Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
‘ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL MICAELLA CAVALCANTE SILVA A VISÃO DO OPERÁRIO DA CONSTRUÇÃO CIVIL QUANTO À OCORRÊNCIA DE ACIDENTES. Feira de Santana 2018 ‘ Micaella Cavalcante Silva A VISÃO DO OPERÁRIO DA CONSTRUÇÃO CIVIL QUANTO À OCORRÊNCIA DE ACIDENTES. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Esp. Sérgio Tranzillo França. Feira de Santana 2018 ‘ Micaella Cavalcante Silva A VISÃO DO OPERÁRIO DA CONSTRUÇÃO CIVIL QUANTO À OCORRÊNCIA DE ACIDENTES. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora, para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Feira de Santana, 10 de dezembro de 2018. Banca Examinadora: ________________________________________________ Prof. Esp. Sérgio Tranzillo França Universidade Estadual de Feira de Santana ________________________________________________ Prof. MSc. Cristovão César Carneiro Cordeiro Universidade Estadual de Feira de Santana ________________________________________________ Prof. MSc. Eduardo Antônio Lima Costa Universidade Estadual de Feira de Santana - Aposentado ‘ AGRADECIMENTO Agradeço a todos aqueles que foram cruciais no meu caminho até aqui. Aos meus pais, pelo apoio incondicional e incentivo durante todos esses anos. À minha irmã, também pelo apoio e por ser uma inspiração. Aos meus amigos, Alexandre, Giovanna e Karoline, por sempre terem me apoiado e incentivado. E ao meu amigo Allan, por além do apoio, ter contribuído com este trabalho ao me ajudar tantas vezes. Às minhas amigas da faculdade, Bruna, Keilla e Priscila, por estarem presentes desde o início e terem tido suas parcelas de contribuição para que eu chegasse até este momento. Ao professor Sérgio Tranzillo, pela orientação e, além disso, por ter sempre sido uma inspiração profissional. A todos aqueles que contribuíram para a realização deste trabalho: as empresas e os profissionais que cederam de seu espaço e tempo. ‘ RESUMO É fato que o setor da construção civil é conhecido pela responsabilidade de uma parcela significativa do número de acidentes de trabalho ocorridos. Em 2016, o setor foi responsável por 12% de todos os acidentes de trabalho que resultaram em óbitos. Observa-se, porém, que o conceito de acidente do trabalho, ainda é muito diversificado: a definição legal de acidente o restringe às lesões ou perturbações funcionais, no entanto, o conceito prevencionista indica que acidente é qualquer ocorrência que interfira no fluxo normal das atividades. Esse trabalho buscou, por meio de pesquisa em campo de caráter quantitativo, estudar o conceito de acidente do ponto de vista do operário e também verificar como e se os operários percebem os sintomas orgânicos relacionando-os aos acidentes sofridos. Além disso, foi avaliado como o conceito legal de acidente interfere nos resultados estatísticos, onde percebeu-se que os acidentes típicos que não geram lesões graves ou as doenças de trabalho podem acabar minorando esses dados. Palavras-chave: Construção civil, acidente de trabalho, segurança do trabalho. ‘ ABSTRACT The construction industry is responsible for a large portion of the total number of work accidents. In 2016, the area was responsible for 12% of all work accidents that ended up in obits. Despite that, the concept of work accident is still very diversified: the legal definition of work accident restricts it to injuries or functional disturbances, however, the preventionist concept indicates that an accident is any occurrence that interferes in the regular flow of activities. For this paper to be made, a field quantitative research was developed, in which the objectives were to study the point of view of the construction industry worker about the concept of what it is an accident and to verify how and if the workers notice the organic symptoms relating them to work accidents. Furthermore, it was evaluated how the legal concept of accident interferes in the statistical, and it was noted that the work accidents that do not result in serious injuries or the work-related diseases may end up decreasing the statistics. Key-words: Civil construction, work accident, work safety. ‘ LISTA DE APÊNDICES APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO............................................................... ............... 49 APÊNDICE B – RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO................................. ............ .. 50 ‘ LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Filtro das atividades econômicas que compões a ICC ............................. 31 Figura 2 - Diagrama representando a distribuição final de acidentes ........................ 42 ‘ LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Quantidade de operários que disse já ter sofrido um acidente ................ 36 Gráfico 2 - Caracterização dos acidentes percebidos ............................................... 36 Gráfico 3 - Quantidade de acidentes não percebidos ............................................... 37 Gráfico 4 - Caracterização dos acidentes não percebidos ........................................ 38 Gráfico 5 - Quantidade total de acidentes típicos ...................................................... 38 Gráfico 6 - Quantidade de operários que apresentaram algum sintoma ................... 39 Gráfico 7 - Distribuição por tipo de sintoma............................................................... 39 Gráfico 8 - Quantidade de operários que procurou médico ....................................... 40 Gráfico 9 - Total de acidentes somando todas as categorias .................................... 42 Gráfico 10 - Total final de acidentes .......................................................................... 43 ‘ LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Classificação dos Principais Riscos Ocupacionais em Grupos ............... 27 Quadro 2 - Número de acidentes por setor econômico ............................................. 29 Quadro 3 - Distribuição de acidentes liquidados ....................................................... 31 Quadro 4 - Quantidade total de acidentes com e sem CAT ...................................... 33 Quadro 5 - Quantidade de acidentes, de acordo com cada classificação. ................ 34 Quadro 6 - Distribuição quanto ao tempo de serviço ................................................ 35 ‘ LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS AT AEAT AEPS CAT CIPA CLT CNAE DATAPREV EPC EPI IBGE ICC INSS MPS MT MTE NR NTEP SST Acidente de Trabalho Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho Anuário Estatístico da Previdência Social Comunicação de Acidente de Trabalho Comissão Interna de Prevenção de Acidente Consolidação das Leis do Trabalho Classificação Nacional de Atividades Econômicas Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social Equipamento de Proteção Coletiva Equipamento de Proteção Individual Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Indústria da Construção CivilInstituto Nacional do Seguro Social Ministério da Previdência Social Medicina do Trabalho Ministério do Trabalho e Emprego Norma Regulamentadora Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário Saúde e Segurança do Trabalho ‘ SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 14 1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 14 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 14 1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 15 1.3 METODOLOGIA .................................................................................................. 15 1.3.1 Revisão Bibliográfica ..................................................................................... 15 1.3.2 Pesquisa de Campo ....................................................................................... 15 1.3.3 Análise dos Resultados ................................................................................. 16 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................ 16 2 VISÃO GERAL SOBRE A SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO ................. 18 2.1 OS CONCEITOS DE ACIDENTE ........................................................................ 18 2.2 RISCOS OCUPACIONAIS .................................................................................. 19 2.3 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ............................................................................ 20 2.4 “E QUE ARTE EXERCE? “ – RAMAZZINI E OS PRIMEIROS ESTUDOS SOBRE A AREA ..................................................................................................................... 22 2.5 EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E A CRIAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS .......................................................................................... 