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1 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Oi, Gente! Mas vamos ao nosso encontro de hoje!!! Legislação federal aplicável aos agentes públicos – Lei nº 8112/90. Beijo carinhoso e bons estudos! Patrícia Carla REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DA UNIÃO (Lei nº 8112/90) Ao conjunto de regras que disciplinam determinado instituto dá-se o nome de regime jurídico. Assim, são estabelecidas normas para a nomeação, aposentadoria, estabilidade, acumulação de cargos, enfim, seus deveres, direitos e demais aspectos da vida funcional do servidor público. Nesse contexto, essas normas podem ser estabelecidas por lei ou por contrato. No primeiro caso, o regime será legal, e estabelecido por meio do Estatuto dos Servidores Públicos. No último, será contratual, com as regras dadas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT, Decreto-lei nº 5.452/1943 e Lei nº 9.962/20001). É justamente aí que se insere o referido Estatuto: trata-se da lei que estabelece a inter-relação dos servidores públicos com a Administração, especificando todos os detalhes dessa convivência profissional. A Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, é que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. E é essa lei que vai nos interessar neste estudo, voltado fundamentalmente para concursos federais. AGENTES PÚBLICOS 1 Na ADI 2.135 (julgamento em 02/08/2007, DJ 14/08/2007) o STF suspendeu, cautelarmente e com efeito ex nunc, a alteração do caput do art. 39, CF/88, retornando sua redação original, onde se exige a existência de um Regime Jurídico Único (RJU) dos Servidores Públicos. Assim, a partir dessa decisão, tornou-se inaplicável a Lei nº 9.962/2000. 2 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br O gênero agentes públicos abrange todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, mesmo que transitoriamente e sem remuneração, prestam algum tipo de serviço ao Estado. Entre os agentes, encontram-se três espécies principais, quais sejam, os agentes políticos, os agentes em delegação e os servidores públicos. Assim, agentes políticos são os que compõem os altos escalões do Governo, como Presidente da República, Governador, Prefeito, Senador, Deputado, Vereador e Magistrado, com características, prerrogativas e privilégios próprios, em geral estabelecidos pela Constituição Federal. Já os agentes em delegação são aqueles particulares que recebem do Estado a competência para executar determinada atividade pública, ou prestação de serviço público ou, ainda, construção de obra pública. Citem- se os leiloeiros, peritos, tradutores, concessionários, permissionários e autorizatários. Servidores públicos, em sentido amplo, são todos os que prestam serviços ao Estado, incluindo a Administração Pública Indireta, tendo vínculo empregatício e pagos pelos cofres públicos. São também chamados de agentes administrativos. Nessa classificação estão tanto os servidores estatutários, sujeitos ao regime legal, quanto os empregados públicos, do regime contratual, além dos temporários, nos termos do art. 37, IX, da CF/88. Os servidores estatutários, também chamados de funcionários públicos (como na CF/67), são os titulares de cargos públicos e estão sujeitos ao regime legal, ou estatutário, pois é lei de cada ente da federação (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios) que estabelece as regras de relacionamento entre os servidores e a Administração Pública. Tais regras podem ser alteradas unilateralmente, mas com respeito aos direitos já adquiridos. Esse regime é destinado, preferencialmente, às funções públicas que exigem do agente poderes próprios de Estado (art. 247, CF/88), conferindo-lhe prerrogativas especiais, como a estabilidade. No plano federal, o estatuto dos Servidores Civis da União, Autarquias e 3 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Fundações Públicas é esta Lei nº 8.112/90, com alterações posteriores determinadas especialmente pela Lei nº 9.527/972. Empregados públicos são aqueles contratados, seguindo o regime trabalhista, próprio da iniciativa privada. Assim, devem obedecer a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT e Lei nº 9.962/20003), bem como as regras impostas pela CF/88, como acesso mediante concurso público (art. 37, II, CF/88), limitações de remuneração (art. 37, XI, CF/88) e acumulação remunerada de cargos e empregos públicos (art. 37, XVI e XVII, CF/88). Por sua vez, os empregados das empresas públicas ou sociedades de economia mista, ainda que exploradoras de atividade econômica (art. 173, CF/88), equiparam-se a servidores públicos em diversos aspectos, como limites à acumulação (art. 37, XVII, CF/88), teto remuneratório (art. 37, § 9º, CF/88) e à regra do concurso público, conforme revela antiga decisão do STF4: CARGOS E EMPREGOS PUBLICOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA, INDIRETA E FUNDACIONAL. ACESSIBILIDADE. CONCURSO PÚBLICO. A acessibilidade aos cargos públicos a todos os brasileiros, nos termos da Lei e mediante concurso público é princípio constitucional explícito, desde 1934, art. 168. Embora cronicamente sofismado, mercê de expedientes destinados a iludir a regra, não só foi reafirmado pela Constituição, como ampliado, para alcançar os empregos públicos, art. 37, I e II. Pela vigente ordem constitucional, em regra, o acesso aos empregos públicos opera-se mediante concurso público, que pode não ser de igual conteúdo, mas há de ser público. As autarquias, empresas publicas ou sociedades de economia mista estão sujeitas à regra, que envolve a 2 O Regime Jurídico dos Servidores do Serviço Exterior Brasileiro está regrado na Lei nº 11.440/2006. 3 Na ADI 2.135 (julgamento em 02/08/2007, DJ 14/08/2007) o STF suspendeu, cautelarmente e com efeito ex nunc, a alteração do caput do art. 39, CF/88, retornando sua redação original, onde se exige a existência de um Regime Jurídico Único (RJU) dos Servidores Públicos. Assim, a partir dessa decisão, tornou-se inaplicável a Lei nº 9.962/2000. 4 STF, MS 21.322/DF, relator Ministro Paulo Brossard, publicação DJ 23/04/1993. 4 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br administração direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Sociedade de economia mista destinada a explorar atividade econômica está igualmente sujeita a esse princípio, que não colide com o expresso no art. 173, § 1º. Exceções ao princípio, se existem, estão na própria Constituição. Já os temporários são aqueles contratados para atividades transitórias, emergenciais, submetidos a um regime jurídico especial, como, na esfera federal, disciplinado pela Lei no 8.745/935, com alterações posteriores, em especial pela Lei no 10.667/2003 e pelo Decreto no 4.748/2003, que a regulamenta. A lei que trate desse tipo de situação não pode estabelecer hipóteses abrangentes e genéricas de contratação temporária, sem a especificação da contingência fática que evidencie tal situação excepcional, sob pena de inconstitucionalidade6. Essa classe está prevista, como mencionado, no art. 37, IX, da CF/88, e também tem seus litígios submetidos à Justiça Federal, quando contratados por entidade dessa esfera: 5 Lei no 8.745/93, art. 2º Considera-se necessidade temporária de excepcional interesse público: I - assistência a situações de calamidade pública; II - combate a surtos endêmicos;III - realização de recenseamentos e outras pesquisas de natureza estatística efetuadas pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; IV - admissão de professor substituto e professor visitante; V - admissão de professor e pesquisador visitante estrangeiro; VI - atividades: a) especiais nas organizações das Forças Armadas para atender à área industrial ou a encargos temporários de obras e serviços de engenharia; b) de identificação e demarcação desenvolvidas pela FUNAI; c) (Revogado) d) finalísticas do Hospital das Forças Armadas; e) de pesquisa e desenvolvimento de produtos destinados à segurança de sistemas de informações, sob responsabilidade do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Segurança das Comunicações - CEPESC; f) de vigilância e inspeção, relacionadas à defesa agropecuária, no âmbito do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, para atendimento de situações emergenciais ligadas ao comércio internacional de produtos de origem animal ou vegetal ou de iminente risco à saúde animal, vegetal ou humana; g) desenvolvidas no âmbito dos projetos do Sistema de Vigilância da Amazônia - SIVAM e do Sistema de Proteção da Amazônia - SIPAM. h) técnicas especializadas, no âmbito de projetos de cooperação com prazo determinado, implementados mediante acordos internacionais, desde que haja, em seu desempenho, subordinação do contratado ao órgão ou entidade pública. 