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METAMORFISMO E SEUS PRODUTOS Disciplina Introdução a Petrologia Prof. Albano Leite Sumário 1) Introdução 2) Conceito de petrologia metamórfica e metamorfismo 3) Processos físico-químicos do metamorfismo 4) Fatores que controlam o metamorfismo 5) Tipos de metamorfismo 6) Zona Metamórfica 7) Fácies Metamórficas 1. Introdução As rochas metamórficas são rochas que sofreram alteração na sua aparência. Neste módulo você poderá aprender como e porque as rochas sofrem metamorfismo. Os tópicos analisados incluem: • O que é metamorfismo? • Quais são as causas do metamorfismo? • Quais são os diferentes tipos de metamorfismo? • Qual é o aspecto das rochas metamórficas? • Como podem os minerais presentes na rocha metamórfica nos dizer a que profundidade da crosta esta foi formada? 1.1. Conceito de Petrologia Metamórfica A petrologia metamórfica é a parte da geologia que tem por objetivo estudar as rochas transformadas textural, estrutural, química e/ou mineralogicamente e estabelecer a relação de causa e efeito entre as transformações observadas e processos geológicos, buscando-se definir temporalmente, química e termodinamicamente a natureza dos eventos associados. A petrologia metamórfica objetiva, assim, determinar, a partir do estudo dos minerais, química, textura e estrutura atuais, qual a rocha original (protólito), qual o seu ambiente gerador e quais os processos geológicos envolvidos em sua origem e transformação, hierarquizando-os no tempo e no espaço para correlações locais e regionais. 1.2. Conceito de Metamorfismo Metamorfismo: Meta (grego) = mudança Morfos = forma Metamorfismo é um processo de transformações mineralógicas, texturais e estruturais de rochas (ígneas, sedimentares ou mesmo metamórficas) no estado sólido ou predominantemente sólido, em resposta a mudanças nas condições físicas de temperatura (T) e pressão (P) e químicas (X). Obs: Excluídas as transformações por anatexia (fusão ou refusão de rochas) nas condições mais severas, diagenese e intemperismo. 2. Processo Físico-Químico do Metamorfismo Um dos problemas fundamentais da petrologia metamórfica é definir se uma determinada rocha sofreu ou não modificações na sua composição química durante o metamorfismo. � Existem duas situações extremas, onde a rocha pode: � Se comportar como um sistema fechado, sem ganho ou perda de constituintes químicos; � Pode ser submetida a variações composicionais intensas. � No primeiro caso considera-se que o metamorfismo foi isoquímico, no segundo o processo é denominado metassomático (meta = mudança; soma = substância/matéria). Para efeitos práticos, pode-se assumir que a maioria dos ambientes metamórficos comporta-se como sistema parcialmente aberto, ocorrendo trocas livres de fluidos com o meio, porém com variações desprezíveis para os demais constituintes químicos. A assembléia mineral em equilíbrio de uma rocha chama-se paragênese mineral. Rochas de composições químicas equivalentes podem apresentar assembléias minerais distintas em função da variação dos fatores atuantes durante o metamorfismo. A transformação de um protólito no seu equivalente metamórfico acontece através de reações metamórficas, que ocorrem para reduzir a energia livre do sistema frente as condições físico- químicas modificadas. Vários tipos de reações são possíveis: � Envolvendo apenas fases sólidas, sem geração ou consumo de fase fluida; � Entre minerais e uma fase fluida, produzindo assembléias hidratadas e/ou carbonatadas; � Assembléias previamente hidratadas gerando assembléias anidras e uma fase fluida rica em H2O. 4. Fatores que Controlam o Metamorfismo Os fatores principais que controlam os processos metamórficos são: � Temperatura � Pressão (litostática e dirigida) � Presença de fluidos � Tempo de duração dos processos � Natureza dos protólitos 4.1. Temperatura (T) � A principal fonte de calor na Terra são: � Calor residual do manto e do núcleo; � Calor gerado por desintegração radioativa � O mecanismo mais importante de transferência de calor do seu interior para superfície é promovido pelo sistema motor da tectônica de placa, através do qual grande volume de material mantélico de alta temperatura é trazido para próximo da superfície junto às cadeias meso-oceânicas. � Na crosta continental, o calor é transportado por meio de: � Intrusões ígneas � Por eventos tectônicos como zonas de cisalhamento e grandes fraturas (rifts continentais) Metamorfismo do Folhelho Metamorfismo do Basalto � De forma menos efetiva, por condução térmica através das rochas. 