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Sentença TJSP 2017

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187º CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA 
 
PROVA ESCRITA 
(Prática de sentença cível) 
 
RESPOSTAS ESPERADAS E FUNDAMENTAÇÕES 
 
1 – A preliminar de ilegitimidade passiva do plano de saúde e do hospital deve ser rejeitada. 
A resposta deve fazer alusão aos artigos 17, 337, inciso XI e 485, inciso VI, todos do Código de Processo Civil, 
examinando a natureza da relação jurídica existente entre o autor da ação e os réus, bem como a participação de cada 
um destes. 
 
2 – A prescrição (5 anos) deve ser rejeitada. 
A resposta deve fazer distinção entre os prazos do artigo 206, § 3º, inciso V, do Código Civil (3 anos) e do artigo 27 
do Código de Defesa do Consumidor (5 anos), e também abordar o princípio da “actio nata” (artigo 189 do Código 
Civil), mencionando o momento em que o autor da ação tomou conhecimento da violação a seu direito. 
 
3 – A ação deve ser julgada parcialmente procedente em relação ao médico e ao plano de saúde (responsabilidade 
concorrente e solidária), e improcedente em relação ao hospital (o médico não pertence ao corpo clínico do hospital e 
não há alegação ou notícia de falha na prestação do serviço dentro da atividade típica do hospital). 
A resposta deve mencionar que o caso comporta análise pelas regras do Código Civil e do Código de Defesa do 
Consumidor 
Deve abordar as modalidades de responsabilidade do médico (subjetiva) e do plano de saúde e do hospital 
(objetiva). 
Quanto ao médico, discorrer acerca da conduta culposa prevista nos artigos 951 do Código Civil e 14, § 4º, do 
Código de Defesa do Consumidor (imprudência, imperícia ou negligência) e observar que a obrigação a ele adstrita é 
de meio e não de resultado. 
Quanto ao plano de saúde, discorrer acerca da relação contratual mantida com o autor e com o hospital, da 
qualidade do serviço prestado e de sua responsabilização decorrente do erro médico. Observar também que o Código 
de Defesa do Consumidor se aplica aos contratos de planos de saúde (Súmula 469 do Superior Tribunal de Justiça). 
Quanto ao hospital, examinar a relação jurídica com o autor e com o plano de saúde, a qualidade do serviço 
prestado e sua responsabilização decorrente do erro médico. Abordar a circunstância de o médico não ser integrante 
do corpo clínico e distinguir, para o caso concreto, as atividades típicas do hospital. 
 
4 – Devem ser acolhidos o pedido de indenização por danos emergentes e lucros cessantes, condenando-se o 
médico e o plano de saúde a ressarcir as quantias correspondentes às despesas com a cirurgia realizada em 10 de 
abril de 2011 (R$ 500.000,00) e ao total do salário mensal de R$ 10.000,00 (dez mil reais) que o autor deixou de 
receber durante o período de convalescença (maio de 2011 a julho de 2012). 
A quantia de R$ 500.000,00 deve ser atualizada desde o desembolso e acrescida de juros a partir da citação. 
As parcelas referentes à indenização por lucros cessantes devem ser atualizadas desde cada mês vencido e 
acrescidas de juros a partir da citação. 
Deve ser acolhido também o pedido de indenização por danos morais, mas com arbitramento em torno de R$ 
50.000,00 (cinquenta mil reais), considerando a jurisprudência dominante. 
Atualização a partir do arbitramento (Súmula 362 do Superior Tribunal de Justiça) e juros a partir da citação. 
A resposta deve abordar o conceito de dano moral “in re ipsa” e fundamentar o critério de quantificação da 
indenização. 
 
5 – Deve ser rejeitado o pedido fundado na “teoria da perda de uma chance” por se tratar de dano hipotético. 
 
6 – As quantias recebidas pelo autor a título de benefício previdenciário (auxílio-doença) não são dedutíveis do 
valor da indenização por danos materiais emergentes ou por lucros cessantes, já que as verbas têm origens diversas. 
 
