Buscar

Keynes (1930) Circulação Industrial e Circulação Financeira Cap. 15

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A TREATISE ON MONEY - THE PURE THEORY OF MONEY 
John Maynard Keynes, 1930. 
Tradução: Everton Sotto Tibiriçá Rosa 
 
Capítulo 15 
A CIRCULAÇÃO INDUSTRIAL E A CIRCULAÇÃO FINANCEIRA 
 
 I. INDÚSTRIA E FINANÇAS DISTINGUIDAS E DEFINIDAS 
 
 Nós devemos nos voltar neste momento para a análise dos fatores que tendem a 
trazer mudanças no valor do dinheiro e ao seu modo de operação. 
 Para este propósito será necessário fazer mais uma classificação, em certa 
medida, sobre a nossa divisão da quantidade total de moeda (no capítulo 3) em 
depósitos de renda, depósitos de negócios e depósitos de poupança - isto é, a divisão 
entre os depósitos usados para os propósitos da indústria, os quais devemos denominar 
de circulação industrial, e aqueles utilizados para os propósitos de finanças, os quais 
devemos denominar de circulação financeira. 
 Por indústria nós nos referimos às atividades de manutenção do processo normal 
do produto corrente, distribuição, troca e pagamento das rendas dos fatores de produção 
por suas várias obrigações desempenhadas desde o início da produção até a satisfação 
final do consumidor. Por finanças, de outro lado, nós nos referimos à atividade de reter 
e trocar títulos existentes de riqueza (outros que as trocas resultantes da especialização 
da indústria), incluindo bolsa de valores e transações nos mercados monetários, 
especulação e o processo de transporte das poupanças correntes e dos lucros para as 
mãos dos empresários. 
 Cada um destes dois ramos de atividades utiliza certa parcela do estoque total de 
dinheiro. De modo geral, a indústria requer a utilização dos depósitos de renda e parte 
dos depósitos de negócios, que nós iremos denominar de depósitos de negócios A; 
enquanto as finanças requerem a utilização de depósitos de poupança e o que restou dos 
depósitos de negócios, que nós iremos denominar de depósitos de negócios B. Assim a 
soma dos dois primeiros é a circulação industrial e a soma dos dois últimos é a 
circulação financeira. Desde que nós devemos argumentar que a variabilidade absoluta 
dos depósitos de negócios B é, como regra, apenas uma pequena proporção da 
quantidade total de dinheiro, isto sendo consequência da sua elevada velocidade de 
circulação, mudanças nos depósitos de caixa [cash deposits] (i.e. depósitos de renda 
mais depósitos de negócios) são geralmente uma boa aproximação das mudanças da 
circulação industrial; e, similarmente, mudanças nos depósitos de poupança das 
mudanças da circulação financeira - o que felizmente nos traz para a classe de depósitos 
cuja magnitude nós temos moderadamente boas indicações estatísticas. 
 
II. FATORES DETERMINANTES DO VOLUME DA CIRCULAÇÃO INDUSTRIAL 
 
 Desde que M1V1 = E, a quantidade de dinheiro M1 requerida para os propósitos 
de depósitos de renda depende parcialmente de E, o volume de renda, e parcialmente de 
V1, a velocidade de circulação dos depósitos de renda; e desde que E = W1O, E depende 
de W1 , a taxa monetária de eficiência dos ganhos, e O, o volume de produto. A causa 
que determina a variabilidade de V1 nós deveremos considerar em detalhes no volume 2, 
capítulo 24. 
 Com relação as depósitos de negócios A, é evidente, em primeiro lugar, que o 
parte do seu volume tende a se mover da mesma forma que os depósitos de renda. Os 
depósitos de renda estão constantemente fluindo para os depósitos de negócios através 
das aquisições de produtos e fluindo para fora deles através do pagamento de salários. 
Aquela parte dos depósitos de negócios que representa o faturamento das vendas aos 
consumidores e a remuneração dos fatores de produção devem, portanto, ter a mesma 
proporção em relação aos depósitos de renda, assim como a velocidade dos últimos (V1) 
deve ter para os primeiros (V2), desta forma eles flutuam juntos enquanto a relação entre 
as velocidades não se altera. 
