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Fichamento Hidrologia e Drenagem Urbana Daniel

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL E SANEAMENTO BÁSICO
Fichamento de Estudo de Caso
Daniel Roberto Araújo
Trabalho da disciplina Hidrologia e Drenagem Urbana
Tutor: Modesto Guedes Ferreira Junior
Mossoró/RN
2019
Estudo de Caso:
 Conselho Metropolitano de Suprimento de Água e Esgoto de Hyderabad: 
Distribuição de água em locais de baixa renda
DAVIS, Jennifer; TANKHA, Sunil. Conselho Metropolitano de Suprimento de Água e Esgoto de Hyderabad. HKS319 – Case Program CR14-06-1828.0 - Kennedy School of Government.
O estudo de caso relata os problemas de distribuição de água para população de baixa renda em Hyderabad, capital do estado meridional indiano Andhra Pradesh. Com mais de 4 milhões de habitantes e com um crescimento, nos últimos anos, de 5,6% ao ano, não seria surpresa que a mesma tivesse problemas sociais, sobretudo numa região onde a água é mais escassa (cerca de 780 mm/ano), em relação à outras regiões da Índia (entre 1630 e 2250 mm/ano).
O Ministro Chefe de Dinâmica Jovem de Andhra Pradesh, Chandrababu Naidu, se orgulha deste crescimento que, trouxe consigo aumento da produtividade e desenvolvimento na cidade de Hyderabad. Porém, junto, trouxe problemas sociais. Afinal, são aproximadamente 250.000 novas pessoas todo ano se deslocando para cidade. 
Para regular o fornecimento de águe em Hyderabad, foi criado, em 1989, o Conselho Metropolitano de Suprimento de Água e Esgoto de Hyderabad (em inglês Hyderabad Metropolitan Water Supply and Sewerage Board - HMWSSB), através da junção do Public Health Engineering Department, de nível estadual, e a Corporação Municipal de Hyderabad (MCH).
Ao longo dos anos, o conselho não vinha apresentando uma saúde financeira muito boa. Era preciso aumentar a arrecadação onde, ao longo dos anos, mais precisamente entre 1989 e 2002, os aumentos das tarifas ficaram abaixo da inflação. É verdade que o HMWSSB herdou, das agências anteriores, uma infraestrutura em más condições, sobretudo, com relação às redes nas partes mais antigas da cidade. Necessitava, então, de um alto investimento. O conselho era formado em grande parte por políticos, o que, de certa forma, enfraquece a sua autonomia. Estes, por sua vez, eram contrários à regularização das conexões ilegais (cerca de 10.000 fontes). Diante disso, não é surpresa a dificuldade, do conselho, em equilibrar as suas contas e entregar um serviço de qualidade para população. Aliado a estes problemas, estava a ineficiência do gerenciamento da água: grande quantidade de água não aproveitada pelo sistema. Entre 40-55% do fornecimento se perdia, com 40% de perdas físicas e 60% de perdas administrativas. Isso gerou resistência, por parte de oficiais políticos, na aprovação de novas tarifas, pois reduzindo estas perdas, automaticamente traria maior arrecadação. No entanto, isso não parecia tão simples. 
Atualmente, a demanda de água em Hyderabad é muito grande e aliada à pouca precipitação que cai na cidade todo ano, obriga à mesma prover novas fontes. Umas destas novas fontes, os rios Krishna e Godavari, estavam a distâncias de 110 e 200 km. O autor, no entanto, enfatiza que não precisa investir apenas em novas fontes. É preciso melhorar a distribuição da água na cidade. As residências de classe média e alta tinham poços instalados, o que não ocorria com os moradores das favelas, que não tinham recursos para tal. Além disso, as linhas de saneamento e distribuição de água se estendem até metade das favelas da cidade. Seriam necessários, portanto, entre 11 e 21 milhões de dólares para estender à todas as favelas este serviço. Para amenizar, cerca de 250 caminhões pipa / mês, eram fornecidos pelo conselho, entregando água para esta população carente. 
Entre 1992-1998, o conselho, através de pressão do Banco Mundial, executou sistema de saneamento a custo baixo, com 20.000 latrinas fossos duplos pour flush nas favelas, o que veio a ser interrompida por conta da contaminação do lençol freático. Apesar de 6.600 fontes coletivas públicas estarem localizadas nas favelas, os membros seniores do conselho resolveram eliminar estes serviços, alegando que representavam perdas para o sistema, o que ligou o alerta de muitas ONG’s que eram unânimes em afirmar que o conselho não trabalhava para os pobres. E, de fato, estas ONG’s tinham razão, pois dados de 1997, relatavam que o conselho fornecia 135 litros per capita por dia para lares que não eram favelas e, em contrapartida, para as favelas, eram fornecidos 20 litros per capita por dia. Além disso, grande parte das favelas são ligadas com conexões compartilhadas, o que geram maiores taxas. 
Evidências mostram que o conselho não vê com bons olhos executar novas ligações nas favelas, o que está claro na seção 8 da lei que criou o mesmo: devido às restrições de aumento das tarifas domésticas e o não pagamento nas favelas, as mesmas não tem potencial para gerar receita. Diversos programas foram implementados, de forma a prover soluções alternativas para que as residências destas favelas, recebem serviços melhores. O Departamento Urban Community Development (UCD) é a agência líder para a maioria destes programas. Dentre os mecanismos criados por esta agência está o microcrédito, esquemas de emprego, programas de saúde para mulheres e crianças e, iniciativas de melhoria na infraestrutura. Devido à falta de recursos e funcionários e influência política, a agência pediu socorro à ONG’s e parcerias bi e multilaterais e conseguiu ajudar, mesmo que uma parcela da população menos assistida, mudando um pouco a responsabilidade do conselho pelo planejamento da água e esgoto nestes locais para outras organizações.
Para melhorar o serviço ao consumidor, 120 engenheiros tiveram seus títulos mudados de engenheiro assistente para gerente, apesar de terem permanecidos com as mesmas responsabilidades. Todos foram treinados em assuntos de resolução de problemas com consumidores e enviados para visitar serviços públicos na Inglaterra, Austrália e Singapura, sendo muitas experiências nestes locais, adotados pelo conselho em Hyderabad. Uma destas, foi a informatização das reclamações dos consumidores, reduzindo as reclamações pessoalmente no escritório. Informações do banco de dados, são usadas para quantificar a taxa de eficiência de cada gerente, ou seja, número de reclamações feitas e número de reclamações resolvidas. As novas ligações passaram a ser computadorizadas, permitindo que os oficiais seniores do conselho tenham acesso a dados de aumento de demanda de forma rápida e fácil. Em uma pesquisa com 50 consumidores que obtiveram novas ligações, 70% se mostrava muito satisfeito. 
 