6 STF, ADI 3.210/PR, relator Ministro Carlos Velloso, publicação DJ 03/12/2004. Veja também: STF, ADI 890/DF, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 06/02/2004. 5 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR FEDERAL. FUNASA. CONTRATO TEMPORÁRIO. GUARDA DE ENDEMIAS. EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICO. RESCISÃO. LEI 8745/93. Compete à Justiça Comum Federal processar e julgar pedido indenizatório relativo à contratação efetuada pela Fundação Nacional da Saúde para atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público. Conflito conhecido para declarar a competência da Justiça Comum Federal.7 CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR FEDERAL. CONTRATO TEMPORÁRIO. EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICO. RESCISÃO. Compete à Justiça Comum Federal processar e julgar pedido de verbas indenizatórias relativas a contratação efetuada pela União ou suas entidades para atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público. Conflito conhecido. Competência da Justiça Comum Federal.8 Assim sendo, os comentários aqui serão fixados nos servidores públicos estatutários, que são o objeto do Estatuto Federal. A LEI Nº 8.112/90 E A REFORMA ADMINISTRATIVA DA EC Nº 19/98 Nossa Constituição Federal de 1988 dedicou um capítulo próprio à Administração Pública, traçando seus contornos principais e tratando especificamente dos servidores públicos, com normas gerais a serem observadas por todos os entes da federação (artigos 37 a 41, CF/88). Aí estabeleceu formas de acesso, aquisição de estabilidade, perda do cargo, acumulação legal de cargos, aposentadoria, princípios de observância obrigatória e outras normas, que devem ser esmiuçadas pela legislação ordinária. 7 STJ, CC 40.114/RJ, relator Ministro José Delgado, publicação DJ 09/08/2004. 8 STJ, CC 33.491/RJ, relator Ministro Vicente Leal, publicação DJ 17/06/2002. 6 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br O conteúdo original do caput do art. 39 determinava que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deveriam instituir, no âmbito de sua competência, regime jurídico único (RJU) e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. Ressalte-se que não se exigia, obrigatoriamente, o regime estatutário. Havia, isso sim, que ser o mesmo regime para todos, independente de ser estatutário (ou legal), celetista (ou contratual), ou outro qualquer que fosse criado. Tal previsão tinha base no princípio da isonomia, segundo o qual todos deveriam ter o mesmo tratamento. A União saiu à frente editando a Lei nº 8.112, em 11 de dezembro de 1990, optando pelo regime estatutário, ou seja, os servidores estariam submetidos à lei, que regularia sua relação com a Administração Pública. Poderia também ter optado pelo regime contratual, seguindo as regras da Consolidação das Leis do Trabalho. Importante repetir: uma vez optado por um ou outro regime, todos os servidores daquele ente federativo deveriam estar vinculados a ele. Assim, o Estatuto atendeu ao comando constitucional, instituindo esse regime jurídico, à época único, para seus servidores. Em 04 de junho de 1998 fez-se promulgar a Emenda Constitucional nº 19, apelidada de Reforma Administrativa, que inaugurou uma nova fase para os servidores públicos, com importantes alterações no texto constitucional. Em especial, alterou-se o texto do artigo 39, deixando de ser necessária a fixação de um único regime jurídico para todos os servidores, passando a ser possível a convivência, numa mesma esfera de governo, de múltiplos regimes jurídicos, cada qual estabelecendo regras de determinada carreira, com peculiaridades próprias de cada caso. Com isso, buscou-se a flexibilização da Administração Pública, deixando de lado muitas regras rigorosas do Estatuto, em especial facilitando a dispensa de trabalhadores, que passariam a ser contratados pelas regras da CLT, sem direito à estabilidade, como prevista no art. 41 da CF/88, após a 7 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br alteração promovida por essa Emenda9. Embora não seja pacífica tal interpretação10, parece clara a intenção do constituinte derivado ao alterar a redação do caput do art. 41. Originalmente, a estabilidade era dirigida a todo aquele “nomeado em virtude de concurso público”, tanto titular de cargo quanto de emprego público11. Com a nova regra, limita-se a estabilidade aos “nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público”. Assim, deixou de fazer sentido referir-se a Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos, visto que tal sistema deixou de existir com essa EC nº 9 Redação original: art. 41. São estáveis, após dois anos de efetivo exercício, os servidores nomeados em virtude de concurso público. Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/98: art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. 10 Súmula 390, TST: I – O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. II – Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que admitido mediante aprovação em concurso público, não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. TST, RR 3.572/2001-201-02-00.1, relator Ministro João Batista Brito Pereira, publicação DJ 29/06/2007: O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. Noutro sentido: TST, RR 616.054, relator Ministro Guedes de Amorim, publicação DJ 24/08/2001: Empregado público, ainda que admitido nos serviços do Município, mediante concurso público de ingresso, nos termos do artigo 37, inciso II, da Constituição Federal, e sob o regime da legislação trabalhista, adotada pelo Reclamado em observância do artigo 39 da Carta Magna, não se beneficia da estabilidade assegurada em seu artigo 41, pois destinadoapenas aos servidores públicos civis. TST, RR 459.515, relator Ministro Wagner Pimenta, DJ 02/02/2001: A estabilidade prevista no artigo 41 da Constituição Federal não alcança o empregado público celetista da administração direta, admitido por concurso público, que, à data da demissão, contava com mais de dois anos de efetivo exercício. A conclusão desse entendimento se encontra no artigo 37 da Constituição Federal, que distinguiu cargo de emprego público, embora para ambos a aprovação dependa de concurso público para a investidura na Administração Pública, Direta ou Indireta. O cargo público é criado por lei, enquanto que, no emprego público, a natureza do vínculo é contratual, regida pela CLT. STF, RE 159.005/PR, relator Ministro Sydney Sanches, publicação DJ 10/02/1995, e AI-AgR 88.486/PR, relator Ministro Aldir Passarinho, publicação DJ 29/06/1984: Não se cumulam os dois regimes: o do FGTS e o da estabilidade. STF, AI-AgR 561.230/RS, relator Ministro Gilmar Mendes, publicação DJ 22/06/2007: Funcionários de empresa pública. Regime Celetista. Readmissão com fundamento no art. 37, da Constituição Federal. Impossibilidade. Estabilidade que se aplica somente a servidores públicos. STF, AI-AgR 630.749/PR, relator Ministro Eros Grau, publicação DJ 18/05/2007: A estabilidade dos servidores públicos não se aplica aos funcionários de sociedade de economia mista. Estes são regidos por legislação específica [Consolidação das Leis Trabalhistas], que contém normas próprias de proteção ao trabalhador no caso de dispensa imotivada. STF, RE-AgR 242.069/PE, relator Ministro Carlos Velloso, publicação DJ 22/11/2002: A norma do art. 41, C.F., conferidora de estabilidade, tem como destinatário o servidor público estatutário exercente de cargo público. 11 STF, AI-AgR 510.994/SP, relator Ministro Cezar Peluso, publicação DJ 24/03/2006: Faz jus à estabilidade prevista no art. 41 da Constituição Federal, em sua redação original, o empregado público que foi aprovado em concurso público e cumpriu o período de estágio probatório antes do advento da EC nº 19/98. Veja também a seguinte decisão, anterior à EC nº 19/98: STF, MS 21.236/DF, relator Ministro Sydney Sanches, publicação DJ 25/08/95 - A garantia constitucional da disponibilidade remunerada decorre da estabilidade no serviço publico, que é assegurada, não apenas aos ocupantes de cargos, mas também aos de empregos públicos, já que o art. 41 da C.F. se refere genericamente a servidores. 