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ação cominatória com pedido de tutela antecipada

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JUÍZO DE DIREITO DA __ VARA CIVEL DO FORUM DE CURITIBA, COMARCA DE CURITIBA 
JOAQUIM, brasileiro, (profissão), (estado civil), portador do RG n.º XXXXX e do CPF/MF n.º XXXX, residente e domiciliado na Rua ....., n.º. ...., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de seus advogados e bastante procuradores (procuração em anexo - doc. 01), com escritório conforme cabeçalho, onde recebe notificações e intimações, vêm mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência com fundamentos requerer
AÇÃO COMINATÓRIA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
em face de ANTONIO, brasileiro, (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF/MF n.º ....., residente e domiciliado(a) na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir:
DOS FATOS
O Autor é legítimo proprietário do imóvel afetado, há mais de 20 anos, conforme documento em anexo. Sendo que desde então convive com seu vizinho ANTONIO, requerido na presente demanda, os quais mantinham cordiais relações de vizinhança.
Porém, em dezembro de 2016, o Réu iniciou os trabalhos de ampliação em sua propriedade, destruindo paredes e levantando outras mais próximas à divisa do muro, onde está implantando uma varanda há cerca de 1 metro da divisa do terreno, causando perda de privacidade à parte autora.
A partir de então, o muro de propriedade do Autor, bem como sua casa, começaram a sofrer rachaduras e danos graves, ocasionados pelas obras na casa vizinha, conforme pode se observar através de laudo técnico.
DO DIREITO
1. DO PEDIDO DE TUTELA DE EVIDÊNCIA
Observa-se o disposto no art. 311 do Código de processo Civil:
Art. 311.  A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente. É possível observar através do laudo pericial de que os danos causados à residência do autor são decorrentes das obras que estão sendo realizadas no terreno do requerido, não sendo tal fato contestável.
Além do mais, a parte autora está tendo seu direito ferido ante a ilegalidade dos atos da parte requerida, devendo, desde já ser notificado para que paralise as obras até o final do presente processo.
2. DO PRECEITO COMINATÓRIO
Através da provocação da tutela jurisdicional, objetivam os Autores a compelir o Réu à obrigação de não fazer, paralisando as obras da forma que estão sendo feitas que ferem o direito da parte autora.
Tal pretensão erige-se da seguinte fundamentação legal e fática:
Prevê o artigo 5º, XXII da Constituição Federal:
“Art. 5º:
XXII - é garantido o direito de propriedade.”
Por sua vez, prescrevem os artigos 1277 e 1280 do Código Civil Brasileiro:
“Art. 1277 - O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.”
“Art. 1280 - O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano inerente.”
O mau uso da propriedade vizinha, consubstanciada está no presente caso, pelo fato de que, conforme detalhada comprovação pericial, o réu não respeitou o patrimônio da parte autora, realizando obras sem a devida precaução e ainda, tirando-lhe a privacidade.
Até meados de Dezembro de 2016, não havia quaisquer avarias no imóvel da parte autora, sendo que tais danos passaram a ocorrer após início das obras.
Conforme foi afirmado pelo Sr. Perito no laudo acostado, o réu deveria ter verificado se sua fundação, bem como o muro entre as casas seria suficiente para agüentar suas obras sem afetar o patrimônio alheio.
A afirmativa do Sr. Perito, tem amparo legal, senão vejamos:
“Art. 1305: parágrafo único - Se a parede divisória pertencer a um dos vizinhos, e não tiver capacidade de ser travejada pelo outro, não poderá este fazer-lhe alicerce ao pé, sem prestar caução àquele pelo risco que a expõe a construção anterior.”
Assim sendo, é premissa do dispositivo legal acima mencionado, que não poderia o réu ter edificado imóvel de sua propriedade, tendo como base e alicerce o muro de propriedade dos Autores, o qual não tem capacidade suficiente para arcar com a pressão exercida, oriunda das edificações efetuadas e do montante de terra a maior.
O muro de propriedade dos Autores está assentado dentro do imóvel dos mesmos e, até então, vinha suportando naturalmente a carga que existia outrora.
Porém, ante as modificações e edificações feitas pelo Réu, o referido muro hoje encontra-se em condições precárias, sendo iminente o perigo de ruína, conforme atestado pelo Sr. Perito.
Assim, sendo, é clara a necessidade da construção de um muro de arrimo por parte do Réu, com o intuito de arcar com a pressão exercida pelo aterramento efetuado, bem como para arcar com a pressão exercida pelas edificações em seu imóvel, pois conforme preceitua o parágrafo único do artigo 1305 do Código Civil, obra nova não pode expor a risco construção anterior.
Nesse sentido, preceitua a doutrina embasada no Código Civil de 1916 que se amoldava na mesma fundamentação do Código Civil atual:
“Respeitando o direito dos vizinhos e as posturas administrativas, o proprietário pode levantar em seu terreno, a construção que entender (art. 572 do Código Civil). Se o exercício desse direito está condicionado às duas restrições enumeradas é evidente que só possa exercê-lo: a) obtendo antes, das autoridades competentes, a respectiva licença; b) se a edificação não expuser o prédio vizinho a risco algum.” (in Direito de Vizinhança - Doutrina e Jurisprudência, Ulderico Pires dos Santos, Ed. Forense, 1990, pg. 116).
