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DOS SUJEITOS E OBJETO DO CRIME

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DOS SUJEITOS E OBJETO DO CRIME
Prof. Luiz Geraldo Gomes dos Santos
Dos Sujeitos e Objeto do Crime
1 – Considerações Gerais
	A matéria pertinente aos sujeitos e objetos do crime, bem como aos objetos jurídico e material da infração penal, se situam, na realidade, no campo da “tipicidade”, posição que não é pacífica na doutrina e jurisprudência.
	Não há como negar, que por vezes, interessa à estrutura do “tipo” penal a especial condição ou qualidade, quer do sujeito ativo, quer do sujeito passivo do crime, a exemplo dos crimes de infanticídio, peculato, bigamia, falso testemunho, estupro de vulnerável, desacato, etc., visto que, em tais delitos ora se exige determinado sujeito ativo e ora, que seja o fato praticado contra determinada categoria de vítimas.
	Já em algumas situações, a tipicidade exige uma pluralidade de sujeitos ativos, como nos crimes de concurso necessário, a exemplo dos crimes de rixa e de formação de quadrilha.
	Outros crimes exigem mais de um sujeito passivo, a exemplo do crime de genocídio.
	Tal situação é o que denominados de plurissubjetividade, quer seja ativa, quer seja passiva
	
Dos Sujeitos e Objeto do Crime
1.1 – Dos Sujeitos do Crime
1.1.1 – Do Sujeito Ativo
	É a pessoa que pratica a infração, que a comete (seu autor, coautor ou partícipe).
	A regra é que somente o ser humano pode ser sujeito ativo de crime, devendo ainda, ser maior de 18 anos.
	Os menores de 18 anos cometem atos infracionais, aplicando-se a eles as disposições da Lei 8.069/90.
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1.1.2 – Da Capacidade Especial do Sujeito Ativo (Crimes próprios e de mão própria)
	A regra é que as infrações penais podem ser praticadas por quaisquer pessoas, caso em que teremos os chamados crimes comuns.
	Entretanto, há casos onde o sujeito ativo tem que ter uma capacidade especial, uma condição específica, sem a qual não haverá o crime, a exemplo dos crimes dos artigos 312 (peculato) e 123 (infanticídio).
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	Os crimes próprios não se confundem com os de mão própria (também chamados de crimes de atuação pessoal ou de conduta infungível), os quais correspondem a condutas que somente podem ser praticadas por pessoas que tenham uma condição especial, a qual, tem que estar estabelecida em lei, a exemplo do crime do artigo 342 do Código Penal.
	Os crimes de mão própria somente admitem a participação e não a coautoria e os próprios admitem ambas as formas de concurso de agentes.
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	A doutrina fala ainda em crime bipróprio, que é aquele onde a lei exige qualidade especial tanto do sujeito ativo quando do sujeito passivo do crime, a exemplo do crime previsto no artigo 136 do Código Penal (crime de maus-tratos).
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1.1.3 – Da Responsabilidade Penal das Pessoas Jurídicas
	Atualmente aceita-se a responsabilização penal das pessoas jurídicas nos crimes ambientais (Lei 9.605/98).
	Há entendimento de que faltaria para a pessoa jurídica “capacidade natural de ação, culpabilidade e indicação clara de quais os tipos penais que poderia incorrer”, a exceção dos crimes ambientais.
	Nossos tribunais, tem condicionado a instauração de um processo penal contra uma pessoa jurídica à descrição concomitante dos atos delitivos praticados pelos dirigentes da empresa e em benefício dela (teoria da dupla imputação).
	Tal entendimento se dá pelo fato de que antes da prática delitiva da empresa, houve uma conduta humana que se enquadrou em um crime ambiental, caso em que teremos um concurso necessário de agentes
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1.2 – Do Sujeito Passivo
	Estamos aqui nos referindo ao titular do bem jurídico tutelado pela norma penal.
	Podem ser:
	a) Constante ou formal: É o Estado;
	b) Eventual ou Material: É o titular do bem jurídico protegido pela norma penal. É a vítima da infração penal.
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Observações:
Civilmente Incapaz: pode ser sujeito passivo de delitos, na medida em que figure como titular de um bem jurídico tutelado pela norma penal, a exemplo da própria vida.
Recém-nascido: também pode ser sujeito passivo de crime, a exemplo do infanticídio;
Feto: também pode ser sujeito passivo de crime, a exemplo do crime de aborto;
Cadáver: a pessoa morta não pode ser sujeito passivo de crime, sendo que no crime de vilipendio a cadáver (art. 212 do CP), o sujeito passivo é a coletividade e, no crime de calúnia contra os mortos (art. 138, §2º), a sua família;
Animais: não podem ser sujeitos passivos de crime, podendo ser objeto material de crime, como o furto ou no crime de dano;
Entes sem personalidade jurídica: certas entidades desprovidas de personalidade jurídica, como a família, apesar de não serem titulares de bens jurídicos, podem ser sujeitos passivos de infrações penais. São os crimes denominados de vagos que são caracterizados por terem com sujeito passivo entes sem personalidade jurídica a exemplo da família.
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1.2.1 – Do Prejudicado ou Lesado com o Crime
	O sujeito passivo do crime é a pessoa sobre quem recai a conduta delitiva, enquanto que o lesado é o que sofre o prejuízo com a prática da infração penal.
1.2.2 – Do Sujeito Ativo e Passivo de Forma Simultânea.
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2 – Do Objeto Jurídico do Crime
2.1 – Considerações Preliminares
	Pudemos observar até o presente momento, que o Direito Penal se presta a tutelar aqueles bens jurídicos mais importantes para a vida em sociedade, os quais, serão o objeto jurídico do Direito Penal, que nada mais é que o bem jurídico penalmente tutelado, sobre o qual recai a proteção estatal.
 	Vale ressaltar que esse objeto jurídico penalmente tutelado, o qual, integra a estrutura e composição típicas do crime, tornando-se um dos seus elementos conceituais ou de existência, tal qual, como previsto pelo tipo penal.
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2.2) Objetividade Jurídica Genérica e Específica
 
