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PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO NORMAS FUNDAMENTAIS DA TUTELA JURISDICIONAL EXECUTIVA

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2. NORMAS FUNDAMENTAIS DA TUTELA JURISDICIONAL EXECUTIVA 
 
2.1. PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO (Vai cair de forma superficial) 
2.1.1. PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE. DIREITO FUNDAMENTAL À TUTELA 
EXECUTIVA OU EXATO ADIMPLEMENTO: 
O princípio da efetividade garante o direito fundamental à tutela 
executiva, que consiste "na exigência de um sistema completo de tutela executiva, no 
qual existam meios executivos capazes de proporcionar pronta e integral satisfação a 
qualquer direito merecedor de tutela executiva". 
O art. 4º do CPC, embora em nível infraconstitucional, reforça esse 
princípio como norma fundamental do processo civil brasileiro, ao incluir o direito à 
atividade satisfativa, que é o direito à execução: art. 4º “As partes têm o direito de obter 
em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa". 
Segundo Marcelo Lima Guerra, o direito fundamental à tutela executiva 
exige um sistema de tutela jurisdicional "capaz de proporcionar pronta e integral 
satisfação a qualquer direito merecedor de tutela executiva". Mais concretamente, 
significa que: 
a) a interpretação das normas que regulamentam a tutela executiva tem de ser feita 
no sentido de extrair a maior efetividade possível; 
b) o juiz tem o poder-dever de deixar de aplicar uma norma que imponha uma 
restrição a um meio executivo, sempre que essa restrição não se justificar como forma 
de proteção a outro direito fundamental; 
c) o juiz tem o poder-dever de adotar os meios executivos que se revelem 
necessários à prestação integral de tutela executiva. 
 
2.1.1.1. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA TUTELA ESPECÍFICA (OU DA 
MAIOR COINCIDÊNCIA POSSÍVEL DO DESFECHO ÚNICO OU PRINCÍPIO 
DO RESULTADO): 
A execução deve ser específica: propiciar ao credor a satisfação da 
obrigação tal qual houvesse o cumprimento espontâneo da prestação pelo devedor. 
Trata-se do princípio da primazia da tutela específica, princípio da maior coincidência 
possível, ou ainda princípio do resultado. As regras processuais devem ser adequadas a 
essa finalidade. A atividade jurisdicional deve orientar-se nesse sentido. 
O processo de execução tem um objetivo só, satisfazer um credor, apenas 
em 2 hipóteses haverá substituição pelas perdas e danos: quando o credor assim preferir; 
ou quando o cumprimento específico se torna impossível. 
 Regra: favorável ao credor; 
 Exceção: favorável ao devedor (extinção). 
 
2.1.1.2. PRINCÍPIO DA MÁXIMA UTILIDADE DA EXECUÇÃO (OU DA 
UTILIDADE): 
A atuação da sanção e a satisfação do credor só são completamente 
atingidas mediante a obtenção de resultados materiais fisicamente tangíveis (ex.: tutela 
provisória; arresto de bem do devedor que não for localizado). 
 
2.1.2. PRINCÍPIO DA TIPICIDADE E ATIPICIDADE DOS MEIOS 
EXECUTIVOS: 
A execução é atividade em que o Poder Judiciário exerce e demonstra 
com mais clareza o seu poder. Não por acaso, o regramento da atividade executiva é, em 
todos os países, ponto sensível na construção do devido processo legal. Nesse contexto, 
surge a questão: a execução deve seguir regras previamente traçadas pelo legislador, em 
um modelo típico, ou pode ser conduzida de modo mais flexível, atipicamente, de 
acordo com as peculiaridades do caso? Fala-se, então, em princípio da tipicidade ou 
atipicidade da execução. O Direito Processual brasileiro combina os dois princípios, a 
depender da prestação que se busca executar. Trata-se de tema central no estudo do 
processo de execução e, em razão da sua relevância. 
É possível atipicidade? Atualmente, leva-se em consideração a 
atipicidade havendo previsão expressa para tal (art. 139, VI; 297; 536, §1º). Ocorre que 
entre outras medidas o juiz pode determinar a busca e apreensão, impor multa, etc. 
Esses artigos em supra indicados são cláusulas gerais processuais executivas. E essas 
cláusulas na execução autorizam o uso de meios de execução direta (desapossamento, 
transformação) ou indireta (patrimonial ou pessoal). 
 
2.1.3. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ PROCESSUAL: 
A execução é um dos ambientes mais propícios para a prática de 
comportamentos desleais, abusivos ou fraudulentos. É, portanto, campo fértil para a 
aplicação do princípio da boa-fé processual, corolário do devido processo legal e 
previsto no CPC nos art. 772, II e 774. A aplicação desse princípio na execução é de 
grande relevância. Os institutos da fraude contra credores, fraude à execução e a 
punição aos atos atentatórios à dignidade da justiça revelam bem isso. 
 
2.1.4. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL OU DE QUE 
“TODA EXECUÇÃO É REAL” (OU PRINCÍPIO DA 
PATRIMONIABILIDADE): 
De acordo com o princ1p10 da responsabilidade ("toda execução é real"), 
somente o patrimônio do devedor (art. 789, CPC), ou de terceiro responsável, pode ser 
objeto da atividade executiva do Estado’’. 
E a prisão civil? Em relação a prisão civil do devedor de pensão 
alimentícia há quem diga que teríamos aí uma execução pessoal, pois há uma restrição 
incidindo diretamente sobre a pessoa (Didier, Marcos Vinicius Gonçalves, Wambier). 
Todavia, há quem diga que é uma execução é real e não pessoal que ne nem mesmo essa 
situação seria uma exceção a esse princípio, pois a prisão m si não tem natureza 
satisfativa, mas apenas é um meio de coerção para pressionar o devedor a cumprir. 
 
2.1.5. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO: 
Função jurisdicional realiza-se processualmente. Isso significa que o 
método de exercício do poder jurisdicional pressupõe a participação efetiva e adequada 
dos sujeitos interessados ao longo do procedimento. Esse direito à participação efetiva é 
o direito ao contraditório. 
O princípio do contraditório decorre do devido processo legal e 
compreende: 
(a) o direito de ser ouvido; 
(b) o direito de acompanhar os atos processuais; 
(c) o direito de produzir provas, participar da sua produção, manifestar-se sobre a 
prova produzida e obter do juiz a respectiva valoração; 
(d) o direito de ser informado regularmente dos atos praticados no processo; 
(e) o direito à motivação das decisões; 
(f) o direito de impugnar as decisões. 
O princípio do contraditório tem aplicação em qualquer processo judicial. 
Sendo a execução um processo judicial, naturalmente lhe é aplicável o princípio do 
contraditório. Aliás, é certo que "a doutrina contemporânea reconhece a presença do 
contraditório na execução. E nem poderia ser diferente ante o status constitucional 
conferido ao princípio, assim no Brasil como na Itália”. 
É óbvio, no entanto, que a aplicação do contraditório na execução não se 
faz com a mesma intensidade do processo ou da fase de conhecimento (Contraditório 
Reduzido). O contraditório no procedimento executivo, no aspecto do direito de defesa 
assegurado à parte demandada, é eventual, porquanto depende da provocação do 
executado, que não é chamado ajuízo para defender-se, mas sim para cumprir a 
obrigação. O procedimento executivo adota a técnica monitória, que consiste, 
basicamente, na inversão do ônus de provocar o contraditório: o réu, em vez de citado 
para manifestar-se sobre a pretensão do autor, é convocado para cumprir uma 
determinada obrigação. 
Não é correto dizer, então, que não há contraditório no procedimento 
executivo: ele é previsto, até mesmo como consequência da garantia constitucional, mas 
é eventual na parte concernente à defesa do executado. 
 
2.1.6. PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE DA EXECUÇÃO (ART. 805, 
CPC): 
O art. 805 do CPC consagra o princípio da execução menos onerosa ao 
executado: "Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz 
mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado". 
Trata-se de cláusula geral que serve para impediro abuso do direito pelo 
exequente. Mas é preciso compreendê-la corretamente. Não se deve entender essa 
norma como uma cláusula geral de proteção ao executado, que informaria todas as 
demais regras de tutela do executado (princípio do favor debitoris) espalhadas pela 
legislação. O princípio é uma dessas normas de proteção do executado, e não a fonte de 
todas as outras. 
O princípio da menor onerosidade inspira a escolha do meio executivo 
pelo juiz, isto é, da providência que levará à satisfação da prestação exigida pelo credor. 
Ele incide na análise da adequação e necessidade do meio - não do resultado a ser 
alcançado. Essa constatação é muito importante. 
O resultado a ser alcançado é aquele estabelecido pelo direito material. A 
maneira de se chegar até esse resultado é que deve ser a menos onerosa possível para o 
executado. Isso significa que "a opção pelo meio menos gravoso pressupõe que os 
diversos meios considerados sejam igualmente eficazes". Assim, havendo vários meios 
executivos aptos à tutela adequada e efetiva do direito de crédito, escolhe-se a via 
menos onerosa ao executado. 
Esse princípio protege a ética processual, a lealdade, impedindo o 
comportamento abusivo do exequente. Trata-se de aplicação do princípio da boa-fé 
processual (art. 5º, CPC). A identificação do valor protegido é muito importante para a 
ponderação que se precise fazer entre esse princípio e o princípio da efetividade. 
 
