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Amor, Vida, Cuidado: o Acidente Vascular Cerebral (AVC) sob o olhar da família Magda Spalding Perez Contatos: E-mail: avc@amorvidacuidado.com.br Fone: (055) 51- 84220048 Capa: Marcelo Spalding Perez Produzido por: wwlivros / Tatiana Spalding Perez Em: 2012 Sumário Agradecimentos Prefácio Introdução AVC Amor Vida Cuidado 1. O impacto do AVC - Deparar-se com as limitações - Conviver com a deficiência - Aceitar a nova situação - Mudar hábitos e rotina - Os novos sentimentos e questionamentos - Enfrentando os medos - As novas despesas - Sonhos Interrompidos 2. Vivenciando a CTI - A sintonia com médicos, enfermeiros e hospital - A presença nos horários de visita - A conversa e o toque - O início do perdão - O poder da palavra positiva - A fé, a esperança e a persistência - O respeito pela decisão do paciente - O excesso de visitas - Exposição de fotografias - A rotina do paciente na CTI - O descanso dos familiares - A energização 3. No leito hospitalar -Compreensão de cada etapa vivida -Respeito ao paciente -A observação dos procedimentos diários -A presença da família -A alimentação adequada -A atenção às observações médicas -Os cuidados básicos -Acessórios necessários para casa -Planejando o futuro – Criando ideias 4. Voltando para casa -Gratidão por mais uma etapa vivida -Tomando decisões antecipadamente -O leito -A cadeira de repouso -A cadeira de rodas -Materiais de higiene e conforto -A alimentação -Os cuidadores -Acompanhamento médico -Esquema organizacional na casa -A doação por amor -A união da família -Respeito à privacidade do paciente -A harmonização do ambiente 5. Transferindo o paciente -Cuidados ao transferir o paciente -Movimentando e transferindo para a cama -Transferindo para a cadeira de rodas -O pano móvel ou similares -O uso do Lift (Guincho) -O cuidado na transferência para o veículo -Confiança do paciente pós-transferência -Satisfação do paciente pós-transferência 6. Acessibilidade no lar e no veículo -Adaptações básicas na casa -O acesso à mesa de refeições -O lugar especial na sala de estar -O dia a dia à altura do paciente -Acessibilidade facilitada ao veículo -Opções de adaptações especiais 7. Necessidades fisiológicas -Facilidades à disposição do cuidador -O uso de fraldas, a escolha e o cuidado -O uso da cadeira higiênica -Adaptações no banheiro -A naturalidade e a paciência -Controle na rotina do paciente 8. O banho e a higiene -A higiene matinal -A higiene bucal -O cuidado com os pés e com as mãos -O banho de leito -O banho de chuveiro -A vaidade do paciente 9. Cuidados com a pele -Acessórios de conforto -Mudança de posição do paciente -A observação e os sinais de alerta -A escara como desafio -A higiene e o cuidado com as escaras -Os curativos e o acompanhamento médico 10. Vestuário -Acompanhando a temperatura externa -Extremidades frias -Conforto do paciente -Facilidades no vestuário -Facilitando vestir o paciente -A escolha das cobertas 11. A noite -A falta ou excesso de sono -A troca de horário e a falta de rotina -As trocas noturnas -O relaxamento antes de dormir -O quarto do paciente e seus referenciais -A presença do cuidador no quarto -Os sonhos e seus benefícios 12. O toque, a intimidade, o afeto -A importância do toque na CTI -O abraço, o carinho, a troca de energia -O Bom dia e o Boa noite -A paciência com a fala limitada -A comunicação pelo olhar -A nova intimidade do paciente -O casal como unicidade de amor 13. Sociabilidade -A interação do paciente com a família -O estímulo da família -Confraternizando em família -A visita aos amigos e familiares -Os passeios na rua, no shopping, na praça... -Programar uma pequena viagem -Realizando os sonhos do paciente 14. Participação do paciente -Encarando o diagnóstico -Compromisso com o tratamento -Situando o paciente no tempo e no espaço -Participando das decisões a seu respeito -Atualizando o paciente 15. Limitações, frustrações, incapacidades -Conviver com a limitação -Adaptando-se com sabedoria -Sentimento de impotência e incapacidade -A apatia e a prostração -As frustrações -A ação através da mente e do coração 16. A vida continua -A normalidade -A permanência dos hábitos familiares -A fé remove montanhas -O poder da oração 17. Reabilitação Cognitiva 18. Cuidando do cuidador -Mensagem aos cuidadores 19. A história de José Amado por todos nós 20. Telefones úteis 21. Links de produtos 22. Links diversos 23. Sugestões de Livros 24. Fotos de José Amado Aos médicos, Dra. Magdalena Schmitt Laser (Neurologista) Contar com sua sensibilidade e dedicação desde os primeiros diagnósticos de AVC do Zeca, quando muitos não acreditavam que ele sobreviveria, e você persistia, fez toda a diferença em nossa caminhada. Acreditar que existia pelo menos uma chance, não desistir, ser sensível ao nosso propósito de voltarmos para casa, com ele, nos trouxe a certeza do quanto você é uma excelente médica. Você usou sua sabedoria e nós, doses de muito Amor, Vida e Cuidado. Você é um Ser e uma amiga muito especial. Sem sua contribuição, doação e incentivo, certamente este livro teria ficado guardado nos arquivos de meu computador. Dr. Gerson Perondi (Neurocirurgião) Dr. Alfeu Roberto Rombaldi (Cardiologista) Dr. Danilo A. Lima de Barros (Cirurgião Geral) Dr. Antônio Carlos Weston (Cirurgião Gástrico) A todos vocês, pela disponibilidade, carinho e competência, minha eterna gratidão. Agradecimentos Aos profissionais, Anelise Oliveira (Fonoaudióloga) Por sua alegria contagiante, sua paciência e determinação. Você devolveu ao Zeca seu maior prazer, comer. Você nos deu a chance de ouvi-lo falar lindas palavras e facilitou muito nosso dia a dia. Luiz Alberto Bandeira Christófoli (Massoterapeuta) Por sua convivência, sua habilidade e sua busca contínua de uma recuperação cognitiva de qualidade. Você foi para o Zeca um terapeuta e um amigo. Muito Obrigada. “Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.” Charles Chaplin Prefácio Conheci Magda Spalding Perez em 2007, quando José Amado Perez, seu esposo, foi internado aos meus cuidados por ter sofrido um AVC. Nosso primeiro contato foi como o que tenho com todas as famílias de pacientes graves, ou seja, nos reunimos na ante-sala da CTI, eu, Magda e os filhos, para que eu desse as más notícias: seu esposo e pai tinha sofrido um AVC extenso, causado pela obstrução de um vaso importante da circulação cerebral, causando a lesão de grande parte do hemisfério direito, o que era irreversível e deixaria, na melhor das hipóteses, sequelas terríveis, que incluiriam a paralisia de todo o seu lado esquerdo do corpo. Naquele momento, esperei pela reação habitual de desespero e desesperança que habitualmente se segue a esta notícia. Mas não foi o que aconteceu. Magda e os filhos, amparados por ela, permaneceram firmes, atentos a minha explicação e, quando terminei, a pergunta foi: “Muito bem, doutora, e quais são as nossas alternativas? O que podemos fazer para ajudá-lo a melhorar?” Neste momento senti revigoradas minhas forças para voltar lá e enfrentar aquela situação com tão poucas possibilidades de uma resposta terapêutica satisfatória. Senti que precisava devolver aquele esposo e pai para aquela família, mesmo que isto significasse que voltaria com sequelas graves. Eles estariam prontos para recebê-lo. E minha impressão foi sendo confirmada dia após dia, a cada visita, assistindo àquela esposa e filhos tão presentes e dedicados, trazendo força para o meu paciente, o José Amado, tão amado, a se recuperar. Havia um motivo para que ele quisesse se recuperar. Havia para onde voltar. Não havia medo pelo futuro nos olhos dos seus, mas sim alegria e vibração a cada pequena conquista. Quando abriu os olhos pela primeira vez, quando moveu seu polegar pela primeira vez, aquele com que passou a se comunicar tão bem, e quando disse “Magda” pela primeira vez. Havia vibração quando ria, quando chorava, quando se sentia feliz com o que faziam por ele e até quando reclamava, demonstrando que tinha sua própria opinião. Neste livro, Magda Spalding Perez usou de toda a experiência que adquiriu no cuidado de seu esposo, ao longo dos 3 anos que esteve ao seu lado, vivendo com ele e para ele, para que outras esposas, filhos, mães, irmãos, irmãs ou quem quer que tenha um ser amado na situação em que o “Zeca” esteve possa dar a ele o mesmo cuidado, amor e atenção que ele recebeu, com muita alegria e sem medo. Nada é impossível se houver amor! Dra. Magdalena Schmitt Laser Médica Neurologista/UFRGS/1990 Era uma vez um menino, moreno, cabelinho de índio e uma menina clara, cabelos ondulados, duas crianças, 12, 13 anos aproximadamente, vizinhos e amigos. Ele já apaixonado. Ela, esperando encontrar seu príncipe encantado, demorava um pouco a perceber que não resistiria aos encantos deste menino e que um dia ele passaria a ser seu rei... Assim nasceu nossa história de amor quando, em 8 de março de 1975, eu disse sim e começamos a namorar; em poucas semanas já planejávamos um dia nos casar. Seguimos todos os passos, noivamos dois anos depois e em 1979 casamos, ele com 20 e eu com 19 anos, numa cerimônia de conto de fadas especialmente preparada por minha mãe, numa festa inesquecível onde juramos “amar e respeitar na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe”. Nosso amor cresceu ao longo dos anos, ultrapassou fronteiras, acreditamos ser um amor eterno, para todo o sempre e por muitas existências. Comemoramos dias, meses e anos de namoro, sempre na certeza de que entre nós existe um AMOR DE ALMAS. Introdução Caminhamos juntos, e não tivemos apenas boas colheitas, eu já tinha