4.2. Pressão (P) As pressões atuantes na crosta podem ser dos tipos litostática (ou confinante) e dirigida. A pressão litostática atua à semelhança da pressão hidrostática, onde um corpo mergulhado em água recebe o mesmo módulo de pressão em todas as direções, variando de intensidade com a profundidade. A intensidade da pressão litostática (Pl = dgh) é função da coluna de rocha sobrejacente e da densidade desta rocha. A pressão dirigida, por sua vez, é produzida pela movimentação das placas litosféricas e atua de forma vetorial, produzindo tensões e deformação. Pressão Litostática (Confinante) Um mergulhador que esteja nadando a 50m abaixo da superfície do oceano é exposto a uma pressão confinante correspondente ao peso de uma coluna de 50m de água. A pressão atua de forma idêntica em todas as direções do corpo do mergulhador. De forma semelhante, uma rocha que se encontre a 5 km de profundidade é exposta a uma pressão confinante que corresponde ao peso de uma coluna de 5 km de altura, ou seja, aprox. 13.500 kg/cm3. Os sedimentos são continuamente depositados no fundo oceânico. Após milhões de anos, os primeiros sedimentos depositados podem estar soterrados sob vários quilômetros de sedimentos mais recentes. A pressão que atua sobre os sedimentos aumenta em função da profundidade. O aumento da pressão leva a compressão dos sedimentos. Pressão Dirigida Pressões dirigidas são exercidas segundo uma direção definida. Elas podem levar a deformação das rochas. Se uma rocha homogênea, como um granito fica sujeita a presões dirigidas a rocha pode adquirir uma foliação. Quando são aplicadas pressões dirigidas sobre a rocha, os minerais alongados sofrem uma rotação para o plano perpendicular a direção da pressão. 4.3. Fluidos (principalmente H2O e CO2) As transformações mineralógicas que ocorrem durante o metamorfismo se desenvolvem no estado sólido. No entanto, sistemas metamórficos contém uma fase fluida, constituída sobretudo por H2O e/ou CO2, cuja existência pode ser constatada pela presença de minerais hidratados (micas e/ou anfibólios) e/ou carbonatos na maioria das rochas metamórficas, ocorre também nitrogênio (N2). Além disso, os minerais podem conter diminutas inclusões fluidas que representam amostras do fluido presente durante a sua cristalização. A Importância dos Fluidos Os fluidos são importantes para muitos processos geológicos, incluindo o metamorfismo. Os fluídos podem participar de reações como reagentes ou produtos, podendo atuar como agentes catalisadores durante reações de minerais. Além disso, os fluídos são eficientes agentes de transporte de minerais dissolvidos, importante na gênese de depósitos minerais. 4.4. Tempo de Duração dos Processos O tempo é um fator importante no metamorfismo. Em muitos casos, as reações metamórficas se processam de maneira relativamente lenta. Assim, uma corpo intrusivo magmático submetido a uma temperatura muito elevada, mas aplicada em breve espaço de tempo (como um sill pouco espesso de diabásio, por exemplo) poderá resultar em menos transformações metamórficas do que uma intrusão de temperatura menor,mas realizada por longo tempo geológico. Porque o calor transferido para a rocha encaixante não foi suficiente para desestabilizar a paragênese mineral na mesma intensidade. 