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Criptosporidiose: Biologia e Transmissão

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C. muris encontrado em 1907 nas glândulas gástricas de camundongos.
1911 – C. parvum encontrado no intestino delgado de camundongos. Menor que que o C. muris.
Outras espécies foram descritas de vários animais e do homem, mas estudos sobre a biologia morfologia e a baixa especificidade que este coccídio apresenta com relação aos hospedeiros levaram à maioria dos pesquisadores a considerá-las como sinônimas de C. muris e C. parvum.
Nos últimos anos este conceito sofreu modificações devido ao emprego da biologia molecular no estudo desses parasitos e algumas das espécies antes consideradas sinônimas passaram a ser consideradas como válidas e outras foram descritas. 
A utilização de técnicas moleculares permitiu distinguir diferenças na estrutura de alguns componentes dos esporozoítos dentro dos oocistos, como enzimas e ácidos nucléicos, que possibilitaram a separação de vários genótipos de C. parvum, espécie mais patogênica e com maior frequência nas infecções humanas.
Em 2002, o genótipo humano de C. parvum foi considerado uma nova espécie descrita como C. hominis. Embora o genótipo humano (C. hominis) e o bovino sejam os mais frequentes nas infecções humanas, outras espécies ou genótipos, parasitos de diferentes animais, têm sido incriminados, com menos frequência, como agentes da criptosporidiose humana.
MORFOLOGIA
O Cryptosporidium se desenvolve, preferencialmente, nas microvilosidades de células epiteliais do trato gastrintestinal, mas pode se localizar em outras partes, como parênquima pulmonar, vesícula biliar, dutos pancreáticos, esôfago e faringe.
Ele parasita a parte externa do citoplasma da célula e dá a impressão de se localizar fora dela; esta localização é designada, por vários autores, como intracelular extracitoplasmática.
O parasito apresenta diferentes formas estruturais que podem ser encontradas nos tecidos (formas endógenas), nas fezes e no meio ambiente (oocistos).
Os oocistos do Cryptosporidium são pequenos, esféricos ou ovoides e contêm 4 esporozoítos livres no seu interior quando eliminados nas fezes.
BIOLOGIA
Ciclo monoxênico, típico dos coccídios e inclui um processo de multiplicação assexuada (merogonia) com ocorrência de duas gerações de merontes e outro de multiplicação sexuada (gametogonia), com formação de macrogametas e microgamentas, que após a fecundação, resultam na formação dos oocistos.
Dois tipos de oocistos são formados: um de parede espessa, que é excretado para o meio externo com as fezes, e um de parede delgada, que se rompe no intestino delgado e - acredita-se - é responsável pelos casos de auto-infecção.
Os oocistos esporulam no interior do hospedeiro e já são infectantes quando eliminados para o meio ambiente. A duração do ciclo biológico é curta e, segundo estudos realizados em várias espécies de animais, varia, em média, de dois a sete dias.
CICLO:
OOCISTOS são liberados no meio ambiente através da eliminação das fezes;
Ocorre a ingestão dos oocistos (ingestão de água e alimentos contaminados, por exemplo);
Os oocistos liberam os ESPOROZOÍTOS.
Esporozoítos parasitam as microvilosidades de células epiteliais do trato gastrintestinal e se desenvolvem para TROFOZOÍTOS.
Ocorre a merogonia e os trofozoítos se transformam em MERONTE TIPO 1.
Os merontes se transformam em MEROZOÍTOS.
Merozoítos sofrem outra merogonia e dão origem ao MERONTE TIPO 2.
Os merontes se transformam em MEROZOÍTOS.
Estes merozoítos sofrem gametogonia e geram o MICRO e MACROGAMETA (Macro e Micromonte antes).
Ocorre a fecundação entre os gametas, o que leva à formação do ZIGOTO e depois do OOCISTO.
Dois tipos de oocistos são formados:
O de parede espessa, que é excretado para o meio externo com as fezes, recomeçando o ciclo.
O de parede delgada, se rompe liberando os ESPOROZOÍTOS no intestino delgado, causando a auto-infecção.
TRANSMISSÃO
A infecção humana ocorre por meio da ingestão ou inalação de oocistos ou pela auto-infecção. A transmissão ocorre pelas seguintes vias:
Pessoa a pessoa: observada em ambientes com alta densidade populacional, como em creches e hospitais, e através do contato direto e indireto, possivelmente incluindo atividades sexuais;
Animal a pessoa: ocorre como consequência do contato direto de pessoas com animais que se encontram eliminando oocistos;
Pela água de bebida ou de recreação (piscinas, represas) contaminada com oocistos;
Por alimentos contaminados com oocistos.
PATOGENIA e SINTOMAS
A criptosporidiose foi durante algum tempo considerada como doença que ocorria apenas em indivíduos com algum tipo de imunodeficiência. Entretanto, nos últimos anos têm sido observado que é uma doença relativamente frequente em pessoas imunocompetentes.
