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Sociolinguistica Unidade 2

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28/09/2020 Sociolinguística
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SOCIOLINGUÍSTICA
CAPÍTULO 2 - COMO E POR QUE AS
LÍNGUAS VARIAM?
28/09/2020 Sociolinguística
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Danieli Silva Chagas
INICIAR
28/09/2020 Sociolinguística
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Introdução
A partir da segunda metade do século XX, desenvolvem-se variadas linhas de estudos
linguísticos (MARCUSCHI, 2008). A Sociolinguística, uma dessas linhas, traz, sobretudo por
meio dos estudos labovianos, uma nova maneira de enxergar os usos linguísticos para além
de uma visão homogênea de língua, fazendo com que a heterogeneidade linguística deixe
de ser vista como ameaça e se torne objeto de observação. Mas de que forma a visão
heterogênea da língua influencia os estudos sociolinguísticos? Com base no princípio da
heterogeneidade ordenada, a língua é vista em suas múltiplas facetas, que se aprofundam
quando consideradas as implicações sociais que influem sobre sua forma de apresentação,
o que faz com que tais implicações sejam analisadas em função de seu papel, diante da
variação observada nas línguas. Teria essa “heterogeneidade ordenada”, então, algo a ver
com o papel das implicações sociais diante da variação? Os estudos labovianos mostram
que sim! Ao dizer que a língua é heterogênea, pensa-se, naturalmente, em suas múltiplas
facetas, mas, ao dizer que essa heterogeneidade é ordenada, a discussão vai além. Pode-se,
a partir daí, pensar que a variação não ocorre de maneira aleatória, mas é motivada com
base em determinados princípios. Mas quais princípios seriam esses? Neste capítulo,
entenderemos o que é e como funciona a variabilidade linguística. Na sequência, serão
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analisados os fatores linguísticos e extralinguísticos que condicionam a variação,
estabelecendo critérios ordenados não só para a multiplicidade — que, como já dito, não é
aleatória nem desordenada —, mas também para a mudança, que segue princípios pré-
estabelecidos pela língua, além de ser influenciada por fatores sociais. Quer ver? Então
vamos lá!
2.1 Variabilidade linguística
A Sociolinguística, sobretudo em sua vertente variacionista, chamada também de Teoria da
Variação e Mudança, está calcada na variabilidade linguística. É com base nisso que o
estágio atual das línguas e sua evolução se manifestam. 
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Nesse sentido, a língua, considerada um dos símbolos de uma unidade nacional, assume
caráter variável, sendo entendida como várias. A variabilidade, por isso, nem sempre é
compreendida do ponto de vista político, por mais que a variação seja um conceito
essencialmente científico. 
Vejamos, então, os principais conceitos que perpassam esse aspecto linguístico.
2.1.1 Variabilidade e a dicotomia variação x unidade 
A variabilidade linguística consiste na capacidade ou na suscetibilidade da língua de se
submeter à variação. Os estudos sociolinguísticos objetivam analisar os padrões de
comportamento linguístico possíveis nas comunidades de fala em função dessa
variabilidade. Como a Sociolinguística parte do pressuposto de que a variabilidade
linguística é inerente a todas as línguas, uma de suas buscas está na análise sobre a forma
como essa variabilidade é exercida, por meio de um sistema heterogêneo, composto por
regras variáveis que constituem, ainda assim, uma unidade.
Segundo Labov (1972), é por meio da variação que se pode perceber a interação entre a
língua e os fatores externos a ela, significando-a. Para o autor,
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É importante notar que a significação social depende da variabilidade. Nesse sentido, o
significado social é parasita da língua: ele está confinado àquelas áreas de variação, em geral
na ponta-de-lança de uma mudança linguística em fase de generalização, onde existem modos
alternativos de dizer “a mesma coisa”. (LABOV, 1972, p. 369).
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Figura 1 - As múltiplas línguas estão sujeitas à variabilidade, segundo a Sociolinguística. Fonte: Helder Almeida,
Deslize sobre a imagem para Zoom
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Com base nessa visão, o que se diz ganha sentido na forma utilizada para dizer, que é
significada socialmente. Essa forma, segundo a qual se diz algo, pode apresentar valores
múltiplos em função da variabilidade de uma língua. Tal realidade faz facilmente pensar no
porquê de termos, então, apenas uma língua, quando há tantas formas de dizer que a
perpassam. Para Mateus (2002, p. 21),
A manutenção de um conjunto de variedades linguísticas no enquadramento do que se
denomina uma língua é, em última análise, uma opção política e como tal deve ser analisada e
avaliada. Resta saber a quem interessa essa opção e, ser for caso disso, como fazer para
encorajar. Ou seja, é necessário discutir a língua como opção política e opção de uma política
da língua.
g p g j , g g ,
Shutterstock, 2018.
VOCÊ QUER LER?
