orientadas para promover uma intervenção coordenada nos planos global, nacional e regional/ local. Em ambos os modelos, ou cenários, o desenvolvimento local ganha nova dimensão, representando por si só uma inovação frente às práticas anteriores e uma variável determinante para os projetos em questão. 4 O conceito de territorialidade “visa justamente a englobar o conjunto de formassociais e das relações com a exterioridade, tendo em conta o meio.” (Sénécal, 1992). Na perspectiva de Raffestin (1993:158), a territorialidade “reflete a multidimensionalidade do ‘vivivo’ territorial. (...) Os homens ‘vivem’, ao mesmo tempo, o processo territorial e o produto territorial por intermédio de um sistema de relações existenciais e/ou produtivistas.” E acrescenta: “todas são relações de poder”. Globalização e espacialidade: o novo papel do local 197 BIBLIOGRAFIA 1. AGNEW, John A. Place and politics. Boston: Allen & Unwin, 1987. 2. AGNEW, John A. & DUNCAN, James S. The power of place: bringing together geographical and sociological imaginations. Boston: Unwin Hyman, 1989. 3. AUGÉ, Marc. Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. Campinas, SP: Papirus, 1994. 4. BECKER, Bertha K. A geografia política e gestão do território no limiar do século XXI. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v.53, n.3, 1991. 5. BECKER, Bertha K. & MIRANDA, Mariana. org . A geografia política do desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997. 6. BENKO, Georges (1996). Economia, espaço e globalização na aurora do século XXI. São Paulo: Editora Hucitec, 1996. 7. 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