perdido meu pai e ele, aos 18 anos, perdeu o dele, ficamos sem nosso referencial masculino. Com um ano de casados tivemos o privilégio de receber o espírito mais puro e mais terno de uma menininha, Fernanda, que nasceu com cardiopatia congênita e faleceu com oito meses de vida. Foi nossa primeira queda, mas unidos, cheios de esperança e com uma vida inteira pela frente, jovens, sem medo da vida, erguemos a cabeça e seguimos ainda mais reforçados em nosso amor. Onze meses depois nascia Marcelo, um indiozinho, cabeludo e igual ao pai, sério e carrancudo. Um filho não substitui o outro, mas o amor dedicado a ele, a paixão por ele, os cuidados e a alegria de sermos pais novamente nos fazia sentir uma enorme felicidade. Nosso senso de família voltava. Marcelo estava com dois anos e três meses quando chegou o Eduardo, outro menino lindo, de testa grande, olhos negros, pele clara, com traços de minha família. Agora éramos eu e três homens, Dudu (como Marcelo o apelidou) era um anjo, era um espírito de luz que trouxe paz, harmonia e alegria ao nosso lar. Cresciam e cada um apresentando suas características pessoais, Marcelo mais compenetrado, sempre com livrinhos pela mão, adorava montar jogos, quebra-cabeças, brincar com comandos em ação. Eduardo, levado demais, era audacioso, sapeca, sorria o tempo todo, adorava suas luvas de box, suas máscaras e fantasias. Era uma família completa, mas faltava a nossa menininha. Para o Zeca, o time já estava completo, temia pela saúde de um novo bebê, eu sentia que não, que a menina fazia parte dos meus sonhos, era como se buscasse a Fernanda de volta para nossa casa. E assim, por uma benção, nasceu a Tatiana, a princesinha da casa, moreninha, olhos escuros, cabelos castanhos. Com temperamento da mãe, desde pequena colocava ordem na bagunça e não deixava os manos comandarem, sabia o que queria, com voz rouca, independente e prestativa. Assim vivemos felizes, compramos uma casa, proporcionamos aos nossos filhos brincar no pátio, correr, jogar bola, serem CRIANÇAS como nós fomos. Era muita felicidade, até que em 1992, quando eles estavam respectivamente com dez, sete e quatro anos, fui diagnosticada com Linfoma no-Hodgkin, um tipo de câncer linfático que me levou a longo tratamento de quimioterapia e radioterapia. Para o Zeca o mundo tinha desabado: ele foi claro, sem mim não conseguiria viver com as crianças. Senti que com minhas próprias forças e minha vontade necessitava despertar meu sentimento de autocura e sobreviver ao câncer. Tracei metas, criei sonhos, pedi muito a Deus a chance de ver a Tatiana estar com dez anos, e passado o impacto do resultado da biópsia encarei o tratamento, buscando todos os recursos médicos, naturais e espirituais que me levavam a acreditar que ficaria curada. Venci a primeira etapa. Cinco anos depois, a doença retornou, eu não me sentia doente, mas tinha uma doença, retomei o tratamento, e novamente acreditei, não desisti e transmutei a doença. Publiquei meu primeiro livro - Câncer uma esperança de vida - e passei minha experiência para muitas pessoas na mesma situação em que eu me encontrava. Considero que três pontos foram fundamentais, a fé, a competência dos médicos e minha família. O Zeca um grande amigo e companheiro, respeitava meus limites, me auxiliava, cuidava das crianças, sofria calado, como sempre. Meus filhos de crianças passaram a adolescentes e amadureceram responsáveis, ponderados, unidos pelo sofrimento e preparados para um dia me perder. Assim imaginávamos, um dia eu os deixaria. A vida mudou de curso e em 2003 o Zeca passou por uma crise nervosa, foi afastado do trabalho, ficou sob nossos cuidados em casa e vivemos momentos de muita tensão, confusão, questionamentos, dificuldades financeiras, um vendaval em nossa família. Auxiliado pelo psiquiatra ele foi se recuperando, eu diminuí significativamente minhas atividades e começamos a passear e usufruir um pouco da vida. Era uma tentativa de resgatar sua vontade de viver, de lhe mostrar que nós já havíamos vencido outras barreiras, lado a lado as superando e prontos para seguir em frente. Em 2007, quando tudo parecia mais estabilizado, o Zeca, com 49 anos, sofreu um Acidente Vascular Cerebral, AVC, que o deixou em estado de total dependência. Depois de estar em coma por dias e ser desenganado pela equipe médica ficou tetraplégico por mais de três anos, vivendo entre a cama e a cadeira de rodas. Certamente nossa bagagem anterior serviu de base para que construíssemos agora estratégias firmes e corajosas na missão de cuidadores, enfermeiros do lar. O AMOR brotou em cada coração, entre eu e meus filhos a união foi espontânea e juntos decidimos o levar para casa o quanto antes e lhe ofereceríamos a melhor qualidade de vida possível. Eu passei de frágil à gigante, dediquei vinte e quatro horas de cada dia a ele e vivi para cuidá-lo, para ajudá-lo na recuperação enquanto ele necessitasse. Optamos por cuidar entre a família. Filhos, genro e noras foram incansáveis, uma equipe que foi descobrindo caminhos, usando da imaginação, criando e reinventando a vida. Foi muito trabalho, dúvida, sono, cansaço, misturados com muito sorriso, amor, amizade, alegria e superação. Estávamos vivos novamente, e ele também. Ao longo do tempo fui fazendo apontamentos sobre nossa rotina, nossa tarefa de enfermeiros do lar, nossas dificuldades e nossas descobertas para posteriormente organizá-los num livro, na esperança de auxiliar famílias e cuidadores de pessoas dependentes. Não tenho a intenção de deixar nestas páginas nossa história pessoal, mas sim o nosso aprendizado diário. José nos ensinou uma bela LIÇÃO DE AMOR e RESIGNAÇÃO. Com paz no coração, dedicação e boa vontade, sobretudo com felicidade por estar junto daquele que me escolheu para viver ao seu lado por toda sua vida, passo a vocês algumas sugestões de como enfrentar o AVC com AMOR, VIDA e CUIDADO. ”Sou aquela mulher que fiz a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores.” Cora Coralina. A V C AMOR, VIDA , CUIDADO. “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.” Carlos Drummond de Andrade Precisamos amar como se não existisse o amanhã, entregar-se de coração aberto e estarmos dispostos a perdoar qualquer desavença que haja entre nós e o paciente. Somente com AMOR verdadeiro teremos forças suficientes para caminharmos ao seu lado e sermos companheiros, amigos e cuidador. Acesse sua fonte inesgotável de amor, libere qualquer impedimento da sua manifestação do amor incondicional, do amor que cuida, que protege, que acalma, que motiva. Respire amor, vibre amor, sinta o amor, seja um semeador de amor. Amor, amor, e muitas doses de mais amor, amor, amor... “O homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar.” Charles Chaplin Amor Ser infeliz é muito fácil, o difícil mesmo é ter coragem para ser feliz. O nosso propósito agora é ter coragem de transmitir felicidade ao nosso familiar, dar a ele qualidade de vida mesmo com muitas limitações físicas, dependente, ele merece receber o melhor de nós, o melhor dele mesmo. É hora de buscar soluções que se adaptem à nova situação de vida, proporcionando ao paciente conforto, satisfação, dignidade e respeito. O simples fato de ele estar VIVO é um presente DIVINO, vivencie intensamente cada momento ao seu lado e se entregue, deixe que o Universo Cuide dos Detalhes. ”Afinal, o propósito da vida é vivê-la, tirar o maior proveito possível de todas as experiências para buscar ansiosamente e sem medo outras experiências mais novas e mais ricas.” Eleanor Roosevelt Vida Cuidar com sentimento de amor, com dedicação e com alegria deixa nossa tarefa mais leve e propicia um bem-estar enorme ao paciente. Se encararmos esta missão como uma experiência de vida, como uma oportunidade de crescimento espiritual, tiraremos uma bela lição deste convívio diário. Nada acontece por acaso, se você está junto ao paciente, na mesma família, se estreitaram seus laços de amor, agradeça por ter força, saúde e coragem para atravessar mais esta etapa. Um novo aprendizado se inicia através da sua entrega, do seu desprendimento e de sua sabedoria interior. “Você encontra a verdadeira alegria e felicidade na vida quando você dá, dá, continua dando e nunca avalia o custo.” Eillen Caddy Cuidado É inevitável que o AVC cause um impacto no paciente e em seus familiares. Cada pessoa sente este primeiro momento de uma forma diferente, vivenciando o inesperado e desencadeando dentro de si um vulcão de sensações. Entre elas estão: as limitações, a dependência, o novo, as mudanças, sentimentos negativos, questionamentos, os medos, as despesas e os sonhos interrompidos. Somos tomados por um forte sentimento de incapacidade e impotência quando nos damos conta de que pouco é possível fazermos, mas uma força interior nos faz acreditar que temos saída, que existe alguma chance e que se orarmos e tivermos fé, podemos encontrar resultados bem melhores do que os esperados. Sem desespero, sem revolta e sem questionamentos interiores acesse suas forças e com muita coragem enfrente o que estiver por vir de cabeça erguida e amor no coração. Este é um momento onde atitude e equilíbrio fazem o percurso desta caminhada completamente diferente. 