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estrategias e recursos na construcao do texto

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Estratégias e recursos 
na construção do texto
Verônica Daniel Kobs*
Há inúmeros elementos que podem ser usados na construção de um 
texto, provocando diferentes efeitos. Alguns podem interferir na clareza, 
tornando a apreensão do sentido mais fácil ou mais difícil. Outros, se apare-
cerem com relativa frequência, podem tornar o texto engraçado ou irônico. 
Desse modo, temos de dominar um número razoável desses elementos (ao 
menos aqueles considerados básicos na construção textual), conhecendo 
sua função e seus efeitos, para aprimorar nossas possibilidades de comuni-
cação e diversificar nossas técnicas de escrita.
Os recursos mais básicos para a elaboração de um texto são:
a ordem das informações nos períodos; �
a concatenação das ideias, que devem ser ligadas por relatores ou co- �
nectivos adequados para assegurar a lógica da informação que está 
sendo passada; e
a pontuação. �
Talvez a pontuação seja a peça-chave de todo texto. O uso de pontos e 
sobretudo de vírgulas de modo incorreto pode alterar significativamente o 
sentido de um texto. Uma vírgula colocada em um lugar impróprio pode 
gerar ambiguidade, dar ou tirar ênfases, ou mesmo gerar períodos intermi-
náveis, que, justamente por serem longos demais, às vezes fazem o autor 
se perder em meio a tanta informação, esquecendo de completar uma in-
formação básica, iniciada antes da primeira vírgula do período. O resultado 
disso é um período incompleto: tantos encadeamentos vão surgindo, pelas 
emendas de uma informação complementar à outra, que se termina o perío-
do com diversas informações extras – relacionadas à informação básica, sem 
dúvida alguma, mas que não completam, efetivamente, seu sentido.
* Doutora em Estudos Li-
terários pela Universidade 
Federal do Paraná (UFPR). 
Mestre em Literatura Bra-
sileira pela UFPR. Licencia-
da em Letras Português- 
-Latim pela UFPR.
Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, 
mais informações www.videoaulasonline.com.br
2
Estratégias e recursos na construção do texto
Passando, agora, do que é inerente a todo tipo de texto para o que pode 
ser uma opção na escrita, vamos comentar o uso de citações e exemplos. 
Tanto um como outro serve para dar mais respaldo às colocações feitas pelo 
autor.
Um exemplo tem a função de comprovar as afirmações feitas, ligando a 
teoria à prática.
Já as citações, mais do que comprovar um pensamento, introduzem no 
texto a ideia de outro escritor, que também discutiu determinado assunto. 
Esse recurso serve para avalizar a tese defendida no texto. Para conseguir 
isso, o autor empresta a credibilidade de um autor de renome para demons-
trar ao leitor que esse escritor respeitado na área e bastante conhecido por 
sua obra pensa da mesma forma, razão pela qual os trechos citados podem 
servir de complemento ao texto que está sendo escrito.
No que diz respeito à tentativa de estabelecer maior proximidade entre o 
autor e o leitor do texto, podemos citar as perguntas, o uso de verbos e pro-
nomes na primeira pessoa, a escolha vocabular e a incorporação de marcas 
da oralidade na escrita. Em geral, textos não muito formais lançam mão 
desses elementos. Mas há exceções.
Há, por exemplo, textos argumentativos que se inserem na modalidade 
de textos formais, mas utilizam perguntas e verbos na primeira pessoa, no 
meio do texto, como instrumento de reforço ao convencimento do leitor.
A escolha do vocabulário é algo que depende essencialmente do perfil 
do público-alvo e das características do modelo de texto. Uma crônica ou um 
anúncio publicitário, por exemplo, têm mais liberdade para o uso de gírias 
e palavras mais simples. O estilo mais despojado da crônica e a necessidade 
de o anúncio publicitário seduzir o consumidor exigem a proximidade com 
o público como pressuposto. Para atingir essa meta, é preciso pensar em um 
modo de comunicação eficaz e, nesse momento, a escolha do vocabulário a 
ser utilizado é questão da maior importância.
Com base nesse rápido panorama, percebemos que um texto é um pro-
duto extremamente moldável, permitindo interferências dos mais variados 
recursos. No entanto, é fundamental, para saber usar algumas dessas inúme-
ras possibilidades, pensar no efeito que será provocado, verificando se ele 
corresponde perfeitamente à finalidade pretendida.
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Estratégias e recursos na construção do texto
3
A fim de aprofundarmos a análise dos elementos aqui apresentados, ve-
rificando os efeitos provocados no texto, vamos à leitura de alguns textos, 
que depois serão comentados, levando-se em conta os recursos utilizados 
pelos autores.
Por que ler os clássicos
Os grandes textos da escrita universal permitem ao leitor descobrir 
mais sobre a alma, o mundo e os recursos estilísticos da língua
(BENCINI, 2003)
Só as obras bem escritas passam para a posteridade, tornam-se fonte de 
conhecimento — e não apenas de entretenimento — e, enfim, podem ser 
chamadas de clássicos. Seus autores são verdadeiros artistas. Eles conseguem 
organizar bem seus pensamentos, esculpem a língua com cuidado e estilo e 
põem em foco os principais conflitos da existência humana. Assim, ao expe-
rimentar as emoções de diversos personagens consagrados, o leitor busca 
respostas para a própria vida, compreende melhor o mundo e se torna um 
escritor mais criativo.