23 2.5.1 NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção .............................................................................................................. 25 2.5.2 NR 35 – Trabalho em Altura ........................................................................... 26 2.5.3 NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidente (CIPA) ...................... 26 2.5.4 NR 6 – Equipamento de Proteção Individual (EPI) ...................................... 27 3 ANÁLISE DOS DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE A SST ..................................... 29 4 RESULTADOS ....................................................................................................... 35 4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS OBRAS ..................................................................... 35 4.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ................................................................... 35 4.3 ACIDENTES TÍPICOS......................................................................................... 36 4.4 DOENÇAS PROFISSIONAIS E DO TRABALHO ................................................ 38 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 41 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 44 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 46 ‘ APÊNDICES ............................................................................................................. 49 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ............................................................................. 50 APÊNDICE B – RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO ................................................ 51 13 1 INTRODUÇÃO A Indústria da Construção Civil (ICC) abrange uma ampla parcela de serviços. De acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), podemos restringi-la às atividades tais como: incorporação de empreendimentos imobiliários; construção de edifícios, de rodovias e ferrovias, de obras de arte especiais; obras de urbanização, de construção de redes de abastecimento de água, coleta de esgoto; demolição e preparação de canteiros de obras; perfurações e sondagens; obras de terraplenagem e de fundações; instalações elétricas, hidráulicas, de ventilação e refrigeração, dentre outras relacionadas (IBGE, 2017). Essa diversidade de serviços implica em uma grande quantidade de diferentes riscos de ocorrência de acidentes e de doenças ocupacionais. Junto a isso, a ICC também é marcada por apresentar alta taxa de rotatividade e mão de obra informal e não qualificada. Segundo o Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho (AEAT), divulgado pelo Ministério da Previdência Social (MPS), em 2016 foram registrados 595.153 acidentes de trabalho. Na ICC, foram registrados 34.786 acidentes em 2016, o que representa 6% do total de todas as atividades econômicas (ANUÁRIO..., 2016). Em todo o mundo, por ano, ocorrem mais de 60.000 acidentes, na área da construção civil, que resultam em morte (LINGARD, 2013 apud DADI, JAZAYERI, 2017). No Brasil, em 2016, a ICC foi responsável por 12% de todos óbitos derivados de acidente de trabalho (ANUÁRIO..., 2016). Apesar de as estatísticas já apontarem o alto número de acidentes, na realidade ele é ainda maior, isso porque muitos não são notificados. Essa notificação se dá por meio da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Por conta da cultura de priorizar a produtividade na execução, é de se esperar que os trabalhadores busquem ao máximo evitar perder dias ou horas úteis de trabalho e, como resultado disso, é comum que acidentes considerados por eles como de menor importância não sejam, então, comunicados. Ainda assim, o AEAT computa também os acidentes sem CAT. No entanto, essa contabilização depende do local de atendimento à saúde, onde o atendimento dos indivíduos acidentados ou enfermos é priorizado e isso leva a uma carência de detalhes das anotações no momento do atendimento, que não permite encontrar a relação dos pacientes trabalhadores com as empresas em que trabalham. Parte disso porque muitos realizam atividade por conta própria, sem registro oficial ou 14 ainda porque não permitem que se registre o nome da empresa, por temerem eventual punição (SILVEIRA et al., 2005). Este trabalho busca estudar a relação do operário com a ideia de acidente, que comumente se contrapõe com a definição teórica, ressaltando a importância do real entendimento desse operário dos riscos que ele é submetido diariamente e, com isso, destacar a relevância da Saúde e Segurança do Trabalho (SST) para a ICC. 1.1 JUSTIFICATIVA Os estudos que envolvem a área da Segurança na ICC vão, a princípio, se pautar nos dados estatísticos fornecidos pelo Ministério da Previdência Social (MPS). A observação da vivência do operário no canteiro de obras, por outro lado, mostra que na verdade esses dados podem apresentar uma ideia equivocada da realidade vivida por estes trabalhadores, pois, para esses operários, o entendimento do que é acidente está diretamente relacionado ao incidente que resulta em lesão, sendo essa, geralmente, de maior gravidade. Por conta disso, as doenças profissionais e do trabalho, os acidentes que geram lesão de menor gravidade, que não necessariamente incapacitam o operário de continuarcom seu trabalho naquele momento, ou ainda os que nem sequer geram lesões ao operário, acabam não sendo contabilizados de maneira nenhuma. A partir do momento que entendemos a relevância do investimento em Segurança do Trabalho para a ICC não só para evitar acidentes, mas também para aperfeiçoar a produtividade e diminuir os custos causados por essas ocorrências, compreendemos que é necessário entender o comportamento do trabalhador diante do risco, visto os impactos provocados para a empresa, para o Estado e para o próprio operário devido à ocorrência desses acidentes. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral • Estudar o conceito de acidente do ponto de vista do operário. 1.2.2 Objetivos Específicos 15 • Avaliar a influência do conceito de acidente nos resultados estatísticos de acidentes de trabalho na ICC; • Verificar como o operário da ICC, do subsetor de edificações, percebe os sintomas orgânicos no âmbito de acidente de trabalho. 1.3 METODOLOGIA 1.3.1 Revisão bibliográfica • Revisão bibliográfica sobre o assunto geral, a Segurança e Saúde no Trabalho, a partir de livros, artigos, monografias, dissertações, teses, normas técnicas, legislações pertinentes e quaisquer outros materiais que abordem o tema de maneira que contribuam para o embasamento teórico deste trabalho. • Elaboração do referencial teórico sobre a área de estudo, com base na revisão da etapa anterior. • Análise das estatísticas de acidentes de trabalho divulgadas oficialmente. 1.3.2 Pesquisa de campo 1.3.2.1 Elaboração do questionário O questionário, que se encontra no Apêndice A, foi elaborado de forma a ser o mais simples e direto possível, com objetivo de reduzir o tempo de interrupção das atividades nos canteiros de obras visitados. É importante ressaltar que algumas das perguntas não foram apresentadas aos entrevistados da mesma maneira em que estão dispostas aqui, dado o nível de conhecimento dos operários sobre termos específicos da área de Segurança. Por exemplo, ao invés de perguntar à pessoa se ela “já sofreu um acidente típico”, na verdade foi questionado se esse acidente aconteceu enquanto ela estava trabalhando. Outras decisões desse mesmo caráter foram tomadas, cujo objetivo era sempre tornar o entendimento mais simples e não haver falhas nas respostas por conta da falta desse conhecimento específico. Além disso, outras informações foram acrescidas 16 devido ao próprio interesse dos entrevistados em fornecê-las, como, por exemplo, ao dizerem que o acidente sofrido não tinha sido um acidente típico, era explicado que tipo de acidente tinha ocorrido, então. Também se destaca que, claramente, a autora entende que perguntar se alguém “já sofreu alguma lesão no trabalho” é o mesmo que questionar se esta pessoa já sofreu um acidente típico. No entanto, por ser justamente o caráter desse trabalho buscar encontrar quantos acidentes acontecem e não são percebidos pelo próprio trabalhador como um acidente de fato, o questionário seguiu-se dessa forma. 1.3.2.2 Aplicação do questionário Escolheu-se três empreendimentos imobiliários situados na cidade de Feira de Santana, sendo dois deles da empresa A e um da empresa B, para aplicar o questionário aos operários destas obras, levando em consideração a viabilidade da realização e buscando o maior número possível de entrevistados. 