8 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br 19/98. Correto tecnicamente seria chamá-lo de Estatuto dos Servidores Públicos ou Regime Jurídico Estatutário. Com efeito, com essa alteração constitucional, passou a caber a cada ente da Federação a eleição da forma como seriam disciplinadas as regras entre ele e determinada carreira pública. Essa liberdade, contudo, não é ilimitada, tendo a própria Constituição Federal deixado implícito que determinados cargos devem ser organizados em carreira, o que lhes exige a vinculação estatutária, não necessariamente à Lei nº 8.112/90. Citem-se a Polícia, a Defensoria, a Advocacia Públicas e as carreiras das administrações tributárias. Além destas, há ainda a previsão de que determinadas atividades serão consideradas típicas de Estado, e também deverão estar vinculadas ao Estatuto, como se denota da redação do novo art. 247, acrescentado pelo art. 32 da EC no 19/98. Ademais, é da União a competência para legislar sobre Direito do Trabalho (art. 22, I, CF/88), o que retira a liberdade dos demais entes de legislar sobre regimes contratuais, sujeitos a esse ramo do direito. Então, ao criar novo cargo ou abrir vagas para concurso público, a Administração Pública, pela via adequada, deveria estabelecer se esses novos integrantes seriam regidos pelo Estatuto, com regras rígidas, inalteráveis por acordo entre as partes, ou pelo regime contratual, com cláusulas discutidas entre empregado e empregador. Mas esse cenário alterou-se profundamente com o julgamento pelo STF, ainda em sede cautelar, da ADI 2.13512, onde se discute a constitucionalidade da EC nº 19/98, em especial no que concerne à alteração do art. 39, caput, CF/88. Ocorre que, quando das votações na Câmara dos Deputados, em primeiro turno, a proposta de alteração do caput do art. 39, CF/88, não foi aprovada pela maioria qualificada constitucionalmente exigida (art. 60, § 2º, CF/88). Ao elaborar o texto enviado para votação, em segundo turno, a comissão especial de redação da Câmara dos Deputados teria deslocado o § 2º do art. 39 – que havia sido aprovado, para o lugar do caput do artigo 39, cuja 12 STF, ADI 2.135/MC, relator Ministro Néri da Silveira, publicação DJ 14/08/2007. 9 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br proposta de alteração havia sido rejeitada no primeiro turno. Com essa substituição, a redação original do caput do artigo 39 simplesmente desapareceu. Naturalmente que essa transposição não pode ser tida por mera emenda redacional13, exigindo-se, então, nova votação, para cumprimento da exigência de aprovação por dois turnos em cada uma das Casas legislativas do Congresso Nacional (art. 60, § 2º, CF/88). Com isso, haveria inconstitucionalidade formal. Nesse julgamento afastou- se, em sede cautelar, a nova redação do caput desse art. 39, retomando-se a redação original do texto constitucional. Para que fique claro, compare-se a redação original e a alterada pela EC nº 19/98: Texto original da CF/88: Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998: Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. À decisão foi dado efeito ex nunc, é dizer, irretroativo, não atingindo as situações jurídicas havidas entre a promulgação da EC nº 19/98 e a decisão do STF. A partir de então, repise-se, retorna a regra da exigência de um Regime Jurídico Único, sendo incabível, hoje, contratação pelo regime da CLT, no âmbito federal. Como efeito imediato, tem-se a inaplicabilidade da Lei nº 9.962/2000, que disciplinou o regime de emprego público do pessoal da Administração federal direta, autárquica e fundacional. Como agora só cabe um regime, único, o estatutário, não será mais possível a existência de novos empregos 13 De acordo com o art. 118 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. 10 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br públicos no âmbito da Administração federal direta, autárquica e fundacional. Aqueles contratados sob esse regime antes da decisão do STF seguem em seus empregos, já que, como se disse, a decisão cautelar teve efeito ex nunc. Aguarde-se a decisão final de mérito. O Estatuto não é imutável. Ao contrário, não cabe argüir violação ao direito adquirido contra mudanças no regime jurídico. Como já visto, regime jurídico é o conjunto de normas que regem determinado instituto. Ao tomar posse em um cargo público, sob as determinações do Estatuto, tem-se um determinado conjunto de regras sobre os mais variados temas: férias, licenças, horário de trabalho etc. Segundo entende o Supremo Tribunal Federal, não há direito adquirido que garanta imutabilidade do regime jurídico14. Esse tribunal, que está no ápice do nosso Poder Judiciário,reiteradamente tem entendido que não se pode exigir a permanência dessas regras por todo o tempo em que houver vínculo com a Administração Pública, sendo possível a alteração desses institutos sem que seja ferido o direito adquirido. Assim, a não existência de direito adquirido a regime jurídico “implica dizer que pode a lei nova, ao criar direito novo para o servidor público, estabelecer exigência que não observe o regime jurídico anterior”15. Como se percebe nesse julgado, esse entendimento é antigo e, acrescente- se, pacífico e consolidado. Dessa forma pode a Administração alterar unilateralmente as regras. E assim foi alterado o Estatuto em diversas ocasiões, em especial com a profunda reforma promovida pela Lei nº 9.527, de 10 de dezembro de 1997, que retirou inúmeros direitos dos servidores públicos federais, como, e a título de exemplo, a possibilidade de incorporação de anuênios e os chamados quintos das gratificações, licença prêmio, venda de 1/3 das férias etc. 14 STF, RMS 24.273 AgR-ED/DF, relatora Ministra Ellen Gracie, publicação DJ 10/12/2004 e ADI 2.555/DF, relatora Ministra Ellen Gracie, publicação DJ 02/05/2003. 15 STF, RE 99.522/PR, relator Ministro Moreira Alves, publicação DJ 20/05/1983. 11 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Percebe-se que as regras do jogo foram alteradas: o que antes era possível fazer, agora não é mais; de outro lado, novas opções foram deferidas aos servidores. Como o regime é legal, à lei cabe estabelecer as regras, e aos servidores cabe cumpri-las. Se o regime é contratual, não pode o empregador alterar cláusulas como bem entender, devendo haver concordância entre os contratantes. Destaque-se que, ainda que haja concordância do empregado, pelo princípio da proteção, algumas alterações prejudiciais a ele não são admitidas. Quando da mudança unilateral da lei, as situações já consolidadas devem ser respeitadas. Para que fique bem claro, citem-se exemplos ilustrativos. Aquele que tivesse optado pela conversão em pecúnia de 1/3 das férias (popularmente chamada de venda de 1/3 das férias) antes de dezembro de 1997, ainda que o gozo das mesmas fosse em 1998, tinha o direito adquirido à essa conversão, pois tinha cumprido todos os requisitos antes da extinção dessa possibilidade. Porém, aquele que ainda não tinha feito essa opção não pôde mais fazê-la, assim como não pode exigir que continue tendo esse direito. Outro exemplo é do servidor que já havia cumprido cinco anos de exercício sem nenhuma falta, exigência para ter direito à licença prêmio de três meses. Todo aquele que já tinha cumprido o requisito temporal à época da edição da lei que extinguiu essa vantagem tem o direito adquirido ao gozo desses três meses de licença prêmio. Porém, aquele que tinha quatro anos, tinha mera expectativa de direito, não podendo gozar dessa licença, pois não cumpria os requisitos de então e, quando completou os cinco anos, já não havia essa previsão legal. CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES A Constituição Federal distribui competência entre as pessoas jurídicas (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios), órgãos e servidores públicos. Por sua vez, estes ocupam cargos, empregos ou exercem funções. 