“Já que não podemos entrar em uma máquina do tempo e conhecer o 
cotidiano da Grécia Antiga ou a realidade do século XVIII, ler é a melhor ma-
neira de nos transportar para outros universos, tempos e espaços”, diz a es-
critora Ana Maria Machado. “Todo leitor é, quando está lendo, um leitor de si 
mesmo”, disse Marcel Proust (1871-1922), um dos maiores escritores france-
ses, autor da obra-prima Em busca do tempo perdido. Isso acontece quando 
os personagens retratados servem de inspiração e reflexão para leitores de 
qualquer época e lugar.
E como trabalhar com esses livros? Em que fase os estudantes estão prepa-
rados para esse tipo de leitura? É um equívoco explorar apenas títulos que o 
grau de autonomia da turma permite compreender sem dificuldade. Um pro-
jeto de leitura comprometido com a formação de leitores apresenta, além de 
títulos que podem ser lidos com fluência, uma cuidadosa seleção que rompa 
com seu universo de expectativas. Um clássico pode ser retomado em dife-
rentes etapas do processo de aprendizagem. Quanto mais velhos forem os 
alunos, maior o aprofundamento da análise da obra.
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Estratégias e recursos na construção do texto
Pontuação e elementos coesivos
Para a análise desses recursos, vamos retomar parte do primeiro parágra-
fo do texto que acabamos de ler.
Seus autores são verdadeiros artistas. Eles conseguem organizar bem seus 
pensamentos, esculpem a língua com cuidado e estilo e põem em foco os 
principais conflitos da existência humana. Assim, ao experimentar as emo-
ções de diversos personagens consagrados, o leitor busca respostas para 
a própria vida, compreende melhor o mundo e se torna um escritor mais 
criativo.
Para comentar a pontuação, basta nos determos sobre o último perío-
do do fragmento destacado. Nessa parte do texto, a autora utiliza ponto 
final e vírgulas porque agrega dois tipos de informação – as básicas e as 
complementares.
Relembrando esses conceitos rapidamente: as básicas têm autonomia de 
significado e são compostas de sujeito e predicado; as acessórias ou com-
plementares se encarregam apenas de detalhar algum ponto da informação 
básica. Aposto ou advérbio são os mais usados na composição das informa-
ções complementares.
Sendo assim, a informação básica do último período do trechoacima 
resume-se a “o leitor busca respostas para a própria vida”. Embora essa infor-
mação já tenha sentido completo e seja formada de sujeito (“o leitor”) e pre-
dicado (“busca respostas para a própria vida”), outras duas ações são unidas 
a ela, formando uma enumeração. Desse modo, “o leitor”:
“busca respostas para a própria vida”; �
“compreende melhor o mundo”; �
“e se torna um escritor mais criativo”. �
Esses três itens formam a enumeração, que é parte da informação básica.
No que se refere às informações complementares, temos “Assim, ao expe-
rimentar as emoções de diversos personagens consagrados”. Esse início do 
período reúne duas informações acessórias, divididas em blocos pelo uso da 
vírgula. O primeiro bloco é formado pela conjunção assim e o segundo, pelo 
longo trecho “ao experimentar as emoções de diversos personagens consa-
grados”, que desempenha a função de advérbio.
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Estratégias e recursos na construção do texto
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Passando agora para a verificação dos elementos coesivos utilizados, per-
cebemos que cada período tem um relator que retoma uma palavra já men-
cionada no período anterior. Isso dá lógica ao texto, permitindo que as infor-
mações sejam apresentadas de modo encadeado e organizado, pois existe 
uma continuidade no desenvolvimento do raciocínio.
Para comprovarmos a coesão textual, vamos retomar novamente o trecho 
que estamos analisando para incluir algumas observações que vão consoli-
dar as relações estabelecidas pelos elementos coesivos.
Seus autores [os autores dos clássicos, mencionados logo no início do 
texto, no período anterior a este] são verdadeiros artistas. Eles [referência 
a “artistas” e, por consequência, aos “autores dos clássicos”] conseguem or-
ganizar bem seus pensamentos, esculpem a língua com cuidado e estilo 
e põem em foco os principais conflitos da existência humana. Assim [con-
junção que liga “os principais conflitos da existência humana” vividos pelos 
personagens à experiência do leitor, principal assunto deste período], ao 
experimentar as emoções de diversos personagens consagrados, o leitor 
busca respostas para a própria vida, compreende melhor o mundo e se 
torna um escritor mais criativo.
Por meio das marcações e das observações feitas no trecho acima, ficou 
evidente a progressão do texto e a preocupação do autor em associar uma 
ideia à outra para formar um todo organizado e coerente. Sem essa intenção, 
com certeza o sentido do texto poderia sofrer enorme prejuízo. Se não há 
clareza, por parte do autor, o texto não será legível e, com certeza, não fun-
cionará como um meio de comunicação entre autor e leitor.