1.3.3 Análise dos resultados Os resultados foram analisados seguindo as seguintes etapas: • Levantamento dos dados obtidos com o questionário, transformando-os primeiramente em uma tabela (APÊNDICE B) contendo o registro de todos os resultados. • Elaboração de gráficos e quadros a partir dos resultados produzidos. • Interpretação dos resultados, gerando conclusões que exprimam a análise dos dados que foram levantados com a pesquisa. 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO O presente trabalho é composto por cinco capítulos que estão estruturados da seguinte forma. O capítulo 1 apresenta a introdução, justificativa, objetivos e metodologia. O capítulo 2 é formado pelo levantamento bibliográfico, trazendo um breve desenvolvimento da área de estudo hoje chamada de Saúde e Segurança do Trabalho. No capítulo 3 foi feito um levantamento dos dados estatísticos de acidentes 17 de trabalho. O capítulo 4 apresenta os resultados encontrados na pesquisa e o capítulo 5 apresenta uma discussão sobre esses resultados. O capítulo 6 traz as considerações finais e sugestões de tema para trabalhos futuros. 18 2 VISÃO GERAL SOBRE A SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO 2.1 OS CONCEITOS DE ACIDENTE Na área da SST, encontramos definições diferentes para o termo “acidente”. Do ponto de vista legal, o artigo 19 da Lei Nº. 8.213 de 24 de julho de 1991 define acidente de trabalho (AT) como: Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (BRASIL, 1991, p.11). O artigo 20, também pertencente à Lei 8.213/91, acrescenta à definição de acidente o conceito de doenças profissionais e do trabalho, distinguindo-as entre si como: Doença profissional: “assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social” (BRASIL, 1991, p.12). E doença do trabalho: “assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I” (BRASIL, 1991, p.12). Complementar à definição dada pelo artigo 19, a Lei Nº. 8.213/91 traz em seu artigo 21: Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; 19 IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. (BRASIL, 1991, p.12-13). Por definição legal, apenas se considera umacidente se houver lesão ou perturbação. É compreensível que legalmente essa seja a definição, já que ela é usada para respaldar questões referentes à cessão de benefícios para o trabalhador quando há afastamento ou perda da capacidade de trabalho. Portanto, não cabe à definição legal considerar um conceito de acidente mais abrangente, que não apenas envolve a existência de lesões. Esse conceito mais abrangente é o prevencionista, onde acidente de trabalho não se define apenas por ocorrências que resultem em lesões, e sim qualquer ocorrência, não programada, que interfira no fluxo normal de determinada atividade. E que não só pode resultar em danos físicos (lesões), como também danos para as empresas e o meio ambiente, sendo eles financeiros ou materiais. Consideradas essas definições, temos que a segurança do trabalho tem como intuito proteger o trabalhador, diminuindo as chances de acidentes ou do desenvolvimento de doenças ocupacionais, a partir do controle de riscos presentes no ambiente de trabalho em questão. 2.2 RISCOS OCUPACIONAIS Risco ocupacional é a existência de chance de que um trabalhador sofra algum dano, seja por meio de um acidente típico ou por desenvolvimento de uma doença profissional ou do trabalho. Esses riscos dependem da natureza do trabalho e, sendo a ICC muito diversa na questão de atividades possíveis de serem executadas, é natural observar que são muitos os riscos aos quais os trabalhadores da construção são expostos todos os dias. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a partir das Normas Regulamentadoras (NR) aprovadas pela Portaria Nº 3.214 de 08 de junho de 1978, 20 define os riscos ocupacionais em riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes (BRASIL, 1978). Na NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, definem-se os riscos ambientais como “os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador” (BRASIL, 1978. p.1, grifos da autora). Ainda na NR 9, definem-se esses agentes da seguinte maneira: agentes físicos são “as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom” (BRASIL, 1978, p.1). Os agentes biológicos são compostos pelas “bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros”. Já os riscos químicos têm os seguintes agentes: [...] substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão (BRASIL, 1978, p.1). A Portaria Nº 25 de 29 de dezembro de 1994 incluiu ao texto da NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidente o Anexo IV, que classificava os riscos ocupacionais em grupos. De acordo com NR 17 – Ergonomia, podemos definir os riscos ergonômicos como aqueles que interferem nas “características psicofisiológicas dos trabalhadores” (BRASIL, 1978, p.1), tais como monotonia e repetitividade das atividades, jornadas de trabalho prolongado, imposição de ritmos excessivos, controle rígido de produtividade, exigência de postura inadequada, entre outros (BRASIL, 1994, p.6). Os riscos de acidente representam os riscos diretos devido ao arranjo físico do local de trabalho e os materiais e máquinas nele inseridos, como iluminação ou armazenamento inadequados (BRASIL, 1994, p.6). 2.3 “E QUE ARTE EXERCE? ” - RAMAZZINI E OS PRIMEIROS ESTUDOS SOBRE A ÁREA 21 O trabalho surgiu com o homem e, como consequência dele, o acidente. Isso se tomarmos o termo “acidente” como qualquer perturbação na ordem natural das coisas. Assim como o trabalho, a construção civil é inerente à sociedade, pois a proteção, por meio de uma habitação fixa, tornou-se uma das necessidades básicas do homem, à medida que ele deixou o nomadismo. Ou seja, o ato de construir vem muito antes de quaisquer teorias, conhecimentos técnicos específicos ou normas regulamentadoras sequer existirem. De acordo com Tavares (2009, p.9), os primeiros registros de estudos relacionando as relações entre trabalho e acidentes e/ou doenças profissionais datam de 400 a 300 a.C., quando “Aristóteles estudou as enfermidades dos trabalhadores nas minas e, principalmente, a forma de evitá-las”. E Hipócrates, pai da Medicina, “estudou a origem das doenças das quais eram vítimas os trabalhadores que exerciam suas atividades em minas de estanho”. Bernardino Ramazzini, médico italiano nascido em 1633, realizou estudos que relacionavam de forma direta as enfermidades às atividades laborais, em 1700. Naquele ano, ele publicou o livro “De Morbis Artificum Diatriba” (As doenças dos trabalhadores), e foi este o responsável por imortalizá-lo como o “Pai da Medicina do Trabalho”. Em seu livro, Ramazzini (1700, p.22) justifica a importância de seu estudo ao afirmar que: Enquanto exercia minha profissão de médico, fiz frequentes observações, pelo que resolvi, no limite de minhas forças, escrever um tratado sobre as doenças dos operários; mas, o que se pode notar nas artes mecânicas, em que qualquer descoberta, por sua natureza incompleta, apresenta-se ao artífice sob um aspecto rudimentar, devendo ser aperfeiçoado por outro, a mesma coisa acontece nas obras literárias. Assim acontecerá com o meu tratado sobre as doenças dos operários. Ninguém, que eu saiba, pôs o pé nesse campo onde se podem colher messes não desprezíveis acerca da sutileza e da eficácia das emanações. Publico esta obra imperfeita, na íntima intenção de que sirva de estímulo aos outros que nela colaborem, até que se possa obter um completo tratado que mereça um lugar digno no foro médico. Ramazzini (1700, p.24) também destaca a importância de se relacionar os sintomas às profissões, ao explicar como essa abordagem deveria acontecer: Um médico que atende um doente deve informar-se de muita coisa a seu respeito pelo próprio e pelos seus acompanhantes, segundo o preceito do nosso Divino Preceptor, “quando visitares um doente convém perguntar-lhe o que sente, qual a causa, desde quantos dias, se seu ventre funciona e que alimento ingeriu”, são palavras de Hipócrates no seu livro “Das Afecções”; a estas interrogações devia-se acrescentar outra: “e que arte exerce?”. Tal pergunta considero oportuno e mesmo necessário lembrar ao médico que trata um homem do povo, que dela se vale para chegar às causas ocasionais do mal, a qual quase nunca é posta em prática, ainda que o médico a conheça. 22 Seu livro foi responsável por identificar e organizar as doenças, separando-as em 54 capítulos, cada um sobre uma atividade laboral específica. No capítulo sobre as “Doenças dos pedreiros”, por exemplo, ele alerta para a periculosidade do uso e manuseio da cal. Mais de 300 anos depois, ainda estamos tentando conscientizar os trabalhadores sobre esses mesmos riscos. 