1. O Impacto do AVC Ao socorrer ou saber que um familiar sofreu um AVC, imediatamente pensamos na possibilidade de que ele fique com um lado do corpo paralisado, sem fala, sem andar, ou tantas outras sequelas de que já tenhamos ouvido falar. Estas primeiras impressões disparam uma série de pensamentos negativos que nos impedem de ver a situação numa perspectiva ampla e serena. Não podemos tirar conclusões precipitadas, é necessário buscar informações corretas, cabe aos médicos avaliarem as possíveis limitações e sequelas deixadas pelo Acidente Vascular Cerebral, assim como as chances de recuperação deste paciente. Respostas exatas e precisas não existem, apenas em sua expectativa, as notícias vão surgindo de acordo com a evolução do quadro apresentado por seu familiar. Confie, acredite, pense no melhor, não desista e abrace esta causa com seu familiar. Informe-se, tenha interesse e manifeste sua opinião ao médico, o ponto de vista da família e o desejo do paciente são fundamentais. É muito importante sua sintonia com o médico, faça a sua parte e entregue a ele o que lhe compete. “As pessoas costumam sofrer mais do que a situação exige.” Roberto Shinyashiki Deparar-se com as limitações Passar por determinadas experiências na vida sem aceitá-las torna o fardo bem mais pesado. Conviver com a deficiência, seja qual for, é uma questão de adequação, assim como todas as transformações em sua rotina lhe parecem difíceis, aceitar em seu núcleo familiar, em sua casa, alguém com dificuldades que até agora só pareciam existir para os outros não é nada fácil, mas faz parte desta caminhada, principalmente dos cuidados com dedicação, carinho, doação e respeito. Aos poucos vamos nos encaixando nas necessidades deste familiar, vamos nos colocando em seu lugar e logo estamos erguendo bandeiras em defesa desta causa. Passamos a enxergar estas pessoas como ESPECIAIS, e muito especiais, não apenas fisicamente, mas especiais ao nosso coração. O AMOR ultrapassa qualquer barreira. “O corpo é um templo de Deus e todas as suas partes e aspectos são perfeitos.” Kristin White Conviver com a deficiência A vida é feita de adaptações, umas melhores, outras, nem tanto. O novo assusta, não sabemos como lidar com o desconhecido, tememos nosso fracasso. Aceitar a situação não é agradecer por ela ter acontecido e nem ficar feliz com isso, mas compreender que com resistência vai ficar ainda mais difícil e lutar contra um fato já ocorrido não nos leva a nada. Quanto mais negarmos a verdade, menos condições teremos de auxiliar nosso familiar. Abençoe e agradeça pela vida do paciente, celebre por estarem juntos mesmo que algumas sequelas persistam e provoquem ansiedade em todos. Seja receptivo ao novo e estimule seu familiar a enfrentar as mudanças sem receio, transmita-lhe segurança e apoio. Vibre bons pensamentos, seja agregador neste momento e enfrente os desafios da vida com sabedoria e inteligência emocional. “Tudo depende de como vemos as coisas e não de como elas são.” Carl Jung Aceitar a nova situação Mudanças são necessárias, mexer com nossos hábitos arraigados, nossa rotina organizada, nossa agenda, nem pensar... Vamos quebrar padrões sim, precisamos fluir como água na pedra, pelo AMOR ao nosso familiar nossa vida não será mais a mesma, nossa rotina será alterada e tudo entrará na mais perfeita ordem com o passar dos dias, meses ou anos. A doação exige entrega, desprendimento e incondicionalidade. Com objetividade e organização entre os cuidadores as adaptações do dia a dia podem acontecer de forma menos invasiva e mais suave. Converse com sua equipe, de comum acordo todos serão beneficiados, cuidadores e, principalmente, paciente. Adequar-se a esta nova rotina é uma questão de tempo, bem pouco tempo e tudo volta a se encaixar. Boa vontade, tolerância e paciência são fundamentais nesta hora. Afinal, você está ou não está disposto a doar-se? “Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocamos nela, corre por nossa conta.” Chico Xavier Mudar hábitos e rotina O impacto do AVC provoca o surgimento de sentimentos que pareciam adormecidos, como a piedade, a raiva, a culpa, a indignação, a injustiça, a autopiedade e a agressividade. Somos pegos de surpresa, como isto aconteceu? E passamos a buscar justificativas, respostas imediatas que sabemos não existir. Acalme-se, equilibre-se, o foco principal é o bem-estar de seu familiar, emita vibrações de amor, saúde e cura, mesmo que ele não lhe entenda, certamente ele sentirá. Consumir suas energias com a revolta só lhe causará danos maiores, você precisa de muita vitalidade neste momento. Afaste toda negatividade. Eleve seu pensamento. Ore. Vibre energias de Luz. Proteja-se, inspire e expire profundamente três vezes, mentalize uma luz branca em forma de cone descendo sobre o topo de sua cabeça, envolvendo-o até os pés e repita: “A Luz Branca de Cristo me envolve no AMOR e na PAZ”. “Nada garante que no futuro teremos uma vida melhor e mais feliz do que a que vivemos hoje.” Dalai Lama Os novos sentimentos e os questionamentos O medo de perder, de fracassar, de não conseguir, de não saber cuidar, de não ter tempo, de não conseguir manter, o medo de sentir medo, o medo, o medo... São tantos que surgem de uma hora para outra, invadindo nosso Eu sem pedir licença. A insegurança cresce numa tentativa de diminuir suas forças, desanimá-lo, desestruturá-lo para seguir seu compromisso como enfermeiro do lar, mas a certeza de estar no caminho certo e proporcionando bem- estar ao paciente familiar o torna um verdadeiro gigante. Cabeça erguida e siga adiante, enfrente seus medos despertando seu GUERREIRO INTERNO, sua força interior, seu EU mais profundo. Aquele Eu que acolhe, abraça, AMA, incentiva, motiva, cuida, que tudo pode, que tudo crê e tudo consegue. A partir de agora este GUERREIRO estará sempre ao seu lado, você não sentirá medo. Você pode até balançar, mas não cairá. Acredite, tenha muita força e coragem, Confie no Poder Divino. Você não está sozinho. “O homem não consegue descobrir novos oceanos até que tenha a coragem para perder a terra de vista.” Anon Enfrentando os medos O medo da escassez. Medo social do momento, não ter condições financeiras para manter a nova situação. Quem tem saúde é rico por natureza, assim diz o ditado. O impacto de um familiar hospitalizado, necessitando de cuidados médicos, medicações e de muitos cuidados especiais em casa gera uma grande insegurança, mas a hora é de ponderação e cautela, não se precipite. Espere o dia de amanhã, espere os avanços, as necessidades surgirem, pouco a pouco saberá a situação real. É muito importante organizar-se, peça ajuda se não estiver em condições de fazer isto sozinho. No principio as despesas são em maior volume, são os primeiros acessórios, mudanças básicas na casa, medicações, consultas, tratamentos paralelos, aos poucos tudo se normaliza e se encaixa. Faça uma coisa de cada vez. Lembre-se de que a Abundância está disponível para todos. O Banco da Divina Providência é Inesgotável. “Porque aprendi, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola.” Caio Fernando Abreu As novas despesas A possibilidade de ter que abrir mão de seus sonhos mais imediatos é outro impacto gerado quando um familiar sofre um AVC. Paciente dependente, despesas novas, rotina nova... Muitas vezes foram anos de planos, preparo e num piscar de olhos a vida está de cabeça para baixo, enxergamos tudo de ponta cabeça e passamos a ter certeza de que por mais otimistas que sejamos a realidade está ali, e é melhor recomeçarmos com outros planos. Mas o mundo dá muitas voltas, as coisas acontecem na hora certa e no momento certo, nada acontece por acaso. Os mistérios do Universo em que vivemos ainda são incompreendidos, certamente as peças deste quebra cabeça se encaixam perfeitamente, nós ainda não conseguimos uni-las e obtermos uma visão total de nossa vida e nossas experiências ao longa desta existência. Continue sonhando, planejando e incentivando seu familiar a sonhar. SONHEM juntos, reinventem a vida com amor. Tente ser feliz, você é merecedor. “Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.” Cora Coralina Sonhos interrompidos O Centro de Tratamento Intensivo já traz em seu nome a necessidade de um acompanhamento permanente ao paciente. Se nosso familiar foi encaminhado para lá certamente inspira cuidados especiais. A ansiedade toma conta de amigos e familiares, o estar distante, não poder ver, tocar, sentir ou ouvir o paciente gera o medo da perda. A estrutura técnica de excelente qualidade que leva enormes benefícios, alívio e conforto ao paciente, em contrapartida deixa-nos perplexos. São aparelhos, tubos, bips e o tempo parece não passar, os segundos viram horas e as horas parecem dias. Quando temos acesso ao paciente os minutos são limitados e queremos tomar conhecimento de tudo o que aconteceu em nossa ausência, perdemos preciosos instantes de estarmos ao lado do paciente, segurando sua mão, motivando-o ou apenas orando. É preciso saber conviver com a CTI, respeitar e acreditar em seus profissionais, ser gentil, agradecido e não perturbar o trabalho desta equipe responsável por nosso familiar. A nós cabe Orar, estar presentes e emitir boas vibrações ao paciente, deixando no ambiente harmonia, amor e paz. 2. Vivenciando a CTI Somos tomados por um sentimento de total impotência. Por maior que seja nosso conhecimento e nosso equilíbrio, quando nos deparamos com os enigmas do AVC, familiar necessitando passar pela CTI, perdemos completamente o controle da situação. Neste momento cabe a nós buscarmos nos médicos, nos enfermeiros e no hospital escolhido a confiança para realizarem um trabalho cuidadoso e competente. Respeite a equipe da CTI, se algo lhe desagrada evite discórdias, queixas, busque o profissional que coordena os trabalhos e exponha seu problema. Conversando, trocando ideias você soluciona pequenas questões que muitas vezes são geradas pelo estresse emocional ao qual estamos submetidos. Sermos aliados dos profissionais da