Citação e exemplos
Para analisarmos como a autora utiliza a citação e os exemplos a seu favor 
no texto que escreve, vamos voltar ao início do segundo parágrafo.
“Já que não podemos entrar em uma máquina do tempo e conhecer o 
cotidiano da Grécia Antiga ou a realidade do século XVIII, ler é a melhor 
maneira de nos transportar para outros universos, tempos e espaços”, diz a 
escritora Ana Maria Machado. “Todo leitor é, quando está lendo, um leitor 
de si mesmo”, disse Marcel Proust (1871-1922), um dos maiores escritores 
franceses, autor da obra-prima Em busca do tempo perdido.
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Estratégias e recursos na construção do texto
Os dados que nos interessam estão destacados no fragmento que reti-
ramos do texto lido. As duas primeiras marcações servem para exemplificar 
tanto o papel da citação como do exemplo – afinal, quando a autora revela 
ao leitor quem disse as palavras que ela resolveu transcrever, por meio do 
discurso direto, ela deixa claro que optou pela citação para completar e avali-
zar seu discurso, pois o texto que estamos lendo faz afirmações semelhantes 
àquelas feitas por autores de renome, como Ana Maria Machado e Marcel 
Proust. De modos diferentes, os autores mencionados no texto “auxiliam” a 
autora Roberta Bencini a respaldar e consolidar a ideia por ela apresentada.
Evidentemente, não foi por acaso que a autora escolheu citar os nomes 
de Ana Maria Machado, especialista em leitura e autora de diversas obras 
infanto-juvenis, e Marcel Proust, o qual, aliás, ela própria faz questão de apre-
sentar melhor ao leitor, mencionando que ele é “um dos maiores escritores 
franceses, autor da obra-prima Em busca do tempo perdido”. A estratégia é 
clara: pelas citações e pelos exemplos mencionados, a própria autora cre-
dencia seu texto, porque o insere no mesmo universo de que fazem parte os 
textos dos autores citados – detalhe que, com certeza, impressiona o leitor. 
O efeito provocado é imediato e muito simples de ser compreendido: se o 
leitor conhece e respeita os autores citados pelas obras que produziram, 
automaticamente ele irá dar importância ao texto que está lendo naquele 
momento.
Perguntas
No começo do terceiro parágrafo do texto, a autora utiliza algumas 
perguntas.
E como trabalhar com esses livros? Em que fase os estudantes estão prepa-
rados para esse tipo de leitura?
Esse artifício é importante porque delimita para o leitor os objetivos do 
texto. Depois de propor os questionamentos, é natural o leitor esperar da 
autora que ela apresente respostas. No excerto que lemos, essas questões 
começam a ser respondidas e, até o final do texto, que tem várias páginas, 
elas são comentadas e aprofundadas.
Mas além de dar ao leitor as informações sobre as metas a serem atingidas 
até o final as perguntas também têm a função de atrair mais público. As per-
guntas usadas foram cuidadosamente escolhidas. Elas representam dúvidas 
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Estratégias e recursos na construção do texto
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frequentes. É como se, reproduzindo-as, a autora conseguisse incorporar em 
seu texto o senso comum. Dessa forma, sabendo quais são as principais dúvi-
das do público em geral sobre o tema debatido, e prometendo apresentar so-
luções eficazes para elas, a autora consegue ampliar o alcance de seu texto.
Vamos, agora, ler e analisar uma crônica de José Simão para demonstrar 
que as diversas modalidades textuais usam recursos também diferentes.
Chega de prata! Vamos virar faqueiro!
(SIMÃO, 2010)
BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da 
República! Direto do País da Piada Pronta! […]
E o Pândega 2007? Chega de prata! O Brasil vai virar um faqueiro. […]
E um amigo meu diz que na casa dele há anos que chegou o Pan: pan com 
ovo, pan com mortadela e pan com manteiga! […]
E atenção! Cartilha do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. Pancreatite: 
companheiro inflamado com o clima do Pan! Pancreático! Rarará! O lulês é 
mais fácil que o inglês. […] Hoje só amanhã! […] E vai indo que eu não vou!
Oralidade
Coerente com a simplicidade e o despojamento permitidos na crônica, a 
oralidade é usada para tornar o texto mais próximo do leitor.
Para entender melhor como esse recurso é utilizado e para reforçar os 
efeitos provocados por ele, vamos a alguns exemplos que retomam partes 
do texto lido.
E o Pândega 2007? Chega de prata! O Brasil vai virar um faqueiro. […]
E um amigo meu diz que na casa dele há anos que chegou o Pan: pan com 
ovo, pan com mortadela e pan com manteiga! […]
E atenção! Cartilha do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. Pancreatite: 
companheiro inflamado com o clima do Pan! Pancreático! Rarará! O lulês 
é mais fácil que o inglês. […] Hoje só amanhã! […] E vai indo que eu não 
vou!