2.3 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Ao mesmo tempo em que é sabida a importância da Revolução Industrial, que ocorreu em meados do século XVIII, no cenário econômico e tecnológico, já que ela transformou todas as relações de trabalho e produção até então existentes, também observamos que foi àquele tempo que se tornou mais evidente a importância de garantir a saúde e segurança do trabalhador. Segundo Freitas (2016, p.26): Claro que as condições higiênico-ambientais constituíamuma importantíssima fonte de doenças. É neste período que se constata de forma mais consistente que os trabalhadores sofrem doenças com características distintas da demais população, até porque estão expostos a agentes nocivos que não estão presentes na natureza, por decorrerem de múltiplos tratamentos industriais. Alguns autores defendem que este é o momento em que nasce verdadeiramente a medicina do trabalho, como consequência do crescimento do trabalho industrial. De acordo com Dias e Mendes (1991), o surgimento da Medicina do Trabalho (MT), como uma especialidade médica é marcado pela situação considerada como o primeiro registro da MT enquanto serviço, pois foi quando um empresário do setor têxtil, ao consultar seu médico pessoal quanto à forma de resolver sua preocupação com a saúde médica de seus operários, já que estes não dispunham de nenhum cuidado a não ser o fornecido por instituições filantrópicas, obteve a seguinte resposta: Coloque no interior da sua fábrica o seu próprio médico, que servirá de intermediário entre você, os seus trabalhadores e o público. Deixe-o visitar a fábrica, sala por sala, sempre que existam pessoas trabalhando, de maneira que ele possa verificar o efeito do trabalho sobre as pessoas. E se ele verificar que qualquer dos trabalhadores está sofrendo a influência de causas que possam ser prevenidas, a ele competirá fazer tal prevenção. Dessa forma você poderá dizer: meu médico é a minha defesa, pois a ele dei toda a minha autoridade no que diz respeito à proteção da saúde e das condições físicas dos meus operários; se algum deles vier a sofrer qualquer alteração da saúde, o médico unicamente é que deve ser responsabilizado. (NOGUEIRA, s.d. apud DIAS; MENDES, 1991, p.341). Nas primeiras fábricas que surgiram com o advento da Revolução Industrial, as condições de trabalho eram extremamente precárias. Essas condições ainda se 23 agravaram com a inserção da mão-de-obra feminina e infantil, do aumento da carga horária, somados à locais de trabalho deficientes, o que resultou em inúmeros danos de saúde por “força da fadiga física” que, à época, era considerado “fadiga industrial”. (FREITAS, 2016, p.26). A mudança da produção manufaturada para a industrial colocou o trabalhador na posição de ser apenas encarregado de cumprir ordens, sem mais poder controlar os meios de produção e, com isso, os riscos profissionais aos quais estavam sujeitos. A periculosidade do trabalho agravou-se substancialmente com o advento das máquinas, pois, subitamente, aquele trabalhador antes apenas artesão e sem preparo para essas novas tecnologias, viu-se defronte a maquinas que traziam com elas a exposição desse operário a diferentes novos riscos. Quanto a esses riscos, Freitas (2016, p.27) considerou como os principais: ⎯ Incêndio ou explosão nas fases de produção de vapor e transformação do vapor em energia mecânica; ⎯ Doenças profissionais, como a surdez, associada ao ruído das caldeiras e a fuligem decorrente do fumo da combustão, o qual estava na origem de tumores de vária ordem; ⎯ Acidentes por ruptura das correias de transmissão dos motores (das máquinas a vapor). 2.5 EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E A CRIAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS As mudanças nas relações de trabalho advindas da Revolução Industrial culminaram no que hoje se reconhece como percursor do Direito do Trabalho, o “Moral and Health Act” ou Lei de Peel, promulgada em 1802 na Inglaterra, que buscava, conforme aponta Martins (2000, p.173), Dar amparo aos trabalhadores, disciplinando o trabalho dos aprendizes paroquianos nos moinhos e que eram entregues aos donos das fábricas. A jornada de trabalho foi limitada e m doze horas, excluindo-se os intervalos para refeição. O trabalho não poderia se iniciar antes das seis horas e terminar após as 21 horas. Deveriam ser observadas normas relativas à educação e higiene. A Lei de Peel em 1802 marcou o que é considerado como a primeira (fase de “formação”) de quatro fases do Direito do Trabalho. A última fase, “autonomia”, iniciou- se em 1919. Um dos marcos foi a criação da Constituição do México, a primeira a incluir o Direito do Trabalho, que no seu artigo 123 estabelecia, entre outros, valores máximos para a duração da jornada diária de trabalho, proibição do trabalho de 24 menores de 12 anos, igualdade salarial, direito ao salário mínimo e proteção contra acidentes de trabalho (CASTRO, 2013). A Constituição do México foi logo seguida pela criação da Constituição de Weimar em 1919 que, segundo Martins (2000, p.176): Disciplinava a participação dos trabalhadores nas empresas, autorizando a liberdade de coalização dos trabalhadores; tratou, também, da representação dos trabalhadores na empresa. Criou um sistema de seguros sociais e também a possibilidade de os trabalhadores colaborarem com os empregadores na fixação de salários e demais condições de trabalho. Daí em diante, as constituições dos países passaram a tratar do Direito do Trabalho e, portanto, a constitucionalizar os direitos trabalhistas. No Brasil, poucos anos após a Abolição da Escravatura em 1888, o cenário era de aumento da demanda por trabalho, com mão de obra desqualificada. Diante desse contexto surge a primeira Constituição do país, enquanto república presidencialista, em 1891. Nesse mesmo, ano foi publicado o Decreto Nº 1.313 que estabelecia “providências para regularizar o trabalho dos menores empregados nas fábricas da Capital Federal” (BRASIL, 1891, n.p.). Castro (2013, n.p.) destaca como avanços notáveis, os seguintes acontecimentos: Até a promulgação da Constituição Federal de 1934 [...] houve uma série de avanços neste tema, como: em 1919, a criação do instituto do acidente do trabalho; em 1923, foi criado o Conselho Nacional do Trabalho que pode ser considerado como o embrião da Justiça do Trabalho no Brasil; em 1925 foi estendido o direito de férias de 15 dias úteis para os trabalhadores de estabelecimentos comerciais, industriais e aos bancários; em 1930, Getúlio Vargas tornou-se presidente e criou o Ministério do Trabalho, Indústria e comércio com o propósito de coordenar as ações institucionais a serem desenvolvidas, resultando em um aumento significativo nas legislações sobre o tema inclusive em relação à previdência social. O próximo elemento importante na trajetória das leis específicas do Direito do Trabalho deu-se em 1º em maio de 1943 quando, por meio do Decreto Nº 5.243, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi promulgada, trazendo uma compilação das leis trabalhistas do Brasil. Todos esses avanços culminaram no que temos hoje de maior relevância quanto à legislação referente à SST, que são as Normas Regulamentadoras (NR). As NR surgiram em 1978, quando o MTE aprovou a Portaria Nº 3.214, onde: [...] no uso de suas atribuições legais, considerando o disposto no art. 200, da consolidação das Leis do Trabalho, com redação dada pela Lei n.º 6.514, de 22 de dezembro de 1977, resolve: Art. 1º Aprovar as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. (BRASIL, 1978, n.p., grifos da autora). 25 À época, foram aprovadas 28 NR relativas à SST e hoje, com algumas revogações e outras adições, existem um total de 36 NR. Algumas normas regulamentadoras abrangem aspectos relativos à SST de forma geral, independente do setor de atividade produtiva, como, por exemplo, a NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) ou a NR 6 – Equipamento de Proteção Individual (EPI), que discorrem sobre aspectos específicos da área de SST. Existem certos setores que, seja pelo grau de especificidade, seja pelaquantidade significativa de riscos, demandam de NRs que falem mais diretamente sobre esses pontos. Como exemplo, a NR 18 – Condições e Meio Ambiente na Indústria da Construção. A constante atualização e ampliação das normas se vê necessária quando observamos que, por exemplo, as disposições sobre trabalho em altura eram apenas aquelas contidas na NR 18, no item 18.13, “Medidas de Proteção contra Quedas de Altura” e só mais tarde, em 2012, foi aprovada a NR 35 – Trabalho em Altura, sendo essa uma norma mais específica. 