2.1.7. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO 
Os princípios do devido processo legal, da boa-fé processual e do 
contraditório, juntos, servem de base para o surgimento de outro princípio do processo: 
o princípio da cooperação. O princípio da cooperação define o modo como o processo 
civil deve estruturar-se no direito brasileiro. 
O art. 6º do CPC o consagrou expressamente: "Todos os sujeitos do 
processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de 
mérito justa e efetiva". A dicção do dispositivo revela que se exige cooperação também 
para que se alcancem resultados efetivos. 
Pelo princípio da cooperação, reforça-se a ética processual, com o 
aprimoramento do diálogo entre as partes, reciprocamente e com o órgão jurisdicional. 
 
2.1.8. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE 
O postulado (ou princípio, conforme a doutrina que se adote) da 
proporcionalidade tem, assim, aplicação muito frequente e, consequentemente, muito 
importante na execução. O art. 8º do CPC consagra, expressamente, o dever de o órgão 
jurisdicional observar a proporcionalidade e a razoabilidade ao aplicar o ordenamento 
jurídico, o que também deve ser observado em sede de execução. 
A aplicação do art. 805 do CPC, já examinado, exatamente por tratar-se 
de uma cláusula geral, exige do órgão jurisdicional um esforço argumentativo em que a 
máxima da proporcionalidade terá um papel de destaque, e ele mesmo já é uma 
concretização da proporcionalidade. 
O postulado da proporcionalidade tem tido frequente aplicação no direito 
processual civil, sobretudo na execução, onde se verificam conflitos entre o princípio da 
efetividade e o da dignidade da pessoa humana, sobretudo no que diz respeito aos 
poderes exercidos pelo juiz. 
 
1.9. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO 
A previsão da prisão civil como meio de coerção para efetivar a 
prestação alimentícia revela-se aplicação do princípio da adequação objetiva: o direito 
aos alimentos impõe um meio coercitivo mais enérgico. 
O regramento especial da execução por quantia certa contra a Fazenda 
Pública, de um lado impedindo a penhora de seus bens, de outro submetendo o 
pagamento ao regime dos precatórios, é uma manifestação da adequação subjetiva. 
A estruturação do procedimento executivo com o contraditório eventual é 
manifestação da adequação teleológica: o procedimento executivo serve à satisfação do 
credor, que tem título executivo do seu crédito; não deve prestar-se, ao menos 
inicialmente, às discussões típicas do processo de conhecimento. 
O órgão jurisdicional identificará a medida executiva adequada às 
peculiaridades do caso concreto, procedendo, assim, à adequação jurisdicional das 
regras processuais. 
 
2.1.10. PRINCÍPIO DO AUTORREGRAMENTO DA VONTADE NA 
EXECUÇÃO. OS NEGÓCIOS PROCESSUAIS EM EXECUÇÃO 
É o direito do sujeito processual de regular seus próprios interesses e 
fazer suas escolhas jurídicas. O objetivo fundamental desse princípio é assegurar o 
direito fundamental de autorregrar-se sem restrições abusivas, irrazoáveis. A ideia é 
preservar um espaço processual para o exercício da liberdade e da vontade, em que 
sejam permitidas negociações que envolvam partes - e, também, juiz. 
A rigor, o legislador estabelece um regime jurídico de autorregramento 
da vontade processual, identificando-se algumas manifestações relevantes para a 
execução. Na verdade, pode-se dizer que poucos são os ambientes mais propícios do 
que a execução para a negociação sobre o processo. Todos os institutos e normas 
processuais relativos à execução devem ser repensados a partir da premissa de que o 
CPC permite uma ampla margem de liberdade de negociação sobre o processo (art. 190, 
CPC). 
Com base nesse mesmo dispositivo (art. 190, CPC), admite-se a 
possibilidade de atribuir-se eficácia executiva a um documento, por força de negócio 
firmado entre as partes. 
 
2.1.11. PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE DA EXECUÇÃO, 
Quanto à disponibilidade da execução, leciona o art. 775, NCPC: é 
permitido ao exequente desistir de toda a execução ou de apenas alguma medida 
executiva a qualquer momento – ainda que pendentes de julgamento os embargos à 
execução – não sendo necessária a concordância do executado, presumindo a lei sua 
aceitação, vez que não há possibilidade de tutela em seu favor. Isto é, diversamente do 
que sucede no processo de conhecimento em que ao réu assiste idêntico direito a um 
juízo de mérito, visando à eliminação da incerteza a seu favor, a execução só almeja o 
benefício do credor. Por isso, dela pode desistir sem o consentimento do adversário. 
 
2.1.12. PRINCÍPIO DO TÍTULO 
O princípio do título executivo significa que a atividade executiva do juiz 
sempre pressupõe prévio reconhecimento/declaração de direito, seja pelo próprio juiz, 
seja por documento que a lei reconheça como suficiente para a declaração de direito 
(títulos extrajudiciais). 
A execução deve embasar-se em um título de obrigação certa, líquida e 
exigível. É o que dispõem o artigo 586 do CPC. 
A reforma atinente ao Código de Processo Civil estabeleceu, conforme 
1º do art. 475-L, que será inexigível o título judicial fundado em uma lei ou ato 
normativo inconstitucional, bem como em interpretação ou aplicação de lei ou ato 
normativo incompatíveis com a Constituição Federal, ambas hipóteses submetidas ao 
entendimento do Supremo Tribunal Federal. Os títulos executivos podem ser judiciais 
e extrajudiciais. 
 
2.1.13. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA 
A execução é caracterizada por possuir processo autônomo, caracterizada por possuir 
finalidades e regras próprias. Atualmente, a execução pode ser precedida ou não de 
outro processo. Fundada em título executivo judicial, ela pressupõe processo cível, 
penal ou, até mesmo, arbitral. 
A justificativa para a autonomia do processo executivo como inicialmente imaginado 
pelos doutrinadores que trataram do tema encontrava-se alicerçada em duas 
justificativas fundamentais: 
(a) a diversidade de atividades jurisdicionais (no processo de conhecimento atividades 
cognitivas; no processo de execução atividades práticas e materiais) e; 
(b) os diferentes objetivos traçados para cada uma dessas atividades (no processo de 
conhecimento reconhecer o direito do autor e, dependendo do caso, constituiruma nova 
relação jurídica ou condenar o réu; no processo de execução satisfazer o direito do 
exequente). Lembrava-se também a formação de uma nova relação jurídica processual, 
independente daquela formada no processo de conhecimento, conforme já aventado. 
 
 
2.2. REGRAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO 
 
2.2.1. REGRA DE QUE NÃO HÁ EXECUÇÃO SEM TÍTULO (NULLA 
EXECUTIO SINE TITULO) 
O procedimento executivo somente pode ser instaurado se houver um 
documento a que a lei atribua a eficácia executiva, o título executivo. Não há execução 
sem título executivo. O título executivo é a prova mínima e suficiente de que deve 
valer-se o exequente para a instauração da atividade executiva 
A regra de que não há execução sem título impõe que a atividade 
executiva, provisória ou definitiva, somente pode ser instaurada se for apresentado um 
instrumento de um ato jurídico a que a lei atribua a eficácia executiva. O título 
executivo pode ser judicial ou extrajudicial 
 
2.2.2. DISPONIBILIDADE DA EXECUÇÃO (ART. 775, CPC) 
O exequente pode dispor da execução e ou do cumprimento de sentença, 
quer não executando o título executivo, quer desistindo, total ou parcialmente, da 
demanda executiva já proposta, quer desistindo de algum ato executivo já realizado 
(uma penhora, p. ex.). A execução realiza-se para atender ao interesse do exequente e, 
assim, cabe a ele o direito de dispor da execução. 
O exequente pode desistir de toda execução ou de algum ato executivo 
independentemente do consentimento do executado, mesmo que este tenha apresentado 
impugnação ou embargos à execução (defesa do executado), ressalvada a hipótese de 
essa defesa versar sobre questões relacionadas à relação jurídica material (mérito da 
execução), quando a concordância do executado (impugnante/embargante) se impõe 
(art. 775, § único, II, CPC). 
Se não for apresentada a defesa, ou quando esta restringir-se a questões 
processuais, não há necessidade do consentimento. Nesse caso, manifestada desistência, 
haverá extinção da execução e, igualmente, dos embargos à execução ou da 
impugnação. 
Observe-se que o consentimento do executado se impõe apenas se se 
tratar de desistência do procedimento executivo; se a desistência se restringir a um ato 
executivo, e não a todo procedimento, não há necessidade de o executado dar a sua 
anuência. 
Perceba que, na fase executiva, o regramento da desistência é diferente 
daquele previsto na fase de conhecimento, em que a concordância do demandado é 
exigida sempre que houver contestação (art. 485, § 4º, CPC). 
Com a desistência, cabe ao exequente arcar com as despesas processuais, 
inclusive os honorários advocatícios (CPC, art. 90 e 775, 1). 
 