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Estratégias e recursosna construção do texto
A primeira coisa que chama a atenção é a profusão de e. Os três parágra-
fos destacados começam com essa mesma vogal. A repetição é uma marca 
típica da oralidade, bem como a onomatopeia rarará, figura de linguagem 
que tenta imitar o som de uma gargalhada.
Outra característica importante do autor é que ele subverte alguns vocá-
bulos, ao substituí-los por outros, com som parecido, mas escrita diferente 
(óbvio lulante, em vez de óbvio ululante; e pan, em vez de pão). Sendo assim, 
em vários momentos a gramática não é obedecida. Essa é uma das licenças 
da crônica e do autor, que já é dono de um estilo bastante peculiar que se 
transfere de um texto para outro. O estilo funciona como uma marca regis-
trada, assegurando a correspondência entre o autor e os seus textos. No caso 
do exemplo óbvio lulante, os leitores bem sabem que lulante não existe: é 
um termo criado pelo autor e refere-se ao presidente Lula. Isso exemplifica, 
no texto, outra característica bastante acentuada no estilo desse cronista – o 
neologismo, recurso que permite a criação de palavras.
Digno de comentário é também o uso das exclamações, outra marca da 
oralidade, geralmente não utilizada em textos formais, mas que é admitida na 
crônica pela linguagem simples que esse tipo de texto costuma privilegiar.
Temas do cotidiano
A escolha de temas cotidianos é bastante conveniente para a simplicida-
de pretendida pela crônica. Pela leitura dos trechos do texto de José Simão, 
já foi possível perceber que ele encadeia uma série de fatos, de modo a fazer 
um resumo das novidades da semana no país.
Esse artifício exige uma contribuição bastante específica do leitor: para 
entender o texto lido, ele deve lançar mão de seu conhecimento prévio, re-
tomando as informações que lhe chegaram recentemente, pela mídia, para 
poder entender a piada. Sem fazer essa relação do texto com os fatos que 
deram origem à crítica e ao gracejo, o texto perde completamente o seu 
efeito.
Nesse jogo que o autor estabelece com o leitor, referências de vários tipos 
são exigidas. Vejamos os fragmentos a seguir.
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Estratégias e recursos na construção do texto
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E o Pândega 2007? Chega de prata! O Brasil vai virar um faqueiro. […]
E atenção! Cartilha do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. Pancreatite: 
companheiro inflamado com o clima do Pan! Pancreático! Rarará! O lulês 
é mais fácil que o inglês. […] Hoje só amanhã! […] E vai indo que eu não 
vou!
Ambos pedem que o leitor colabore, acionando seu conhecimento prévio. 
O primeiro, porém, exige que o leitor esteja por dentro de algo que estava 
acontecendo na época em que o texto foi escrito: os Jogos Pan-americanos 
de 2007, também chamados Pan 2007, no Rio de Janeiro. Logo, quem acom-
panhava as competições e tinha a informação sobre o número de medalhas 
de prata estar alcançando uma marca impressionante vai saber que se jus-
tifica o fato de o autor afirmar que “O Brasil vai virar um faqueiro” – já que a 
prata é o material de que são feitos os faqueiros de luxo.
O segundo trecho, diferentemente do primeiro, já requer um conheci-
mento mais amplo do leitor. O autor não se refere a uma situação específica: 
ele brinca com os frequentes deslizes do presidente Lula no uso da língua 
portuguesa, razão pela qual o cronista cria outro significado para pancreatite 
– “companheiro inflamado com o clima do Pan” – e afirma que “O lulês é mais 
fácil que o inglês”.
Brasileiros e brasilianos
(KANITZ, 2010)
Por 500 anos mentiram para nós. Esconderam um dado muito importan-
te sobre o Brasil. Disseram-nos que éramos brasileiros. Que éramos cidadãos 
brasileiros, que deveríamos ajudar os outros, pagando impostos sem reclamar 
nem esperar muito em troca. Esconderam todo esse tempo o fato de que o 
termo brasileiro não é sinônimo de cidadania, e sim o nome de uma profissão. 
Brasileiro rima com padeiro, pedreiro, ferreiro.
[…] Só que você, caro leitor, é um brasiliano. Brasiliano rima com italia-
no, indiano, australiano. Brasiliano não é profissão, mas uma declaração de 
cidadania.
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10
Estratégias e recursos na construção do texto
[…]
Brasilianos investem na Bolsa de Valores de São Paulo. Brasileiros investem 
em offshores1 nas ilhas Cayman ou vivem seis meses por ano na Inglaterra 
para não pagar impostos no Brasil. Brasileiros adoram o livro O ócio criativo, de 
Domenico de Masi, enquanto os brasilianos não encontram livro algum com 
o título O trabalho produtivo, algo preocupante. […]
Não vou fazer estimativa, deixarei o leitor fazê-la com base nas próprias 
observações, para sabermos se haverá crescimento ou somente a continua-
ção do “conflito distributivo” deste país. O eterno conflito entre aqueles que 
se preocupam com a geração de empregos e aqueles que só pensam na dis-
tribuição da renda. Os brasilianos desta terra não têm uma Constituição, que 
ainda é negada a uma parte importante da população. Uma Constituição feita 
pelos verdadeiros cidadãos, que estimule o trabalho, o investimento, a famí-
lia, a responsabilidade social, a geração de renda, e não somente sua distribui-
ção. Uma Constituição de obrigações, como a de construir um futuro, e não 
somente de direitos, de quem quer apenas garantir o seu. […]
São 500 anos de cultura brasileira que precisamos mudar, a começar 
pela nossa própria identidade, pelo nosso próprio nome, pela nossa própria 
definição.
