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18/04/2013 1 Virulência microbiana * Animais e plantas passam toda a vida em contato com microrganismos (simbiose) * Muitos tipos de microrganismos habitam os animais e as plantas como comensais inócuos ou mutualísticos * Porém, se os mecanismos de defesa enfraquecem: comensais parasitas * Outros patógenos podem invadir os organismos doença * Doença ou saúde resultam do equilíbrio das relações parasita- hospedeiro Introdução 2 HABITAT SUBSTRATO VIAS DE DISPERSÃO •Solo •Água •Vegetais •Homem •Animais •Solo •Água •Vegetais •Homem •Animais •Substratos diversos •Ar atmosférico •Água •Homem •Animais •Insetos Fatores de interferência •Forma •Tamanho •Quantidade •Variabilidade •Velocidade de dispersão •Fatores climáticos •Distância a ser percorrida •Barreiras geográficas •Nutrientes •Fatores ambientais •Susceptibilidade do hospedeiro As interações parasito-hospedeiro são complexas � Depende: � Condições de multiplicação dos tecidos � Mecanismos de virulência dos microrganismos � Mecanismos de resistência do hospedeiro 18/04/2013 2 As interações parasito-hospedeiro são complexas • Hospedeiro Resistência Susceptibilidade Habilidade em repelir a doença por meio de seus mecanismos de defesa Falta de resistência São fatores de resistência do hospedeiro contra invasões; Barreiras naturais (mecânicas e químicas) de defesa contra invasão: Mecanismos de Defesa (resistência) Resistência Inespecífica Resistência Específica Primeira Linha Segunda Linha Pele intactaPele intacta Membranas mucosas Secreções Microbiota normal Leucócitos fagocitáriosLeucócitos fagocitários Inflamação Febre Produtos antimicrobianos Terceira Linha Linfócitos especializados (Células B e T) Anticorpos 18/04/2013 3 Hospedeiro Microrganismo Desequilíbrio = Doença A capacidade de um microrganismo de causar doença é denominada patogenicidade Patógeno: � Microrganismo capaz de causar doença; � oportunistas � primários Patogenicidade: � Capacidade de um agente infeccioso de provocar doença; � Depende da capacidade do microrganismo: � Aderir às superfícies do hospedeiro; � Penetrar nos tecidos; � Se multiplicar em seu interior; � Produzir toxinas e/enzimas; � Evitar ser atingido pelas defesas do hospedeiro; � Disseminar e causar sinais e sintomas da infecção; Toxigenicidade: � Capacidade de um microrganismo de produzir uma toxina; � Contribui para o desenvolvimento da doença; Conceitos Conceitos As propriedades microbianas que acentuam a patogenicidade dos microrganismos são chamados de fatores de virulência Virulência: � Intensidade da doença produzida por um patógeno; � Agentes virulentos causam doença quando introduzidos em pequeno número; � Capacidade quantitativa de um agente de provocar doença; � Envolve a capacidade de invasão e toxigenicidade; ASPECTOS GENÉTICOS DOS FATORES DE VIRULÊNCIA Os fatores de virulência podem ser codificados por: • Plasmídios • Transposons (SI, complexos, conjugativos) • Ilhas de patogenicidade 18/04/2013 4 �Adesão � Penetração (invasão) �Multiplicação �Resistir às defesas do hospedeiro �Disseminação � Prejudicar o hospedeiro (sinais e sintomas) Para causar doença, a maioria dos patógenos deve: Mecanismos de Patogenicidade Microbiana Superfícies do corpo como sítios de infecções microbianas e de disseminação microbiana. Setas verdes indicam infecção; setas roxas indicam disseminação 18/04/2013 5 A aderência constitui a primeira etapa do processo infeccioso; Ao penetrarem no hospedeiro as bactérias devem aderir às células teciduais; � Se não conseguem são eliminadas pelo muco ou líquidos que banham a superfície tecidual; Adesão • Obtida através de moléculas de superfície do patógeno que que se ligam a proteínas da matriz extracelular (fibronectina, colágeno, laminina, etc) , ou diretamente a receptores na superfície das células do hospedeiro • Adesinas (glicoproteínas e