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Lei nº 9.455 lei de tortura. Lei.11.340/06 maria da penha e lei 9.503/97 transito.

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PARTE I
Lei nº 11.340/06( Lei Maria da Penha):
Art. 1o  Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
Art. 2o  TODA MULHER, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
OBS: o que é mulher para os tribunais superiores, para o alcance da referida lei. 
Sujeito passivo: pessoa do sexo feminino
HOMOSSEEXUAIS: Simploriamente, homossexual é a pessoaque possui atração por pessoa do mesmo sexo.
HOMOSSEXUAL MASCULINO: que possui atração por pessoa do sexo masculino: NÃO PODE SER VITIMA DE FEMINICIDIO.
HOMOSSEXUA FEMININO: Pessoa do sexo feminino que possui atração por pessoa do sexo feminino. PODE SER VITIMA DE FEMINICIDIO.
TRANSEXUAIS: é a pessoa que possui identidade de gênero oposta ao sexo designado, ou seja, há uma desconformidade entre o sexo físico e o sexo psicológico. 
Embora seja um tema polemico no âmbito dos Tribunais Estaduais, o Superior Tribunal de Justiça vem autorizando que o transexual realize a mudança de sexo, bem como a retificação do registro civil, adequando-se a situação jurídica a realidade fática.
Assim, se a pessoa realiza a cirurgia de transgenitalização e alteração de seus documentos ( a exemplo da alteração do registro civil ), deve ser encarada de acordo com a sua nova realidade morfológica ( Critério Jurídico). Dessa forma, o transexual passa a ter identidade feminina e é equiparado a uma mulher para todos os efeitos, inclusive para fins do reconhecimento do feminicídio.
Art. 3o  Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
§ 1o  O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 2o  Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput.
Art. 4o  Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
TÍTULO II
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 5o  Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:                        (Vide Lei complementar nº 150, de 2015)
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único.  As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
Art. 6o  A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos.
CAPÍTULO II
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
Art. 7o  São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
NATUREZA JURÍDICA DA LEI : 
Multidisciplinar 
OBJETO DA LEI:
Violência domestica e familiar contra a mulher.
Medidas de proteção e assistência
FINALIDADES DA LEI: 
Prevenir, punir e erradicar a violência domestica e familiar contra a mulher.
Tipos de violência contra a mulher:
Violência física: Entende-se como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
Violência psicológica: É definida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional, prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação dentre outros.
Comentário: esta é a forma de violência mais frequente e menos denunciada, muitas vezes as vítimas nem se dão conta que estão das agressões verbais, ou que estão sendo Violentadas Verbalmente. Manipulações de atos e desejos, tensões agressões verbais são crimes e configuram na violência doméstica. A consumação do dano psicológico, dispensam laudo técnico ou realização de perícia. Uma vez reconhecida em juízo é concedida medida protetiva de urgência
Violência sexual: Qualquer conduta que constranja a mulher a presenciar, manter ou participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça coação, uso da força.
Comentário: Os delitos sexuais são identificados pela lei como ação privada, dependendo somente da representação da vítima.
 “Nos delitos sexuais, a ação penal tem sua iniciativa condicionada a representação da vítima. No entanto, quando a vítima é menor de 18 anos ou pessoa vulnerável, a ação é de iniciativa publica incondicionada (CP, art. 225)
Violência patrimonial: É aquela que configura retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos.
Violência Moral: É entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.(Crimes
Contra A Honra).
Conceito aberto de violência:
Violência de gênero: É a violência contra mulher, simplesmente por ser mulher independente de sua cor, raça, etnia classe social e perpetrada geralmente pelos homens, mas nada impede que ocorra de mulher para mulher a depender da situação, a lei em si tutela a mulher em situação de vulnerabilidade.
Âmbitos das violência: 
o at.5º desta lei traz em seu texto onde pode ocorrer as violências. O contexto DOMÉSTICO ou FAMILIAR da ação ou a existência de QUALQUER RELAÇÃO íntima de AFETO (art. 5º).
