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ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 1 UTILIZAÇÃO DE RESÍDUO DE CORTE DE MÁRMORE E GRANITO COMO SUBSTITUTO PARCIAL DO CIMENTO E AGREGADO MIÚDO NA CONFECÇÃO DE BLOCOS PARA PISO INTERTRAVADOS USE OF MARBLE AND GRANITE CUTTING RESIDUE AS PARTIAL SUBSTITUTE OF CEMENT AND SAND IN THE MANUFACTURING BLOCKS TO INTERCONNECTED FLOORS BLOCKS Mateus Mousinho (1); Taiana Ferreira (1); Felipe Mesquita (1) Jaeferson Lima (1); Mísley Teixeira (1); Paulo Souza (2) (1) Mestrando em Engenharia de Infraestrutura e Desenvolvimento Energético, Núcleo de Desenvolvimento Amazônico em Engenharia, Universidade Federal do Pará. Rodovia BR 422, km13, s/n, Canteiro de obras da UHE, Tucuruí-PA, CEP 68464-000. (2) Professor Doutor em Engenharia Civil, Departamento de Construção Civil, Centro Tecnológico, Universidade Federal do Pará. Rua Augusto Correa, 1, Guamá, Belém-PA, CEP 66075-110. Resumo O objetivo deste trabalho foi avaliar a viabilidade da reciclagem do resíduo de corte de mármore e granito (RCMG) como substituto parcial do cimento e de agregado miúdo na confecção de blocos de concreto para utilização em pisos intertravados. Os blocos foram confeccionados utilizando quatro traços distintos, com substituição parcial de 5% e 10% do volume do cimento e 25% e 50% do volume de agregado miúdo. A metodologia consistiu na caracterização do RCMG e do agregado miúdo; fabricação e caracterização dos blocos e análise de custos da produção. Foi constatado que os traços com substituição parcial do agregado miúdo elevaram a resistência à compressão, os custos e o teor de absorção em relação ao traço de referência. Os traços com substituição parcial do cimento demonstraram aumento na resistência à compressão, além da redução de custos e do teor de absorção, demonstrando viabilidade técnica e econômica do RCMG para utilização na confecção dos blocos. Palavras-chave: Resíduo de Corte de Mármore e Granito. Blocos. Sustentabilidade. Abstract The objective of this work was to evaluate the feasibility of recycling the marble and granite cutting residue (in portuguese, RCMG), as a partial substitute for cement and sand in the confection of concrete blocks for use in interlocked floors. The methodology based in the partial substitution of 5% and 10% of the cement and 25% and 50% of the sand. Characterization tests were done on sand and the RCMG, compression strength test of the blocks at 7, 28 and 90 days, water absorption content and cost of production analysis. It was found that the traces with partial replacement of the aggregate increased the compressive strength, the costs and the water absorption content in relation to the reference trace. The traces with partial replacement of the cement showed an increase in the compressive strength, besides the reduction of costs and the absorption content, demonstrating technical and economic viability of the RCMG for the application in the confection of the blocks. Keywords: Marble and Granite Cutting Residue. Blocks. Sustainability. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 2 1 Introdução As exportações brasileiras de produtos de rochas ornamentais e de revestimento totalizaram o ano de 2016 com US$1.138,3 milhão arrecadado e 2,46 milhões de toneladas vendidas. O destaque vai para o estado do Espírito Santo, com 1,8 milhão de toneladas exportadas e US$ 921,5 milhões (81%) do total faturado. (ABIROCHAS, 2016). No Brasil a quantidade estimada da geração do resíduo de corte do granito (RCG) é de 165.000 ton/ano. Os estados como Espírito Santo, Bahia, Ceará, Paraíba, são os que mais geram este resíduo. (GONÇALVES, 2000). A construção civil consome um imenso volume de recursos naturais e também absorve uma grande parcela dos rejeitos da maioria de outros processos produtivos. Dados do relatório sobre a gestão da sustentabilidade na construção civil, divulgados pela