4.5. Natureza do Protólito A composição e textura do protólito tem influência direta com o tipo de rocha metamórfica formada, não excluindo-se é claro os outros fatores que controlam o metamorfismo. Por vezes a textura da rocha é mais importante do que a composição, p. ex. Uma rocha com textura fina é mais suscetível a transformações metamórficas do que uma de mesma composição química, mas com minerais bem desenvolvidos, porque ela apresenta uma maior superfície entre cristais, ou seja, com mais energia iônica livre e, por isso, mais reativa do que a rocha com minerais graúdos que estão solidamente estruturados com sua rede cristalina organizada (menor entropia). 5. Tipos de Metamorfismo ou Processos Metamórficos A caracterização do tipo de metamorfismo é fundamental para a classificação correta da rocha em estudo � Metamorfismo Regional, orogênico ou dínamotermal (nas regiões de confronto de placas); � Metamorfismo de contato ou termal (nas encaixantes junto a corpos fortemente aquecidos intrusivos); � Metamorfismo dinâmico ou cataclástico (nas zonas de falha); � Metamorfismo de soterramento (nas fossas oceânicas); � Metamorfismo Hidrotermal � Metamorfismo de fundo oceânico (junto às ridges meso-oceânicas); � Metamorfismo de impacto (nas zonas afetadas por impactos meteoríticos). A evolução geotectônica de uma área continental geralmente é complexa, com superposição de tipos de metamorfismo diferentes e, inclusive, com superposição de ciclos geológicos do mesmo tipo de metamorfismo, caracterizando-se o polimetamorfismo dessas rochas. Assim, uma rocha metamorfizada por metamorfismo regional em baixo grau pode ter sido, posteriormente, intrudida por um corpo magmático cujo calor produziu auréolas metamórficas (metamorfismo de contato), registrando-se dois tipos diferentes de metamorfismo. O registro destas transformações em paragêneses, texturas e estruturas, e a elucidação da sequência em que se realizaram, permite estabelecer parte da história geológica local. 5.1. Metamorfismo Regional, Orogênico ou Dinamotermal Desenvolve-se em extensas regiões da crosta, relacionado geralmente a cinturões orogênicos nos limites das placas convergentes. As transformações metamórficas se processam pela ação combinada da temperatura, pressão litostática e pressão dirigida, que persistem durante centenas de milhares a alguns milhões de anos. O metamorfismo que afeta grandes segmentos de crosta denomina-se METAMORFISMO REGIONAL. Nas zonas de subducção, grandes segmentos de crosta oceânica são levados para elevadas profundidades. Em resposta as mudanças na pressão e temperatura, os materiais subductados sofrem metamorfismo. Aparte superior da crosta oceânica é constituída por basalto. Sobre as rochas basáltica são depositados sedimentos. O esquema acima mostra a evolução metamórficas das argilas e do basalto a medida que estes materiais são levados para níveis mais profundos na Terra durante a subducção. Em profundidades entre 4-5 km, o folhelho sofre diagênese. Quando os materiais são levados para profundidades entre 5-10 km, sofrem metamorfismo. O basalto transforma-se em xisto verde, enquanto o folhelho se transforma em filito. Este tipo de metamorfismo denomina-se metamorfismo de baixo grau. Crosta Continental Crosta Continental Crosta Continental Crosta Continental � A profundidade entre 10-20 km as rochas voltam a ser metamorfizadas. � O xisto verde transforma-se em xisto azul, enquanto o filito se transforma em micaxisto com granada. � Este tipo de metamorfismo denomina-se metamorfismo de médio grau. � � A uma profundidade de cerca de 20 km, o mica xisto com granada transforma-se em gnaisse. � A cerca de 40 km o xisto azul transforma-se em eclogito. � � Se as rochas continuarem a descer em profundidade começam a fundir. � As rochas que sofrem fusão parcial denominam-se de migmatito. Crosta Continental Crosta Continental Crosta Continental Crosta Continental Crosta Continental Crosta Continental � A figura acima mostra como aumenta o grau de metamorfismo em profundidade em uma zona de subducção. � Na parte superior