Domestico:
No âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas – art. 5º, I
Três destaques devem ser elaborados em relação ao dispositivo:
(a) unidade doméstica: de acordo com a lei, a unidade doméstica representa o espaço de convívio permanente de pessoas, não abrangendo, assim, por exemplo, a mulher que foi fazer uma visita (amiga de um dos familiares) ou fazer entrega domiciliar de algum produto;
(b) não se exige o vínculo familiar (tal exigência aparece no inciso II do art. 5º da Lei);
(c) abarca as pessoas esporadicamente agregadas: incluem-se, assim, as mulheres tuteladas, curateladas, sobrinhas, enteadas e irmãs unilaterais.
Familiar:
No âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa – art. 5º, II.
A família pode ser formada por vínculos de parentesco natural (pai, mãe, filha etc.) ou civil (marido, sogra, cunhada etc.), por afinidade (primo, cunhado, tio) ou de afetividade (amigos que dividem o mesmo apartamento).
Sendo assim, a violência pode ocorrer longe do ambiente domestico que ainda incidira a lei Maria da penha em razão da ligação de parentesco. 
Em qualquer relação intima de afeto:
Em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação – art. 5º, III.
Em decisão emblemática, o STJ, no ano de 2008, entendeu, no julgamento do Conflito de Competência 91.980-MG, que a Lei Maria da Penha não deveria ser aplicada em casos envolvendo ex-namorados (no mesmo sentido: CC 95057/MG). Por maioria de voto, os Ministros da Terceira Seção entenderam que:
Tratando-se de relação entre ex-namorados – vítima e agressor são ex-namorados –, tal não tem enquadramento no inciso III do art. 5º da Lei nº 11.340, de 2006. É que o relacionamento, no caso, ficou apenas na fase de namoro, simples namoro, que, sabe-se, é fugaz muitas das vezes.
Entendimento atual: 
Recentemente, o STJ reformou o seu entendimento para aplicar a Lei Maria da Penha em situação de namoro (HC 181217/RS, julgado em 2011 e CC 103813/MG, do ano de 2009). Tal questão, até janeiro de 2013, não foi objeto de análise pelo STF.
Correta a posição do STJ, pois havendo uma relação de namorados, ex-namorados, ainda que sem convivência, deve ser aplicada a Lei Maria da Penha. O mesmo se dá para a relação entre amantes. Nessas situações, o que a Lei Maria da Penha exige é uma relação íntima de afeto (art. 5º, III).
Lei Seca: DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
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Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores – PREFERENCIALMENTE do sexo feminino – previamente capacitados.
§ 1º. A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá as seguintes diretrizes:
I – salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar;
II – garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas;
III – não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada.
§ 2o Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências:
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar;
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: (...)
III - Remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;
(...) § 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:
I - qualificação da ofendida e do agressor;
II - nome e idade dos dependentes;
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas políticas e planos de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes especializadas para o atendimento e a investigação das violências graves contra a mulher. 
Competência para julgar: 
Art. 15.  É competente, por OPÇÃO DA OFENDIDA, para os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
I - do seu domicílio ou de sua residência;
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
III - do domicílio do agressor.
Renuncia da ação: 
Art. 16.  Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. 
Proibição de conversão em multa isolada ou cestas básicas. 
Art. 17.  É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa.
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUANTO AO AGRESSOR. 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar
contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
§ 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.
§ 2º. Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, AUXÍLIO DA FORÇA POLICIAL.
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA À OFENDIDA:
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
IV - determinar a separação de corpos.
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.
Sumulas importantes: 
Súmula 588 - A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. 
(Súmula 588, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/09/2017, DJe 18/09/2017).
VIDE O ART.44, I CP.
Súmula 589 - É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. (Súmula 589, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/09/2017, DJe 18/09/2017)
PARTE II
LEI Nº 9.455/97 LEI DE TORTURA. 
Após a 2º guerra, surgiu um movimento mundial de combate a Tortura, a fim de que as barbáries ocorridas durante o período não mais fossem replicadas. Nesse intuito, vários tratados e convenções internacionais nasceram, a fim de evitar novamente tais situações, a exemplo do tratado contra tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos e degradantes de 1984, da convenção interamericana para prevenir e punir a tortura etc.
