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Andre Junior de Oliveira 
Análise das Demonstrações 
Financeiras
Sumário
03
CAPÍTULO 3 – Quais instrumentos são utilizados para a análise das demonstrações contábeis? 05
Introdução ....................................................................................................................05
3.1 Indicadores de Liquidez ............................................................................................07
3.1.1 Indicador Liquidez Corrente ..............................................................................08
3.1.2 Indicador Liquidez Imediata ..............................................................................08
3.1.3 Indicador Liquidez Seca....................................................................................09
3.1.4 Indicador Liquidez Geral ..................................................................................09
3.1.5 Capital Circulante Líquido ou Capital de Giro ....................................................10
3.2 Indicadores de Estrutura de capital ...........................................................................11
3.2.1 Indicador de Endividamento Geral ....................................................................12
3.2.2 Indicador Composição do Endividamento ..........................................................13
3.2.3 Indicador Garantia de Capital de Terceiros ........................................................13
3.2.4 Indicador Participação do Capital de Terceiros ....................................................14
3.2.5 Indicador Imobilização do Patrimônio Líquido .....................................................14
3.2.6 Indicador Imobilização dos Recursos não Correntes ............................................15
3.3 Indicadores de rentabilidade .....................................................................................15
3.3.1 Indicador Margem Bruta ..................................................................................17
3.3.2 Indicador Margem Operacional ........................................................................17
3.3.3 Indicador Margem Líquida ................................................................................18
3.3.4 Indicador Rentabilidade sobre o Ativo ................................................................18
3.3.5 Indicador Rentabilidade do Ativo Operacional ....................................................19
3.3.6 Indicador Rentabilidade do Patrimônio Líquido....................................................19
3.4 Indicadores do Ciclo Operacional..............................................................................20
3.4.1 Indicador Rotação de Estoques .........................................................................21
3.4.2 Prazo Médio de Estocagem ...............................................................................21
3.4.3 Indicador Rotação de Duplicatas a Receber ........................................................22
3.4.4 Prazo Médio de Recebimentos ...........................................................................22
3.4.5 Rotação de Fornecedores .................................................................................23
3.4.6 Prazo Médio de Pagamento ..............................................................................23
Síntese ..........................................................................................................................26
Referências Bibliográficas ................................................................................................27
04 Laureate- International Universities
05
Capítulo 3 
Introdução
Olá, estudante! 
Você sabe como funciona o processo de tomada de decisão nas organizações? Podemos dizer 
que é por meio da análise dos demonstrativos emitidos pela contabilidade. Mas quais são os 
instrumentos utilizados para estas análises? Qual a forma de extração dos dados das demons-
trações? Pois bem, nesse caso a resposta seria: a partir de uma análise realizada por meio de 
indicadores com a finalidade de atender aos seus usuários. Os indicadores, por sua vez, são 
calculados a partir das informações obtidas nas demonstrações e servem para fazer os devidos 
comparativos.
Tenha em mente que, por meio da verificação desses dados, os analistas obtêm uma fotografia 
clara da situação e do desempenho recente das empresas, visualizando, assim, pontos fortes e 
fracos na gestão, o que possibilita traçar estratégias com o objetivo de corrigir falhas e estabe-
lecer novos planos e metas. Essa ação se faz necessária diante da competitividade atual, pois os 
concorrentes estão cada vez mais preparados e prontos para adquirir novos mercados, fazendo 
com que as organizações reestruturem sua forma de gerenciamento.
Ainda nesse contexto, podemos dizer que estes indicadores servem de base para a tomada de 
decisão das empresas. Isso por que eles possibilitam que os sócios tomem ações de forma cons-
ciente e com cautela, baseados nas informações contidas nos relatórios contábeis e financeiros, 
com a finalidade de identificar problemas relacionados ao endividamento da organização e 
averiguar a liquidez e rentabilidade das empresas (BLATT, 2001).
É importante destacar que cada indicador tem sua utilidade. Veja este exemplo: um financiador, 
antes de fornecer o capital à empresa solicitante, analisa suas informações para saber se esta 
terá condições de arcar com o compromisso. Dessa forma, ele deve analisar o endividamento 
da organização e sua liquidez, para saber se ela poderá pagar a divida que pretende assumir.
Analisar os demonstrativos financeiros é uma forma de medir este tipo de desempenho. No 
entanto, muitos analistas optam por não utilizar somente os demonstrativos financeiros, como 
o Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício, adotando indicadores prove-
nientes dos dados publicados, pois esses resultados calculados têm o poder de afetar fortemente 
o comportamento das pessoas de dentro e de fora da empresa. Para os membros internos, o fator 
motivador seria a sobrevivência da organização e a conquista de novos mercados a partir do seu 
desempenho e capacidade.
Fique atento, pois nos próximos tópicos veremos outro tipo de análise, além daqueles que você já 
conhece, como a análise por meio de indicadores financeiros, que também pode ser chamada de 
análise por meio de quocientes. Veja no Quadro 1 como os indicadores podem ser classificados.
Quais instrumentos são utilizados para 
a análise das demonstrações contábeis?
06 Laureate- International Universities
Análise das Demonstrações Financeiras
Indicadores
Liquidez
Liquidez corrente
Liquidez seca
Liquidez imediata
Liquidez geral
Capital Circulante Líquido
Estrutura de capitais
Participação de capitais de terceiros
Composição do endividamento
Grau de imobilização do patrimônio líquido
Grau de imobilização dos recursos não correntes
Garantia de capital de terceiros
Endividamento geral 
Rentabilidade
Rentabilidade sobre o ativo
Margem Operacional
Margem bruta
Margem Líquida 
Rentabilidade do ativo operacional
Rentabilidade do patrimônio líquido
Ciclo financeiro
Rotação de estoques, duplicatas a pagar, duplicatas 
a receber
Prazo médio de estocagem
Prazo médio de recebimento
Prazo médio de pagamento
 
Quadro 1 – Listagem geral dos indicadores de acordo com sua classificação. 
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
Para ilustrar melhor a explicação dos indicadores, no Balanço Patrimonial a seguir utilizaremos 
os dados calculados nos itens 3.1 (Indicadores de Liquidez) e 3.2 (Indicadores de estrutura de 
capital) deste capítulo.