2.5.1 NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção A NR 18 é a principal norma com abrangência focada para o ambiente de canteiro de obras. Portanto, essa norma regulamentadora tem um importante papel, uma vez que: (...) estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção (BRASIL, 1978, p.2). Essas diretrizes passam por desde a regulamentação de todas as especificidades e requisitos mínimos para as áreas de vivência, até as exigências cobradas, relativas à SST, durante a execução de diversas atividades, tais como demolição; escavações; trabalhos em carpintaria, armações de aço, estruturas de concreto e estruturas metálicas; operações de soldagem e corte a quente; transporte de materiais; armazenagem e estocagem de materiais; e traz também considerações sobre sinalização de segurança, realização de treinamentos. 2.5.2 NR 35 – Trabalho em Altura 26 Outra NR cujo foco é relevante para os serviços realizados na ICC é a NR 35 que, por sua vez, estabelece: Os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade (BRASIL, 2012, p.1). Esta norma também define que trabalho em altura é “toda atividade executada acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de queda” (BRASIL, 2012, p.1). No item 35.4.1.1 são definidos os critérios para execução desse tipo de trabalho: “considera-se trabalhador autorizado para trabalho em altura aquele capacitado, cujo estado de saúde foi avaliado, tendo sido considerado apto para executar essa atividade e que possua anuência formal da empresa” (BRASIL, 2012, p.2). 2.5.3 NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidente (CIPA) A NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidente (CIPA) define as atribuições da CIPA, sendo que uma delas é a elaboração do Mapa de Riscos. Vale ressaltar que nas atividades da construção civil é possível encontrar riscos pertencentes a todas as categorias, principalmente nos grupo 2, riscos químicos; grupo 4, riscos ergonômicos e grupo 5, riscos de acidentes (Quadro 1), pois elementos bastante comuns na ICC são, por exemplo: substâncias químicas em geral, veículos pesados, diversos tipos de máquinas, pesadas ou não, ferramentas cortantes, andaimes, escadas, entre outros. 27 Quadro 1 - Classificação dos Principais Riscos Ocupacionais em Grupos Fonte: BRASIL, 1994. 2.5.4 NR 6 – Equipamento de Proteção Individual (EPI) Apesar de não ser direcionada à construção civil, essa norma regulamenta o uso do EPI, elemento necessário na maioria das atividades da ICC. A NR 6 define que Equipamento de Proteção Individual é “todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho” (BRASIL, 1978, p.1). No item 6.6.1 são definidas as seguintes responsabilidades: Cabe ao empregador quanto ao EPI: a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade; b) exigir seu uso; c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e, g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada. h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico. (Inserida pela Portaria SIT/DSST 107/2009) (BRASIL, 1978, p.2). 28 Quanto às responsabilidades do empregado, o 6.7.1 da mesma NR define que cabe: a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; b) responsabilizar-se pela guarda e conservação; c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e, d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado (BRASIL, 1978, p.2). Sabe-se que o EPI não é responsável por evitar o acidente. Pelo contrário, antes do uso adequado do EPI há outros itens que devem ser analisados, planejados e implementados, em um contexto de canteiro de obras, por uma equipe técnica de Segurança do Trabalho. A própria NR 18 discorre sobre itens que devem ser atendidos e que vão além do simples uso do EPI pelo operário. De forma geral, a Segurança do Trabalho deve ser encarada como responsável por tomar as medidas necessárias para diminuir os riscos, melhorando o ambiente de trabalho com a sinalização adequada, implementando Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), entre outros. Além disso, todas as medidas devem ser pensadas para cada obra em específico, tomando decisões que façam sentido para o contexto, e não apenas repetindo o que já foi feito anteriormente e, principalmente, sem cumprir medidas apenas pela obrigatoriedade onde, por vezes, não é verificado o real aproveitamento delas, como acontece, por exemplo, com os treinamentos dados aos operários. Existe uma grande resistência quanto ao uso do EPI, que vem de diversos fatores incluindo, inclusive, o desconforto do trabalhador, sendo comum que eles aleguem que o equipamento dificulta na execução do trabalho. Por conta disso, é melhor simplificar para esse operário, que por vezes já busca boicotar o uso do EPI, que o equipamento é, sim, responsável por “evitar acidentes”. Pois, assim, cria-se uma motivação maior no operário para que ele use o equipamento de forma adequada. No entanto, essa ideia criada em torno do EPI de que ele é a peça fundamental para a prevenção de acidentes, é tanto comum quanto perigosa, pois a partir do momento que o operário deposita toda a sua saúde e segurança no equipamento de proteção, ele minimiza ou até desconsidera a importância de outros elementos (sendo todos eles descritos da NR 18) que não são de imediata responsabilidade dele, como os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), mas que, em tese, deveriam ser fiscalizados e cobrados também por eles, às empresas, em caso de não conformidades. 29 3 ANÁLISE DOS DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE A SST O Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho (AEAT) apresenta dados “sobre acidentes de trabalho, suas principais consequências, os setores de atividades econômicas e a localização geográfica de ocorrência dos eventos” (ANUÁRIO..., 2016). Usando dos dados do AEAT para contextualizar o setor da Construção Civil no Brasil temos o exposto no Quadro 2, que mostra a quantidade de acidentes registrados no ano de 2016, separados em setor de atividade econômica, e ordenados pelo maior número de acidentes registrados. Quadro 2 - Número de acidentes por setor econômico Fonte: ANUÁRIO..., 2016. Observa-se que o setor da ICC ocupa o sexto lugar dentre todas as categorias.Pode-se considerar como quinto lugar, levando em conta que o item “ignorado” pode englobar setores distintos. 30 Os números anteriores representam os acidentes registrados em 2016. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) diferencia os acidentes registrados de acidentes liquidados, a partir da definição de que acidentes liquidados são aqueles que tiveram seus processos finalizados naquele ano. O AEAT (2016, p.288) classifica os acidentes liquidados nas seguintes categorias: Simples assistência médica – atendimento médico seguido da pronta recuperação do segurado para o exercício da atividade laborativa; Incapacidade com afastamento inferior a 15 dias – entende-se por incapacidade temporária a interrupção do exercício laboral durante o período de tratamento psicofísico-social por ocasião do acidente do trabalho. Para o segurado empregado o afastamento, quando inferior ou igual a 15 dias, não gera pagamento por parte do INSS, com a cobertura financeira (remuneração salarial) desse período ficando sob responsabilidade do empregador. Para os demais segurados a proteção previdenciária começa desde o prime iro dia de incapacidade; Incapacidade com afastamento superior a 15 dias – entende-se por incapacidade temporária a interrupção do exercício laboral durante o período de tratamento psicofísico-social por ocasião do acidente do trabalho. Para o segurado empregado, somente o afastamento superior a 15 dias gera direito ao recebimento de benefício acidentário pago pelo INSS; Incapacidade permanente – refere-se aos segurados que ficaram permanentemente incapacitados para o exercício laboral. A incapacidade permanente pode ser de dois tipos: a) parcial é quando após o devido tratamento psicofísico-social, o segurado apresenta sequela definitiva que implique redução da capacidade laborativa devidamente enquadrada em legislação específica, redução da capacidade laborativa com exigência de maior esforço para o desempenho da mesma atividade que exercia na época do acidente ou em impossibilidade de desempenho da atividade que exercia à época do acidente, permitido, porém, o desempenho de outra após processo de reabilitação profissional, nos casos indicados pela perícia médica do INSS; e b) total é quando o segurado apresenta incapacidade permanente e total para o exercício de qualquer atividade laborativa. No primeiro caso a informação é captada a partir da concessão do benefício auxílio-acidente por acidente do trabalho (espécie de benefício 94), e no segundo o benefício é a aposentadoria por invalidez por acidente do trabalho (espécie de benefício 92); Óbito – é o falecimento do segurado ocorrido em função do acidente do trabalho durante o exercício laboral. Esta informação é captada a partir do registro da CAT por morte decorrente de acidente do trabalho e da habilitação de pensão por morte por acidente do trabalho em caso de morte de segurado em gozo de benefício acidentário, tendo em vista que estas pensões são, necessariamente, vinculas as ao óbito