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A noção de unidade linguística é controversa, perpassando, sobretudo, discussões de cunho político, visto que a
manutenção da unidade de sistemas — diferentes ou não — está condicionada, também, a decisões que versam
sobre o interesse de um povo. Maria Helena Mira Mateus escreveu o artigo “Unidade e diversidade da língua
portuguesa”, presente em “A face exposta da língua portuguesa”, em que fala exatamente sobre isso. O texto está
disponível no site da Universidade de Coimbra em: <https://digitalis.uc.pt/pt-
pt/artigo/face_exposta_da_l%C3%ADngua_portuguesa (https://digitalis.uc.pt/pt-
pt/artigo/face_exposta_da_l%C3%ADngua_portuguesa)>.
Segundo Mateus (1985, p. 145), “A investigação da diversidade nos vários domínios
linguísticos é fator indispensável na consolidação da unidade da língua”. Sendo assim, a
dicotomia unidade x variação deve ser entendida como indissociável da compreensão e
configuração de uma língua. 
Vejamos, então, os principais conceitos considerados na observação da variação.
2.1.2 Variedade, variação, variável e variante: de�nindo conceitos
Q
https://digitalis.uc.pt/pt-pt/artigo/face_exposta_da_l%C3%ADngua_portuguesa
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Considerando, segundo a visão sociolinguística, que a variabilidade é um fator intrínseco a
todas as línguas, cumpre estabelecer as fronteiras entre os conceitos importantes para a
definição da metodologia e análise dos fatos de língua, observados no âmbito dessa
ciência.
VOCÊ SABIA?
São muitas as tentativas de definir o que seja um fato de língua, incluindo várias teorias e
perspectivas. Em uma visão geral e mais abrangente, é comum chamar de “fato de língua” o
conjunto de significados atribuídos a determinado objeto linguístico, baseando-se em um
ponto de vista específico. Dessa forma, temos mais do que uma relação direta entre
significante e significado, conforme sugerido, a princípio, na literatura saussureana. 
Temos visto que a Sociolinguística se dedica ao estudo da variação linguística, e que essa
heterogeneidade ou variação não é aleatória, mas, sim, ordenada, segundo restrições
linguísticas ou extralinguísticas que levam o falante a usar uma ou outra forma linguística
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quando usa sua língua. Nas palavras de Naro (2008, p. 15), 
[...] o pressuposto básico do estudo da variação no uso da língua é o de que a heterogeneidade
linguística, tal como a homogeneidade, não é aleatória, mas regulada, governada por um
conjunto de regras. Em outras palavras, tal como existem condições ou regras categóricas que
obrigam o falante a usar certas formas (a casa) e não outras (casa a), também existem
condições ou regras mudáveis que funcionam para favorecer ou desfavorecer, variavelmente e
com pesos específicos, o uso de uma ou outra das formas em cada contexto.
Cabe aos estudos da variação identificar as peculiaridades inerentes a uma ou outra
variedade linguística presente em uma mesma língua. Essas variedades constituem um
conjunto de variações presentes em uma língua em função de alguns fatores, entre os quais
são considerados o estrato social ou cultural e fatores históricos e sociais que mobilizam
uma “maneira de falar”. 
São muitos os autores que se dedicam a estudar e a teorizar sobre as variedades do
português no Brasil. Perini (2000, p. 35) afirma, por exemplo, que “A língua que aprendemos
com nossos pais, irmãos e avós é a mesma que falamos, mas não é a mesma que
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escrevemos”. Assim, o autor separa a gramática do português falado, à qual chama de
“vernáculo brasileiro” do português escrito, aprendido na escola e nem sempre bem
dominado por influência desse vernáculo. 
Outros autores, como o professor Lucchesi (2015), defendem a existência de uma
variedade culta e uma variedade popular no português do Brasil.
A existência de variedades no português brasileiro dá origem à construção da ideia de polarização sociolinguística
do Brasil. O professor Lucchesi tem discutido bastante sobre o assunto. Leia o texto “A polarização sociolinguística
do Brasil” para entender melhor quanto ao tema. Ele está publicado no site da Universidade Federal da Bahia:
<http://www.vertentes.ufba.br/projeto/tema (http://www.vertentes.ufba.br/projeto/tema)>.
VOCÊ QUER LER?
http://www.vertentes.ufba.br/projeto/tema
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Essas variedades (culta e popular), entretanto, não seriam estanques. Por mais que seja
visível a diferenciação entre a fala culta e a popular, é possível citar, também, variedade(s)
cultas e variedade(s) populares, visto que a fala culta do Rio de Janeiro pode ser diferente
da fala culta do Rio Grande do Sul, assim como a fala popular de determinada região de São
Paulo pode se diferenciar da fala popular de outra região. Ou seja, essa pluralização pode
ser observada por meio de diversas variantes que entram em jogo.
Deslize sobre a imagem para Zoom
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São chamadas de variantes as formas linguísticas que se alternam no processo de
variação. Segundo Tarallo (2007, p. 8), “[...] variantes linguísticas são diversas maneiras de
se dizer a mesma coisa em um mesmo contexto e com o mesmo valor de verdade. A um
conjunto de variantes dá-se o nome de variável linguística”.