Empresa “Divano S/A”
ATIVO ANO X1 PASSIVO ANO X2 
Circulante 39.000,00 Circulante 58.000,00 
Disponível 3.200,00 Salários a pagar 31.000,00Clientes/Contas a receber 15.800,00 Fornecedores 22.000,00 
Estoques 20.000,00 Impostos a recolher 5.000,00 
 
Não Circulante 59.000,00 Não circulante 17.000,00
07
Realizável em longo prazo 500,00 Financiamentos 17.000,00 
Investimentos 3.000,00 Patrimônio Líquido 23.000,00
Imobilizado 55.500,00 Capital Social 18.000,00 
 Reserva de Lucros 5.000,00 
TOTAL DO ATIVO 98.000,00 TOTAL DO PASSIVO 98.000,00
 
Quadro 2 - Balanço Patrimonial para cálculo e interpretação dos indicadores financeiros. 
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
A seguir estudaremos os índices de liquidez, estrutura de capitais, rentabilidade e prazos médios 
de pagamento, recebimento e renovação dos estoques, que são aplicações práticas do cálculo e 
da interpretação dos indicadores.
3.1 Indicadores de Liquidez 
Para iniciarmos os estudos deste tópico, tenha em mente que esse tipo de indicador tem a finali-
dade de medir a capacidade financeira da empresa em pagar os compromissos assumidos com 
seus credores, sendo calculados a partir dos saldos existentes nas contas do balanço patrimonial. 
A interpretação destes índices vai depender do interesse dos usuários da informação contábil, 
como, por exemplo, os credores por empréstimos e financiamentos: neste caso, os índices de 
liquidez seguem a regra do tipo “quanto maior, melhor”, visto que mostram se a empresa tem ou 
não condições de honrar as obrigações assumidas com estes credores.
A interpretação da análise feita pelos investidores demonstra que nem sempre é bom ter altos 
índices de liquidez, uma vez que isso pode demonstrar que a empresa tem muito a receber, o 
que pode representar as seguintes situações: um saldo alto nas contas duplicatas a receber, uma 
quantidade de mercadorias em estoques encalhadas ou que tenha poucos passivos não onero-
sos, ou seja, aquelas obrigações que a empresa deve cumprir em determinado prazo, mas que 
não são cobrados juros por isso, o que representa algo positivo para a empresa, pois ela não 
precisará comprometer seu capital de giro.
No artigo “Análise da Relevância de indicadores financeiros e não financeiros na ava-
liação do desempenho organizacional: um estudo exploratório no setor brasileiro de 
distribuição de energia elétrica”, dos autores Maitê Garcia Cruz Ribeiro, Marcelo Ál-
varo da Silva Macedo e José Augusto Veiga da Costa Marques, os resultados obtidos 
apontam que, em relação à perspectiva financeira, entre os indicadores mais importan-
tes destacam-se o retorno sobre o PL e o de estrutura de capitais. Acesse: <http://www.
revistas.usp.br/rco/article/viewFile/52657/56541>.
VOCÊ QUER LER?
 
08 Laureate- International Universities
Análise das Demonstrações Financeiras
Veja a seguir de que forma os índices de Liquidez podem ser classificados.
• Liquidez Corrente (LC);
• Liquidez Imediata (LI);
• Liquidez Seca (LS);
• Liquidez Geral (LG);
• Capital Circulante Líquido (CCL) ou Capital de Giro.
Vamos estuda-los melhor?
3.1.1 Indicador Liquidez Corrente
O indicador Liquidez Corrente (LC) é a razão entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante, 
calculando a capacidade de pagamento dos compromissos de curto prazo. Ele pode ser obtido 
da seguinte forma: 
LC =
 AC
 PC
Exemplo: 
• Ativo Circulante: R$39.000,00
• Passivo Circulante: R$58.000,00
LC =
 39.000 
= 0,67
 58.000
Podemos dizer que para cada R$1,00 de passivos circulantes a empresa obteve, aproximada-
mente, R$0,67 de ativo circulante, ou seja, tem-se 0,33 de falta de recursos financeiros de curto 
prazo para o cumprimento desse tipo de obrigação.
3.1.2 Indicador Liquidez Imediata
O indicador Liquidez Imediata (LI) é a razão entre o Disponível e o Passivo Circulante, sendo 
obtido da seguinte forma:
LI = Disponível
 PC
O LI pode ser considerado como um indicador conservador, pois considera somente o caixa e 
os seus equivalentes (saldos bancários, aplicação financeira de curto prazo – até 90 dias) para 
quitar as obrigações de curto prazo, excluindo do cálculo os estoques e os valores a receber. 
09
Exemplo: 
• Disponível: R$3.200,00
• Passivo Circulante: R$58.000,00
LI = 3.200 = 0,05
 58.000
Podemos interpretar, assim, que para cada R$1,00 de passivos circulantes, a empresa obteve 
somente R$0,05 de ativo circulante, ou seja, um valor muitíssimo baixo para o cumprimento das 
obrigações de curto prazo.
3.1.3 Indicador Liquidez Seca
O indicador Liquidez Seca (LS) é a razão entre o Ativo Circulante, excluindo os estoques de mer-
cadorias, e o Passivo Circulante, sendo obtido da seguinte forma: 
LS = AC – Estoques
 PC
O LS demonstra a dependência dos estoques da empresa para o pagamento das obrigações de 
curto prazo: quanto maior, significa que a empresa depende menos dos estoques para a liquida-
ção das referidas obrigações.
Exemplo: 
• Ativo Circulante: R$39.000,00
• Passivo Circulante: R$58.000,00
• Estoques: R$20.000,00
LS = 39.000 – 20.000 = 0,32
 58.000
Dessa forma, podemos dizer que para cada R$1,00 de passivos circulantes, a empresa obteve apro-
ximadamente R$0,32 de ativo circulante (menos estoques), ou seja, tem somente 0,32 para o cum-
primento das obrigações de curto prazo, o que demonstra uma grande dependência dos estoques.