decorrente de acidente do trabalho. Dadas essas definições, o Quadro 3 mostra a distribuição de acidentes liquidados apenas para o setor da construção civil, a partir dos dados do AEAT de 2016 que, portanto, traz também os dados dos dois anos anteriores. É importante destacar como o número de acidentes menos graves, ou seja, aqueles de apenas simples assistência médica é desproporcional ao crescimento do número de acidentes das outras categorias. Espera-se que esses acidentes devam acontecer em proporção 31 significativamente maior do que aqueles que geraram afastamento, ou incapacidade, ou morte. Quadro 3 - Distribuição de acidentes liquidados Fonte: ANUÁRIO..., 2016. Complementar aos dados expostos a partir do AEAT de 2016, foi feito um levantamento usando a Base de Dados Históricos da Previdência Social, sendo esses dados os equivalentes àqueles presentes do Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS) de 2016. Para representar a ICC, foram selecionadas, dentre todas as categorias da CNAE, as dispostas conforme apresenta a Figura 1, no setor denominado “categorias selecionadas”. Figura 1 - Filtro das atividades econômicas que compões a ICC Fonte: DATAPREV, 2016. Os acidentes podem ser classificados em: Acidentes Típicos – são os acidentes decorrentes da característica da atividade profissional desempenhada pelo acidentado; Acidentes de Trajeto – são os acidentes ocorridos no trajeto entre a residência e o local de trabalho do segurado e vice-versa; 2014 2015 2016 1281041.653 453 53.190 44.107 35.447 279335 Total 8.065 5.989 3.979 21.51027.63928.262 14.757 10.040 9.551 Consequência Assistência Médica Menos de 15 dias Mais de 15 dias Incapacidade Permanente Óbito 32 Acidentes Devidos à Doença do Trabalho – são os acidentes ocasionados por qualquer tipo de doença profissional peculiar a determinado ramo de atividade constante na tabela da Previdência Social. (ANUÁRIO..., 2016, p.13). Quanto ao registro, o AEAT também traz as seguintes denominações: Acidentes com CAT Registrada – corresponde ao número de acidentes cuja Comunicação de Acidentes do Trabalho – CAT foi cadastrada no INSS. Não são contabilizados o reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença do trabalho, já comunicados anteriormente ao INSS; Acidentes sem CAT Registrada – corresponde ao número de acidentes cuja Comunicação de Acidentes do Trabalho – CAT não foi cadastrada no INSS. O acidente é identificado por meio de um dos possíveis nexos: Nexo Técnico Profissional/Trabalho, Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP ou Nexo Técnico por Doença Equiparada a Acidente do Trabalho. Esta identificação é feita pela nova forma de concessão de benefícios acidentários. (ANUÁRIO..., 2016, p.13). As empresas devem, segundo o INSS (2018), “informar à Previdência Social todos os acidentes de trabalho ocorridos com seus empregados, mesmo que não haja afastamento das atividades, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência”. O AEAT (2016, p.13) esclarece que, Tendo em vista as mudanças na metodologia de caracterização de acidentes de trabalho na concessão de benefícios previdenciários a partir de abril de 2007, entendem-se como acidentes do trabalho aqueles eventos que tiveram Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT registrada no INSS e aqueles que, embora não tenham sido objeto de CAT, deram origem a benefício por incapacidade de natureza acidentária. Assim, já que o número de acidentes sem CAT só passou a ser registrado a partir de 2007, o Quadro 4 mostra que, em um período de dez anos, ocorreram 101.448 acidentes que não geraram CAT, o que pressupõe uma possível falta de clareza por parte do trabalhador de que esse caso foi, de fato, um acidente. Logo, esse valor considerável de AT sem registro de CAT pode ser, justamente, um dos indicativos da percepção errônea de acidente por parte dos operários da ICC, do subsetor de edificações, onde “acidente” é apenas aquele que leva à lesão grave e consequente afastamento, excluindo as doenças profissionais e os acidentes leves. 33 Quadro 4 - Quantidade total de acidentes com e sem CAT Fonte: DATAPREV, 2016. Além disso, o AEAT não fornece a distribuição dos acidentes sem CAT de acordo com a classificação de: típico, trajeto e doença do trabalho. Pode-se supor que a maior parte desses acidentes sem CAT são compostos pelas doenças, tendo em vista que se um acidente ocorre e não surge a necessidade para o trabalhador de comunicar o caso, para que a CAT seja registrada, então, dificilmente, esse mesmo acidente levaria o trabalhador a procurar atendimentomédico, mais tarde, fora da empresa. Isso porque, para ele, aquele caso não foi nem considerado como acidente. Porém, quando essas doenças se manifestam e fazem com que o operário busque atendimento médico, ele não associa essa doença à sua atividade profissional, principalmente pelo fato de que os sintomas da maioria dessas doenças relacionadas à ICC se apresentam tardiamente. Ainda devemos levar em consideração os acidentes que não são sequer computados no AEAT. Isso acontece, pois, o processo de contabilizar os acidentes sem CAT depende de como se dá o atendimento do acidentado, pois, como afirma Silveira e outros (2005, p. 40): Uma grande parcela de pessoas desconhecedoras de seus direitos faz com que os trabalhadores acabem admitindo a culpa pelos AT, não chegando a procurar atendimento à saúde ou, quando o fazem, omitem o seu problema de saúde como sendo relacionado ao trabalho. Independente de como se dá o atendimento, ainda há aqueles acidentes que não têm a menor chance de serem computados no AEAT. Podem ser os acidentes típicos que geram lesões leves ou médias, que levam o trabalhador a não procurar atendimento de qualquer espécie. Ou, ainda, os acidentes que resultam em doenças ANO COM CAT SEM CAT TOTAL 2006 29.054 29.054 2007 30.362 7.032 37.394 2008 38.822 14.008 52.830 2009 41.418 14.252 55.670 2010 43.323 12.597 55.920 2011 46.548 13.867 60.415 2012 49.301 14.860 64.161 2013 48.818 13.590 62.408 2014 47.687 2.975 50.662 2015 38.646 4.688 43.334 2016 31.207 3.579 34.786 TOTAL 445.186 101.448 546.634 34 ocupacionais ou do trabalho, cujo processo de diagnóstico não associa a atividade executada pelo operário como uma causa dessa doença. É interessante notar que esse ainda é um dos pontos responsáveis pela possível defasagem dos dados apresentados pelo AEAT, quando o livro escrito por Ramazzini há mais de 300 anos já chamava atenção para esse fator. O Quadro 5 mostra como, nos últimos 10 anos, o número de registros para acidentes que provocaram perturbação funcional (doenças) é significativamente menor que o número de acidentes típicos. Quadro 5 - Quantidade de acidentes, de acordo com cada classificação. Fonte: DATAPREV, 2016. Considerando todos esses fatores, observamos como não bastando a ICC ter índices muito altos do número de AT, em relação às outras atividades econômicas desenvolvidas no Brasil, esses números ainda não representam a totalidade de acidentes que ocorrem diariamente. TÍPICO TRAJETO DOENÇA 2006 0 24.592 3.294 1.168 2007 7.032 25.797 3.540 1.025 2008 14.008 33.288 4.594 940 2009 14.252 35.265 5.042 1.111 2010 12.597 36.611 5.660 1.052 2011 13.867 39.282 6.335 931 2012 14.860 41.748 6.759 794 2013 13.590 40.694 7.324 800 2014 2.975 39.520 7.486 681 2015 4.688 32.110 5.963 573 2016 3.579 25.493 5.324 390 Total 101.448 374.400 61.321 9.465 COM CAT SEM CAT 35 4 RESULTADOS 4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS OBRAS Foram selecionadas as obras I, II e III, das empresas A e B, todas situadas na cidade de Feira de Santana. A obra I, da empresa A, é um empreendimento composto por 163 casas de um pavimento e com 140 operários à época da pesquisa. A obra II, da empresa B, é um empreendimento composto por 341 unidades residenciais de um pavimento e com 312 operários à época da pesquisa. A obra III, da empresa B, é um empreendimento vertical, com 16 blocos de 3 pavimentos cada e com 140 operários à época da pesquisa. 4.