lipoproteínas) • Receptores (açúcares) Adesinas não fimbriais Fimbrias⁄Pili Adesão hidrofóbica Adesão Adesinas na parede bacteriana Membrana celular do hospedeiro Receptor Adesinas não fimbriais: Proteínas ou polissacarídeos não filamentosos que participam da ligação com as células do hospedeiro Ex: � Proteína F (Streptococcus pyogenes), � Ácidos teicóicos (bactérias Gram +) fibronectinafibronectina Ác. LipoteicóicoÁc. Lipoteicóico Proteína FProteína F FÍMBRIAS ⁄PILI Estrutura proteica filamentosa que participa da ligação com as células do hospedeiro PILIPILI⁄⁄FIMBRIASFIMBRIAS ADESINAS BACTERIANAS ADESINAS BACTERIANAS Pilina Pili ou fimbria Adesina específica Carboidrato receptor: •D-manose •Ácido siálico 18/04/2013 6 • Glicocálice⁄Slime: polímeros extracelulares que se estendem para fora da célula com a função de aderência. • Cápsula: polímero que circunda firmemente a superfície bacteriana com função de aderência e inibição da fagocitose � A invasão do epitélio do hospedeiro é essencial no processo infeccioso; � Interação direta com receptores da célula hospedeira � deslocamento de proteínas bacterianas para fazer rearranjo da membrana do hospedeiro, induzindo endocitose � Invasão extra-celular – Patógeno quebra as barreiras de um tecido e se dissemina, permanecendo fora da célula do hospedeiro. � Substâncias que promovem a invasão são denominadas INVASINAS; Invasão • HIALURONIDASE • COLAGENASES • NEURAMINIDASES • ESTREPTOQUINASE E ESTAFILOQUINASE • FOSFOLIPASES • LECITINASES • HEMOLISINAS • COAGULASE ESTAFILOCOCICA • PROTEASES • LIPASES • GLUCOHIDROLASES • NUCLEASES PROTEÍNAS EXTRACELULARES QUE PROMOVEM⁄AUXILIAM INVASÃO 18/04/2013 7 Interações microbianas com as membranas mucosas: (a) associação frouxa; (b) adesão; (c) invasão Fonte: Microbiologia de Brock; Madigan et al., 2004 25 Evasão Capacidade dos micro-organismos de escapar dos mecanismos de defesa do hospedeiro Apresentam substâncias ou estruturas denominadas EVASINAS. � Encapsulamento e formação de Biofilmes � Mimetismo antigênico � Mascaramento antigênico � Desvio antigênico � Produção de proteases anti-imunoglobulinas � Destruição de fagócitos � Inibição da quimiotaxia � Inibição da fagocitose � Inibição da fusão do fagolisossomo � Resistência às enzimas lisossomiais � Replicação intracelular Cápsula bacteriana O componente C3b do complemento tende a fixar-se sobre a superfície bacteriana, porém isso é mais difícil se a bactéria possui cápsula, pois a célula fagocítica não consegue interagir adequadamente com a bactéria para realizar a fagocitose e eliminação desta. • inibe fagocitose • inibe a ligação da célula fagocítica a bactéria • aumenta a virulência da bactéria Bacillus anthracis Streptococcus pneumoniae Klebsiella pneumoniae Streptococcus mutans Cápsula 18/04/2013 8 � Comunidades microbianas complexas, envoltas por uma matriz, geralmente polissacarídica, que se formam e sofrem alterações ao longo do tempo, promovendo aderência inespecífica a materiais inertes ou estruturas do hospedeiro e proteção contra, fagocitose, desidratação, antimicrobianos etc BIOFILME Ex : Staphylococcus epidermidis, Streptococcus mutans, Pseudomonas aeruginosa Desenvolvimento de um biofilme. (a) Colonização primária de um substrato; (b) crescimento, divisão celular e produção do exopolissacarídeo (EPS), com o desenvolvimento de microcolônias; (c) coadesão de células individuais, de células coagregadas e grupos de células idênticas, originando um biofilme jovem, de múltiplas espécies; (d)maturação e formação de mosaicos clonais no biofilme maduro. 