3.1.4 Indicador Liquidez Geral
O indicador Liquidez Geral (LG) é a razão entre o Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo 
com o somatório do Passivo Circulante com o Passivo Não Circulante, sendo o cálculo obtido 
da seguinte forma: 
LG =
 AC + ARLP
 PC + PNC
10 Laureate- International Universities
Análise das Demonstrações Financeiras
O LG, diferente da análise permitida pelos indicadores LC, LI e LS, considera todas as previsões 
de médio e de longo prazo, incluindo no cálculo os direitos e obrigações à frente de 12 meses, 
tais como vendas parceladas, aplicações de longo prazo e empréstimos a pagar.
Exemplo: 
• Ativo Circulante: R$39.000,00
• Passivo não circulante: R$17.000,00
• Passivo Circulante: R$58.000,00
• Ativo não circulante: R$59.000,00
LG =
 39.000 + 59.000 
= 1,30
 58.000+17.000
Acompanhe na Figura 1 como os índices de liquidez podem ser interpretados.
O resultado apresenta posição favorável 
para uma possível liquidação das obrigações
Quando 
Liquidez > 1,0
Os valores totais dos bens + direitos são 
equivalentes ao total das obrigações.
Quando 
Liquidez = 1,0
para quitar obrigações, caso seja necessário. 
Quando 
Liquidez <1,0
Figura 1 - Interpretação dos Índices de Liquidez.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
Interpreta-se, assim, que para cada R$1,00 de passivos circulantes + passivos não circulantes, 
a empresa obteve aproximadamente R$1,30 de ativo circulante e ativos não circulantes, ou seja, 
tem folga de 0,30 para o cumprimento das obrigações de curto e de longo prazo.
3.1.5 Capital Circulante Líquido ou Capital de Giro
Por fim, vamos falar do Capital Circulante Líquido (CCL) ou capital de Giro (CG), que são indi-
cadores obtidos por meio da subtração do Passivo Circulante do Ativo Circulante, sendo obtido 
da seguinte forma:
CCL = AC – PC
11
O CCL é um importante indicador na avaliação do risco de insolvência técnica, supondo-se que 
quanto maior o montante de capital circulante líquido da empresa, menor risco ela apresenta, 
ou seja, menor probabilidade de insolvência técnica. Por fim, o CCL mede a folga existente entre 
os ativos de curto prazo em relação aos passivos de curto prazo. 
Exemplo: 
• Ativo Circulante: R$39.000,00
• Passivo Circulante: R$58.000,00
CCL = 39.000 – 58.000 = –19.000,00
A interpretação de tal índice indica que o capital de giro da empresa é de R$ 19.000,00. O CCL 
pode ser entendido como uma correlação entre a liquidez e a rentabilidade, na administraçãodo 
capital de giro, e pelo resultado a empresa tem sérios problemas com capital de giro.
3.2 Indicadores de Estrutura de capital 
A estrutura do capital da empresa refere-se à composição do capital próprio e de terceiros, bem 
como o percentual correspondente a cada grupo. No decorrer das suas atividades, nota-se que a 
empresa não consegue se manter somente com o capital próprio, pois para alcançar a expansão 
e o crescimento desejados é necessário observar as possibilidades de financiamento e sua melhor 
utilidade. Para tanto, na busca da melhor tomada de decisão, utilizam-se os índices que eviden-
ciam a estrutura de capital da empresa, necessários para saber a situação atual e as alterações 
necessárias, visando, assim, um crescimento sustentável (BLATT, 2001). 
Você sabe qual é a diferença entre capital próprio e capital de terceiros? O capital 
próprio refere-se àquele inicialmente investido pelos sócios e os lucros não distribuídos, 
além de reservas constituídas por foça de lei ou deliberações da empresa. Já o capital 
de terceiros refere-se aos recursos não pertencentes ao patrimônio líquido, utilizados 
nas atividades da empresa, pertencentes a outras instituições, como fornecedores, go-
verno e bancos.
VOCÊ SABIA?
Nesse sentido, tenha em mente que o capital de terceiro de curto prazo refere-se ao dinheiro 
que foi investido e que precisa ser pago dentro do exercício vigente e subsequente. O capital 
de longo prazo, por sua vez, é aquele que será pago além deste período. Porém, é importante 
observar que tanto um quanto o outro são definidos como exigibilidades e devem ser pagos nos 
seus devidos prazos (MÜLLER, ANTONICK, 2008). 
12 Laureate- International Universities
Análise das Demonstrações Financeiras
VOCÊ QUER VER? 
O vídeo “Os indicadores financeiros que podem enganar empreendedores”, mostra 
que uma análise puramente baseada nos números pode enganar os empreendedores 
ao demonstrar um sinal de que pode confundir o empresário. O consultor Mauricio 
Galhardo, da Praxis Business, apresenta quais são estes indicadores. Assista: < http://
exame.abril.com.br/videos/dicas-para-empreendedores/os-indicadores-financeiros-
-que-podem-enganar-empreendedores/>.
Veja a seguir como os índices de endividamento ou estrutura de capital podem ser divididos.
• Endividamento Geral;
• Composição do Endividamento;
• Garantia de Capital de Terceiros;
• Participação do Capital de Terceiros;
• Imobilização do Patrimônio Líquido;
• Imobilização dos Recursos não Correntes.
3.2.1 Indicador de Endividamento Geral
O indicador de Endividamento Geral (EG) é a demonstração do percentual do capital de ter-
ceiros, tanto passivo circulante (PC) como passível exigível a longo prazo (PELP), em relação 
ao ativo total (AT). Em outras palavras, ele indica quanto do total de investimentos da empresa 
financiado por capital de terceiros, sem distinção de curto e longo prazo. Esse cálculo é obtido 
a partir da seguinte fórmula: 
EG = 
 PC + PELP
 AT
Exemplo: 
• Passivo exigível a Longo Prazo: R$ 17.000,00
• Passivo Circulante: R$ 58.000,00
• Ativo total: R$ 98.000,00
EG = 59.000 – 17.000 = 0,76
 98.000
O índice refere-se a valores monetários e pode ser interpretado assim: caso o resultado da 
equação seja igual a 1, a empresa é totalmente dependente de capitais de terceiros, e quanto 
mais próximo a 1, mais dependente a empresa é. Nesse caso, para cada R$1,00 de capital que 
financia o total do ativo, R$0,76 é capital de terceiros, tanto no curto como no longo prazo. 