12 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Assim, cargo é, seguindo o art. 3º do Estatuto, o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. É criado por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão (art. 3º, § único). O cargo público pode ser de provimento efetivo ou em comissão, e essa característica quanto à possibilidade de permanência no cargo deve ser prevista na lei que o cria. Assim, se o preenchimento pressupõe continuidade e permanência no cargo, será este efetivo; de outro modo, temporário é o provimento do cargo em comissão, também chamado de cargo em confiança, pois está atrelado à confiança que determinada autoridade tem em seu auxiliar, como no caso dos Diretores de Secretaria na Justiça Federal. Este cargo não comporta maiores regalias ao seu titular momentâneo, não gerando direito de permanência nele, tampouco à aposentadoria pelo regime dos servidores públicos (artigos 37, II, V e 40, § 13, CF/88). O cargo público é exclusividade do servidor estatutário. De outro lado, ao celetista cabe o emprego público, que também é um conjunto de atribuições, mas que se diferencia exclusivamente pelo vínculo que une seus titulares ao Estado. Assim, funcionário (estatutário) será titular de um cargo, empregado (celetista) será titular de um emprego. Já a função se refere a uma atribuição específica, pelo Poder Público, a um agente. Ou seja, é o acréscimo de algumas atribuições àquelas já destinadas ao agente, no que concerne à chefia, direção ou assessoramento. Assim, exige-se que, para exercê-la, já seja concursado. O agente tem suas atividades normais dentro do cargo que ocupa e adquire mais algumas, como, por exemplo, para ser chefe de uma seção. Em contrapartida, há acréscimo na remuneração (art. 61, I). Essa possibilidade está prevista no art. 37, V, da CF/88, e é chamada de função de confiança. 13 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Maria Sylvia Zanella di Pietro16 ainda lembra outra situação quando fala em função, que é aquela “exercida por servidores contratados temporariamente com base no art. 37, IX, para as quais não se exige, necessariamente concurso público, porque, às vezes, a própria urgência da contratação é incompatível com a demora do procedimento; a Lei nº 8.112/90 definia, no artigo 233, § 3º, as hipóteses em que o concurso era dispensado; esse dispositivo foi revogado pela Lei nº 8.745, de 9-12-93, que agora disciplina a matéria, com as alterações introduzidas pela Lei nº 9.849, de 26-10-99”. Assim, quer seja em um caso, quer seja noutro, não há necessidade de prévio concurso público, pois, naquele, exige-se que já seja servidor, neste, exige-se urgência na contratação. Bem por isso, o inciso II do art. 37 da CF/88 o exige somente para investidura em cargo ou emprego, silenciando quanto à função. Por fim, reproduzo o art. 37, V, da CF/88: As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. Não é qualquer pessoa, no entanto, que pode assumir um cargo em comissão ou função gratificada. Nessa linha, editou o STF, em 21/08/2008, a Súmula Vinculante nº 13, com o seguinte teor: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até 3º grau, inclusive da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou ainda de função gratificada da administração pública direta, indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. 16 Direito Administrativo. Cit., p. 439. 14 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Acrescento outras decisões do STF acerca da aplicação ou não da Súmula em análise: NEPOTISMO. SÚMULA VINCULANTENº 13. INAPLICABILIDADE AO CASO. CARGO DE NATUREZA POLÍTICA. AGENTE POLÍTICO. Impossibilidade de submissão do reclamante, Secretário Estadual de Transporte, agente político, às hipóteses expressamente elencadas na Súmula Vinculante nº 13, por se tratar de cargo de natureza política.17 A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática, uma vez que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da Constituição Federal. O cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná reveste- se, à primeira vista, de natureza administrativa, uma vez que exerce a função de auxiliar do Legislativo no controle da Administração Pública.18 Atenção para não confundir: funções de confiança → servidores ocupantes de cargo efetivo; cargos em comissão (=cargo em confiança) → servidores de carreira ou não. Nomeação x Posse x Exercício Nomeação: é a única forma de provimento originário prevista no atual ordenamento jurídico brasileiro; é a atribuição de um cargo a um servidor independentemente de qualquer relação jurídica anterior com a Administração. O pressuposto para a sua realização é a prévia aprovação em concurso público, devendo ser formalizada durante o seu prazo de validade e respeitada a sua ordem de classificação. 17 STF, Rcl 6.650 MC-AgR/PR, DJ 21/11/2008, Informativos 524 e 529. Excertos do Informativo 524, Rcl 6.650 MC-AgR/PR: A nomeação de parentes para cargos políticos não implica ofensa aos princípios que regem a Administração Pública, em face de sua natureza eminentemente política, e que, nos termos da Súmula Vinculante 13, as nomeações para cargos políticos não estão compreendidas nas hipóteses nela elencadas. 18 STF, Agr. na Med. Caut. em Rcl. 6.702/PR, Informativo 537 e 544. Veja também a Rcl 7.952/PI, onde foi concedida liminar permitindo o afastamento de um assessor de controle interno do Tribunal de Contas (TC) estadual, sobrinho do esposo de uma conselheira do próprio TC (decisão liminar de 06/04/2009). 15 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Súmula nº 16, STF: “Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse”. Posse: é a aceitação, pelo servidor, das atribuições do cargo, momento em que esse assume o compromisso de bem servir. Nesse momento forma-se a relação jurídica: a Administração atribui o cargo e o servidor aceita-o, formando-se, assim, o vínculo estatutário, o que se denomina investidura. Portanto, com a nomeação tem-se provimento e com a posse faz-se a investidura. A posse deve ser feita com a assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei. Esse ato só ocorre no provimento originário e nada impede que seja realizado por meio de procuração específica. O servidor tem o prazo de até 30 dias, contados da publicação do ato de nomeação, para tomar posse, sob pena de a nomeação ficar sem efeito. Caso o administrador dê posse fora desse prazo, o ato é inválido e não terá efeito. Em caso de impedimento, esse prazo será contado do seu término. Na oportunidade da posse, o servidor deve apresentar a sua declaração de bens e valores. O objetivo dessa declaração é acompanhar a sua evolução patrimonial que, em caso de desproporcionalidade, pode caracterizar Improbidade Administrativa (Lei nº 8429/92). Exige-se também a declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública, para evitar acumulações ilegais, além da prévia inspeção médica para atestar sua capacidade física e mental para o exercício do cargo. Exercício: é o efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou da função de confiança (art. 13, Lei nº 8112/90). Efetivada a posse, o servidor tem o prazo de 15 dias pra entrar em exercício a contar daquele ato, sob pena de ser exonerado de ofício. 16 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Tratando-se de função de confiança, o servidor deve entrar em exercício na data da publicação do ato de designação, sob pena de o ato ficar sem efeito. Estando o servidor impedido em razão de licença ou afastamento, a entrada em exercício deve ocorrer no primeiro dia após o término do impedimento, que não pode exceder a 30 dias. Nas hipóteses em que o servidor tenha exercício em outro município em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou posto em exercício provisório, terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para a retomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede. A jornada semanal de trabalho do servidor terá duração máxima de 40h, +enquanto a jornada diária terá o limite mínimo de 6h e o máximo de 8h. Para os ocupantes de cargo em comissão, o regime é de dedicação integral ao serviço, podendo ser convocado sempre que houver interesse da Administração. Formas de deslocamento Nessa oportunidade, é importante tomar cuidado para não confundir formas de provimento com formas de deslocamento, não havendo nesse último atribuição de um novo cargo a um servidor, mas, somente o seu deslocamento. O Estatuto definiu duas formas de deslocamento: a remoção e a redistribuição. Remoção: é um instituto utilizado pela Administração com o intuito de aprimorar a prestação do serviço público, podendo ser usado, também, no interesse do servidor, diante da ocorrência dos casos especificados na lei. Trata-se de uma forma de deslocamento do servidor no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede (art. 36). A lei admite três formas de deslocamento: realizada de ofício pela Administração para atender aos seus 17 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br interesses; a pedido do servidor e deferida de acordo com a conveniência e oportunidade da Administração; e as hipóteses em