da zona de subducção, as rochas são submetidas a diagênese e baixo grau de metamorfismo. � O grau de metamorfismo aumenta em profundidade até as rochas sofrerem anatexia (fusão parcial). Exumação de Rochas � A animação acima mostra as rochas que foram metamorfizadas regionalmente no interior da crosta podem, milhões de anos depois, aflorar na superfície da Terra. Durante as colisões continente-continente as rochas profundamente enterradas podem cavalgar sobre rochas mais superficiais. � A erosão expõe grandes áreas de rochas que há milhões de anos atrás sofreram metamorfismo regional em zonas de subducção. Rochas de grau de metamorfismo semelhante ocorrem frequentemente em zonas paralelas as zonas de baixo e elevado grau de metamorfismo. Crosta Continental Crosta Continental Minerais Índices de Condições Metamórficas � A figura mostra cinco tipos diferentes de rochas, todas originadas a partir de argilas. � As rochas originadas a partir das argilas são frequentemente chamadas de rochas pelíticas. � A ardósia é um tipo de rocha sedimentar formada durante a diagênese das argilas. � A direita da ardósia as rochas foram ordenadas por ordem crescente de grau de metamorfismo: filito, micaxisto com granada, gnaisse e migmatito. Questão 1: Uma rocha metamórfica pelítica possui quartzo, feldspato, clorita, muscovita e granada, a que grau de metamorfismo se formou esta rocha? Questão 2: Uma rocha metamórfica pelítica possui quartzo, feldspato, biotita, granada, estaurolita e silimanita, a que grau de metamorfismo se formou esta rocha? Grau de Metamorfismo vs. Granulação da Rocha As rochas metamórficas de baixo grau, como o filito, têm comumente granulação fina. Contudo, em direção a um grau de metamorfismo mais elevado as rochas são sujeitas a um aumento do tamanho da granulação. As rochas metamórficas de grau elevado têm geralmente granulação grossa. Bordas Convergentes Quando duas placas oceânicas convergem Quando duas placas, oceânica e continental convergem 5.2. Metamorfismo de Contato ou Termal Ocorre nas rochas encaixantes ao redor de intrusões magmáticas, formando as auréolas de metamorfismo de contato. As principais transformações metamórficas geradas nessas auréolas devem-se ao calor emanado do magma durante o seu resfriamento. Sem deformações acentuadas. O exemplo abaixo mostra um magma intrudindo uma sequência de rochas sedimentares. Antes da instalação da rocha intrusiva a temperatura das rochas sedimentares era de 150oC. A temperatura do magma era de 800oC. As rochas sedimentares são então aquecidas pelo magma após a sua instalação. As rochas sedimentares aquecidas sofrem metamorfismo. Este tipo de metamorfismo denomina-se metamorfismo de contato. Durante o metamorfismo de contato o aumento da temperatura e que causa o metamorfismo – a pressão mentem-se constante. O magma aquece as rochas encaixantes. A zona de rochas que são aquecidas denomina-se auréola de contato. As rochas presentes na auréola de contato são metamorfizadas. As rochas exteriores a aureola de contato (em zul) não são aquecidas pelo magma. Logo não são afetadas pelo episódio de metamorfismo de contato Bordas Convergentes Quando duas placas continentais convergem Vamos ver em detalhe as rochas na zona de metamorfismo de contato. Nazona da aureola de contato mais próxima da rocha intrusiva (a fonte de calor), as rochas foram expostas a temperaturas elevadas. Em contraste, as rochas na zona mais externa sofreram apenas um pequeno aumento de temperatura. Logo, a temperatura em que as rochas foram expostas durante o metamorfismo depende de sua distância em relação à rocha intrusiva. Devido a este fato, o grau de metamorfismo, e o conteúdo mineralógico das rochas, varia ao longo da auréola de contato. Um hornfels é uma rocha sem foliação e de granulação fina formada durante o metamorfismo de contato, de temperaturas elevadas e baixa pressão. O calcário metamorfizado também mostra grandes variações no grau de metamorfismo e conteúdo mineralógico ao longo da auréola de contato. Se o calcário, antes do metamorfismo de temperaturas elevadas possuírem calcita e quartzo a seguinte reação pode ocorrer (dentro da zona de elevadas temperaturas): Calcita + Quartzo ���� Wollastonita CaCO3 + SiO2 ���� CaSiO3 + CO2 Vejamos mais de perto o calcário metamorfizado. 