13
3.2.2 Indicador Composição do Endividamento
O indicador Composição do Endividamento (CE) tem como base o capital de terceiros que, 
como você já sabe, é dividido em curto e longo prazo. Compreenda que é necessário identificar 
a composição para determinar sua qualidade, ou seja, se ela é adequada ao fluxo de caixa da 
empresa (entradas e saídas de dinheiro do caixa) para determinar a solvência e o pagamento 
destes. Veja sua fórmula:
CE =
 PC x 100 
 PC + PELP
Exemplo: 
• Passivo exigível a longo prazo: R$17.000,00
• Passivo Circulante: R$58.000,00
CE =
 59.000 x 100 = 77% 
 59.000 + 17.000
O indicador por ser interpretado como o total de capital de terceiros utilizados pela empresa que 
está concentrado no curto prazo, ou seja, que está compondo o passivo circulante. No exemplo cal-
culado, do total de capital de terceiros utilizados pela empresa, 77% deverá ser pago no curto prazo. 
3.2.3 Indicador Garantia de Capital de Terceiros 
O indicador Garantia de Capital de Terceiros (GCT) tem a função de evidenciar a capacidade 
da empresa, dado o seu patrimônio líquido, de pagar o capital de terceiros. Este índice revela 
quanto o patrimônio líquido (PL) representa em relação aos capitais de terceiros: quanto maior 
o GCT, melhor se revela a situação e melhores são as possibilidades de novos financiamentos, 
pois demonstra que a empresa tem capacidade de honrar com seus compromissos. Seu cálculo 
é realizado a partir da seguinte fórmula: 
GCT =
 PL 
 PC + PELP
Exemplo: 
• Passivo exigível a longo prazo: R$17.000,00
• Passivo Circulante: R$58.000,00
• Patrimônio Líquido: R$23.000,00
GCT =
 23.000 = 0,30
 59.000 + 17.000
A interpretação deste resultado é simples, acompanhe: para cada R$1,00 de capital de terceiros 
investido é importante que a empresa possua mais que R$1,00 de capital próprio, visando, as-
sim, total capacidade de garantir o pagamento do capital de terceiros por meio do seu capital 
próprio. No exemplo, para cada R$1,00 de capital de terceiros investidos a empresa possui R$ 
0,30 de capital próprio.
14 Laureate- International Universities
Análise das Demonstrações Financeiras
3.2.4 Indicador Participação do Capital de Terceiros
O indicador Participação do Capital de Terceiros (PCT) revela qual o grau de dependência da 
empresa em relação aos recursos de terceiros, sinalizando o quanto o capital de terceiros, com-
parado com o total do patrimônio líquido, representa dentro da empresa. Veja sua fórmula:
PCT =
 PC + PELP 
 PL
Exemplo: 
• Passivo exigível a longo prazo: R$17.000,00
• Passivo Circulante: R$58.000,00
• Patrimônio Líquido: R$23.000,00
PCT =
 58.000 + 17.000 = 3,26 
 23.000
Interpretando o índice, é possível afirmar que para cada R$1,00 de capital próprio, é desejável 
que o valor de capital de terceiros seja sempre menor. Isso demonstra que a empresa tem condi-
ções de arcar com seus compromissos ora assumidos, sem necessitar de novas tomadas de capi-
tais com terceiros, o que pode incorrer em riscos de solvência. Quanto mais próximo de R$1,00 
este índice estiver, maiores são os riscos de insolvência. No exemplo apresentado, observe que 
para cada R$1,00 de capital próprio, existe R$3,26 de capital de terceiros também investidos na 
empresa, demonstrando que ela não tem condições de arcar com os compromissos já assumidos.
3.2.5 Indicador Imobilização do Patrimônio Líquido
O indicador Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL) demonstra o quanto do total do patrimônio 
líquido está investido no ativo permanente da empresa. Para compreender melhor o que será 
calculado, é importante que você entenda o conceito de ativo permanente: ele é composto pelos 
Investimentos (os quais não são destinados à manutenção das atividades da empresa), Imobili-
zado (bens que estão diretamente relacionados à atividade fim da empresa e são utilizados para 
isto) e Intangíveis (que, assim como o imobilizado, se destinam à atividade fim da empresa, po-
rém são bens incorpóreos). Este índice é calculado com a seguinte fórmula:
IPL = 
 AP 
 PL
Exemplo: 
• Ativo Permanente ou ativo imobilizado:R$55.500,00
• Patrimônio Líquido: R$23.000,00
IPL = 
 55.500 = 2,41 
 23.000
Para que se considere a situação da empresa favorável é necessário que o Patrimônio Líquido 
cubra o total do Ativo Permanente e ainda consiga financiar parte do Ativo Circulante, ou seja, 
quando o patrimônio líquido se encontra todo investido no ativo permanente e/ou ainda precise 
de uma parte de recursos de terceiros, demonstra que a empresa utiliza-se de outros recursos 
(capital de terceiros) para financiar o giro, o que pode deixa-la em uma situação delicada, con-
siderando a dependência destes terceiros para girar as atividades. 
15
Sabendo que o ativo permanente foi extinto por meio da lei 11.638/2007, porque ain-
da se usa o termo “permanente” para o cálculo deste indicador? Muitas companhias 
de capital aberto ainda utilizam este grupo para a publicação dos seus balanços e no 
cálculo ora informado foram considerados os valores do ativo intangível, investimentos 
e imobilizado, para efeito didático.
VOCÊ SABIA?
A interpretação do resultado apresentando se faz da seguinte forma: para cada R$1,00 de Patri-
mônio Líquido investido na empresa, o R$2,41 está investido no Ativo permanente. Consequente-
mente, a sobra deste valor está investida no ativo circulante, ou seja, no giro da empresa, sendo 
essa uma situação favorável, o que indica que a empresa não precisa de capital de terceiros para 
financiar seu ativo permanente. 