1 O termo offshore é 
usado para qualificar 
empresas que funcionam 
fora do país, em um arti-
fício que, quase sempre, 
garante aos associados 
alguns benefícios, porque 
a empresa segue as leis do 
país em que está situada. 
Em vários casos, há, inclu-
sive, isenção de impostos, 
medida frequentemente 
adotada para estimular 
a aplicação do capital 
estrangeiro.
Comparação
No texto de Stephen Kanitz, a comparação serve para exemplificar e opor 
características das duas “classes” que o autor apresenta: brasileiros e brasilia-
nos. Observe este trecho comparativo:
Brasilianos investem na Bolsa de Valores de São Paulo. Brasileiros inves-
tem em offshores nas ilhas Cayman ou vivem seis meses por ano na In-
glaterra para não pagar impostos no Brasil.
Como o autor define desde o início o que – para ele – é ser brasileiro 
e brasiliano, a comparação também serve para tornar as informações mais 
claras. Em vez da parte teórica dos conceitos, privilegia-se a exemplificação, 
na tentativa de buscar, para a teoria, um correspondente na prática.
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Estratégias e recursos na construção do texto
11
No trecho em análise, o que faz a comparação e também a oposição é o 
fato de os exemplos aparecerem em sequência e associados às duas catego-
rias apresentadas.
Além disso, comparar é estabelecer relações e os polos da comparação 
podem fazer menção a elementos do texto ou de fora dele. De novo, torna-
-se importante o conhecimento prévio do leitor, porque saber que os “Brasi-
leiros investem em offshores nas ilhas Cayman” vai ao encontro da intenção 
do autor, que defende a superioridade dos brasilianos em relação aos brasi-
leiros. Considerando o fato de as ilhas Cayman serem consideradas um paraí-
so fiscal, o leitor compreende, a partir da comparação feita, a ideia defendida 
pelo autor, depois de relacioná-la com fatos que repercutiram na mídia.
Escolha vocabular
A escolha das palavras que serão usadas, como já mencionamos, depen-
de do tipo do texto e do estilo do autor. Depois de ler os textos de José Simão 
e Stephen Kanitz, torna-se evidente o poder das palavras. O texto“Brasileiros 
e brasilianos” não usa gírias, nem onomatopeias, nem neologismos. O autor 
segue à risca a gramática e escolhe um vocabulário apropriado à seriedade 
do seu texto.
No entanto, pode-se perceber que, além disso, determinadas palavras ex-
cedem a função de emprestar um tom sério ao texto. A utilização de verbos 
e pronomes na primeira pessoa, por exemplo, tenta transpor os obstáculos 
que distanciam autor e leitor. Em numerosas vezes, o autor se inclui no texto 
para gerar a ideia de que é igual ao leitor. Vejamos alguns exemplos da utili-
zação desse recurso.
Disseram-nos que éramos brasileiros.
Só que você, caro leitor, é um brasiliano.
Não vou fazer estimativa, deixarei o leitor fazê-la com base nas próprias ob-
servações […].
São 500 anos de cultura brasileira que precisamos mudar, a começar pela 
nossa própria identidade, pelo nosso próprio nome, pela nossa própria 
definição.
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12
Estratégias e recursos na construção do texto
No primeiro e no último exemplo, o autor usa abundantemente de verbos 
e pronomes na primeira pessoa do plural. Isso confere o mesmo status ao 
autor e ao leitor e consolida a proximidade pretendida pelo autor, para en-
volver o leitor e facilitar a sua adesão à tese defendida no texto.
No segundo exemplo, aparece outro recurso, de efeito bastante parecido 
à utilização da primeira pessoa: o autor conversa com o leitor, usando o pro-
nome você e o vocativo caro leitor.
No terceiro exemplo, outro artifício interessante é que, por meio de um 
vocabulário cuidadosamente escolhido, o autor faz parecer que dá liberdade 
de julgamento ao leitor. É claro que se trata de outro modo de conquistar a 
sua simpatia. Na verdade, a indução é fundamental em qualquer texto ar-
gumentativo, razão pela qual o autor tenta se aproximar do leitor e, depois, 
finge completo desinteresse sobre as observações que o leitor irá fazer. 
Porém, há um ponto comum nas duas estratégias: o convencimento.
Repetição
Em geral, a repetição costuma ser evitada nos textos porque deixa trans-
parecer certa infantilidade no uso da língua portuguesa, por acusar um vo-
cabulário restrito. Entretanto, há casos em que a repetição pode assumir 
outros papéis – os quais, aliás, não desmerecem o texto e nem o autor. Para 
demonstrar isso, vejamos dois trechos do texto lido.