 Em segundo lugar, os preços dos produtos inacabados (i.e. do working capital) 
em condições de equilíbrio irão refletir os preços dos bens acabados. Ademais, os custos 
de produção e, portanto os preços, dos bens de capital fixo irão, em equilíbrio, também 
se mover com a taxa monetária da eficiência dos ganhos da mesma forma como os 
preços dos outros bens. Além disto, a relação entre o volume destas transações e o 
volume de produto será bem similar aos depósitos de renda. Assim, parte da quantidade 
de depósitos de negócios requeridos entre os empresários para a troca de bens 
inacabados e de bens de capital fixos recentemente acabados irão tender, nestas 
condições, a variar na mesma proporção dos depósitos de negócios. 
 Mas permanece algumas razões de porque a quantidade de depósitos de negócios 
A pode variar de forma diferente dos depósitos de renda, sendo: 
 (a) a importância comparativa entre diferentes artigos para depósitos de renda e 
depósitos de negócios varia respectivamente de forma considerável - i.e. eles são 
diferentemente "ponderados"; assim as mudanças nos preços relativos estão sujeitas a 
perturbar a relação entre as duas classes de depósitos. Pela mesma razão a relação pode 
ser perturbada por uma mudança no caráter da produção. 
 (b) Uma suposição de estabilidade na razão entre as velocidades dos depósitos 
de renda e dos depósitos de negócios A não é confiável. O último não está preso a uma 
medida de estabilidade, como está o primeiro, pela regularidade nas datas de 
pagamentos que geralmente caracterizam os desembolsos de salários e ordenados. 
 A evidência, a qual devemos considerar no capítulo 24, indica que V2, a 
velocidade de circulação dos depósitos de negócios como um todo, é altamente variável. 
Entretanto está variabilidade se deve frequentemente, na maior parte, não a mudanças 
nas velocidades dos depósitos de negócios A e dos depósitos de negócios B, mas a 
mudanças na proporção da distribuição dos depósitos de negócios totais entre A e B, 
mesmo assim não pode haver dúvidas de que há flutuações de curto prazo de alguma 
magnitude na velocidade de circulação dos depósitos de negócios que se devem à 
variações na quantidade de sacrifício na retenção de saldos, assim como a outras causas. 
Assim, quando os negócios estão ativos e o custo de empréstimos é elevado, as 
empresas tenderão a economizar a quantidade de depósitos de negócios A que elas 
mantêm. Além disso, quando a renda real está caindo por conta de um declínio no 
emprego, o público deve agir por algum tempo de forma a manter o seu padrão de vida 
através da redução dos seus depósitos de renda, aumentando assim a velocidade V1 em 
um momento em que V2 deve provavelmente estar declinando; assim com exceção de 
mudanças devidas à desconfiança na moeda, as quais podem, como nós sabemos, ser 
catastróficas, eu tendo a opinar que as flutuações de curto prazo de V1 são 
inconsideráveis
1
. Em qualquer caso, V1 e V2 devem apresentar tendências diferentes ao 
longo dos períodos, devido a mudanças progressivas nos hábitos de negócios ou no 
caráter de produção. 
 (c) Terceiro, os depósitos de negócios A e o seu nível de preço devem ser 
influenciados pela emergência de lucros ou prejuízos, os quais, em algumas 
 
1
 A variabilidade das velocidades de circulação é uma matéria que nós devemos retornar em detalhes no 
capítulo 24. 
circunstâncias, podem afetar o nível de preços e os requerimentos para a circulação 
monetária modificando a proporção, caso modifique, no volume de depósitos de renda. 
 Todavia, os requerimentos para a circulação monetária serão menos afetados por 
uma mudança de aumento de preços por este motivo do que por uma mudança 
equivalente provocada pela elevação da taxa de eficiência dos ganhos. Este é 
particularmente o casode quando os lucros estão emergindo devido à elevação nos 
preços dos insumos que ainda não foram transferidos para o consumo de bens finais. 