No brasil não foi diferente, a Constituição versou por inúmeras vezes sobre a proibição da tortura, demonstrando que a nação repudia atos dessa natureza bem como que se compromete combate-lo 
Como exemplo a CF, no titulo I, no qual trata sobre os Princípios Fundamentais da republica, o constituinte cuidou de esclarecer, no art. 1, que um Dos Fundamentos Da Republica Federativa Do Brasil é a observância a dignidade da pessoa humana, a qual se encontra umbilicalmente ligada a vedação da tortura.
Ainda no mesmo contexto, o constituinte originário informou que, em suas relações internacionais, o Brasil tem por principio a prevalecencia dos direitos humanos, os quais são o pano de fundo para inibur a tortura (art.3º,II, CF)
Referencias constitucionais:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...)
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
(...)
XLVII - não haverá penas:
 a) de morte, salvo em caso de GUERRA DECLARADA, nos termos do art. 84, XIX;
 b) de caráter perpétuo;
 c) de trabalhos forçados;
 d) de banimento;
 e) cruéis;
(...)
 XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
Desse modo é claro o intuito de evitar a pratica do intenso sofrimento físico e mental a ser infligido a qualquer pessoa humana.
Nessa pegada, surgiu a Lei nº 9.455/97, que definiu os crimes de tortura e dá outras providencias de caráter penal e processual penal, a qual será objeto de analise daqui pra frente.
1- O CARÁTER BIFRONTE DA LEI DE TORTURA. 
o caráter bifronte da lei de tortura implica dizer que tanto o partículas quanto o agente publico podem ser autores dos crimes previstos na lei nº9.455/97. Vale dizer, ao tutelar o bem jurídico, a mencionada lei busca proteger os cidadãos das investidas dos agentes públicos e de particulares, pois previu, em seu corpo normativo, crimes comuns e próprios.
2- tortura como GARANTIA ABSOLUTA. Teoria do cenário da bomba relógio?
A previsão da vedação a tortura esta disposta no artigo 5º , III da CF. por esse motivo, encontra-se dentro do escorço constitucional de direitos e garantias fundamentais. 
Conforme doutrina e jurisprudência, embora os direitos e garantias fundamentais tenham salutar importância para a proteção do cidadão, não são considerados absolutos, vale dizer, o rol de direitos e garantias fundamentais pode ser mitigado ( Flexibilizado) se estiver em confronto com outro direito ou garantia fundamental, realizando-se a chamada ponderação de interesses ( ex: Direito a imagem em confronto com o direito a informação). Tanto é assim que a própria CF, em regra, não admite a pena de morte, entretanto flexibiliza a tal norma em caso de guerra declarada, Confirmando a caráter relativo de direitos e garantias, já se manifestou o STF. 
Embora os direitos e garantias fundamentais sejam relativos com a aplicação da ponderação, a doutrina majoritária e os tribunais superiores já se inclinam nesse sentido, ou seja, eles entendem que a vedação da tortura não comporta mitigações, perfazendo-se verdadeira garantia absoluta do cidadão, tendo em vista que a mínima pratica de qualquer tipo de sevicia ofende frontalmente a dignidade da pessoa humana. 
Por outro lado é valido esclarecer que a TEORIA DO CENÁRIO DA BOMBA RELÓGIO (Teoria Norte Americana do “Ticking Bomb Scenario”) questiona a proibição absoluta de emprego de tortura, ao fundamento que, em situações excepcionalíssimas, é possível a pratica desta, desde que o bem jurídico tutelado seja mais relevante do que integridade física e mental do
torturado. . Exemplo: terroristas invadem a Capital Federal e colocam uma bomba no centro do três poderes que explodira a cidade em instantes. 
 Para esta Teoria, para descobrir a localização da bomba, bem como salvar os habitantes, seria possível empregar a tortura contra os terroristas.
É possível a comutação da pena?
tendo em vista que a comutação seja uma modalidade de indulto, porem parcial, não é possível a sua concessão para, o crime de tortura, trafico, terrorismos e nem para os crimes hediondos.
É Liberdade provisória ?
Sim, uma vez que diante da inovação que trouxe a lei 11.464/07, revogando o art. 2ª da lei de crimes hediondos onde proibia a concessão da liberdade provisória. Logo, concede a liberdade provisória sem fiança, por se tratar de crime inafiançável.
