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TRABALHO LEGISLAÇÃO DESPORTIVA

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FACULDADE MAUÁ DE BRASÍLIA – GAMA
ISABELA RIBEIRO LEITE
A LEI PELÉ E O FIM DO PASSE NO DESPORTO BRASILEIRO
Brasília
2018
ISABELA RIBEIRO LEITE
A LEI PELÉ E O FIM DO PASSE NO DESPORTO BRASILEIRO
Trabalho da disciplina direito e legislação desportiva apresentado à Professora Bruna Fabielly para a obtenção da avaliação da disciplina.
Brasília
2018
Introdução
Desde a antiguidade o homem tem a vivência constante de atividades físicas, inicialmente para manter a sua própria sobrevivência partindo de movimentos mais simples como correr, saltar, lançar e manipular até posteriormente com os jogos e danças para homenagear os deuses. Com o tempo as modalidades desportivas formam surgindo influenciadas pelo meio, a necessidade de cada cultura e a política de cada local.
Naturalmente as modalidades foram ficando mais estruturadas e complexas, sendo praticadas tanto como forma de lazer quanto com o viés competitivo. Assim surgiu a necessidade de padronizar e regularizar o desporto, com a finalidade de garantir a integridades individual e coletiva dos praticantes.
Nesse sentido, normas específicas sobre o esporte foram sendo estruturadas. No Brasil a Lei Pelé, também conhecida como Lei do Passe Livre, foi promulgada no dia 24 de março de 1998 e revogou a Lei Zico (Lei nº 8.672/93). Vale ressaltar que esta era apenas sugestiva enquanto que a Lei Pelé, por outro lado, é mandatória. A origem da lei vem da época em que Pelé era Ministro do Esporte e contou com enorme apoio de Hélio Viana de Freitas, então vice-presidente do Conselho Deliberativo do INDESP (Instituto Nacional do Desenvolvimento do Desporto), que foi o principal coordenador do projeto de lei.
Trazendo diversas previsões importantes para o avanço do direito desportivo e sua consolidação jurídica mais robusta, a Lei Pelé buscou mudar certas situações já paradigmáticas que eram extremamente danosas aos desportos. Neste artigo, mencionaremos o impacto que a lei vem tendo desde sua promulgação, analisando os diversos aspectos do direito desportivo relevantes à questão. Veremos, ainda, as diversas opiniões de doutrinadores acerca das alterações que a Lei Pelé trouxe, pincelando o que a lei trabalhou em cima da Lei Zico (sua antecessora), o que alterou (para melhor ou pior) e o que manteve.
Desenvolvimento
Discursões foram surgindo acerta da Lei Pelé, pois muitos acreditam que ela era somente uma cópia da Lei Zico com certas alterações nocivas ao desporto brasileiro. Segundo o advogado Mauro Lima Silveira (SILVEIRA, 2001) a Lei 8.672, a ‘Lei Zico’ não teve uma aplicabilidade, porém influenciou na elaboração da ‘Lei Pelé’, que segundo o autor teve diversos pontos plagiados, repleto de inconstitucionalidade e desrespeito ao desporto nacional.” 
O Professor Álvaro Melo Filho (MELO FILHO, 2006) afirma que houve ‘clonagem jurídica’ de 58% da ‘Lei Zico’, e as alterações propostas trouxe contribuições de pioria ao desporto. Segundo o autor: 
“o fim do ‘passe’ dos atletas profissionais resultando numa predatória e promíscua relação empresário/atleta; o reforço ao ‘bingo’ que é jogo, mas não é desporto, constituindo-se em fonte de corrupções e de ‘lavagem de dinheiro’, geradoras inclusive de CPI; e, a obrigatoriedade de transformação dos clubes em empresas, quando mais importante que a roupagem jurídica formal é a adoção de mentalidade empresarial e profissional dos dirigentes desportivos. Ou seja, a ‘Lei Pelé’, produto de confronto e não de consenso, com ditames que usaram a exceção para fazer a regra, restabelece, de forma velada e sub-reptícia, o intervencionismo estatal no desporto, dissimulada pela retórica da modernização, da proteção e do ‘elevado interesse social’ da organização desportiva do País.” 
Percebesse que as críticas à Lei não vêm apenas da doutrina jurídica, mas tem respaldo também na opinião de figuras do futebol brasileiro, como Eurico Miranda e Roberto de Andrade que afirmam que a Lei Pelé se preocupou com a defesa do atleta, só que o clube foi completamente esquecido mostrando que o capitalismo teria maior poder dentro do desporto (RICHARD, 2017).
Fazendo uma análise em alguns elementos centrais na controvérsia doutrinária que engloba a Lei Pelé, um primeiro elemento a ser observado é a repentina dominação do futebol brasileiro por empresários em virtude do artigo 27 do referido dispositivo legal, onde fica implícito que os clubes devem se transformar em empresas para poderem continuar exercendo suas atividades.
