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FARMÁCIA FARMÁCIA –– 2º ano Bioquímica Farmacêutica 2º ano Bioquímica Farmacêutica Prof. Evandro S. Prof. Evandro S. RicardiRicardi FERMENTAÇÃO Palavra de origem latina “fervere”. Descrevia a aparência da ação das leveduras em determinados meios, devido ao desprendimento de CO2. SIGNIFICADO INDUSTRIAL “Qualquer processo para produção de produto por ação de microrganismo” SIGNIFICADO BIOQUÍMICO “Processo anaeróbio de transformação de uma substância em outra, produzida a partir de microrganismos, tais como bactérias e fungos, chamados nesses casos de fermentos” Importância dos Processos Fermentativos Produção de Etanol •Qualquer produto que contenha açúcar ( cana-de-açúcar, milho, beterraba) •Principal: sacarose Produção de Vitaminas •Riboflavina (B2), Cianocobalamina (B12) •Bactérias: Propionibacterium shermanii Produção de Antibióticos •Fleming (1929): fungo Penicillum notatum •Penicilina, Cefalosporina, Ácido Clavulônico Produção de Aminoácidos •Alimentação humana, enriquecimento de ração animal, realce de sabor (glutamato sódico), cisteína (antioxidante) •Isoleucina, fenilalanina, leucina, lisina, metionina, treonina, triptofano, valina CLASSIFICAÇÃO A. Fermentação Lática: 1ª Fase: Glicólise Nesta fase, uma molécula de glicose (C6H12O6), composta por 6 carbonos é desdobrada em duas moléculas de ácido pirúvico, composto por 3 carbonos (C3H4O3). Para desencadear a reação são necessários 2ATP (Adenosina trifosfato), após a glicose é oxidada e duas moléculas NAD+ ficam reduzidas em NADH . Durante o processo são também sintetizadas 4 moléculas de ATP a partir de 4ADP + 4P, ficando com rendimento de 2ATP (4ATP-2ATP-gastos para desencadear a reação) 1C6H12O6 + 2ATP ----------> 2C3H4O3 + 2NADH + 4ATP glicose ác. pirúvico CLASSIFICAÇÃO A. Fermentação Lática: 2ª Fase: Fermentação Lática - Bactéria → lactobacilos utilizados na produção de iogurtes e coalhadas. Seres Humanos → (Glicólise Anaeróbica) contração de células musculares em estado de baixa oxigenação e sobrecarga metabólica (intensidade de exercício). Após a Glicólise, o ácido pirúvico é reduzido pela lactato-desidrogenase ao combinar-se com os hidrogênios transportados pelo NADH originando-se ácido láctico (C3H6O3). 2C3H4O3 + NADH ---------> 2C3H6O3 + NAD + + 2ATP ác. pirúvico ác. láctico CLASSIFICAÇÃO B. Fermentação Alcoólica - Leveduras: Saccharomyces cerevisiae Na fermentação alcoólica, o ác. piruúvico sofre descarboxilação (perda de um átomo de carbono, na forma de CO2), pela ação de uma enzima (piruvato descarboxilase), formando aldeído acético (acetaldeído). Este aldeído sofre redução, oxidando o NADH para NAD+ e formando o etanol (processos intermediados pela enzima álcool desidrogenase ). 2C3H4O3 + 2NADH ---------> 2C3H6O3 + 2CO2 + 2NAD + + 2ATP ác. pirúvico etanol CLASSIFICAÇÃO C. Fermentação Acética Ocorre uma fermentação oxidativa na qual soluções diluídas de etanol são oxidadas por bactérias acéticas com o oxigênio do ar em ácido acético e água. Bactérias Acéticas: são bactérias aeróbias pertencente à família Pseudomonodaceae; aos gêneros Acetobacter e Gluconobacter. As principais espécies de bactérias acéticas são: Acetobacter aceti, Acetobacter pasteurianus, Acetobacter xylinum, Acetobacter schützenbachii e Gluconobacter oxydans. etanol ác. acético alcooxidase ETAPAS DE UM PROCESSO FERMENTATIVO • Formulação do meio do preparo do inóculo e do processo em fermentador • Preparo do inóculo (cultura pura em quantidade suficiente para inoculação do reator) • Esterilização do meio, fermentador e equipamentos • Extração e purificação do produto • Tratamento dos efluentes PROCESSO FERMENTATIVO GENÉRICO Fermentador Microrganismo Preparo do inóculo Nutrientes Preparo do meio Esterilização do meio Controles Esterilização do ar Recuperação do produtoAr Tratamento de efluente Produto Resíduo