Regime Inicial Fechado nos crime previsto na lei de tortura: 
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Embora não revogado formalmente, este dispositivo esta ultrapassado pela jurisprudência atual, no HC 111.840 ES, firmou o entendimento que é inconstitucional a regra que estabelece obrigatoriamente o regime inicial fechado aos crimes hediondos equiparados, tendo em vista que que fere o principio da individualização da pena, pois retira do juízo poder de analisar o caso concrete e as circunstancias pessoais do agente. 
Porém em 2015 o STF, julgando o HC123316 decidiu ao contrario do que vinha decidindo , entendeu-se que não há nenhum constrangimento em aplicar o regime inicial fechado para o delito de tortura, ao fundamento que a lei 9.455/97, re regência especifica (principio da especialidade), autoriza expressamente a imposição de regime inicial fechado e não integral fechado e ambos conceitos não se confundem, e além disso a opção realizada pelo legislador esta em acordo com a Constituição, em razão da gravidade do crime de tortura. 
Progressão de regime é possível: 
Sim, como já discutido na lei de crimes hediondos, antes da lei 11.464/07 que trouxe dentre outras inovações, o parâmetro de progressão de regime de 2/5 para não reincidente e 3/5 para o reincidente, todavia, vale ressaltar que antes dessa lei usava-se o art. 112 da LEP, no qual prevê a progressão regime de 1/6.
	Crimes de tortura (art. 1º, I,II e §1º)
	Regime inicial fechado, independente da pena aplicada. 
	Tortura omissiva (§2º)
	 Regime inicial aberto ou semiaberto
Quadro importante:
Remissão De Pena?
Perfeitamente cabível, mesmo exemplo dos crimes hediondos, a lei não traz nenhuma vedação quando a esse instituto, além do mais trata-se de um importante instrumento de ressocialização, incentiva o trabalho e o estudo afim de reinserir o reeducando a sociedade. 
Livramento condicional ?
A principio, é possível a concessão ao condenado por crimes hediondos e equiparados desde que cumpridos mais de 2/3 da pena e preenchidos os requisitos de natureza subjetiva.
Contudo, não será concedido o livramento se o condenado for reincidente especifico em crimes hediondos ou assemelhados, conforme estabelece o art. 83,V do CP. 
 LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
 
Comentários aos crimes em espécie, súmulas e jurisprudências dos tribunais superiores. 
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
O verbo constranger significa obrigar, forçar, compelir alguém a fazer algo que não quer.
a conduta que tipifica o delito em comento e aquela que, utilizando-se de violência ou grave ameaça, causa sofrimento físico ( sobre o corpo da vitima). Ou mental (sobre o estado emocional e psicológico da vitima). Portanto, o meio para se chegar ao sofrimento físico ou mental é o emprego de violencia ou grave ameaça.
Com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vtima ou de terceira pessoa. 
Tortura para a obtenção de provas:
Trata-se de um elemento subjetivo do tipo, uma vez que exige do torturador que o emprego de sofrimento físico ou mental tenha por finalidade a obtenção de informação, declaração ou confissão da vitima ou de terceira pessoa. 
Consuma-se com o sofrimento da vitima independente da obtenção da informação, declaração ou confissão. 
Exemplo: delegado de policia que emprega tortura para que o conduzido confesse tal delito. 
Ausente então o elemento subjetivo, fica impossível caracterizar o tipo da alínea em questão. 
Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
Tortura para a pratica de infração penal:
Trata-se de elemento subjetivo do tipo, pois exige que o torturador imponha sofrimento físico ou mental com a finalidade de forçar o torturado a praticar uma INFRAÇÃO PENAL. 
consuma-se com o sofrimento da vitima, independente de esta praticar a ação ou omissão de natureza criminosa querida pelo torturador. 
Exemplo: Fulano tortura ciclano para que este pratique um roubo. 
Ausente então o elemento subjetivo, fica impossível caracterizar o tipo da alínea em questão. (Principio da taxatividade).
Consequência jurídica: Fulano responde pelo Roubo a titulo de autoria mediata em concurso material com a tortura para a pratica de infração penal, enquanto Ciclano não responde pelo crime pois existe ai uma excludente de culpabilidade da coação mora irresistível. 
E se a tortura for para fim de se praticar contravenção penal? Existem duas posições sobre o tema. 