Segundo Richard (2017) após forte crítica e questionamentos acerca da constitucionalidade do dispositivo, o texto foi alterado para que qualquer entidade jurídica pudesse exerce a atividade desportiva, sem exigir especificamente a transformação dos clubes em empresa. Contudo, o problema se perfez de outra forma: com o fim do “passe”.
Durante muito tempo, o futebol brasileiro careceu de legislação específica que definisse de forma clara e precisa as regras jurídicas que fossem reger as diversas situações às quais estariam submetidos tantos os jogadores quanto os clubes. A Lei nº 6.354/76 trouxe em seu artigo 11 o “passe”, onde é pago a um empregador uma quantia por outro clube em virtude da cessão do atleta por parte dele.
Em virtude do passe, os clubes tinham um enorme interesse na formação dos jogadores, na medida em que o desenvolvimento frutífero de um atleta. Dessa forma, tratava-se de uma situação win-win-win: os clubes eram compensados pelo seu trabalho de formação de atletas, os atletas em si recebiam investimento na carreira desde cedo, e os compradores obtinham jogadores preparados e valiosos. Para alguns, este era o paradigma. No entanto, existiam discordâncias acerca do aspecto win-win-win da situação (RICHARD, 2017).
Muitos jogadores e doutrinadores enxergavam no passe um verdadeiro aprisionamento profissional. O passe não era apenas uma quantia paga na transferência do atleta, e sim uma necessidade jurídica para que o atleta pudesse se desvincular do clube. Se o atleta em questão não fosse almejado por compradores e seu contrato com o clube acabasse, a necessidade de compensação ao clube não desaparecia. Nesta hipótese, o jogador não somente deixava de receber (em virtude da expiração do seu contrato com o clube) como também não podia vender sua força de trabalho (atividade desportiva) por conta da sua vinculação com o clube. Ninguém disposto a pagar o passe, o jogador ficava preso sem receber e sem poder trabalhar (RICHARD, 2017).
Uma das alterações de maior impacto que a Lei Pelé trouxe para o futebol brasileiro foi justamente a extinção do instituto do passe, ou seja, a criação do “passe livre”. Previsto no artigo 28 da Lei Pelé, o passe livre alterou o disposto na Lei Zico e extinguiu o passe “Consoante o artigo 26 da lei Zico, caberia ao Conselho Superior de Desportos fixar o valor, os critérios e condições para o pagamento da importância denominada “passe”. O artigo 64 da mesma lei determinava que se observassem as resoluções 10/86 e 19/88 do Conselho Nacional de Desportos até que o artigo 26 fosse regulamentado.
O § 2º do art. 28 da “Lei Pelé” transformou todo o previsto na “Lei Zico” nesse aspecto e o artigo 119 do Decreto nº 2.574, de 29/04/98, revoga todas as Resoluções do extinto Conselho Nacional de Desportos, acabando com o aprisionamento dos atletas profissionais às agremiações desportivas, extinguindo o “passe”.” (DE MELO, 2006)
Neste sentido, um dos aspectos positivos da Lei Pelé foi justamente o fim da “prisão” profissional dos jogadores de futebol aos clubes. O fato de que mesmo findo o contrato os atletas não poderiam se desvencilhar do clube de futebol sem o passe era altamente criticado e extremamente prejudicial aos jogadores. Assim ensina Amauri Mascaro Nascimento:
“Nesse sistema em matéria de direito do trabalho, não existe nada mais obsoleto o trabalhador é reduzido à condição de res, e como tal submetido a poder arbitrário e despótico de deliberação do empregador. O direito do passe ou direito de transferência
unilateral coloca o atleta sob a deliberação soberana do empregador, que decide a seu respeito como decide a respeito das coisas de sua propriedade’”. (NASCIMENTO, 1996. P. 361-365)
A noção de que o passe se configuraria como um instituto regido pelo direito de trabalho era grande, na medida em que os clubes se caracterizariam como empregadores e os jogadores como empregados. Porém quando se considera o passe como um conceito mais intimamente relacionado ao direito civil, ou seja, um instituto extraordinário que tem suas próprias peculiaridades em virtude da sua aplicação e do seu âmbito (atividade esportiva) pode-se enxergar o passe de outra maneira.
