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RESUMO Amanda A. Nogueira Sabe-se que a cárie dentária e a doença periodontal são as afecções que mais afetam a cavidade bucal, sendo que as lesões de cárie são as causadoras mais importantes até os 35 anos e a doença periodontal assume a partir de então e, torna-se a causa predominante das avulsões dentárias. Levando-se em consideração que a doença periodontal é essencialmente evolutiva, pode-se inferir que crianças com 10 anos de idade com doença periodontal, já possuíam gengivite aos 7/8 anos. Então, se não for efetuado um diagnostico precoce associado a um tratamento imediato da gengivite, aumenta-se a possibilidade de se instalar periodontite quando a criança atingir a adolescência. ESTRUTURA PERIODONTAL Periodonto de proteção: Gengiva marginal: é a gengiva que circunscreve o dente e pode ser identifica por meio do sulco marginal (discreta depressão) que é mais evidente na dentição decídua e menos, na permanente. Ela pode ser observada em uma secção no sentido vestíbulolingual, onde se constata a existência de uma vertente interna (voltada para o dente) e uma externa (voltada para cavidade oral); o espaço compreendido entre a vertente interna e o dente constitui o sulco gengival que clinicamente possui uma profundidade de 2 mm nas faces livres e 3 mm nas faces interproximais, porém durante a erupção dentária essas medidas aumenta, podendo chegar até 7 mm sem, contudo, caracterizar qualquer tipo de alteração patológica. No sulco gengival há o epitélio juncional (protege o periodonto fisicamente contra agressões mesmo sendo muito permeável) e o fluido gengival (importante na defesa do organismo). Gengiva inserida: corresponde à faixa que vai do término da porção apical do epitélio juncional até a linha mucogengival, na dentição decídua varia a 1 a 9 mm. A sua largura varia de acordo com o dente, sendo maior na região de incisivos é menor na região de pré-molares e caninos inferiores e áreas de bridas, freios e inserções musculares. Apresenta-se com um aspecto de “casca de laranja”, mas na dentição decídua isso não é tão observado. Gengiva papilar: é o tecido gengival que preenche o espaço interproximal e, dessa forma, varia de acordo com os dentes contactantes. Na dentição decídua (arco de Baume tipo I), em virtude dos diastemas fisiológicos, a gengiva papilar apresenta-se em forma de sela e, na dentição permanente ou em arco de Baume tipo II, apresenta-se de forma triangular. Pode-se apresentar retraída quando o freio labial inferior se encontra inserido próximo. Periodonto de sustentação: Osso alveolar: é a área do processo ósseo na qual estão inseridas as fibras colágenas do ligamento periodontal, tendo, portanto como principal função alojar o dente indiretamente através do ligamento e se comportar com versatilidade quando solicitado para função de neoformação e reabsorção óssea. Sua existência é justificada pela presença dos dentes. É constituído por dois tipos ósseos: o compacto que irá revestir o alvéolo dentário e as porções vestibular (tábua óssea vestibular) e lingual (tábua óssea lingual); e o medular que corresponde a parte trabeculada do osso. A tábua óssea tem espessura variável de dente para dente, sendo que no canino é onde fica mais fina podendo gerar deiscências e fenestrações. O tecido interdental morfologicamente pode ser chamado de septo interdental e sua porção coronária de crista óssea alveolar. Possui uma quantidade de forames – lâmina cribriforme – que permitem grande difusão de capilares advindos do osso medular em direção ao ligamento periodontal. LIVRO: Odontopediatria – Guedes-Pinto PPPeeerrriiiooodddooonnntttiiiaaa Tanto a gengiva marginal quanto a inserida são fartamente irrigadas por um sistema de capilares advindos de vasos provenientes do ligamento periodontal, da crista óssea alveolar e dos vasos supraperiósticos. RESUMO Amanda A. Nogueira Ligamento periodontal: é o componente tecidual existente entre o cemento radicular e o osso alveolar. Apresentam fibroblastos, osteoclastos e toda linhagem de células de defesa, além de vascularização e drenagem linfática própria; a inervação presente exerce função de tato, pressão e dor, e receptores proprioceptivos induzem ao equilíbrio da função muscular mastigatória. Dentre as fibras principais tem-se: o grupo da crista que impedem a extrusão e fornecem resistência às forças horizontais exercidas sobre o dente; grupo horizontal tem a mesma função do grupo da crista; o grupo obliquo corresponde a cerca de 2/3 da área do ligamento e impede a intrusão do dente e, sobretudo, por meio de um mecanismo de compensação fisiológica, transforma as forças oclusais de pressão em forças de tração sobre o osso; existem ainda os grupos apicais e os das fibras secundárias. Cemento radicular: recobre toda raiz anatômica do dente e eventualmente parte do esmalte. Ele pode ser celular , quando a calcificação da matriz colágena é de velocidade tal que mantém os cementoblastos aprisionados em seu interior, ou ele pode ser acelular que é mais espesso a nível cervical e é calcificado mais lentamente. A principal função do cemento é servir de ancoradouro para as fibras do ligamento periodontal. Sua relação com o esmalte pode ser de quatro tipos: sobre o esmalte, sob o esmalte, encostado no esmalte ou longe do esmalte, sendo que esse último tipo pode resultar em grande sensibilidade dolorosa diante de estímulos térmicos, mecânicos ou químicos. Característica Adolescente Criança Cor da Gengiva Vermelho-róseo Mais avermelhada que a do adulto e menos