1º posição, considerando que a lei fala em “natureza criminosa” abrange a contravenção penal. Pois, embora de menor potencial ofensivo, trata-se de uma infração penal. 
2º posição, quando a lei fala “natureza criminosa”, esta deve ser entendida como a pratica de crime, a fim de que não haja analogia in malam partem. 
Esta posição tem prevalecido. 
Ausente então o elemento subjetivo, fica impossível caracterizar o tipo da alínea em questão. (Principio da taxatividade).
Em razão de discriminação racial ou religiosa:
O verbo exige que o agente pratique a tortura motivada por discriminação de raça ou religião. 
 O conceito de raça aqui
deve ser interpretado em sentido amplo, como já entendeu o STF, ao interpretar o vocábulo, “Trata-se de compreesao necessária ante a constatação de que todos nos, enfim, pertencemos a mesma raça, qual seja, a humana.
Consuma-se com o sofrimento da vitima.
Exemplo I: fulano tortura ciclano em razão de este ser negro. 
Exemplo II: fulano tortura ciclano em razão de este ser católico.
E se for contra ateu ?
Também se aplica essa alínea, eis que a a religião além de ser um conjunto de princípios morais, filosóficos, espirituais, éticos etc., constitui uma postura intelectual resultante do pensamento individual de cada pessoa. 
IMPORTANTE
Se a tortura for empregada em razão de outras modalidades de preconceito (econômico, sexo, de gênero etc.), em respeito ao principio da taxatividade, bem como para evitar analogia in malam partem, não é possível a extensão a outras formas de discriminação. 
E quem aplica tortura em alguém sem fim especifico ?
Em respeito ao principio da taxatividade, não sera abarcado nos tipos penais da lei 9.455/97, poderá responder por outros tipos penais, mas não esses elencados na lei.
Tortura castigo: 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Trata-se de um crime de dupla subjetividade própria, vez que o tipo exige qualidade tanto do sujeito passivo quando do sujeito ativo. O autor deve ter guarda, poder ou autoridade sobre a vitima. A vitima, por sua vez, deve estar sob a guarda, o poder ou a autoridade do autor. 
conduta típica: submeter significa dominar, vencer a resistência, subordinar.
Guarda: deve ser entendido em sentido amplo, traduzindo-se no cuidado e responsabilidade, o guardião possui dever de cuidado em relação a pessoa que se encontra sob sua guarda, devendo ofertar-lhe condições adequadas para seu desenvolvimento.
OBS: não precisa que essa guarda decorra de decisão judicial atribuindo tal ônus ao guardião, podendo surgir a relação de uma situação fática. 
Exemplo: pais com filhos, tutores com tutelados, curadores com curatelados. 
Poder: é a responsabilidade de impor suas decisões. Pode ser oriunda das reações publicas ou privadas. 
Exemplo: cuidadora de idoso em ralação ao idoso. 
Autoridade: vinculo de direito publico que permite submeter alguém a sua vontade. 
Exemplo: agente penitenciário em relação ao preso. 
Elemento normativo: diferente dos tipos já estudados, este, exige que o sofrimento seja intenso, seja físico ou mental. Vale dizer, exige-se sofrimento desmedido, insuportável. 
Maus tratos VS tortura castigo:
Para caracterizar maus tratos não se exige que o sofrimento seja intenso, ao contrario da tortura. 
Consumação: 
Consuma-se com o intenso sofrimento da vitima. 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
Uma leitura rápida pode nos guiar ao pensamento de que se trata de uma crime onde o sujeito ativo seja próprio, mas na verdade trata-se de crime comum, mas quando ao sujeito passivo, nota-se que é próprio, qual seja, pessoa que esteja presa ou sujeita a medida de segurança, inclui-se as pessoas que estão internadas para tratamento ambulatorial.
Umm exemplo bem corriqueiro são os chamados “Tribunais De Rua”, onde populares prendem em flagrante suspeitos de praticar determinados crimes, submetendo-os a sofrimento físico e mental, mediante linchamento e outras condutas afins. 
O presente delito difere dos demais estudados no art. 1º, I,II tendo em vista que ano exige que a tortura seja fruto de violência ou grave ameaça, contentando-se que o sofrimento físico ou mental seja fruto de aplicação de conduta, ação ou omissão não previsto em lei ou não resultante de medida legal. 