2.2.3. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO EXEQUENTE (ART. 520, I e 776, 
CPC) 
A execução corre por conta e risco do exequente. Prejuízos indevidos 
causados ao executado haverão de ser ressarcidos pelo exequente, independentemente 
de culpa. A responsabilidade do exequente pela execução injusta é objetiva40 : basta a 
prova do dano, material ou moral, e do nexo de causalidade entre o dano e a execução 
indevida. 
A regra está consagrada em dois dispositivos do CPC. O art. 520, 1, 
CPC, determina que o cumprimento provisório, "corre por iniciativa, conta e 
responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os 
danos que o executado haja sofrido". A regra será examinada com mais minúcia no 
capítulo sobre o cumprimento provisório. 
O art. 776 do CPC dispõe que "O exequente ressarcirá ao executado os 
danos que este sofreu, quando a sentença, transitada em julgado, declarar inexistente, no 
todo ou em parte, a obrigação que ensejou a execução". Trata-se da norma geral que 
cuida do tema; aplica-se à execução definitiva de título judicial ou extrajudicial. A 
responsabilidade objetiva, nesse caso, pressupõe o reconhecimento judicial de que a 
obrigação é inexistente; se a ilegitimidade da execução decorreu de outra causa, o 
regime da responsabilidade obedecerá ao disposto nos arts. 186 e 927 do Código Civil, 
regras gerais, ou, se se tratar de cumprimento provisório, ao inciso 1 do art. 520, CPC, 
já referido. 
Repita-se: a responsabilidade é objetiva. O dever de indenizar surge de 
um ato-fato lícito processual; não há ilicitude, mas, se houver dano, haverá de ser 
indenizado. O risco da execução justifica que o exequente seja responsável. A norma é 
justa e faz parte da tutela jurídica da ética no processo, resguardando a parte de 
execuções infundadas. 
 
2.2.4. APLICAÇÃO INTEGRADA DAS REGRAS RELATIVAS À EXECUÇÃO 
E APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIAS DAS REGRAS DO PROCESSO DE 
CONHECIMENTO (ARTS. 513 E 771, CPC) 
O art. 771, caput, c/c art. 513, do CPC, prevê a aplicação subsidiária das 
regras relativas ao processo de execução de título extrajudicial à fase de cumprimento 
de sentença, "no que couber e conforme a natureza da obrigação". A aplicação é 
subsidiária, e deve ser utilizada, unicamente, para suprir omissões, sem gerar 
incompatibilidades ou contradições. 
Só devem ser aplicadas normas que sejam compatíveis com a natureza e 
os fins do cumprimento de sentença e da obrigação cuja satisfação é visada. 
Cabe, assim, aplicar, ao cumprimento de sentença, por exemplo, a regra: 
 do art. 828 do CPC, que trata da averbação da execução no registro de bens 
expropriáveis; 
 dos arts. 789 e seguintes do CPC, que cuidam da responsabilidade patrimonial; 
 dos arts. 778-780 do CPC, relativos às partes da execução e sua legitimidade; 
 dos arts. 772-774 do CPC, e sua disciplina dos atos atentatórios à dignidade da 
justiça. 
Obs.: Por outro lado, depois de muita discussão doutrinária a respeito, o art. 916, § 7º, 
CPC, positivou a incompatibilidade da aplicação da regra que concede o direito 
potestativo do executado ao parcelamento da obrigação ao cumprimento de sentença. 
O art. 771, caput, CPC, também estabelece a aplicação subsidiária das 
regras relativas ao processo de execução de título extrajudicial aos procedimentos 
especiais de execução, dentro do que for cabível. 
É o caso do rito especial de execução de alimentos (seja cumprimento de 
sentença, seja execução de título extrajudicial-arts. 528-533, e 911-913, CPC) e de 
execução fiscal (Lei n. 6.830 /1980 - LEF). São procedimentos que podem e devem 
contar, por exemplo, com a medida do art. 782, § 3º, do CPC (inserção do nome do 
executado no cadastro de inadimplentes), do art. 828 do CPC (averbação da execução 
no registro de bens), bem como dos arts. 772-774 do CPC (regramento dos atos 
atentatórios à dignidade da justiça). Isso sem falar da necessária observância da 
disciplina relativa à penhora, à avaliação e à expropriação, no que couber e no que for 
omissa ou incompleta a disciplina do rito especial. 
Mas, exatamente por ser uma aplicação subsidiária, não deve ocorrer 
quando já houver regra específica para o procedimento especial ou quando a disposição 
for com ele incompatível. É por essa razão que se diz, embora se trate de conclusão no 
mínimo questionável, que não se dispensa garantia prévia para apresentação de 
embargos à execução fiscal, como previsto para embargos na execução comum no art. 
914, CPC, já que é ela (a garantia) expressamente exigida pelo art. 16, § 1º, LEF. 
O art. 771, caput, parte final, do CPC inova ao prever a aplicação 
subsidiária do regramento do processo de execução ao plano de eficácia de quaisquer 
atos e fatos processuais aos quais o legislador tenha atribuído força executiva. 
O procedimento executivo somente pode ser instaurado se houver um 
documento que certifique um ato jurídico normativo, atributivo do dever de prestar 
(líquido, certo e exigível), que se revista de eficáciaexecutiva - atribuída por lei ou pela 
vontade das partes (nos limites do art. 190, CPC, cf. exposto no capítulo dedicado ao 
título executivo). 
Não há execução sem título executivo. 
 
 
2.3. BALANCEAMENTO DOS PRINCÍPIOS: A EXECUÇÃO EQUILIBRADA 
É a concreta compatibilização de dois ou mais princípios fundamentais 
no curso do processo executivo. Diante da situação para qual se põe dois princípios 
igualmente relevantes, caberá balancear os fatores concretamente envolvidos. Aquele 
que prevalecer haverá de sacrificar o outro apenas na medida estritamente necessária 
para a consecução de sua finalidade. 
 
5. Formação do processo de execução 
5.1. Considerações iniciais 
Conjunto de atos praticados no sentido de alcançar a tutela jurisdicional 
executiva, isto é, a efetivação/realização/satisfação da prestação devida. 
A execução pode ser buscada por meio de processo autônomo de execução 
ou de uma fase instaurada no bojo de um processo já em curso. Assim, não 
necessariamente precisa-se de petição inicial. 
Não há procedimento executivo padrão. A depender da natureza do título 
que certifique o direito cuja satisfação se busca (se judicial ou extrajudicial) e a 
depender da natureza da prestação que se pretende impor ao executado (prestação de 
fazer, de não fazer, de pagar quantia ou de dar coisa distinta de dinheiro), é possível que 
o legislador estabeleça séries específicas de atos executivos a serem praticados, 
construindo procedimentos distintos para cada uma dessas situações. 
 
5.2. Petição inicial 
Para um processo autônomo de execução, precisa-se de Petição Inicial. Mas 
nem toda execução precisa, como, por exemplo, quando se tem uma sentença penal 
condicionada, é preciso uma Petição Inicial. 
Nas palavras de DIDIER, nem sempre, porém, a demanda executiva estará 
materializada numa petição inicial. Se ela deflagra um processo autônomo - como 
ocorre, por exemplo, nas execuções fundadas em título extrajudicial, ou nos casos 
descritos no art. 515, § 1º, do CPC -, a petição que a contém é denominada de petição 
inicial e, por isso, deve satisfazer todos os requisitos de validade de uma petição inicial. 
Se, por outro lado, ela deflagra uma fase de um processo já em curso, não se 
tem aí uma petição inicial e, por isso, não é necessário que a sua elaboração cumpra 
todos os requisitos de validade de uma petição inicial. É fundamental, contudo, que, 
nesse caso, a petição exponha, de maneira clara e objetiva, quem são as partes 
envolvidas, bem como qual a causa de pedir e qual o pedido. 
 
5.2.1. Requisitos de validade 
a) Requisitos gerais (ou genéricos); 
 Art. 319; 
Art. 319. A petição inicial indicará: 
I - o juízo a que é dirigida; 
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a 
profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no 
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e 
a residência do autor e do réu; 
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
IV - o pedido com as suas especificações; 
V - o valor da causa; 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos 
alegados; 
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou 
de mediação. 
§ 1
o
 Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o 
autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua 
obtenção. 
§ 2
o
 A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de 
informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. 
§ 3
o
 A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto 
no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível 
ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. 
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis 
à propositura da ação. 
 
b) Documentos indispensáveis (título executivo); 
 Art. 798, I, a, b, c, d, 799; 
Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente: 
I - instruir a petição inicial com: 
a) o título executivo extrajudicial; 
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, 
quando se tratar de execução por quantia certa; 
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso; 
d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe 
corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for 
obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do 
exequente; 
 
 Observações sobre os documentos indispensáveis: 
Art. 798, I, a – Há casos em que a execução se funda em título judicial e, nada obstante, 
é indispensável a juntada do documento. Isso ocorre, por exemplo, na sentença penal 
condenatória transitada em julgado (art. 515, VI, CPC); 
Art. 798, I, b – Trata-se de documento que visa a esclarecer não só o montante 
perseguido como também os critérios e métodos utilizados para alcançá-lo; 
Art. 798, I, c – Segundo o art. 514 do CPC, "quando o juiz decidir relação jurídica 
sujeita a condição ou termo, o cumprimento da sentença dependerá de demonstração de 
que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo". Embora o dispositivo faça 
referência ao cumprimento de sentença, ele também se aplica quando a exigibilidade da 
obrigação contida no título executivo extrajudicial está sujeita a termo ou condição; 
Art. 798, I, d – Se a prestação devida pelo executado depender do prévio cumprimento, 
pelo exequente, da contraprestação que lhe cabe, deve o exequente provar que adimpliu 
essa sua contraprestação, ou ainda provar que assegura o seu cumprimento, para, só 
então, exigir do devedor a sua prestação. 
 