Disseram-nos que éramos brasileiros. Que éramos cidadãos brasileiros, que 
deveríamos ajudar os outros […].
Os brasilianos desta terra não têm uma Constituição, que ainda é negada a 
uma parte importante da população. Uma Constituição feita pelos verda-
deiros cidadãos, que estimule o trabalho, o investimento, a família, a res-
ponsabilidade social, a geração de renda, e não somente sua distribuição. 
Uma Constituição de obrigações, como a de construir um futuro, e não so-
mente de direitos, de quem quer apenas garantir o seu.
O primeiro destes exemplos repete o uso do que. No primeiro período, 
essa conjunção aparece completando o sentido de disseram-nos. No segun-
do período do mesmo trecho, o que antes dos verbos éramos e deveríamos é 
um modo peculiar e paradoxal que o autor encontrou de evitar a repetição 
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Estratégias e recursos na construção do texto
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de disseram-nos, usando outra repetição, a do que... Brincadeiras à parte, a 
atitude é eficaz, porque o que, por subentender disseram-nos, não deixa o 
texto incompleto, e porque é muito melhor usar a repetição de um trecho 
pequeno do que de um trecho muito longo. Veja abaixo como ficaria o texto, 
se disseram-nos também fosse repetido, junto com o que.
Disseram-nos que éramos brasileiros. Disseram-nos que éramos cidadãos 
brasileiros, disseram-nos que deveríamos ajudar os outros […].
Quanto ao segundo trecho que utiliza repetição, destaque-se o uso de 
“Uma Constituição”, que aparece três vezes em um espaço de poucas linhas. 
Aqui, o objetivo é reforçar uma ideia.
Primeiramente, o autor escreve com todas as letras que “Os brasilianos 
desta terra não têm uma Constituição”.
Depois, a cada aparição de “Uma Constituição”, reforça-se a ausência, ao 
mesmo tempo em que o autor aproveita para elencar as características que 
deveriam fazer parte de uma Constituição de fato. Pode-se dizer, então, que, 
nesse caso, o objetivo da repetição é fixar para criticar.
Texto complementar
O texto a seguir fala da importância da correta utilização da vírgula no 
texto. Leia-o com atenção e depois não deixe de procurar saber um pouco 
mais sobre esse sinal de pontuação.
No mundo das vírgulas
(SOUZA, 1994)
Tive outro dia uma conversa com acadêmicos de Comunicação da PUC e 
notei certa ansiedade da garotada em relação a uma rotina da vida jornalísti-
ca, que é a obrigatoriedade de escrever sob a pressão do horário e nos limites 
do espaço disponível. Tentei tranquilizá-los: sempre é possível e, com a práti-
ca, todo o mundo consegue, não é preciso ter nenhum dom especial. Difícil 
mesmo é escrever bem. Para isso, não basta ter tempo, espaço ou vontade; 
é necessário, acima de tudo, persistência. Nunca tive a pretensão de orien-
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Estratégias e recursos na construção do texto
tar ninguém sobre esta matéria, até mesmo porque também suo diariamen-
te para dar uma forma apresentável a meus textos – e nem sempre consi-
go. Mas recolhi das leituras da madrugada (leiam, leiam, leiam, mas também 
procurem escrever e submeter o texto à apreciação de leitores qualificados!) 
alguns ensinamentos que agora retransmito, na esperança de que sejam úteis 
a quem se interessa pelo tema.
O primeiro deles é de Isaac Bashevis Singer, para quem o melhor amigo do 
escritor é a lata de lixo. Pode parecer um tanto desestimulante, mas é um admi-
rável conselho. Lembra que a boa redação – aliás, como tudo na vida – só pode 
ser alcançada com humildade, com o reconhecimento da má obra. Fazer, cortar 
e refazer repetidamente: este é o ciclo. Trabalhoso, mas necessário. O que é es-
crito sem esforço, disse Samuel Johnson, geralmente é lido sem prazer.
O escritor tem que se preocupar com os mínimos detalhes de sua obra, 
e especialmente com estes. Tom Campbell andou certa vez dez quilômetros 
até a gráfica que imprimia um dos seus livros (e dez quilômetros de volta) 
para mudar uma vírgula num ponto e vírgula. E é exatamente nas vírgulas 
que tropeçam os redatores iniciantes, separando o que não deve ser separa-
do e unindo o que não pode estar junto. A pontuação é o cimento do texto. 
Querem um exemplo? Leiam a historinha abaixo, que retirei de uma coletâ-
nea de pensamentos de Mansour Challita:
Foi encontrado o seguinte testamento: “Deixo os meus bens à minha irmã não 
a meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres”. Quem 
tinha direito ao espólio? Eram quatro os concorrentes. O sobrinho assim pontuou 
o texto: “deixo os meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será 
paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres”. A irmã pontuou assim: “deixo os bens 
à minha irmã. Não ao meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada 
aos pobres.” O alfaiate fez a sua versão. “Deixo os bens à minha irmã? Não! A meu 
sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres”. O procurador 
dos pobres pontuou assim: “Deixo os meus bens à minha irmã? Não! Ao meu so-
brinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada! Aos pobres!”