Nesse sentido, as formas “tu vai” e “tu vais” representam duas variantes comuns na
expressão da segunda pessoa do português brasileiro, sendo a presença da primeira mais
comum nas variedades populares, enquanto que a segunda é mais comum nas
Figura 2 - As variedades de uma língua nem sempre são compreendidas em sua integralidade por falantes de
outras variedades. Fonte: Marish, Shutterstock, 2018.
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variedades cultas ou de prestígio.
As variedades populares, embora vistas por alguns com preconceito, constituem uma rica fonte explorada por
manifestações artísticas brasileiras, que, para além de uma simples caricatura da fala popular, demonstra a beleza
e a riqueza cultural presente em estruturas estigmatizados. Esse é o caso, por exemplo, da canção “Zaluzejo”, do
grupo O Teatro Mágico. Assista a uma apresentação do grupo disponível no link:
<https://www.youtube.com/watch?v=nRX5MDf2JRI (https://www.youtube.com/watch?v=nRX5MDf2JRI)>.
As variáveis linguísticas apontadas por Tarallo (2007) são classificadas em variáveis
linguísticas dependentes e independentes. 
VOCÊ QUER VER?
https://www.youtube.com/watch?v=nRX5MDf2JRI
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Chama-se de variável dependente ao fenômeno em estudo, observado de forma binária
que compreende as duas formas em competição, como é o caso da aplicação ou não
aplicação da regra de concordância verbal, que permite, na língua portuguesa, por
exemplo, a presença das variantes “tu vai” e “tu vais”, representando formas em
competição. 
Já as variáveis independentes são representadas pelos fatores linguísticos e
extralinguísticos que atuam como condicionadores da variação, conforme veremos no
tópico a seguir.
2.2 Variação e condicionamento
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Como temos visto, a variação linguística está presente em todas as línguas nas quais as
variantes em competição caracterizam, em muitos casos, variedades linguísticas diferentes.
As variáveis independentes — que são representadas pelos fatores linguísticos e
extralinguísticos — podem atuar como condicionadores dessa variação, impulsionando ou
retardando a mudança linguística. 
Na sequência, veremos, de maneira geral, quais são e de que forma esses condicionadores
atuam.
2.2.1 O condicionamento da variação
Por mais que esteja presente em todas as línguas — sendo a constituição social e histórica
de cada língua dotada de suas peculiaridades —, a variação linguística terá, também, suas
peculiaridades em cada língua. Estas, sobretudo no português brasileiro, têm muito a ver
com a história de sua constituição.
Há várias hipóteses sobre a evolução e atual constituição do português brasileiro, sendo
que uma delas é a da deriva linguística. Segundo Sapir (1980, p. 151), “A linguagem move-se
pelo tempo em fora num curso que lhe é próprio. Tem uma deriva”.
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Edward Sapir foi um importante linguista e antropólogo alemão que desenvolveu trabalhos nos Estados Unidos,
onde viveu, tendo suas pesquisas profunda influência do colega Franz Boas. Suas teorias de base estruturalista
apresentavam, já na década de 1940, hipóteses sobre o desenvolvimento das línguas. Além disso, há várias teorias
que o contradizem, mas que, ainda assim, destacam seu importante papel na formação das bases da linguística
contemporânea.
Sapir (1980, p. 155) ainda destaca a importância das por ele chamadas “variações
individuais”, que são desconexas, defendendo que
A deriva de uma língua ao contrário tem rumo. Em outros termos, só a encarnam ou
transportam aquelas variações individuais que se movem em certa direção, precisamente
como são apenas certos movimentos das ondas na baía que marcam o avanço da maré. A
VOCÊ O CONHECE?
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deriva de uma língua consta da seleção inconsciente, feita pelos que a falam, das variações
individuais que se acumulam numa dada direção especial.
Dessa forma, entendemos que toda língua teria um fluxo natural que a impulsionaria à
variação e à mudança. Contudo, ainda sobre a formação do português brasileiro, há a
hipótese da crioulização, segundo a qual
[...] o português brasileiro teria surgido do contato do português europeu, sobretudo com
línguas africanas no Brasil,por causa da intensa presença de escravos negros no país a partir
do século XVI [...].
Em um primeiro momento, teria havido a perda da concordância e, em momento posterior,
recuperou-se a regra de concordância, sob certas circunstâncias. Além disso, os fenômenos de
concordância nominal e verbal variáveis presentes no português brasileiro são encontrados
também nas línguas africanas bantu, ioruba e ibo, as quais apresentam a marcação do plural por
meio de prefixos ou clíticos, localizados no início da expressão. (RUBIO, 2012, p. 54-55, grifos
do autor).
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A hipótese de crioulização no português brasileiro, diferentemente da deriva, não encontra
muitos adeptos modernamente, tendo sido descartada pela maioria dos linguistas atuais. É
muito comum, por outro lado, justamente por reconhecer a influência das línguas africanas
na formação do português do Brasil, a teoria da transmissão linguística irregular, que,
conforme Galves (2008 apud RUBIO, 2012, p. 61-62),
A convergência dos fenômenos encontrados nesse conjunto de textos com os que caracterizam
o português africano moderno reforça a hipótese de que essas são devidas a uma transmissão
irregular em contextos de aquisição de segunda língua, bem distinta de um processo de
crioulização.