 
5.3. Controle e emenda da petição inicial (art. 801, CPC) 
Uma vez recebida a petição inicial, cabe ao magistrado, antes de deferi-la e determinar a 
citação do executado, exercer sobre ela o juízo de admissibilidade: 
a) Se a petição inicial estiver adequada, o magistrado proferirá então o seu juízo 
positivo de admissibilidade, determinando a citação do executado. Esse juízo de 
admissibilidade inicial é meramente provisório, no sentido de que o executado poderá, 
em sua eventual resposta, apontar a invalidade da petição inicial ou a improcedência da 
demanda executiva. 
b) Se a petição contiver vício sanável, tem o magistrado o dever de abrir prazo para que 
o exequente possa saná-lo (art. 801, CPC), indicando precisamente o que precisa ser 
corrigido ou sanado (art. 321 c/c art. 771, par. ún., CPC). Devidamente emendada a 
petição inicial, o processo terá seu curso normal. Se a emenda não for feita, cabe ao 
juízo indeferir a petição, pondo fim ao procedimento sem análise de mérito, por 
sentença contra a qual poderá o exequente interpor recurso de apelação. Aplica-se aqui 
o efeito regressivo da apelação, que permite a retratação pelo juiz (art. 485, § 7º, e art. 
332, § 3º, c/c art. 771, par. ún., CPC). 
 
Observações: 
ANTICRESE – Convenção de perceber frutos de determinado bem para receber o que 
se tem direito. Em outras palavras, é contrato em que o devedor entrega um imóvel ao 
credor, transferindo-lhe o direito de auferir os frutos e rendimentos desse mesmo imóvel 
para compensar a dívida. 
PENHOR – Um bem que se empenha para garantir o pagamento da dívida. 
CONVERSÃO DA EXECUÇÃO EM COGNIÇÃO 
 É possível a conversão do procedimento executivo eleito (ex.: converter a 
execução por expropriação em execução por coerção pessoal)? Segundo 
ARAKEN e DIDIER sim. Nada impede que o credor, atendendo ao comando do 
juiz e respeitando o princípio da demanda, altere o rito inicialmente proposto à 
demanda executiva ajuizada; 
E se essa conversão alterar a própria função processual (conversão de execução 
a processo de conhecimento)? ARAKEN diz que não seria possível. Já DIDIER 
diz que se o juiz não determinar a citação do executado, tampouco este 
comparecer espontaneamente ao processo, não haverá impedimento à 
possibilidade de o exequente, emendando a inicial e atendendo às exigências dos 
arts. 319 e 320, alterar seu pedido ou causa de pedir para tornar cognitiva a 
outrora ação executiva. 
 
5.4 Efeitos da litispendência executiva 
A pendência do processo de execução ou da fase executiva gera alguns 
efeitos. Alguns deles, conforme se verá, decorrem da propositura da demanda executiva, 
outros decorrem do despacho inicial do juiz e outros, por fim, decorrem da citação 
válida do executado. 
 
5.4.1. Direito conferido ao credor de averbação da pendência da execução nos 
registros de bens do devedor 
Um dos efeitos da execução, que decorre do despacho judicial que admite o 
seu processamento, é o direito que surge para o exequente de, munido de certidão 
comprobatória do ajuizamento e da admissão da execução, com identificação das partes 
e do valor da causa, proceder à averbação da pendência do processo no registro de 
imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade 
(art. 828, CPC). 
Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida 
pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de 
averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a 
penhora, arresto ou indisponibilidade. 
§ 1o No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá 
comunicar ao juízo as averbações efetivadas. 
§ 2o Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da 
dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o cancelamento 
das averbações relativas àqueles não penhorados. 
§ 3o O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a 
requerimento, caso o exequente não o faça no prazo. 
§ 4o Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens 
efetuada após a averbação. 
§ 5o O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não 
cancelar as averbações nos termos do § 2o indenizará a parte contrária, 
processando-se o incidente em autos apartados. 
O referido instituto evita que o bem seja vendido ou onerado, feita a 
alienação ou venda presume-se que houve uma fraude à execução. 
Feita a averbação, o exequente terá o prazo de 10 dias para comunicar ao 
juízo (art. 828, § 1 º, CPC). Formalizada a penhora sobre bens suficientes para cobrir o 
valor da dívida, o exequente providenciará, no prazo de 1O dias, o cancelamento das 
averbações relativas àqueles não penhorados (art. 828, § 2º, CPC). Caso isso não seja 
providenciado, o juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a 
requerimento, o exequente que solicita a referido remédio de forma equivocada deve 
indenizar a parte contrária em autos que serão apartados do processo original. 
 
5.4.2. Interrupção da prescrição 
De acordo com o enunciado n. 150 da súmula do STF, "prescreve a 
execução no mesmo prazo de prescrição da ação". Nos termos do art. 802 do CPC, "o 
despacho que ordena a citação, desde que realizada em observância ao disposto no § 2º 
do art. 240, interrompe a prescrição, ainda que proferido por juízo incompetente". 
Aplicado também ao artigo 240, par. 1 ao processo de conhecimento, lembrando que a 
mesma só ocorrerá uma vez, 
Interrompida a prescrição pelo despacho que ordena a citação, essa 
interrupção retroage à data da propositura da ação (art. 802, par. ún., CPC). 
Art. 802. Na execução, o despacho que ordena a citação, desde que 
realizada em observância ao disposto no § 2o do art. 240, interrompe a 
prescrição, ainda que proferido por juízo incompetente. 
Parágrafo único. A interrupção da prescrição retroagirá à data de 
propositura da ação. Lembrando que o executado deve fazer isso em 10 dias, 
mas não será prejudicado por demora do próprio judiciário. 
Fala-se em interrupção da prescrição quando se está diante de um processo 
autônomo de execução. Quando a execução é deflagrada como fase de um processo já 
em curso, não há que se falar em interrupção da prescrição como efeito da demanda 
executiva. Isso porque não há solução de continuidade entre a fase de 
conhecimento/certificação e a de execução/satisfação, na medida em que esta última 
sucede àquela numa mesma relação jurídica processual. Assim, interrompida a 
prescrição pelo despacho inicial que, ainda na fase cognitiva, determinara a citação do 
réu, o prazo prescricional somente volta a correr a partir do último ato praticado no 
processo (art. 202, p. único, Código Civil). Há, porém, uma ressalva. A deflagração do 
cumprimento de sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia 
certa depende de requerimento da parte (art. 523, CPC). 
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em 
liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento 
definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o 
executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, 
acrescido de custas, se houver. 
§ 1
o
 Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será 
acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado 
de dez por cento. 
§ 2
o
 Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os 
honorários previstos no § 1
o
 incidirão sobre o restante. 
§ 3
o
 Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, 
desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de 
expropriação. 
 
5.4.3. Prevenção 
O registro ou a distribuição da petição inicial da execução torna prevento o 
juízo (art. 59, CPC), de modo que, correndo em separado ações conexas, elas serão 
reunidas no juízo em que primeiro se registrou ou distribuiu o processo executivo. 
 
5.4.4. Litispendência 
A litispendência é um efeito da propositura da ação executiva, ou do 
requerimento de execução, quando processada como fase de um processo já em curso. 
Desse modo, não pode o exequente, pendente a sua demanda executiva, formular outra 
idêntica, perante o mesmo ou outro juízo, sob pena de a segunda demanda ser extinta 
por litispendência (art. 485, V, CPC). Mas a litispendência somente opera efeitos para o 
executado a partir de quando ele for validamente citado (art. 240 c/c art. 771, par. ún., 
CPC), já estudamos isso em pratica civil, que seria quando uma pessoa distribui dois 
processos ao mesmo tempo, situação não admitida pelo CPC. 
 
5.4.5. Litigiosidade do objeto 
A deflagração da execução (como processo autônomo ou como fase) torna 
litigioso o objeto para o exequente. Se o exequente resolver ceder seu crédito a um 
terceiro, não perderá a legitimidade para continuar demandando em juízo (art. 109, 
CPC) 
 
5.4.6. Indisponibilidade patrimonial relativa 
Outro efeito da citação válida no processo autônomo de execução é a 
indisponibilidade relativa do patrimônio do devedor. Uma vez citado o executado para 
responder por demanda executiva capaz de reduzi-lo à insolvência, a alienação ou 
oneração de bens é considerada como fraude à execução (art. 792, IV, CPC). 
A referida situação acontece quando a pessoa não pode relativamente dispor 
de seu patrimônio, criando risco de insolvência, a celeuma não está encima de um bem, 
como uma casa ou carro e sim sobre todo um patrimônio onde a pessoa caso venha 
dispor ou alienar corre o risco de ficar insolvente, desse modo, a citação válida no 
processo autônomo de execução torna relativamenteindisponíveis os bens do devedor 
cuja alienação ou oneração seja capaz de reduzi-lo a insolvência. 
Diz-se que a indisponibilidade é relativa porque os atos de disposição são 
ineficazes apenas em relação ao processo executivo, embora sejam válidos e eficazes 
em relação ao terceiro que tenha participado do negócio. Note que se trata de um direito 
que surge a partir da litispendência executiva. 
Como os efeitos da litispendência executiva somente se produzem para o 
executado a partir de sua citação, o parcelamento constitui um direito protestativo que 
nasce a partir da citação no procedimento executivo. Aplica-se ele tão somente à 
execução para pagamento de quantia fundada em título executivo extrajudicial (art. 916, 
§ 7º). 
 