Seguindo essa visão, leciona o Professor Evaristo de Moraes Filho o passe trata-se de instrumento adotado em toda a parte, regulado pela legislação internacional como única medida capaz de impedir a concorrência desleal e o aliciamento ilícito dos jogadores, dentro ou fora do país. Para ele sem o instituto do passe, na ganância de auferir altas rendas nos espetáculos públicos, juntamente com o significado econômico e moral das vitórias, e dos campeonatos, não haveria mais certeza nem garantia alguma nas contratações, de cuja insegurança seriam vítimas e algozes, ao mesmo tempo, os atletas e as associações desportivas. (MORAES FILHO apud SILVEIRA, 2001)
Tendo em mente as considerações pertinentes acima recortadas, percebemos que o passe livre pode ser visto como um problema. A extinção do passe removeria dos clubes o interesse de investir de verdade na formação dos jogadores do seu clube, visto que qualquer empresário poderia vir e adquirir jogadores sem ter que compensar o clube pelo seu esforço. Essa insegurança faz com que não haja incentivo para se desenvolver atletas, visto que todo o investimento feito pelo clube pode acabar não dando frutos. Pior do que isso, pode acabar sendo prejuízo, visto que o investimento simplesmente não teria retorno dependendo da rapidez com a qual empresários retirassem jogadores promissores das mãos dos clubes com ofertas atraentes (RICHARD, 2017).
Além disso, a remoção do passe atrai certas leis da economia para atuar. Um exemplo disso é a demanda por jogadores talentosos por parte de clubes estrangeiros, que pode ser suprida de forma muito mais fácil e veloz com a remoção do instituto do passe. Sem necessidade de pagar o passe, os clubes estrangeiros podem buscar jogadores brasileiros e oferecer-lhes salários altos, removendo os atletas mais promissores dos clubes brasileiros. Para alguns, essa consequência afeta a verdadeira essência do futebol brasileiro, uma vez que nossos craques estariam todos jogando fora do país.
Segundo Richard (2017) os clubes de futebol demonstraram forte repulsa à extinção do passe e lutaram para alterar o texto legal da Lei Pelé. Tal pressão trouxe certas mudanças que se tem atualmente nos artigos 28 e 29 da Lei, que estipulam a possibilidade de assinatura de contrato de 5 anos entre clubes e jogadores (a partir dos dezesseis anos de idade), prorrogável por mais 2 anos. A proteção a esse contrato seria semelhante às dos institutos contratuais tutelados pelo Código Civil, o que inclui a exigibilidade de inserção de uma cláusula penal no contrato referido.
Como já era de se esperar, a cláusula penal acabou servindo como uma espécie de substituição do passe. Antes de seguirmos com essa linha de raciocínio, cabe lembrarmos o importante fato de que a cláusula penal é acessória, como bem ensina Rubens Limongi França:
“A cláusula penal é um pacto acessório ao contrato ou a outro ato jurídico, efetuado na mesma declaração ou declaração à parte, por meio do qual se estipula uma pena, em dinheiro ou outra utilidade, a ser cumprida pelo devedor ou por terceiro, cuja finalidade precípua é garantir, alternativa ou cumulativamente, conforme o caso, em benefício do credor ou de outrem, o fiel cumprimento da obrigação principal, bem assim, ordinariamente, constituir-se na pré-avaliação das perdas e danos e em punição ao devedor inadimplente”. (FRANÇA apud GRAICHE, 2006)
A cláusula penal depende e está diretamente relacionada à obrigação principal do contrato. No entanto, em virtude da natureza da atividade esportiva e do contrato em questão, fica claro que eventual ativação da cláusula penal pode resultar em um valor muito maior do que o estimado no contrato. Isso se dá por conta do desenvolvimento do atleta, que pode superar todas as expectativas das partes, e de sua posterior contratação por outros empresários. Dito isso, nos vem à cabeça o artigo 412do Código Civil, que proíbe que o valor cominado na cláusula penal exceda o da obrigação principal (RICHARD, 2017).
No entanto, o próprio artigo 28 da Lei Pelé derruba a previsão do artigo 412do Código Civil pela sua especificidade, e estipula em seu parágrafo 3º o seguinte:
“Art. 28. A atividade do atleta profissional é caracterizada por remuneração pactuada em contrato especial de trabalho desportivo, firmado com entidade de prática desportiva, no qual deverá constar, obrigatoriamente:
[...] § 3º O valor da cláusula compensatória desportiva a que se refere o inciso II do caput deste artigo será livremente pactuado entre as partes e formalizado no contrato especial de trabalho desportivo, observando-se, como limite máximo, 400 (quatrocentas) vezes o valor do salário mensal no momento da rescisão e, como limite mínimo, o valor total de salários mensais a que teria direito o atleta até o término do referido contrato."
Sobre a transferência internacional, o parágrafo 5º do mesmo artigo estipula que não haverá limites sobre o valor da cláusula penal (desde que isso esteja expresso no próprio contrato). O parágrafo 4º também traz uma inovação no sentido em que permite a progressividade da cláusula penal, fazendo com que esta seja reduzida em porcentagem a cada ano que o contrato é cumprido, característica que não existe na cláusula penal não específica ao direito desportivo.
