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Aula 9 Sociolinguística

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Sociolinguística 
 A língua é uma instituição social. Logo, não pode 
ser entendida como uma estrutura autônoma e 
não pode ser desvinculada de sua função sócio-
comunicativa. 
 A variação e a mudança são inerentes às línguas. 
 A língua é uma estrutura maleável, com 
variações, mas há muitos elementos comuns às 
diferentes variedades da língua que são estáveis. 
Logo, nem tudo é variação. 
Prof. Adriana L. Martins 
 As línguas são heterogêneas por natureza. Na 
fala, vê-se esse dinamismo (mais de uma forma 
para um significado) no nível da fonética-
fonologia, do léxico e da morfossintaxe. 
 Ex.1: Realizações alternadas entre “flamengo” e 
“framengo”, “andando” e “andano”, “falar” e “falá”. 
 Ex.2: Forma preferencial por “tu” no sul do Brasil e por 
“você” no restante dele na interlocução com ouvinte. 
 Ex.3: Realizações alternadas entre “eu vi ele” e “eu o 
vi”, “fomos no museu” e “fomos ao museu”. 
 Prof. Adriana L. Martins 
 Variação: 
 fenômeno motivado por fatores linguísticos 
(estruturais) e extralinguísticos de diversos tipos; 
 ilustra o caráter adaptativo da língua como código de 
comunicação; 
 princípio geral e universal das línguas, passível de ser 
descrita e analisada; 
 é sistemática e previsível; 
 pode dar-se nos eixos diatópico, diastrático e diafásico; 
 é contínua (não é possível demarcar nitidamente as 
localizações geográficas e sociais em que ocorre). 
Prof. Adriana L. Martins 
 Três tipos básicos de variação: 
 variação regional: associada a distâncias espaciais 
entre regiões diferentes; 
 variação social: associada a diferenças entre grupos 
distintos (faixa etária, grau de escolaridade, nível 
socioeconômico); 
 variação de registro: associada ao grau de 
formalidade do contexto de interação ou do meio 
usado para a comunicação (fala, e-mail, jornal). 
Prof. Adriana L. Martins 
 Variantes: formas equivalentes semanticamente 
que co-ocorrem num dado estado de tempo na 
língua. 
 Variáveis: quando há uma variação na língua, 
fala-se em um fenômeno linguístico variável. Ou 
seja, o conjunto de variantes chama-se “variável 
linguística”. 
 Os parâmetros reguladores (contextualizadores) 
dos fenômenos variáveis condicionam positiva 
ou negativamente o uso de formas variantes. 
Prof. Adriana L. Martins 
 Parâmetros contextualizadores da variação: são 
em grande número, agem simultaneamente e 
emergem de dentro e de fora dos sistemas 
linguísticos. 
 Variáveis internas à língua: fatores fono-morfo-
sintáticos, semânticos, discursivos e lexicais. 
 Variáveis externas à língua: fatores inerentes ao 
indivíduo (sexo, idade, etnia), sócio-geográficos 
(região, escolarização, renda, profissão, classe social) 
e contextuais (grau de formalidade e tensão 
discursiva). 
Prof. Adriana L. Martins 
 Uma variável pode ser binária, com 2 variantes, 
ou eneária, com 3 ou mais variantes. 
 Ex.1 (binária): A variável “/t/_i” possui duas variantes: 
realização [t], por exemplo, em Recife, e [tς], no Rio 
de Janeiro, como em “[t]io” x “[tς]io”. 
 Ex.2 (eneária): A variável “r” como vibrante final 
(“mulher”, “cantar”) tem várias variantes fonéticas no 
Brasil, sendo as principais: pronúncias vibrante 
alveolar, retroflexa, velar, fricativa glotal e zero 
(ausência de som). 
 