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA Dentre o total de operários entrevistados em todas as três obras, a distribuição conforme a função foi de 24 pedreiros e 22 serventes, totalizando 46 pessoas. O motivo de restringir os entrevistados àqueles com essas duas funções foi pela abrangência de atividades que cada um exerce. No caso, são atividades mais variadas, que expõem os trabalhadores a um número maior de riscos. Quanto ao tempo de serviço, o Quadro 6 mostra que a maior parte dos serventes apresentam menos experiência na ICC, enquanto a maioria dos pedreiros já exerce a função há mais tempo. Quadro 6 - Distribuição quanto ao tempo de serviço Fonte: AUTOR, 2018. TOTAL PEDREIRO SERVENTE Menos de 1 ano 3 0 3 Entre 1 e 5 anos 13 2 11 Entre 5 e 10 anos 9 6 3 Entre 10 e 20 anos 12 10 2 Entre 20 e 30 anos 6 4 2 Mais que 30 anos 3 2 1 DISTRIBUIÇÃO POR FUNÇÃO 36 4.3 ACIDENTES TÍPICOS O número de operários que afirmou já ter sofrido algum acidente foi o apresentado no Gráfico 1. Gráfico 1 - Quantidade de operários que disse já ter sofrido um acidente Fonte: AUTOR, 2018. Ou seja, temos que 11% do total de 46 entrevistados já sofreu algum acidente e identificou esse acidente como tal. Complementar à primeira pergunta, foi também questionado àqueles que responderam “sim”, a caracterização desse acidente, segundo o exposto no Gráfico 2. Gráfico 2 - Caracterização dos acidentes percebidos Fonte: AUTOR, 2018. Apenas três dos cinco acidentes foram acidentes típicos, os outros dois acidentes foram acidentes de trajeto. Dois estavam usando EPI no momento do 5 11% 41 89% Pergunta 1: "Já sofreu algum acidente?" SIM NÃO 3 2 2 2 3 1 2 0 1 2 3 4 5 6 FOI UM ACIDENTE TÍPICO? HOUVE AFASTAMENTO? ESTAVA USANDO TODOS OS EPIs NO MOMENTO? SIM NÃO NÃO SE APLICA (NA) 37 acidente, e o um que não usava, disse ter se tratado de um acidente durante trabalho informal, onde as condições de segurança mínimas não costumam ser cumpridas. Quanto a perguntar se o operário ficou ou não afastado após o acidente, buscava-se observar se esse acidente tinha sido grave ou não, visto que uma das suposições que este trabalho buscava confirmar era a de que os acidentes que são percebidos pelos trabalhadores são os acidentes graves. Somente àqueles que disseram não ter sofrido acidente (o total agora passa a ser 41 e não mais 46) foi questionado se a pessoa não havia se lesionado de qualquer forma, durante a execução de seu trabalho. Apesar da pergunta ser bem direcionada para possíveis lesões, no momento da entrevista, a autora explicitou que qualquer tipo de incidente poderia ser considerado, como testemunhar a queda de materiais, além das lesões menos graves (pois assim costumam ser consideradas), como cortes, quedas de menor impacto e afins. O Gráfico 3 mostra os resultados para esta pergunta. Gráfico 3 - Quantidade de acidentes não percebidos Fonte: AUTOR, 2018. Quanto à caracterização destes acidentes não percebidos, os resultados mostrados no Gráfico 4 indicam que a maioria não usava todos os EPIs necessários quando o acidente aconteceu e também não parou de trabalhar por conta deste acidente. Essa última característica pode ser um motivo para explicar o porquê esses acidentes não são sequer percebidos, já que é uma ocorrência que não afeta o cumprimento das atividades do dia. Quanto ao não uso adequado de EPIs, este é 13 32% 28 68% Pergunta 1.4: "Já sofreu alguma lesão no trabalho?" SIM NÃO 38 mais um reforço da importância de usá-los para evitar que certos acidentes resultem em lesões. Gráfico 4 - Caracterização dos acidentes não percebidos Fonte: AUTOR, 2018. Observa-se que ao perguntar de forma indireta se o operário já sofreu algum acidente, o número de acidentados aumenta-se consideravelmente. Destaca-se que a pergunta 1.4 foi feita apenas para aqueles que responderam não terem sofrido acidente. Considerando-se apenas os acidentes típicos, somam-se mais 13 acidentes ao total inicial de 3, como mostra o Gráfico 5. Gráfico5 - Quantidade total de acidentes típicos Fonte: AUTOR, 2018. 4.4 DOENÇAS PROFISSIONAIS E DO TRABALHO Mais significativo que os acidentes que não geram lesões graves e não costumam ser percebidos, são os possíveis sintomas de doenças profissionais ou do 4 6 9 7 0 2 4 6 8 10 12 14 FOI NECESSÁRIO PARAR O TRABALHO POR CAUSA DESTE ACIDENTE? ESTAVA USANDO TODOS OS EPIs NO MOMENTO? SIM NÃO 16 36% 28 64% SOFREU ACIDENTE TÍPICO NÃO SOFREU ACIDENTE TÍPICO 39 trabalho. O Gráfico 6 mostra a proporção de quantos operários disseram sentir algum desses sintomas, sendo que aqui também foi considerado como total o universo daqueles que disseram, primeiramente, não terem sofrido acidente, como mostrou o Gráfico 1. Gráfico 6 - Quantidade de operários que apresentaram algum sintoma Fonte: AUTOR, 2018. A distribuição por tipo de sintoma, dos 41% que disseram apresentar algum deles, é o que mostra o Gráfico 7. Os valores percentuais indicados são em relação ao total que disse não ter sofrido acidente, conforme mostrou o Gráfico 1. Gráfico 7 - Distribuição por tipo de sintoma Fonte: AUTOR, 2018. O último questionamento foi para aqueles que disseram apresentar algum dos sintomas característicos, onde os resultados estão expressos no Gráfico 8. 17 41% 24 59% Pergunta 2: "Já apresentou algum dos sintomas?" SIM NÃO 29% 15% 5% DORES NA COLUNA DESCAMAÇÃO NA PELE PROBLEMA RESPIRATÓRIOS 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% Distribuição dos sintomas em relação ao total de operários 40 Gráfico 8 - Quantidade de operários que procurou médico Fonte: AUTOR, 2018. A grande quantidade de operários que nunca procurou um médico por conta de algum dos sintomas questionados indica que, provavelmente, estes sintomas não são vistos como algo importante ou preocupante e sim como mais um fenômeno natural e inerente a profissão, e, portanto, que não precisam ser investigados. 4 13 0 2 4 6 8 10 12 14 SIM NÃO Pergunta 2.1: "Já procurou um médico por conta de algum desses sintomas?" 41 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS No que se refere aos acidentes típicos, os resultados encontrados foram coerentes com o esperado, ou seja, o número de acidentes que ocorreram e foram desconsiderados, por não terem sido percebidos pelos operários, foi significativo. Inicialmente, ao questionar se o operário já havia sofrido algum acidente, obteve-se um total de 5 que afirmou já ter sofrido. Ao perguntar se eles já haviam se lesionado de alguma maneira, sem usar a terminologia “acidente”, obteve-se um aumento de 13, chegando a 18 operários que de fato sofreram um acidente, independente se esse acidente gerou ou não uma lesão grave. Quanto às doenças do trabalho, ao restringir os sintomas para “dores na coluna”, “problemas respiratórios” e “descamação da pele”, buscava-se rastrear os sintomas de possíveis doenças comuns aos operários da construção civil. Como a amostra restringiu-se a pedreiros e operários, o que se espera encontrar mais comumente são problemas respiratórios devido a inalação constante de cimento, cal, areia, sem o devido uso de máscara; problemas na pele, como descamação da pele nas mãos, devido ao manuseio de cimento e materiais similares, sem o uso de luvas; e problemas de coluna, como a escoliose, devido aos problemas de ergonomia durante a execução das atividades. Dentre os que falaram não terem sofrido acidente, 41% disse apresentar algum sintoma. Não se pode afirmar que, necessariamente, todos esses que disseram ter algum dos sintomas também tem alguma doença do trabalho. No entanto, como esses sintomas são indicativos de algumas dessas doenças, pode-se imaginar que, caso investigado a partir de exames médicos, teríamos um número significativo de pessoas que apresentariam doenças do trabalho que são, também, consideradas acidentes do trabalho. Essas proporções são indicativos de que os trabalhadores da ICC só percebem o acidente quando ele resulta em uma lesão grave, visto que esses acontecem em menor proporção quando comparado ao total geral de acidentes do trabalho. A Figura 2 mostra a quantidade em comum e isolada para os acidentes percebidos, não percebidos e as (possíveis) doenças do trabalho. 42 Figura 2 - Diagrama representando a distribuição final de acidentes Fonte: AUTOR, 2018. Tem-se, então, que esses 8 que sofreram um acidente e não perceberam e que também apresentam os sintomas citados, na verdade somariam 16 acidentes ao total inicial. Isso, pois, a doença e o acidente típico seriam contados cada um como um acidente diferente, já que são de fato ocorrências diferentes. Considerando-se que esses sintomas representam, de fato, doenças do trabalho, passaríamos a um total conforme mostra o Gráfico 9. Gráfico 9 - Total de acidentes somando todas as categorias Fonte: AUTOR, 2018. 