7 – A ação é parcialmente procedente em relação ao médico e ao plano de saúde, ficando estes, porém, 
condenados ao pagamento dos encargos de sucumbência por ter o autor sido derrotado em parte mínima. 
O autor deve ser condenado ao pagamento dos encargos de sucumbência em relação ao hospital. 
 
A redação deve obedecer ao padrão culto da língua portuguesa, sem erros de ortografia ou concordância, com 
raciocínio lógico e linguagem clara e objetiva. 
 
 
 
187º CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA 
 
PROVA ESCRITA 
(Prática de sentença criminal) 
 
RESPOSTAS ESPERADAS E FUNDAMENTAÇÕES 
 
a) Absolver do latrocínio. 
É requisito do concurso de pessoas o vínculo subjetivo ou psicológico entre os agentes. Não basta o nexo causal. 
Necessário que cada concorrente tenha consciência de contribuir para a atividade delituosa de outrem. É indispensável 
adesão subjetiva à vontade do outro. 
No caso, a decisão de tomar a arma de Carlos foi unicamente dos corréus, ocorrendo inclusive de inopino, ante a 
sua aproximação e a constatação de que se tratava de policial. João não poderia supor que a vítima fatal se fizesse 
presente no momento da abordagem de Fernando e muito menos que estivesse com arma, bem como que os 
comparsas decidissem subtraí-la. 
Quando acionou os demais agentes, assim o fez pretendendo exclusivamente a subtração do dinheiro sacado por 
Fernando. A ação contra Carlos constituiu desdobramento de todo além de seu propósito. Ausente adesão à conduta 
dos outros, não há concurso de pessoas. 
Diferente seria a situação se nada tivesse sido subtraído de Carlos. Sabendo armados os comparsas, João poderia 
imaginar que Fernando ou outro fossem mortos. Ante a assunção de tal risco, presente estaria o dolo eventual e, 
portanto, o concurso de pessoas. 
 
b) Condenar pelos roubos cometidos contra Francisco e Fernando. Confesso e reconhecido. 
Fixar acima do mínimo as penas básicas de ambas as infrações por conta de má antecedência. Certidão 
demonstra que João, por fato anterior ao versado, ostenta condenação definitiva posterior. 
Reconhecer a atenuante da confissão espontânea, mitigando as sanções, sem, contudo, conduzi-las abaixo do 
mínimo. 
 
c) Reconhecer as majorantes do concurso de pessoas e do emprego de armas (apreendidas e submetidas a 
perícia). Incabível aumento superior ao mínimo apenas em função da duplicidade. Súmula 443 do STJ. 
 
d) Não reconhecer a participação de menor importância no roubo contra Fernando. Atuação relevante. A vítima só 
foi abordada pelos corréus porque indicada por João. Sem tal ação, o delito simplesmente não teria ocorrido. 
 
e) Reconhecer a continuidade delitiva entre os roubos. Crimes da mesma espécie e presentes os requisitos 
temporal e espacial. Igualmente presente a unidade de desígnios, pois a subtração da motocicleta integrava o mesmo 
projeto criminoso. 
Duas as infrações, aplicar aumento de 1/6. 
 
f) Embora a pena corporal, em princípio, autorize o regime semiaberto (art. 33, § 2º, “b”), possível a fixação do 
regime fechado, ante a circunstância judicial desfavorável (má antecedência), conforme § 3º do mesmo dispositivo. 
 
g) Não acolher o pedido de prisão preventiva. 
De acordo com o art. 387, § 1º, do Código de Processo Penal, a prisão processual não constitui efeito imediato da 
condenação. Imprescindível que se fundamente a necessidade da medida, adotadas as balizas do art. 312. Assim, 
insubsistente o único argumento invocado pelo Ministério Público para a segregação cautelar. 
 
A questão, nos termos em que formulada, nada sugere quanto à necessidade da custódia provisória. Defeso ao 
candidato, portanto, criá-la. Nenhuma referência traz o problema de que o acusado tenha embaraçado a instrução ou 
de que pretenda se furtar à aplicação da lei. Também nada indica que se deva garantir a ordem pública, pois 
respondeu solto a todo o feito. 
 
A redação deve obedecer ao padrão culto da língua portuguesa, sem erros de ortografia ou concordância, com 
raciocínio lógico e linguagem clara e objetiva.

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