A patogenia e o quadro clínico da criptosporidiose são influenciados por vários fatores que incluem, entre eles, a idade, a competência imunológica do indivíduo infectado e a associação com outros patógenos.
As alterações provocadas pelo parasitismo do Cryptosporidium nas células epiteliais da mucosa gastrintestinal interferem nos processos digestivos e resultam na síndrome da má absorção.
Em indivíduos imunocompetentes, a doença se caracteriza por diarréia aquosa (três a dez evacuações diárias, representando um a três litros por dia) com duração de um a 30 dias (média de 12 a 14 dias), anorexia, dor abdominal, náusea, flatulência, febre e dor de cabeça. O quadro clínico é, geralmente, benigno e autolimitante, com duração média de dez dias.
Em crianças, os sintomas são mais graves e podem ser acompanhados de vômitos e desidratação. A grande frequência de oocistos em fezes de crianças imunocompetentes com diarréia tem levado vários autores a considerar o Cryptosporidium como um importante agente patogênico envolvido na patogenia da diarréia infantil.
Em individuos imunodeficientes, os sintomas são crônicos, caracterizando-se por vários meses de diarréia aquosa (três a seis litros por dia em média) refratária a qualquer medicação antimicrobiana e acentuada perda de peso. Ocorrem desequilíbrio eletrolítico, má absorção, emagrecimento acentuado e mortalidade elevada, principalmente em indivíduos com síndrome da imunodeficiência adquirida.
Outras manifestações clínicas e alterações, como colite, apendicite aguda, dilatação do duto hepático e pneumopatias, têm sido atribuídas ou associadas à criptosporidiose.
O Cryptosporidium é considerado como um dos responsáveis pela diarreia de verão e pela diarreia dos viajantes em várias partes do mundo.
EPIDEMIOLOGIA
A criptosporidiose tem sido assinalada com grande frequência em todas as partes do mundo, sendo por isso considerada a zoonose emergente mais importante da atualidade.
A doença é cosmopolita, e oocistos do parasito têm sido detectados em fezes de indivíduos imunocompetentes e imunodeficientes em todas as regiões estudadas.
Os oocistos são estruturas pequenas, leves e imóveis que se dispersam no meio ambiente através do ar, de insetos, do vestuário e das fezes do homem e dos animais, contaminando a água e os alimentos. Em condições adequadas de umidade e temperatura moderada permanecem viáveis e infectantes no ambiente por várias semanas.
DIAGNÓSTICO
Feito pela demonstração de oocistos nas fezes, em material de biópsia intestinal ou em material obtido de raspado de mucosa.
O diagnóstico pode, ainda, ser feito pela pesquisa de anticorpos circulantes, utilizando técnicas sorológicas como testes de anticorpos policlonais fluorescentes, reação de imunofluorescência indireta, ELISA, imunofluorescência com anticorpos monoclonais, hemaglutinação passiva reversa e imunocromatografia qualitativa em fase sólida.
Técnicas moleculares que incluem vários métodos da reação em cadeia de polimerase (PCR) oferecem alternativas ao diagnóstico convencional do Cryptosporidium em amostras de material clínico e do meio ambiente.
TRATAMENTO
O tratamento da criptosporidiose é essencialmente sintomático e visa aliviar os efeitos da diarréia e desidratação.
Em indivíduos imunocompetentes geralmente ocorre cura espontânea.
A maioriadas drogas testadas não apresenta eficácia específica comprovada e consistente contra a criptosporidiose.
Em indivíduos imunodeficientes portadores da síndrome da AIDS o tratamento anti-retroviral específico para o HIV foi responsável por uma redução de 90% na incidência da criptosporidiose nos EUA.
Estudos mostraram que a nitazoxanida possui eficácia comprovada no tratamento da criptosporidiose em crianças e adultos imunocompetentes.
Estudos preliminares mostraram que a droga poderia também ser utilizada para o tratamento de pacientes com AIDS e criptosporidiose.
A nitazoxanida é a primeira droga a ser liberada para o tratamento da criptosporidiose nos EUA.
PROFILAXIA
É feita através de medidas que previnam ou evitem a contaminação do meio ambiente, água e alimentos com oocistos do parasito e o contato de pessoas suscetíveis com fontes de infecção.
Devem ser utilizadas fossas ou privadas, com proteção dos reservatórios de água para evitar a contaminação com fezes.
Cuidados especiais de higiene pessoal e com o vestuário, utensílios e instrumentos devem ser adotados pelos indivíduos dos grupos de risco cujas atividades os colocam em contato com material contaminado, pessoas doentes ou animais infectados.
As medidas de higiene devem ser rigorosas em ambientes especiais, como creches e hospitais, onde ocorre uma alta densidade de indivíduos suscetíveis.
As pessoas dos grupos de alto risco, representadas por portadores de diferentes tipos de imunodeficiências, devem evitar contato com animais e adotar rigorosa higiene pessoal.

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