Nós podemos convenientemente denominar este estado de coisas como especulação de 
commodity, que se refere ao movimento de preços dos bens em processo de produção e 
que ainda não se refletiram no poder de compra do dinheiro. Flutuações nos preços dos 
insumos, para as quais o índice de preços das matérias-primas do atacado pode servir 
como representação razoável, podem ser mantidas por expectativas sobre quais preços 
poderão ser obtidos na revenda destes bens em uma data subsequente seja nesta ou em 
uma forma mais acabada. Assim por algum tempo, a extensão do que será determinado 
pela duração dos processos produtivos e pelo custo de carregamento dos estoques, a 
elevação no nível [de preços] do atacado pode ser sustentada sem um aumento 
correspondente no nível de consumo. 
 Segue-se que uma elevação especulativa no nível [de preços] do atacado, não 
acompanhada por uma elevação no nível do consumo, é particularmente improvável de 
ser revertida por uma escassez na quantidade de moeda. Além disso, existe uma 
defasagem temporal adicional entre a elevação de preços e a demanda por moeda, na 
qual as cotações dos preços correntes refletem os preços nos quais os contratos para 
realização futura estão sendo definidos no presente momento; é por isso que até a data 
da realização dos contratos os preços mais elevados não demandarão elevação nos 
depósitos de negócios. Se, na verdade, o movimento especulativo não é sustentado no 
seu devido curso por uma elevação no nível de consumo, então ele é improvável de 
sobreviver por muito tempo. Neste caso as expectativas [sobre o que o movimento 
especulativo está baseado] serão desapontadas. Não obstante, o tempo que decorre antes 
da reação pode ser bastante substancial; e durante este intervalo o movimento do nível 
do atacado e de parte dos depósitos de negócios relacionados a transações com insumos 
serão parcialmente divorciadas dos depósitos de renda e do nível de consumo. 
 Por variadas razões as mudanças no volume da circulação industrial como um 
todo não corresponderão de forma acurada às mudanças no volume dos depósitos de 
renda. Não obstante, o principal volume da circulação industrial - que é também 
influenciado em alguma extensão por mudanças no caráter da produção, nos hábitos do 
público e do mundo de negócios, e no sacrifício envolvido em manter os recursos na 
forma de dinheiro - irá variar com E, a renda monetária agregada, i.e. com o volume e o 
custo de produção do produto corrente. 
 
III. FATORES DETERMINANTES DO VOLUME DA CIRCULAÇÃO 
FINANCEIRA 
 
 A quantidade de dinheiro exigida para o propósito financeiro, que nós devemos 
denominar de circulação financeira, é, entretanto, determinada por um conjunto 
diferente de considerações. Neste caso, também, a quantidade de depósitos de negócios 
B exigidos para atender negócios financeiros depende - com exceção de possíveis 
variações na velocidade destes depósitos - do volume de negociação X o valor médio 
dos instrumentos negociados. Mas o volume de negociação dos instrumentos 
financeiros, i.e. a atividade dos negócios financeiros, não é apenas altamente variável 
como não tem conexão próxima com o volume de produto, seja bens de capital ou bens 
de consumo; o produto corrente de capital fixo é pequeno quando comparado com o 
estoque de riqueza, que representa no contexto presente o que nós iremos denominar de 
volume de securities (excluindo deste as obrigações líquidas em dinheiro); e a atividade 
pela qual estas securities são passadas de uma mão a outra não depende da taxa com que 
elas são adicionadas. Assim na bolsa de valores moderna da comunidade o volume de 
negócios de capital fixo correntemente produzido é apenas uma pequena proporção do 
volume total de negócios com securities. 
 O preço das securities existentes não depende de perto ao longo de curtos 
períodos do custo de produção ou do preço do novo capital fixo. As securities existentes 
em sua maioria consistem em propriedades que não podem ser reproduzidas 
rapidamente, de recursos naturais que não podem ser reproduzidos de forma alguma, e 
do valor capitalizado de uma renda futura antecipada pela posse de vantagens 
particulares de quase-monopólios de um tipo ou de outro. O boom de investimento nos 
Estados Unidos em 1929 foi um bom exemplo do enorme aumento do preço das 
securities como um todo que não foi acompanhado por nenhum aumento no preço do 
produto corrente do novo capital fixo. Além disso, o valor das duas categorias de 
riqueza negociadas, denominadas de capital de empréstimo [loan capital] (ex. bonds) e 
capital real [real capital] (ex. ações), irão com frequência se mover em direções 
opostas, de forma a se compensarem parcialmente. 