5.4.7. Direito potestativo do executado ao parcelamento da dívida exequenda 
Art. 916 (Processo autônomo de execução). §7º - Vedação. 
 
5.4.8. E a constituição em mora? 
Não é efeito da litispendência porque a mora é um pressuposto da execução, 
e vem antes da litispendência. Para ter execução o devedor já deve estar em mora. 
 
 
6. Partes na Execução 
 
Quem tem a pretensão, direito a algo, e quem tem a obrigação de realizar ou 
adimplir algo. Exequente vs Executado. 
Legitimidade: 
 Ordinária: 
o Originária – A parte é o titular original do direito. Desde o início a parte 
possuía o direito e ela mesmo atua; 
o Sucessiva – Adquiriu de algum modo a titularidade do direito. É o 
sucessor da titularidade do direito; 
 Extraordinária: Quando a lei expressamente autoriza, em nome próprio, atuar em 
direito alheio. Ex.: MP; 
 Inicial: Aquela legitimidade presente desde o início do processo; 
 Superveniente: Aquela que surgiu no curso do processo. Ex.: Advogado 
cobrando honorários (pode ser originária) ou a parte pode executar e ser 
extraordinária; 
*Súmula 268 STJ: “O fiador que não integrou a relação processual na ação de despejo 
não responde pela execução do julgado”. 
6.1. As partes 
 
6.1.1. Legitimidade para promover a execução (Legitimidade ativa) 
 
De acordo com Art. 778, caput, pode promover a execução o credor: 
a) Não é o credor que pode promover a ação. Pode promover “quem se afirme 
credor”. 
b) Há casos em que o nome do credor não aparece no título executivo, mas isso não 
o impede de promover a execução. 
Há a previsão de legitimidade do Ministério Público para promover 
execução. Essa é uma hipótese de legitimação extraordinária. O MP poderá ser 
legitimado extraordinários nos casos em que tiver essa legitimação extraordinária. Há 
também outras hipóteses de legitimação extraordinária: é o caso da execução da 
sentença coletiva em favor das vítimas, quando promovida por qualquer dos legitimados 
à tutela coletiva. 
Vide § 1º do art. 778 – atribui legitimação ativa àqueles que afirmem ter 
assumido a titularidade do crédito objeto da execução. 
1) Embora não haja menção expressão no inciso II do §1º do art. 778, podem 
promover a execução, ainda, devidamente representadas, a herança jacente e a 
herança vacante, quando não houver herdeiros conhecidos ou testamento. 
2) Também é possível que a demanda executiva seja proposta pela sucessora da 
pessoa jurídica, não obstante o silêncio legal. 
3) Há hipóteses em que os procedimentos executivos podem instaurar-se ex officio. 
É o que acontece com a execução das decisões em imponham prestação de fazer 
ou de não fazer. 
 
6.1.2. Legitimidade passiva para a execução (Art. 779, CPC) 
A execução pode ser proposta em face do: 
 o devedor, reconhecido como tal no título executivo. 
 o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor. 
 o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação 
resultante do título executivo. 
 o fiador do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito. 
 o responsável tributário, assim definido em lei. 
Importante observar que: 
a) Todo aquele a quem se puder imputar o cumprimento de uma prestação pode 
ser sujeito passivo da demanda executiva, seja ele o devedor principal ou o responsável, 
como o fiador. 
b) Há hipóteses de legitimação passiva derivada, como é o caso da legitimidade 
do espólio e sucessores do devedor. 
c) A assunção da dívida legitima o novo devedor a conduzir o polo passivo do 
procedimento executivo. Exige-se o consentimento do credor; sem ela, o negócio é 
ineficaz em relação ao cedido. 
d) O fiador convencional, que deve constar do título executivo extrajudicial, 
também é legitimado passivo na execução. 
 
6.2. A posição jurídica do cônjuge do executado 
O cônjuge do executado deverá ser intimado da penhora se ela recair sobre 
bem imóvel e eles não forem casados em regime de separação absoluta de bens (art. 
842). A jurisprudência tem adotado a solução mais liberal e flexível possível em favor 
do cônjuge. E quando ele é intimado da penhora, ele pode optar por assumir a condição 
de parte ou se defender através de embargos de terceiro (quando ele será considerado 
um terceiro). 
 
6.3. Litisconsórcio na execução 
O litisconsórcio significa a pluralidade de partes em um dos pólos da 
demanda (ou em ambos). Na execução o mais comumente é vermos a formação de 
litisconsórcio facultativo simples, que implica na cumulação de demandas (cumulação 
subjetiva), devendo se observar o art. 780. 
É possível litisconsórcio na execução. Seja ele: 
 Ativo – mais de um exequente 
 Passivo – mais de um executado 
 Misto – mais de um exequente e mais de um executado. 
De um modo geral, o que se encontra nas demandas executivas é a formação 
de litisconsórcio facultativo. 
Normalmente, quando se forma o litisconsórcio na demanda executiva, isso 
se dá por conveniência das partes. A formação do litisconsórcio facultativo simples, seja 
ele ativo, passivo ou misto, implica cumulação de demandas. Precisa ser adequada a 
este requisito de admissibilidade da cumulação de demandas. Somente se pode formar o 
litisconsórcio facultativo se todos os credores e/ou todos os devedores estiverem 
vinculados à parte contrária em razão de uma mesma relação jurídica material ou de um 
mesmo conjunto de relações jurídicas materiais. 
A saber: 
a) A e B não podem demandar contra devedor comum C, se o crédito de A se funda no 
título X e o crédito de B se funda no título Y. Para formar o litisconsórcio facultativo 
ativo, é necessário que A e B sejam, em conjunto, credores de C com base em ambos os 
títulos (X e Y) ou, se houver apenas um título, que sejam eles, em conjunto, credores de 
C em razão deste único título. 
b) A não pode demandar contra os devedores C e D, se o crédito de A em face de C se 
funda no título X e o crédito em face de D se funda no título Y. Para que se possa 
formar o litisconsórcio facultativo passivo, é necessário que C e D seja, em conjunto, 
devedores de A cm base em ambos os títulos (X e Y) ou, se houver apenas um título, 
que sejam eles, em conjunto, devedores de A em razão deste único título. 
c) A e B não podem demandar contra os devedores C e D, se o crédito de A se funda no 
título X e o crédito de B se funda no título Y. Para que se possa formar aí o 
litisconsórcio facultativo misto, é necessário que A e B sejam, em conjunto, credores de 
C e D, com base em ambos os títulos (X e Y) ou, se houver apenas um título, que sejam 
eles, em conjunto, credores C e D em razão deste único título, bem assim que C e D 
sejam, em conjunto, devedores de A e B com base em ambos os títulos (X e Y) ou, se 
houver apenas um título, que sejam eles, em conjunto, devedores de A e B em razão 
deste único título. 
Enfim, não é em qualquer situação em que de admite a formação do 
litisconsórcio facultativo. 
 
6.4. Intervençãode terceiros na execução 
Terceiro, para BARBOSA MOREIRA, é “quem não seja parte, quer nunca 
o tenha sido quer aja deixado de sê-lo em momento anterior àquele em que se profira a 
decisão”. 
Intervenção de terceiro, por sua vez, é fato jurídico processual que implica 
modificação de processo já existente. É um ato jurídico processual pelo qual um 
terceiro, autorizado por lei, ingressa em processo pendente transformando-se em parte. 
Ela pode ser espontânea ou provocada. 
Na execução cabem algumas intervenções previstas na parte geral do CPC 
que são a assistência, o amicus curiae e o incidente de desconsideração da 
personalidade jurídica. Cabem também modalidades específicas atinentes ao processo 
de execução, que são o protesto pela preferência, o concurso especial de credores e o 
exercício do benefício de ordem pelo fiador. O terceiro pode se valer dos embargos de 
terceiros, que é considerado processo incidente e, portanto, não se configura espécie de 
intervenção de terceiro. 
 
6.4.1. Intervenções de terceiro previstas na Parte Geral 
 Assistência*; 
 “Amicus curiae”; 
 Incidente de desconsideração da personalidade jurídica; 
A assistência, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e o 
amicus curiae são cabíveis no procedimento executivo. O recurso de terceiro, embora 
não esteja previsto na Parte Geral do CPC, também é uma modalidade aplicável a todas 
as espécies de processo, o que inclui o processo de execução. 
 