	Pudemos observar que todo o tipo penal tem por finalidade a proteção a um bem juridicamente tutelado, o chamado objeto jurídico da Lei Penal.
	Assim sendo, para que possamos estudar o Direito Penal, necessário se faz que analisemos primeiramente, no plano abstrato da definição, a objetividade jurídica do tipo penal.
 	Para tanto, vale ressaltar que o Direito Penal, ao definir os crimes, toma primeiramente em consideração o objeto jurídico de forma genérica, ou seja, de forma mais abrangente possível. É a chamada objetividade jurídica genérica.
	Da mesma forma, quando o objeto jurídico tutelado representa uma parte separada do contexto, uma fração destacada e particularizada deste, temos a chamada objetividade jurídica específica.
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	Ex: Temos um ônibus, sendo que, por questão de segurança, passou-se a proteger todo e qualquer dano a referido ônibus. Assim sendo, o ônibus como um todo, é o chamado objeto jurídico genérico.
	Assim sendo, teria o legislador, em virtude do Princípio da Legalidade, que criar condutas que eventualmente praticadas, fossem consideradas delitivas, visto que, trariam dano ou possibilidade de dano a tal veículo.
	Desta forma, deveria o legislador desmembrar, separar em frações, as diversas partes do ônibus, tudo com o intuito de proteger o todo.
	Poder-se-ia, portanto, pelo critério de importância, proteger o motor do ônibus, depois os amortecedores, os pneus, o chassi, os bancos e, assim sucessivamente, sendo cada um destes parte do todo.
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	Verifica-se, portanto, que se o ônibus seria a objetividade jurídica genérica, sendo que a proteção ao motor poderia ser a objetividade jurídica específica.
	Assim sendo, se o legislador estabelecesse que constituiria crime colocar álcool ao invés de gasolina no motor, teríamos a existência de tal conduta delitiva se o álcool fosse efetivamente colocado no motor do ônibus, mas não de um carro de passeio, um barco, uma moto, etc., o que decorreria, como já dito, do Princípio da Legalidade.
	Desta forma,
quando nos referirmos a bem jurídico penalmente tutelado, poderemos estar nos referindo ao bem jurídico genérico – conjunto, todo -, ou então ao bem jurídico específico.
	Para que possamos efetivamente identificar um e outro, teremos que, primeiramente notar que, cada tipo penal está subordinado a um título e a um capítulo dentro da Lei Penal.
 