3.2.6 Indicador Imobilização dos Recursos não Correntes
O índice de Imobilização dos Recursos não Correntes, da mesma forma que o indicie de Imobi-
lização do Patrimônio Líquido, revela o quanto desses recursos estão aplicados no Ativo Perma-
nente da empresa. Tenha em mente que a conta recursos não correntes é composta pelo Patri-
mônio Líquido e Exigível a Longo Prazo, ou seja, os recursos a serem pagos em prazo maior e os 
recursos próprios. Como você já sabe, a situação ideal seria aquela em que o Patrimônio Líquido 
consiga suprir os investimentos no Ativo Permanente, porém, mesmo que isso não seja possível, 
o grau de imobilização ideal pode variar de acordo com o ramo de atuação de cada empresa. 
Este índice é calculado da seguinte forma: 
IRNC =
 AP 
 PL + PELP
Exemplo: 
• Passivo exigível a Longo prazo: R$ 17.000,00
• Ativo Permanente: R$ 55.500
• Patrimônio Líquido: R$ 23.000,00
IRNC =
 55.500 = 1,38
 23.000 + 17.0000
O resultado pode ser interpretado assim: a cada R$1,00 de recursos não correntes investidos 
na empresa, R$1,38 estará financiando o ativo permanente da organização, e o restante está 
investido no giro econômico da organização. 
3.3 Indicadores de rentabilidade
Você sabe dizer qual é o objetivo dos indicadores de rentabilidade? Pois bem, eles são utilizados 
para mensurar o resultado econômico da empresa, a rentabilidade auferida em determinado pe-
ríodo de tempo. Esses indicadores têm como valores base os resultados obtidos, ou seja, o lucro, 
e medem qual foi o ganho real ou retorno obtido com o investimento, excluindo-se os custos do 
capital de terceiros. Veja a seguir como eles podem ser classificados.
16 Laureate- International Universities
Análise das Demonstrações Financeiras
• Margem bruta;
• Margem Operacional;
• Margem Líquida;
• Rentabilidade sobre o ativo;
• Rentabilidade do ativo operacional;
• Rentabilidade do patrimônio líquido.
O autor José Pereira da Silva lançou, em 1983, o livro “Administração de Crédito e 
previsão de solvência”, que tem como objetivo reunir os indicadores conhecidos de 
previsão de insolvência, tais como Kanitz, Elizabethsky e Matias, trazendo um novo 
conceito de indicador para previsão de insolvência. Silva possui livros publicados na 
área e serve de referência para muitos trabalhos. Ele atuou como executivo em gran-
des corporações e integra o corpo docente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São 
Paulo desde 1996.
VOCÊ O CONHECE?
É importante que você saiba que a finalidade destes indicadores é evidenciar se os métodos e 
as decisões de investimentos e financiamentos trouxeram resultados satisfatórios e, ainda, se 
compensa continuar. As tomadas de decisões gerenciais, de forma geral, precisam ser efetuadas 
com base nos indicadores e, para que se tenha uma interpretação correta e de qualidade, é 
necessário entender e interpretar tais índices corretamente. Para elucidar melhor os exemplos, 
utilizaremos os dados da Demonstração do Resultado do Exercício retratados no Quadro 3.
Empresa Alunos S/A
DRE
Receita Bruta R$ 100.000,00 
(–) Deduções 
Devoluções – R$ 2.000,00 
ICMS – R$ 18.000,00 
(=) Receita Operacional Líquida R$ 80.000,00
(–) CMV – R$ 42.000,00 
(=) Lucro Operacional Bruto R$ 38.000,00
(–) Despesas administrativas – R$ 8.000,00 
(=) Lucro Operacional Líquido R$ 30.000,00
(–) Outras receitas e despesas –
(=) Lucro antes do Imposto de Renda e Contribuição Social R$ 30.000,00
(–) Provisão para imposto de Renda e Contribuição Social – R$ 3.500,00 
(=) Lucro Líquido do exercício R$ 26.500,00
Quadro 3 - Demonstração do Resultado do Exercício.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
17
Vamos estudar mais a fundo cada um dos indicadores de rentabilidade? Fique atento!
3.3.1 Indicador Margem Bruta
O indicador Margem Bruta (MB) tem como base os dados da Demonstração do Resultado do 
Exercício (DRE) e é utilizado para mensurar a eficiência da empresa, identificando o valor corres-
pondente ao lucro bruto relacionado ao valor da receita líquida. Nesse caso, a receita líquida 
refere-se à receita bruta de vendas menos os impostos sobre as vendas, devoluções e descontos 
concedidos. A eficiência referida na margem bruta relaciona-se ao custo das mercadorias ven-
didas: quanto maior for o índice, mais eficiente será a empresa, empregando menos custos ao 
produto e controlando-os, e quanto menor o índice, maiores os custos. Veja a seguinte fórmula:
MB = 
 Lucro Operacional Bruto 
 Receita Operacional Líquida
Exemplo: 
• Lucro Operacional Bruto: R$38.000,00
• Receita Operacional Líquida: R$80.000,00
MB = 
38.000 
= 0,475
 80.000
A partir desse cálculo, podemos dizer que para cada R$1,00 de Receita Operacional Líquida a 
empresa obteve aproximadamente R$ 0,48 de Lucro Operacional Bruto. 
3.3.2 Indicador Margem Operacional
O indicador Margem Operacional (MO) evidencia os resultados obtidos com as atividades ope-
racionais da empresa, considerando, além dos custos, as despesas de caráter operacional. É a 
relação de quanto de lucro foi obtido em relação à receita operacional. 
MO = 
 Lucro Operacional Líquido 
 Receita Operacional Líquida
Exemplo:
• Lucro Operacional Líquido: R$30.000,00
• Receita Operacional Líquida: R$80.000,00
MO = 
30.000 
= 0,375
 80.000
18 Laureate- International Universities
Análise das Demonstrações Financeiras
 
Figura 2 – Relatórios servem de base para o cálculo dos indicadores financeiros.
Fonte: JetKat, Shutterstock, 2016.
Ao final da aplicação, temos o seguinte resultado: para cada R$1,00 de vendas líquidas a em-
presa obteve R$0,37 de resultado operacional, ou seja, retirados os gastos executados dentre 
todas as atividades operacionais.
3.3.3 Indicador Margem Líquida
O indicador Margem Líquida (ML) refere-se ao lucro obtido nas vendas, porém, diferente das 
margens Liquida e Operacional, evidencia o resultado líquido do exercício. Em outras palavras, 
o ML mede a eficiência total da empresa, qual a representatividade do lucro líquido sobre as 
vendas líquidas da empresa.