MICRORGANISMOS Agentes de fermentação Ex: Saccharomyces Meio preparado deve sofrer a ação de biocatalizadores, pela inoculação de uma suspensão de células ativadas. Fermentação alcoólica SUBSTRATOS Fornecimento de nutrientes para síntese de macromoléculas essenciais para a obtenção de energia. Uma grande variedade de matérias- primas, geralmente provenientes da agroindústria, são utilizadas com fontes de substrato e outros nutrientes. Tipos de Substratos Agrupamento das fontes de substrato em função da estrutura e da complexidade molecular dos substratos: • Substratos solúveis: que podem ser facilmente extraídos produto(s) como por exemplo, sacarose, glicose, frutose e lactose, provenientes de cana-de-açúcar, beterraba, melaço, soro de leite, etc. • Substratos insolúveis: que precisam de tratamento moderado para solubilização e hidrólise, antes da conversão em produto(s) como por exemplo, amido de milho, mandioca, trigo, cevada, batata, etc. Elemento Bactéria Levedura Bolor Carbono 50 – 53 45 - 50 40 – 63 Hidrogênio 7 7 Nitrogênio 12 – 15 7,5 – 11 7 – 10 Fósforo 2 – 3 0,8 – 2,6 0,4 – 4,5 Enxofre 0,2 – 1,0 0,01 – 0,24 0,1 – 0,5 Potássio 1,0 – 4,5 1,0 – 4,0 0,2 – 2,5 Sódio 0,5 – 1,0 0,01 – 0,1 0,02 – 0,5 Cálcio 0,01 – 1,1 0,1 – 0,3 0,1 – 1,4 Magnésio 0,1 – 0,5 0,1 – 0,5 0,1 – 0,5 Cloro 0,5 --- --- Ferro 0,02 – 0,2 0,01 – 0,5 0,1 – 0,2 Composição elementar (%) 1.1 Fonte de energia: A adenosina-trifosfato (ATP) é o composto mais importante nas transformações de energia das células. Nas indústrias de fermentação, a fonte mais comum de energia é amido ou melaço. 2) Fonte de carbono Os carboidratos são freqüentemente utilizados como fonte de carbono em processos industriais. Glicose e sacarose - São raramente utilizadas (razões econômicas) Melaço - Sub-produto da produção de açúcar. - Contém cerca de 50 % de açúcar - Composição depende da matéria prima (cana, beterraba) 3) Fonte de nitrogênio Sais de amônia, nitrato e uréia - Sulfato de amônia reduz o pH do meio durante a fermentação Extrato de levedura - Obtido a partir de levedura de panificação - Contém aminoácidos, peptídeos, vitaminas e carboidratos. Peptonas - Hidrolisado de proteína - Custo elevado (pouco usada industrialmente) Farinha de soja - Resíduo obtido após a extração de óleo de soja - Contém 50 % de proteína e 30 % de carboidrato Líquido de maceração do milho - Obtido durante a extração de amido do milho - O extrato concentrado contém cerca de 4 % de nitrogênio 4) Sais minerais São necessários em maior quantidade: Magnésio, fósforo, potássio, enxofre, cálcio e cloro. São necessários em quantidade mínima: Cobalto, cobre, ferro, manganês e zinco. Esterilização do meio de cultura Processo físico ou químico que destrói todas as formas de vida presentes em um determinado material, especialmente microrganismos, incluindo bactérias, fungo e vírus. Calor Seco Úmido Químicos Desinfetantes Quimioterápicos Radiações Ionizante Não Ionizante CALOR Mais eficiente e econômico 1. Calor seco: • oxidação violenta de compostos do protoplasma. • eficiência é relativamente baixa, pois tem pouca capacidade de penetração. • nem todo tipo de material pode ser submetido às temperaturas necessárias para esterilização pelo calor seco (160 a 180°C) durante um tempo mínimo de uma ou duas horas. CALOR 2. Calor úmido: • mais eficiente. • age promovendo a destruição de proteínas e dissolução delipídeos. • tem alta capacidade de penetração e pode ser utilizado para uma grande variedade de materiais. • a forma mais comum de emprego do calor úmido consiste na utilização de vapor de água superaquecido sob pressão. QUÍMICOS • Usados para esterilizar superfícies • Desinfetantes: substâncias que agem diretamente sobre os microrganismos, causando a morte; Ex: fenóis, álcoois, iodo, cloro, glutaraldeído. • Quimioterápicos: interferem nas vias metabólicas dos microrganismos: bacitracina, vancomicina. RADIAÇÃO UV • A radiação UV é absorvida por muitas substâncias celulares, mas de modo mais significativo por ácidos nucléicos, onde geralmente ocorrem as lesões. • A região do espectro de UV com ação esterilizante é de 220 a 300 nm, muitas vezes chamada de região “abiótica”. FERMENTADORES • Recipientes onde ocorre a fermentação; • Biorreatores: equipamento central do processo fermentativo onde ocorrem as reações de transformação dos substratos nos produtos de interesse através da ação dos microrganismos. Classificação dos Biorreatores: Grupo 1: Biorreatores bioquímicos: as reações ocorrem na ausência de células vivas, tipicamente enzimáticos. Grupo 2: Biorreatores biológicos: as reações ocorrem na presença de células vivas. bancada piloto Fermentador tipo cone Reator tipo tanque agitado AGITAÇÃO E MISTURA Terminologias Mosto: toda mistura açucarada (caldo-mel-água) destinada a fermentação. Dornas: são tanques construídos geralmente em aço carbono com capacidade variável. Inóculo: “pé-de-cuba ou pé-de-fermentação”, é o volume de suspensão de microrganismo de concentração variada para garantir a fermentação do mosto. FERMENTAÇÃO DESCONTÍNUA (batch) Operação: • preparação do substrato adequado ao desenvolvimento do microrganismo; • Colocar esse substrato em um biorreator; • Adicionar o microrganismo; • Fermentação; • Retirada do caldo do biorreator e purificação do produto. meio inóculo Meio fermentado FERMENTAÇÃO DESCONTÍNUA (batch) FERMENTAÇÃO - DORNAS BATELADA COM CENTRIFUGAÇÃO (MELLE BOINOT) ÁGUA ÁCIDO DORNA ÁGUA TROCADOR DE CALOR VINHO BRUTO CENTRÍFUGA CUBA FERMENTO TRATADO MOSTO TIPOS DE PROCESSO DE FERMENTAÇÃO Fermentação Batelada DESTILAÇÃO FERMENTAÇÃO DESCONTÍNUA ALIMENTADA (fed-batch) Operação: • Inicialmente se introduz o inóculo ocupando um volume útil de 10 a 20%; • Inicia-se a alimentação com o meio de cultura. meio inóculo Meio fermentado FERMENTAÇÃO CONTÍNUA Operação: • o mosto é misturado com o fermento na primeira dorna; • Passará para as demais num processo contínuo até chegar a dorna onde a concentração de açúcares estará menor possível, podendo assim considerar a dorna morta. fermento mosto FERMENTAÇÃO CONTÍNUA FERMENTAÇÃO - DORNAS CENTRÍFUGA DESTILAÇÃO ÁGUAÁCIDO TRATAMENTO DO FERMENTO MOSTO TIPOS DE PROCESSO DE FERMENTAÇÃO Fermentação Continua Biorreator batelada Biorreator contínuo Vantagens e inconvenientes dos processos contínuos e descontínuos de fermentação CINÉTICA DOS BIOPROCESSOS • Consiste na análise da evolução dos valores de concentração de um ou mais componentes do sistema produtivo, em função do tempo do bioprocesso. • Entendem-se como componentes, o microrganismo (biomassa), os produtos do processo (metabólitos) e os nutrientes ou substratos que compõe o meio de cultura. CINÉTICA DOS BIOPROCESSOS CINÉTICA DOS BIOPROCESSOS Fase LAG (adaptação) As células que foram inoculadas se adaptam ao novo meio. As células sintetizam as enzimas necessárias ao metabolismo dos componentes presentes no meio. Não há reprodução celular. A duração dessa fase varia com a concentração do inoculo, com a idade do microrganismo (tempo de pré-cultivo) e com o seu estado fisiológico. Fase exponencial ou logarítmica - Caracterizada por uma grande velocidade de crescimento. A produção de biomassa atinge velocidade máxima. • Fase de transição - A velocidade de crescimento começa a diminuir por motivos como: • a) inibição por produtos da fermentação • b) inibição pela alta [ ] de biomassa • c) deficiência de oxigênio • d) inibição por produtos secundários tóxicos • Fase estacionária - A taxa de crescimento iguala-se à taxa de morte de células. • •Fase de morte - Caso o processo seja continuado , observa-se uma fase decrescente na curva de desenvolvimento celular porque a taxa de morte de células passa a ser maior do que a de crescimento.
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