que o servidor pede e tem direito subjetivo ao seu deferimento, isto é, independe do interesse da Administração, o que ocorre nas seguintes circunstâncias: a) Quando o pedido for para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de qualquer dos poderes e de qualquer ordem política, que foi deslocado no interesse da Administração. Essa regra não pode ser utilizada para os servidores que se deslocaram a pedido e que passaram no concurso quando o cônjuge já era servidor em outra localidade; b) Por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente, desde que viva às suas expensas e que essa informação conste do seu assentamento funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial; c) Em virtude de processo seletivo promovido, na hipóteses em que o número de interessados for superior ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que eles estejam lotados. Redistribuição: é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder; com prévia apreciação do órgão competente (art. 37). Esse deslocamento é possível dede que preenchidos os seguintes requisitos: interesse da Administração, equivalência de vencimentos; manutenção da essência das atribuições do cargo; vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades; mesmo nível de escolaridade, especialidade ouhabilitação profissional, compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades do órgão ou entidade. A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade. Nessa hipótese, 18 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br caso o servidor não seja redistribuído, este será colocado em disponibilidade. Vacância Vacância é a terminologia técnica para descrever que o cargo público está vago, é um fato administrativo que indica que determinado cargo público não está provido, isto é, está sem titular. O rol de hipótese que geram a vacância está previsto no art. 33, da Lei nº 8112/90: 1 – Exoneração: ocorre quando a dissolução do vínculo entre o servidor e a administração se dá sem caráter punitivo, podendo, de acordo com os arts. 35 e 35 da Lei, ocorrer em duas situações: em cargo efetivo a pedido do servidor ou de ofício, ou de cargo em comissão a juízo da autoridade competente ou a pedido do próprio servidor; 2 – Demissão: forma de penalidade disciplinar, cabível às hipóteses descritas no art. 132, a qual seguida da indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário nas circunstâncias onde a conduta motivadora do agente importar em lesão aos cofres públicos, aplicação irregular de dinheiro público, corrupção ou improbidade administrativa; 3 – Promoção: constitui também uma das formas de provimento derivado de cargo público, que se constitui de forma vertical, com ascensão funcional. No âmbito federal, caberá à lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na Administração Pública Federal, também estabelecer os requisitos para o ingresso e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, uma vez promovido o servidor, abre-se vaga pra o cargo anteriormente ocupado; 4 – Readaptação: é a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica. É ao mesmo tempo forma de investidura e vacância de cargo público. O servidor readaptado passará a ocupar um cargo semelhante, respeitando suas novas 19 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br limitações, deixando o anterior vago para ser ocupado por outro servidor que preencha os requisitos de capacidade física ou mental; 5 – Aposentadoria: dá-se quando o servidor passa para a inatividade. Trata-se de direito do servidor e ocorrerá de formas específicas: voluntária, compulsória, por invalidez permanente e especial; 6 – Posse em outro cargo inacumulável: pode se dar como uma das hipóteses previstas em lei autorizadora da demissão do servidor. Como prevê o art. 133, detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos, emprego ou funções públicas, a autoridade competente notificará o servidor para que opte por um dos cargos, emprego ou função no prazo de 10 dias. Este terá até o último dia do prazo da defesa do processo administrativo disciplinar para efetivar sua escolha. Caso contrário, configurar-se-á má-fé, aplicando-lhe a pena de demissão. Se, porém, houver a escolha em tempo hábil do cargo, emprego ou função, sua conduta converterá automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo. Em ambas as hipóteses haverá vacância; 7 – Falecimento: como o próprio nome já sugere, é a hipótese gerada pelo óbito do servidor. Desinvestitura: exoneração x demissão Desinvestidura é o ato administrativo através do qual o servidor é destituído do cargo, representa o fim da relação jurídica funcional, gerando a vacância do mesmo. As duas principais formas são: exoneração e a demissão. Exoneração: é o desligamento sem caráter sancionador, podendo ocorrer a pedido do servidor que não deseja mais trabalhar naquele cargo da Administração, ou por iniciativa e deliberação espontânea da Administração, denominada por parte da doutrina de exoneração de oficio. Assim, a exoneração por iniciativa da Administração pode ocorrer nas seguintes hipóteses: 20 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br 1 – Quando se tratar de cargo em comissão: essa hipótese também denominada exoneração ad nutum, independe de qualquer motivação. Tratando-se de cargo de livre nomeação e livre exoneração, em que a escolha e a manutenção são baseadas na confiança; 2 – Quando o servidor, nomeado e empossado, não entrar em exercício no prazo legal, o qual, para os servidores públicos federais, é de 15 dias a contar da data da posse (art. 15, § 1º, RJU); 3 – Quando, em cargo efetivo e antes da estabilidade, o servidor não for habilitado no estágio probatório ou não aprovado na avaliação especial de desempenho, prevista no art. 14, § 4º, da CF/88 e realizada por uma comissão instituída pra essa finalidade, com garantia do contraditório e da ampla defesa; 4 – Quando, após a aquisição da estabilidade, o servidor é considerado insatisfatório na avaliação periódica de desempenho, disposição do art. 41, § 1º, inciso III, da CF, que representa uma hipótese de perda da estabilidade com a conseqüente exoneração do servidor, garantidos sempre o contraditório e a ampla defesa. Essa avaliação depende de regulamentação através de lei complementar, que deve definir critérios e garantias para o procedimento, inclusive com regras especiais para os servidores estáveis que desenvolvem atividades exclusivas de Estado (art. 247, CF); 5 – Para se adequar aos limites previstos no art. 169, CF, quanto às despesas com pessoal. Esses limites devem ser definidos por lei complementar, hoje LC nº 101/00, e os entes que estiverem fora da regra devem reduzir os seus gastos inclusive exonerando servidores, se necessário, conforme critérios definidos na própria Constituição; 6 – Quando o servidor estiver de boa-fé, em acumulação proibida, a hipótese prevista no art. 133, § 5º, do RJU que garante ao servidor que 21 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br estiver acumulando ilegalmente a opção de escolher, no prazo de 10 dias, com qual cargo deseja continuar. Não ocorrendo a escolha, será instaurado o respectivo processo administrativo disciplinar para investigar a prática da infração funcional de acumulação ilegal. Durante o processo, o servidor ainda terá a chance de fazer opção até o prazo da defesa (5 dias), oportunidade em que se reconhece a boa-fé do servidor e converte a sua escolha em pedido de exoneração do cargo que não desejar mais. Caso a opção não ocorra, comprovadas a infração funcional e a má-fé do servidor, aplica-se a pena de demissão; 7 – A EC 51/06, introduziu o § 6º, do art. 198, da CF, que estabeleceu mais uma hipótese de exoneração, disponde que o servidor que “exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exercício”, requisitos esses hoje definidos na Lei nº 11.350/06. A segunda hipótese de desinvestidura é a demissão, que tem a natureza de sanção. Trata-se do desligamento do servidor do cargo que ocupa em razão da prática de uma infração funcional grave; é pena. A Lei nº 8112/90, em seu art. 132, enumera quais são as infrações funcionais puníveis com a pena de demissão, exigindo sempre o respectivo processo administrativo disciplinar, garantindo o contraditório e a ampla defesa. A pena de demissão pode ser transformada em pena decassação ou destituição, seguindo a Lei nº 8112/90. Prevê o estatuto que, quando o servidor ocupante de um cargo efetivo pratica uma infração grave e está em atividade, se comprovada em processo disciplinar, este será demitido. Todavia, caso o servidor tenha praticado a mesma infração grave enquanto esteve em atividade e, em data posterior, se aposentou ou entrou em disponibilidade, a pena de demissão será convertida em cassação de aposentadoria ou disponibilidade. 