ML = 
 Lucro Líquido do exercício 
 Receita Operacional Líquida
Exemplo:
• Lucro Líquido do Exercício: R$26.500,00
• Receita Operacional Líquida: R$80.000,00
ML = 
 26.500= 0,33125
 
 80.000
Interpreta-se, dessa forma, que para cada R$1,00 de Receita Líquida auferida, a empresa obteve, 
aproximadamente, R$0,33 de lucro líquido no exercício. 
3.3.4 Indicador Rentabilidade sobre o Ativo
O indicador Rentabilidade sobre o Ativo evidencia a lucratividade do ativo, relacionando o total 
dos investimentos com o lucro obtido. Esse índice é utilizado para verificar se as decisões de 
investimento foram eficientes e se os resultados foram satisfatórios em relação ao capital aplica-
do. A rentabilidade do ativo pode ser analisada de dois pontos de vista: Ativo Total e Ativo Ope-
racional. No que diz respeito ao ativo total, podemos dizer que ele busca avaliar amplamente a 
aplicação de recursos e os retornos obtidos.
19
Rentabilidade do ativo total = 
Lucro Líquido do exercício 
 Ativo Total
 Exemplo:
• Lucro Líquido do Exercício: R$26.500,00
• Ativo Total: R$98.000,00
Rentabilidade do ativo total = 
26.500 
= 0,27
 98.000
A partir desse cálculo, podemos fazer a seguinte interpretação: a cada R$1,00 investido no Ativo 
Total da empresa, obteve-se R$0,27 de Lucro Líquido.
3.3.5 Indicador Rentabilidade do Ativo Operacional
O indicador Rentabilidade do Ativo Operacional evidencia o quanto as decisões de investimento 
de caráter operacional (aqueles efetuados na busca da rentabilidade da atividade operacional) 
foram eficazes. Vale destacar que o ativo operacional é composto pelas contas do ativo circu-
lante, diretamente ligadas às atividades da empresa, como por exemplo, duplicatas, estoques e 
outros valores a receber.
Rentabilidade do ativo operacional = 
Lucro Operacional Líquido 
 Ativo Operacional
Exemplo: 
• Lucro Operacional Líquido: R$30.000,00
• Ativo Operacional: R$39.000,00
Rentabilidade do ativo operacional = 
30.000 
= 0,76 
 39.000
Podemos dizer, então, que para cada R$1,00 investido nas atividades operacionais da empresa, 
foram produzidos R$0,76 de lucro operacional. 
3.3.6 Indicador Rentabilidade do Patrimônio Líquido
O indicador Rentabilidade do Patrimônio Líquido evidencia o retorno obtido, em relação à recei-
ta líquida, do investimento dos sócios, ou seja, quanto foi o ganho dos acionistas sobre o capital 
investido na empresa, a fim de identificar se o retorno obtido é compensador ou não perante o 
capital investido. 
Rentabilidade do Patrimônio Líquido = 
Lucro Líquido 
 Patrimônio Líquido 
Exemplo: 
• Lucro Líquido do Exercício: R$26.500,00
• Patrimônio Líquido: R$ 23.000,00
20 Laureate- International Universities
Análise das Demonstrações Financeiras
Rentabilidade do Patrimônio Líquido = 
26.500 
= 1,15
 23.000
A partir desse cálculo, é possível dizer que para cada R$1,00 investido no patrimônio líquido, ou 
seja, de capital investido pelos sócios da empresa, obteve-se R$1,15 de lucro líquido. 
3.4 Indicadores do Ciclo Operacional
Ao iniciar os estudos do último tópico desta unidade, tenha em mente que os indicadores rela-
cionados ao ciclo operacional da empresa são desenvolvidos com o intuito de conhecer e iden-
tificar o desempenho operacional da organização relacionado à rotatividade e prazos médios 
de renovação, pagamentos e recebimentos. A partir do conhecimento dos prazos médios de 
execução das atividades operacionais da empresa é possível analisar se as politicas de prazo 
concedidos estão condizentes e não onerosas quando comparadas ao capital de giro necessário 
para financiar as atividades da organização no período entre a venda e o recebimento destas. 
Compreenda, então, que o conhecimento dos indicadores do ciclo operacional dá suporte à 
tomada de decisões gerenciais voltadas às atividades operacionais. 
PROCESSAMENTO 
DOS PRODUTOS
RECEBIMENTOS
VENDAS PAGAMENTOS
ESTOCAGEM COMPRAS 
Figura 3 - Ciclo Operacional das empresas.
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em SILVA, 2012.
Os indicadores trabalham com valores médios, obtidos através da soma do saldo inicial ao 
saldo final da conta e dividido por dois. Veja, como exemplo, a conta estoque: soma-se o saldo 
do estoque inicial ao do estoque final, dividindo por dois. Para melhor entendimento, desmem-
braremos os cálculos, desenvolvendo primeiramente os cálculos médios exigidos. Porém, este 
pode ser aplicado diretamente à fórmula principal, mas, para fins de um melhor entendimento, 
vamos utilizar o desmembramento da fórmula. Confira a seguir os tipos de indicadores do ciclo 
operacional.
21
• Rotação dos estoques;
• Prazo médio de estocagem;
• Rotação de Duplicatas a Receber;
• Prazo médio de Recebimentos;
• Rotação dos Fornecedores; 
• Prazo Médio de Pagamento;
Agora, vamos conhecer melhor cada um deles.
3.4.1 Indicador Rotação de Estoques
O indicador Rotação de Estoques revela quantas vezes a empresa renova seus estoques, em 
média, em determinado período de tempo. A importância deste indicador se dá pelo fato do 
estoque ser um fator oneroso para a empresa, quanto mais tempo o produto fica em estoque, 
mais gastos ele acarreta para a empresa. O indicador rotação de estoques precisa identificar, 
primeiramente, o estoque médio. 
Rotação dos estoques = 
Custo das mercadorias vendidas 
 Estoque médio
Exemplo:
• Estoque inicial: R$ 30.000,00
• Estoque Final: R$ 33.000,00
• CMV: R$ 42.000,00
Note que com o valor do estoque médio já apurado, que neste caso é a média entre o estoque 
inicial e o final (30.000 + 33.000 / 2), devemos calcular a quantidade média de rotações do 
estoque no período. 