31 Termo usado para designar um mecanismo de comunicação celular (bactérias) mediado pela densidade populacional, que promove a ativação ou repressão de vários genes, levando a novos fenótipos Quorum Sensing Oi! Posso ativar os teus genes? Quorum Sensing Bioluminescência Formação de biofilmes Produção de antibióticos Esporulação Expressão de genes de virulência Transferência de DNA Bioluminescência Formação de biofilmes Produção de antibióticos Esporulação Expressão de genes de virulência Transferência de DNA 18/04/2013 9 Variação Antigênica • Capacidade de ativar ou desativar genes que codificam para os antígenos de superfície � Proteína A � Proteína G � Mimetismo... DIMORFISMO DOS FUNGOS Y M ALFA GLUCANA 38,2 - BETA GLUCANA 6,2 25,1 GALACTOSE TRAÇOS 7,5 MANOSE TRAÇOS 15 37oC Y-Y 37-25 Y-M 25-37 M-Y + síntese alfa glucana + enzimas B- glucanase e redutase proteica - síntese alfa glucana - redutase proteica - síntese alfa glucana fibras entrelaçadas MODELO DE PATOGENICIDADE Fungos dimórficos • 25 C- FASE M • 37 C- HOSPEDEIRO MECANISMO DE DEFESA ÍNTEGRO MECANISMO DE DEFESA DEFICIENTE FAGÓCITOS ATUAM RÁPIDO B-GLUCANASE DIGERE FASE M FAGÓCITOS NÃO ATUAM RÁPIDO M-Y FASE M GALACTO-MANANA IMUNOGÊNICA FASE Y MENOS NÃO IMUNOGÊNICA INFECÇÃO EVITADA INFECÇÃO DISSEMINADA Liberação de toxinas Impede a opsonização Inibição da formação do fagolisossomo Evasão para dentro do citoplasma Resistência ‘a morte 18/04/2013 10 Uma vez que patógenos invadem a célula do hospedeiro, eles podem causar lesão: À medida que retiram nutrientes da célula; Pelos subprodutos do crescimento (ácidos, gases), tóxicos para os tecidos; Pela produção de: � Toxinas (endotoxinas e exotoxinas); � Enzimas degradativas; � Superantígenos (Antígenos que induzem doença auto-imune) Fatores de Lesão Para proliferar, a bactéria deve encontrar no organismo os nutrientes necessários; Destaca-se o ferro que a bactéria usa para sintetizar seus citocromos e proteínas; O ferro no organismo humano não se mostra disponível, pois forma complexo: Lactoferrina; Ferritina; Transferrina; Hemina; As bactérias devem ter a capacidade de retirar o ferro destes complexos; As baixas [ferro] estimulam as bactérias a produzirem sideróforos; Substâncias que apresentam grande afinidade pelo ferro; Algumas bactérias obtém o ferro internalizando as proteínas de transporte; Fatores Nutricionais Bacteria Sideróforo Proteínas portadoras Célula Fe3+ Fe3+ Fe3+Fe 3+ Transferrina Lactoferrina Hemoglobina Fe2+ Fe2+ Receptor Fe2+ Enzimas Hidrolíticas São enzimas que degradam componentes da matriz extracelular; Podem dissolver coágulos sanguíneos e desorganizar a estrutura dos tecidos; A degradação dos componentes da matriz celular gera uma série de nutrientes; 18/04/2013 11 – Lecitinase: degrada a lecitina do tecido; – Colagenase: degrada o colágeno do tecido conjuntivo fibroso; • Clostridium sp; – Coagulase: atua na coagulação do fibrinogênio no sangue; • Staphylococcus sp – Fibrinolisina : dissolvem os coágulos que isolam a infecção; • S. pyogenes (estreptoquinase) e S. aureus (estafiloquinase) – Hialuronidases: hidrolisam o ácido hialurônico do tecido conjuntivo; • Streptococcus sp e Clostridium sp; – Hemolisinas: dissolvem os eritrócitos; – Leucocidinas: destroem os leucócitos – IgA1 Proteases: clivam os anticorpos encontrados na superfície das mucosas. • Neisseria gonorrhoeae e Neisseria meningitidis. Enzimas Hidrolíticas Consequências das atividades enzimáticas Superantígenos • São um grupo especial de toxinas • Não são processadas pelos macrófagos • Ligam-se, simultaneamente a MHC II e receptores em linfócitos T gerando uma resposta imune exacerbada, potencialmente fatais • Toxinas são produtos bacterianos que provocam lesão tecidual direta ou disparam atividades biológicas destrutivas; • O termo toxemia refere-se à presença de toxinas no sangue; • Fatores de Lesão Atualmente existem mais de 240 diferentes toxinas bacterianas conhecidas 18/04/2013 12 As toxinas podem ser classificadas de acordo: • padrão de liberação (endotoxina, exotoxina); • alvo tecidual : enterotoxinas, neurotoxinas, leucotoxinas, hemolisinas, etc. • mecanismo de ação : toxinas que atuam na membrana celular; toxinas que causam danos à membrana; toxinas