 O fato do volume de negócios financeiro variar independentemente do volume 
de negócios industriais não é, entretanto, de muita importância prática como poderia ser 
de se esperar. A velocidade dos depósitos de negócios B é tão elevada - como resultado 
de grande desenvolvimento de mecanismos que economizam dinheiro através da 
compensação da bolsa de valores e similares - que a quantidade absoluta de variações 
no volume de dinheiro empregado não pode ser normalmente muito grande. 
 A principal variação na demanda total por dinheiro para propósitos financeiros 
surge, contudo, de forma bastante diferente, pelo volume dos depósitos de poupança. 
 A existência de depósitos de poupança é uma indicação de que existem pessoas 
que preferem manter seus recursos na forma de direitos sobre dinheiro de uma 
característica líquida realizável de forma imediata. De outro lado, existe outra classe de 
pessoas que toma emprestado dos bancos para financiar a aquisição de securities em 
volume superior aos seus próprios recursos. 
 Os depósitos de poupança se dividem em duas categorias. Eles incluem, como 
regra, um nível substancial e estável de depósitos de poupança que são mantidos porque 
o detentor tem uma visão adversa sobre valor monetário esperado das securities, por 
uma ou outra das razões pessoais enumeradas no capítulo 3; existem proprietários de 
riqueza, é possível afirmar, que preferem permanentemente deter depósitos de poupança 
a securities. Assim, a quantidade deste tipo de depósito de poupança é provavelmente 
de mudança muito lenta, qualquer mudança rápida no total de depósitos de poupança é 
indicador de que existem mudanças na categoria secundária. 
 Vamos denominar estas duas categorias de depósitos de poupança A e B 
respectivamente. 
 A segunda categoria de depósitos de poupança compreende o que, em linguagem 
emprestada da bolsa de valores, nós iremos denominar de posição 'bear' - incluindo, 
contudo, como bears nçao apenas aqules que vendem securities no 'short', i.e. que 
vendem securities que eles não possuem, mas também aqueles que normalmente seriam 
detentores de securities mas preferem no momento reter direitos líquidos em dinheiro 
na forma de depósitos de poupança. Um 'bear', pode-se dizer, é alguém que prefere no 
momento evitar securities e a emprestar dinheiro, e correspondentemente um 'bull' é 
alguém que prefere ter securities e a tomar emprestado - o primeiro antecipa que as 
securities irão perder valor e o último que elas irão subir. 
 Quando o sentimento bull está em elevação, haverá uma tendência à queda dos 
depósitos de poupança. A quantidade desta queda dependerá de quão completamente o 
aumento do preço das securities em relação às taxas de juros de curto prazo 
contrabalança o sentimento otimista [bullishness]. Existirá um nível de preços das 
securites no qual a opinião média compensao sentimento otimista, de tal forma que o 
volume de depósitos de poupança fica inalterado. E se o preço das securities for ainda 
mais alto do que isso, então o volume de depósitos de poupança irá se elevar. Mas (com 
exceção de variações compensatórias nos requerimentos da circulação industrial) o 
volume de depósitos de poupança apenas pode ser mantido ou elevado em virtude de 
um aumento do sentimento 'bull', caso o sistema bancário diretamente estimule a 
elevação dos preços das securities pela compra de securities ou se ele tomar vantagem 
do fato de que diferenças de opinião existem entre diferentes setores do público tal que, 
se um setor é tentado pelo crédito fácil a tomar emprestado para o propósito de 
aquisição de securities de forma especulativa, o preço das securities pode se elevar ao 
nível no qual outro setor do público irá preferir depósitos de poupança. Assim, o nível 
de preços das securities é, como nós vimos no capítulo 10, o resultado do grau de 
otimismo e do comportamento do sistema bancário. 