saúde só nos favorece, mesmo que muitas vezes questionamentos, revoltas e indignações tomem conta de nossa razão. Precisamos deles, e unir forças traz benefícios ao paciente. Procure ser amigo dos médicos, converse, esclareça suas dúvidas, demonstre seu interesse em abraçar a causa junto com eles para que possam seguir lado a lado nesta caminhada. “A confiança é contagiante. A falta dela também.” Michael Brien A sintonia com médicos, enfermeiros e hospital Nos Centros de Tratamento Intensivo as visitas são controladas, os horários são reduzidos e poucas pessoas podem entrar a cada vez. Ali é preciso silêncio nos corredores, PAZ, desta forma proporcionamos uma melhor qualidade a recuperação do paciente que necessita de cuidados e repouso especial. Mas a presença da família em todas as visitas oferecidas pela CTI é fundamental, mesmo em coma devemos vê-lo. A presença de pessoas mais próximas e a constância de uma mesma pessoa em todas as visitas cria um vínculo de segurança e afeto com o paciente. Ele já está longe da família, longe de casa, é preciso que se sinta amado, que ouça a voz das pessoas e o incentivo destas. A família deve organizar-se, decidir quem estará presente, quem será o ELO principal, mas não o deixem sozinho. Se o tempo de CTI se prolongar, façam escalas, dividam-se, mas a prioridade é o bem- estar do familiar, ele necessita sentir seu toque, ouvir sua voz, seu incentivo, seu interesse por ele, seu afeto e sua paz interior. “Se tu vens às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz.” Antoine de Saint Exupéry A presença nos horários de visita Procure conversar com o paciente, diga-lhe o quanto ele é importante para a família, para os amigos, para o mundo. Incentive-o a melhorar, a confiar, a se envolver no seu processo de cura na certeza de que você estará lá, ao seu lado. Diga eu te amo, eu sinto falta de você, eu estou aqui com você, conte sempre comigo, confie em Deus, você é muito importante para mim. Não custa nada a você e pode ser a chave para o despertar de seu familiar. Segure em suas mãos, passe a ele boas energias, AMOR. Deseje a ele uma Boa Noite, diga-lhe também Bom Dia, comente sobre o tempo lá fora, quem veio visitá-lo. Mesmo que saia com a sensação de que não lhe escutou e nem lhe enxergou acredite que a sua essência esteve ali com ele, e ele percebeu. Fale sobre os horários de visita, explique a ele que sua ausência é necessária, mas que logo você voltará para estar ao seu lado novamente. Procure criar códigos, sinais, gestos, piscar de olhos, você ficará surpreso com as respostas que receberá ao longo dos dias. “Quando fala o amor, a voz de todos os deuses deixa o céu embriagado de harmonia.” William Shakespeare A conversa e o toque Falamos em culpa, mágoas, sentimentos negativos. Muitas vezes estas situações acontecem na família quando as pessoas estão em desavença, melindradas, ou até mesmo guardam rancores em seu coração que julgam nunca mais perdoar. Nunca imaginamos que um dia possa acontecer dentro de nossa casa, que será a vez de nossa família viver em total harmonia, buscar através do AMOR INCONDICIONAL a qualidade de vida de um paciente dependente que precisa da harmonia no lar e de muita paz. Comece a elaborar o perdão. Se existe algum desafeto seu com o paciente, uma mágoa, uma relação diária difícil, uma convivência tumultuada, agora virou passado. Perdoe, faça a oração do perdão e sinta seu coração aliviado. Se estiver realmente disposto a somar esforços em benefício desta pessoa, ou pelo convívio saudável entre a equipe de cuidadores, esqueça birras, você vai precisar de muito AMOR, um AMOR incondicional. “O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma nova partida, para um reinício.” Martin Luther King O início do perdão O ambiente hospitalar, principalmente o Centro de Tratamento Intensivo, estão impregnados de energias negativas, são pessoas doentes, sofrendo, familiares aflitos e desesperados, profissionais envolvidos por um trabalho exaustivo e muitas vezes sem esperança de recuperação do paciente. A PALAVRA tem um poder muito forte, não crie um clima pior na sala de espera, não vibre conversas tristes e lamentações. Se desejar recolher-se, procure um santuário, uma capela, ore em silêncio. Evite estar na CTI com pensamentos tipo - não vai dar certo – ele não vai resistir – nem um milagre ajudaria – perdi as esperanças. VIBRE LUZ, mentalize a saúde, a cura, o bem-estar deste paciente. Mesmo em coma o paciente pode estar lhe ouvindo, não o deixe imaginar que está morrendo, que seu caso não tem mais volta. Transmita-lhe apenas calma, harmonia e boas energias. Acredite em MILAGRES, eles existem. “E substituímos expressões fatais como - não resistirei - por outras mais mansas, como - sei que vai passar.” Caio Fernando Abreu O poder da palavra positiva Três aspectos que fazem toda a diferença quando o paciente está no tratamento intensivo: Ter fé de que tudo vai dar certo, que para Deus nada é impossível. Ter esperança, enquanto houver ao menos uma chance devemos acreditar que o quadro pode mudar. Ser persistentes, não desistir. Se os familiares firmarem compromisso nestas três metas, entreguem aos profissionais tudo aquilo que não compete à família resolver. Confie, busque junto com os médicos todos os recursos para a recuperação do paciente, muitas vezes culpamos hospitais, enfermeiros, e nós? Estamos realmente acreditando, esperando pelo melhor e lutando com todas as nossas forças? Faça a sua parte, só Deus sabe qual o final da história, não podemos antecipá-lo e ele não conta o dia do fim para ninguém. É preciso viver cada experiência, aprendermos com ela para chegarmos ao crescimento espiritual. “Cada vez que você ouvir que alguma coisa é incurável, tenha absoluta certeza de que isso não é verdade. Existe um poder muito maior do que tudo, o ESPÍRITO INFINITO está sempre presente.” Louise Hay A fé, a esperança e a persistência Na CTI ficamos lado a lado com nosso familiar, queremos um sinal, uma manifestação, e ele não consegue nos dar um retorno. Os minutos parecem eternos, o tempo não passa, a cada visita esperamos uma resposta positiva do paciente e saímos entristecidos, desanimados, queremos as coisas para ontem. Tolerância e paciência com seu familiar, cada um tem seu ritmo, seu tempo próprio, se seu familiar está necessitando deste tempo para tomar alguma decisão, devemos respeitá-lo. Não sabemos exatamente o que está sentindo, se está disposto a encarar esta caminhada repleta de curvas. Talvez o paciente prefira ir por outro caminho e deixar o acerto de contas para depois, não se sinta pronto neste momento e é preciso dar este espaço a ele para tomar sua decisão. Não o julgue, não o questione, apenas lhe tranquilize de que aceita suas escolhas e demonstre que estará ao seu lado se ele ficar para enfrentar este obstáculo. Trate-o com AMOR, carinho e deixe-o sentir sua presença. Ele vai estar em Paz para fazer suas escolhas. “A vida não exige das pessoas aquilo que elas ainda não têm condições de dar.” Zibia Gasparetto O respeito pela decisão do paciente Amigos, familiares, colegas e vizinhos, todos querem compartilhar conosco este sofrimento, dividir a dor e nos trazer conforto emocional. A família deve receber com carinho na sala de espera, conversar, falar sobre o estado de saúde do paciente, mas evite um número excessivo de visitas na CTI. O tempo é curto, a sala individual é pequena, se muitas pessoas circularem rapidamente por ali o ambiente ficará tumultuado, agitado e talvez o paciente não distinga quem o visitou. Considere os índices de infecção hospitalar e os germes que circulam entre as pessoas, seja sincero, os mais íntimos podem fazer um rodízio e entrar de forma organizada, os demais fazem uma corrente positiva na sala de espera e ficam no apoio aos familiares. Os benefícios são para o paciente, afinal todos ali desejam seu bem-estar. Em algumas ocasiões o silêncio diz mais que mil palavras. “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.” Fernando Pessoa O excesso de visitas Uma ideia interessante para diminuir a angústia do paciente na CTI é elaborar um cartaz com fotos da família, do cachorrinho, da casa... Às vezes parece inútil, fica colado na parede, ele não abre os olhos, não enxerga, nem se importa. Mas insista, cada vez que visitá-lo mostre o cartaz, diga quais fotos estão ali, quem estava com ele, recorde com ele onde foi tirada a foto. Leve algum objeto que lhe transmita fé, esperança, peça licença aos enfermeiros para deixar sobre seu travesseiro, na parede, o importante é estar com o paciente, fazer com que ele sinta a presença de referencias suas. Mesmo em coma não desanime, repita, insista, só ao acordar ele poderá lhe dizer se estava lhe ouvindo e você terá lhe ajudado muito. Vamos lá, a partir de agora será preciso criar, cantar, sorrir, e ver nosso familiar feliz. Cabe a você encorajar o paciente, trazer colorido aos seus dias cinzentos. Todos juntos irão aprender a REINVENTAR a VIDA. “Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo.” Caio Fernando Abreu Exposição de fotografias Os procedimentos adotados, as medicações ministradas, a forma de higienização, a verificação dos sinais vitais, a troca de posição do corpo, a hidratação da pele, todos os aspectos referentes ao paciente são de responsabilidade da equipe do hospital e dos médicos. Eles estão cuidando de nosso familiar, mas você tem a oportunidade de visitá-lo várias vezes ao dia para saber o que se passa com ele. Tenha interesse, saiba se dorme bem, de quanto em quanto tempo o movimentam, se a pele está sem feridas, esteja