Outra hipótese que tem ganhado força nos estudos contemporâneos sobre a formação do
português brasileiro é a da confluência de motivações. A seu respeito, Naro e Scherre (2007,
p. 17) observam que 
[...] algumas características morfossintáticas e fonológicas do português brasileiro, que hoje
são cercadas de preconceito por parte da sociedade, advêm do português arcaico e não de
alterações influenciadas pelas línguas africanas no Brasil, ou das línguas dos povos indígenas,
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que já se encontravam em território brasileiro em período anterior à colonização portuguesa.
CASO
As hipóteses sobre a constituição do português brasileiro constituem importante
subsídio para muitas análises no campo da Sociolinguística, as quais priorizam o
papel dos condicionadores estruturais ou dos condicionadores sociais nos processos
de variação. Veja, por exemplo, que, modernamente, têm se oposto a hipótese da
confluência de motivos, defendida principalmente por Anthony Naro e Marta Scherre;
e a hipótese da transmissão linguística irregular, defendida, no Brasil, por Dante
Lucchesi. 
Uma das grandes preocupações de Lucchesi é apontar a ligação entre características
do português brasileiro e uma transmissão irregular ou defectiva do português para
os africanos escravizados no Brasil. Para ele, a forma irregular como o português era
passado pelos pais escravos para os filhos acionava mecanismos de suas línguas
maternas que entrariam nos “buracos” deixados na língua por sua aprendizagem
irregular. 
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Ao falar da confluência de motivos, entretanto, que considerariam também essas
ideias, Naro e Scherre (2007) publicam prioritariamente estudos que corroboram com
a teoria da deriva, buscando em fases antigas do português europeu, em processo
semelhante ao trabalho de arqueólogos, indícios para dizer que o português brasileiro
apenas seguiu à deriva natural do português mais antigo, prendendo-se a ele. Ao
passo que o português de Portugal teria evoluído por outros meios. 
Por mais que a hipótese aceite, então, uma confluência de motivações para as
diferenças observadas entre o português brasileiro e o português europeu, pouco se
fala de fato sobre as “outras motivações” além da deriva, já que essas duas hipóteses
se apresentam quase que de forma antagônica modernamente.
A hipótese da deriva traz maior relevância para os condicionadores de natureza estrutural.
Esses condicionadores linguísticos, ao longo dos anos, segundo a deriva da língua, levam-
na a determinado estágio de evolução. 
Dessa maneira, as hipóteses que consideram, principalmente, a importância do contato
entre línguas na formação do português brasileiro, chamam a atenção para os fatores
sociais que levam a língua a evoluir. Contudo, é preciso saber quais fatores, exatamente,
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podem ser considerados condicionadores linguísticos ou extralinguísticos para a variação e
mudança.
2.2.2 Condicionadores linguísticos e extralinguísticos
Os condicionadores linguísticos, como temos visto, são aqueles de natureza estrutural. Eles
atuam de maneira diferente em função do fenômeno linguístico e da comunidade de fala
analisados. Tarallo (2007, p. 62) afirma que
É somente através da correlação entre fatores linguísticos e não linguísticos que se chegará a
um melhor conhecimento de como a língua é usada e de que é constituída. Cada comunidade
de fala é única; cada falante é um caso individual. A partir do estudo de várias comunidades, no
entanto, se chegará a um macrossistema de variação: os resultados de vários estudos
começarão a dar pistas para estudos posteriores.
A concordância verbal é, nas palavras de Bagno (2012, p. 641, grifos do autor), “[...] o
fenômeno linguístico que mais tem se prestado – junto com a concordância nominal – a
servir de instrumento sociocultural de separação entre os que falam “certo” e os que falam
‘errado’”. Isso porque, a despeito de diferentes usos vocabulares para um mesmo objeto ou
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situação, do ponto de vista morfossintático, não há muita diferença entre as chamadas
variedades culta e popular do popular da língua portuguesa. Porém, temos como exceção
fenômenos como a concordância, visto que expressões do tipo “é nós”, “os peixe morreu”
ou “os menino chegou” não são comuns na variedade culta do português, ao passo que são
comuns na variedade popular. 
É importante destacar, entretanto, que a não realização da concordância padrão no
português brasileiro — um processo de variação já observado por muitos linguistas — é
condicionado por diversos contextos linguísticos, que, em alguns casos, podem
impulsionar a não realização da concordância padrão, mesmo na variedade de prestígio.
Um exemplo claro é de Cardoso e Cobucci (2014, p. 84, grifos dos autores): “As mudanças
do momento político pode provocar um aumento”.
Os autores ainda ressaltam que “As pesquisas sociolinguísticas têm demonstrado que os
aspectos linguísticos mais importantes para que ocorra a variação da concordância são a
saliência fônica e a posição dos elementos no sintagma.” (CARDOSO; COBUCCI, 2014, p. 82).
Isto é, a baixa saliência fônica é um forte condicionador linguístico para a não realização da
concordância padrão.
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VOCÊ SABIA?
