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A Gripe Influenza A H1N1 e a sensibilidade humana

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Disponible en: http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=84212136002
 
 
Redalyc
Sistema de Información Científica
Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal
Silva, Eunice Almeida da
A Gripe Influenza A H1N1 (suína) e a sensibilidade humana
Saúde Coletiva, Vol. 31, Núm. 6, 2009, p. 134
Editorial Bolina
Brasil
 ¿Cómo citar? Número completo Más información del artículo Página de la revista
Saúde Coletiva
ISSN (Versión impresa): 1806-3365
editorial@saudecoletiva.com.br
Editorial Bolina
Brasil
www.redalyc.org
Proyecto académico sin fines de lucro, desarrollado bajo la iniciativa de acceso abierto
134 Saúde Coletiva 2009;06 (31):134 
Silva EA. A Gripe Influenza A H1N1 (suína) e a sensibilidade humana
ensaios em saúde coletiva
No século XVIII na Europa, inicia-se a chamada Era Moderna, que foi marcada por grandes mudanças de diversos aspectos devido 
à expansão da industrialização nos centros urbanos. Na Era Medie-
val, o ser humano acreditava que tinha uma íntima integração com 
a natureza, fazendo parte desta. Na Era Moderna esse ser se afas-
ta da natureza, é capaz de reproduzi-la, e até mesmo de superá-la, 
tentando aperfeiçoá-la1.
A Revolução Industrial impulsionou profundas transformações 
na sociedade. Ampla parcela da população abandonou suas pro-
priedades no campo e foi trabalhar nos centros urbanos. 
Ocorre grande aglomeração nestes centros e daí, o surgimento 
de devastadoras epidemias: era uma época em que o “medo urba-
no2” tomava conta das cidades. Mesmo com o aprimoramento do 
microscópio, no século XIX, por meio do qual podia-se enxergar o 
causador das doenças, o doente é uma fi gura vista como altamente 
perigosa e excluída da sociedade.
A doença invadia o terreno do imaginário coletivo sob a repre-
sentação do feio, do sujo, do mal, do desviante.
Ressalta-se, entretanto, que as epidemias ocorridas em séculos 
anteriores tinham caráter devastador e, para se proteger da agressi-
vidade dos seres e micro-seres que compõem o ecossistema, o ser 
humano lançou mão de estudos para se instrumentalizar de manei-
ra a favorecer seu próprio bem estar. 
As descobertas de vacinas contra as doenças que assolavam a 
humanidade, por exemplo a poliomielite, a difteria, a coqueluche, 
o tétano, o sarampo e outras, mostraram-se efi cazes na redução do 
índice de morbidade e mortalidade.
Porém, é importante considerar que aquelas doenças epidê-
micas aconteciam em um contexto social, político, econômico e, 
sobretudo, ecológico, muito diferente dos dias atuais. Além disto, 
havia um grande investimento em ações que favoreciam a manu-
tenção da ordem e do progresso na sociedade.
A Gripe Influenza A H1N1 (suína) e a 
sensibilidade humana
Estamos, no momento atual, frente a frente com o vírus deno-
minado Infl uenza A H1N1 (causador da gripe, anteriormente, cha-
mada de suína) atingindo de maneira sutil, mas ao mesmo tempo 
sinistra a população de vários países. 
O medo urbano se espalha sem fronteiras territoriais e acen-
tua de maneira dramática o preconceito e a discriminação à 
alguns povos vítimas do Infl uenza A H1N1. No território bra-
sileiro, ainda estamos tentando “dar conta” do mosquito Aedes 
Aegypti, vetor que transmite o vírus causador da dengue e da 
febre amarela. No entanto, já temos vários registros de casos 
confi rmados da gripe “suína” no país.
Com uma origem incerta, como a maioria das doenças epidêmi-
cas, foi apontado o México como o país onde surgiu o caso índice, 
ou seja, o caso zero da gripe “suína3.”
As reportagens televisivas, bem como as de outros meios de co-
municação, mostram o comportamento que expressa responsabilida-
de por parte dos mexicanos, no que diz respeito ao risco de trans-
missibilidade do vírus H1N1: “eles estão sabendo se comportar usam 
máscaras e nos ônibus cumprimentam as pessoas de longe3 (...)”.
Outra reportagem aponta: “Cresce rejeição a quem é da Cidade 
do México: no próprio país ‘chilangos’ agora são persona non grata”. 
Observa-se que as duas reportagens parecem apontar para um 
paradoxo que tem acompanhado algumas áreas do conhecimen-
to, sobretudo a da saúde: o cuidar de uma pessoa doente exige 
expressões e ações sensíveis. Porém, a maneira que temos encon-
trado, ao longo dos séculos, de prevenir as doenças transmissíveis, 
geralmente vem atrelada a ações extremamente frias, mecânicas, 
preconceituosas e discriminatórias, o que difi culta as manifesta-
ções de sensibilidade. 
A história parece mostrar que os profi ssionais da saúde necessi-
tam criar possibilidades de ações preventivas que gerem maior sen-
sibilidade com a natureza, entendendo que o ser humano é parte 
integrante desta, e que ao tentar destruí-la, esta sofrerá mutações 
voltando-se contra a própria humanidade. 
Eunice Almeida da Silva: Enfermeira. Especialista em 
Doenças Transmissíveis. Mestre em Ciências Sociais. Doutora 
em Educação. Membro da Educação Continuada do Hospital 
das Clínicas de São Paulo. - eunice@terra.com.br 
Este ensaio suscita a reflexão sobre como as epidemias marca-
ram a humanidade criando e/ou acentuando gestos de cunho 
preconceituoso entre os seres humanos. 
Descritores: Influenza A H1N1, Preconceito, Natureza, Humano, 
Progresso.
This assay excites the reflection on how the epidemics marked the 
humanity creating and/or accenting prejudiced gestures among 
the human beings.
Descriptors: Influenza A H1N1, Prejudice, Nature, Human, Progress.
Este ensayo lleva a la reflexión a cerca de como las epidemias 
marcan la humanidad creando y/o acentuando los gestos de ma-
triz preconceptuosa entre los seres humanos. 
Descriptores: Influenza A H1N1, Preconcepto, Naturaleza, Huma-
no, Progreso.
1. Silva EA. O estudo global do paciente: a proposta de ensino da Facul-
dade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo [dissertação]. São 
Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 1996.
2. Foucault M. Microfísica do poder. 38 ed. Rio de Janeiro: GRAAL; 1992.
3. Jornal “O Estado de São Paulo”, Seção Saúde, A13, segunda-feira, Mai 04, 
2009.
Referências
Ensaio.indd 134 26.06.09 15:28:09