ciente da situação. Seja gentil com os enfermeiros, diga obrigado aos que dele estão cuidando, sorria ao entrar, procure ser agradável. Transmita à equipe médica e de enfermagem o quanto o paciente que estão cuidando é uma pessoa amada, desejada e especial e o quanto confia nos cuidados desta equipe. A troca entre família e profissionais faz parte do melhor restabelecimento do paciente, eles estão ao lado de quem tanto amamos, cuidando e protegendo. Reclame menos e participe mais. “Palavras bondosas e olhares de simpatia não custam nada ao doador, mas deixam atrás de si uma preciosa fragrância.” Ellen G. White A rotina do paciente na CTI As horas passam, os dias seguem e já não sabemos mais qual é o dia da semana. O cansaço toma conta de nosso físico e a angústia sufoca o nosso emocional, repousar passa a ser extremamente necessário. Depois da última visita ao Centro de Tratamento Intensivo não há razão para ficar na sala de espera, acordado, perdendo todas as forças, é hora de ir para casa, alimentar-se corretamente e relaxar. Ore, entregue a Deus e à equipe responsável os cuidados a seu familiar durante a noite, recarregue suas energias, no dia seguinte precisa estar forte, recuperado e cheio de esperança. Ao longo do dia, mesmo que permaneça no hospital entre as visitas a CTI, alimente-se adequadamente, não se esqueça de ingerir líquidos, use roupas confortáveis e calçados macios. Previna-se para os cuidados futuros com seu familiar. A única certeza que temos hoje é de que amanhã será um novo dia, e que precisamos renascer com ele. "A gente tem, e se não tem, Deus dá, e se Deus não dá a gente inventa, você sabe." Caio Fernando Abreu O descanso dos familiares Manter-se energizado ao longo deste período irá lhe proporcionar maior leveza e harmonia para dar os próximos passos, a importância de estar equilibrado num momento devastador como este é fundamental. Todos sentem, todos são sacudidos, uns sentem o impacto mais forte, outros reagem de forma mais otimista, mas ninguém fica isento das transformações que envolvem a cada um. Procure orar ao chegar em sua casa, eleve seus pensamento ou apenas silencie . A preocupação excessiva não soluciona nossos problemas e nem esclarece nossas dúvidas. Ao tomar banho deixe que a primeira queda de água leve todas as cargas negativas embora, depois receba uma nova queda de água que lhe cubra de proteção e serenidade, deite e repouse. Use sprays harmonizadores de ambiente, deixando seu lar aconchegante e acolhedor, envolva sua casa numa pirâmide de luz branca, fique em PAZ. “Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio: e eis que a verdade me revela.” Albert Einstein A energização Superação, esta é a sensação ao ver nosso familiar no quarto do hospital convivendo com a família, vendo a luz do dia, o sol, a chuva, os barulhos da cidade ou o canto dos pássaros. Passamos da primeira fase deste jogo que a vida está nos apresentando, passo a passo vamos compreendendo suas peculiaridades e qual a melhor fórmula para sairmos vitoriosos. Pulamos obstáculos, vencemos barreiras, superamos medos e estamos aqui, próximos ao paciente, habilitados a avançarmos em novas tarefas. Aqui você terá a oportunidade de conhecer as técnicas básicas, as dicas e os macetes para enfrentar as provas mais surpreendentes que lhe aguardam em casa. Observar, estar atento a tudo e querer aprender depende apenas de você. O desconhecido sempre nos surpreende, mas você também irá surpreender a todos e com amor, boa vontade e doação em pouco tempo será um especialista na arte de CUIDAR. 3. No leito hospitalar Esta é a primeira de muitas vitórias, não importa como chegou até aqui, o importante é que chegou ao lado de seu familiar em recuperação, continue na busca de seu objetivo maior, oferecer qualidade de vida a este paciente dependente. Cada etapa vivida é uma experiência adquirida, cada obstáculo ultrapassado é um crescimento alcançado. Agradeça aos médicos, agradeça aos cuidadores, eles estiveram intensivamente ao lado de seu familiar enquanto você organizava suas ideias e sua rotina para enfrentar esta nova situação. São papéis, burocracias, o abalo emocional e o impacto que nos tira do eixo, estes momentos de CTI parecem apenas avassaladores, mas são o preparo e o suporte para resgatarmos nossa coragem e abraçar a nova vida que se apresenta. Com muita gratidão no coração, arregace as mangas e mãos na massa. O jogo é longo e temos muitos desafios a vencer pela frente. “Uma viagem de mil milhas começa com um passo.” Lao Tse Compreensão de cada etapa vivida O paciente está no conforto do leito hospitalar e as visitas estão mais liberadas, mas ele não está numa sala de estar, respeite seu estado, mantenha silêncio, fale baixo, evite aglomerações no quarto. Se ele ainda não estiver em plena lucidez ou não estiver em condições de falar, tome frente ao grupo e organize uma forma de levar apenas bem- estar a este familiar. Televisão, rádios e barulhos exagerados devem ser evitados, ligue apenas uma música suave, um programa de seu agrado e num volume muito baixo. Se estiver em condições de conversar, deixe que ele decida o que deseja ouvir, se quer descansar, se quer ficar em silêncio... Atente-se à privacidade do paciente não o deixando constrangido, em horários de visitas cubra-o com um lençol, peça que as pessoas aguardem do lado de fora enquanto realizam um procedimento. Ninguém sabe até que ponto ele compreende o que acontece ao seu redor dentro do quarto. Amar e cuidar, antes de tudo, é saber respeitar os limites do outro. “Quando se respeita alguém não queremos forçar a sua alma sem o seu consentimento.” Simone de Beauvoir Respeito ao paciente Cuidadores, enfermeiros, técnicos, uma diversidade de serviços e de profissionais estarão disponíveis quando o paciente sair do hospital, mas nem sempre temos a intenção de contratar uma equipe, e muitas vezes não temos condições financeiras de manter estes profissionais em nossa casa. Cabe à família o papel de enfermeiros do lar, e nossa vitrine é o quarto hospitalar. Aproveite cada momento, não tenha vergonha de perguntar, de questionar, de olhar e de aprender como cuidam de seu familiar. Atenção aos procedimentos, no banho, no vestir, no virar, no transferir, nos sinais vitais, em todas as práticas realizadas. Observe os profissionais trabalhando em sua reabilitação, ainda no hospital, comece a elaborar formas de atendimento no lar para que ele não perca nada do que recebe em seu benefício, são médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, todos interligados na mesma causa. Aqui você tem uma escola de bons cuidados, não desperdice esta oportunidade, aprenda com quem convive diariamente com pacientes dependentes. “ A ignorância não é bem-aventurança, é negligência.” Philip Wylie A observação dos procedimentos diários A família é a base de tudo, é a segurança do paciente ao estar no leito hospitalar, é a certeza de poder contar com seus amigos e parentes. Da mesma forma que devemos respeitar seu estado e evitar excessos de visitas num mesmo horário, precisamos tomar cuidado para não deixá-lo sozinho na maior parte do dia. Muitas vezes não é permitido que fique um acompanhante 24h com o paciente dentro do quarto, que seria o ideal para ele, esteja então presente sempre que for liberada a visita. Membros da família que moram com o familiar, os que pretendem participar dos seus cuidados em casa devem criar com ele um forte vínculo de CONFIANÇA. O paciente precisa saber que pode contar com você, com esta equipe e que você vai estar lá e vai caminhar ao seu lado em todas as dificuldades, que existe uma organização entre as pessoas para acompanhá-lo e auxiliá-lo. A presença da família Pacientes que não estão totalmente lúcidos necessitam de motivação, segure firme em suas mãos, peça para piscar os olhos, dar algum sinal, criem uma comunicação pessoal entre você e seu familiar. Sua presença não vale pela quantidade de tempo que estiver do seu lado, mas muito mais pela sintonia amorosa que existir entre vocês. “Eu sou feita de tão pouca coisa e meu equilíbrio é tão frágil, que eu preciso de um excesso de segurança para me sentir mais ou menos segura.” Clarice Lispector Enquanto o paciente estiver no hospital não nos compete alimentá-lo, podemos dar a alimentação que veio para o paciente, mas não oferecer alimentos por nossa conta. Você não está diante de uma situação comum, às vezes, pelas sequelas deixadas no Acidente Vascular Cerebral algumas áreas são atingidas e dificultam o falar, o engolir, o mastigar e o respirar. Pode ser uma sequela passageira, assim como pode haver a necessidade do uso de uma sonda para alimentá-lo, ou de um profissional para avaliá-lo e ensiná-lo a comer sem engasgos e riscos. Aos poucos, conforme o paciente é liberado você pode conversar com o médico, nutricionista, fonoaudiólogo e saber o que pode oferecer sem causar danos. As equipes estão preparadas, conhecem cada caso individualmente e o paciente estará bem nutrido e hidratado. Ele não está passando fome, a ansiedade é por parte dos familiares, todas as providencias são tomadas de acordo com suas limitações, neste momento é preciso seguir regras. Alimentação adequada Nada pode ser ingerido sem autorização prévia, NADA, nem golinho, nem pedacinho, nem um pouquinho. SIGA as ORIENTAÇÕES, mesmo que lhe cause uma grande aflição, RESPEITE. Você pode causar um grande prejuízo ao seu familiar a ponto de necessitarem levá-lo novamente no Centro de Tratamento Intensivo. Não ofereça ALIMENTO ao Corpo, ofereça AMOR à alma. “Não tente forçar nada. Deixe a vida fluir livremente. Veja