 Segue-se que uma queda anormal nos depósitos de poupança, acompanhada por 
um aumento nos preços das securities, provavelmente irá indicar um consenso de 
opinião em favor das securities contra dinheiro devido ao sentimento otimista que é 
insuficiente para compensar a elevação nos preços das securities; enquanto uma 
elevação anormal nas mesmas circunstâncias possa indicar uma diferença de opinião a 
respeito das expectativas sobre as securities, a parte dada pelos 'bulls' que estão 
comprando securities e tomando dinheiro emprestado através do sistema bancário da 
parte dos 'bears'; o que parece existir em larga escala - para dar um exemplo - nos 
Estados Unidos em 1928 e 1929. Assim, durante o boom de Wall Street de 1929 a 
atenção foi corretamente concentrada nos aumentos e diminuições no volume de 
'broker's loans'; um aumento significava que a subida do preço das securities teria ido 
além do ponto no qual teria sido suficiente para compensar o sentimento otimista 
médio, no sentido de que isso levou a um aumento na posição 'bear'. 
 Em modernas condições, tanto na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, a posição 
'bear' total pode, é claro, exceder em muito a quantidade de depósitos de poupança B, 
desde que investidores profissionais tenham outros, e geralmente mais lucrativos, meios 
de emprestar fundos de 'bears' contra direitos líquidos em dinheiro a passar pelo sistema 
bancário, ex. por comprar títulos do tesouro e por empréstimos diretos ao mercado 
monetário e à bolsa de valores; e pode-se acrescentar a estas as transações de 'bears' que 
venderam o que não possuiam, o que diretamente se contrapõe às transações de 'bulls' 
que "carregam" o que eles compraram. Contudo, as flutuações nos depósitos de 
poupança B - incluindo nestas flutuações os depósitos das empresas industriais que 
estão carregando mais ou menos dinheiro para insumos e mão de obra [working capital] 
do que o usual por conta da desconfiança ou confiança nas expectativas, e também os 
depósitos de instituições que compraram isso para tomar vantagem da atividade 'bull' 
para levantar fundos para vender securities, novas ou velhas, à frente de suas 
necessidades reais - são capazes de serem importantes. Assim, as flutuações nos 
depósitos de poupança B são provavelmente o elemento mais importante de 
variabilidade na demanda por dinheiro devido ao [motivo] financeiro. 
 A quantidade total da circulação financeira depende, portanto, parcialmente da 
atividade de transações mas principalmente da magnitude da posição 'bear' - ambas 
sendo provavelmente um fenômeno mais de mudanças rápidas dos preços do que de 
nível absolutamente alto ou baixo. 
 Agora, enquanto a tendência dos depósitos de poupança (M3) para aumentar ou 
diminuir é uma indicação do aumento ou diminuição da posição 'bear', existem ao todo 
quatro possíveis tipos de mercados especulativos: 
 (i) O mercado 'bull' com consenso de opinião, i.e. os preços das securities estão 
subindo mas de forma insuficiente de modo que M3 está caindo, e os 'bears' estão 
fechando suas posições em um mercado em elevação. 
 (ii) O mercado 'bull' com divisão de opinião, i.e. os preços das securities estão 
subindo mais do que suficiente tal que o M3 está subindo, e os 'bears' estão aumentando 
suas posições em um mercado em elevação. 
 (iii) O mercado 'bear' com divisão de opinião, i.e. os preços das securities estão 
caindo mais do que suficiente tal que M3 está caindo, e os 'bears' estão fechando suas 
posições em um mercado em queda. 
 (iv) O mercado 'bear' com consenso de opinião, i.e. os preços das securities 
estão caindo de forma insuficiente tal que o M3 está subindo, e os 'bears' estão 
aumentando suas posições em uma mercado em queda. 
 Um aumento nos depósitos de poupança, não compensados por aumento dos 
ativos dos bancos em quantidade equivalente a este aumento, irá diminuir a quantidade 
de dinheiro disponível para a circulação industrial, isto segue que, falhando a ação 
compensatória do sistema bancário, especulações do tipo (i) e do tipo (iii) têm o mesmo 
efeito sobre a indústria como um aumento da oferta de dinheiro, enquanto as do tipo (ii) 
e do tipo (iv) tem o mesmo efeito de uma redução da oferta de dinheiro. 