6.4.2. Intervenções de terceiro típicas do processo de execução / Modalidades 
específicas (art. 780) 
De tão simples, essa modalidade de intervenção de terceiro não implica 
alteração de competência, mesmo que o terceiro seja ente federal. 
Há modalidades específicas de intervenção de terceiro no procedimento 
executivo. 
a) Protesto pela preferência (art. 908): o credor com título legal de preferência pode 
intervir na execução e protestar pelo recebimento do crédito, resultante da expropriação 
do bem penhorado, de acordo com a ordem de preferência. 
b) O concurso especial de credores: se houver penhoras sucessivas sobre o mesmo bem, 
surge a necessidade de que todos os credores penhorantes participem da fase de 
pagamento. 
c) Exercício do benefício de ordem pelo fiador: o fiado, quando executado, tem o direito 
de exigir que primeiro sejam executados os bens do devedor situados na mesma 
comarca, livres e desembargados, indicando-os pormenorizadamente à penhora. 
d) Embargos de terceiros: O terceiro ainda pode voltar-se contra a execução valendo-se 
dos embargos de terceiro, que é processo incidente e, portanto, não se configura como 
espécie de intervenção de terceiro, sempre um incidente do processo. 
 
7. Responsabilidade patrimonial (art. 789 a 796) 
7.1. Considerações iniciais 
A responsabilidade patrimonial (ou responsabilidade executiva) seria, 
segundo doutrina maciça, o estado de sujeição do patrimônio do devedor, ou de 
terceiros responsáveis (cf. art. 790, CPC), às providências executivas voltadas à 
satisfação da prestação devida. Seria a sujeição potencial e genérica de seu patrimônio. 
Haveria a possibilidade de sujeição de todos os seus bens (dentro dos limites da lei), não 
sujeição efetiva e específica de um deles. 
Nesse contexto, a grande preocupação dos processualistas é definir a massa 
patrimonial passível de execução - do devedor e de terceiro. 
 
7.2. Diferença entre dívida (cumprimento espontâneo) e responsabilidade 
(prerrogativa do credor de, em caso de inadimplemento, proceder à execução) 
O elemento DÍVIDA é o cumprimento espontâneo do devedor quanto à 
prestação. Já a responsabilidade é a prerrogativa conferida ao credor de no caso de 
inadimplemento, promover a execução invadindo a esfera de patrimônio do devedor. 
Ou seja, dívida é o dever de satisfazer a obrigação e responsabilidade é a 
sujeição do patrimônio ao pagamento para o cumprimento da obrigação. 
Há dívida sem responsabilidade. Ex.: dívida de jogo. 
Em regra, no Brasil, a responsabilidade é patrimonial, excepcionalmente 
admite-se a prisão civil (art. 5º, inciso LXVII, CF). 
É possível a prisão daquele que voluntariamente deixa de pagar pensão 
alimentícia, pois o direito à vida de quem recebe os alimentos se sobrepõe à liberdade 
de quem os paga (vide súmula 309, STJ). 
O STJ editou a súmula 419 pela qual não cabe prisão do depositário judicial. 
 
7.3. Responsabilidade patrimonial primária e responsabilidade patrimonial 
secundária/ Responsabilidade patrimonial como regra 
A partir da constatação de que o vínculo obrigacional contém o débito e a 
responsabilidade, identificam-se dois tipos de responsabilidade patrimonial: a primária e 
a secundária51. 
A responsabilidade primária é aquela que recai sobre bens do devedor 
obrigado, como previsto nas hipóteses do art. 789 e do art. 790, 1, III, V, VI e VII, 
ambos do CPC. 
A responsabilidade secundária incide sobre bens de terceiro não obrigado, 
quando a responsabilidade se desprende da obrigação e vai recair sobre terceiro (ex.: 
cônjuge do executado), disciplinada no art. 790, II e IV, CPC. 
 
7.3.1. Responsabilidade patrimonial primária 
A responsabilidade patrimonial primária está prevista no art. 789, NCPC 
e estabelece que o devedor responde com o seu patrimônio para o cumprimento de suas 
obrigações (atinge tanto os bens presentes como os bens futuros, excepcionalmente os 
bens passados do devedor também respondem pela execução quando alienados por meio 
de fraude). 
 
7.3.2. Responsabilidade patrimonial secundária 
A responsabilidade patrimonial (ou executória) secundária prevista no 
art. 790, NCPC permite que o patrimônio de terceiros seja atingido pela execução. 
Embora o inciso III do art. 790 esteja em conjunto com outros que abordam 
a responsabilidade secundária ao prever que os bens do devedor ficam sujeitos a 
execução ainda que em poder de terceiros, isso só reforça a regra da responsabilidade 
patrimonial primária do devedor, sendo em princípio irrelevante o fato de quem está 
com o bem. 
As hipóteses da responsabilidade patrimonial secundária estão previstas nos 
incisos I, II, IV e V do art. 790, NCPC. 
*Súmula 251, STJ: “A meação só responde pelo ato ilícito quando o credor, na 
execução fiscal, provar que o enriquecimento dele resultante aproveitou ao casal”. 
 
7.4. Responsabilidade patrimonial do fiador 
Costuma-se dizer, em doutrina148, que, em sendo o cumprimento da 
obrigação garantido por fiador, a obrigação se desdobra em débito e responsabilidade. O 
devedor principal deve e responde, em caráter primário; e o fiador não deve, mas 
responde, em caráter secundário. 
Não parece ser essa a melhor interpretação da situação. Segundo Antunes de 
Varela, a posição do fiador é de devedor e responsável. Ele deve e responde. Só que sua 
obrigação é acessória: ''A fiança destinada a garantir a dívida já existente não pode, por 
sua vez, ser considerada como um caso de responsabilidade sem débito, mas antes como 
um caso típico de obrigação acessória. O fiador não é apenas responsável, é também 
devedor, embora acessoriamente (...)". 
É caso, portanto, de responsabilidade primária. O que chama a atenção, no 
teor do art. 794 do CPC, que disciplina responsabilidade do fiador, é o benefício de 
ordem15o (ou benefício de excussão, beneftcium excussionis) previsto na legislação 
civil (art. 827, CC151) e confirmado no texto do CPC. O benefício de ordem é uma 
espécie de contradireito do fiador em relação ao credor-exceção substancial dilatória. 
Quando executado o fiador judicial ou extrajudicial (negocial), é dada a ele 
a prerrogativa de exigir que primeiro sejam excutidos bens do devedor, que estejam na 
mesma comarca,e sejam livres e desembargados, na tentativa de deixar a salvo os seus 
próprios, indicando-os em pormenores à penhora. 
O exercício do benefício de ordem deve ocorrer na primeira oportunidade 
que o fiador tiver para falar nos autos (art. 827, CC) - na execução de título 
extrajudicial, por exemplo, no prazo de três dias a contar da sua citação (art. 829, CPC). 
O benefício de ordem é renunciável expressamente (art. 828, 1, CC). A 
renúncia expressa é aquela que está prevista no instrumento de contrato de fiança. 
Pode-se cogitar uma espécie de renúncia tácita: a não arguição do benefício 
de ordem no primeiro momento que lhe cabe falar nos autos; segue-se o padrão das 
exceções substanciais, cuja não exercício no prazo de lei conduz à preclusão, só sendo 
dada ao fiador nova oportunidade, em caso de segunda penhora (art. 851 do CPC) ou de 
reforço da penhora (art. 874 do CPC). 
 
7.5. Responsabilidade patrimonial do espólio e dos herdeiros 
Falecendo o devedor, seu espólio responderá pela obrigação (art. 796, CPC). 
O espólio adquire, assim, legitimidade passiva para a execução, permitindo-se, contudo, 
que os herdeiros atuem como litisconsortes. 
A princípio, pelas dívidas da herança responderão os bens da própria 
herança (do espólio); não respondem os bens dos herdeiros (arts. 1.792162 e 1.821, 
CC). “As dívidas da herança executam-se nos bens da herança, e não nos outros bens 
dos herdeiros”. Com isso, projeta-se a responsabilidade patrimonial do devedor para 
além de sua morte. 
Os bens do espólio respondem pela obrigação do falecido da mesma forma 
que respondiam quando ele era vivo. 
Mas há casos em que a morte do devedor amplia a garantia do credor; por 
exemplo, seus instrumentos de profissão e pertences pessoais, antes impenhoráveis, 
passam a ser suscetíveis de penhora, pois não há mais motivo que justifique sua 
proteção. 
Feita a partilha da herança entre seus herdeiros e sucessores, eles 
responderão proporcionalmente pelas dívidas do de cujus, dentro dos limites da força da 
herança, e passarão a ter legitimidade passiva exclusiva para a execução. Respondem na 
proporção da parte da herança que lhe couber (e dentro das forças da herança), intra 
vires hereditatis (art. 796 do CPC). O ônus da prova do excesso é do herdeiro, salvo se 
já houver inventário que a dispense, demonstrando o valor dos bens herdados (art. 
1.792, fine, CC). 
É a partir do formal de partilha que se mensura a extensão da 
responsabilidade de cada herdeiro, pois ali estarão discriminados os bens que herdou e a 
qual percentual correspondem do total partilhado. 
Mas a responsabilidade dos herdeiros não se restringe aos bens herdados. Os 
seus bens próprios e pessoais respondem pela dívida do de cujus, na proporção do que 
foi herdado. É por isso que se diz que, se os bens herdados pereceram, foram alienados 
para terceiro ou eram, desde a origem, impenhoráveis (exemplo: bem residencial), isso 
não exime o herdeiro de responder pela execução com seus bens particulares. 
 