Rotação dos estoques = 
42.000 
= 1,33
 31.500
Diante desse resultado, podemos interpretar da seguinte forma: durante o período analisado, o 
estoque gira, em média, 1,33 vezes.
3.4.2 Prazo Médio de Estocagem
O Prazo Médio de Estocagem (PME) utiliza os valores obtidos no indicador de rotação dos es-
toques (que você viu no item anterior) para identificar qual é o prazo médio, em dias, que leva 
da aquisição do estoque até a sua efetiva venda. Em outras palavras, o objetivo é identificar em 
quantos dias se dá a renovação dos estoques. É importante salientar que no uso do exercício 
social é tomado por base o mês praticado de 30 dias, sendo assim 30 x 12 = 360 dias e não 
365 dias, ou seja, fevereiro com 28/29 dias e janeiro, março, julho, agosto, outubro e dezembro 
com 31 dias são considerados meses de 30 dias, assim como os demais (abril, junho, setembro 
e novembro).
22 Laureate- International Universities
Análise das Demonstrações Financeiras
Prazo médio de Estocagem = 
360 dias 
 Rotação dos Estoques
Exemplo:
Prazo médio de Estocagem = 
360 
= 270,06
 31.500
Dessa forma, podemos constatar que, em média, os produtos permanecem por 270 dias estoca-
dos, desde sua aquisição até sua venda e renovação. 
3.4.3 Indicador Rotação de Duplicatas a Receber
Esse indicador é utilizado para o cálculo do tempo médio de recebimento das vendas efetuadas 
a prazo, ou seja, aquele compreendido desde a venda até seu recebimento. Para este calculo, 
utilizamos o valor médio de duplicatas a receber, o qual, por sua vez, utiliza o saldo de Dupli-
catas a Receber do balanço anterior e do atual, dividindo-os por dois, identificando, assim, seu 
valor médio. 
Rotação de duplicatas a receber = 
Vendas a prazomédia das duplicatas a receber
Exemplo:
• Saldo de Clientes (20x1): R$15.800,00
• Saldo de Clientes (20x2): R$22.000,00
• Vendas a prazo: R$55.000,00
Acompanhe: com o valor médio das duplicatas a receber já apurado, que neste caso é obtido 
pela média do saldo das contas duplicatas a receber no início e no final do período analisado 
(15.800 + 22.000 / 2 = 18.900), devemos calcular a rotação das duplicatas a receber. 
Rotação de duplicatas a receber = 
55.000 
 = 2,91
 18.900
Com isso, podemos analisar da seguinte forma: durante o período verificado, as duplicatas a 
receber giram, em média, 2,91 vezes, ou seja, o saldo dos clientes se renova 2,91 vezes se rela-
cionado ao total das vendas a prazo como a média das duplicatas a receber.
3.4.4 Prazo Médio de Recebimentos
O Prazo Médio de Recebimentos (PMR) refere-se ao prazo médio, em dias, de recebimento das 
vendas efetuadas a prazo. Esse indicador utiliza o resultado obtido no índice de rotação de du-
plicatas a receber para seu cálculo. Observe:
Prazo médio de recebimentos = 
360 dias 
= 123,71
 2,91
23
CASO
A empresa Angelical Ltda. enfrenta sérios problemas financeiros, de forma a necessitar captar 
empréstimos junto aos bancos, de acordo com os seguintes dados econômicos: prazo médio de 
estocagem de 20 dias, prazo médio de venda de 40 dias e prazo médio para pagamento de for-
necedores de 15 dias. Os sócios planejaram reduzir os prazos da seguinte forma: estocagem 20 
dias, venda 16 dias e pagamento aos fornecedores 20 dias. Questionados pelo banco que sem-
pre fazia empréstimos de curto prazo sobre a nova situação da empresa, os sócios informaram 
que a nova política de prazos permitia uma gestão mais eficiente de caixa, menos dependente de 
capital externo, promovendo uma economia de juros. Adaptado de Assaf Neto (2012).
A partir desses indicadores é possível observar que, em média, a empresa concede a seus clientes 
124 dias de prazo para pagamento das mercadorias.
3.4.5 Rotação de Fornecedores 
O índice de Rotação dos Fornecedores é necessário para identificar quantas vezes, em média, a 
empresa gira sua conta fornecedores, ou seja, renova os financiamentos concedidos por estes. 
Para este cálculo, primeiramente é necessário identificar a média de duplicatas a pagar, obtido 
através da soma de duplicatas a pagar do exercício anterior, somado ao ano atual e dividindo-os 
por dois. A partir da identificação deste valor, é possível executar o calculo do indicador.
Rotação dos fornecedores = 
compras a prazo no período 
 média das duplicatas a receber
Exemplo:
• Saldo de Fornecedores (20x1): R$23.000,00
• Saldo de Fornecedores (20x2): R$25.000,00
• Compras a prazo: R$40.000,00
Com o valor médio das duplicatas a pagar já apurado, que neste caso é a média entre o saldo 
dos fornecedores no inicio e no final do exercício (23.000 + 25.000 / 2), devemos calcular a 
rotação das duplicatas a receber. 
Rotação dos fornecedores = 
40.000 
= 1,66
 
 24.000
A partir desse cálculo, podemos analisar da seguinte forma: durante o período especificado, 
as duplicatas a pagar giram em média 1,66 vezes, ou seja, a conta fornecedores se renova em 
média 1,66 vezes.
3.4.6 Prazo Médio de Pagamento
O Prazo Médio de Pagamento (PMP) é calculado utilizando os valores obtidos no índice de rota-
ção de fornecedores, resultando no prazo médio, em dias, de pagamento das compras efetuadas 
junto aos fornecedores, ou seja, o prazo concedido por estes, que compreende o período desde a 
compra até o pagamento das mercadorias adquiridas. Normalmente, essas compras não geram 
encargos financeiros, sendo uma ótima fonte de recursos de terceiros. Dessa forma, quanto maior 
este prazo, melhor é para a empresa. Porém, atrasos nesse tipo de pagamento geram encargos e 
24 Laureate- International Universities
Análise das Demonstrações Financeiras
até a perda de confiança dos fornecedores, afetando as atividades operacionais da organização, 
pois a mesma estará sem fornecedor que lhe conceda crédito e prazo para pagamentos. 
