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2-Paulo_Marcos_F._Andrade_, Carlos Drummond de Andrade

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UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE LINGUAGENS DEPARTAMENTO DE LETRAS CURSO DE LETRAS
PAULO MARCOS FERREIRA ANDRADE
LINGÜÍSTICA II 
BARRA DO BUGRES, MT.
2014
1)No poema abaixo, Carlos Drummond de Andrade exprime sua perplexidade diante do português da “aula de português” do professor Carlos Góis. 
 
Aula de Português
A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
(Drummond, 1976)
 
 
A aula do Prof. Carlos Góis se encaixa em qual tipo de variedade lingüística? 
O poema alude logo de inicio a capacidade da fala, focando que esta se sobrepõe a capacidade de escrita, até porque somos falantes por natureza e escrevemos por conveniência. Em seguida o poeta descreve o quanto o ato de escrever se configura de forma diferente da fala, o que fica evidenciado no seguinte fraguimento “na superfície estrelada de letras”. O poeta imprime ao professor Carlos Góis a capacidade do saber a gramática, e define que seus ensinamentos são como armas que rompem com a atmosfera da ignorância. Ao que se percebe o texto mostra uma aula cujos pilares se firmam no ensino da gramática e língua culta, pois esta fortemente evidenciado no enfoque a escrita correta dos termos.
E com relação ao sentimento do aluno (eu-poético), em qual variedade que ele gostaria de se expressar? Como você chegou a essa conclusão?
O poema nos oferece uma bela reflexão sobre o processo de fala e escrita. Sendo este um processo que se desenvolve ao passo que se dá o desenvolvimento do próprio ser humano. O eu – lírico se queixa desta transformação que língua sofre no decorrer da vida do falante, o que se evidencia na referencia que faz sobre a brevidade da língua que se entrecorta. Este evidencia também que o falante em cada faixa etária de sua vida tem uma forma própria de expressar que depois é substituída por uma língua culta, padrão que é usada de forma institucionalizada. O que o poema sugere é vontade que tem o aluno de se expressar livremente em sua forma coloquial, então o texto nos oferece uma seqüência de verbos, “atropelar, aturdir, seqüestrar” que mostra o pavor deste aluno a respeito da norma culta, o qual julga desconhecê-la. Assim fica claro o desejo de expressão livre, como palavras de criança cuja preocupação é transmitir a mensagem e não com a forma que esta é transmitida.

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