É chamada de saliência fônica a diferença fônica entre as formas do singular e do plural. Há
baixa saliência fônica quando as diferenças entre as formas singular e plural são menos
perceptíveis, como em “ele come/eles comem”. Assim, ela é considerada mais alta quando as
diferenças são mais perceptíveis, como em “ele cantou /eles cantaram”.
A posição dos elementos no sintagma é também fator linguístico condicionador da
concordância. O exemplo mostra, por exemplo, que o núcleo do sujeito “mudanças” não
está ligado diretamente ao verbo “pode”, já que este acaba se apropriando dos traços de
número do nome mais próximo, ou seja, “político”. 
Além de casos como esse, mesmo na norma culta, quando o sujeito está posposto ao
verbo, há maior probabilidade da não realização da concordância. Temos como exemplo a
frase “finalmente chegou os livros que encomendei”. Ela podechamar à atenção do falante
escolarizado, mas nem sempre é por ele percebida na fala cotidiana.
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A escolaridade do falante também pode influenciar o uso e, até mesmo, a avaliação
(negativa ou positiva) da não realização da concordância padrão. Por isso, pode ser
considerada um importante condicionador social ou extralinguístico.
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Figura 3 - A escolaridade é um importante condicionador extralinguístico. Fonte: Crystal Eye Studio,
Deslize sobre a imagem para Zoom
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A escolaridade constitui um dos mais importantes condicionadores sociais observados
diante da variação, não é por acaso que há bem pouco tempo era considerado “falante
culto”, nas pesquisas sociolinguísticas, apenas aquele que possuía nível superior, por mais
que a denominação “falante culto”, assim como “variedade culta”, denote certo juízo de
valor.
Em Portugal, pesquisas sociolinguísticas apontam que praticamente não há mudança entre
os índices de realização da concordância verbal entre falantes mais ou menos
escolarizados. No Brasil, entretanto, a transmissão irregular do português é forte
impulsionador da variação, o que não acontecia com frequência em se tratando de falantes
regularmente escolarizados. 
Atualmente, é mais difícil considerar com precisão o fator escolaridade, visto que o acesso à
universidade aumentou bastante nos últimos anos, estabelecendo um cenário em que há
pessoas com nível superior e pais sem nível superior, pessoas com nível superior e pais com
nível superior, pessoas com nível superior e alto poder aquisitivo, pessoas com nível
superior e baixo poder aquisitivo. 
Shutterstock, 2018.
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Dessa forma, é impossível negar a importância da escolaridade como condicionador
extralinguístico, mas é cada vez mais necessário relacionar a escolaridade a outros
condicionadores sociais importantes, como o estrato social a que pertence o falante.
2.3 Condicionadores extralinguísticos
A escolaridade, como condicionador extralinguístico, é um fator importante para a análise
da variação. Com as mudanças sociais, entretanto, muda-se, também, a forma como os
fatores extralinguísticos atuam sobre a variação. Além disso, outros fatores sociais possuem
grande relevância no condicionamento da variação, como idade, sexo, etnia e região
geográfica. 
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Os estudos da variação costumam se estabelecer, tradicionalmente, em quatro eixos, os
quais revelam de que maneira esses fatores sociais influem na língua, bem como podem se
estabelecer como fatores motivadores para o estigma ou para o prestígio nas formas que
deles advém.
2.3.1 Condicionadores extralinguísticos e os eixos diatópico, diastrático,
diafásico e diacrônico
As variáveis independentes são representadas, como dito, pelos fatores linguísticos e
extralinguísticos que podem atuar como condicionadores da variação. Tais variáveis são
muitas, a exemplo de idade, sexo, escolaridade, estrato social e região geográfica, pelo que
se convencionou classificar os tipos de variação influenciadas por fatores sociais em
“variação diatópica”, “variação diastrática”, “variação diafásica” e “variação diacrônica”.
A chamada variação diatópica é aquela em que atuam fatores extralinguísticos de
natureza, sobretudo, geográfica. Ela é comumente lembrada quando falamos de
regionalismos conhecidos, como é o caso, no nível vocabular, do uso de “aipim” no Sudeste
e “macaxera” no Nordeste para referenciar a mesma raiz utilizada na alimentação
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brasileira. Já no nível fonético/fonológico, a pronúncia africada ou “chiada”, como
popularmente descrita, das palavras “tia” e “dia”, pronunciadas sem o “chiado” no
Nordeste. 
Há estudos, entretanto, cujas investigações vão além desses regionalismos, partindo para a
análise de aspectos morfológicos ou morfossintáticos, como a alternância entre “tu” e
“você”, e entre “tu vai” e “tu vais”, que apresentam configurações diferentes ao longo de
todo o território brasileiro, demonstrando as diferenças que uma língua possa apresentar
em função de variados fatores culturais e sociais. Estes, por sua vez, configuram-se de
maneira diferente em cada região, em cada estado e em cada município, principalmente
em se tratando de um país de dimensões continentais como é o Brasil.