Deus fazer florescer milhões de flores todos os dias sem forçar os botões.” Osho Diariamente o prontuário do paciente passa por várias atualizações, são observações, medicações, sinais vitais, exames efetuados, situações emergenciais, anotações sobre o paciente por cada equipe nos diferentes turnos do hospital. Este prontuário fica à disposição da equipe médica, familiares não têm acesso a tais informações, mas podem estar a par do que acontece conversando com os médicos, interessando-se pelos resultados dos exames, pelos planos e pelos progressos a respeito de seu familiar. Fique atento, você também é responsável, observe se tudo está de acordo com o que o médico solicitou, faça suas anotações também e repasse a ele todas as informações que julgue importantes, esclareça todas as suas dúvidas. São poucos minutos reservados a lhe dar atenção, são muitos pacientes, muitos locais de trabalho, muitas vezes você espera ansiosamente pelo médico um dia inteiro, quando ele chega você se esquece de perguntar e não fala o que queria. A atenção às observações médicas Estes momentos são mágicos, o simples fato de conversarmos com o médico, de ouvirmos algumas palavras sobre nosso familiar e esclarecermos nossas dúvidas é um alívio ao nosso coração e nos deixa renovados para enfrentarmos o dia de amanhã. A boa relação médico + família reflete diretamente na recuperação, na serenidade e no bem- estar do paciente. “ O impossível torna-se possível quando as pessoas se unem a você. Quando você faz as coisas com as pessoas, não contra elas, os incríveis recursos interiores do Eu Superior são mobilizados.” Gita Bellin Desenvolva suas primeiras habilidades como cuidador, atente-se aos cuidados básicos necessários no quarto, ao paciente e aos acompanhantes. A equipe de higienização do hospital cumpre a sua parte, cabe aos familiares darem continuidade a este processo. Evite copos sujos, papéis de bala e comidas abertas, procure manter com ordem e limpeza este ambiente. As infecções e as bactérias estão por toda parte, solicite que lavem as mãos, que não larguem objetos sobre a cama do paciente, que não o visitem se estiverem com resfriados, gripes ou viroses. Mantenha o paciente higienizado, se necessário chame a equipe para trocá-lo. A aparência de seu familiar deve ser a mais natural possível, cuide de seus cabelos, de sua barba, de suas unhas e de sua pele. O principal cuidado no leito é a mudança de posição do paciente sem movimentos, solicite ajuda, não se descuide, uma escara abre da noite para o dia, mas leva meses para cicatrizar. PREVENÇÃO é o melhor remédio. “ O zelo é a manifestação do cuidado amoroso da alma que traz consigo uma luminosidade especial a tudo que empreendemos.” Sonia Cafe Os cuidados básicos Na infinidade da vida tudo é perfeito, pleno e completo, depende do nosso ponto de vista. Estamos prontos para avançar nesta caminhada, retornar para casa é um momento muito especial e assim deve ser cuidadosamente planejado, criado e executado em nossa mente e em nosso coração. Você pode escolher se seu trajeto será por estradas sinuosas, perigosas, e sua viagem será tensa e estressante, ou seguirá por estradas com curvas leves, sem grandes riscos, com pequenos altos e baixos, paisagens exuberantes, ar puro e sua viagem será com prazer, gosto e satisfação. Não há limites para sua imaginação, sua energia constrói seu mundo, o mundo que deseja oferecer a seu familiar. Escolha a simplicidade, sem necessidade de luxo idealize para o paciente conforto, bem-estar e serenidade. REINVENTE a VIDA, seja criativo. “ A imaginação é mais importante que o conhecimento.” Albert Einstein Planejando o futuro – Criando ideias Praticidade, agilidade e organização. Antes de nosso familiar receber alta precisamos preparar o ambiente para recebê-lo. Não pense em grandes modificações, apenas as extremamente necessárias. Verifique suas reais limitações, se vai necessitar de uma cadeira de rodas, se ela entra no banheiro, se tem acesso fácil ao quarto onde ele vai ficar. Pense na possibilidade de alugar os acessórios como experiência, antes de comprá-los, somente com o uso diário você saberá o que é mais adequado ao familiar. Adapte a cama de acordo com sua limitação, se deve ser hospitalar, se deve ter grades laterais, se o colchão é confortável. Crie diferentes tamanhos de almofadas, elas são importantes para sustentação do tronco e para o conforto ao sentar. Dentro de suas condições procure ter no mínimo um travesseiro de silicone, evitam feridas e são muito confortáveis. Se o paciente usar sonda, soro, medicações ou fraldas, organize todo o material antecipadamente a sua chegada na casa, evite imprevistos desnecessários. Trace junto com sua equipe seus objetivos, escalas de cuidado e divisão de tarefas. “ O caminho mais curto para fazer várias coisas é fazer uma coisa de cada vez.” Samuel Smiles Acessórios necessários para casa Foram dias, semanas, meses de ansiedade, receios, dúvidas e sombras. Noites em claro, idas e vindas, refeições atropeladas, correntes de orações e o tão sonhado dia de retornar para casa chegou. Muitas vezes estes sonhos não são exatamente como planejamos, mas a vida é uma obra de arte e nos proporciona sermos as tintas de sua aquarela. Ao nos depararmos com um familiar dependente precisamos pintar as cores do AMOR, da ALEGRIA e do COMPROMETIMENTO. Encoraje-se, renove suas forças, abençoe o que passou e abrace o que está por vir, agradecendo por estar novamente em seu lar e ao lado de quem você ama. Celebre sua VIDA e seu renascimento. Escolha suas cores e comece seu arco-íris, tente, invente, acredite em você. Não sinta medo, tenha FÉ. 4. Voltando para casa A felicidade de retornar para casa nos enche de esperanças, nos faz acreditar que a situação está bem melhor e que conseguimos vencer o que antes parecia impossível. Estar novamente ao lado de um ser amado e querido no convívio familiar recarrega nossas energias vitais para seguirmos em frente, fortes e criativos, dedicados e prontos para avançarmos sem medo as dificuldades diárias. Gratidão, você precisa ser eternamente grato pelo fato de voltar ao lar, de trazer para casa seu familiar e ter a oportunidade de cuidá-lo, ampará-lo e amá-lo. Agradeça por sua saúde, por sua força, por sua disponibilidade e sua boa vontade para engajar-se nesta caminhada ao lado deste SER que necessita de ajuda. Fácil não é, em alguns momentos pode parecer que você não suportará, mas nunca é dado o fardo maior do que se pode carregar. Se existe amor, a leveza supera a dificuldade. Lembre-se, estar em casa é uma graça, uma benção Divina, um presente. OBRIGADO! OBRIGADO! OBRIGADO! “O tempo é o melhor autor, sempre encontra um final perfeito. Charles Chaplin Gratidão por mais uma etapa vivida É extremamente importante traçar objetivos claros sobre como vamos atender as primeiras necessidades do paciente antes de levá-lo para casa. Modificações práticas no ambiente e adaptações imprescindíveis já devem estar prontas para sua chegada. Seja receptivo aos novos hábitos, elabore tabelas com horários de medicações, atividades e procedimentos com o paciente. Uma boa solução é estar sempre com uma agenda atualizada, ela será sua segunda memória, melhora sua organização e o ajudará a cumprir cada tarefa com êxito e assiduidade. Cuide para preservá-la e tenha o cuidado para que seja manuseada apenas pelos cuidadores, ali estão detalhes do dia a dia e da privacidade do paciente. Preste atenção a tudo que seja diferente em sua nova rotina, observe o que se passa com seu familiar, como está a família, o que parece mais tumultuado, onde você está sentindo mais facilidade e assim no princípio vai lhe parecer bastante difícil, com o passar dos dias nada mais lhe surpreenderá. “ O mais importante da vida não é a situação em que estamos, mas a direção a qual nos movemos.” Oliver W. Holmes Tomando decisões antecipadamente O Acidente Vascular Cerebral pode deixar sequelas mínimas ou muito significativas, e numa variação de paciente para paciente, de acordo com as limitações do seu familiar serão suas reais necessidades diárias. Seguindo as orientações médicas você vai montar uma estrutura que favoreça a melhoria em sua qualidade de vida, sendo o ponto de partida o leito. Verifique se existe a possibilidade de permanecer o mesmo de antes, se o paciente necessita de uma cama hospitalar, se necessita de proteções laterais, da cabeceira elevada, de colchões especiais e de detalhes que lhe ofereçam conforto e segurança. A altura da cama influencia nos momentos de troca e de transferência, com simples aumento dos pés é possível deixar numa posição adequada ao trabalho do cuidador e ao uso do paciente. Se o paciente não tem mobilidade, necessita de auxílio para sair do leito, deve ser dada preferência à altura que se encaixe aos cuidados diários como banho, trocas, higienização... O leito A elevação da cabeceira auxilia bastante, e um marceneiro faz modificações preciosas oferecendo opções de estar deitado ou reclinado com uma simples troca de posição de pinos. São diversos os modelos de cama hospitalar disponíveis no mercado, tanto para locação quanto para venda. Observe as medidas da cama e o espaço que está disponível em seu ambiente, este acessório costuma ser bem maior do que uma cama comum, você vai necessitar de espaço a sua volta para circular ao atender o paciente. É interessante iniciar com a locação, só com o tempo saberemos se ainda será necessário seu uso, se supriu suas necessidades, devendo sempre considerar que os valores são bem elevados e outras despesas básicas aparecem neste momento. Os