7.6. Bens do devedor que não se submetem à responsabilidade patrimonial 
Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera 
impenhoráveis ou inalienáveis. 
Art. 833. São impenhoráveis: 
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à 
execução; 
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a 
residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as 
necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; 
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, 
salvo se de elevado valor; 
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, 
os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as 
quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e 
de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional 
liberal, ressalvado o § 2
o
; 
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou 
outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; 
VI - o seguro de vida; 
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas 
forem penhoradas; 
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que 
trabalhada pela família; 
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação 
compulsória em educação, saúde ou assistência social; 
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 
(quarenta) salários-mínimos; 
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, 
nos termos da lei; 
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob 
regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. 
§ 1
o
 A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao 
próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição. 
§ 2
o
 O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de 
penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, 
bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, 
devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8
o
, e no art. 529, § 3
o
. 
§ 3
o
 Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os 
equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou 
a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de 
financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando 
respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária. 
 
7.7. Bens de terceiros submetidos à responsabilidade patrimonial 
O art. 790 do CPC/2015, em seu caput, dispõe que são sujeitos à execução 
os bens, e passa a descrevê-los nos seus incisos I a VII. Descrevem os incisos quais os 
bens que ficam sujeitos à execução. Aqui no caput a norma não se refere ao devedor ou 
ao obrigado, referindo-se apenas aos bens. Direciona o seu comando aos bens dos 
responsáveis pelo cumprimento da obrigação, muito embora não sejam eles os 
devedores. São responsáveis, sem serem devedores. 
Art. 790. São sujeitos à execução os bens: 
I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito 
real ou obrigação reipersecutória; 
II - do sócio, nos termos da lei; 
III - do devedor, ainda que em poder de terceiros; 
IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de 
sua meação respondem pela dívida; 
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução; 
VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em 
razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores; 
VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade 
jurídica. 
 
7.8. Fraudes do devedor 
A execução é solo fértil para a prática de comportamentos contrários ao 
princípio da boa-fé. Não é por outra razão que há tempos existe rigoroso sistema de 
combate à fraude na execução, com institutos consagrados e muitos estudados como a 
fraude à execução e a fraude contra credores. 
É preciso avançar um pouco mais, contudo. A proteção da boa-fé na 
execução não se faz apenas com a aplicação de institutos típicos, como a fraude à 
execução e a punição por ato atentatório à dignidade da justiça. 
A cláusula geral da boa-fé processual permite que se identifiquem ilícitos 
atípicos na execução, que se subsomem à proibição do abuso do direito, como, por 
exemplo, o venire contra factum proprium. 
A proteção da boa-fé na execução possui, portanto, instrumentos típicospara a sua efetivação, que não exaurem, porém, o arsenal normativo existente para o 
combate à deslealdade processual. 
De acordo com o princípio da responsabilidade patrimonial, todos os bens 
do devedor (presentes e futuros) respondem pela obrigação. 
Tais bens permanecem, contudo, na esfera de disponibilidade do devedor, 
que é seu proprietário. O Direito lhe assegura os poderes de uso/gozo/disposição, na 
forma que lhe convier2 (artigo 1.228, Código Civil). 
Como impedir, então, que o devedor promova alienações/onerações 
fraudulentas (ou, até mesmo, simuladas) de seus bens para terceiros, em prejuízo da 
satisfação dos seus credores? 
O legislador brasileiro optou por construir um sistema de controle da 
disponibilidade dos bens do devedor, assegurando-lhe o direito de livre 
administração/disposição, desde que não cause danos aos seus credores. 
Busca-se, assim, um equilíbrio entre a necessidade de proteger o credor e a 
necessidade de permitir que o devedor siga administrando seu patrimônio, preservando 
sua liberdade no tráfego jurídico-econômico. 
A fraude é uma das diversas condutas contrárias à boa-fé. É negação da boa-
fé; consiste, enfim, em conduta repudiada no âmbito das relações negociais. Pode ser 
definida como a manobra ilegal, que lesa interesses legítimos do credor. 
A fraude do devedor é expressão que se refere a uma categoria ampla que 
abrange três diferentes figuras: a) fraude contra credores; b) fraude à execução; e c) os 
atos disposição de bem já constrito. 
 
7.8.1. Fraude contra credores 
A fraude contra credores é instituto de Direito material, regrado pelo Código 
Civil, que revela grande interesse para o Direito Processual; diz respeito à 
responsabilidade patrimonial e pode repercutir na execução. 
Trata-se de expediente usualmente empregado pelo devedor endividado, 
destinado a aumentar seu passivo (conjunto de dívidas e obrigações de uma pessoa), de 
modo que venha a superar o ativo (totalidade dos bens de uma pessoa, incluindo 
dinheiro, créditos, mercadorias, imóveis, investimentos); o devedor, para livrar-se de 
suas dívidas, reduz seu ativo, indevidamente, tornando-se insolvente. Nessa mesma 
situação, enquadra-se o devedor que já é insolvente e resolve "ampliar" essa 
insolvência, ou seja, devedor insolvente, que deve mais do que tem (CPC-2015, art. 
1.052, c/ CPC-1973, art. 748), está assoberbado de compromissos e a saída por ele 
encontrada é reduzir, o seu ativo, que serviria de garantia de pagamento para os seus 
credores. 
Esse desfalque patrimonial pode ocorrer, por exemplo, (a) com a doação de 
bens para seu filho, (b) com a sua venda a preço vil e simbólico para um "testa-de-
ferro", (c) com pagamento de dívida não-vencida para credor quirografário (Código 
Civil, art. 162) 10, (d) com a concessão de uma garantia para um dos credores, onerando 
bens que serviriam de garantia para todos (Código Civil, art. 16311) , (e) com renúncia 
à herança ou outros direitos, impedindo o incremento do seu ativo, ou (f) qualquer outro 
negócio que se possa criar com objetivo semelhante. 
A partir desses exemplos, é possível observar que o ato fraudulento pode 
ser: unilateral (exemplo: a renúncia à herança) ou bilateral (exemplo: venda 
fraudulenta); oneroso (exemplo: compra e venda) ou gratuito (exemplos: doação ou 
remissão da dívida). 
A fraude contra credores é, portanto, a diminuição patrimonial do devedor 
que o conduz à insolvência (ou a agrava) 14, em prejuízo dos seus credores. O seu 
passivo torna-se maior do que seu ativo, não dispondo de bens para responder pela 
obrigação. 
É necessário preenchimento de dois pressupostos para a sua configuração, 
um objetivo e outro subjetivo. 
O pressuposto objetivo é a exigência de redução patrimonial, que conduza à 
insolvência ou a agrave. É o «dano» (eventus damni) causado pela fraude. A insolvência 
é a insuficiência patrimonial do devedor, cujas dívidas superam a importância de seus 
bens (CPC-2015, art. 1.052, c/c CPC-1973, art. 748). 
O pressuposto subjetivo, que se costuma invocar em doutrina, é a ciência do 
devedor de causar dano (consilium fraudis). 
Cabe definir a quem incumbe comprovar a existência ou não de fraude, o 
preenchimento de seus pressupostos objetivo e subjetivo. Como tais pressupostos são 
fatos constitutivos do direito potestativo do credor de invalidar ou neutralizar (a 
depender da concepção adotada) a eficácia de negócio jurídico fraudulento, o ônus da 
prova é, a princípio, do credor 
(CPC, art. 373). Mas devem ser apontadas algumas especificidades, que 
tornam a aplicação da regra geral bastante complicada. Quanto ao pressuposto objetivo, 
a prova da insolvência é indispensável para o reconhecimento da fraude e o ônus de 
demonstrá-la é do credor. Só há uma redistribuição do ônus da prova, para que recaia 
sobre o devedor ou terceiro prejudicado o ônus de provar a inexistência de insolvência, 
se houver uma presunção legal relativa de insolvência, tal como ocorre na hipótese do 
art. 750 do CPC-1973, c/c art. 1.052, CPC-20152 o, se ela for notória (CPC, art. 374, 1, 
c/c Código Civil, art. 159), ou se configurada a possibilidade de redistribuição judicial e 
dinâmica do ônus de prova na forma do art. 373, § 1.o, CPC. 
No tocante ao pressuposto subjetivo, diz-se, tradicionalmente, que se o ato 
fraudulento foi gracioso, há presunção absoluta de fraude e má-fé (Código Civil, art. 
158) em benefício do credor; mas se foi oneroso, é ônus do credor provar que o devedor 
tinha ciência de produzir dano (consilium fraudis) e o terceiro adquirente sabia 
(conhecimento real ou presumido) da condição de insolvência a que será conduzido com 
a alienação (scientia fraudis) (Código Civil, art. 159). Deveria haver prova de fraude 
bilateral. 
Para Marcos Bernardes de Mello, como se viu, o art. 159 do Código Civil só 
exige, como elemento essencial, a ciência do terceiro (scientiafraudis) e, não, do 
devedor, e exclusivamente nos negócios onerosos. Como visto, essa é a posição deste 
Curso. 
A argüição de fraudes contra credores deve ser feita através de ação 
autônoma conhecida por ação pauliana ou revocatória que segue o rito comum do 
processo de conhecimento e com natureza constitutiva tendo como o principal efeito 
permitir que a execução recaia sobre bens fraudulentamente alienados. 
Para os civilistas (e previsto no CC) o negócio é anulável. Há poucos 
processualistas que defendem está teoria. A maior parte da doutrina e jurisprudência 
entende que o negócio praticado em fraude contra credores é apenas ineficaz trazendo o 
efeito mais justo para a demanda. 
Quanto a sentença da ação pauliana para quem entende que é nulo o 
negócio jurídico, a sentença é desconstituída. Já para quem entende que ela é ineficaz 
 Há divergência, pois parte da doutrina entende que seria previamente 
declaratória e outra parte que prevalece (Dinamarco) diz que ela é constitutiva, pois a 
sentença não cria uma nova situação jurídica. 
 