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A variação diastrática é aquela observada entre os diferentes estratos sociais. Por mais
que o maior poder aquisitivo em estratos sociais mais altos não implique,
necessariamente, na maior escolaridade de seus integrantes; e o menor poder aquisitivo
em estratos sociais mais baixos também não implique, necessariamente, na menor
escolaridade de seus membros; o estrato social e a escolaridade costumam estar
profundamente relacionados nas pesquisas sociolinguísticas. 
Isso porque os usos em variação costumam ser utilizados sem problemas pelos falantes
escolarizados, quando popularizados em estratos sociais mais altos, como é o caso do uso
de “você” como pronome de segunda pessoa em boa parte das variedades cultas
distribuídas ao longo do território brasileiro. Também podemos citar usos em variação,
como “tu vai”, que são preteridos pelos falantes escolarizados que preferem o uso da forma
“você vai”. Ambos fenômenos estão em variação, mas a forma “você vai” possui grandes
chances de ir da variação à mudança linguística por conta de sua aceitação nos meios
escolarizados e nos mais altos estratos sociais.
Figura 4 - O território brasileiro é fonte de infinitos condicionadores sociais que influenciam os processos de
variação linguística diatópica. Fonte: DeymosHR, Shutterstock, 2018.
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A chamada variação diafásica, também chamada de variação situacional, ocorre em
função da situação comunicativa, na qual será exigido o registro formal ou informal. Nesse
sentido, é comum observar o registro chamado formal em determinados contextos mais
monitorados, como uma sessão da assembleia legislativa, um julgamento ou um
pronunciamento oficial de uma autoridade política, policial ou religiosa. Já o registro
informal, por outro lado, é mais comum em conversas informais, realizadas em situações
como um encontro entre amigos, uma reunião familiar ou uma festa.
As variações diacrônicas, por sua vez, remetem à variação naturalmente observada ao
longo tempo. Ela é vista, por exemplo, por meio de grafemas que caíram em desuso, como
o “ph”, antigamente utilizado oficialmente para grafar “pharmácia”, ou por meio do
vocabulário e pronúncia de pessoas de maior idade que costumam pronunciar “murango”,
enquanto as mais jovens pronunciam “morango”.
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Os tipos de variação dizem muito sobre os fatores sociais que impulsionam a variação e a mudança linguística. O
vídeo “Sotaques”, do programa humorístico Porta dos Fundos, por exemplo, faz uma brincadeira com as possíveis
motivações sociais e geográficas que impulsionam determinadopersonagem a falar com variados sotaques. É um
vídeo de humor, mas, guardadas as proporções científicas, representa uma ilustração de como a língua que
falamos é, também, fruto do meio em que vivemos. Veja o vídeo no link: <https://www.youtube.com/watch?
v=GVTQO9czBsI (https://www.youtube.com/watch?v=GVTQO9czBsI)>.
Além disso, os fatores sociais também constituem importantes variáveis extralinguísticas
que podem acentuar ou não um processo de variação. Vejamos mais detalhadamente as
variáveis linguísticas que atuam dessa maneira a seguir.
2.3.2 Prestígio e estigmatização linguística
Você viu, no subtópico anterior, que os usos em variação costumam ser utilizados sem
problemas pelos falantes escolarizados, quando popularizados em estratos sociais mais
altos. Assim, podemos perceber que a maneira como é avaliada e, portanto, utilizada,
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mesmo por falantes cultos, faz com que esteja ligada a questões de prestígio e
estigmatização que perpassam os usos linguísticos. 
Há, ainda, um mito de que sejam estigmatizadas todas as formas linguísticas em variação
que constituem uma variável dependente. De acordo com essa visão, seria estigmatizado
todo uso variável que destoasse das normas prescritas pela norma gramatical, por
representar um “erro” de português.
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Figura 5 - Temos usos linguísticos que destoem das prescrições das gramáticas tradicionais. Fonte: Lamai
Prasitsuwan, Shutterstock, 2018.
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Mas o que seria, afinal, esse “erro” de português? O que estaria por trás dessa concepção? 
Se o parâmetro para a identificação do “erro” for a gramática tradicional, vemos que o uso
de “você” como pronome da segunda pessoa do singular estaria errado, visto que consta na
representação tradicional dos paradigmas verbais apenas a forma “tu”. O uso de “você”,
como pronome pessoal, naturalmente não é visto como um erro, e isso acontece porque o
uso não é estigmatizado, logo, não é visto como ameaça à língua de prestígio. 
O mesmo acontece com a forma “a gente”, cada vez menos estigmatizada e cada vez mais
usada no lugar da primeira pessoa do plural.
Percebe-se, então, que o prestígio ou estigma atribuído às formas verbais não está baseado
em questões puramente linguísticas. Por isso, e pelas explicações científicas que estão por
traz da adoção de uma ou outra forma linguística, em termos de variação, não cabe, no
campo da Sociolinguística, a concepção de “erro de português”, tradicionalmente vigente
em nossa sociedade. O que é chamado de erro, como, por exemplo, a expressão “os
menino pega o peixe”, não constitui uma frase agramatical, por ser permitida pela
gramática de nossa língua e, portanto, aceitável linguisticamente em nosso sistema. Isso
não quer dizer, claro, que tal expressão seja aceita socialmente. Nesse caso, a questão não
é meramente linguística, mas, sim, social. 