Prof. Adriana L. Martins 
 No desenvolvimento do estudo, são definidas as 
variáveis dependentes e as variáveis 
independentes. Retomando o exemplo do “r” 
como vibrante final, podemos propor que: 
 
1. as variantes presença versus ausência de 
consoante vibrante final constituem a variável 
dependente; 
Prof. Adriana L. Martins 
2. os fatores linguísticos e extralinguísticos que 
interferem na produção ou omissão da 
consoante vibrante final constituem as 
variáveis independentes: 
 Variáveis linguísticas: classe sintática da forma em “-
r” (verbo, nome, adjetivo); no caso de verbo, a classe 
modo-temporal (infinitivo, subjuntivo); no caso de 
verbo, a vogal temática indicadora da conjugação; a 
extensão (monossílado, dissílabo...). 
 Variáveis extralinguísticas: gênero (masculino, 
feminino), idade (criança, jovem, adulto, velho). 
Prof. Adriana L. Martins 
 Observações: 
 O “r” final de verbo no infinitivo é mais eliminado do 
que o “r” final de substantivos e adjetivos. 
 O “r” final é mais eliminado por analfabetos do que 
por falantes com mais tempo de escolarização. 
 O “r” final de verbos mais corriqueiros (falar) é mais 
eliminado que o de verbos menos usados (postergar). 
 A presença de consoante (tomar banho) na palavra 
seguinte faz com que o “r” final seja mais eliminado 
do que a presença de vogal na palavra seguinte (pegar 
a criança). Prof. Adriana L. Martins 
 Atenção: o que ocorre nas línguas é uma 
interação mais ou menos estreita entre as 
diferentes variáveis. 
 Ex.: Uma inovação linguística começa numa dada 
região (variável regional), sendo própria de um grupo 
socioeconômico desfavorecido (variável social), 
passando a ser usada depois no grupo 
socioeconômico mais alto, em momentos mais 
informais (variável registro). 
Prof. Adriana L. Martins 
 Tem-se uma variação estável quando as 
variantes mantêm-se estáveis durante um 
período. 
 Tem-se uma mudança em curso quando as 
variantes encontram-se em competição entre 
elas, com aumento de uso de uma delas. 
 
Prof. Adriana L. Martins 
 Para a variação ocorrer, basta o favorecimento 
de um ambiente linguístico. Ela está presente 
em todas as línguas, num dado momento. 
Consiste em diferenças linguísticas que 
caracterizam cada grupo social, cada região, 
cada canal (oral ou escrito). 
 Para a mudança ocorrer, são necessários: 
 a interferência de fatores sociais (refletindo lutas pelo 
poder, prestígio entre classes, sexos e gerações) e 
 um período de variação entre formas. 
Prof. Adriana L. Martins 
 Nas sociedades em que é nítida a separação da 
população em classes, a relação entre língua e 
classes sociais é evidente. 
 Ex. 1: relação entre variação linguística e classe social – 
Trudgill (1977); não-uso da desinência -s da 3ª p. do 
sing. do presente do inglês pelas classes média e 
baixa em Norwich (Inglaterra) e Detroit (EUA); a 
classe média elimina a marca em menos de 10% dos 
casos e a classe trabalhadora baixa elimina em mais 
de 70% dos casos. 
Prof. Adriana L. Martins 
 Ex.2: relação entre variação linguística e gênero – em 
zulu (língua falada na África), mulheres são proibidas 
de pronunciar os nomes do sogro, dos irmãos dele e 
do genro, assim como palavras semelhantes ou 
derivadas desses nomes; 
 Ex. 3: relação entre variação linguística e gênero – na 
nossa sociedade, a frase “Esta é a minha mulher” 
pode ser pronunciada sem estigmas por um homem, 
mas a frase “Este é o meu homem”, pronunciada por 
uma mulher, pode ser considerada vulgar. 
Prof. Adriana L. Martins 
 A língua deve ser estudada em seu uso real, 
considerando a relação entre a sua estrutura e os 
aspectos sociais e culturais da produção. 
 No estudo da variação, busca-se verificar: 
 o grau de estabilidade de um fenômeno (está no início 
ou se completando), 
 como ela se configura na comunidade de fala, e 
 quais os contextos (linguísticos e extralinguísticos) 
que a favorecem e a inibem. 
 