5.3. Metamorfismo Dinâmico ou Cataclástico Metamorfismo Dinâmico (ou Cataclástico) - aparece em faixas longas e estreitas nas adjacências de falhas ou zonas de cisalhamento, onde pressões dirigidas de grande intensidade causam movimentação e rupturas na crosta. Figure 21.14. Geologic Map and cross-section of the area around the Skiddaw granite, Lake District, UK. After Eastwood et al (1968). Geology of the Country around Cockermouth and Caldbeck. Explanation accompanying the 1-inch Geological Sheet 23, New Series. Institute of Geological Sciences. London. Metamorfismo Contato Rocha Plutônica Granito Arenito Quartzito Argilito arenoso Argilito cálcário Argilito O metamorfismo cataclástico ocorre associado a falhas. Quando dois blocos da crosta se movem um em relação ao outro, as rochas ao longo da zona de contato entre os dois blocos são esmagadas. As brechas formam-se durante o esmagamento das rochas pré-existentes, isto é, formam-se durante o metamorfismo cataclástico. As brechas são comumente compostas de fragmentos rochosos angulosos de dimensões variáveis numa matriz de granulação fina. Figure 21.7. Schematic cross section across fault zones. After Mason (1978) Petrology of the Metamorphic Rocks. George Allen & Unwin. London. MMeettaammoorrffiissmmoo DDiinnââmmiiccoo RRúúppttiill DDúúccttiill Acamamento Acamamento Brecha de Falha Zona Milonítica Slickenside é uma superfície polida e estriada que resulta da fricção ao longo do plano de falha. Os riscos na superfície de um slickenside (linhas vermelhas na figura acima) mostram a direção do movimento ao longo do plano da falha. O milonito é uma rocha laminada de granulação fina, formada por moagem extrema das rochas durante o movimento ao longo dos planos da falha. As áreas em negro na rocha são compostas por materiais esmagados muito finos. As áreas em cor-de-rosa consistem em minerais que resistiram a deformação. Porém, os grãos do mineral foram estirados. 5.4. Metamorfismo de Soterramento Ocorre em bacias sedimentares em subsidência. Resulta do soterramento de espessas seqüências de rochas sedimentares e vulcânicas a profundidades onde a temperatura pode chegar a 300°C ou mais, devido ao fluxo de calor na crosta. Prevalece a pressão litostática, enquanto a pressão dirigida é ausente ou insuficiente para causar deformações significativas. 5.5. Metamorfismo Hidrotermal Resulta da percolação de águas quentes ao longo de fraturas e espaços intergranulares das rochas. É um processo metassomático que se desenvolve através das trocas iônicas entre a água quente circulante e as paredes das fraturas. Tanto o eclogito como o granito acima foram infiltrados por fluidos quentes ao longo de estreitas fraturas, quando se encontravam posicionados alguns quilômetros abaixo da superfície. A água quente reagiu com os minerais ao longo das fraturas. Ao longo das fraturas, no eclogito, o piroxênio presente na rocha reagiu com a água quente para formar anfibólio escuro. No granito. Pequenos cristais de hematita precipitaram do fluido, produzindo a cor vermelha das fraturas. 5.6. Metamorfismo de Fundo Oceânico Ocorre nas vizinhanças dos rifts das cadeias meso-oceânicas, onde a crosta recém formada e quente interage com a água fria do mar através de processos metassomáticos e metamórficos termais. 5.7. Metamorfismo de Impacto De extensão reduzida na crosta terrestre, desenvolve-se em locais submetidos ao impacto de grandes meteoritos. 