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Conforme Tarallo (2007, p. 12),
Em geral, a variante padrão é, ao mesmo tempo, conservadora e aquela que goza do prestígio
sociolinguístico na comunidade. As variantes inovadoras, por outro lado, são quase sempre
não-padrão e estigmatizadas pelos membros da comunidade. Por exemplo, no caso da
marcação de plural no português do Brasil, a variante [s] é padrão, conservadora de prestígio; a
variante [0], por outro lado, é inovadora, estigmatizada e não-padrão.
A título de exemplo, são estigmatizadas, no eixo diatópico, o sotaque nordestino, ao passo
que é prestigiado o sotaque paulista e também carioca. Não é por acaso que grandes atores
nacionais, vindos de outras regiões, veem-se obrigados a abandonar seu sotaque e falar
como é comum no Sudeste. 
No eixo diacrônico, a pronúncia “murango”, por mais que não seja estigmatizada em todos
os contextos, perde em prestígio para a pronúncia “morango”. Em relação aos estratos
sociais, no eixo diastrático, é fácil perceber o estigma diante de expressões comumente
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utilizadas nas periferias, como a já citada expressão “é nós” ou “ a gente vamos”. Já no eixo
diafásico, é comum a valorização do registro formal, que, por gozar de prestígio em relação
ao registro informal, chega, por vezes, a ser confundido como uma variedade.
2.4 Condicionadores linguísticos
Ao falarmos sobre a saliência fônica e sobre a posição dos elementos no sintagma,
apresentamos importantes variáveis que funcionam como condicionadores linguísticos da
não concordância padrão, sendo o primeiro de natureza fonético/fonológica e o segundo
de natureza morfossintática. Os condicionadores linguísticos, entretanto, são muitos e,
além de estarem em outros níveis — como o semântico e o discursivo —, atuam de maneira
diferente em função do fenômeno linguístico tratado.
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2.4.1 Tipos de condicionadores linguísticos
De relevância incontestável para a pesquisa sociolinguística no âmbito de variados
fenômenos, os condicionadores sociolinguísticos podem agir junto aos condicionadores
extralinguísticos ou, até mesmo, de maneira independente. Vejamos, por exemplo, a
análise da variável dependente do sujeito pronominal nulo versus sujeito pronominal
preenchido. 
O sujeito nulo é objeto de muitas pesquisas sociolinguísticas e objetivas, principalmente
observar a competição entre estruturas como as apresentadas a seguir:
1. As pessoas, quando elas têm educação, costumam cumprimentar os vizinhos.
2. As pessoas, quando [0] têm educação, costumam cumprimentar os vizinhos.
Estudos apontam que o português brasileiro tem se afastado do modelo em que se
considera padrão o sujeito nulo (segunda frase), indo em direção ao modelo de sujeito
preenchido (primeira frase). Essa variação é influenciada, sobretudo, por condicionadores
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de natureza linguística, como o tipo de oração, o tipo de verbo, a pessoa e o número
gramatical.
Há importantes trabalhos sobre o sujeito nulo em diversas comunidades brasileiras. A pesquisadora Elisângela
Gonçalves da Silva, da Universidade Estadual da Bahia, por exemplo, desenvolveu um estudo sobre esse
fenômeno variável em uma comunidade linguística de Vitória da Conquista, na Bahia. O texto, intitulado
“Condicionamentos linguísticos para a ocorrência do sujeito nulo em uma comunidade de fala”, está disponível
em: <http://www.filologia.org.br/ileel/artigos/artigo_475.pdf
(http://www.filologia.org.br/ileel/artigos/artigo_475.pdf)>.
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Elisângela é uma das muitas pesquisadoras que vêm trabalhando, modernamente, na
interface entre a Sociolinguística e a teoria gerativa, mais especificamente do modelo de
Princípios e Parâmetros (CHOMSKY, 1981). Essa linha de estudo ficou conhecida como
“sociolinguística paramétrica”, e tem se dedicado a pesquisa, em várias comunidades
linguísticas, sobre o chamado parâmetro do sujeito nulo. 
Essas pesquisas que se utilizam da Sociolinguística, sobretudo como metodologia de
trabalho, a fim de realizar uma análise empírica que corrobore com a teoria desenvolvida,
trabalha prioritariamente com variáveis linguísticas. No entanto, há outros fenômenosanalisados no âmbito da Sociolinguística, cujos resultados apontam a relevância dos
fatores sociolinguísticos em paridade com os fatores sociais. É o caso, por exemplo, dos
estudos da concordância verbal. 
VOCÊ O CONHECE?
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O linguista e filósofo americano Noam Chomsky é considerado o pai da teoria gerativa. Reconhecido atualmente
por suas críticas e análises políticas, o americano é autor de textos que deixam um legado para os estudos
linguísticos em todo o mundo. O gerativismo, por exemplo, a despeito de críticas, discordâncias e concordâncias,
possui importante papel no estabelecimento da agenda linguística no Brasil e no mundo.