O anônimo moribundo, como podem perceber os leitores, não era 
um bom redator. Ou então tinha – por motivos óbvios – a pressa dos 
jornalistas nos minutos que precedem ao fechamento da edição.
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Atividades
1. Leia o fragmento abaixo.
Vinte e uma coisas que aprendi como escritor
(SCLIAR, 2010)
Aprendi que escrever é basicamente contar histórias, e que os melhores 
livros de ficção que li eram aqueles que tinham uma história para contar.
Aprendi que o ato de escrever é uma sequela do ato de ler. É preciso captar 
com os olhos as imagens das letras, guardá-las no reservatório que temos em 
nossa mente e utilizá-las para compor depois as nossas próprias palavras.
 Agora, comente
a) a escolha vocabular.
b) a repetição.
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Estratégias e recursos na construção do texto
2. Explique o efeito provocado pelo uso de citações em um texto.
3. Pontue o texto abaixo e depois sublinhe apenas a informação básica 
de cada período.
Ontem à tarde uma forte chuva deixou vários bairros da cidade sem luz. 
Moradores do Boa Vista Sítio Cercado Portão e Água Verde foram os que mais 
sofreram com a falta de energia que durou três horas.
Texto para as questões 4 a 8.
8 de janeiro de 1935
(BELLOTTO, 2010)
Fazia muito calor naquele verão em Memphis, no Tenessee. Quando Sam 
Phillips, o dono da Sun Records – um pequeno estúdio especializado em gra-
vações de música country e jazz –, chegou para a sessão daquela tarde, os 
meninos já estavam tocando. Sam entrou na sala de controle e perguntou a 
um dos técnicos de gravação que som era aquele que os malucos estavam 
fazendo. Jack não soube explicar. “Estão zoando com o blues do Crudup”.
Só então Sam se deu conta de que os garotos estavam tocando “That’s All 
Right, Mamma”, um blues de Artur Crudup.
“Quer que eu peça pra eles pararem?”, perguntou Jack.
“Não!”, disse Sam. “Grave o que eles estão tocando.”
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Estratégias e recursos na construção do texto
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“Mas, Sam, isso não é blues, não é country, não é pop…”.
“Não importa Jack, grave!”, ordenou Sam.
Sam tinha gostado do som que os garotos estavam fazendo. Era um blues, 
mas eles estavam tocando num andamento mais rápido, como uma canção 
country. Os garotos eram três figuraças. O cantor tinha um topete enorme, 
parecia uma couve-flor negra e brilhante no alto da cabeça.
“Quem é o cantor?”, Sam perguntou. “Não sei”, disse Jack. “Parece que é um 
chofer de caminhão de Tupelo”.
Não sei se as coisas aconteceram exatamente assim naquela tarde de 5 de 
julho de 1954 em Memphis, mas imagino que sim. Agora em janeiro, no dia 
8, comemorou-se o nascimento do garoto do topete, Elvis Aaron Presley, que 
se não foi o único, foi sem dúvida um dos mais importantes inventores desse 
ritmo musical que transcendeu a música e virou um modo de vida: o rock.
Estudiosos dizem que o rock nasceu naquela sessão de gravação no dia 5 
de julho de 1954 em Memphis, no Tenessee. Eu acho que o rock nasceu em 
Tupelo, Mississippi, no dia 8 de janeiro de 1935.
[…]
Num verão quente como esse que vivemos, nada melhor que escutar o pri-
meiro disco do Elvis, ELVIS PRESLEY. Você não encontrará nada mais moderno 
por aí, apesar do disco estar completando 54 anos de idade.
4. No trecho “Não sei se as coisas aconteceram exatamente assim […]”, é 
usado um recurso que provoca determinado efeito no texto. Assinale 
a alternativa que associa recurso e efeito corretamente.
a) Exemplo/comprovação.
b) Citação/credibilidade.
c) Escolha vocabular/formalidade.
d) Escolha vocabular/inclusão do narrador no texto.
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Estratégias e recursos na construção do texto
5. Assinale a alternativa que transcreve um trecho que utiliza o mesmo 
recurso que pode ser percebido em: “Não sei se as coisas aconteceram 
exatamente assim […]”.
a) “Estudiosos dizem que o rock nasceu naquela sessão de gravação 
no dia 5 de julho [...].”
b) “‘Quer que eu peça pra eles pararem?’, perguntou Jack.”
c) “Eu acho que o rock nasceu em Tupelo, Mississippi, no dia 8 de ja-
neiro de 1935.”
d) “Fazia muito calor naquele verão em Memphis […].”
6. Sobre o trecho: “Você não encontrará nada mais moderno por aí […]”, 
é correto afirmar que
a) utiliza marcas de oralidade.
b) estabelece uma conversa com o leitor.
c) é um exemplo, para a comprovação de uma ideia.
d) exige que o leitor utilize seu conhecimento prévio.
7. Marque a alternativa que apresenta os dois recursos a que se relacio-
nam, na ordem em que aparecem, as partes marcadas no fragmento: 
“Era um blues, mas eles estavam tocando num andamento mais rápi-
do, como uma canção country. Os garotos eram três figuraças.”
a) Comparação/marca de oralidade.
b) Citação/marca de oralidade.
c) Comparação/exemplo.
d) Pontuação/marca de oralidade.