Assim uma dúvida foi levantada: pode o atleta acionar a cláusula penal, ou trata-se de recurso disponível apenas para os clubes? No dia 18 de fevereiro de 2005, o Tribunal Superior do Trabalho proferiu decisão afirmando que era possível a aplicação de cláusula penal em favor do atleta (RR - 1490/2002-022-03-40). Álvaro Melo Filho entende na direção oposta à visão adotada pelo tribunal, como vemos a seguir:
“É importante aduzir que a cláusula penas desportiva (art. 28) é aplicável apenas ao atleta que ‘quebra’ unilateralmente o contrato, pois no caso de esse rompimento ser de iniciativa do clube, aplica-se multa rescisória (art. 31) em favor do atleta. Quanto o § 3º do art. 28 não fixar limite para avençar a cláusula penal nas transferências internacionais, deixa evidenciado que o transferido é o atleta, e não o clube, daí porque a cláusula penal incide exclusivamente sobre o atleta. Além disso, quando o art. 33 refere-se a condição de jogo (conceito aplicável tão-somente a atleta, e nunca a clube), que só será concedida com a ‘prova do pagamento da cláusula penal’, reforça o entendimento de que a cláusula penal incide apenas sobre a resolução unilateral pelo atleta profissional. (...) o mesmo legislador no art. 57, II, dissipa qualquer dúvida ao grafar que cláusula penal será paga pelo atleta. Assim, vê-se, em face de interpretação sistemática, que a cláusula penal desportiva é devida somente pelo atleta ao clube nos valores pactuados no respectivo contrato profissional desportivo.” (MELO FILHO, 2006)
O professor segue explicando que a própria finalidade da cláusula penal é de compensar o clube pelas perdas que advirem do descumprimento do contrato por parte do atleta, uma espécie de substituição do passe. Desta forma, não faria sentido aplicar o instituto da cláusula penal ao atleta. 
Os conceitos jurídicos utilizados para suprir a extinção do passe alcançada pela Lei Pelé, leva a analise da multa rescisória. Prevista na Consolidação das Leis do Trabalho em seu artigo 479, a multa rescisória é devida quando o clube rescinde o contrato de trabalho do jogador antes
do vencimento previsto, e trata-se de um pagamento de 50% do que o jogador receberia até o final do contrato se continuasse vinculado ao clube. Importante ressaltar também que existe a mora salarial do artigo 31 da Lei Pelé, que não é uma multa rescisória, mas se aplica à maioria das situações desta.
Conclusão
A Lei Pelé apesar das controvérsias acerca da “empresarialização” dos clubes de futebol brasileiros, o grande tópico que até hoje é ferozmente discutido é a extinção do “passe” que a lei trouxe. Como visto, tal controvérsia ainda não foi resolvida e provavelmente será fruto de outras numerosas discussões no futuro. Dito isso, ficou evidente, através da análise dos dispositivos pertinentes e da doutrina, que a Lei Pelé permitiu uma troca do passe pela inclusão da cláusula penal específica ao direito desportivo e da multa rescisória, não eliminando por completo a compensação dada aos clubes de futebol pelo desenvolvimento do atleta. Se essas medidas são suficientes para suprir o passe, não há consenso. O que sabemos é que o futebol continuará se desenvolvendo com as disposições da Lei Pelé e os clubes, jogadores, e empresários continuarão buscando seus melhores interesses.
Referências
GRAICHE, Ricardo. Interpretando a cláusula penal desportiva. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/8102/interpretandoaclausula-penal-desportiva>. Acesso em: 29/10/2018.
MELO, Bruno Herrlein Correia de. MELO, Pedro Herrlein Correia de. A Lei Pelé e o fim do “passe” no desporto brasileiro. Disponível em: <http://www.ambito-jurídico.com.br/site/index.php?artigo_id=1523&n_link=revista_artigos_leitura#_ftnref8>. Acesso em: 29/10/2018.
MELO FILHO, Álvaro. Futebol brasileiro e seu arcabouço jurídico. Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia_articuladas.aspx?cod=26148>. Acesso em: 29/10/2018.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 12 ed., São Paulo: Saraiva, 1996.
SILVEIRA, Mauro Lima. Alguns comentários sobre a Lei 9.615/98. A lei Pelé. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/2178/alguns-comentarios-sobrealei-9-615-98>. Acesso em: 29/10/2018.
RICHARD, Julien de Carvalho. Uma análise dos impactos e das controvérsias da Lei nº9.615/98 (Lei Pelé), 2017. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/2178/alguns-comentarios-sobrealei-9-615-98>. Acesso em: 29/10/2018.

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