Exemplo: carcereiro que deixa de fornecer agua para o apenado.
Tortura por omissão: 
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
Chamado pela doutrina de DELITO PARASITÁRIO: é o crime que para a sua existência, pressupõe a ocorrência de outro crime, Exemplo: receptação, Lavagem de dinheiro.
Observa-se que basta a tentativa de tortura para que já configure o crime em questão. 
Difere-se do crime de prevaricação, neste o agente deixa de agir para satisfazer sentimento pessoal, elementar que não consta no tipo estudado agora.
Omissão Própria: exige que a tortura já tenha sido praticada, impondo ao agente o dever de apurar. 
Omissão impropria: Não pressupõe que a tortura tenha sido praticada, impondo ao agente o dever de evitar.
O delito de tortura por omissão é crime hediondo? 
Prevalece que não é hediondo tal crime, tanto a omissão própria (deve de apurar) quanto o de omissão impropria (dever de evitar). Trata-se de uma grande exceção e uma incongruência de acordo com a doutrina massiva, visto que o art.5º, XLIII. CF, prevê que os mandantes, os executores e os que, podendo evita-los, se omitirem;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
Aqui foi elencados as qualificadoras do crime de tortura, visto que estabelece nova pena mínima e máxima.
Se resulta lesão grave ou gravíssima, a pena e de reclusão de 04 a 10 anos.
Se resulta morte, a pena é de reclusão de 08 a 16 anos.
Crime preterdoloso:
verifica-se dolo na conduta antecedente e culpa na consequente. Em outras palavras dolo na conduta inicial e culpa no resultado. Tais qualificadoras não se aplicam ao crime de tortura por omissão. 
Vamos pensar?
Tortura Qualificada Pela Morte X Homicídio Qualificado Pela Tortura. 
Tortura Qualificada pela morte: a intensão (dolo) do agente é de praticar a tortura, todavia, causa a morte da vitima.
Homicídio Qualificado pela tortura: a intensão (dolo) do agente é de matar, e o meio empregado para se chegar no resultado morte é a tortura. 
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
Comentário:
 O Crime deve ser praticado pelo agente publico utilizando-se desta qualidade ou atuando em razão dela.
O fato de ser praticado por agente publico, inclusive, aumenta a reprovabilidade da conduta, não havendo que se falar em bis in idem, já que o art.61,III alínea “g” do CP traz a hipótese de majorante (Crime praticado com abuso de poder ou violação inerente a cargo). Prevalece na doutrina esse sentido ante o caráter Bifronte da lei de tortura, bem como a moralidade que sempre deve prevalecer no desempenho da função publica.
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
Comentário:
Criança: Pessoa com até 12 anos (art.2º,caput do ECA).
segundo o Superior Tribunal de Justiça, no caso de crime de tortura perpetrado contra criança em que há prevalência de relações domesticas e de coabitação, não configura bis in idem a aplicação conjunta da causa de aumento de pena do art. 1º. §4º,II da Lei nº9.455/97prevista no art. art.61,II,alínea,”f”, do CP. Com o fundamento de que a lei de tortura tem por finalidade punir de forma mais severa aquele que se favorece da menos capacidade de resistência da vitima, ao passo que a agravante tem por desiderato a punição mais rigorosa o agente que afronta o dever de apoio mutuo existente entre parentes e pessoas ligadas por liames domésticos, de coabitação ou hospitalidade, além dos
casos de violência domestica praticadas contra mulher.
 
Art. 43 da lei 11.340/06:
“Art. 43.  A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 61.(...)
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica
Adolescente: pessoa com 12 anos completos e menos de 18 anos (art. 2º, caput, do ECA)
Gestante: não importa o estagio da gestação, devendo esta condição ser de conhecimento do agente.
Maior de 60 anos: não engloba o idoso com idade igual a 60 anos.
OBS: todas essa características devem ser conhecidas pelo agente e devem estar englobadas pelo seu dolo.
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
A expressão sequestro trazida no inciso III, também abarca o cárcere privado
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Trata-se de um efeito secundário da condenação a perda do cargo, da função ou do emprego publico. A duvida que surge é se tal efeito extrapenal decorre automaticamente da condenação ou não.