5 36 0 5 10 15 20 25 30 35 40 ACIDENTE PERCEBIDOS TODOS OS ACIDENTES Total de acidentes considerando todas as perguntas 43 Houve um crescimento de 620% da quantidade de acidentes, ao considerar os sintomas que provavelmente indicam doenças do trabalho e os acidentes que não geraram lesões, ou geraram lesões menores a ponto de não serem consideradas pelos operários como acidente. No Gráfico 10 estão representados como seria a distribuição desses acidentes. Gráfico 10 - Total final de acidentes Fonte: AUTOR, 2018. Por fim, percebemos que poderíamos ter 36 (66%) acidentes registrados, ao contrário de apenas 5 (11%) demonstrados no início. ACIDENTE TÍPICO 16 29% NENHUM ACIDENTE 19 34% DOENÇA DO TRABALHO 18 33% ACIDENTE DE TRAJETO 2 4% 44 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS É nítida que a ideia de que acidente é apenas aquele que gera lesão grave está associada ao operário da construção civil. Ainda que os resultados para uma amostra de 46 operários não possam ser considerados tão conclusivos para determinados parâmetros, foram expressivos o suficiente para mostrar como o conceito legal de acidente, que acaba dando enfoque nos acidentes que levam às lesões, pode por vezes minorar o quantitativo estatístico de acidentes. Pois, a partir do momento que a ocorrência não provoca interrupção do trabalho, ou causa alguma perturbação grave, dificilmente o operário interpretará esta ocorrência como acidente. Já as investigações a respeito dos sintomas mais comuns para as profissões pesquisadas evidenciaram que, ao contrário do que se esperava, a maioria (59%) dos operários afirma não sentir nenhum dos sintomas. Considerando-se o quão comum são esses sintomas, principalmente o item “dor nas costas”, pode-se levantar algumas hipóteses que expliquem este número. Como, por exemplo, que estes que afirmam não sentir nada na verdade não percebem esses sintomas como algo atípico, pois já os internalizaram como algo normal, inerente à profissão. Inclusive, esse tipo de explicação foi dada diversas vezes, no momento que a autora fazia esse questionamento em relação aos sintomas. Esses resultados podem indicar a falha existente nos operários em perceber os sintomas orgânicos no âmbito de acidente de trabalho. Essas questões levantadas apontam como ainda é escassa a falta de conhecimentos relativos a SST aos operários da ICC. Um maior discernimento do conceito real de acidente levaria a dados do AEAT mais próximos a realidade. Isso mostraria que a Construção Civil é responsável por ainda mais acidentes do que aqueles que mostram o AEAT. O aumento hipotético de 620% do número inicial de acidentes é ainda mais alarmantequando pensamos na quantidade de acidentes que a construção civil já é responsável. Ou seja, se a ICC ocupa o 5º com maior registro de acidentes dentre todos os setores de atividades econômicas, caso houvesse esse registro mais preciso como o mostrado neste trabalho, o setor poderia estar em uma posição ainda mais preocupante. A partir dos resultados encontrados, sugere-se, para trabalhos futuros, abordar apenas a questão da ergonomia, de forma tal que fosse possível comprovar os resultados das prováveis doenças do trabalho e, também, investigar os motivos da 45 quantidade de respostas que disse nunca ter sentido sequer dores, pois, acredita-se que isso diz mais respeito aos operários não reconhecerem esses sintomas como algo advindo de suas funções do que o fato de eles realmente nunca terem sentido nenhum desconforto. 46 REFERÊNCIAS ANUÁRIO Estatístico de Acidentes do Trabalho: AEAT 2016 / Ministério da Fazenda [et al.]. Vol. 1. Brasília: MF, 2016. 992 p. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/dados-abertos/dados-abertos-sst/> Acesso em: 19 de mai. 2018. BRASIL. Decreto Nº 1.313, de 17 de janeiro de 1891. Estabelece providências para regularizar o trabalho dos menores empregados nas fábricas da Capital Federal. Lex: Coleção de Leis do Brasil, 1891, p. 326, vol. 4. Disponível em: < http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-1313-17-janeiro-1891- 498588-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 04 de mai. 2018. BRASIL. Ministério da Previdência e Assistência Social. Lei Nº. 8.213 de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência e dá outras providências. Diário Oficial da União, 1991. Disponível em: <http://ftp.medicina.ufmg.br/osat/legislacao/Lei_8213_MPAS_22092014.pdf> Acesso em: fev. 2018. BRASIL. Ministério de Trabalho e Emprego. NR 17 - Ergonomia. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 1978. Disponível em: <http://www.trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR17.pdf>. Acesso em: 06 de fev. 2018. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 1978. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR18/NR-18.pdf>. Acesso em: 06 de fev. 2018. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 35 – Trabalho em Altura. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2012. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR35.pdf>. Acesso em: 06 de fev. 2018. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 1978. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR5.pdf>. Acesso em: 06 de fev. 2018 BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 1978. Disponível em: 47 <http://www.trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/nr-06-atualizada- 2018.pdf>. Acesso em: 16 de nov. 2018. BRASIL. Portaria N° 3.214, 08 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Brasília, 1978. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/sileg/integras/839945.pdf>. Acesso em: 06 de fev. 2018. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria N° 25, de 29 de dezembro de 1994. Diário Oficial da União, 1994. Disponível em: < https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/Portaria+n.+25+SSST+MTb+29+ dezembro+1994+Aprova+a+NR+9+sobre+o+Programa+de+Prevencao+e+riscos+a mbientais_000gvpl14yq02wx7ha0g934vgrnn5ero.PDF>. Acesso em: 06 de fev. 2018. CASTRO, Brunna Rafaely Lotife. A Evolução histórica do Direito do Trabalho no Mundo e no Brasil. Jus Brasil, s.i., ago. 2013. Disponível em: < https://brunnalotife.jusbrasil.com.br/artigos/111925458/a-evolucao-historica-do- direito-do-trabalho-no-mundo-e-no-brasil >. Acesso em: 03 de mai. 2018. DADI, Gabriel B.; JAZAYERI, Elyas. Construction Safety Management Systems and Methods of Safety Performance Measurement: A Review. Journal of Safety Engineering, (2): 15-28, 2017. Disponível em: <http://article.sapub.org/10.5923.j.safety.20170602.01.html#Sec3 >. Acesso em: 03 de mai. 2018. DATAPREV - EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMAÇÕES DA PREVIDÊNCIA. Base de Dados Históricos da Previdência Social, 2016. Disponível em: <http://www3.dataprev.gov.br/infologo/GACT/ACT10/ACT10.php>. Acesso em: 18 de mai. 2018. DIAS, Elizabeth Costa; MENDES, René. Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador. Revista de Saúde pública, São Paulo, 25, p. 341-9, 1991. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsp/v25n5/03.pdf> Acesso em: 10 de abr. 2018 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Classificação Nacional de Atividades Econômicas, 2017. Disponível em: <https://cnae.ibge.gov.br/?view=divisao&tipo=cnae&versao=9&divisao=41>. Acesso em: 20 de dez. 2017. 48 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS). Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT, 2018. Disponível em: <https://www.inss.gov.br/servicos-do- inss/comunicacao-de-acidente-de-trabalho-cat/ >. Acesso em: 03 de mai. 2018. FREITAS, Luís Conceição. Manual de Segurança e Saúde do Trabalho. 3. Ed. Lisboa: Sílabo, 2016. Disponível em: <http://www.silabo.pt/Conteudos/8667_PDF.pdf> Acesso em: 06 de fev. 2018. MARTINS, Sergio Pinto. Breve Histórico a Respeito do Trabalho. São Paulo, p. 169-176, 2000. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/viewFile/67461/70071>. Acesso em: 03 de mai. 2018. RAMAZZINI, Bernardino. As doenças dos trabalhadores; tradução de Raimundo Estrêla. 4. ed. São Paulo: Fundacentro, 2016. 321 p. SILVEIRA, Cristiane Aparecida; ROBAZZI, Maria Lúci do Carmo Cruz; WALTER, Elisabeth Valle; MARZIALE, Maria Helena Palucci. Acidentes de trabalho na construção civil identificados através de prontuários hospitalares. Revista Escola de Minas, Ouro Preto, 58(1):39-44, jan. mar. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rem/v58n1/a07v58n1.pdf>. Acesso em: 20 de dez. 2017. TAVARES, Cláudia Régia Gomes. Segurança do Trabalho I – Introdução à Segurança do Trabalho. Curso Técnico em Segurança do Trabalho. UFRN, 2009. Disponível em: <http://redeetec.mec.gov.br/images/stories/pdf/eixo_amb_saude_seguranca/tec_seg uranca/seg_trabalho/291012_seg_trab_a01.pdf > Acesso em: 10 de abr. 2018 49 APÊNDICES 50 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO Nº OBRA: FUNÇÃO: TEMPO DE SERVIÇO: 1. JÁ SOFREU ALGUM ACIDENTE? SIM ( ) NÃO ( ) SE 1: “SIM” 1.1. FOI UM ACIDENTE TÍPICO? SIM ( ) NÃO ( ) 1.2. HOUVE AFASTAMENTO? SIM ( ) NÃO ( ) 1.3. ESTAVA USANDO TODOS OS EPIs NO MOMENTO DO ACIDENTE? SIM ( ) NÃO ( ) SE 1: “NÃO” 1.4. JÁ SOFREU ALGUMA LESÃO NO TRABALHO? SIM ( ) NÃO ( ) SE 1.4: “SIM” 1.4.1. PRECISOU INTERROMPER O TRABALHO? SIM ( ) NÃO ( ) 1.4.2. ESTAVA USANDO TODOS OS EPIs NO MOMENTO DO ACIDENTE? SIM ( ) NÃO( ) SE SIM 2. APRESENTA OU JÁ APRESENTOU ALGUM DOS SINTOMAS ABAIXO? A. PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS*? SIM ( ) NÃO ( ) B. DORES NA COLUNA? SIM ( ) NÃO ( ) C. DESCAMAÇÃO NA PELE? SIM ( ) NÃO ( ) SE A E/OU B E/OU C: “SIM” 2.1 JÁ PROCUROU UM MÉDICO POR CAUSA DE ALGUM DESSES SINTOMAS? SIM ( ) NÃO ( ) 51 APÊNDICE B – RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO 1 1. 1 1. 2 1. 3 1. 1 1. 1. 1 1. 1.
Compartilhar