22 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br E mais, caso o citado servidor ocupe um cargo em comissão ou função de confiança e pratique a mesma infração grave, a pena de demissão será convertida em destituição de cargo em comissão ou função de confiança. Por fim, em razão da confiança exigida para esses cargos, caso o servidor pratique uma infração média que para os demais servidores seria punível com uma simples pena de suspensão, nesses cargos aplica-se a pena mais grave de destituição. Portanto, servidor de cargo em comissão ou função de confiança que pratique infração média ou grave será penalizado com a pena de destituição e perderá o cargo. O legislador, preocupado com a efetiva aplicação das diversas sanções previstas pela lei, estabeleceu que, se o servidor estiver respondendo por processo administrativo disciplinar, não poderá, enquanto não for julgado o processo e cumprida a pena, exonerar-se a pedido ou aposentar-se de forma voluntária (art. 172, RJU). Ressalvada a restrição acima, ocorrendo a exoneração, seja porque desconhecia a infração ou nas hipóteses praticadas de ofício pela Administração, o ato de exoneração poderá ser convertido em pena de demissão se comprovado, por meio de processo administrativo disciplinar, que o servidor, enquanto em atividade praticou uma infração funcional grave (art. 132). Da mesma forma, caso ele obtenha aposentadoria, essa será cassada. A situação inversa também é possível. Na hipótese em que o servidor foi processado e ao final condenado, sofrendo a pena de demissão, se ficar provada a sua inocência em processo de revisão julgado procedente, a penalidade ficará sem efeito e o servidor terá direito de retornar para o seu cargo com todos os seus direitos (art. 182). Contudo, quando tratar-se de cargo em comissão, a demissão ficará sem efeito e será convertida em exoneração, mas, nesse caso, o servidor não terá direito de retornar para o cargo, porque a confiança ficou abalada. 23 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Quadro esquemático dos direitos e vantagens dos servidores Remuneração Modalidades: vencimentos e subsídio; Não se admite remuneração inferior ao salário mínimo; Fixação por meio de lei, ressalvadas algumas hipóteses expressas na CF, como o Presidente da República, Ministros de Estado, Senadores e Deputados Federais, além dos vereadores; Sujeita ao teto remuneratório e aos princípios da irredutibilidade; Vedada a vinculação ou equiparação; Descontos: são possíveis em caso de falta sem motivo justificado; faltas justificadas, a depender da chefia, é possível compensá-las não sendo assim descontadas; e atrasos – sendo estes proporcionais; Consignação em folha: é possível a critério do administrador, quando autorizado pelo servidor; Débito com o erário: servidor com débito superior a cinco vezes a remuneração e que for demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cassada terá 60 doas para quitar o débito, sob pena de inscrição na dívida ativa; Penhora: o vencimento não pode ser objeto de penhora, arresto ou seqüestro, salvo por débito alimentar. 24 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Indenizações Não se incorporam ao vencimento/provento para qualquer efeito Valores que são estabelecidos em regulamento Ajuda de custo - para compensar as despesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente; - é calculada sobre a remuneração do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo exceder à importância correspondente a 3 meses Diárias - para compensar afastamento da sede em caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para o exterior; - servem para indenizar despesas extraordinárias com pousada, alimentação, locomoção etc; - dependem de regulamento Transporte - para compensar despesas com a utilização de meio próprio de locomoção para a execução de serviços externos, por força das atribuições próprias do cargo; - depende de regulamento - para compensar despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem 25 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Auxílio-moradia administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês, após a comprovação da despesa pelo servidor; - tem que atender aos requisitos da lei (art. 60 – B); - não será concedido por prazo superior a 8 anos dentro de cada período de 12 anos; - o valor é limitado a 25% do valor do cargo em comissão, função comissionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado; - ocorrendo falecimento, exoneração, colocação de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio- moradia continuará sendo pago por mais um mês. 26 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Gratificações e Adicionais - as gratificações e os adicionais incorporam-se ao vencimento ou provento, nos casos e condições indicados em lei. Função de direção, chefia e assessoramento - lei específica estabelecerá a remuneração Gratificação natalina - corresponde a 1/12 da remuneração mensal do servidor, por mês de exercício no respectivo ano – será paga até o dia 20.12 Adicional de atividades insalubres, perigosas ou penosas - servidores que trabalhem com habitualidade em locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida (definido em lei específica) Adicional de serviço extraordinário - remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal, respeitado o limite máximo de 2h por jornada Adicional noturno - prestado em horário compreendido entre 22h e 5h do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25%, computando-se cada hora como 52,30. 27 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Adicional de férias - corresponde a 1/3 da remuneração do período de férias. Gratificação por encargo de curso ou concurso - devida ao servidor que, em caráter eventual: a) atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da administração pública federal; b) participar de banca examinadora ou de comissão para exames orais, análise curricular, correção de provas discursivas, elaboração de questões de provas ou julgamento de recursos intentados por candidatos; c) participar da logística de preparação e de realização de concurso público envolvendo atividades de planejamento, coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições permanentes; d) participar ou supervisionar a aplicação de provas de exame vestibular ou de concurso público. - os critérios de concessãoe os limites da gratificação por regulamento, observados os parâmetros legais; - não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões. - Podem ser instituídos outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho 28 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Férias - 30 dias – podendo ser acumuladas até no máximo 2 períodos, salvo casos previstos em lei específica; - raio x ou substâncias radioativas – 20 dias por semestre, vedada acumulação; - primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos 12 meses de exercício; - pagamento será efetuado 2 dias antes do início do período; - parcelamento – até 3 etapas dede que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração pública; - indenização – na exoneração de cargo efetivo, ou em comissão, há indenização relativa ao período das férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês do efetivo exercício; - interrupção – por motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade. 29 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Licenças - A licença concedida dentro de 60 dias do término de outra da mesma espécie será considerada prorrogação. Doença em pessoa da família - doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva às suas expensas; - exige comprovação por junta médica, quando a assistência for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente; - prazo: 30 dias + 30 dias com remuneração e, ultrapassando, até 90 dias sem remuneração; - não será concedida nova licença em período inferior a 12 meses do término da última licença concedida. Afastamento do cônjuge ou companheiro - para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto do território nacional, para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo, podendo haver exercício provisório em órgão ou entidade