Para combater a desconfiança dos consumidores nos órgãos públicos, o conselho, assinou, em 1999, um tratado, informando todos os direitos e responsabilidades do conselho e de seus consumidores. Neste tratado, previa o fornecimento de pelo menos, 250 litros de água por conexão por dia, além de notificações com antecedência de quaisquer mudanças na agenda. O objetivo por trás disso, era apoio político para aumento nas tarifas.
Ainda em 1999, na sua reeleição, Naidu prometeu implementar uma nova política de melhores serviços públicos em troca de maiores tributos, o que até então soava bem. Apesar dessa política ter trazido avanços, não seguiu o ritmo de crescimento e demanda da população por serviços públicos. Com apoio do Banco Mundial, viu-se obrigado a privatizar algumas agências públicas chaves. 
O grande desafio e, preocupação dos oficiais do Banco Mundial, nesta transição, seria: esta privatização, trará benefícios aos 1,7 milhões de moradores de baixa renda, localizados nas favelas da cidade? Isso porque, estes moradores pagariam taxas menores, o que poderia gerar resistência pelas empresas privadas. 
Naidu, portanto, nomeu M.G. Gopal como Diretor-Gerente do HMWSSB, que teria o desafio de atrair investidores privados e garantir direitos sociais, sobretudo daqueles residentes das favelas.Esta tarefa não seria fácil. Primeiro, os trabalhadores do conselho são organizados e tem forte presença em movimentos trabalhistas, o que torna qualquer ação delicada. Segundo, pressões políticas contrárias a aumento de tarifas. Gopal tem 3 ideias. Primeiro entende que deveria haver uma obrigação universal de serviço imposto para a concessionária, o que seria pouco atraente. Segundo, seria corrigir a agenda de expansão de cobertura e a concessionária (empresa privada) poder escolher onde fará esta expansão. Mas isso iria deixar muitos pobres fora deste investimento. E por último, passar o serviço às favelas para a Corporação Municipal de Hyderabad (MCH), e que o município execute a expansão nestes locais, através de suas receitas tributárias, com auxílio estrangeiro. Porém, também iria sofrer com resistências, sobretudo do próprio município.

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