Além da já citada importância de fatores extralinguísticos sociais para a análise da variação
no fenômeno, são de extrema relevância os fatores internos à língua para a compreensão
dos contextos que favoreçam ou não a variação.
No trabalho de Chagas (2016), por exemplo, as variáveis linguísticas de natureza sintática se
apresentam como importantes condicionadores para a não concordância padrão, como em
“depois chegou os dez soldados”, em que o sujeito está posposto ao verbo, a despeito de se
tratar de um verbo inacusativo, contexto linguístico morfológico que desfavorece a
concordância padrão.
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Veremos, na sequência, os diferentes níveis sob os quais as variáveis linguísticas podem ser
observadas como condicionadoras ou não da variação linguística, de acordo com sua
presença diante do fenômeno observado.
2.4.2 Condicionadores fonético/fonológicos, morfossintáticos,
semânticos e discursivos
As variáveis linguísticas podem ser, basicamente, de natureza fonético/fonológica,
morfossintáticas, semânticas e discursivas. 
As denominadas fonético/fonológicas permitem analisar de que forma a variação
linguística pode ou não ser condicionada pela presença ou ausência de traços segmentais
ou suprassegmentais. São comuns, por exemplo, os estudos segundo os quais o
Figura 6 - Os verbos são importantes condicionadores linguísticos diante da variação. Fonte: iQoncept,
Shutterstock, 2018.
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apagamento do /s/ em posição final seja influenciada quando há a presença de vogal alta
/u/ no contexto precedente, como é o caso da palavra “pau”, que costuma ser utilizada
como gíria para se referir a dinheiro: “perdi vinte pau(s) na aposta”.
A presença da vogal alta /u/ como contexto precedente aparece como condicionador do
apagamento do /s/ como na frase observada em muitas pesquisas.
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Figura 7 - Os fonemas são bastante profícuos para o surgimento da variação. Fonte: Ollyy, Shutterstock, 2018.
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As variáveis morfossintáticas, por sua vez, permitem analisar a atuação de fatores
morfológicos e sintáticos como condicionadores da variação, o que acontece com a posição
do sujeito em relação à concordância verbal. Na pesquisa de Chagas (2016), embora seja
observado um alto nível geral de realização da concordância verbal em terceira pessoa
(87,1%), esse índice cai bastante nos contextos em que o sujeito está posposto ao verbo.
Assim, quando o sujeito se encontrava anteposto ao verbo, a concordância foi realizada em
90% dos casos, ao passo que nos contextos em que o sujeito se encontrava posposto ao
verbo, houve concordância verbal apenas em 63.6% dos casos, o que demonstra a
importância dessa variável de natureza morfossintática.
Com relação ao traço semântico, pesquisas sociolinguísticas têm mostrado que os fatores
“+humano/- humano” e “+específico/- específico” são bastante produtivos na análise da
variação. O pronome “você”, por exemplo, é mais utilizado quando possui caráter genérico
(quando se fala de qualquer pessoa), ao passo que o pronome “tu” é mais utilizado quando
há traço mais específico (quando se fala de alguém em especial). Muitas vezes, usamos um
pronome de segunda pessoa para nos referirmos não ao nosso interlocutor, mas a qualquer
pessoa — esse é um uso genérico.
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A concordância verbal também é realizada na maioria dos casos em que se tem o sujeito
mais humano (pessoas, moradores, vizinhos) em detrimento de casos em que se tem o
sujeito menos humano (barcos, pastéis, flores).
Além disso, a variação também pode ser condicionada por fatores discursivos. É comum a
observação do paralelismo no nível discursivo, por exemplo, na análise de fenômenos
como a concordância verbal:
— As pessoas dormem aqui?
— Dormem sim!
Em casos como o exemplificado acima, a realização da concordância padrão é motivada
pela presença no discurso travado de forma verbal, em que a concordância também é
realizada.
Essas variáveis podem, ainda, interagir, sendo possível analisar a variação segundo o grupo
de fatores que mais a favorece. Nesse sentido, além de serem analisadas de maneira
isolada — quando se pode verificar a maior produtividade de uma ou outra variável
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linguística —, as análises em conjunto permitem analisar se a associação entre elas
impulsiona de maneira mais relevante a variação.
Síntese
Você concluiu os estudos sobre os principais conceitos inerentes à variabilidade das
línguas, destacando sua importância para a percepção sobre os motivos que impulsionam
a variação. Dessa forma, foi possível perceber a diferença entre objetos variados da
Sociolinguística, cujo nomes fazem muitos pensarem se tratar objetos apenas. Agora, você
está apto para compreender os trabalhos de natureza experimental sobre a variação.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
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aprender sobre a variabilidade linguística;
perceber as semelhanças e as diferenças entre os termos “variação”, “variável”,
“variedade” e “variante”;
compreender a distribuição da variação nos eixos diatópico, diastrático, diafásico e
diacrônico;
reconhecer os principais condicionadores linguísticos e extralinguísticos da variação;
analisar os principais aspectos que tornam relevante o estudo da variação, segundo
condicionadores fonético/fonológicos, morfossintáticos, semânticos e discursivos.
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