resultados da qualidade do sono e do descanso do paciente estão diretamente ligados ao ânimo, ao humor e a disposição que ele terá para recomeçar mais um dia em busca de sua reabilitação. Nada como um dia após o outro, principalmente se existir uma boa noite de sono entre eles. “ Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e (agora) sono.” Clarice Lispector O cuidado com a pele do paciente exige estratégias em sua movimentação, mesmo que seu corpo seja virado de lado a cada duas horas, evitando estar com as costas sempre encostadas no colchão, podemos imaginar formas confortáveis de acomodação ao nosso familiar. Comece escolhendo uma boa cadeira de repouso, pode ser reclinável ou aquela que está na sala e é a preferida de todos, quem sabe a mais bela, ou talvez uma especial que ele tanto gostava de se sentar, acrescente a estes detalhes o conforto e a segurança. O tronco, em alguns casos, pode necessitar de apoio para evitar o desequilíbrio do paciente. Almofadas são muito úteis, principalmente as de silicone que evitam formação de escaras, evitam a pressão sobre a pele e oferecem um alívio à dor. Forre a cadeira com uma colcha ou pano móvel, sempre observando para não deixar tecidos ásperos sob o paciente, será de grande auxílio no momento de reposicioná-lo ou retorná-lo para a cama, evitando arrastar o corpo do paciente e raspar a pele tão sensível. A cadeira de repouso Se seu familiar estiver em condições de escolher, ofereça a ele algumas opções, permita que ele mesmo experiente qual a poltrona ou sofá que mais lhe agrada ficar por algumas horas do dia. Lembre-se de que muitas vezes será durante a noite que ele sentirá necessidade de sair do leito, esteja sempre prevenido para transferi-lo até sua cadeira de repouso com firmeza e muito cuidado, nestes casos o pano móvel é sua principal garantia. Suas habilidades como cuidador se aprimoram a cada gesto de carinho e amor. “ Se fiz descobertas valiosas, foi mais por ter paciência do que qualquer outro talento.” Isaac Newton Companheira de todas as horas, por uma semana, um mês, um ano ou para o resto de sua vida, ela será literalmente uma mão na roda em nossa rotina familiar. Alguns pacientes a utilizam inclusive como cadeira de repouso, não apenas para locomover- se pois alguns modelos são reclináveis e muito confortáveis; outros são levados na cadeira de um cômodo a outro da casa, auxiliados por um cuidador, sem conseguirem movimentá-la sozinhos, passam boa parte do dia sentados nela e com ela são transportados a todos os lugares. Ainda outros pacientes, com uma independência e mobilidade apuradas, circulam por tudo empurrando a cadeira de rodas com seu próprio esforço físico, subindo e descendo degraus, abrindo espaços e recriando seu dia a dia. Cada paciente dentro de suas limitações, desbravando horizontes e novos conhecimentos através da magia destas rodas, adaptam-se ao modelo mais adequado às suas necessidades e tentam uma inclusão no mundo e na sociedade. A cadeira de rodas Aos poucos as pessoas estão mais conscientes do quanto é preciso ter acessibilidade em todos os lugares e o quanto precisam respeitar e incluir seres especiais na rotina normal. Cuidadores e cadeirantes sonham juntos com os progressos da reabilitação, imaginando independência para conduzir sua própria cadeira, guiar cadeiras motorizadas, caminhar com auxílio de andadores, usar bengalas e um dia caminhar sem que nenhum acessório seja necessário. Projete um passo após o outro, você não pode avançar o sinal e nem ultrapassar as forças do paciente. Se necessário, seja a mão que empurra sua cadeira por muitos anos, mas estimule-o a vivenciar cada momento, usufruir da alegria, do amor, dos amigos, da família e aproveitar cada oportunidade. Os modelos, as marcas, a diversidade de acessórios que as cadeiras oferecem, suas particularidades, suas funções, os objetivos de seu uso, a escolha da mais adequada e em qual momento adquiri-la são informações disponíveis nos links indicados no final deste livro. “ A vida está sempre provendo-nos com novas fontes, novos recursos, até quando estamos reduzidos à imobilidade. No livro da vida, não existe nada fixo.” Henry Miller Sem fazer grandes despesas ou técnicas especiais para cuidar de um paciente dependente devemos priorizar em seu cuidado conforto, segurança e higiene pessoal, buscando sempre o seu bem-estar gerando e sua saúde. Mantenha seu familiar com asseio, barbeado, penteado, perfumado, com batom, cabelo arrumado, roupas limpas, faz parte de sua rotina. Mesmo que seu familiar não esteja lúcido você pode oferecer a ele aquilo que ele faria se tivesse condições. Sentir-se confortável é muito importante, vestir roupas adequadas, calçados macios, chinelos ou até mesmo meias se calçados o prejudicarem. Cuide de sua postura, mantenha seu tronco protegido por apoios laterais, encosto de pescoço, apoio aos cotovelos, calcanhares, quarto arejado, cama bem posicionada para fácil transferência. São pequenos macetes que passam a fazer parte do nosso dia a dia e não elevam suas despesas, basta aumentar sua criatividade e projetar ambientes acolhedores e aconchegantes ao paciente. Materiais de higiene e conforto A prévia organização dos materiais de higiene facilita, torna mais eficiente e menos desgastante o banho de leito, a troca de fraldas, fazer a barba, pentear os cabelos, passar perfume, escovar os dentes... Analise as condições dos banheiros, o tamanho do box, a abertura da porta, evitando reformas e agitações após a presença do paciente em casa. Deixe-o perceber que cada detalhe foi cuidadosamente pensado, sentido e elaborado com muito amor para lhe proporcionar qualidade de vida em casa. Ele merece este carinho. “ A felicidade é feita de pequenas pérolas que você cultiva a cada dia, a cada hora.” Roberto Shinyashiki Quem não gostaria de livrar-se dos cardápios hospitalares, acompanhantes ou pacientes, sejam eles nos buffets, nas lanchonetes ou preparados especialmente pelas nutricionistas, parece que todos têm sabor hospital. Saudades da Comida caseira, receitas antigas da família, alimentos com gostinho de infância. Procure agradar o paciente, ofereça a ele o que mais lhe apetece, prepare sua refeição com amor, mas sempre dentro daquilo que lhe foi liberado pelos nutricionistas. Em casa você é o responsável pelo preparo desta alimentação, precisa elaborar a dieta e o cardápio rigorosamente de acordo com as orientações médicas e controlar os detalhes de cada refeição. As sequelas deixadas pelo AVC podem exigir cuidados especiais por um longo período, a recuperação é lenta e o benefício de sermos cuidadosos é fundamental. Se o familiar ainda não tem comunicação verbal, atente-se aos horários de refeição e quantidade de líquido oferecido ao longo do dia. Se não consegue engolir com facilidade, se engasga, prepare alimentos de acordo com suas limitações. A alimentação No caso do paciente que faz uso de sonda para alimentação, seu papel como cuidador será exclusivamente com o funcionamento da sonda, a limpeza correta a cada uso, a boa ingestão de líquido pela sonda, a quantidade e o tipo de dieta a ser ministrada na sonda, sempre sob orientação prévia do médico. Evite transtornos e acidentes, não antecipe o próximo passo, respeite a limitação, seja rigoroso principalmente com você e com seus familiares. A maior ansiedade em ver o paciente comendo e bebendo de tudo está na família, ele não está passando fome. Não prive as outras pessoas da casa de uma alimentação normal, apenas siga corretamente a dieta do familiar com sequela do AVC. “ Não vivemos para comer, mas comemos para viver. “ Sócrates Durante o período de hospitalização do paciente a família sai de sua rotina, desorganiza sua vida e passa a viver de acordo com a sucessão de acontecimentos. Para alguns parece mais fácil, para outros esta é a tarefa mais difícil, sair do eixo, ser flexível e mudar hábitos. Enquanto hospitalizado seu familiar está cercado de enfermeiros, técnicos, médicos, pessoas treinadas e especializadas para atendê-lo, ao retornar para casa é preciso muito cuidado com este aspecto. Tudo vai depender das sequelas deixadas pelo AVC, se são passageiras, permanentes, leves ou severas, só então poderá organizar a necessidade real da equipe que irá atender o paciente em sua casa. O fundamental é que se a equipe foi formada por cuidadores da família, enfermeiros do lar, ou enfermeiros profissionais contratados, todos tenham o mesmo objetivo e ofereçam total benefício ao paciente realizando sua tarefa com dedicação, com amor, com carinho e com boa vontade. Os cuidadores Para promover qualidade de vida ao paciente comece com a boa qualidade dos cuidadores. Se optar por cuidadores da família a doação deve ser de forma espontânea, com parceria, união, por doação e amor ao paciente. Se optar por enfermeiros profissionais, eles são os responsáveis pelas tarefas, pelo cuidado diário, mas você é o elo emocional, você deve estar sempre presente incentivando, auxiliando e demonstrando seu amor pelo familiar. “ Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios.” Martin Luther King O retorno ao lar traz a sensação de cura, de estarmos prontos para seguir a vida do nosso jeito, com nossas regras e manias. O paciente após sofrer um Acidente Vascular Cerebral recebe muitos cuidados e instruções são repassadas aos seus familiares pelos médicos. Mesmo estando em casa é extremamente importante o acompanhamento da equipe indicada pelo neurologista, se foi solicitado fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicoterapia, ou qualquer outra forma de tratamento não