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	Verifica-se então, que o Título refere-se ao bem jurídico genérico, enquanto que o Capítulo refere-se ao bem jurídico específico.
 
	Ex. No título I, da Parte Especial encontramos a proteção a pessoa – objeto jurídico genérico -, enquanto no Capítulo I, encontramos a proteção a vida – objeto jurídico específico -, que tem como tipos penais, o Homicídio – Art. 121 -, o Induzimento, Instigação ou Auxílio ao Suicídio – Art. 122 – , o Infanticídio – Art. 123 -, o Aborto – Arts. 124 e ss. -.
 
	No que refere aos Crimes de Calúnia, Difamação e Injúria, teremos como objeto jurídico específico a Honra – Cap. V -, ainda dentro do objeto jurídico genérico a proteção a pessoa.
 
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	Observa-se, portanto, que em relação a pessoa –objeto jurídico genérico -, encontra-se ela protegida sob todos os seus aspectos, a vida, a integridade física, a honra, a liberdade, os quais, são os seus objetos jurídicos específicos.
	No entanto, nem sempre tal averiguação é simples de ser feita, pois situações existem em que o Objeto Jurídico Específico não surge com tanta facilidade.
	Isso sempre ocorre quando o nome do Objeto Jurídico Específico é o nome do “nomen juris do crime”.
	Ex: Furto – art. 155 -, encontra-se dentro do Título II – objeto jurídico genérico – mas, no entanto, o Capítulo refere-se apenas a Furto. 
	Ex: Lesão Corporal – art. 129 -, encontra-se dentro do Título I – objeto jurídico genérico – mas, no entanto, o Capítulo refere-se apenas a Lesões Corporais – Nomem Júris do Crime-.
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	Assim sendo, o objeto jurídico específico encontra-se implícito no conceito primário do tipo penal, devendo ser buscado pelo interprete.
	Desta forma, no furto, o objeto jurídico específico é o patrimônio, ou a posse conforme sustentam alguns. 
	Já em relação a lesão corporal, o objeto jurídico específico é a integridade anátomo-fisico-psíquica do ser humano.
	Observa-se, portanto, que o tipo legal delitivo está sempre ligado ao Título e, ao Capítulo, o que facilita a interpretação do tipo legal.
	Ex: Se o artigo 121 dissesse apenas MATAR e, alguém matasse um animal. Estaria ele cometendo a conduta típica do artigo 121 do CP?
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	Evidente que não, pois o bem jurídico tutelado – genérico – é a pessoa.
	Ex: Da mesma forma, o artigo 155, que trata do furto, protege o patrimônio, o que implica que o objeto furtado tem de ter valor estimado pecuniariamente, tem que ter valor econômico, sob pena de não haver crime. – Princípios da Intervenção Mínima, da Fragmentariedade e da Bagatela.
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2.3) Crimes Monofensivos e Crimes Pluriofensivos.
	A regra acima demonstrada tem uma exceção, a dos chamados crimes pluriofensivos.
	Nestes crimes, ao contrário dos monofensivos, onde a ação ofende apenas um bem juridicamente protegido (homicídio, calúnia, lesão corporal, furto, estelionato, etc...), existe uma ofensa a mais de um bem juridicamente protegido, a exemplo dos crimes previstos nos artigos 157, 157 § 3º, 213, 125, 140 § 2º, 159, etc...
	Em geral são crimes complexos, visto que ofendem mais do que um bem juridicamente tutelado, sendo que, ficam atrelados à conduta delitiva que representava a principal intenção do agente.
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