Prof. Adriana L. Martins 
 Diante de duas variantes, o sociolinguista pode 
se perguntar: 
 Em que contexto social um mesmo falante se utiliza 
de cada uma? 
 Há um contexto específico para o uso de uma delas? 
 Há diferença no uso dessas formas ao se compararem 
indivíduos de diferentes faixas etárias? 
 E ao se compararem indivíduos com diferentes graus 
de escolaridade? 
 E ao se compararem indivíduos com diferentes níveis 
socioeconômicos?Prof. Adriana L. Martins 
 Diante de duas variantes, o sociolinguista pode 
se perguntar: 
 Uma forma (mais coloquial) está substituindo a outra 
(mais formal)? 
 Que contexto linguístico motiva uma e outra 
variante? 
 Há ocorrência da forma mais coloquial na fala dos 
indivíduos mais escolarizados? Que contexto favorece 
essa utilização? 
Prof. Adriana L. Martins 
 Sociolinguística: espaço de investigação 
interdisciplinar, que atua nas fronteiras entre 
língua e sociedade, enfatizando os empregos 
concretos da língua e sua interação com fatores 
sociais, culturais e psíquicos. 
 Origem: fruto da insatisfação de alguns 
linguistas diante do afastamento do âmbito do 
objeto de estudo dessa ciência, em modelos 
como o estruturalismo e o gerativismo, dos usos 
concretos da língua e sua variação. 
Prof. Adriana L. Martins 
 Precursores: 
 na década de 1930, dialetólogos do Linguistic Atlas of 
the United States and Canada (informações 
geográficas e sociais no levantamento de dialetos). 
 Meillet (1926): observação, na análise da mudança 
linguística do francês, que uma modificação na 
estrutura social acarreta uma alteração nas condições 
nas quais se desenvolve a linguagem. 
Prof. Adriana L. Martins 
 Surgimento: o termo surge pela primeira vez na 
década de 1950, mas se desenvolve como 
corrente nos EUA na década de 1960, 
especialmente com os trabalhos de William 
Labov, Gumperz, Dell Hymes e William Bright. 
 Bright participa da conferência The Dimensions of 
Sociolinguistics e a publica em 1966 (Sociolinguistics), 
demonstrando que cabe à sociolinguística 
demonstrar a existência de uma sistemática 
covariação entre estruturas linguística e social. 
Prof. Adriana L. Martins 
 Hymes (1977) enfatiza o caráter autônomo da 
sociolinguística e afirma que lhe interessa identificar, 
descrever e interpretar as variáveis que interferem na 
variação e mudança linguística. 
 Labov entende a linguística como ciência do social, 
descreve a sociolinguística como a linguística com 
ênfase no estudo das variáveis extralinguísticas e 
demonstra que a mudança linguística só pode ser 
compreendida dentro da vida social da comunidade 
que a produz (pressões sociais são exercidas a toda 
momento sobre a língua). 
 Prof. Adriana L. Martins 
 Objetivo: investigar o grau de estabilidade ou de 
mutabilidade da variação, diagnosticando as 
variáveis que contextualizam as variantes e 
descrevendo seu comportamento preditivo, ou 
seja, investigando os principais fatores que 
motivam a variação e a importância de cada um 
nesse contexto. 
 Uma contribuição: constatação de que formas 
não-padrão ocorrem na fala daqueles com nível 
superior, especialmente em contextos informais. 
Prof. Adriana L. Martins 
 ”Sociolinguística Variacionista” ou “Teoria da 
Variação”: formou-se nos EUA na década de 
1960 com a liderança de William Labov. 
 Marco importante: trabalho de Labov (1966) – 
emissão da consoante /r/ pós-vocálica em NY; análise 
da produção das palavras fourth e floor por pessoas de 
três classes sociais diferentes, em lojas de 
departamento; a variação entre a realização e a 
omissão do /r/ está relacionada com a comunidade 
linguística e a classe social. 
 