que atuam intracelularmente Toxinas produzidas por fungos (Adapted from Richard JL: Mycotoxins and human disease. In Anaissie EJ, McGinnis MR, Pfaller MA, editors: Clinical mycology, New York, 2003, Churchill Livingstone.) Toxinas produzidas por algas Maré vermelha São solúveis nos líquidos corporais e podem se difundir facilmente no sangue; Atuam destruindo partes das células hospedeiras ou inibindo funções metabólicas; O corpo produz anticorpos denominados antitoxinas que fornecem imunidade; Podem ser: Citotoxinas; Neurotoxinas; Enterotoxinas "São toxinas produzidas no interior de algumas bactérias como parte de seu crescimento e metabolismo, sendo secretadas no meio circundante ou liberadas após a lise bacteriana" Toxinas bacterianas Exotoxinas 18/04/2013 13 Citotoxina Provocam morte celular Enterotoxina Perda de nutrientes celulares Neurotoxina Acetilcolina Atuam no sistema nervoso Doença sp atividade da toxina Botulismo C. botulinum Neurotoxina, paralisia Cólera V. cholerae Perda de fluidos, vômitos Intox. alimentar estafilocócica S. aureus Náuseas, vômitos, Diarréia Difteria C. diphteriae Citotoxina, Paralisia, cardiopatias Disenteria bacilar S. dysenteriae Neuropatias, diarréia Tétano C. tetani Neurotoxina – contração espasmódica Escarlatina S. pyogenes Exantema Coqueluche B. pertussis Tosse paroxísmica, vômito Exotoxinas 18/04/2013 14 Botulismo Botulismo de ferimento Botulismo alimentar Botulismo infantil Tétano São parte da porção externa da parede celular de bactérias Gram –; A porção lipídica dos lipopolissacarídios (LPS), denominada lipídio A é a endotoxina; São liberadas quando a bactéria morre e sua parede sofre lise; Também podem ser liberadas durante a multiplicação bacteriana; Exercem seu efeito estimulando macrófagos a liberar citocinas; Podem ativar as proteínas de coagulação do sangue (coágulos) � morte tecidual; Todas as endotoxinas produzem os mesmos sinais e sintomas: Calafrios; Febre; Fraqueza; Dores generalizadas; Choque � morte. Endotoxinas Endotoxin of Gram-negatives Memb. celular. peptidoglIcana Memb. externa. Gram- negativa Lipídio A Núcleo polissacarídeo O cadeia lateral A parte tóxica Ajuda a solubilizar o Lipídio A Antígeno somático Lipopolissacarídeo (LPS) Endotoxina de Gram Negativa 18/04/2013 15 Além de IL-1 a maioria dos efeitos das endotoxinas são mediados por TNF O termo choque refere-se a qualquer perda de pressão arterial com risco de morte; O choque causado por bactérias é denominado choque séptico (endotóxico); A fagocitose da bactéria faz o fagócito secretar o fator de necrose tumoral (TNF); O TNF liga-se a muitos tecidos e altera seu metabolismo em uma série de formas; O efeito do TNF é o aumento da permeabilidade; Os capilares perdem grandes quantidades de líquido � queda da pressão � choque; As endotoxinas não promovem a formação de antitoxinas efetivas; Microrganismos que produzem endotoxinas: Salmonella typhi; Proteus spp.; Neisseria meningitidis; Endotoxinas Atividades de lipopolisacarideo(LPS). Esta endotoxina bacteriana ativa quase todos os mecanismos imunológicos, bem como a coagulação percurso que, em conjunto, faz o LPS um dos mais poderosos estímulos imunes conhecidos. DIC, coagulação intravascular disseminada; IFN-γ interferon-γ; IgE, imunoglobulina E; IL-1, interleucina-1; PMN, polimorfonucleares (neutrófilos) leucócitos; TNF, fator necrose tumoral. 18/04/2013 16 Choque séptico Coagulação intravascular disseminada Endotoxina EXOTOXINASEXOTOXINAS ENDOTOXINASENDOTOXINAS • Excretadas • G+ e G- • Proteínas • Instáveis (lábil) • Muito antigênicas • Muito tóxicas • Convertidas em toxoides • Atividade enzimática • Não Pirogênicas • Parte de parede celular • G- • LPS • Estáveis • Pouco antigênicas • Toxicidade moderada • Não convertidas em toxoides • Não tem atividade enzimática • Pirogênicas TOXINAS BACTERIANAS
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