6. Zona Metamórfica Qualquer tipo de metamorfismo, seja cataclástico, de contato, regional, pode ser classificado com sua intensidade verificada nas rochas em: � Metamorfismo de Baixo Grau � Metamorfismo de Médio Grau � Metamorfismo de Alto Grau Alguns tipos de metamorfismo podem ter variações rápidas desse grau, como, por exemplo, o de falhas e o de impacto meteorítico. Outros como o metamorfismo de contato e o regional apresentam uma variação gradual que permite o mapeamento do grau de metamorfismo. Destacam-se as auréolas de metamorfismo de contato e, principalmente, as variações de grau em cinturões metamórficos orogênicos em zonas de mesmo metamorfismo. Minerais metamórficos originam-se principalmente pela ação da temperatura, pressão litostática e pressão das fases voláteis sobre rochas magmáticas, sedimentares e também sobre outras rochas metamórficas. Os processos metamórficos (regional, contato, dinâmico, termal, de fundo oceânico, carga, impacto etc.) geram uma grande quantidade de minerais, dentre os quais muitos dificilmente seriam formados por outros processos, como é o caso do diopsídio, wollastonita, granada, estaurolita, andaluzita, cianita, sillimanita, epidoto, tremolita, actinolita etc. Barrow (1893 e 1915) e Tilley (1924 e 1925), em seus estudos na região meridional da Escócia, mostraram a existência de uma variação sistemática na mineralogia das rochas metamórficas, que podia ser claramente relacionada com mudanças nas condições (em particular, da temperatura) a que as rochas haviam sido submetidas. As zonas de metamorfismo progressivo são identificadas pelo aparecimento de minerais-índices de grau metamórfico em rochas aluminosas, meta-pelíticas, a saber: A linha na superfície determinada pelo aparecimento do mineral índice foi designada de isógrada (Tilley 1924, 1925) 7. Fácies Metamórficas Como algumas associações (de minerais) metamórficas representam associações de fases que estiveram em equilíbrio, essas associações podem ser usadas para extrair conclusões sobre os tipos de pressões e temperaturas que prevaleceram durante o metamorfismo. Eskola (1914 e 1915) formulou o esquema de fácies metamórfico, que representa subdivisões mais amplas de T- P. Fácies metamórficos pode ser definido como um intervalo de condições de T-P no qual uma associação de minerais ou um conjunto de associações minerais são estáveis. Fácies Metamórficas • Fácies Zeólita • Fácies Xisto Verde • Fácies Anfibolito • Fácies Granulito • Fácies Xisto Azul e Eclogito G r a u M e t a m ó r f i c o Zonas Clorita Biotita Granada Estaurolita Cianita Sillimanita 7.1 . Fácies Zeólita O início do metamorfismo, sob temperaturas bastante baixas, é marcado pela aparência de primeiros minerais metamórficos, tais como prehnita, pumpellyita e lawsonita todos são silicatos cálcicos, comuns em rochas máficas e grauvacas. 7.2. Fácies Xisto Verde Muitas rochas de fácies xisto verde (ou baixo grau) possuem coloração verde devido a presença frequente de clorita,ou mesmo clorita misturada com micas brancas, ou seja, são xistos de cor verde. As rochas são de granulação fina, sendo as ardósias, filitos e muitos xistos as rochas típicas dessa fácies. As assembléias mineralógicas das rochas dependem da composição da rocha original que foi metamorfizada. Assim, rochas como o basalto, pelito ou grauvaca vão desenvolver minerais metamórficos de acordo com sua composição original. Porém clorita é um mineral comum em muitas dessas rochas. Outros minerais silicáticos típicos de baixo grau metamórficos são muscovita, biotita, epidoto, actinolita, cloritóide e por vezes, aluminosilicatos cianita ou sillimanita, dependendo da pressão que prevaleceu o processo metamórfico. 7.3. Fácies Anfibolito Corresponde a grau médio de metamorfismo que é atingido com o aumento da temperatura, e por vezes da pressão também, a partir do fácies xisto verde. As rochas desse grau apresentam granulação maior em comparação ao grau baixo em função a sua melhor cristalização e a recristalização dos grãos minerais. Além da formação de minerais novos, que reforça a foliação da rocha, quando presente. A passagem do fácies xisto verde para o anfibolito é marcada pela formação de estaurolita [Fe2Al9O6(Si5Al4O18).nH2O] em rochas metapelíticas. Nessas rochas podem ocorrer também os aluminosilicatos cianta, sillimantia ou andaluzita, dependendo da pressão do metamorfismo. Granada é um mineral adicional, mas ela pode estar presente desde o fácies xisto verde. Ocorre a formação de plagioclásio oligoclásio mais cálcico e o Ca-anfibólio hornblenda em rochas metabásicas. Rochas típicas de fácies anfibolitos são gnaisses e anfibolitos. 