E ainda:
“Ely Lopes Meirelles ensina que a responsabilidade no caso “independe de culpa do proprietário ou do construtor, uma vez que não se origina da ilicitude do ato de construir, mas sim da nocividade do fato da construção. É um caso típico de responsabilidade sem culpa, consagrada pela lei civil, como exceção defensiva da segurança, da saúde e do sossego dos vizinhos (art.454). E sobejam razões para essa orientação legal, uma vez que não há de se exigir do lesado em seus bens mais do que a prova da lesão e do nexo de causalidade entre a construção vizinha e o dano.” (in, ob.cit. pg. 128)
Logo, tendo sido demonstrado o nexo de causalidade entre a construção e o aterro efetuado, com o início da curvatura do muro dos autores, atestando-se este nexo no processo administrativo juntado aos presentes Autos, doc. .... não há como deixar de evidenciar que o imóvel dos autores foi danificado única e exclusivamente pelas modificações efetuadas pelo réu.
É assim, indubitável a relação causa e efeito. Os danos que o prédio dos autores apresentam e que foram constatados pela perícia, foram ocasionados pelas obras do prédio vizinho, pertencente ao réu.
Quanto ao preceito cominatório pretendido, vêm decidindo os tribunais de forma pacífica, unânime e uniformizada:
“Ação Cominatória - Admite-se a ação de natureza cominatória a dano causado por mau uso do prédio, que prejudique a segurança, o sossego e a saúde dos que ali residem.” (TA-Mg Ac. da 1ª Câm. Cív. - publ. no DJ de 02/06/88
- Ap. nº 33.890 Conceição do Rio Verde - Rel. Juiz Correa de Matins - Hedgard Chinat Hess vs. Clube Recreativo Operário Rio Verde) (in ADCOAS 118814).
“Mau Uso de Propriedade Vizinha - A finalidade da ação cominatória do inciso VII do artigo 302 do Código de Processo Civil é impedir o mau uso da propriedade vizinha. Enquanto perdura o mau uso e há ameaça do dano, cabe a cominatória, ainda quando dos danos já tivessem ocorrido.”; (TA-SP Ap. Cív. nº 46.702 – Manuel Antonio X Otavina Bottechia - 1ª Câm. - Rel. Designado Juiz Adriano Marrey - Maioria - 02/04/62) in, Ações Cominatórias nos Tribunais, Sérgio da Silva Couto, Ed. Forense, 1ª Ed., 1972, pg. 164).
“Obras - Desabamento de Muro Divisório - Cabe ação cominatória para compelir o vizinho a efetuar obras que impeçam desabamento de muro divisório, em virtude de serviços realizados por aquele em seu terreno” (TJ-SP- Ap. Cív. nº 123.674 - Edson Baptista de Andrade versus Gastão Cézar Biénenbach de Lima, 1ª Câm. - Rel. Des. Cruz Netto - Unânime - 16/04/63) in, ob. cit. pg. 164.
O preceito condenatório é necessário, além de todo o elencado, pelo fato de que o réu foi notificado por várias vezes pelo Poder Público Municipal a executar o muro em questão, desconsiderando tais notificações e evidenciando o desprezo ao direito alheio e às instituições públicas.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer-se:
a) Digne-se Vossa Excelência receber a presente ação, determinando a citação do réu, para querendo oferecer contestação, no prazo legal, sob pena de revelia.
b) Seja julgada procedente a presente ação para:
I) Compelir o réu na construção de um muro de arrimo próprio no imóvel de sua propriedade que faz divisa com o terreno dos autores, sob pena de, em assim não procedendo, estar sujeito ao pagamento de multa diária de 30% sobre o menor valor orçado, corrigido monetariamente desde a data da elaboração, bem como condenar o réu na reparação dos danos causados aos autores, a serem devidamente liquidados em sentença, ou ainda, além da construção do muro de arrimo, em havendo alteração da situação já existente, pela ruína, desabamento ou agravamento da situação, seja o valor também apurado em liquidação de sentença, condenando o réu ao pagamento de importância suficiente para cobrir os danos causados aos autores, restabelecendo o “status quo ante”, em não sendo esse o entendimento de Vossa Excelência.
II) Ou, seja determinado ao réu, a demolição das benfeitorias erigidas, em sua propriedade, sob pena de pagamento de multa diária de 30% sobre o menor valor orçado, corrigido monetariamente desde a data da elaboração, mais o pagamento das perdas e danos devidas aos autores a serem apurados em liquidação de sentença, ou ainda, em havendo a alteração da situação já atestada, pela ruína, desabamento ou agravamento da situação, seja o réu condenado a pagar importância suficiente para cobrir os danos à época da reparação.
c) Seja determinado ao réu, liminarmente a prestação de caução, com fulcro no parágrafo único do artigo 1305 do Código Civil, no valor de R$ 50.000,00 (Cinqüenta mil) tendo em vista o iminente risco de desabamento da propriedade dos autores, atestada pelo Sr. Perito deste Douto Juízo, e a constante evolução do estado gravoso em que se encontra a propriedade dos autores, pelas modificações efetuadas pelo réu, valor este que deverá ser corrigido monetariamente, pelos índices da TRD, até o efetivo depósito;
d) Seja o réu condenado ao pagamento de juros legais e de mora;
e) Seja julgada a lide, antecipadamente, com base no artigo 330, I, do CPC, ou em não sendo este o entendimento de Vossa Excelência, “ad cautelam”, protesta-se pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos, como o depoimento pessoal dos autores, o depoimento pessoal do réu, a ouvida do Sr. Perito e do Assistente Técnico dos Autores, a juntada de documentos, entre outras;
f) Seja condenado o réu ao pagamento das cominações legais, custas e despesas processuais, incluindo-se os honorários periciais do Perito e do Assistente Técnico dos Autores, bem como a condenação ao pagamento das custas e despesas processuais relativas à presente ação, e ao pagamento de honorários advocatícios, na ordem de 20%, sobre o valor da causa atualizado, por ser medida da mais lídima Justiça;
Dá-se à causa o valor de R$ 40.000,00 (Quarenta mil reais).
Nesses Termos,
Pede Deferimento.

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