da Administração Federal, desde que para o exercício de atividade compatível. Serviço militar - será concedida por lei específica mas, concluído o serviço militar, o servidor terá ainda até 30 dias sem remuneração para reassumir o exercício do cargo. Atividade política - sem remuneração, durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral e será afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito (licença com vencimentos pelo período de 3 meses) 30 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Capacitação - a cada 5 anos poderá afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até 3 meses, para participar de curso de capacitação profissional. Interesses particulares - poderão ser concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em estágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo prazo de até 3 anos consecutivos, sem remuneração. Mandato classista - sem remuneração para o desempenho de mandato em confederação, federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão, ou, ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída por servidores públicos para prestar serviços a seus membros, terá duração igual a do mandato, podendo ser prorrogada, no caso de reeleição, e por uma única vez. 31 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Afastamentos Servir a outro órgão ou entidade - pode ser utilizado para servir em cargo em comissão ou função de confiança ou em casos previstos em leis específicas; - para órgãos ou entidades dos Estados, DF ou dos Municípios, o ônus da remuneração será do órgão ou entidade cessionária, mantido o ônus para o cedente nos demais casos; - se EP ou SEM e o servidor optar pela remuneração do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo em comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. Mandato eletivo - quando vedada a acumulação: art. 38, CF e art. 94, RJU. Participação em programa de pós-graduação stricto sensu no país - será concedida desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário; - mantém a remuneração; - os beneficiados terão que permanecer no exercício de suas funções após o seu retorno por um período igual ao do afastamento concedido, devendo, caso contrário, ressarcir o órgão ou entidade dos gastos com seu aperfeiçoamento; isso também ocorrerá caso o servidor não obtenha o título ou grau que justificou seu afastamento, salvo na hipótese comprovada de força maior ou de caso fortuito. Estudo ou missão no Exterior - a ausência não excederá a 4 anos e, finda a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida nova ausência; 32 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br - não será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu afastamento. Concessões Doação de sangue - 1 dia Alistamento eleitoral - 2 dias Casamento - 8 dias Falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos - 8 dias Horário especial - utilizado nas seguintes hipóteses: a) para estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo, com compensação de horário; b) para portador de deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica oficial, independentemente de compensação de horário; 33 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br c) para servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador de deficiência física, exigindo-se, porém, compensação de horário; d) para servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos I e II do art. 76-A, quais sejam: I – atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da administração pública federal; II – participar de banca examinadora ou de comissão de análise de currículos, fiscalizar ou avaliar provas de exames vestibular ou de concurso público, ou supervisionar essas atividades. PARA GUARDAR! Agentes Públicos Conceito É todo aquele que exerce algum tipo de serviço para o Estado, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função. Espécies Agentes políticos: São os que compõem os altos escalões do Governo, como Presidente da República, Governador, Prefeito, Senador,Deputado, Vereador e Magistrado, com características, prerrogativas e privilégios próprios, em geral estabelecidos pela Constituição Federal; 34 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Agentes em delegação: São aqueles particulares que recebem do Estado a competência para executar determinada atividade pública, ou prestação de serviço público ou, ainda, construção de obra pública. Citem-se os leiloeiros, peritos, tradutores, concessionários, permissionários e autorizatários. Servidores públicos em sentido amplo: são todos os que prestam serviços ao Estado, incluindo a Administração Pública Indireta, tendo vínculo empregatício e pagos pelos cofres públicos. São também chamados de agentes administrativos. Nessa classificação estão tanto os servidores estatutários, sujeitos ao regime legal (Lei nº 8.112/90), quanto os empregados públicos, do regime contratual, além dos temporários, nos termos do art. 37, IX, da CF/88. Servidor estatutário São os titulares de cargos públicos e estão sujeitos ao regime legal, ou estatutário, pois é lei de cada ente da federação (União, Estados- membros, Distrito Federal e Municípios) que estabelece as regras de relacionamento entre os servidores e a Administração Pública. Empregados públicos São aqueles contratados, seguindo o regime trabalhista, próprio da iniciativa privada. Assim, devem obedecer a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), bem como as regras impostas pela CF/88, como acesso mediante concurso público (art. 37, II, CF/88), limitações de remuneração (art. 37, XI, CF/88) e acumulação remunerada de cargos e empregos públicos (art. 37, XVI e XVII, CF/88). 35 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Temporários São aqueles contratados para atividades transitórias, emergenciais, submetidos a um regime jurídico especial, como, na esfera federal, disciplinado pela Lei nº 8.745/93. A lei que trate desse tipo de situação não pode estabelecer hipóteses abrangentes e genéricas de contratação temporária, sem a especificação da contingência fática que evidencie tal situação excepcional, sob pena de inconstitucionalidade. Essa classe está prevista, como mencionado, no art. 37, IX, da CF/88, e também tem seus litígios submetidos à Justiça Federal, quando contratados por entidade dessa esfera PARA GUARDAR! Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei (art. 37, I, da CF/88). Cargo: Lei nº 8112/90, art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão. Requisitos básicos para investidura em cargo público: I - a nacionalidade brasileira; II - o gozo dos direitos políticos; III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; V - a idade mínima de dezoito anos; VI - aptidão física e mental. 36 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br A relação dos requisitos é meramente exemplificativa, podendo a lei exigir outros, de acordo com as atribuições do cargo. Incabível restringir, no Edital do Concurso, o que a lei não limitou. Súmula 686, do STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. A exigência de habilitação para o exercício do cargo objeto do certame dar- se-á no ato da posse e não da inscrição do concurso (STF, RE 392.976/MG, DJ 08/10/2004). Os cargos em comissão são os de livre nomeação e exoneração, não necessitam de concurso público e não oferecem qualquer garantia de permanência ao seu titular, posto que transitórios. Essa característica é dada pela lei que cria o cargo, nos casos em que é necessário um liame de confiança entre determinada autoridade e o titular de cargo de direção, chefia ou assessoria. A lei também indica a autoridade competente para fazer a nomeação. É o caso dos assessores ou diretores, onde é fundamental o envolvimento entre estes e a autoridade que os nomeia. Apesar de ser livre a nomeação, a lei pode estabelecer certas regras, o que não desvirtua essa característica do cargo. Assim, pode determinar idade mínima de vinte e um anos, como no citado caso dos Ministros de Estado (art. 87, CF/88), exigir diploma de bacharel em Direito, para os Diretores de Secretaria na Justiça Federal, proibir nomeações de determinados parentes etc. A exoneração não precisa ser motivada, sendo ato puramente discricionário da autoridade competente para nomear; diz-se, por isso, que a exoneração é ad nutum. Emprego: Emprego público é um conjunto de atribuições, mas que se diferencia do cargo pelo vínculo que une seus titulares ao Estado. Assim, o estatutário (regido por um estatuto que no âmbito federal é a Lei nº 8112/90) será titular de um cargo (ex. servidor do INSS, TRE), já o empregado (regido pela CLT) será titular de um emprego (ex. empregado dos Correios, Banco do Brasil, Petrobras). Função: Já a função refere-se a uma atribuição específica, pelo poder Público, a um agente. É o acréscimo de algumas atribuições àquelas já destinadas ao agente, no que concerne à chefia, direção ou assessoramento. Assim, exige-se que, para exercê-la, já seja concursado. 