Fundação Dom Cabral, dão conta que 75% de todos os recursos naturais e 44% da energia produzida no país são consumidas na construção civil. Logo, o desafio, é incorporar práticas que garantam maior durabilidade e menor consumo energético e nisso, são unânimes: a escolha de produtos e processos mais “limpos” faz a diferença. (TRIBUNA DO NORTE, 2013). Dentro da construção civil, existem diversas possibilidades de aproveitamento de resíduos de rochas ornamentais: na produção de argamassas (CALMON et al.,1997); tijolos cerâmicos (NEVES et al., 1999); peças cerâmicas (LIMA FILHO et al., 1999); concretos (GONÇALVES, 2000); e correção de acidez de solos, processo conhecido como rochagem (FYFE et al., 2006; THEODORO & LEONARDOS, 2006). Para isto, é preciso proporcionar meios de aproximação entre as indústrias potencialmente consumidoras desses resíduos e os possíveis fornecedores, em um trabalho conhecido como simbiose industrial. Desta forma, tem-se como objetivo avaliar a viabilidade de utilização do resíduo de corte de mármore e granito (RCMG) na fabricação de blocos de pavimentação, considerando a substituição parcial do cimento e do agregado miúdo. 2 Metodologia A metodologia foi realizada em três etapas, a primeira consistiu na caracterização do RCMG e do agregado miúdo; a segunda etapa abrange a fabricação e caracterização dos blocos; a terceira etapa inclui a análise de custos da produção. 2.1 Caracterização do RCMG e agregado miúdo O resíduo de mármore e granito foi disponibilizado por uma marmoraria localizada na região de Tucuruí – PA. O beneficiamento do resíduo para a produção dos blocos foi realizado em três etapas: coleta, secagem e peneiramento. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 3 O pó foi obtido através do corte das peças de granito na serra circular de bancada conforme Figura 1. A água utilizada é proveniente da rede pública de abastecimento da cidade. Após a coleta do material, levou-se a secagem ao ar livre por aproximadamente três dias com o objetivo de que o material chegasse a sua umidade natural (Figura 2). Figura 1 – Bancada de corte. Figura 2 – Resíduo secado em temperatura ambiente. O agregado miúdo utilizado foi a areia média extraída em jazidas no município de Breu Branco-PA. 2.1.1 Granulometria Os ensaios de granulometria foram realizados para o agregado miúdo e para o resíduo de corte de mármore e granito seguindo as recomendações da norma NBR NM248:2001 Agregados – Determinação da Composição granulométrica e a NBR NM52:2003 Agregados miúdo – Determinação da massa específica e massa específica aparente. A caracterização químico-mineralógica foi realizada apenas no RCMG. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 4 Para realização deste ensaio foram utilizados balança, estufa, peneira com agitador mecânico (figura 3) e bandeja. Este ensaio consiste em agitar as amostras secas na peneira para verificação do material passante. Os valores de granulometria das amostras da areia média e do resíduo estão demonstrados na Tabela 1 e 2 e nos Gráficos 1 e 2. Figura 3 – Peneiras usadas no ensaio de granulometria. Tabela 1 – Distribuição granulométrica da areia média. Peneiras %Retida Média Retida acumulada Abertura (mm) 4,75 0,01 0,01 2,36 5,85 5,86 1,18 14,79 20,65 0,6 28,18 48,83 0,3 35,82 84,65 0,15 10,58 95,23 Fundo 4,77 100 Total 100 255,23 Dimensão Máxima Característica (DMC) 4,75 mm Massa Específica 2,52 g/cm³ Módulo de Finura 2,55 ANAIS DO 60ºCONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 5 Gráfico 1 – Curva Granulométrica da areia média. Tabela 2 – Distribuição granulométrica do RCMG. Peneiras %Retida Média Retida acumulada Abertura (mm) 4,75 0 0 2,36 1,67 1,67 1,18 4,45 6,11 0,6 6,03 12,14 0,3 7,44 19,58 0,15 21,92 41,5 Fundo 58,5 100 Total 100 81 Dimensão Máxima Característica (DMC) 1,18 mm Massa Específica 2,80 g/cm³ Módulo de Finura 0,81 , 99 99 , 94 36 80 , 27 54 , 52 , 16 42 5 , 20 