 De outro lado, quando os preços das securities estão em elevação, é provável - 
em geral, mas não necessariamente - um estímulo para a elevação de P', o nível de 
preço do novo investimento, e quando o preço das securities está em queda, o caso 
oposto é provável. Assim especulações do tipo (i) tendem a reduzir o poder de compra 
do dinheiro em ambos os casos, desde que através de um aumento na oferta de dinheiro 
para a circulação industrial permite-se o aumento do investimento, e por um aumento de 
P' aumenta-se a atratividade do investimento. De forma similar, especulações do tipo 
(iv) tendem a elevar o poder de compra do dinheiro em ambos os casos. Porém as 
especulações do tipo (ii) e (iii) empurram em diferentes posições; o tipo (ii), por 
exemplo, aumenta a atratividade do novo investimento, mas ao mesmo tempo diminui, 
mantendo outras coisas iguais, a oferta de dinheiro para a circulação industrial. 
 Nós concluimos, portanto, que mudanças na situação financeira são capazes de 
causar mudanças no valor do dinheiro de duas maneiras. Elas têm o efeito de alterar a 
quantidade de dinheiro disponível para a circulação industrial; e elas podem ter o efeito 
de alterar a atratividade do investimento. Assim, a menos que o primeiro efeito seja 
compensado por uma mudança na quantidade total de dinheiro e o último por uma 
mudança nos termos de empréstimos, uma instabilidade no nível de preços do produto 
corrente irá acontecer. 
 A dificuldade é de que os dois possíveis efeitos de uma dada situação financeira 
não necessariamente vão levar à mesma direção. Talvez, entretanto, nós possamos estar 
habilitados neste ponto (em antecipação dos tópicos que pertencem mais propriamente 
ao volume 2) ressaltar que o dever do banco central é o de se empenhar para administrar 
a situação monetária, bem como preservar o nível de preços estável para o produto 
corrente. 
 O dilema frente a isto - para pegar o tipo (ii) como ilustração - é como se segue. 
Se o banco eleva o volume de moeda bancária para evitar qualquer risco de que a 
circulação financeira roube recursos da circulação industrial, ele irá encorajar a 
continuação do mercado 'bull', com a probabilidade de elevar o valor de P' que 
conduzirá a um sobreinvestimento; enquanto se ele se recusar a aumentar o volume de 
moeda bancária, ele pode diminuir a quantidade de dinheiro disponível para a indústria, 
ou então elevar a taxa de juros incidente sobre o que está disponível, o que teráuma 
tendência deflacionária imediata. 
 A solução se baseia - tão logo se preocupe com a estabilidade do poder de 
compra - em deixar que a indústria e as finanças tenham tanto dinheiro quanto desejam, 
mas a uma taxa de juros que em seu efeito sobre a taxa do novo investimento 
(relativamente a poupar) compense exatamente o efeito do sentimento otimista. 
Diagnosticar precisamente a posição a cada estágio e alcançar a compensação exata 
pode algumas vezes estar, entretanto, acima da inteligência do homem. Além disso, 
pode ocorrrer na prática que a taxa de juros é elevada o bastante para evitar o futuro 
sobreinvestimento como resultado da redução do produto presente abaixo do ótimo - 
assim eu penso que isto pode ocorrer apenas através de previsões imprecisas, ou por 
dificuldades em se modificar de um tipo de produto para outro. Neste evento algum 
distúrbio sobre a estabilidade por ser inevitável. Assim, não existe maneira, com 
exceção do que algumas vezes é tentado na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, através 
de um processo de sucesso dúbio, que se trata de discriminar os termos de empréstimos 
(tanto na taxa cobrada ou por racionar a quantidade emprestada) entre os tomadores 
industriais e financeiros. Se os termos dos empréstimos para ambas as categorias de 
tomadores têm que ser quase idênticos, então, dadas previsões inacuradas de certos 
compradores de securities, pode fazer com que a taxa de juros seja elevada o suficiente 
para evitar a expectativa de sobreinvestimento, sendo calculada para produzir 
desemprego no presente. 
 Nós somos deixados, portanto, com uma conclusão ampla de que a estabilidade 
do poder de compra e do produto exige que o total de depósitos deva ser permitido a se 
elevar e a se reduzir pari passu com qualquer mudança no volume de depósitos de 
poupança; mas os termos de empréstimos devem ser ajustados - na extensão que é 
praticamente possível - de forma a compensar o efeito do sentimento otimista ou 
pessimista nos mercados financeiros na taxa do novo investimento. 