8. Marque a alternativa que analisa corretamente a pontuação deste tre-
cho do texto: “Num verão quente como esse que vivemos, nada me-
lhor que escutar o primeiro disco do Elvis, ELVIS PRESLEY.”
a) A vírgula está empregada incorretamente porque “Num verão 
quente como esse que vivemos” é parte da informação básica.
b) A vírgula está empregada corretamente porque “Num verão quen-
te como esse que vivemos”, oração que desempenha a função de 
sujeito, deve ser separada do restante do período (predicado).
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Estratégias e recursos na construção do texto
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c) A vírgula está empregada corretamente, depois de “Elvis” porque 
“ELVIS PRESLEY” é um aposto.
d) A informação básica do período, indicada pela marcação das vír-
gulas, é “Num verão quente como esse que vivemos, nada melhor 
que escutar o primeiro disco do Elvis”.
9. Marque a opção que apresenta exemplo de pontuação correta.
a) Dunga, técnico da seleção brasileira ainda não se decidiu sobre a 
escalação do time para a Copa do Mundo.
b) Dunga, técnico da seleção brasileira, ainda não se decidiu sobre a 
escalação do time para a Copa do Mundo.
c) Dunga técnico da seleção brasileira, ainda não se decidiu sobre a 
escalação do time para a Copa do Mundo.
d) Dunga técnico da seleção brasileira ainda não se decidiu, sobre a 
escalação do time para a Copa do Mundo.
10. Sobre o uso de elementos coesivos, é correto afirmar que
a) permite a repetição de termos no texto.
b) dificulta a compreensão textual.
c) serve como principal modo de manipular o leitor.
d) é inerente a qualquer tipo de texto, pois assegura a clareza da in-
formação transmitida pelo autor.
11. Observe a pontuação utilizada neste período: “O professor disse, tam-
bém, que a prova foi adiada.”
 Agora, assinale a alternativa que interpreta corretamente o efeito pro-
vocado pelo uso das vírgulas.
a) Ênfase.
b) Aposto.
c) Vocativo.
d) Restrição.
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Estratégias e recursos na construção do texto
Dica de estudo
Para saber mais sobre os recursos que podem ser utilizados nos textos 
e sobre os efeitos provocados por eles, procure, em qualquer gramática, o 
capítulo que trata de figuras de linguagem. Lá você vai encontrar outras pos-
sibilidades que servem para a produção de diferentes tipos de textos.
Referências
BELLOTTO, Tony. 8 de janeiro de 1935. Veja, 22 mar. 2010, Seção Colunistas 
Tony Bellotto. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/blogs/cenas-urbanas/
cenas/8-de-janeiro-de-1935/>.
BENCINI, Roberta. Por que ler os clássicos.Nova Escola, n. 161, abr. 2003.
KANITZ, Stephen. Brasileiros e Brasilianos. Disponível em: <http://arquivoetc.
blogspot.com/2007/12/stephen-kanitz.html>. Acesso em: 9 abr. 2010.
SCLIAR, Moacyr. Vinte e Uma Coisas que Aprendi como Escritor. Disponível em: 
<http://www.pucrs.br/gpt/escritores.php>. Acesso em: 9 abr. 2010.
SIMÃO, José. Chega de prata! Vamos virar faqueiro! O Povo Online, 18 jul. 2007, 
Seção Colunas José Simão. Disponível em: <http://opovo.uol.com.br/opovo/colu-
nas/josesimao/712986.html>. Acesso em: 9 abr. 2010.
SOUZA, Nilson. No mundo das vírgulas. Zero Hora, 1 set. 1994.
Gabarito
1. 
a) A escolha vocabular privilegia uma escrita formal. Dessa forma, o 
autor não utiliza marcas de oralidade. Percebe-se também a recor-
rência de verbos na primeira pessoa do singular, como aprendi, 
que se repete ao início de cada parágrafo, em uma clara referência 
ao título do texto, Vinte e uma coisas que aprendi como escritor. 
Esse recurso combina com a simplicidade da crônica e com a pro-
ximidade entre autor e leitor, exigida por esse tipo de texto.
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Estratégias e recursos na construção do texto
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b) A repetição é uma opção de estilo do autor. Iniciando cada pará-
grafo com o mesmo verbo (aprendi), acentua-se a subjetividade e 
a quantidade – afinal, como o título indica, serão listadas “vinte e 
uma coisas”.
2. As citações podem servir de sustentação à tese defendida pelo au-
tor do texto, ao mesmo tempo em que empresta a credibilidade 
do autor do trecho utilizado para avalizar o texto que o incorporou.
3. Ontem à tarde, uma forte chuva deixou vários bairros da cidade sem 
luz. Moradores do Boa Vista, Sítio Cercado, Portão e Água Verde foram 
os que mais sofreram com a falta de energia, que durou três horas.
4. D
5. C
6. B
7. A
8. C
9. B
10. D
11. A
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