Posição do (STF e STJ) tem entendido que a perda do cargo da função ou do emprego publico é efeito automático da sentença.
Além disso, a condenação pelo crime de tortura acarreta a interdição para o exercício de cargo, função ou emprego publico pelo dobro do prazo da pena aplicada.
De forma diversa prevê o art. 92 do Código Penal.
	Lei de tortura
	Art.92 do CP
	Perda do cargo como efeito automático da sentença, não sendo necessária motivação do magistrado para a sua aplicação, pois decorre da própria lei.
	Perda do cargo como efeito não automático da sentença, exigindo do magistrado a motivação idônea (requisito subjetivo), observando os parâmetros objetivos estipulados pelas alíneas “a” e “b” do art.92, I, do CP.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
Tal paragrafo repetiu o que estipulou o art. 5º, XLII, da CF.
OBS: Em resumo, o agente pode responder em liberdade sem precisar pagar fiança, uma vez que a própria constituição veda tal prestação, na mesma pegada, a lei nº 11.464/07 revogou o art. 2º da lei 8.072/90 que previa a vedação a liberdade provisória aos crimes hediondos e equiparados.
PARTE III
Lei 9.503/97
Aspectos Penais da Lei de Transito:
Antes de adentrarmos no conteúdo devemos conceituar quatro pontos importantes, são eles, crimes de perigo abstrato, crimes de perigo concreto, dolo eventual e culpa consciente. 
Crimes de perigo abstrato: conduta onde não há exposição explicita do bem jurídico ao perigo, mas ante a importância desse bem, o legislador o preferiu atribuir tal rigorosidade e considera crime a mera pratica do ato que possibilita mesmo que em remota hipótese agredir tal bem jurídico. Ex: Art. 306 do CTB - Embriagues ao volante. 
Crimes de perigo concreto: São aqueles em que a exposição ao perigo é visível.
 Exemplo: Art.308 CTB - prática de Racha;
Dolo eventual: O agente prevê um resultado, assume o risco, age com indiferença no resultado.
Culpa consciente: O agente prevê um resultado, assume o risco, porem acredita piamente que a sorte ou a sua habilidade ira evitar o resultado danoso.
Aspectos penais importantes; 
     Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
 Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá:
A prisão em flagrante, 
Nem se exigirá fiança, 
Se prestar pronto e integral SOCORRO àquela.
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
        Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
causa de aumento de pena:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; 
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; 
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; 
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:
        Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Aumento de pena: 
§ 1o Aumenta-se a pena:
De 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302.
 § 2o  A pena privativa de liberdade é de reclusão de Dois A Cinco Anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se:
O agente conduz o veículo com Capacidade Psicomotora Alterada em razão da influência de:
Álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente:
Para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída.
OBS: nesse crime vemos um dolo especifico de fugir, a finalidade sempre vai ser de se eximir de responsabilidade, impendente dele conseguir se eximir ou não dela, estará configurado o crime em questão, já que a doutrina o classifica como crime formal. 
        Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Art. 306.  Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de:
Álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: 
Crime De Racha: 
 Art. 308.  Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada: 
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
§ 1o  Se da prática do crime previsto no caput resultar:
Lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. 
§ 2o  Se da prática do crime previsto no caput resultar:
Morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo.
  Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública:
Sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se,
 
Cassado o direito de dirigir, Gerando Perigo de dano:
        Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor:
A pessoa não habilitada, 
Com habilitação cassada 
Ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, 
A quem, por seu estado de saúde, 
Física ou mental, 
Ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança:
        Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
 Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades
De escolas, 
Hospitais, 
Estações de embarque e desembarque de passageiros, 
Logradouros estreitos, 
Ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:
        Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Art. 312. Inovar Artificiosamente:
Em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do respectivo
procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de Induzir A Erro O Agente Policial, O Perito, ou juiz:
        Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não iniciados, quando da inovação, o procedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.
Substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direito: 
Art. 312-A.  Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste Código, nas situações em que o juiz aplicar a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes atividades:          
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito;          
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública que recebem vítimas de acidente de trânsito e politraumatizados;           
III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de acidentados de trânsito;           
IV - outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsito.

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