 No longo prazo o valor das securities é inteiramente derivado do valor dos bens 
de consumo. Isto depende da expectativa de como o valor de uma quantidade líquida de 
bens de consumo a qual as securities, diretamente ou indiretamente, irão render, 
modificadas por referência ao risco e à incerteza destas expectativas, multiplicadas pelo 
número de anos de compra correspondente à taza de juros corrente para o capital da 
maturidade em questão; e onde os produtos representados por estas securities são 
capazes de serem reproduzidos, o valor antecipado dos bens de consumo resultantes dos 
bens de capital será influenciado pelo custo de produção dos bens de capital em questão, 
desde que isso afeta a oferta esperada destes bens. 
 Mas no curtíssimo prazo, isso depende da opinião em grande parte não 
controlada por nenhum fator monetário corrente. Um elevado valor para as securities 
não é imediatamente associado a fatores monetários da forma como um aumento similar 
dos preços dos bens de consumo correntemente seria associado a uma escassez de renda 
suficiente para adquirí-los. Nós vimos que a quantidade de depósitos de negócios B 
exigidos para a transação dos negócios financeiros depende pelo menos da atividade dos 
mercados como do valor médio dos instrumentos negociados, e assim com relação à sua 
elevadíssima velocidade de circulação, qualquer aumento [nestes depósitos] é 
facilmente abastecido sem muito efeito na oferta de dinheiro para outros propósitos; 
com o resultado de que não podemos nos basear nisto para confirmação. 
 Neste sentido, a opinião tem uma influência dominante sobre a posição para um 
grau que não se aplica no caso da quantidade de moeda exigida para atender uma dada 
conta de salários. Se todos concordam que as securities estão valendo mais, e se todo 
mundo é um 'bull' no sentido de preferir securities a um preço em elevação a aumentar 
seus depósitos de poupança, não existe limite para a elevação de preços das securities e 
nenhuma limitação efetiva surgirá por falta de dinheiro. 
 Entretanto, tão logo os preços das securities tenham se elevado o suficiente, em 
relação à taxa de juros de curto prazo, para ocasionar uma diferença de opinião com 
relação às expectativas, a posição 'bear' irá se desenvolver, e algumas pessoas irão 
começar a elevar seus depósitos de poupança seja a partir de suas poupanças correntes 
ou de seus lucros correntes ou pela venda de securities previamente possuídas. Assim, 
na medida em que a opinião predominante venha parecer não razoável para as pessoas 
mais inseguras, a 'outra visão' começará a se desenvolver, com o resultado de um 
aumento na posição 'bear' - o que traz um fator monetário, um fator que é corretivo 
apenas em um mercado 'bull' - como descrito acima. 
 Finalmente, se o valor das securities existentes de um tipo que é capaz de ser 
reproduzida vier a diferir do custo de produção corrente, isso irá, por estimular ou 
retardar novo investimento, trazer novos fatores monetários da maneira a ser elaborada 
nos capítulos seguintes. 
 Eu deveria dizer, portanto, que a autoridade monetária não tem preocupação 
direta com o nível do valor das securities existentes, como determinadas pela opinião, 
mas ela tem uma preocupação indireta importante se o nível do valor das securities 
existentes é calculado para estimular o novo investimento acima da poupança, ou o 
contrário. Por exemplo, um boom no valor da terra ou a revalorização do capital de um 
monopólio, inteiramente dissociados de qualquer estímulo excessivo ao novo 
investimento, não deveria desviar a autoridade da moeda de manter os termos de 
empréstimos e a oferta total de dinheiro a um nível tal que permita, após satisfazer a 
circulação financeira, a quantidade ótima para a circulação industrial (tão logo esta seja 
compatível com a preservação do equilíbrio externo já que nosso sistema não é 
fechado). O principal critério para interferência em um mercado financeiro 'bull' ou 
'bear' deveria ser, isso pode ser dito, sobre as prováveis reações da situação financeira 
sobre o equilíbrio esperado entre poupança e o novo investimento.

Outros materiais