0 , 00 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 , 01 0 , 1 1 10 Abertura da Peneira (mm) ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 6 Gráfico 2 – Curva Granulométrica do RCMG 2.1.2 Absorção de água de agregados – Areia e RCMG Os ensaios foram realizados no Laboratório de Engenharia Civil do Campus Universitário de Tucuruí (LEC-CAMTUC) seguindo as recomendações da norma NBR NM 30 (ABNT, 2000). Foram realizados ensaios com o agregado miúdo e o RCMG. O ensaio de absorção de água resultou no valor de 0,25% de areia e 0,93% para o RCMG. 2.1.3 Caracterização químico-mineralógica do RCMG O ensaio de difratograma do RCMG foi realizado no Laboratório de Engenharia Mecânica da UFPA em Belém-PA. O ensaio do RCMG resultou n a presença predominante dos minerais Calcita (C) e Dolomita (D), sendo estes compostos químicos contendo características cristalinas conforme Figura 4. 100,00 98 25 , 93 , 72 87 , 61 80 , 21 , 58 50 0 , 00 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 , 01 0 , 1 1 10 Abertura da Peneira (mm) ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 7 Figura 4 – Difratograma do RCGM. 2.2 Definição do traço e produção dos blocos intertravados Os blocos foram confeccionados em uma fábrica de pequeno porte localizada no município de Breu Branco – PA de forma artesanal de acordo com a produção diária e de comercialização. O bloco de referência utilizou o traço de 1:3: a/c 0,49 (cimento CP II- Z e agregado miúdo extraído de jazida local). Para fabricação dos blocos que utilizaram a adição de resíduos, foram adotados fatores de substituição de 5% e 10% do volume do cimento e 25% e 50% do volume de areia em relação ao traço de referência anteriormente descrito. Os blocos foram confeccionados com 50 mm de altura, 100 mm de largura e 200 mm de comprimento, com o uso de formas metálicas e vibração e compactação manual. Desmoldagem foi feita em superfície lisa, sem contato direto com o solo. Após 24 horas, os mesmos foram submersos em água como demonstrado na Figura 5 até as datas de rompimento de 7, 28 e 90 dias. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 8 Figura 5 – Blocos Submersos. 2.2.1 Teor de absorção de água (ABS) e Resistência à compressão simples (RCS) O ensaio de teor de absorção de água dos blocos seguiu os preceitos da norma NBR 9781:2013, sendo realizado após os corpos de prova atingir 90 dias de idade. Inicialmente foi realizado o procedimento de limpeza dos blocos utilizando-se uma escova. Os blocos foram submersos em água, e após 24 horas foram retirados e a água superficial foi removida com um pano úmido. Os blocos foram pesados individualmente (Figura 5) para obtenção da massa saturada e seguiram para a estufa (Figura 6), onde passaram pelo processo de secagem por 24 horas. Figura 6 – Pesagem do bloco. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 9 Figura 7 – Estufa para secagem. Após secagem completa dos blocos, os mesmos foram pesados para obtenção da massa seca. O valor de absorção foi calculado utilizando-se a metodologia recomendada pela NBR 9781:2013. O ensaio de compressão simples seguiu as recomendações da ABNT NBR 9781/2013: Peças de Concreto para pavimentação – Especificação e métodos de ensaios. Foram ensaiadas 6 unidades para cada tipo de traço nas idades de 7, 28 e 90 dias. Cada bloco foi rompido com auxílio de duas placas metálicas com as dimensões de 85 mm de diâmetro e 20 mm de espessura, posicionadas na face superior e inferior conforme solicitado pela norma (Figura 8). Figura 8 – Bloco posicionado na prensa. 2.3 Custos de produção O parâmetro utilizado para o cálculo dos custos de produção dos blocos com RCMG foi a tabela SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil) do mês de maio de 2017 para o estado do Pará na Tabela 3. Não foram utilizados os preços locais devido a marmoraria não possuir preço de venda para o RCMG. Tabela 3 – Preços de referência (SINAPI, 2017). ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 10 Código Componente Custo Unit. (R$) 88377 Operador de betoneira estacionária/misturador com encargos complementares 14,92 88830 Betoneira capacidade nominal de 400 l, capacidade de mistura 280 l, motor elétrico trifásico potência de 2 cv, sem carregador - chi diurno. af_10/2014 1,03 88831 Betoneira capacidade nominal de 400 l, capacidade de mistura 280 l, motor elétrico trifásico potência de 2 cv, sem carregador - chi diurno. af_10/2014 0,3 370 Areia média - posto jazida/fornecedor (retirado na jazida, sem transporte) 60 1379 Cimento Portland composto cp II-32 0,6 11096 Pó de mármore (posto pedreira/fornecedor, sem frete) 0,54 3 Resultados e discussão 3.1 Tratamento dos dados A NBR 9781/2013 recomenda que os resultados obtidos no ensaio de compressão das peças estejam em MPa, de acordo com a metodologia de cálculo descrita na norma ilustrada na Tabela 4. Tabela 4 – Preços de referência (ABNT, 2013). Espessura nominal da peça (mm) p 60 0,95 100 1,05 100 1,05 Para a espessura nominal de 50 mm, foi calculado o valor de P = 0,925 utilizando-se metodologia de cálculo de interposição matemática. As Tabelas 5, 6 e 7 indicam os resultados do ensaio a compressão simples para os corpos de prova ensaiados considerando 7, 28 dias respectivamente. O Gráfico 3 indica o resumo dos resultados de 7, 28 e 90 dias. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 11 Tabela 5 – Resultados do ensaio a compressão com 7 dias. Resistência a compressão 7 dias (Mpa) Corpo de prova Teor de Substituição Referência 5% cimento 10% cimento 25% areia 50% areia 1 12,40 17,60 13,50 19,50 13,20 2 11,90 15,00 13,50 18,30 14,30 3 11,00 18,10 15,20 16,40 14,40 4 7,90 17,80 15,90 18,80 14,00 5 9,70 15,00 13,50 19,30 12,80 6 11,50 14,70 14,40 17,90 13,50 Média 10,73 16,37 14,33 18,37 13,70 Desvio Padrão 2,78 2,62 1,06 1,29 0,41 Aumento de resistência 0 53% 34% 71% 28% Tabela 6 – Resultados do ensaio a compressão com 28 dias. Resistência a compressão 28 dias (Mpa) Corpo de prova Teor de Substituição Referência 5% cimento 10% cimento 25% areia 50% areia 1 15,20 22,00 22,50 20,40 16,00 2 14,80 23,80 22,20 20,10 16,50 3 15,20 22,90 20,00 19,60 18,20 4 13,50 22,60 17,20 21,60 17,30 5 12,20 25,10 19,30 20,80 21,60 6 12,90 21,30 20,90 21,60 16,60 Média 13,97 22,95 20,35 20,68 17,70 Desvio Padrão 1,64 1,82 3,90 0,66 4,23 Aumento de resistência 64% 46% 48%27% ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 12 Tabela 7 – Resultados do ensaio a compressão com 90 dias. Resistência a compressão 90 dias (Mpa) Corpo de prova Teor de Substituição Referência 5% cimento 10% cimento 25% areia 50% areia 1 23,06 28,96 24,52 26,41 16,59 2 20,01 25,10 25,31 20,80 18,73 3 21,08 29,31 24,50 16,20 19,36 4 21,91 25,41 28,71 18,23 14,38 5 20,45 27,71 29,42 24,54 18,11 6 22,28 28,55 24,95 17,95 19,35 Média 21,47 27,51 26,24 20,69 17,75 Desvio Padrão 1,34 3,33 4,94 16,24 3,79 Aumento de resistência 28% 22% -4% -17% Gráfico 3 – Gráfico comparativo entre as resistências à compressão. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 13 3.2 Resistência à compressão simples A adição de RCMG na fabricação dos blocos resultou em ganho de resistência à compressão de todos os traços em comparação ao bloco de referência aos 7 dias, tendo aumento máximo de resistência de 71% com a substituição parcial da areia por 25% do resíduo. Aos 28 dias, todos os traços com adição de RCMG mantiveram resistência à compressão superior ao bloco de referência, tendo ganho máximo de 64% no traço com substituição parcial de cimento por 5% do resíduo. O aumento de resistência à compressão superior ao bloco de referência aos 90 dias foi obtido com os traços que receberam a substituição parcial de cimento por 5% e 10% do resíduo, tendo ganho máximo de 28%. 