espere para começar, quanto mais cedo o paciente retomar a reabilitação mais chance de recuperar-se. Esclareça suas dúvidas, aprenda, você está engajado numa nova tarefa, no princípio tudo é desconhecido, o tempo vai lhe trazendo experiência e segurança, não tenha vergonha de perguntar e de aprender. Confie nos profissionais da saúde. Seguir rigorosamente suas primeiras orientações, manter contato com a equipe médica, comprometer-se com consultas, exames, revisões e tratamentos facilitam o iniciar desta nova caminhada. Acompanhamento médico A sintonia do paciente com os profissionais é muito importante, cabe a você, cuidador e familiar, incentivá-lo nesta relação. Repasse ao paciente algumas das informações e orientações médicas, reforçando seu compromisso com seu processo de cura. Evite comentários negativos sobre médicos, enfermeiros e profissionais frente ao paciente, mostre a ele os benefícios recebido deste profissional e o quanto sua competência e dedicação fizeram a diferença em seu restabelecimento. “ Ninguém poderá jamais aperfeiçoar-se se não tiver o mundo como mestre. A experiência se adquire na prática.” William Shakespeare Os sentimentos nos envolvem num estado de confusão, estresse e medo, não sabemos por onde começar. Ao retornarmos para casa tão certo quanto os cuidados com o paciente é a organização com tudo que lhe disser respeito. Para facilitar o dia a dia organize suas tarefas, agenda e caneta sempre a postos em local prático e seguro. Reforçando, dados pessoais do paciente não devem ficar expostos para todos, mas a agenda deve estar em um local fácil de manuseá-la. Crie o hábito de REGISTRAR tudo, medicações, sinais vitais, necessidades fisiológicas, sono, alimentação, banho... Esta ferramenta pode lhe auxiliar muito num momento de esquecimento, de dúvida, na hora da consulta médica quando você não lembra daquilo que deveria lembrar. Anote nela telefones importantes, farmácias, médicos, ambulâncias, casas ortopédicas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, enfermeiros, terapeutas, hospitais... Esquema organizacional na casa Organize também as medicações como achar mais adequado, por horário, acomode-as em uma gaveta, caixa, bolsa, mas não deixe espalhado, não fique procurando medicação na hora de ministrá-la. Desta forma você terá controle de qual medicação está terminando, qual receita vai necessitar e o que deve solicitar à farmácia, evitando faltas ou excesso de produtos e gastos. Se houver uso de sondas e alimentação por sonda, todo cuidado é pouco, esteja SEMPRE ALERTA, higienize, limpe, aplique de forma adequada, é uma tarefa de grande responsabilidade. Igualmente mantenha todo material selecionado e guardado num recipiente higienizado. Use SEMPRE luvas. Se você optar por cuidadores profissionais esteja a par de seus procedimentos, dos materiais utilizados, da organização, do estoque, participe e auxilie. Seja um cuidador do AMOR. “ Nunca sinta-se culpado por aprender. Nunca sinta-se culpado por saber. Isto chama-se iluminação.” Ramtha, Ramtha Ser um cuidador de um paciente dependente não é tão simples, não basta suprir as necessidades diárias, cuidá-lo, alimentá-lo e auxiliá-lo. A doação verdadeira vai muito além da prática, envolve sentimento e desprendimento. O cuidado requer afeto, carinho, dedicação, amor, amor que faz bem a quem cuida e a quem recebe o cuidado. Respeite a limitação de cada membro de sua equipe, nem todos possuem a mesma capacidade. Conversem, vejam quem está preparado, quem está disposto a assumir por AMOR, só assim haverá alegria, agilidade e leveza na realização das tarefas. Todos podem dar a sua contribuição, cada um com aquilo que tem a oferecer. Conviver em família já é uma arte, conviver em equipe é uma obra de arte. É preciso muita tolerância, respeito, consideração, fraternidade, amizade e parceria. Aceitar as diferenças e conviver com as diferenças das pessoas diariamente é uma questão de sabedoria e inteligência emocional. Não leve tudo tão a sério, descontrair, brincar e relaxar ameniza a caminhada e o aprendizado fica mais proveitoso. “ O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá.” Madre Teresa de Calcutá A doação por amor Fatos acontecem por todos os cantos do mundo, ficamos sabendo de tantas histórias que nos emocionam, tocam nosso coração, mas são apenas relatos, distantes de nossa realidade. Jamais imaginamos que um dia aconteça em nosso lar uma transformação tão grande, uma mudança radical em nossas rotinas e a necessidade de repensarmos a vida em família. Ao voltarmos para casa com um paciente dependente ou limitado pelas sequelas do AVC, mesmo que optemos por tratar equipes profissionais para cuidá-lo, precisaremos reforçar os laços de afeto e união nesta família. Somente com entendimento, alegria, compreensão, divisão de tarefas, auxílio mútuo, respeito à privacidade de cada um e amor seremos capazes de enfrentar o dia a dia. Desavenças acontecem sempre, mas a união entre os membros desta equipe traz ao paciente a certeza de que valeu a pena estar ali, vivo, apesar das limitações físicas. Unidos em busca do mesmo objetivo em oferecer qualidade de vida ao familiar é o primeiro passo acertado para começarem esta caminhada. “ Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção.” Antoine de Saint-Exupéry A união da família Estarmos unidos não significa estarmos sufocando nosso familiar. Sua vida está limitada, quanto maiores as sequelas, mais distante de sua vida anterior está o paciente. Precisamos acompanhá-lo, mas é fundamental respeitar sua privacidade e sua vontade, muitas vezes não são necessárias palavras para percebermos o quanto ele precisa descansar, ficar em silêncio, aquietar-se, basta observarmos sua fisionomia e seu olhar. Aprenda a comunicar-se com o paciente por este olhar, este olhar profundo, procure sentir o que ele deseja. Evite expor seu corpo a visitas, deixá-lo com roupas íntimas, falar assuntos constrangedores, muitas vezes não sabemos o que ele sente ou entende, coloque-se em seu lugar. Se temer deixá-lo só, sente em uma cadeira onde ele não lhe veja, deixe-o sentir-se com ele mesmo, pensar, refletir, orar, ou simplesmente silenciar sua mente pode ser tão importante quanto os cuidados que ele recebe. Compreenda suas necessidades, permita a seu familiar viajar em sua imaginação, sair de sua dependência e sua imobilidade navegando por seus pensamentos e sonhos, livre, leve e solto. “ Decifra-me, mas não conclua... eu posso te surpreender.” Clarice Lispector Respeito à privacidade do paciente Para receber nosso familiar preparamos a casa, organizamos nossa rotina, adaptamos móveis, viramos nossa vida de cabeça para baixo. Certamente fizemos grandes faxinas para recebê-lo com tudo higienizado, sem pó, sem sujeira. Agora é hora de limparmos o ambiente, tirarmos qualquer energia negativa que ali possa estar e harmonizarmos o lar. Existem maneiras simples que podem auxiliar bastante neste momento, como o uso de incensos. Escolha incensos de aroma suave, passe por todos os cômodos da casa lentamente, pedindo a retirada das energias impuras e solicitando a harmonização e a proteção de seu lar. Sprays harmonizadores de ambiente estão disponíveis em lojas e farmácias, são práticos e também fazem este efeito, aplique em todas as peças, faça uma oração, agradeça pelo ambiente amoroso onde você se encontra. Através de bons pensamentos permita fluir em sua casa a energia do amor, da paciência, da compreensão e da fraternidade. Invoque seu anjo protetor. VIBRE LUZ!!! “Peço ao Universo que me ajude a invocar meu Poder. Minha força é bela.” Louise Hay A harmonização do ambiente A limitação física é, sem sombra de dúvida, o maior impacto que as sequelas do AVC trazem, seja apenas a falta de força em um membro ou a tetraplegia, aceitar, enfrentar e conviver com um paciente limitado é um grande desafio. Já na ante-sala da CTI começam os questionamentos de nossas capacidades de movê-lo e transportá-lo de um lugar para outro sem riscos e sem medo. É inevitável, todos sentimos receio, impotência e a sensação de que não vamos conseguir. Ao longo dos dias, semanas, meses ou anos, de acordo com a situação de seu familiar, você vai desbravando o mundo e encontrando formas mais adequadas, acessórios de apoio, truques e a transferência do paciente passa a fazer parte da sua nova rotina. Crie, tente, invente, brinque, torne suave esta tarefa, lembre-se sempre, se você está ao lado de seu familiar como cuidador é porque ele não tem condições de viver e movimentar-se sozinho, ele precisa de sua ajuda. Faça com AMOR e muito cuidado. 5. Transferindo o paciente CUIDADO. Bastaria esta palavra, é tudo que o momento de transferência exige, extremo cuidado. Nesta hora precisamos ter paciência, atenção, objetividade, acessórios à mão, cadeiras travadas e bem posicionadas, força suficiente e foco no que estamos fazendo. Procure determinar antes da transferência para onde irá levar o paciente, não mude de ideia no meio do caminho, isto muda o direcionamento de quem o transporta e reduz sensivelmente as forças. Nunca o carregue para longas distâncias, transfira para a cadeira de rodas, leve-o até o próximo local onde deseja ficar, transfira-o novamente. Verifique sempre se as cadeiras estão travadas, se não viram, se já estão com as almofadas para acomodá-lo. Evite ter que tirá-lo da cadeira por esquecimento de colocar algo necessário embaixo do paciente. Lembre-se transferi-lo é cansativo para você, mas bem mais cansativo para ele. Não o segure com força, violência, seja suave,
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