7.4. Fácies Granulito As rochas do fácies granulito contêm essencialmente minerais anidros como piroxênios e granada, além de quartzo e feldspatos em determinadas rochas. Estas rochas não apresentam mais muscovita, mas podem conter biotita e hornblenda, que não são anidros. Fácies Metamórficas Os gnaisses pelíticos de fácies granulitos podem ter granada e sillimanita ou cianita +/- biotita, mas sem muscovita. Os minerais anidros resultam da instabilidade e desidratação dos minerais de fácies anfibolito – o processo é facilitado pela ausência quase completa de fluidos aquosos durante o metamorfismo. Rochas típicaas desse fácies são: gnaisses, piroxênios granulitos máficos, charnockitos e enderbitos. Em muitas rochas o mineral característico dessa fácies é um ortopiroxênio. 7.5. Fácies Xisto Azul e Eclogito Os xistos azuis devem a sua coloração a presença de um anfibólio sódicos azul a glaucofana [Na2Mg3Al2Si8O 22(OH)2]. Estes xistos se formam a temperaturas baixas e pressões elevadas, condições típicas de zonas de subducção, onde o gradiente termal é muito baixo. No caso de temperaturas e pressões elevadas o basalto se transforma em eclogito, onde o plagioclásio não é mais estável. 7.6. Fácies Metamórficas vs. Ambiente Tectônico Nas zonas de subducção, a temperatura aumenta lentamente em profundidade, em relação a pressão. O metamorfismo das rochas das zonas de subducção desiguina-se metamorfismo de altas pressões. Na parte superior da crosta subductada, as rochas sofrem metamorfismo do fácies zeólita. Em maiores profundidade, formam-se as rochas do fácies xisto azul e eclogito, durante um metamorfismo de altas pressões. Nas partes superiores da crosta continental normal, as rochas sofrem metamorfismo do fácies zeólita. Com o aumento da profundidade, as rochas da crosta continental são expostas as condições do fácies do xisto verde, anfibolito e granulito. Por baixo ds zonas vulcanicamente ativas, a temperatura aumenta rapidamente em profundidade. Nas partes superiores da crosta as rochas sofrem metamorfismo do fácies zeólita. Com o aumento da temperatura, as rochas são expostas as condições dos fácies hornfels, anfibolito e granulito. As condições de fácies hornfels são caracterizadas por altas temperaturas e baixas pressões. Em condições de fácies hornfels ocorrem frequentmente durante o metamorfismo de contato. Resumo • A maioria dos minerais que existem na natureza são estáveis ao longo de curtos intervalos de pressão e temperatura. Deste modo, quando uma rocha fica exposta a mudanças de temperatura e pressão, podem ocorrer reações entre os minerais que a compõe. Formam- se novos minerais durante essas reações – a rocha sofre metamorfismo. A introdução de fluidos e deformações podem causar igualmente o metamorfismo ds rochas. • Quando grandes segmentos da crosta sofrem metamorfismo, como nas zonas de subducção, dizemos que as rochas sofrem metamorfismo regional. • Quando a crosta é intrudida por magma quente, as rochas adjacentes a intrusão são aquecidas. As rochas aquecidas sofrem metamorfismo. • Quando se introduzem fluidos nas rochas podem ocorrer reações entre minerais e os fluidos. A água e o dióxido de carbono encontram-se entre os fluidos mais comuns da crosta. • Um gradiente geotérmico descreve as variações de temperatura em profundidade. Diferentes ambientes geológicos são caracterizados por diferentes gradientes geotérmicos. • As rochas que sofrem metamorfismo em condições semelhantes de pressão e temperaturas pertencem ao mesmo fácies metamórfico.