3.3 Absorção de água A Tabela 8 demonstra os resultados dos ensaios de absorção de água dos blocos. De acordo com a NBR 9781/2013 as peças devem apresentar teor de absorção médio inferior a 6%, sendo que nenhum valor individual pode superar 7%. Apenas os blocos com substituição parcial de 5% e 10% de cimento por RCD obtiveram resultados dentro dos parâmetros estabelecidos pela norma. Tabela 8 – Ensaio de absorção de água Corpo de prova Traço Referência Subst.5% cimento Subst. 10% cimento Subst. 25% areia Subst. 50% areia 1 9,25 3,71 4,93 7,24 9,86 2 7,30 4,10 5,69 9,50 11,12 3 4,65 5,63 5,26 9,65 10,27 Média (%) 7,07 4,48 5,29 8,80 10,42 3.4 Análise dos custos A Tabela 9 demonstra os custos por m³ e custo unitário de produção dos blocos. O traço com menor custo foi o de substituição parcial de 10% do volume do cimento por RCMG, representando redução de 1,01% no valor final, porém é valido ressaltar que o melhor custo x benefício foi obtido com a utilização de 5% de RCMG devido à maior resistência deste traço. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 14 Tabela 9 – Análise comparativa dos custos Traço Resistência média 28 dias Custo (R$)/m³ Custo (R$)/Bloco Comparativo de custo Relação Custo/Resistência Referência 13,97 386,36 0,39 - 27,66 Subst. 5% cimento 22,95 384,42 0,38 99,50% 16,75 Subst. 10% cimento 20,35 382,45 0,38 98,99% 18,79 Subst. 25% areia 20,68 803,84 0,80 208,05% 38,87 Subst. 50% areia 17,70 1.221,29 1,22 316,10% 69,00 Apesar do aumento de resistência com a substituição parcial de 25% e 50% da areia, o valor final se torna inviável pelo custo do RCMG na referência do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI). 4 Considerações Finais Os resultados do ensaio de resistência à compressão simples obtida foram inferiores ao preconizado pela NBR 9781/2013, porém o principal objetivo deste estudo foi a verificação da viabilidade da utilização do RCMG como substituto parcial do cimento e de agregado miúdo, tendo obtido resultados positivos nesse sentido com o aumento de resistência em todos os traços testados com utilização de resíduo. Os traços com substituição parcial do cimento demonstraram aumento na resistência à compressão, além da redução de custos e do teor de absorção, demonstrando viabilidade técnica e econômica do RCMG para utilização na confecção dos blocos. A adição de 5% e 10% de RCMG reduziu o teor de absorção dos blocos em comparação ao traço de referência, obtendo resultados dentro dos parâmetros estabelecidos em norma, além de possuir viabilidade econômica para utilização. A substituição parcial dos agregados miúdo ocasionou a elevação do teor de absorção dos blocos e dos custos de produção em comparação ao traço de referência, tornando-se uma alternativa menos viável. A continuidade do ganho de resistência a compressão aos 90 dias foi alcançada nos traços com adições de 5% e 10% de RCGM, no entanto pouco influenciaram com relação aos que foram substituídos parcialmente de agregado miúdo pelo o resíduo. O melhor resultado foi obtido com a substituição parcial de cimento por 5% de RCMG, com ganho de resistência a compressão de 64% aos 28 dias, redução do teor de absorção do bloco e redução de 0,50% nos custos de fabricação, sendo o traço com ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 15 melhor custo benefício, possibilitando a reciclagem de RCMG como substituto parcial do cimento. 5 Agradecimentos À Marmoraria Modelo pela cessão do resíduo analisado. Ao empresário Izaias Carvalho pela disponibilização da fábrica para confecção dos blocos. 6 Referências ABIROCHAS, Balanço das Exportações e Importações Brasileiras de Rochas Ornamentais em 2016. Disponível em: <http://www.abirochas.com.br/noticia.php?eve_id=4062>. Acesso em 03 de maio 2017. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9781/2013. Peças de concreto para pavimentação – Especificações e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, ABNT, 2013. ______. NBR NM30. 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