37 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Art. 37, V, da CF/88: As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento PATTYDICAS! 1. O gênero agentes públicos abrange todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, mesmo que transitoriamente e sem remuneração, prestam algum tipo de serviço ao Estado; 2. Entre os agentes, encontram-se três espécies principais, quais sejam, os agentes políticos, os agentes em delegação e os servidores públicos. 3. A estabilidade é uma garantia de ordem constitucional deferida aos ocupantes de cargos públicos de provimento efetivo, com o intuito de assegurar sua permanência no cargo, enquanto atendidos os requisitos legais. 4. São quatro as possibilidades de perda do cargo do servidor estável: I – em virtude de sentença judicial transitada em julgado; II – mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; III – mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho; IV – para o cumprimento dos limites com a despesa com pessoal ativo e inativo. 5. Todo servidor é responsável por suas ações e omissões, envolvendo as esferas civil, penal e administrativa, e por elas responde quando do exercício irregular de suas atribuições; 6. A responsabilidade civil decorre tanto de ato omissivo quanto de comissivo, seja ele doloso ou culposo, desde que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros; 7. A responsabilidade do Estado por danos que seus agentes causarem a terceiros é objetiva, ou seja, independe de dolo ou culpa; 8. A responsabilidade do servidor é subjetiva, depende de comprovação de culpa lato sensu para que venha a responder pelo prejuízo; 9. Se falecer o servidor devedor, a obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e, contra eles, será executados, até olimite do valor da herança recebida; 10.Em havendo necessidade de deslocamento do servidor da sede, em caráter eventual ou transitório, para outro ponto do território nacional ou para o exterior, por razões do serviço, receberá indenização relativa a todos os custos do afastamento, ou seja, passagens e diárias destinadas a fazer face às parcelas de despesas extraordinárias com pousadas, alimentação e locomoção urbana, conforme se dispuser em regulamento; 38 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br 11.Se o servidor receber diárias e não se afastar da sede, por qualquer motivo, ficará obrigado a restituí-las integralmente, no prazo de 5 dias; 12.Havendo deslocamento, porém retornando à sede em prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no mesmo prazo (Lei nº 8112/90, art. 59); 13.Se não houver devolução, poderá haver desconto na remuneração do servidor (Lei nº 8112/90, art. 49). Há duas formas de retorno do servidor aposentado à ativa por meio da reversão: 1. A primeira refere-se ao aposentado por invalidez que deixou de ser inválido (Lei nº 8.112/90, art. 25, I): neste caso, como é do interesse da Administração Pública, encontrando-se provido o cargo, o servidor exercerá as suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga (art. 25, § 3º); 2. A segunda hipótese de reversão ocorre no interesse da Administração, desde que sejam atendidos, pelo aposentado, os seguintes requisitos: a) Tenha solicitado a reversão; b) A aposentadoria tenha sido voluntária; c) Estável quando na atividade; d) A aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação; e) Haja cargo vago. Os cinco requisitos são cumulativos, na falta de um deles, não será possível a reversão a pedido. No caso do inválido que sofre a reversão, não havendo cargo vago, exercerá as atribuições como excedente. Na segunda hipótese, não havendo vaga, não poderá ser deferido o pedido. Em ambas as hipóteses, a reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante de sua transformação (art. 25, § 1º) e não poderá ser efetivada no caso de aposentado que já tenha completado 70 anos de idade (art. 25). No que diz respeito à remuneração, o servidor que retornar à atividade por interesse da Administração perceberá, em substituição aos proventos da aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente à aposentadoria, revertendo os prejuízos financeiros que eventualmente teve com a mesma (art. 25, § 4º). 39 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br A gratificação por encargo de curso ou concurso é devida ao servidor que, em caráter eventual: 1. Atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da administração pública federal; 2. Participar de banca examinadora ou de comissão para exames orais, análise curricular, correção de provas discursivas, elaboração de questões de provas ou julgamento de recursos intentados por candidatos; 3. Participar da logística de preparação e de realização de concurso público envolvendo atividades de planejamento, coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições permanentes; 4. Participar ou supervisionar a aplicação de provas de exame vestibular ou de concurso público. A referida gratificação não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões. Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo. O direito de petição é o direito que todo servidor tem de pedir, requerer aos Poderes Públicos, em defesa de direitos ou interesse legítimo, seja férias, licença, reintegração, reversão, horário especial de estudante, cópias de um processo administrativo, promoção etc. Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver imediatamente subordinado o requerente. Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo ser renovado. (Vide Lei nº 12.300, de 2010) Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsideração de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias. Art. 107. Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de 2010) I - do indeferimento do pedido de reconsideração; II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos. 40 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br § 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades. § 2o O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade a que estiver imediatamente subordinado o requerente. Art. 108. O prazo para interposição de pedido de reconsideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. (Vide Lei nº 12.300, de 2010) Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a juízo da autoridade competente. Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato impugnado. Art. 110. O direito de requerer prescreve: I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho; II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando outro prazo for fixado em lei. Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da data da publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interessado, quando o ato não for publicado. Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabíveis, interrompem a prescrição. Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser relevada pela administração. Ser a prescrição de ordem pública significa que o interesse do Estado em manter a ordem pública prevalece, não podendo abrir mão dos prazos, recebendo recurso a destempo. Por isso, são fatais e improrrogáveis os prazos aqui estabelecidos, salvo motivo de força maior, que são acontecimentos imprevisíveis e estão fora do alcance das partes. Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é assegurada vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a procurador por ele constituído. Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade. 41 Profa. Patrícia Carla www.pontodosconcursos.com.br Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior. Nos termos da Lei no 8.112/90, é assegurado ao servidor o direito de requerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo. Muito bem! Depois da aula teórica, vamos aos exercícios! Eu sei que muitos de vocês não são da área jurídica e isso pode fazer com que encontrem alguma dificuldade com os termos. Mas não se preocupem, com muita leitura e muitos exercícios esse problema
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