Prof. Adriana L. Martins 
 Há diferentes modelos teórico-metodológicos 
para o estudo da variação e mudança. A 
abordagem da “Teoria da Variação” oferece um 
modelo possível, fornecendo ao pesquisador: 
 ferramentas para estabelecer as variáveis, 
 ferramentas para coleta e codificação dos dados e 
 instrumentos computacionais para definir e analisar o 
fenômeno variável que se quer estudar. 
Prof. Adriana L. Martins 
 A metodologia de análise da sociolinguística 
possibilita a medição de ocorrências de usos de 
uma variante e o estabelecimento de previsões 
sobre as principais tendências de uso em relação 
a essa variante. 
 A pesquisa parte do objeto de estudo para 
depois construir o modelo teórico. 
 
Prof. Adriana L. Martins 
Tipos de estudo: 
 Para entender se o fenômeno investigado é 
variação ou mudança em curso, adota-se como 
metodologia um estudo em tempo real 
(distanciamento no tempo de 12 a 50 anos) ou 
em tempo aparente (faixas etárias distintas). 
▪ OBS: Diferentemente do estruturalismo, a sociolinguística 
não trabalha com a dicotomia sincronia e diacronia. 
Evidência: descrição de tendências de mudança olhando 
produções linguísticas de indivíduos com idades diferentes, 
porém num mesmo período de tempo. 
Prof. Adriana L. Martins 
Seleção de informantes: 
 Preferencialmente aqueles criados na 
comunidade estudada ou que vivem lá desde os 
5 anos de idade. 
 
Prof. Adriana L. Martins 
Coleta de dados: 
 Coletam-se dados de falantes-ouvintes reais, em 
situações reais e naturais do uso da linguagem, 
para descrever e explicar esse uso. 
 Grande número de dados gravados, geralmente 
narrações de experiências pessoais. 
 Formação de células de dados com o mesmo 
número de informantes. 
Prof. Adriana L. Martins 
Análise dos resultados: 
 Formulação pelo linguista de regras variáveis 
(não categóricas) apontando os pesos relativos 
dos fatores que interferem na variação. 
 Utilização de dados estatísticos (os números são 
apenas o ponto de partida; programas 
computacionais foram desenvolvidos para 
estudos sociolinguísticos). 
Prof. Adriana L. Martins 
Ensino de língua materna: 
 Formação de professores com menos 
preconceitos linguísticos, ou seja, conscientes de 
que os dialetos das classes desfavorecidas não 
são inferiores estrutural ou funcionalmente, 
possuem apenas menor prestígio social. 
 Possibilidade de utilização, no ensino da língua 
padrão, de informações detalhadas, baseadas 
em dados reais, acerca da variante utilizada 
pelas pessoas mais escolarizadas. 
Prof. Adriana L. Martins 
Ensino de língua estrangeira: 
 Contribuição para elaboração de material 
baseado na fala real dos falantes nativos. 
 Contribuição para preparação de material com 
diversos tipos de registros com suas variações 
linguísticas típicas. 
 Contribuição para seleção do dialeto a ser 
ensinado. 
 
 
 
 
Prof. Adriana L. Martins 
 MOLLICA, M. C. Sociolingüística: conceituação e 
delimitação. In: MOLLICA, M. C. (org.) 
Introdução à sociolingüística variacionista. 3ª 
ed. Cadernos didáticos da UFRJ: Rio de Janeiro, 
1996. 
 CEZARIO, M. M.; VOTRE, S. Sociolingüística. In: 
MARTELOTTA, M. E. (org.). Manual de 
Lingüística. São Paulo: Contexto, 2009. 
Prof. Adriana L. Martins

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