Nesse cenário, ao se deparar com a necessidade de aquisição de novos estoques para continuar 
com suas atividades, a empresa se vê obrigada a recorrer a fontes de financiamento mais caras 
e com encargos altíssimos. Note que é por isso que é importante conhecer os prazos médios de 
pagamentos para desenvolver um planejamento adequado de fluxo de caixa, necessário para 
que não ocorram atrasos e a perda da confiabilidade do fornecedor, além de evitar, também, os 
possíveis encargos.
Prazo médio de pagamentos = 
360 dias 
 Rotação de duplicatas a pagar
Para entender melhor o que foi explicado, veja um exemplo.
• Duplicatas a Pagar X0 R$23.000,00
• Duplicatas a Pagar X1 R$25.000,00
• Compras a Prazo no Período R$40.000,00
Prazo médio de pagamentos = 
360 dias 
= 216 dias
 1,66
Analisando os valores obtidos, podemos dizer que a empresa gira sua conta de fornecedores, em 
média, 1,66 vezes no período, e que, também em média, os fornecedores concedem 216 dias 
de prazo para a empresa quitar seus financiamentos junto aos fornecedores. 
Análise do Ciclo Operacional
Agora que você já estudou os indicadores do ciclo operacional, compreenda que ele representa 
toda a trajetória da empresa no decorrer da sua atividade em busca de maximizar o resultado, 
portanto, ciclos menores representam mais giro de negócios, o que vem a proporcionar maiores 
retornos sobre os investimentos. Tenha em mente que o ciclo operacional compreende os interva-
los contidos entre a aquisição do produto até o pagamento destes aos fornecedores, sendo que 
para pagar esta obrigação é preciso que fases internas que fazem parte deste ciclo, tais como a 
venda dessas mercadorias ora adquiridas e o recebimento das mesas, sejam cumpridas.
Compra Vende Recebe Paga
CICLO OPERACIONAL
Prazo médio de rotação 
dos estoques
Prazo médio de 
recebimento das vendas Folga Financeira
Prazo médio para pagamento das compras
Figura 4 – Os prazos médios de rotação dos estoques, recebimentos de vendas 
e pagamentos das compras que formam o Ciclo Operacional.
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em SILVA, 2012.
25
Observe na Figura 4 que o ciclo operacional é composto pelos prazos médios de estocagem e 
recebimento, sendo esse o período que contempla a aquisição, estocagem, venda e recebimento 
das mercadorias, ou seja, o período de maturação de suas atividades.
Ciclo Operacional = PME + PMR
Ciclo Operacional = 270 + 124 = 394
Com o resultado obtido, podemos identificar que o ciclo operacional desta empresa, que com-
preende o período desde a aquisição até o recebimento das mercadorias vendidas, é, em média, 
de 394 dias. 
No estudo realizado por Renato Vieira Arcanjo, em 2014, com titulo “Análise da rela-
ção entre os indicadores financeiros de liquidez e os prazos médios e a geração de cai-
xa operacional”, foram utilizados os dados publicados pela empresa Petróleo do Brasil 
(Petrobras) no período de 2006 a 2010. Os resultados apontam que existe uma influ-
ência por parte dos indicadores de liquidez na geração de caixa operacional, sendo 
que neste estudo o indicador que apresentou maior influência foi o de liquidez geral e 
prazo médio de fornecedores. Acesse: <http://www.unifal-mg.edu.br/economia/sites/
default/files/economia/4_monografias/20132_Renato_Vieira_Archanjo.pdf>.
VOCÊ QUER LER?
Por fim, temos o ciclo de caixa ou financeiro, que compreende o período em que a empresa 
precisa financiar suas atividades após o pagamento de seus fornecedores,até o recebimento de 
suas vendas, ou seja, o período em que ela financia suas atividades sem os fornecedores, depen-
dendo, assim, de capitais próprios ou de terceiros. A situação ideal seria aquela em que o ciclo 
operacional fosse menor ou igual ao ciclo de caixa, assim a empresa não precisaria de capital 
de giro para financiar suas atividades. Então, quanto menor este prazo, melhor para a empresa. 
Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional – Prazo Médio de Pagamentos
Ciclo decaixa ou ciclo Financeiro = 394 – 216 = 178
Ao analisar a informação obtida neste índice, podemos interpretar da seguinte maneira: o ciclo 
de caixa da empresa, ou seja, o período em que a empresa arca com suas atividades sem seus 
fornecedores, é, em média, de 178 dias. 
26 Laureate- International Universities
Síntese
Ao concluir o segundo capítulo da disciplina de Análise das Demonstrações Financeiras, você 
aprendeu acerca da análise das demonstrações contábeis, mais especificamente a respeito dos 
tipos de indicadores e suas fórmulas de cálculo. Em síntese, você pôde: 
• Identificar os indicadores utilizados para análise dos demonstrativos contábeis;
• Entender que o índice de liquidez mede a capacidade financeira da empresa em pagar 
os compromissos assumidos com seus credores, sendo calculados a partir dos saldos 
existentes nas contas do balanço patrimonial;
• Compreender que os índices que evidenciam a estrutura de capital da empresa são 
necessários para identificar a situação atual da empresa e as alterações necessárias;
• Aprender que os indicadores de rentabilidade são utilizados para mensurar o resultado 
econômico da empresa e a rentabilidade auferida em determinado período de tempo;
• Entender que os indicadores relacionados ao ciclo operacional da empresa são utilizados 
para identificar o desempenho operacional da organização relacionado à rotatividade e 
prazos médios de renovação, pagamentos e recebimentos;
• Perceber que os indicadores de prazo médio são utilizados para analisar se as políticas 
de prazo concedidas estão condizentes e não onerosas quando comparados ao capital 
de giro necessário para financiar as atividades da empresa no período entre a venda e o 
recebimento destas.
Síntese
27
Referências
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Societária - Aplicável A Todas As Sociedades - 2ª Ed., 2013.
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sugestões e indicações da análise financeira das organizações. São Paulo: Atlas, 2008.
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Bibliográficas

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