fibrótica Contorno da gengiva marginal Festonamento com a borda ligeiramente proeminente Festonamento com a borda bem evidente Posição da gengiva marginal Próxima a JCE Mais coronária em relação a JCE Papila gengival Preenche espaço interproximal e deve estar perfeitamente biselada Trapezoidal ou triangular - De acordo com os arcos de Baume Superficie da gengiva inserida “casca de laranja” Pontilhado quase inexistente Relação da gengiva inserida/mucosa alveolar Coloração vermelho menos intenso Profundidade do sulco gengival 2 mm na face livre e 3 mm nas proximais 1 a 2 mm, porém na erupção pode chegar a 7 mm DOENÇAS PERIODONTAIS Gengivite crônica: é a mais comum e apresenta grande prevalência entre crianças e adolescentes. A gengiva se apresentará vermelho-rósea, na região de gengiva marginal observa-se festonamento com borda evidentemente levantada, há o aumento do volume gengival e, consequentemente, na área de col há um aprofundamento à sondagem, podendo gerar sangramento (é comum) que dificilmente ultrapassa 3 mm. Pode-se observar exsudato, ausência de dor espontânea e mobilidade. O tratamento consiste em: motivar o paciente quanto à escovação e raspagem, alisamento e polimento dental, em casos de não regressão, pode- se optar por cirurgias periodontais Gengivite eruptiva: não é considerado um processo patológico, mas sim um processo transitório que deve ser acompanhado para não evoluir para uma patologia Gengivoestomatite herpética aguda: é uma doença infectocontagiosa causada pelo vírus herpes simples. A infecção primaria ocorre, em geral, na faixa etária de 2 a 6 anos e caracteriza-se pela presença de algumas vesículas. Acredita-se que a maioria das infecções primárias seja do tipo subclinico, porém há casos onde as manifestações são agudas, com a presença de vesículas que se rompem formando ulceras dolorosas, RESUMO Amanda A. Nogueira cobertas por uma membrana de cor acinzentada, apresentando inflamações circunscritas. Os sinais e sintomas aparecem repentinamente e duram de 7 a 10 dias (o ciclo). Pode estar associada a: febre,mal- estar, anorexia, aumento da salivação, irritabilidade, dor durante a ingestão de alimentos e ácidos. O tratamento consiste em: reduzir a febre, aumentar a resistência local e geral, suprir possíveis deficiências nutritivas, aliviar a dor; como tratamento sintomático pode-se fazer uso de anestésicos tópicos, antiinflamatórios, analgésicos, altas doses de vitaminas como o complexo B e vitamina C. Gengivite ulcerativa necrosante: raramente ocorrem em crianças. Os sinais mais característicos são: tecido gengival bastante avermelhado, inversão da topografia da papila, presença de pseudomembrana, áreas de necrose, sangramento espontâneo, halitose, febre, enfartamento ganglionar e dor espontânea. Não é contagiosa (diagnostico diferencial: Gengivoestomatite herpética). O tratamento consiste em: bochechos com soluções oxidantes (uma colher de chá com água oxigenada a 10 volumes diluída em 100 ml de água morna) e em casos de comprometimento sistêmico, antibioticoterapia; deve-se motivar o paciente quanto à escovação e raspagem, alisamento e polimento dental Hiperplasia gengival dilantínica/medicamentosa: ocorre em casos onde o paciente faz uso de medicamentos anticonvulsivantes à base de difenilidantoinato de sódio. Apresenta como característica clinica hiperplasia gengival que se inicia na região de papila. O tratamento consiste em: motivar o paciente quanto à escovação e raspagem, alisamento e polimento dental, em casos de não controle, opta-se por cirurgias periodontais Cisto ou hematoma de erupção: Gengivite associada à respiração bucal Periodontite: é uma consequência da gengivite crônica. Os dados clínicos da periodontite são iguais aos da gengivite, acrescidos dos sinais de uma lesão severa e profunda. Por sua vez, o dado radiográfico mais significativo é representado pela imagem de reabsorção óssea alveolar. Pode ser diagnosticada através de: presença de bolsa periodontal associada a sangramento e exsudato; reabsorção óssea alveolar horizontal ou vertical; mobilidade dentária, onde 0,5 mm em sentido vestibulolingual já é considerado patológico; e migração patológica de dentes ocasionando diastemas. O tratamento consiste em: motivar o paciente quanto à escovação e raspagem, alisamento e polimento dental, em alguns casos em crianças e adolescente, opta-se por cirurgias periodontais (gengivectomia) para eliminação de bolsas periodontais ETIOLOGIA Fatores locais: o Determinantes: microorganismos e placa bacteriana o Predisponentes: anatomia dentária, forma da arcada dentária, anatomia do periodonto de proteção, gravidez, respiração bucal, dentes decíduos em esfoliação, adaptação e acabamento cervical de restaurações e coroas de aço, aparelhos ortodônticos, nível do termino cervical de preparos, contorno das restaurações, calculo dentário o Modificadores: traumatismo dental, hábitos parafuncionais, excesso de restauração Fatores sistêmicos: o Doenças: diabetes e discrasias sanguíneas (Anemia, hemofilia, agranulocitose, trombocitopenia, púrpura) o Fatores sistêmicos: puberdade e menstruação o Gravidez: medicamentos, nutrição e deficiência vitamínica TEREPÊUTICA PERIODONTAL Princípios básicos: higiene bucal e motivação do paciente; raspagem, alisamento e polimento coronário e radicular; pequenos movimentos ortodônticos; desgaste seletivo prévio; placa de mordida Terapêutica complementar: técnicas cirúrgicas (gengivoplastia – casos de gengivite - e gengivectomia – casos de periodontite); e desgaste seletivo propriamente dito.