7.8.2. Fraude à execução 
A fraude à execução é um instituto peculiar ao Direito brasileiro. Na forma 
aqui prevista, não tem correspondente em outros países. 
 Há quem diga que é fraude contra credores qualificada (uma especialização 
ou aspecto dela), como Yussef Cahali, embora dela se distinga. 
Ambas decorrem do mesmo princípio: a limitação da disponibilidade de 
bens do devedor, com rejeição a diminuições fraudulentas. A fraude à execução seria 
uma faceta da fraude contra credores. A fraude à execução desenvolveu-se como 
instituto autônomo, com características próprias, a partir de agora analisadas40. 
A fraude à execução é manobra do devedor que causa dano não apenas ao 
credor (como na fraude pauliana), mas também à atividade jurisdicionalexecutiva.Trata-se de instituto tipicamente processual; É considerada mais grave do que 
a fraude contra credores, vez que cometida no curso de processo judicial executivo ou 
apto a ensejar futura execução, frustrando os seus resultados. Isso deixa evidente o 
intuito de lesar o credor, a ponto de ser tratada com mais rigor pelo legislador. 
Por frustrar a atividade executiva, de forma mais acintosa, é combatida com 
contundência pelo legislador, que considera a alienação/oneração do bem para terceiro 
ineficaz para o exequente (CPC, art. 792, § 1º), sem necessidade de ação própria para 
neutralizar a eficácia do ato fraudulento. 
A fraude pode ser reconhecida incidentalmente no processo executivo, ou 
alegada como matéria de defesa em sede de embargos de terceiro, opostos pelo 
beneficiário do ato fraudulento (CPC, arts. 674, §2º, I, 792, § 4º). 
Uma vez reconhecida a fraude e subtraído o bem do terceiro beneficiário, 
caberá a esse, por ação de regresso contra o devedor, se for o caso, pleitear a restituição 
do que pagou e uma indenização por perdas e danos eventualmente sofridos. 
Diante de sua gravidade e do fato de prejudicar a própria atividade 
jurisdicional do Estado, admite-se que seja reconhecida de ofício pelo órgão 
jurisdicional. 
 Entretanto, antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá, de ofício, 
determinar a intimação do terceiro adquirente, para que, caso queira, oponha embargos 
de terceiro, no prazo de quinze dias (art. 792, § 4o, CPC), sob pena de nulidade da 
decisão que decretou a fraude sem atendimento dessa exigência prévia. Nada impede, 
contudo, que o terceiro beneficiário se manifeste e se defenda nos próprios autos da 
execução. 
 
7.8.2.1. Fraude à execução: alienação de bem penhorado 
A fraude através da alienação de bem conscrito judicialmente ocorre quando 
a venda do bem sequestrado, penhorado ou de qualquer outra forma sujeito à conscrição 
judicial, baseando-se a prova da alienação e dispensando-se os requisitos da insolvência 
e da intenção fraudulenta. Aplica-se de forma análoga as regras sobre a fraude à 
execução. 
 
7.8.3. Averbação da execução no registro de bens do devedor (art. 828) 
O art. 828, CPC, disciplina a forma como se dará a averbação do processo 
de execução (e do cumprimento de sentença, cf. art. 771, CPC, e Enunciado n. 529, 
FPPC) no registro de bem do executado, prevista nos já comentados arts. 792, II, e 799, 
IX, CPC. 
Trata-se de regra que deve ser interpretada de forma a que se lhe dê a maior 
eficácia e o maior proveito possível, em termos de proteção do credor e do terceiro de 
boa-fé. É o que ora se pretende fazer. 
Na forma do caput do dispositivo citado, uma vez admitida a execução, o 
exequente poderá obter, do cartório competente, certidão atestando a admissão da causa, 
quais são suas partes e qual o seu valor, para providenciar a averbação da execução no 
registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos à penhora, arresto ou 
indisponibilidade (como, por ex., o registro de ações de S.A. ou o registro de 
embarcação na capitania dos portos. 
 
As averbações deverão ser comunicadas em juízo no prazo de dez dias, a 
contar da data de sua realização (art. 828, § 1º). Feita a comunicação tempestivamente, a 
eficácia da averbação retroagirá à data em que foi realizada. O descumprimento desse 
prazo será enquadrado como conduta desleal, podendo ensejar a responsabilidade 
prevista no § do art. 828 : e o atraso na informação da averbação ao juízo trouxer algum 
dano ou prejuízo ao executado, este poderá requerer indenização em face do exequente, 
em caso de responsabilidade objetiva. 
Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o 
exequente providenciará, no prazo de dez dias, o cancelamento das averbações de que 
trata esse artigo relativas àqueles bens que não tenha sido penhorados (art. 828, §2º). 
Observe-se que não só a averbação é ônus do exequente, como também o seu 
cancelamento a ele se impõe, só que agora como um dever de lealdade, cujo 
descumprimento enseja responsabilização pelos danos causados, na forma do art. 828, 
§, CPC. 
Entretanto, caso o exequente não o faça no prazo de lei, caberá ao juiz 
determinar o cancelamento das averbações, de oficio (art. 828, § 3o, CPC). 
Independentemente de o cancelamento ocorrer de ofício ou a requerimento, 
o legislador impõe, para prevenir fraudes, que sua realização dependerá de 
pronunciamento judicial. 
Averbação manifestamente indevida ou o não cancelamento da averbação 
nos termos do art. 828, § 2.o, gera direito de indenização para o devedor. A apuração 
dos danos sofridos e do valor da indenização respectiva ocorrerá em incidente 
processado em autos apartados (art. 828, §). 
Caso se remeta a determinação do valor indenizatório a uma posterior 
liquidação, normalmente essa será por procedimento comum (CPC, art. 509, II, e 511), 
porque, provada a existência do dano, muitas vezes subsistem outros fatos 
(normalmente relacionados a sua extensão), que ainda precisam de prova; fatos esses 
que tenham influência na fixação do valor da condenação e que deverão ser articulados 
e provados, como, por exemplo: a gravidade do abuso cometido, a extensão dos danos 
causados etc. A decisão condenatória (interlocutória e agravável, cf. art. 1.015, 
parágrafo único, CPC) atesta, definitivamente, tão-só, que o dano ocorreu e que deverá 
ser indenizado, mas as suas proporções devem ser aferidas e liquidadas por 
procedimento comum. 
São exemplos de averbações indevidas: i) averbação em excesso; ii) se já há 
bem sobre o qual o credor exerce direito de retenção ou garantia real, salvo se 
flagrantemente insuficiente; iii) averbação não comunicada no prazo etc. 
 
7.8.4. Atos atentatórios à dignidade da justiça 
Ao juiz é permito advertir o réu, em qualquer momento do processo, que sua 
ação poderá constituir-se em ato atentatório à dignidade da justiça (NCPC, art. 772, II; 
CPC/73, art. 559, II). Entendemos, porém, que é lícito ao magistrado advertir não só o 
réu, como também ao autor, haja vista as hipóteses presentes no Código não serem 
numerus clausus, e desde que a conduta se mostre severamente incompatível com o 
prestígio do órgão jurisdicional. 
Em assim sendo, em sede de execução, seja de título executivo judicial ou 
de título executivo extrajudicial, diz o Códex que: 
Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a 
conduta comissiva ou omissiva do executado que: 
I - frauda a execução; 
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios 
artificiosos; 
III - dificulta ou embaraça a realização da penhora; 
IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais; 
V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à 
penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, 
certidão negativa de ônus. 
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em 
montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a 
qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo, 
sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material. 
 
QUADRO COMPARATIVO DA FRAUDE EM EXECUÇÃO 
 
8. Classificação das espécies de execução 
Conceito: é satisfazer uma prestação devida. Pode ser: 
 Espontânea – quando o devedor cumpre voluntariamente a prestação. 
 Forçada – cumprimento por meio da execução. 
Existem duas técnicas processuais para executar a sentença: 
1) processo autônomo de execução – a efetivação é objeto de um processo 
autônomo. 
2) fase de execução – a execução ocorre dentro de um processo já existente, seja

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